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Hemorragias gastrintestinais no pós-operatório de intervenções intracranianas.

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Academic year: 2017

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HEMORRAGIAS GASTRINTESTINAIS NO PÓS-OPERATÓRIO DE

INTERVENÇÕES INTRACRANIANAS

S Y L V I O D E V E R G U E I R O F O R J A Z *

A ocorrência de distúrbios tróficos e hemorragias gastrintestinais

agu-das na vigência de processos patológicos intracranianos é conhecida desde

a primeira metade do século passado (Camerer, 1828; Andral, 1831;

Reki-tansky, 1842; Siebert, 1842). Dentre as numerosas publicações ulteriores

merecem destaque as de Cushing (1931), de Bodechtel (1935), de Picard,

Charbonnel e Giraudet (1948), de Strassmann (1947), de French, Porter,

von Amerongen e Raney (1952), de Hoxsey (1953), de Watson e Netsky

(1954), de Davis, Wetzel e Davis (1955) e de Doig e Shafar (1956).

Embora esta eventualidade deva estar sempre presente ao espírito dos

neurocirurgiões, pois a complicação incide freqüentemente no pós-operatório

da cirurgia cerebral, isso aparentemente não se passa, visto que as

refe-rências dizem respeito sempre a achados de necropsia; além disso, nas

des-crições de evolução, há pouca ou nenhuma alusão a medidas terapêuticas

corretivas para a situação. É bem verdade que tais medidas nem sempre

são eficazes dada a gravidade das lesões; relataremos, não obstante, dois

casos nos quais o tratamento adequado possibilitou a sobrevida.

As lesões se localizam na porção baixa do esôfago, no estômago

(fun-dus) e no duodeno, sendo raras as referências ao acometimento de outras

partes do aparelho digestivo; elas revestem o aspecto de hemorragias, de

simples erosões da mucosa, de úlceras perfurantes e, mesmo, de

gastroma-lácias. O aspecto microscópico é o de pequenas hemorragias da camada

mais superficial da mucosa, mais raramente das camadas profundas, ou

das áreas de necrose isquêmica, sendo mais freqüente o primeiro tipo de

alterações (Doig e Shafar, 1956). Há, portanto, em certos casos,

"hemor-ragias primárias" (Ivy-Grossman e Bachrath, 1950) em contraposição a

"hemorragias secundárias e processos de necrose", como observaram Roth

e Ivy experimentalmente, e Jones (1947) gastroscòpicamente no homem. Há

dúvidas ainda quanto à causa destas lesões. Para uns (Schiff, 1946) elas

são conseqüência de vasodilatação paralitica; outros atribuem-nas à

vaso-constrição demorada (Beneke, 1908); outros ainda (Nicolayensen, 1920;

Cushing, 1932) à compressão arterial por contrações espasmódicas da

mus-culatura gástrica.

(2)

Nos casos em que há ulceração, o exame microscópico mostra sempre

áreas com perda parcial ou total da mucosa, com infiltração plasmo e

lin-focitária perifocal, assim como congestão è edema nas áreas vizinhas e

co-leções hemorrágicas na luz visceral ou nas cavidades peritoneal e pleural.

A razão de ser destas lesões tem sido discutida. Cushing, em 1932,

pensava que elas resultavam de hiperatividade parassimpática, por estímulo

direto de centros hipotalâmicos ou de vias hipotálamovagais, ou por bloqueio

de formações simpáticas. Watts e Fulton (1935), experimentando sobre

macacos, lograram produzir as mesmas lesões por estímulo ou bloqueio de

formações hipotalâmicas do sistema nervoso simpático. Watts e Fulton

de-monstraram experimentalmente, em 1934, a existência de representação

au-tonômica gastrintestinal no córtex pré-motor de macacos; Ward e

McCul-loch em 1947 descreveram, com métodos neuronográficos, projeções

fronto-hipotalâmicas (da área 6A aos corpos mamilares e porções lateral e

pos-terior do hipotálamo). Em 1947, Ward, em macacos, descreveu projeções

da área 24, diretamente à prçtuberância, com ação inibidora sôbre o

siste-ma nervoso autônomo. Wall e Davis, em 1951, mostraram que a atividade

do sistema nervoso autônomo é influenciada separadamente por três

siste-mas corticais, dos quais apenas um (frontal) age sôbre o hipotálamo; os

outros (córtex sensitivo-motor e córtex temporal) têm conexões diretas com

o sistema vagal e simpático. São admitidos atualmente ( P e d e r s e n

1 8

) os

seguintes elos na cadeia de ação do sistema nervoso sôbre o aparelho

di-gestivo: 1) córtex-subcórtex, — núcleos vagais; 2) córtex-subcórtex, —

hi-potálamo, — núcleos vagais; 3) córtex-subcórtex, — hihi-potálamo, — sistema

simpático, — medula suprarrenal, — lobo anterior da hipófise, córtex

su-prarrenal (Selye, 1948); 4) córtex-subcórtex, hipotálamo, lobo anterior,

hi-pófise, — córtex suprarrenal.

Com efeito, desde que o emprêgo dos glicocorticóides se vulgarizou, tem

sido observada a ocorrência de lesões tróficas agudas do aparelho digestivo

e, em outros casos, agravamento acentuado de lesões crônicas

pré-existen-tes (Gray, Benson, Reifenstein e Spiro, 1951; Davis e Zeller, 1952). O

sis-tema hipófiso-suprarrenal passou, por isso, a ser considerado como elo

pro-vável desta cadeia, considerando-se principalmente que distúrbios dêsse

fun-cionamento ocorrem no choque periférico e nas queimaduras graves,

condi-ções nas quais, úlceras agudas (Curling) também podem aparecer nas

por-ções altas do aparelho digestivo. Acresce que, histopatològicamente, estas

úlceras são em tudo semelhantes às que incidem na vigência de processos

patológicos intracranianos.

(3)

O B S E R V A Ç Õ E S

C A S O 1 — N . N . , c o m 51 anos, m a s c u l i n o , b r a n c o , e x a m i n a d o e m d e z e m b r o de 1956. S e g u n d o i n f o r m a ç õ e s de pessoas da f a m í l i a , o p a c i e n t e v i n h a se c o n d u z i n d o de m a n e i r a b i z a r r a nos c i n c o a n o s p r e c e d e n t e s ; c o m g r a n d e b a i x a d a a u t o c r í t i c a e da i n i c i a t i v a , g r a v e s f a l h a s da m e m ó r i a , p r e s t a v a s e , i n d u z i d o f à c i l m e n t e p o r o u -tros, a a t i t u d e s e a t o s r i d í c u l o s e m p ú b l i c o ; i n d i f e r e n ç a a f e t i v a t o t a l p e l a s p e s s o a s d a f a m í l i a . E m v i r t u d e dêstes d i s t ú r b i o s s o f r e u r e v e z e s sérios, e c o n ô m i c o s e so-c i a i s q u e s u p o r t o u so-c o m b o m h u m o r e j o so-c o s i d a d e . A p a r disso v i n h a se q u e i x a n d o d e r a r a s c e f a l é i a s f r o n t a i s e, p o r d u a s v ê z e s , t e v e c o n v u l s õ e s g e n e r a l i z a d a s . H a v i a sido s u b m e t i d o e m n o v e m b r o de 1956 a p u n ç ã o s u b o c c i p i t a l p a r a e x a m e de l i q ü i d o c e f a l o r r a q u i d i a n o , t e n d o sido v e r i f i c a d a d i s s o c i a ç ã o a l b u m i n o c i t o l ó g i c a ( 2 c e l / m m3 e 0,60 g d e p r o t e í n a s p o r l i t r o ) . O e x a m e n e u r o l ó g i c o nessa o c a s i ã o m o s t r o u - s e n e g a t i v o . N o v o e x a m e de l í q ü i d o c e f a l o r r a q u i d i a n o deu r e s u l t a d o s q u e c o n f i r m a -r a m os d o a n t e -r i o -r . F o i p e d i d o e l e c t -r e n c e f a l o g -r a m a , q u e -r e v e l o u a t i v i d a d e de base i r r e g u l a r e a s s i m é t r i c a ; d e p r e s s ã o no h e m i s f é r i o e s q u e r d o , s o b r e t u d o no p ó l o f r o n t a l ; o n d a s θ p o l i r r i t m i c a s difusas p r e d o m i n a n d o à e s q u e r d a e m p r o j e ç õ e s f r o n t o -t e m p o r a i s c o m d e r i v a ç õ e s de p r o f u n d i d a d e . P r o p u s e m o s a c a r ó -t i d o - a n g i o g r a f i a q u e foi r e c u s a d a . P e r d e m o s o p a c i e n t e de v i s t a d u r a n t e u m a n o .

E m n o v e m b r o de 1957 e x a m i n a m o s n o v a m e n t e o p a c i e n t e , i n f o r m a n d o a f a m í -l i a q u e seu e s t a d o m e n t a -l h a v i a p i o r a d o e q u e e s t a v a t e n d o c e f a -l é i a s f r e q ü e n t e s . N a d a d i g n o d e n o t a nos a n t e c e d e n t e s pessoais e f a m i l i a r e s e x c e t o q u e u m a sua i r m ã t e r i a f a l e c i d o de t u m o r c e r e b r a l . Exame clínico — P a c i e n t e e m boas c o n d i ç õ e s f í s i c a s g e r a i s . Neurològicamente, a f o r a os sinais d e d i s t ú r b i o m e n t a l c a r a c t e r í s t i c o s das l e s õ e s f r o n t a i s , v e r i f i c a m o s d i s c r e t a p a r e s i a f a c i a l de t i p o c e n t r a l à d i -r e i t a . A oftalmoscopia m o s t -r o u e d e m a p a p i l a -r b i l a t e -r a l , m a i s a c e n t u a d o à d i -r e i t a . O s e x a m e s s u b s i d i á r i o s de r o t i n a ( u r i n a , t a x a d e u r é i a , e x a m e h e m a t o l ó g i c o ) r e s u l t a r a m n o r m a i s . O exame radiográfico do crânio t a m b é m n a d a de a n o r m a l r e v e l o u . A carótidoangiografia à esquerda r e v e l o u : d e s v i o da a r t é r i a c e r e b r a l a n -t e r i o r p a r a -t r á s e p a r a o l a d o o p o s -t o ; e s m a g a m e n -t o do s i f ã o c a r o -t i d e o e da p o r ç ã o i n i c i a l da a r t é r i a s i l v i a n a p a r a b a i x o . Diagnóstico: n e o p l a s i a f r o n t a l p a r a m e d i a n a b a i x a .

Intervenção cirúrgica (2-12-1957) — S o b a n e s t e s i a g e r a l f o i a b e r t o r e t a l h o

(4)

V i m o s , assim, c o n f i r m a d a a s u s p e i ta d e q u e o e s t a d o de c h o q u e era d e v i d o à h e m o r r a g i a do t u b o d i g e s t i v o , c o m o e x p r e s s ã o de u l c e r a ç õ e s t r ó f i c a s da m u c o s a a p ó s i n t e r v e n ç ã o n e u r o c i r ú r g i c a . T r a t a n d o s e d e e x u l c e r a ç õ e s de l o c a l i z a ç ã o v a r i á v e l e às v ê z e s m e s m o m ú l t i p l a , n ã o p e r f u r a d a s e m p e r i t ô n i o l i v r e , q u a l q u e r i n t e r v e n ç ã o c i r ú r g i c a a b d o m i n a l n ã o t e r i a c a b i m e n t o , c o m o l e m b r o u o P r o f . R . F e r r e i -r a - S a n t o s q u e f ô -r a s o l i c i t a d o a o p i n a -r . A c -r e s c e q u e os -r e c u -r s o s -r a d i o l ó g i c o s s e -r i a m c e r t a m e n t e i n ú t e i s p a r a l o c a l i z á - l a s .

O t r a t a m e n t o i n s t i t u í d o f o i , pois, c o n s e r v a d o r , m a n t e n d o - s e o e s t a d o g e r a l c o m t r a n s f u s õ e s r e p e t i d a s , o x i g e n i o t e r a p i a e h i d r a t a ç ã o . C o m isso o p a c i e n t e n ã o m a i s e n t r o u e m e s t a d o d e c h o q u e ; a o f i m de 2 o u 3 dias, esses r e c u r s o s f o r a m s u p r i m i -dos, r e s t a b e l e c e n d o - s e o e q u i l í b r i o t e n s i o n a l p e l a p r o v á v e l c i c a t r i z a ç ã o das lesões h e m o r r á g i c a s e m a p r ê ç o .

N o p ó s - o p e r a t ó r i o t a r d i o o p a c i e n t e a i n d a t e v e a l g u n s d i s t ú r b i o s i n t e s t i n a i s ( d i a r r é i a ) e h i p e r t e m i a , m a s , a o f i m d e 2 m e s e s f i c o u i n t e i r a m e n t e c u r a d o . A t u a l m e n t e v e m a p r e s e n t a n d o i n d í c i o s e v i d e n t e s d e r e c u p e r a ç ã o m e n t a l . V o l t o u a t r a -b a l h a r , r e c u p e r o u a u t o c r í t i c a , m e m ó r i a e a f e t i v i d a d e . O e x a m e da p e ç a e x t i r p a d a m o s t r o u t r a t a r - s e de meningeoma.

C A S O 2 — J.A.S., c o m 68 anos, m a s c u l i n o , b r a n c o , l a v r a d o r , i n t e r n a d o n o H o s -p i t a l d a s C l i n i c a s d a F a c u l d a d e de M e d i c i n a ( R e g . g e r a l 4432) e m 26-2-58, t e n d o s i d o e x a m i n a d o na C l í n i c a N e u r o l ó g i c a ( P r o f . P a u l o P i n t o P u p o ) e m fins d e o u t u -bro de 1957. S e g u n d o r e f e r ê n c i a s de seu f i l h o e s t a v a d o e n t e há v á r i o s a n o s ( c ê r c a d e 12 m a i s ou m e n o s ) q u e i x a n d o s e de c e f a l é i a i n t e n s a e g e n e r a l i z a d a , e a p r e s e n -t a r a v á r i a s crises c o n v u l s i v a s c o m r e c u p e r a ç ã o r á p i d a e -t o -t a l . H á -t r ê s a n o s -t e r i a t i d o u m a c r i s e da q u a l r e s t o u p a s s a g e i r a m o n o p l e g i a c r u r a l e s q u e r d a . D e u m a n o p a r a cá seu e s t a d o v i n h a se a g r a v a n d o . A l é m da c e f a l é i a q u a s e c o n t í n u a , seu e s t a d o m e n t a l e s t a v a m u i t o p i o r a d o , a p r e s e n t a n d o d i s t ú r b i o s de m e m ó r i a , d é f i c i t a c e n t u a d o da i n i c i a t i v a , p e r d a d a a u t o c r í t i c a , i n d i f e r e n ç a t o t a l a o m e i o a m b i e n t e , i n t e r i o r m e n t e passou a t e r l i m i t a ç õ e s p r o g r e s s i v a s na m o v i m e n t a ç ã o a t i v a dos m e m b r o s , de t a l m o d o q u e , a o ser i n t e r n a d o , p e r m a n e c i a i m o b i l i z a d o , c o m i n c o n t i -n ê -n c i a e s f i -n c t é r i c a . N a d a d i g -n o de -n o t a -nos a -n t e c e d e -n t e s f a m i l i a r e s . Exame

clí-nico — P a c i e n t e m a l n u t r i d o e d e s i d r a t a d o ; e s t e r t o r e s c r e p i t a n t e s e m a m b a s bases

p u l m o n a r e s ; s ô p r o s i s t ó l i c o s u a v e no f o c o m i t r a l ; pressão a r t e r i a l 16080; h é r n i a i n g ü i n a l o b l í q u a e x t e r n a d i r e i t a . Exame psíquico e neurológico — P a c i e n t e p s i q u i c a -m e n t e i n d i f e r e n t e ; p e r d a da i n i c i a t i v a i n c l u s i v e da -m o v i -m e n t a ç ã o a t i v a p r i -m á r i a : d e s o r i e n t a ç ã o a u t o e a l o p s i q u i c a ; l i n g u a g e m e x t r e m a m e n t e p o b r e e m o n o s s i l á b i c a , m a s s e m d i s t ú r b i o s a f á s i c o s ; d i s t ú r b i o s sérios de m e m ó r i a . C o l o c a d o e m pé o pa-c i e n t e m a n t é m - s e e m e q u i l í b r i o pa-c o m d i f i pa-c u l d a d e , pa-c o m t e n d ê n pa-c i a a pa-c a i r p a r a t r á s . O f a c i e s , i m u t á v e l , é d e e x p r e s s ã o d e e s p a n t o p r a z e n t e i r o . D é f i c i t d i s c r e t o da m o -t r i c i d a d e no m e m b r o i n f e r i o r d i r e i -t o , s e m sinais p i r a m i d a i s d e l i b e r -t a ç ã o . T o n o m u s c u l a r a u m e n t a d o e m a m b o s os m e m b r o s i n f e r i o r e s . M a r c h a i n c o o r d e n a d a , c o m a l a r g a m e n t o na base d e s u s t e n t a ç ã o , c o m p e r d a s f r e q ü e n t e s do e q u i l í b r i o p a r a t r á s e c l a u d i c a ç ã o à d i r e i t a . Exame oftalmoscópico — A t r o f i a ó p t i c a p ó s e d e m a t o -sa, b i l a t e r a l . E x a m e s s u b s i d i á r i o s de r o t i n a ( h e m a t o l ó g i c o , u r i n a e d o s a g e m d e u r é i a n o s a n g u e ) n o r m a i s . Exame do liqüido cefalorraquidiano — P r e s s ã o i n i c i a l n o r m a l ; 18 c é l u l a s ( l i n f o m o n o n u c l e a r e s ) p o r m m3

; d e m a i s e l e m e n t o s n o r m a i s .

Carótidoangiografia — A c e n t u a d o d e s v i o p a r a b a i x o do 3º s e g m e n t o da a r t é r i a c e

-r e b -r a l a n t e -r i o -r d e a m b o s os l a d o s ; f -r a n c o d e s v i o c e n t -r í f u g o d a s a -r t é -r i a s c e -r e b -r a i s a n t e r i o r e s , s u g e r i n d o l e s ã o e x p a n s i v a i n t e r e m i s f é r i c a na r e g i ã o f r o n t a l m é d i a . A

pneumoventriculografia c o n f i r m o u os d a d o s da c a r ó t i d o - a n g i o g r a f i a .

Intervenção cirúrgica (18-3-1958) — A m p l a c r a n i o t o m i a f r o n t a l m e d i a n a p a r a

(5)

-des, r e v e l a n d o - s e e n t ã o o c i s t o e m t o d o o seu v o l u m e , a p r o x i m a d a m e n t e i g u a l a o de u m ô v o de g a l i n h a . Sob ê s t e c i s t o e n c o n t r a m o s o u t r o s d o m e s m o t a m a n h o . A d e -r e n t e a o t e c i d o c e -r e b -r a l v i z i n h o h a v i a a c ú m u l o s de s u b s t â n c i a c a s e o s a a m a -r e l a d a .

N o p ó s - o p e r a t ó r i o o p a c i e n t e a p r e s e n t o u g a s t r o r r a g i a s desde o p r i m e i r o d i a e, l o g o a s e g u i r , m e l e n a s d u r a n t e 48 h o r a s . Q u e i x o u - s e d e d ô r e s n o e p i g á s t r i o no s e g u n d o d i a . F o i p r o n t a m e n t e m e d i c a d o c o m t r a n s f u s õ e s de s a n g u e e o x i g e n i o t e -r a p i a d e s d e o i n í c i o e, e m v i -r t u d e disso, as a l t e -r a ç õ e s d e p -r e s s ã o a -r t e -r i a l e p u l s o f o r a m i n s i g n i f i c a n t e s .

O exame histopatológico d o m a t e r i a l e x t r a í d o na o p e r a ç ã o , i n c l u s i v e d o l í q ü i d o d o i n t e r i o r dos cistos, n ã o l e v o u a c o n c l u s õ e s d e f i n i t i v a s q u a n t o à e t i o l o g i a d o processo, s e n d o q u e a h i p ó t e s e c o n s i d e r a d a m a i s p r o v á v e l f o i a d e c i s t i c e r c o s e c e -r e b -r a l . A -r e a ç ã o de C a s o n i e f e t u a d a n o p ó s - o p e -r a t ó -r i o -r e v e l o u - s e n e g a t i v a , m a s é d e se c o n s i d e r a r q u e o a n t í g e n o d i s p o n í v e l e r a a l g o a n t i g o . O l í q ü i d o v e n t r i c u l a r e x t r a í d o e m 4-7-58 r e v e l o u - s e p o s i t i v o p a r a r e a ç ã o de f i x a ç ã o d o c o m p l e m e n t o p a r a c i s t i c e r c o s e .

R E S U M O

A incidência de hemorragias e úlceras agudas do esôfago, estômago e

duodeno, no pós-operatório de operações intracranianas é fato conhecido

desde 1846 (Rokitansky). Comentam-se neste trabalho as várias teorias

que têm sido aventadas para explicar o fenômeno. Apresentando dois

ca-sos nos quais hemorragias graves do aparelho digestivo ocorreram após

operações intracranianas, o autor relata como foi essa condição

diagnosti-cada e dominada na prática.

S U M M A R Y

Gastrointestinal hemorrhage following intracranial operations.

The incidence of esophageal, gastric and duodenal hemorrhages and

acute ulcer in the postoperative period of intracranial operations has been

known since 1846 (Rokitansky). In this article several theories suggested

to explain the occurrence are commented. T w o such cases are presented,

where the author gives thoroughly report on the diagnosis and its

treat-ment.

R E F E R Ê N C I A S

1. A R T E T A , J. L . — F r o n t a l l o b e lesions a n d g a s t r i c u l c e r . B r i t . M e d . J., 2 : 580-582 ( s e t e m b r o ) 1951. 2. B O D E C H T E L , G. — C i t . p o r D o i g e S h a f a r5

(6)

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Referências

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