JPediatr(RioJ).2016;92(3Suppl1):S71---S83
www.jped.com.br
ARTIGO
DE
REVISÃO
Evaluation
of
child
development:
beyond
the
neuromotor
aspect
夽
Sophie
Helena
Eickmann
a,∗,
Alan
Martin
Emond
be
Marilia
Lima
aaPós-Graduac¸ãoemSaúdedaCrianc¸aedoAdolescente,UniversidadeFederaldePernambuco(UFPE),Recife,PE,Brasil
bCentreforChildandAdolescentHealth,UniversityofBristol,Bristol,ReinoUnido
Recebidoem23dedezembrode2015;aceitoem14dejaneirode2016
KEYWORDS Childdevelopment; Mentalhealth; Behaviordisorders; Screeningtests; Toxicstress; Schoolreadiness
Abstract
Objective: Toreviewtheepidemiologyandupdatethescientificknowledgeontheproblems ofdevelopmentandbehaviorinchildhood,andtherecommendationsfortheroleofthe pedi-atricianinidentifyingandmanagingdelaysanddisturbancesinchilddevelopmentandmental health.
Sources: AsearchforrelevantliteraturewasperformedinthePubMedandScopusdatabases andpublicationsoftheNationalScientificCouncilontheDevelopingChild.
Summaryofthefindings: With the decline in the incidence of communicable diseases in children,problemswithdevelopment,behavior,andemotionalregulationareincreasingly beco-mingapartoftheworkofpediatricians,yetmanyarenottrainedandfeeluncomfortableabout thisextensionoftheirrole.Theavailablescreeningtoolsforchilddevelopmentandbehavior arereviewed,anda‘‘schoolreadiness’’checklistispresented,togetherwith recommendati-onsonhowthepediatriciancanincorporatedevelopmentalsurveillanceintoroutinepractice, awareoftheneedforchildrentoacquiresocial,emotional,andcognitiveskillssothatthey candeveloptheirfullpotential.
Conclusions: Thepediatrician’sroleinthefuturewillincludebothphysicalandmentalhealth, recognizingthatsocialdevelopment,resilience,andemotionalmaturityareasimportantas physicalgrowthandneuromotorskillsinachild’slifecourse.
©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisanopen accessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/
4.0/).
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.01.007
夽 Comocitaresteartigo:EickmannSH,EmondAM,LimaM.Evaluationofchilddevelopment:beyondtheneuromotoraspect.JPediatr
(RioJ).2016;92(3Suppl1):S71---83.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:sophie.eickmann@gmail.com(S.H.Eickmann).
2255-5536/©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCC
S72 EickmannSHetal.
PALAVRAS-CHAVE Desenvolvimento infantil;
Saúdemental; Distúrbiosde comportamento; Testesdetriagem; Estressetóxico; Prontidãoescolar
Avaliac¸ãododesenvolvimentoinfantil:alémdoneuromotor
Resumo
Objetivo: Revisaraepidemiologiaeatualizarosconhecimentoscientíficossobreosproblemas dodesenvolvimentoedocomportamentonainfânciaedasrecomendac¸õesdopapeldopediatra naidentificac¸ãoecondutafrenteaostranstornosdasaúdementalinfantil.
Fontesdedados: PesquisamosaliteraturarelevantenasbasesdedadosPubMedeScopuseem publicac¸õesdoNationalScientificCouncilontheDevelopingChild.
Síntesedosdados: Comodeclínionaincidênciadedoenc¸astransmissíveisem crianc¸as, pro-blemasdodesenvolvimento,comportamentoeregulac¸ãoemocionalfazemcadavezmaisparte dotrabalhodopediatra,masmuitosaindanão estãotreinadosesesentem desconfortáveis comessaextensãodoseupapel.Osinstrumentosdetriagemdodesenvolvimentoe compor-tamentoforamrevisadoseumalistadeverificac¸ãoda‘‘prontidãoescolar’’foiapresentada, juntamentecomorientac¸õessobrecomoopediatrapodeincorporaravigilânciadasaúde men-talemsuaderotinadeatendimento,conscientedanecessidadedaaquisic¸ãodashabilidades sociais,emocionaisecognitivasparaqueacrianc¸apossadesenvolvertodasuapotencialidade.
Conclusões: Opapeldopediatranofuturoiráabrangertantoasaúdefísicaquantoamental ereconhecerqueodesenvolvimentosocial,aresiliênciaeoamadurecimentoemocionalsão tãoimportantesquantoocrescimentofísicoeashabilidadesneuromotorasnocursodavidade umacrianc¸a.
©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigo OpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-NDlicense(
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
Nãoandanadafácilserpediatrahojeemdia!Masquando foi?O pediatraprecisase atualizarconstantemente sobre a melhor forma de fazer a vigilância do crescimento e desenvolvimento,linhadorsaldanossaespecialidade,mas tambémsobreomanuseiodasdoenc¸as crônicasem geral, nãoperderofocodesuaatenc¸ãoemrelac¸ãoàsdoenc¸as agu-das,dentrodeumcontextodeiniquidadesociodemográfica eeconômica.
Quandoumacrianc¸aapresentaproblemasnoseu desen-volvimento cognitivo, emocional e/ou comportamental e selevantaa questão dequem ou o quepode ser respon-sável peloproblema, a maioria dos paistende a culpara crianc¸aeamaioriadosprofissionaistendeaculparospais! No entanto, a maioria dos cientistas da área sabe que o problemaestánosdois,alémdeestarnosgenes,nos neurô-nios, nas sinapses, nos neurotransmissores, na escola, na vizinhanc¸aenaspolíticaspúblicas.1
A literatura atual aponta o aumento das chamadas ‘‘novasmorbidades’’,ouseja,asalterac¸õesdasaúde men-tal,comoumnovodesafioparaapediatria.Mas,jáem1957 Wolfe Smithpublicaram umartigointitulado‘‘Opapel do pediatranasaúdementaldascrianc¸as’’ereconheceramque opediatraéumapec¸a-chavenoacompanhamentodasaúde física,psicológica e emocional infantil.2 Em1967, o cirur-giãoamericanoRichmonddefiniuodesenvolvimentoinfantil como ‘‘a ciênciabásica dopediatra’’ e destacou que ‘‘o estudodasaquisic¸õescognitivaseemocionais,motoraseda linguageméoquediferenciaopediatradetodasosoutros especialistasmédicos’’.3
Afinal,ondecomec¸aeondeterminaamissãodopediatra?
Epidemiologia
dos
problemas
de
saúde
mental
da
infância
e
adolescência
Nasúltimasdécadastemsidorelatadoemtodomundoum aumento expressivo da detecc¸ão dos problemas compor-tamentais, emocionais e do desenvolvimento na infância e adolescência,4---8 com aumento proporcional até em populac¸ões de nível socioeconômico mais favorecido, mas mantém a prevalência absoluta mais elevada entre populac¸õescarentes.5,6,9Algunsautoressugeremquea ten-dência dessa situac¸ão é de pioria, uma vez que vemos apenasapontadoiceberg.Oreconhecimentodaepidemia de obesidade infanto-juvenil, como umgrande risco para a saúde física e mental danova gerac¸ão, é inconteste e ‘‘visivelmente’’evidente.Noentanto,oaumentodos pro-blemas desaúdementaldapopulac¸ãopediátrica émenos ‘‘visível’’,masigualmenteameac¸ador.
Alterac¸õesdodesenvolvimento,comotranstornoda lin-guagem e do aprendizado, deficiência intelectual, TDAH (transtorno de déficit de atenc¸ão e hiperatividade), TEA (transtornodo espectrodo autismo) e outros proble-mascomportamentaisjásãoascincocausasmaisfrequentes delimitac¸ãodasatividadesusuaisdacrianc¸aporcondic¸ões crônicasnosEstadosUnidos,nafrenteatédaasmaoudas doenc¸asrespiratóriasemgeral.5,6,10
Development:beyondtheneuromotoraspect S73
as experiências precoces, que influenciam o cérebro em desenvolvimento,incluindo mudanc¸asdo‘‘estilodevida’’ dasfamílias,tantoasqueresidememáreasurbanascomo rurais.7,11,12
AAcademiaAmericanadePediatria10 temtentado des-tacar esse problema, que é comum na infância, mas frequentementenãodetectadoe nãotratado.Estimativas recentes apontam que 11% a 20% da populac¸ão pediá-tricaamericanaapresentará,emqualquermomentodoseu desenvolvimento,problemas emocionaisou comportamen-tais,definidospeloscritériosdoDSMV(ManualDiagnóstico eEstatísticodeTranstornosMentais---5a
Edic¸ão).Essa ele-vadaprevalênciajáéobservadaemcrianc¸asdedoisacinco anose entreadolescentes 37%e39% terãosido diagnosti-cadoscomalgumtranstornocomportamentalouemocional aos16anos.
Martinietal.13publicaramem2012ummanualpela Aca-demiaAmericanadePsiquiatriadaInfânciaeAdolescência, paraintegrarotrabalhodopediatraedoprofissional espe-cializadoem saúdemental infantil,umavez que é alta a prevalênciadessestranstornosnosEstadosUnidoseapenas cercade20%dessascrianc¸asrecebemtratamento. Destaca--se que metade de todas as doenc¸as mentais no adulto se iniciam na adolescência e, mesmo se tratando de um momentocríticododesenvolvimentoinfanto-juvenil,ocorre em média umatraso deoito a10 anos entreo iníciodos sintomaseoiníciodotratamentoadequado.
Estudo longitudinal feito no sul do Brasil mostrou que 13% das crianc¸as examinadas aos seis anos de vida apre-sentavam diagnóstico de transtorno mental, segundo os critérios diagnósticosdo DSM-IV,eram maisfrequentes os transtornosdeansiedade(8,8%),seguidosdeTDAH(2,6%), transtornoopositor-desafiante/deconduta(2,6%)e depres-são (1,3%),o que demonstra o início precocede doenc¸as mentais e a necessidade de iniciar uma intervenc¸ão na infância.14Fleitlich&Goodman,15empesquisafeitanoRio deJaneiro,comcrianc¸aseadolescentesdesetea14anos, dediferentesníveissocioeconômicos, encontraramqueos fatores mais fortemente associados à prováveis transtor-nos psiquiátricos dessa populac¸ão forampobreza, doenc¸a mental materna e violência familiar. Outro estudo, feito emSãoPaulo,mostrouadificuldadedeacessodasfamílias decrianc¸ascomtranstornosmentaispersistentesaservic¸os desaúdemental,o desconhecimentodos paissobreesses transtornosdeumadasprincipaisbarreirasaotratamento.16 Também é evidente a escassez de profissionais médicos daárea desaúde mental (pediatrado desenvolvimentoe comportamento, neuropediatra e psiquiatra dainfância e adolescência) e deservic¸osque atendam crianc¸as e ado-lescente comtranstornos menosgraves de saúdemental, quecompõem cercade90%doscasos.Issomostra oquão fundamental é a melhor capacitac¸ão dos pediatras nessa área.17
Comoestratégiadeenfrentamento,criaram-senoBrasil osCAPSi(CentrosdeAtenc¸ãoPsicossocialInfantil-Juvenil), compostospormédico(psiquiatra,neurologistaoupediatra comespecializac¸ão emsaúdemental),alémdepsicólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, assistente social, entreoutros.OsCAPSi,entretanto,têmseufocodeatenc¸ão nos quadros mais graves de transtorno comportamental--emocional.17---19
O
futuro
da
pediatria:
competências
em
desenvolvimento
infantil
e
saúde
mental
AOrganizac¸ãoMundial daSaúde(OMS) mostra que a ele-vadafrequênciadedistúrbiosdodesenvolvimentocognitivo e socioemocional é um problema global. Acredita-se que opercentualdecrianc¸as comprometidasnospaísesmenos afluentessejaaindamaisgrave,empartepelalacunaóbvia deconhecimento científico relevante para ascrianc¸as de riscoesuasfamílias.9,20
Em2011,aGrandChallengesinGlobalMentalHealth Ini-tiative(GCGMHI)21 definiuasprioridadesemsaúdemental paraospróximos10anos,destacouaimportânciadavisão longitudinaldasaúde,umavezquemuitasdoenc¸asdasaúde mental comec¸am na infância e necessitam de uma abor-dagemmaisecológica,baseadanacomunidadeeincluindo assistênciaàfamília,alémdacrianc¸a. Aumentaroacesso dasfamíliasaintervenc¸õesbaseadasemevidências científi-casdeveserprioridade,especialmenteempaísesdemédia ebaixarenda.
Apesardareconhecidaimportânciadopapeldopediatra comocuidadoredefensor dacrianc¸a,porqueatualmente tantosdenósseomitememorientarospaisdosnossos paci-entes?Emexporasreaisnecessidadesdascrianc¸asparase desenvolverdeformasaudável,como:estabelecimentode rotinas e alimentac¸ão adequadas,higiene dosono, treino do controle esfincteriano e, principalmente, a importân-ciadaposturaamorosados paiscominterac¸ão sensitivae ‘‘proativa’’,mastambémestabelecendo limites,inclusive quantoàexposic¸ãoàmídia.Opediatraéumdosprimeiros profissionais que podem intervir nessas dificuldades,triar famíliase crianc¸as derisco,orientarsobreestiloparental adequadoefazerencaminhamentoaservic¸osespecializados quandonecessário.22---24
S74 EickmannSHetal.
AAAP10---12,25---27temfeitoumgrandeesforc¸ode introdu-ziraatenc¸ãoàsaúdementalnapediatria,publicainúmeros artigose manuaissobreo tema,salienta aimportânciada educac¸ãocontinuadaepropõeinovac¸õesnagrade curricu-lardagraduac¸ãoemmedicinaenaresidênciaempediatria. Para queacontec¸a defato umamudanc¸a deparadigma é necessário mudar habilidades, conhecimentos e atitudes, adquirircompetênciasquesesobrepõemàsdeprofissionais dasaúdementalinfantil,tantoemlevantarsuspeitas diag-nósticasprecocementecomodepromoverumestilodevida saudável, dar orientac¸ões comportamentais e diminuir os problemasmentaispormeiodofortalecimentodaresiliência dascrianc¸asesuasfamílias.11Ouseja,precisamosconhecer bemasvariac¸õesnormaisdodesenvolvimentoinfantilpara diferenciá-las das alterac¸õescognitivas, comportamentais e/ouemocionais e abrangersempreo contextoem quea crianc¸avive,alémdeperceberqueascrianc¸asmostramseus problemasdesaúdementaldeformapeculiar,muitasvezes bastantediferentedosadolescenteseadultos.28
Estudo recente feito nos Estados Unidos com crianc¸as eadolescentededois a21 anosencontrou queapesarde omédicodeatenc¸ãoprimáriaacompanharsozinhoquatro em cada10 crianc¸as comTDAHe 1/3 dascom problemas desaúdementaloutros,essesprescreverammais psicoesti-mulantesealfa-agonistasdoqueospsiquiatrasinfantis.A carênciadeespecialistasemdesenvolvimentoinfantilpode tercontribuído para umamaior proporc¸ão de diagnóstico deTDAHem detrimentodo diagnósticode transtornosde ansiedadeedehumor.Oestudo ressaltaaimportância do trabalhocolaborativoentrepediatras,pediatrasdo desen-volvimento e comportamento, psiquiatras e neurologistas infantisparaaplicar conhecimentoatualizadoparaa ade-quadacapacitac¸ãopediátrica.29
Atualizac
¸ão
de
neurociência
e
ciência
do
comportamento
Asaúdementaléa basefundamental parasealcanc¸arem todasasoutrashabilidadesdodesenvolvimentohumano.28 Mundialmente,há indicativosclarosde queo aumentoda detecc¸ãoprecocedealterac¸õesdodesenvolvimentoinfantil e consequente início precoce da estimulac¸ão é uma pri-oridade crucial, inicialmente para o bem-estar de nossas crianc¸as e suas famílias, mas posteriormente paratoda a comunidade,umavezque‘‘ofuturodequalquersociedade dependedesuahabilidade deadotar estratégiaspara um melhordesenvolvimentodapróximagerac¸ão’’.4
Osestudosemneurociência, biologiamolecular, epige-néticaeciênciassociaisecomportamentaistêmmostrado quenos desenvolvemos segundonossaprogramac¸ão gené-tica,mascomgrandeinfluênciadasexperiênciasvividasno iníciodavida,essainterac¸ãoentreosfatoresbiológicose ambientaiséabase paraasaúdemental.As experiências precocesmoldamaarquiteturadocérebroemodificamseu funcionamento,deformatransitória oupermanente.4,28,30 É bem conhecido que o cérebro é mais plástico na vida intrauterinae na primeira infância,é tanto mais vulnerá-vela riscos como tambémmais‘‘moldável’’por meiode estímulosadequados.4,24,28,30---32Entretanto,océrebronãoé infinitamenteplásticoequantomaisprecoces e prolonga-dasforemasexperiênciasnegativas,maisresistenteficao
cérebro àsintervenc¸ões.4O impactodasexperiênciasnão se expressa apenas no desenvolvimento infantil precoce, masestátambémintimamenteligadoaoaprendizado esco-larfuturo,àsaúdefísicaaolongodavida,àprodutividade econômicaeàformac¸ãodacidadania.31
As experiências que influenciam o desenvolvimento infantilsãomúltiplas,ressalta-sequearelac¸ãoafetuosae protetora da crianc¸acom os pais,cuidadores, parentese professoreséfundamentalparaodesenvolvimento socioe-mocional ecognitivoadequados.4 Poroutro lado,estresse prolongado por pobreza extrema, guerras, exposic¸ão à violência,abusosexual,doenc¸aspsíquicasparentais (espe-cialmentedepressão maternae usodedrogaspelos pais), entreoutrascausas,associadosàfaltadeinterac¸ão prote-toracomadultos,podemlevaraumaexcessivaeprolongada ativac¸ão do sistema de resposta ao estresse da crianc¸a. Essaativac¸ãoincluielevac¸ãopersistentedoshormôniosdo estresse, que, por suavez, diminuema conectividade de áreas cerebraisespecíficas, comoo córtexpré-frontale o sistemalímbico(amigdalaehipocampo)eprejudicamtanto odesenvolvimentocognitivocomooaprendizadodas habi-lidadessociais.4,24,31---33
Proverambientesestimuladores,nãosónoaspecto neu-romotor e cognitivo, mas também do desenvolvimento socioemocional,emcasa,nacrecheounaeducac¸ão infan-til,éumadasmaioresresponsabilidadesdasociedade.34Do pontodevistaeconômico,estácomprovadoqueinvestir pre-cocementenashabilidadessociaisedesaúdemental(como nascapacidadesdeatenc¸ão,persistência,motivac¸ãoe auto-controle)temelevadarazãocusto-benefícioporimpactarna futuraprodutividadedanac¸ão,potencializaro desenvolvi-mento cognitivodos adolescentese adultos,demonstrado pelomelhorrendimentoescolarepeladiminuic¸ãoda crimi-nalidadeedagravideznaadolescência, especialmentena populac¸ãoemdesvantagemsocioeconômica.35---37
Entre esses estímulos, é importante focar nasfunc¸ões executivas,destacam-seamemóriadetrabalho,ocontrole dosimpulsos,acapacidadeemplanejaremanter-seatento numaatividadeeaflexibilidademental.Nãonascemoscom essas habilidades, apenascom o potencial para aprendê--las, e esse aprendizadodepende dasnossas experiências desdeonascimentoatéaadolescência.Asfunc¸ões execu-tivassãoextremamentenecessárias,tantoparaaquisic¸ões cognitivas como para as sociais/emocionais. As habilida-des executivasrudimentares já podem ser observadas no fimdoprimeiroano,massetornam maisevidentesa par-tir dostrês anos,quandoacrianc¸ajá consegueseguirum comandocomduasetapas,fazerescolhassimples,manter ofocodeatenc¸ãoemdeterminadaatividadeporumcerto tempoetc.Asfunc¸õesexecutivas,entretanto,se desenvol-vemefortalecematéoiníciodavidaadulta,estãoligadas ao sucessopedagógicoe laborale tambémao desenvolvi-mentosocial,emocionalemoral.Asbrincadeirassociaise imaginativaseasrelac¸õescrianc¸a-adultopositivaslevama crianc¸aadesenvolversuashabilidadesexecutivasealcanc¸ar maisfacilmentesuaindependência.34,35
Development:beyondtheneuromotoraspect S75
concomitantedaatuac¸ãodopainacasaeapressade adap-taracrianc¸aaoritmodosadultos,apressãosocialeescolar, já na primeira infância, pelo resultado final baseado nos conhecimentos (leitura e raciocíniológico) e o marketing
macic¸o dos ‘‘produtos’’extracurriculares, os pais acredi-tam que quanto mais atividades estruturadas as crianc¸as tiverem,melhorseráseudesenvolvimento.Muitasvezeso tempopreciosodeinterac¸ão entreascrianc¸as eseuspais (cuidadores)éusadoparaorganizaratividades especiaise no transporte das crianc¸as de uma atividade para outra. Mesmosabendoqueobrincar(eteralgumtempolivreparao adolescente)éessencialparaoaprendizadoeasaúde men-tal,nossas crianc¸assãoprogressivamente sobrecarregadas deatividadesdirigidas,emdetrimentodasatividades cria-tivaseativas,desenvolvemmuitasvezessinaisdeestresse, ansiedadeesomatizac¸ões.27
Infelizmente,muitasinstituic¸õesdeensinononossopaís, queprestamservic¸oalactentesepré-escolares,priorizamo treinamentodehabilidadescognitivas,diminuemotempoe oinvestimentodashabilidadessocioemocionais.Equandoa crianc¸aperde seu focode atenc¸ão, doseu controle emo-cional e comportamental, e não consegue fazer escolhas ou seguir as instruc¸ões do adulto, esses comportamentos sãointerpretadoscomovoluntários.Issoficaevidentecom o aumento de expulsão de crianc¸as que frequentam pré--escolas.38
Além disso, muitas crianc¸as só conseguem frequentar a educac¸ão infantil apartir dos quatro anose essa idade nãoésuficientementeprecoceparaprotegercrianc¸asque vivem em ambientes de risco. O ideal seria que mães que sãomais vulneráveisjá recebessemsuporte noinício dagravidez.31,32
Umaspectodevastadorparaodesenvolvimentoinfantil e especialmente para a aquisic¸ão das func¸ões executi-vas é a negligência, definida como ausência da atenc¸ão, responsividade e protec¸ão dos cuidadores, suficientes e adequadas à idade e necessidade dacrianc¸a. A negligên-cia é claramente a forma mais frequente de maltrato, pode ser expressa como física ou de supervisão, psicoló-gica,àsaúdeoueducacional.Frequentementeelasocorrem concomitantementeecrianc¸asjovensvítimasde negligên-cia grave e crônica apresentam desenvolvimento pior do que as vítimas de outros tipos de maltrato. Esse tipo de negligêncialevaaumagrandevariedade dealterac¸õesno crescimento(diminuic¸ãodocrescimentoencefálicoe corpo-ral)edesenvolvimentomotor,cognitivo,dalinguagem,do aprendizado,assimcomomaiorprevalênciadetranstornos mentais,comoansiedade,depressão,transtornode perso-nalidade,baixaautoestimaedificuldade deinterac¸ãocom ospares.39
Por outro lado, a literatura médica tem apresentado modelos de intervenc¸ão que parecem promissores, dimi-nuemoimpactonegativodanegligência,ouseja,melhoram as func¸ões cognitivas, da atenc¸ão e da memória e dimi-nuem dificuldades comportamentais e emocionais. Essas intervenc¸ões precisam abranger a família (pois frequen-temente têm-se associado problemas parentais de saúde mental), ser de longa durac¸ão e iniciada o mais preco-cemente possível, além de usar métodos com evidência científicadeeficácia.Aperguntaqueficaé:comopodemos como pediatras assegurar que todas ascrianc¸as recebem os cuidados de que precisam? Sem sombra de dúvida,
precisamos mudar nossa forma de identificar negligência eadvogaremfavordacrianc¸a,mesmosetivermosdesair dasfronteirastradicionaisdamedicina.39
Masaciênciatambémnosmostra aspectosque favore-cemodesenvolvimento,comoaresiliência,queéentendida como uma resposta adaptativa positiva frente a adversi-dades.Resiliência nãoé só umacaracterística pessoal ou imutável,mas sim o resultado da interac¸ão de múltiplos fatoresprotetoresdoambienteeumsistemabiológico alta-menteresponsivo.Pode,portanto,serfortalecidapormeio deinterac¸õespositivasdereciprocidadeentreolactentee seucuidador.Éimportantelembrarquenemtodoestresse édanosoàcrianc¸ae aprenderalidarcomobstáculos roti-neirosdavida,oschamadosestressespositivos,possibilita odesenvolvimentodasfunc¸õesexecutivasehabilidadesde autocontrole.35
Como exemplo de promoc¸ão da resiliência as crianc¸as precisamdeadultosqueacreditemincondicionalmenteem suaspotencialidadesdequesetornarãopessoas compassi-vas,generosasecriativas.ThePositiveYouthDevelopment Movement40 sugere os marcos fundamentais e os deno-mina de ‘‘Os sete blocos essenciais de construc¸ão da resiliência’’:
1) Competência:quandopercebermosquecrianc¸asejovens fazem algo certo e lhes damos oportunidades para desenvolver habilidades importantes eles sentem-se competentes.
2) Confianc¸a:elesprecisamdeconfianc¸aparasercapazes denavegarpelomundo,pensarforadacaixaeenfrentar desafios.
3) Conectividade:terconexõescomoutraspessoas,escola e comunidade amplia a seguranc¸a que lhes permite desenvolverautonomiaecriarsoluc¸õescriativas. 4) Caráter:ascrianc¸asprecisamdeumclarosensodoque
écertoeerradoedecompromissocomaintegridade. 5) Contribuic¸ão:ascrianc¸as eosadolescentesque
contri-buemparaobem-estardosoutrosreceberãogratidãoao invésdacondenac¸ão.Elesvãoaprenderqueaocontribuir vãosesentirbemepodemfazê-losemvergonha. 6) ‘‘Coping’’: quemtemumavariedadedeestratégiasde
enfrentamentosaudáveisserámenospropensoà impul-sividade e recorrerá a soluc¸ões impensadas perigosas quandoestáemsituac¸ãodeestresse.
7) Controle: as crianc¸as que entendem que privilégios e respeitosãoobtidospormeiodademonstrac¸ãode res-ponsabilidadevãoaprenderafazerescolhasmelhorese controladas.
O pediatra tem tido mais acesso a informac¸ões sobre os principais transtornos do desenvolvimento cognitivo e socioemocional,como deficiência intelectual, TDAH,TEA, distúrbio de aprendizagem, transtorno de ansiedade e humor. Gostaríamos, noentanto, de abordar brevemente doisaspectosquedeveriamserincluídosnarotinado acom-panhamentopediátrico:acrianc¸adifícileaqueapresenta distúrbiodosono.
S76 EickmannSHetal.
podem mostrar baixo limiar à frustrac¸ão com comporta-mentodesafiador,teimoso,insistente,inquieto,facilmente irritável ou até agressivo, mas tambémpodem ser muito tímidos,medrososouhipersensíveis,comdificuldades sen-soriaisdiversas,especialmentequantoaalimentos,roupase sons.Elessãofrequentementeintensosemseussentimentos oucomportamentos,demandammuitaatenc¸ãodosadultos ecausamfrequentemente conflitosfamiliares,escolarese entreos pares. Essas crianc¸as costumam colocar os adul-tosemchequeeosdeixamconfusos,frustradoseinseguros quantoàintencionalidadedacrianc¸aequantoacapacidade parentaldecuidardelas.
Semdúvida,comoprimeiraorientac¸ãoaospais,o pedi-atra deve mostrar empatia e valorizar a preocupac¸ão da família,alémdeexplicarapercepc¸ãoequivocadadelesem relac¸ãoàintenc¸ãonegativadacrianc¸a.Oslimiteseasregras devemserdiretos,coerenteseconsistentes,porissodevem valerparatodos(pai,mãeecuidadores)eserusados roti-neiramente.
Aintervenc¸ão pediátrica devefortalecer ospaise dei-xar claro que eles, como os adultos nessa relac¸ão, são os responsáveis em manter a calma, a seguranc¸a e os regraspreviamentedeterminadas,estabelecereesclarecer àcrianc¸asobreoslimiteseasconsequênciaseminfringi-los. Comojácitadoanteriormente,urgeospaisentendereme aceitaremquevivenciaroestressepositivodafrustac¸ãoeo consequenteaprendizadodelidardeformaconstrutivacom essasituac¸ãoéfundamentalparaofortalecimentoda resi-liênciadeseufilho(a).O reforc¸o negativo,como punic¸ões físicasoumorais,nãotrazresultado,frequentementepiora asituac¸ão.35,41
É muito importante que, a depender dagravidade, da frequênciaedasrepercussõesdoscomportamentos inade-quados,opediatra diferenciea crianc¸adotemperamento difícildacrianc¸acomtranstornosneuropsiquiátricos[TDAH, TOD (transtorno desafiador opositivo), TAG (transtornoda ansiedadegeneralizada),entreoutros],quenecessiteuma avaliac¸ãodiagnósticaetratamentoadequados.
Quanto ao distúrbio de sono, verifica-se elevada ocor-rência, está presente em um quarto das crianc¸as e dos adolescentes. Entre aqueles com deficiência intelectual, transtornos do desenvolvimento (TDAH e TEA) ou outros transtornos psiquiátricos, o percentual varia entre 50% e 80%. Práticas parentais podeminfluenciar profundamente opadrãodesonodacrianc¸a,ouseja,faltaderotina, difi-culdadedecolocarlimitesedarmuitaatenc¸ãoàscrianc¸as relutantesemadormeceraumentammuitoachancedo esta-belecimentodeinsôniacomportamental,que,aocontrário doquesepensa,podeseperpetuaratéavidaadulta.Além disso, o conhecimento,as atitudes e o estado emocional dospaisfrequentementedeterminam seelesconsiderarão o padrão de sono infantil como um problema ou não.42 É importante lembrar que cabeao pediatrafazer em sua consulta perguntas arespeito desse padrão, umavez que ospaisfrequentementenãorelatamproblemascomosono, poisacham‘‘normal’’acrianc¸ateroritmodesono compa-tívelcomodoadultoedesconhecemqueosonoinsuficiente nainfânciapodecausardéficitdecrescimentoedificuldade deconcentrac¸ãoedoaprendizado.
A seguir descreveremos instrumentos de triagem/ avalic¸ãododesenvolvimentoedasaúdementalmaisusados noBrasil.
Instrumentos
de
triagem
do
desenvolvimento
infantil
mais
usados
no
Brasil
Apesardareconhecidaimportânciadedetectartranstornos do desenvolvimentoe comportamento na infância o mais precocementepossível,essapráticaaindanãofazparteda rotinadamaioriadasconsultaspediátricas.Váriasentidades internacionais,comoaAAP,aSociedadeAmericanade Pedi-atria do Desenvolvimento e Comportamento, a Academia AmericanadePsiquiatriadaInfânciaedaAdolescência, o ProjetoEuropeudeSaúdeMentaldoEscolar(SCMHE),aOMS, entreoutras,têmtentadodiminuiressasbarreiraspormeio daproduc¸ãodedocumentosparaaeducac¸ãocontinuadados pediatras.10,13,25,43,44 Essasdificuldadessãosemelhantesàs observadasnaimplantac¸ãodousodeinstrumentosde tria-gemnavigilânciadodesenvolvimentoinfantil,sugeridopela AAP(2006).10Umadaslic¸õesaprendidasnesseprocessofoi adequeo usodetestesdetriagemdeveserrotineirona práticapediátricaeprecisacontemplartantoo desenvolvi-mentoneuromotorcomoocognitivoesocioemocional.
Muitosinstrumentos avaliamo desenvolvimento neuro-motoreosocioemocionalcomoconstrutosindependentes,
identificam alterac¸ões no desenvolvimento da linguagem expressiva e receptiva, motor grosso e fino, capacidade de resoluc¸ão de problemas e cognic¸ão separadamente. Entretanto, para avaliar o comportamento e desenvol-vimento emocional é necessário incluir habilidades mais sutis, como regulac¸ão emocional, controle inibitório, atenc¸ão/concentrac¸ão, capacidade de interagir de forma verbalenãoverbaleohumor.
AAAP45recomendaqueavigilânciadodesenvolvimento devesercontínuaefeitaemtodasasconsultasdepromoc¸ão dasaúde.Esseprocesso,alémdacuidadosaobservac¸ãodo históricoedocontextodedesenvolvimento,incluiaescuta aospais,poiselessãogeralmenteosprimeirosareconhecer sinais de possível atraso no desenvolvimento, e quais-querpreocupac¸õesrelatadasdevemsersemprelevadasem considerac¸ão.Noentanto,aausência depreocupac¸ãonão significanecessariamentequeodesenvolvimentodacrianc¸a seprocesseadequadamente.Casosejaobservadaqualquer alterac¸ão, deve ser feito um teste de triagem. A AAP45 também recomendaque a triagempara atraso do desen-volvimentodevaserfeitaemtodasascrianc¸as,pormeiode instrumentospadronizados, aosnove, 18,24ou30meses, independentemente daidentificac¸ãoounãode umatraso durante a vigilânciadodesenvolvimento. Aadministrac¸ão deinstrumentoespecíficodetriagemparaautismodeveser feitaemtodasascrianc¸asentre18e24mesesecasoo resul-tado seja sugestivo deTEA, a crianc¸adeverá ser enviada para avaliac¸ão diagnóstica por um especialista na área.46 Atabela1apresentainstrumentosdetriagemmais frequen-temente usados na avaliac¸ão clínica do desenvolvimento infantilnoBrasil.47---58
Development:
beyond
the
neuromotor
aspect
S77
Tabela1 Instrumentosdetriagemmaisusadosnaavaliac¸ãododesenvolvimentoinfantilnoBrasil
Instrumentosdetriagemmultidomíniospreenchidospelospais
Nomedo instrumento
Domíniosdodesenvolvimentoedescric¸ão Faixaetária Tempode administrac¸ão
Métododepontuac¸ão Informac¸ão psicométrica
Responsávelpor administrar
AgesandStages Questionnaire, 3aed.(ASQ-3)47
Comunicac¸ão,coordenac¸ãomotoraampla, coordenac¸ãomotorafina,resoluc¸ãode
problemas,pessoal/social.Cadadomíniocontém 6questõessobreimportantesmarcosdo desenvolvimentoapropriadoparacadaidade, totalizando30itens.Écompostopor
21questionáriosparacadaintervalodeidade(2, 4,6,8,10,12,14,16,18,20,22,24,27,30,33 e36meses).OASQ-3estátraduzidoparao portuguêsevalidadonoBrasil.48Informac¸ão doproduto:www.brookespublishing.com
1a66meses 10a20min Asrespostasparacadapergunta podemser:‘‘Sim’’(10pontos), ‘‘Àsvezes’’(5pontos)e‘‘Ainda não’’(zeroponto).Asrespostas sãoconvertidasempontuac¸ões paracadaumdos5domínios esãocomparadascomvalores normativosparaaidade. Pontuac¸õesigualouabaixodos pontosdecorteindicamatraso nodesenvolvimento
Sensibilidade: 82a89%; Especificidade: 77a92%
Pais/cuidadores Pontuac¸ãodo questionário deveserfeita porprofissionais dasaúde
AgesandStages Questionnaires: Social-Emotional (ASQ:SE-2)49
Foielaboradoparaidentificarcrianc¸as
necessitandodeavaliac¸ãocomplementarnaárea dodesenvolvimentosocialeemocional,incluindo autorregulac¸ão,comunicac¸ão,autonomia, enfrentamentoerelacionamento.Écompostopor 9questionáriosparaasidadesde2,6,12,18,24, 30,36,48e60meses.Versãodisponíveleminglês eespanhol.Informac¸ãodoproduto:
www.brookespublishing.com
1a72meses 10a15min Cadaquestionáriogeraum únicoescoreque,seestiver acimadopontodecorte,ao contráriodoASQ-3,indica atrasonodesenvolvimento
Sensibilidade: 71%a85%; Especificidade: 90%a98%
Idem
BayleyScalesof InfantandToddler Development, ScreeningTestIII, 3aed.50
Cognic¸ão,linguagem(expressivaereceptiva), motricidade(grossaefina).Asquestõesforam selecionadasdaBayleyScalesofInfantand ToddlerDevelopment,(3aed).Emcadaitem existeduasopc¸õesderesposta,dependendo daobservac¸ãodocomportamento:‘‘um’’se presentee‘‘zero’’seausente.Versãoeminglês eespanhol.Informac¸ãodoproduto:
www.harcourtassessment.com
1a42meses 15a25min Aavaliac¸ãodecadadomínio produzescores,possibilitando aoexaminadorcompararcomo pontodecorteparacadaidade eclassificarodesenvolvimento dacrianc¸a,como:‘‘Emrisco’’, ‘‘Emergente’’e‘‘Competente’’
Acuráciavariou entremoderada aboaem relac¸ãoaBayley ScaleofInfant andToddler DevelopmentIII
Administrac¸ão diretapor profissional treinado
Denver Developmental ScreeningTestII, 2aed.(DDST-II)51
Motricidade(grossaefina),linguageme competênciapessoal-social.Apresenta125itens divididospor4domíniosepor4faixasetárias. Temtambémumquestionáriodepré-triagem dodesenvolvimento(PDQ-II),constituídopor 91questõesretiradasdoDDST-II.Háversão disponíveldotestedeDenverIIemportuguês.52 Informac¸ãodoproduto:
www.denverii.com
1a72meses 10a20min Acrianc¸aécategorizadacomo ‘‘Aprovada/Reprovada’’para cadaquestãoeessasrespostas sãoverificadasseestãoounão dentrodafaixaesperadade normalidadedo
desenvolvimentoparacada idade.Acrianc¸aéclassificada como:‘‘Normal’’,‘‘Suspeita’’ ou‘‘Comatraso’’
Sensibilidade: 56a83%; Especificidade: 43a80%
S78
Eickmann
SH
et
al.
Tabela1 (Continuac¸ão)
Instrumentosdetriagemmultidomíniospreenchidospelospais
Nomedo instrumento
Domíniosdodesenvolvimentoedescric¸ão Faixaetária Tempode administrac¸ão
Métododepontuac¸ão Informac¸ão psicométrica
Responsávelpor administrar
ModifiedChecklist forAutismin Toddlers (M-CHAT)53
Identificarcrianc¸asemriscoparatranstornodo espectroautista.Tememmédia23itenscom respostasdotipo‘‘Sim’’e‘‘Não’’.Abordaa interac¸ãosocial,comunicac¸ão,atenc¸ão compartilhada,brincadeirasimbólicae referenciamentosocial.AescalaM-CHATestá traduzidaevalidadaemportuguês.54Existenova versãoM-CHAT-R/Faindanãotraduzidaparao português.Informac¸ãodoproduto:
www.firstsigns,orgouwww.mchatscreen.com
16a30meses 5a10min Crianc¸asquefalhamemum totalde3oumaisitensouem2 oumaisitenscríticos,devem serencaminhadospara avaliac¸ãodiagnósticaporum especialistaemavaliarTEA emcrianc¸asmuitojovens
Sensibilidade: 85a87%; Especificidade: 93a99%
Pais/cuidadores
Swanson,Nolan andPelhamScale (SNAP-IV),versão abreviada55
Avaliaagravidadedadesatenc¸ãoe
hiperatividade/impulsividadeatravésdeescores quantitativos.Tem18itens(9sintomasde desatenc¸ão,6dehiperatividadee3de
impulsividade)com4níveisdegravidade‘‘Nem umpouco’’,‘‘Sóumpouco’’,‘‘Bastante’’ e‘‘Demais’’.
Versãotraduzidaeadaptadaparaoportuguês.56 Informac¸ãodoproduto:www.tdah.org.br
6a18anos 5a10mim Sepelomenos6itensde1a9 sãomarcadoscomo‘‘Bastante’’ ou‘‘Demais’’existemmais sintomasdedesatenc¸ãoqueo esperado.Sepelomenos6itens de10a18sãomarcadoscomo ‘‘Bastante’’ou‘‘Demais’’ existemmaissintomasde hiperatividade/impulsividade queoesperado
Faltade publicac¸ões sobre propriedades psicométricas
Pais/cuidadores ouprofessores
Strengthsand Difficulties Questionnaire (SDQ)57
Rastreiaproblemasdesaúdementalem5áreas:4 dedificuldades(sintomasemocionais,problemas deconduta,hiperatividade/desatenc¸ãoe problemasnorelacionamentocomcolegas)e1de capacidades(comportamentopró-social).Tem 25itens,subdivididosem5subescalas.Opc¸õesde respostaparacadaalternativa:‘‘Falso’’(zero ponto),‘‘Maisoumenosverdadeiro’’(umponto) e‘‘Verdadeiro’’(doispontos).OQuestionáriode CapacidadeseDificuldadesestátraduzidoparao portuguêsevalidadoparaoBrasil.58
Informac¸ãodoproduto:http://www.sdqinfo.com
2a17anos 5a10min Existeversãoparaser respondidaporpaise professoresparacrianc¸asna faixaetáriade2a4e4a 17anos.Existetambémversão paraadolescentesde11a 17anos.Obtém-sepontuac¸ão totaleporsubescala,gerando 3categorias:‘‘Normal’’, ‘‘Limítrofe’’e‘‘Anormal’’
Sensibilidade: 85%;
Especificidade: 80%
Development:beyondtheneuromotoraspect S79
Habilidades
necessárias
para
prontidão
escolar
Oestudododesenvolvimentoinfantiltemdemonstradoque a experiência precoce de umacrianc¸a pode afetar forte-mente o seu aprendizado e a sua trajetória escolar. As trêsáreas dehabilidadesnecessáriasparaque ascrianc¸as demonstrem sua prontidão paraa escola são:capacidade intelectual, motivac¸ão para aprender e bom desenvolvi-mentosocioemocional.Entretanto,paradesenvolveressas habilidadesévitalqueacrianc¸arecebaosuporteexterno necessário.Essesuportedependedoestadodesaúdefísica, mental e de bem-estar das famílias, mas é influenciável, opediatratempapelimportante emapoiarasfamíliasao identificar crianc¸as com dificuldades no desenvolvimento dessascompetênciasessenciais.59
Prontidãoescolar é umconstructo complexocomposto pordiversas características da crianc¸a,incluindo a saúde físicaeobem-estar,acompetênciasocial,maturidade emo-cional,linguageme capacidadede comunicac¸ão,alémde habilidades cognitivas. Cada um desses aspectos engloba habilidades diversas, como: a) o bem-estar físico inclui o desenvolvimentomotor, o estadode saúde e crescimento e presenc¸a ou não de deficiências físicas; b) o desenvol-vimento social e emocional engloba capacidade de troca deturno oureciprocidade,cooperac¸ão,empatiae capaci-dadedeexpressarsuasemoc¸ões;c)entreascaracterísticas que influenciam a aprendizagem incluem-se entusiasmo, curiosidade,temperamento,culturaevalores;d)o desen-volvimento da linguagem e motor fino inclui a evoluc¸ão adequadadacapacidadedeouvirecompreender,defalar
Habilidades sociais
• Usa palavras para resolver problemas ou conflitos Usa palavras como por favor, obrigado e desculpe-me Ajusta-se a novas situações
Tenta realizar novas tarefas sabendo que está tudo bem se cometer erros Segue comandos simples
Mantém-se na atividade até completa-la Pede ajuda
Interage adequadamente com adultos e pares
Respeita os direitos, bens e sentimentos de outras pessoas
Trabalha de forma cooperativa (ouve os outros, partilha e entende turnos) Demonstra crescente autocontrole
Participa de atividades de limpeza e arrumação
Assume a responsabilidade por seus pertences (material escolar, roupas, etc.) É capaz de se vestir sozinho
Adere a rotinas e horários para realizar sua higiene pessoal, refeições e ir para a cama Utiliza bons hábitos de higiene e boas maneiras à mesa
Utiliza o banheiro adequadamente Segue regras simples de segurança
Se oferece para ajudar os colegas ou familiares
Tenta regular adequadamente suas emoções e expressa oralmente seus sentimentos •
• • • • • • • • • • • • • • • • • •
Habilidades motoras
• Monta quebra-cabeças Recorta com tesoura
Pega e usa corretamente lápis, marcadores e canetas Constrói usando blocos
Tenta amarrar os próprios sapatos Chuta, arremessa e pega uma bola Anda de triciclo
Gosta de atividades ao ar livre, como correr, saltar e escalar •
• • • • • • Raciocínio
• Agrupa objetos de acordo com o tamanho, forma ou cor Pareia objetos semelhantes
Entende conceitos de dentro/fora, sob/sobre, ligado/desligado, frente/atrás, etc. Mostra uma compreensão de temporalidade, incluindo conceitos de
antes/depois e hoje, ontem e amanhã
Tenta brincar com jogos e brinquedos novos com entusiasmo, inclusive de maneira “tentativa-e-erro” Descreve como os objetos são iguais ou diferentes
• • •
• •
Habilidades de linguagem • Fala sentenças
Segue instruções verbais com uma e duas etapas Usa frases que incluem dois ou mais ideias Utiliza linguagem descritiva
Sabe de cor e recita alguns versos infantis comuns e canções Finge, cria e compõe canções ou histórias
Conta ou reconta histórias e/ou experiências cotidianas Faz perguntas e expressa curiosidade
Fala suas ideias de forma que outros possam entender •
• • • • • • •
S80 EickmannSHetal.
Habilidades de leitura
• Olha sozinho para livros ou imagens Finge ler livros, vendo as figuras
Tenta ler em situações cotidianas (sinais, rótulos, etc.) Reconhece palavras que rimam
Liga sons com palavras
Reconhece algumas palavras simples escritas Reconhece algumas letras maiúsculas e minúsculas Reconhece sons de algumas letras
Descreve ações e sentimentos dos personagens de uma história Refere histórias para experiências pessoais
Coloca eventos de uma história em ordem •
• • • • • • • • •
Habilidades de escrita
• Tenta escrever, rabiscar ou desenhar
Solicita que você escreva palavras ou bilhetes para outras pessoas Faz tentativas de escrever seu nome e reconhece próprio nome escrito •
•
Conceitos de matemática
• Compara o tamanho de grupos de objetos usando conceitos como "mais que", "menos que" Organiza objetos em ordem de tamanho (do grande ao pequeno ou do pequeno ao grande) Usa palavras de comparação como "maior", "menor", "mais pesado", etc.
Entende conceitos sobre “nenhum”, “alguns”, “todos”, “mais do que” e “menos do que” Identifica e desenha um quadrado, círculo e triângulo
Conta corretamente de quatro a dez objetos
Sabe que o número final contado representa o número total de objetos em um conjunto Reconhece alguns numerais de 1 a 10
Pode diferenciar números de letras e entende que os números referem-se à quantidade •
• • • • • • • Ciência
• Mostra interesse e faz perguntas sobre objetos e eventos observados em seu ambiente Nota propriedades comuns e diferentes entre objetos e materiais
Sabe algumas características de plantas e animais comuns, como por exemplo, o que comem e nomes são nomeados os filhotes
Reconhece alguns elementos do céu, como o sol, a lua, as nuvens e relâmpagos •
•
•
Artes & Música
• Reconhece e nomeia as cores básicas
Desenha figuras reconhecíveis e objetos simples Conta uma história através de imagens
Movimenta-se segundo um ritmo Explora instrumentos musicais simples Gosta de improvisar ou copiar padrões musicais •
• • • •
Regras Sociais
• Reconhece tradições sociais básicas, tais como aniversários
Compreende que as pessoas vivem em diferentes partes do mundo e têm costumes e tradições diferentes Explora mapas simples e representações visuais de bairros ou comunidades
• •
Figura1 (Continuac¸ão)
comvocabulárioapropriado, bemcomo dascompetências iniciaispara leitura, escrita e desenho; e) por último, os conhecimentosgeraisecognitivos,queincluemaassociac¸ão letras/som,relac¸õesespaciaiseconceitosnuméricos.60
A lista de verificac¸ão na figura 1, traduzida da origi-nal School Readiness Checklist,61 é um exemplo de um guiaabrangentedehabilidades necessáriasparaacrianc¸a demonstrar estar preparada para iniciar sua escolaridade formal,ouseja,entrarno1◦ anodoensinofundamental.
Háumasériedelistasdeverificac¸ãodeprontidãoescolar, representamosdiversostiposdehabilidadesqueascrianc¸as precisamadquirircomoprerrequisitoparasebeneficiardo aprendizadoescolar.Todosositenssãoessencialmente nor-mativos,ouseja,permitemacomparac¸ãodecadacrianc¸a aos cinco anos com outra ‘‘típica’’ da mesma idade. No entanto,essaschecklistsnãodevemserconsideradascomo testesdetriagemounãodevemserusadospontosdecorte para inclusão ou exclusão escolar, mas devem ser vistas comoguiasparaajudarospaisacompreendera abrangên-ciadascomplexashabilidadesnecessáriasparaaprontidão
escolarelembrá-losdequeosucessodacrianc¸anaescola nãoéapenasumaquestãodedecoraroalfabetoousercapaz decontaraté100!‘‘Prontidão’’tambéméumtermorelativo àculturaeaoambientefamiliareaosrecursosdisponíveis paraascrianc¸asemsuascomunidades.62
Development:beyondtheneuromotoraspect S81
estudos mostram que a intervenc¸ão precoce pode evitar atrasonodesenvolvimentoediminuiraevasãoescolar.63
Habilidades socioemocionais da crianc¸a podem afetar diretamentea relac¸ão entrepares e entreacrianc¸a e os adultos,comotambémoaprendizadoindividualeas dinâ-micas em sala de aula. Habilidades interpessoais pouco desenvolvidaslevamaconflitoscomprofessores,bemcomo seuspares,resultameminsucessoescolarepossivelmente exclusãosocial.64
Habilidadescognitivassãotambémimportantes predito-resdesucessoeducacional.Umametanálisedeseisestudos longitudinais feitos nos Estados Unidos, no Reino Unidoe noCanadáconcluiuqueashabilidadesmatemáticas(lógica) precocestiveramo maiorpoderpreditivo nosucesso edu-cacional subsequente, seguidas de habilidades de leitura (linguagem)eemmanteraatenc¸ão.65
Muitospediatrasnãoconsideramqueoseupapel inclui a avaliac¸ão e o acompanhamento de problemas emoci-onais ou comportamentais. No entanto, esses problemas estão associadosa atraso dodesenvolvimentomotor e da linguagem, dashabilidades em participar dejogose brin-cadeiras em grupo, mesmo se considerarmos diferenc¸as culturaisedemográficas.UmestudofeitoporMontesetal.66 sobrecrianc¸ascomproblemasdecomportamentoencontrou atraso nodesenvolvimentodaprontidão escolarde 0,6-1, desvio padrão em vários testes de desenvolvimento, em comparac¸ãocomcrianc¸assemproblemascomportamentais, equeospaisdecrianc¸ascomproblemasdecomportamento foramcincovezesmaispropensosarelatarqueoseufilho nãoestavaprontoparaaescola.
Conclusões
Osquestionamentosanteriormenteformuladosnesteartigo podemserrespondidoscomaconstatac¸ãodequenós, pedi-atras,podemosedevemosajudarnodesenvolvimentoglobal enapreparac¸ãoparaaescoladenossascrianc¸as,promover umbomvínculopais/bebê;umaboasaúdefísicae nutricio-nal;rotinas dosono,alimentac¸ão edaexposic¸ãoàmídia; destacar a importância do brincar; oferecer orientac¸ão antecipatóriaparaospaiseidentificarascrianc¸ase famí-lias de risco. Para isso é necessário integrar a vigilância sistemáticadodesenvolvimentoecomportamentoem nos-sas práticas regulares. Também precisamos estar alertas aosriscospsicossociais,comoviolênciafamiliar,depressão maternaeabusodesubstâncias,eaumentarnossoscontatos comservic¸osdeapoioescolares,comunitáriosefamiliares. Por fim, nossotrabalho se completa quando conseguimos fazer afamília compreender quenada é maisimportante paranossascrianc¸asdoque:manterrelac¸õesde reciproci-dade e carinho,ajudara crianc¸aa sabero quese espera delaetentarcompreendersuasexpectativas;reforc¸ar posi-tivamente(nãosignificadarpresentes!)pormeiodeelogios ecarinhoosseussucessosdoquotidiano;ler,brincare can-tarjuntoscomoatividadefamiliardiária;e,principalmente, oferecerestabilidadeecuidadosafetuosos.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimento
AoConselhoNacionaldeDesenvolvimentoCientíficoe Tec-nológico(CNPq)pelabolsadeprodutividadedeMariliaLima (processo307633/2013-6).
Referências
1.SameroffA.Aunifiedtheoryofdevelopment:adialectic inte-grationofnatureandnurture.ChildDev.2010;81:6---22. 2.WolfRE,SmithHD.Theroleofthepediatricianinthemental
healthofchildren:summaryofroundtablediscussion. Pedia-trics.1956;18:323---6.
3.RichmondJB.Childdevelopment:abasicscienceforpediatrics. Pediatrics.1967;39:649---58.
4.National Scientific Council on the Developing Child. Exces-sive stress disrupts the architecture of the developing brain. Working paper 3. Updated edition; 2014. Disponível em: http://www.developingchild.harvard.edu [acessado em 06/12/15].
5.SlomskiA.Chronicmentalhealthissuesinchildrennowloom largerthanphysicalproblems.JAMA.2012;308:223---5.
6.Halfon N, Houtrow A, Larson K, Newacheck PW. The chan-ging landscape of disability in childhood. Future Child. 2012;22:13---42.
7.Houtrow AJ, Larson K, Olson LM, Newacheck PW, Halfon N. Changingtrendsofchildhooddisability,2001-2011.Pediatrics. 2014;134:530---8.
8.Sheldrick RC, Merchant S, Perrin EC. Identification of developmental-behavioralproblems inprimary care:a syste-maticreview.Pediatrics.2011;128:356---63.
9.TomlinsonM,YasamyMT,EmersonE,OfficerA,RichlerD,Saxena S.Settingglobalresearchprioritiesfordevelopmental disabi-lities,includingintellectualdisabilitiesandautism.JIntellect DisabilRes.2014;58:1121---30.
10.WeitzmanC,WegnerL, SectiononDevelopmentaland Beha-vioralPediatrics,CommitteeonPsychosocialAspectsofChild and Family Health, Council on Early Childhood, Society for Developmental and Behavioral Pediatrics, et al. Promoting optimaldevelopment:screeningforbehavioralandemotional problems.Pediatrics.2015;135:384---95.
11.CommitteeonPsychosocialAspectsofChildandFamilyHealth andTaskForceonMentalHealth.Policystatement---Thefuture ofpediatrics:mentalhealthcompetenciesforpediatricprimary care.Pediatrics.2009;124:410---21.
12.Garner AS, Shonkoff JP, Committee on Psychosocial Aspects of Child and Family Health, Committee on EarlyChildhood, Adoption,andDependentCare,SectiononDevelopmentaland Behavioral Pediatrics.Earlychildhoodadversity, toxicstress, andtheroleofthepediatrician:translatingdevelopmental sci-enceintolifelonghealth.Pediatrics.2012;129:e224---31.
13.MartiniR,HiltR,MarxL,ChenvenM,NaylorM,SarvetB.Best
principlesforintegrationofchildpsychiatryintothepediatric
healthhome.ApprovedbytheAmericanAcademyofChildand
AdolescentPsychiatryCouncil,June2012;2012.Disponívelem:
http://www.aacap.org[acessadoem08/12/15].
14.PetrescoS,AnselmiL,SantosIS,BarrosAJ,Fleitlich-BilykB, Barros FC, et al. Prevalence and comorbidity of psychiatric disordersamong6-year-oldchildren:2004Pelotasbirthcohort. SocPsychiatryPsychiatrEpidemiol.2014;49:975---83.
15.Fleitlich B, Goodman R. Social factors associated withchild mentalhealthproblemsinBrazil:crosssectionalsurvey.BMJ. 2001;323:599---600.
S82 EickmannSHetal.
17.PaulaCS,Lauridsen-RibeiroE,WissowL,BordinIA,Evans-Lacko S.Howtoimprovethementalhealthcareofchildrenand ado-lescentsinBrazil:actionsneededinthepublicsector.RevBras Psiquiatr.2012;34:334---51.
18.Couto MC, Duarte CS, Delgado PG.Child mentalhealth and publichealthinBrazil:currentsituationand challenges.Rev BrasPsiquiatr.2008;30:390---8.
19.PaulaCS,BordinIA,MariJJ,VelasqueL,RohdeLA, Coutinho ES.Thementalhealthcaregapamongchildrenandadolescents: datafromanepidemiologicalsurveyfromfourBrazilianregions. PLOSONE.2014;9:e88241.
20.Remschmidt H, Belfer M. Mental health care for children and adolescents worldwide: a review. World Psychiatry. 2005;4:147---53.
21.Collins PY, Patel V, Joestl SS, March D, Insel TR, Daar AS, et al. Grand challenges in global mental health. Nature. 2011;475:27---30.
22.CamposDJr.Aprioridadedaprimeirainfância:fundamentose perspectivasparaonovomilênio.In:HalpernR,editor.Manual de pediatriadodesenvolvimento ecomportamento.Barueri, SP:Manole;2015.p.15---23.
23.HassanoAY, BorgnethLR.Promoc¸ãododesenvolvimento nor-malno consultório pediátrico,de 0a 6 mesesde idade.In: HalpernR,editor.Manualdepediatriadodesenvolvimentoe comportamento.Barueri,SP:Manole;2015.p.25---57.
24.RushtonFE,KraftC.Buildingbrains,forgingfutures:the pedi-atrician’srole.IntJPediatrAdolescMed.2014;1:3---7.
25.FoyJM,AmericanAcademyofPediatricsTaskForceonMental Health.Enhancingpediatricmentalhealthcare:algorithmsfor primarycare.Pediatrics.2010;125:S109---25.
26.AmericanAcademyofPediatricsTaskForceonMentalHealth. AppendixS4:thecaseforroutinementalhealthscreening. Pedi-atrics.2010;125:133---9.
27.GinsburgKR, American Academyof PediatricsCommitteeon Communications, American Academy of Pediatrics Commit-tee on Psychosocial Aspects of Child and Family Health. The importance ofplay in promotinghealthy child develop-ment and maintaining strong parent-child bonds. Pediatrics. 2007;119:182---91.
28.NationalScientificCouncilontheDevelopingChild.Establishing
a level foundation for life: mental health begins in early
childhood. Working paper 6. Updated edition; 2012.
Dispo-nívelem:http://www.developingchild.harvard.edu[acessado
em07/12/15].
29.AndersonLE,ChenML,PerrinJM,VanCleaveJ.Outpatientvisits andmedicationprescribingforUSchildrenwithmentalhealth conditions.Pediatrics.2015;136:e1178---85.
30.NationalScientificCouncilontheDevelopingChild.Early
expo-suretotoxicsubstancesdamagesbrainarchitecture.Working
paper 4; 2006. Disponível em: http://www.developingchild.
harvard.edu[acessadoem11/12/15].
31.ShonkoffJP. Protectingbrains,notsimplystimulatingminds. Science.2011;333:982---3.
32.SchindlerHS,KholoptsevaJ,OhSS,YoshikawaH,DuncanGJ, MagnusonKA,etal.Maximizingthepotentialofearlychildhood educationtopreventexternalizingbehaviorproblems:a meta--analysis.JSchPsychol.2015;53:243---63.
33.JavanbakhtA,KingAP,EvansGW,SwainJE,AngstadtM,Phan KL,etal.Childhoodpovertypredictsadultamygdalaandfrontal activityandconnectivityinresponsetoemotionalfaces.Front BehavNeurosci.2015;9:154.
34.NationalScientificCouncilontheDevelopingChild.Buildingthe
brain’sairtrafficcontrolsystem:howearlyexperiencesshape
the development of executive functions. Workingpaper 11;
2011.Disponívelem:http://www.developingchild.harvard.edu
[acessadoem10/12/15].
35.National Scientific Council on the Developing Child.
Sup-portive relationships and active skill-building strengthenthe
foundations of resilience. Working paper 13; 2015.
Dispo-nívelem:http://www.developingchild.harvard.edu[acessado
em11/12/15].
36.HeckmanJJ.Schools,skills,andsynapses.Workingpaper14064.
NationalBureauofEconomicResearch; 2015.Disponível em:
http://www.nber.org/papers/w14064[acessadoem14/12/15]. 37.CunhaF,HeckmanJJ,SchennachSM.Estimatingthetechnology ofcognitive and noncognitive skillformation. Econometrica. 2010;78:883---931.
38.GilliamWS.Prekindergartenersleftbehind:expulsionratesin stateprekindergartenprograms.FCDpolicybriefseriesNo.3. NewYork:FoundationforChildDevelopment;2005.
39.NationalScientific Council ontheDeveloping Child.The
sci-ence of neglect: the persistent absence of responsive care
disruptthedevelopingbrain.Workingpaper12;2012.
Dispo-nívelem:http://www.developingchild.harvard.edu[acessado
em08/12/15].
40.The International Youth Foundation. The Positive Youth
Development Movement. The 7 Cs: the essential building
blocks of resilience; 2015. Disponível em: http://www.
fosteringresilience.com[acessadoem10/12/15].
41.HalpernR.Acrianc¸acomtemperamentodifícil.In:HalpernR, editor.Manualde pediatriadodesenvolvimento e comporta-mento.Barueri,SP:Manole;2015.p.355---62.
42.StoresG.Sleepdisorderinchildrenandadolescents.BJPsych Adv.2015;21:124---31.
43.BraddickF,CarralV,JenkinsR,Jane-LlopisE.Childand
ado-lescentmentalhealth in Europe:infrastructures, policyand
programmes.Luxembourg:EuropeanCommunities;2009.
Dis-ponívelem:http://www.camhee.eu[acessadoem11/12/15].
44.KovessV,CartaMG,Pez O,BitfoiA, Koc¸C,Goelitz D,et al. The School Children Mental Health in Europe (SCMHE) Pro-ject:designandfirstresults.ClinPractEpidemiolMentHealth. 2015;11:113---23.
45.CouncilonChildrenWithDisabilities,Sectionon Developmen-talBehavioralPediatrics,BrightFuturesSteeringCommittee, MedicalHomeInitiativesforChildrenWithSpecialNeeds Pro-jectAdvisoryCommittee.Identifyinginfantsandyoungchildren withdevelopmentaldisordersin themedicalhome:an algo-rithmfordevelopmentalsurveillanceandscreening.Pediatrics. 2006;118:405---20.
46.Johnson CP, Myers SM, American Academy of Pediatrics Council onChildren WithDisabilities.Identification and eva-luationofchildrenwithautismspectrumdisorders.Pediatrics. 2007;120:1183---215.
47.SquiresJ,TwomblyE,BrickerD,PotterL.TheASQ-3TMuser’s guide.Baltimore,MD:PaulH.BrookesPublishing;2009.
48.FilgueirasA,PiresP,MaissonetteS,Landeira-FernandezJ. Psy-chometricproperties oftheBrazilian-adaptedversion ofthe AgesandStagesQuestionnaireinpublicchilddaycarecenters. EarlyHumDev.2013;89:561---76.
49.SquiresJ,BrickerD,TwomblyE.TheASQ:SE user’sguidefor theAges&StagesQuestionnaires®:Social-Emotional:a parent--completed, child-monitoring system for social-emotional behaviors. Baltimore, MD: Paul H. Brookes Publishing; 2002.
50.Bayley N. Bayleyscales of infant and toddler development. Screeningtestmanual.3rded.Oxford:PsychCorp;2006.
51.FrankenburgWK,DoddsJ,ArcherP,ShapiroH,BresnickB.The DenverII:amajorrevisionandrestandardizationoftheDenver DevelopmentalScreeningTest.Pediatrics.1992;89:91---7.
52.SouzaSC,LeoneC,TakanoOA,MoratelliHB.Developmentof childrenenrolledinpreschoolsinCuiabá,MatoGrossoState, Brazil.CadSaudePublica.2008;24:1917---26.
Development:beyondtheneuromotoraspect S83
54.LopásioMF,PondéMP.Traduc¸ãoparaoportuguêsdaescala M--CHATpararastreamentoprecocedeautismo.RevPsiquiatrRio GdSul.2008;30:221---9.
55.SwansonJM.School-based assessmentsand interventionsfor ADDstudents.Irvine,CA:KCPublishing;1992.
56.MattosP,Serra-PinheiroMA,RohdeLA,PintoD.Apresentac¸ão deumaversãoemportuguêsparausonoBrasildoinstrumento MTA-SNAP-IVdeavaliac¸ãodesintomasdetranstornododéficit deatenc¸ão/hiperatividadeesintomasdetranstornodesafiador edeoposic¸ão.RevPsiquiatrRioGdSul.2006;28:290---7.
57.GoodmanR.Psychometricpropertiesofthestrengthsand dif-ficulties questionnaire. JAm Acad Child Adolesc Psychiatry. 2001;40:1337---45.
58.SaurAM,LoureiroSR.Qualidadespsicométricasdo Questioná-riodeCapacidadeseDificuldades:revisãodaliteratura.Estud Psicol(Campinas).2012;29:619---29.
59.HansenJ,VieiraV,WestphalJP,VieiraML.Schoolreadiness: a research-intervention experience. Arq Bras Psicol (Rio J). 2013;64:115---29.
60.HighPC,AmericanAcademyofPediatricsCommitteeonEarly Childhood,Adoption,andDependentCareandCouncilonSchool Health.Schoolreadiness.Pediatrics.2008;121,e1008-15.
61.Mayo-Braiden D. School readiness checklist; 2015.
Dispo-nível em: http://www.newbold-pri.derbyshire.sch.uk/school
readinesschecklist.pdf[acessadoem11/12/15].
62.United Kingdom Public Health England. Improving school
readiness:creatingabetterstartforLondon.PHEPublications
GatewayNumber2015238;2015.Disponívelem:https://www.
gov.uk/government/publications/improving-school-readiness-creating-a-better-start-for-london[acessadoem13/12/15]. 63.McCormickMC,Brooks-GunnJ,BukaSL,GoldmanJ,YuJ,
Sal-ganikM,etal.Earlyinterventioninlowbirthweightpremature infants: resultsat18yearsof agefor theInfantHealth and DevelopmentProgram.Pediatrics.2006;117:771---80.
64.Hertzman C, PowerC. Child development as a determinant of health across the life course. Curr Paediatr. 2004;14: 438---43.
65.DuncanGJ,DowsettCJ,ClaessensA,MagnusonK,HustonAC, KlebanovP,etal.Schoolreadinessandlaterachievement.Dev Psychol.2007;43:1428---46.