fi •
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1
J.
•
""",",
•
NtVEIS DE JULGMIENTO DE ALUNOS
DE 12, 22 E ]2 GRAUS DE ENSINO
Pedro Gasparin
•
--•
•
•
,
.
DE 12, 22 E 32 GRAUS DE ENSINO
Pedro Gasparin.
tese submetida ~omo requisito
parcial para a obtenção do
grau de ~festre em Educação.
Rio de Janeiro
Fundação Getúlio Vargas
Instituto de Estudos Avançados em Educação
Departamento de Psicologia da Educação
1979
~.
111
Para Lourdes,
que me acompanha
porque compreende,
e
para Ana Cláudia,
nossa filha,
·PARTE I - INTRODUÇÃO, PROBLE}~A, OBJETIVOS, HIPÓTESES ~ VARIÁVEIS
pág.
1.1 - INTRODUÇÃO ••.. ~... 1 ~.2 - O PROELDfA . • . . . • . • a·e • • • • • • • • • • • • • 6
~.:3
-
OS OBJETIVOS •..•.•..••.•..•....•• 71.4
AS HIPÓTESES ...•...••...•••.•.•9
~.5
-
DEFINIÇÃO DAS VARI1vEIS10
PARTE II - FUNDA~ffiNTAÇÃO TEÓRICA
2.1 - ESTUDOS SOBRE O DESEl\VOLVINENTO IN
TELECTUAL E NCRAL • . . . • • . . • . . . , 12
. 2.2 - LIKGUAGEM E CLASSE SOCIAL, SEGUNDO.
BERNSTEIN
.2.3 A CONTRIBUIÇÃO DE PEEL PARA A
ANÁ-LISE DA COMPREENSÃO E DO
JULGA~~~-50
TO •.••••••••..••••••••.•.. ~ . . . •
58
2.4 -
PESQUISAS CORRELATAS97
PARTE IIl - A PESQUISA E A ~mTODOLOGIA
3.1
POPULAçÃO E AMOSTRA •••...•...•••.107
..
3.2 -
INSTRIDIENTOS DE MEDIDA •.••.••••.•109
:3.3 -
PROCEDlt-1ENTOS •••.• ~ . • • • • • . • • . • . • • 1213.4 -
TRATAMENTO ESTAT1sTICO. .
.
. . .
.
.
.
123PARTE IV - RESULTADOS DA PESQt'ISA
4.1 - AN1LISE DOS RESULTADOS POR ESCOL~. 125
4.2 -
ANÁLISE DOS RESULTADOS COM VISTASÀ VERIFICAÇÃO DAS HIPÓTESES ...•. 140
4.3
DISCUSSÃo DOS RESULTADOS ••...•. 0 1464.4
CONCLUSÕES • . . . . • . . . • . . . ....•157
4.5 -
SUGESTOES • . . . • . . . . . . . • 160.BIBLIOGRAFIA
...
ANEXOS e • ." .. .. • .. • .. .. • • .. • • • .. • • .. • • .. • .. • • • • • • o
NmmRO TtTULO PÁGINAS
I Distribuição de crianças em cinco' clas
ses sociais e seus respectivos QI... 73
II Respostas de meninos e meninas para tex
tos com problemas sociais e textos com
problemas não-sociais •....•••.•.•...•• . 78
III Tipos de perg~nta e categorias de
res-postas por tipo •.•...•...••••.••••.. 81
'TV
-Relação de escolas, cursos, graus, se-,
ries, alunos por série ou curso, percen
tagem sorteada por série ou curso,
to-tal sorteado por série ou curso e toto-tal
sorteado por escola ••.•....••.•••.••• o
V Percentagens relativas a níveis de
jul-gamento nos t~xtos TI, T2 e T3; ní~el
s6cio-econ8mico (NSE); capacidade
inte-lectual
(CI)
por e~cola, grau de ensinoe curse·
. . .
.
.
. . . .
. .
. . . .
.
. .
.
.
.
.
.
.
. . . .
.
.
.
VI Frequ~I~ias e porcentagens de nível de
julgamento em TI e T2 para o 1 2 , 22 e 32
·i08
126
graus . . .
131
VII Frequ~ncias e porcentagens de nível de
julgamento em T3 para o 1 2 , 2~ e 32gmus 131
VIII Frequ~ncias e porcentagens de nível de
julgamento para o l~ e 22 graus em
con-junt~ para TI e T2 ••.••••••••••..••••• 134
IX Frequ~ncias e porcentagens de nível de
julgamento para o 12 e 22 graus em
con-junto para T3
.
.
.
. .
.
. .
. . .
.
. .
. . .
. .
.
.
..
.
X Frequ~ncias e porcentagens de n!vel de
julgamento pnra TI e T2 para o 1!!,22eJ2
graus em conjunto
. . . .
. .
.
. . .
. .
.
.
.
.
.
.
.
. .
VI
134
NllMERo
T1TULOXI Frequências e porcentagens de nível de
julgamento em T3 para o 1º, 2º, e 3º gr~
P;{GINAS
us em conjunto •••••••••..•••••••••••. 136
XII Frequência e porcentagens em nível
só-cio-econ5mico (classe social) para o U
XIII
.
. .
. .
.
. . .
. .
.
.
.
.
. .
.
. . .
.
.
.
Frequências e porcentagens em capacida
de intelectual (CI) - Fator G - para o
138
1!, 22 e 3º graus ••...•••.••••••••.•• 138
XIV Frequências e porcentagens de nível de
julgamento para o 1 2 , 22 e 3º graus em
conjcnto para TI, T2, T3 (N=152)
.
-....
XV Corre1aç~es entre nível de julgamento
imaginativo, nível sócio-econ3mico, ca
pacidade intelectual, id~de e grau ,de
esco~arização para o 12 , 22 , 3º graus
140
de ensino em TI •...•••. ; . . . 141
XVI Correlações entre nível de julgamento
imaginativo e nível s6cio-econ3mico
,.
XVII
capacidade intelectual, idade e grau
de ~scolarização em T2, para o ~2,2º e
3º graus de c n 5 i n o . . . 142
Correlações entre nível de julgamento
imaginativo, nível sócio-econ3mico, ca
pacidade intelectual, idade e grau de
escolarização em T3, para o 12 , '22 e
J!
graus de ensino •. ~... 144N"OMERO TtTULO
I Níveis de julgamento em TI, T2 e T3 por
grau de ensino e correspondenies perce~
p~GrNAS
t agen s •.. o o o • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 132
11 Níveis de julgamento e porcentagens de
respostas para o 12 e 22 graus em co~~
to . a.. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
135
IIr Níveis de julgamento e porcentagens em
TI, T2 e T3 para o 12 , 22 e
3
2 graus emIV
conjunto • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • o
Nívei sócio-econômico, Capacicade
inte-lectual e respectivas percentagens ••••
VIII
•
137
. RESUMO
,·Os níveis de julgamen to dos alunos de 1 2 , 22 e
,:32 graus de ensino da Rede de E'sco las Particulares e da
~~ndação Universitária da cidade de Lages - Santa Catari
~a - , é um estudo teórico e de investigação prática, que
-pretende verificar e discutir as relações entre a quali~
. dade ou maturidade de julgamento e as var~ave~s
..
'
.
idadegrau de escolaridade, capacidade intelectual e nível
só---ci.o-econômico dos alunos ,sujeitos da pesquisa.
A amostra foi sorteada aleatoriamente entre
to-dos os alunos da
8!
série do 12 grau, 2~' série do 29 graue
3!
série do3
2 grau, num percentual aproximado de 20%da população total visada. Constituiu-se, assim, uma amos
tra de 152 sujeitos, extTa{da de uma população de
898
a~
. .
lunos.
Os objetivos específicos que orientaram o
estu-,
."
...
. . ' ,.., .do resumem-se na anal~se e discussao das relaçoes entreo
nível de julgamento e as demais variáveis, isto
é,
ida~de, grau de escolaridade, capacidade intelectual e nível
sócio-econômico dos ,alunos pesquisados.
Os resultados indicam que: 1) a maioria
absolu-,
ta dos sujeitos tanto de 12 e 22 graus qcinnto os de .j2
grau não alcançou'os níveis de julgamento mais maduros
-ou seja - julgamento imaginativo-explicativo e imaginati
vo-explicati vo-compreensi vo.· .2) Os sujei tos revelam
-a-centuada dificuldade de raciocínio e julgamento' em ,rela
ção ao texto-teste de estrutura lógica. 3) As variáveis'
~dade, grau de escolaridade, nível 56cio~ecortômico
rela-',c~onam-se,. em geral, positivamente com o nível de
julga-~mento, embora, no caso desta pesquisa, essa relação seja
:fraca, possivelmente em função da pou.ca dispersão ougra!!
de homog'eneic.ade' dos escores obtidos pelos sujeitos.
Es--sa homogeneidade de resultados levanta problemas que
me-receriam novos estudos para maiores esclarecimentos
mento, sejam internas ou externas
à
escola.são levantadas questões relativas,
principalmen-te, à ação da escola, aos livros textos nela utilizados
às condições precárias dos professores,
à
concepção tradiciônal de educação e sobre o sistema ou contexto social a
tual dentro do qual a escola
é
um sub-sistema.são sugeridas, no final do trabalho, pesquisas e
estudos que visem amplioar o c onhecimento a raspei to do d~
senvolvimento do processo de julgar, bem como, pesquisas
que procurem relacionar o nível sócio-econômico do profes
sor e a quantidade e qualidade de leituras feitas por ele
com o desempenho dos alunos.
x
-SUMHARY'
""The judgment leveIs of' the students' of' the 1st,
2nd and Jrd grade of' the Private School System and of' the
.University Foundation of' the town of' Lages - Santa
Cata---7ina -, is both a theoretical study and a study of'
prac----tical rese8;rch which intends to check and discuss the re
1ations between the quality or the matur1.ty of' judgment
and·the variable~ age, schooling leveI, intellectual abi
~ity, and socio-economic leveI of' the students under
in-. -vestigationin-.
The sample was aleatorily assorted among alI the
stuãents f'rom the 8th series, 1st grade; the 2nd ser1es,
2 nd . gra e; an d . d th Jrd e . ser1es, . Jrd gra e, 1n a ra e c d ' t 1
0-se to 20% f'rom the total population. Theref'ore, the
sam-pIe consists of' 152 people.
The specif'ic objectives which guided the study
sum up in the analysis and discussion oi' the relationsb~
tween the. judgment leve~ and the other variables, _that
~s to say, age, schooling leveI, intellectual ability
~nd socio-economic leveI of'the students in questiono
~he results show: f'irst, that the absolute majE
rity of' the people either f'rom the 1st and 2nd or f'rom
the Jrd grade did not reach themore mature judgment
le--ve1s, that is to say: imaginative-explicativR and imagi~
native-explicative-understanding judgments; second, the
students show a great dif'f'iculty in reasoning and
judg-ment concerning the test of' logical. structure; third,the
-variables age, schooling leveI, and socio-economic leveI
generally relate positively to each other with the
judg-ment level, although, concerning this research, the
re-1ation mentioned above seems to be weak •. That is probmly
due to the little dispersion or great homogeneity of' the
·scores obtained by the studen~s. The homogeneity of' .
re--sul.ts casts f'orth some problems that mi€!>'ht be discussed
.. ·,-development of the judgment process, ei ther interior or
·.,.exterior to the school.
·Some questions are delineated here, concerning
~~pecially the action of the school, the textbooks employ
->ed in i t , the precarious conditions of the teachers, the
--~rAditional conception of education.
At the end of the present work, some researches
are prop~sedt specially those which intend to improvethe
- knowledge about the development of the judgment process,
.as well as those which try to relate the teacher's soci2
,
economic level with th~ students performance.
/
AGRADECIMENTOS
A Lourdes (esposa) pela presença e compreensãoó
Meu agradecimento especial à Professora ANGELA
VALADARES DUTRA que orientou esta dissertaçãoo
A Professora Anna Maria Bianchini Baeta pela
a-mizade e experiência que me oportunizou durante o estágiO
de aplicação, como coordenadora do mesmo o
Ao Instituto de Estudos Avançados em Educação
da Fundação Getúlio Vargas, pelo curso e pelo apoio
téc-nico o
Às escolas da Rede Particular de Ensino de Lages
que, através de suas Direç~es, permitiram e facilitaram a
coleta de dados, bem como aos alunos que aceitaram
subme-ter-se aos testeso
A CAPES/PICD/ACAFE/UNIPLAC pela ajuda financeira.
A Maria Inês Sarmet Moreira Smiderle Mello ,pela
ajuda efetiva na categorização dos dados, fazendo o papel
de "segundo juiz" na aferição final de cada dado.
Aos colegas e amigos de curso pela amizade e con
. "
.
Vl.venc~ao
A Professora Maria Julieta Costa Calazans pelo â
nimo incutido o
Ao professor Gaudêncio Frigotto pelasorientaç~es
básicas quando do início e durante o curso o
A todo Corpo Docente e funcionários do IESAE o
Sem a colaboração dessas pessoas e instituiç~es
esta tarefa teria sido impossívelo
Rio de Janeiro, dezembro de
1979
Pedro Gasparin
~.~ - INTRODUÇÃO
, -Fazer julgamentos
é
um traço dominante na vida-tntelectual do adolescente".l
A Educação tem como um de seus' principais
obje-tivos levar o educando
a
desenvolver o processo depen-,:..Sarnento. A compreensão, o julgamento, o desenvolvimento
cognitivo são processos de natureza complexa e
desaf'ian-te. Psicólogos~ sociólogos e um número cada vez
maior-de-'cientistas e investigadores das mais variadas áreas da
,ci;ncia procuram, pelos mais diversos meios,' se
aproxi-mar do conhecimento mais profundo desses processos.
O que ,se, pr~ténde-com 'a, p~'esente pesquisa
é
i_odentificar e analisar os níveis de julgamento de alunos
de 1 2 , 22 e 3º graus, de ensino, utilizando uma
metodolo-gia que toma como instrumento básico deinvestigação,te~
tos de natureza diversa, seguidos de perguntas.
Procura-se, dessa forma, identificar diversos níveis
qualitati-vos de julgamento e a partir deles inf~rir ,o grau de
de-senvolvimento cognitivo ou a compreensão de
problemas diversas.
situações-,
O que estamos perguntando e, sobretudo, - 'se uma
série de variáveis, tais como: a idade, ~ ~ível
sócio--econômico, o grau de escolaridade e a cap~cidade intelec
~ual t;m influência no nível quali ta tivo de julgamen'to e
'~m que extensão e~ta, influência se faz presente.
A conquista da autonomia intelec.t.ual resu.lta de
um processo educativo que leva em conta ~ssas e outras~
1 PEEL, E.A. The Nature
01' Adolescent Judgment •• London,
2
riáveis. Temos evidências de que estas variáveis influem
e não atuam isoladamente na qualidade do julgamento. Em
conjunto ou associadas a outras formam um todo, onde o
poder de cada uma é conjugado e relacionado com o das de
mais.
o
mundo imediato vivenciado pelo sujeito exige,necessariamente, adaptações e esforços cont{nuos de supe
ração de problem~s. Assim sendo, a educação tem papel bá
sico e p!eponderante no sentido de proporcionar 1ns"ru-
.
....mentos através dos quais o conhecimento seja adquirido e
atue como recurso para a compreensão do meio f{sico e so
cial no qual o sujeito se encontra.
À escola, como instituição e agente de
educação-cabe o papel ~e conduzir gradativa e ordenadamente o de~
senvolvimento do processo de pensar. Este papel não
ex-clui; antes de mais nada, a participação ativa do aluno.
Pelo contrário; tal papel significa levar o aluno a
pen--. - - - , -.. .
",----sar por si mesmo. De acordo com Baeta, "e dar margem a
experimentaçãó, ao risco de erro e descoberta- das causas
e implicações do mesmo, seja no campo intelectual, seja
d I - . . II 2
-no campo as re açoes SOC1a1S o
-A c?-pacidade de julgar vem influenciada pelas
posturas educacionais dos educadores bem como pela açao
do-meio. Procurar analisar esta ~apacidadeé descobrir~
relações existentes entre a dinâmica interna do
indiví-duo e as forças externas do ambienteo
Julgar, segundo Peel, !fé decidir por uma linha
de ação, selecionada pelo exercício da crítica e pelas~
sibilidade para lidar com os critérios pertinentes a uma
situação. Julgar vai além da compreensão, já que através
do julgamento-novas idéias são elaboradas, hipóteses são
2 BAETA, Anna Maria Bianchini. Níveis de" Julgamento de
~
lunos de 19,2g e 3º Graus de Ensino e Linhas Metod~
lógicas de seus Professores. Rio de Janeiro,
Funda-ção Getúlio Vargas - IESAE -,
1978,
p.l. (Relatóriovas, ·ou seja,
à
transformação na ação".:3~u~ga:r, portanto, é'uma forma de recriar sobre
.aquilo que exige uma tomada de decisão.' E uma imersão no
~undo do aparente ou realmente desconexo, tentando uma
·~rdenação. Esta idéia implica, além dos dados oferecidos
'pela situação-problema, a busca de novos e mais abrange~
teso
o
indivíduo vive num contexto amplo e complexoe dele retira através do julgamento os elementos necessá
rios para direcionar a ação. As respostas nascem das
ex-periências vividas e do desenvolvimento intelectual
al-cançado. Além disso, o indivíduo vive cotidianamente num
mundo em constante mudança e cóntradição, exigindo .cada
vez julgamentos mais.amadurecidos.
As' agências educacionais - escola e família
estariam preparadas para enfrentar o problema do amadur~
cimento do processo de julgamento? Existirá, sobrethdo ~
·-em particular por parte da escola, uma profunda preocup~
ção com o problema? A qualidade da educação oferecida e ,
de tal ordem que se possa acreditar que esteja
desenvol-vendo o julgamento crítico
e
fundamentado da realidade ?Quais as tarefas específicas'que estaria desenvolvendo e
priorizando para isso? O material utilizado na escola
livros didáticos, textos, exercícios - favorece o
desen-volvimento do julgamento amadurecido, ou, pelo contrário
. dificulta-o? Como se justifica a queda de qualidade' de
'ensino, tão freqüentemente levantada?
_ 5 ) Estas
s~.9
algumasàc~ergunta~'e
. ocupações
que~l~~~
levantadas quando seao mesmo temp~ pr:'~
pretende interpr~
·tar o papel da escola na educação geral e no
desen~cilvi-'-mento do pensamento. Tem-se consciência clara de ·que·,·o·a:
-escola não é uma instituição isolada na atividad'e relati
.va ao desenvolvimento cognitivo. Esforços, novas estraté
3
PEEL, E.A. Compreendendo e Julgando. Forum Educacional.4
gias pedagógicas e os mais sofisticados cursos vem sendo
-desenvolvidos com o intuito de superar dificuldades. No
:entanto, segundo observa Baeta, "o que parece estar oco~
·"xendo é que,
à
medida em que a escola não consegueequa--cionar o problema e elaborar as estratégias necessárias
para superar os pontos de estrangulamento, continua a
a-diotar os mesmos recursos metodológicos, a insistir nos
·mesmos conte~dos, a empregar os me~mos critérios de
ava-liação, transferindo a responsabilidade do fracasso, em
úl tima i-nstânoia, ao baixo nível intelectual do propr~o ,
.
aluno. Como consequência, muitos alunos não v&em, na sua
...
.
.
.
4
exper~enC1a escolar, grande sentido para a vida".
A superaçao do baixo nível de julgamento, ~den
tificado e analisado pelas várias pesquisas já
realiza.c:hs--por PEEL na Inglaterra e realiza.c:hs--por BAETA no Bstado do Rio de
Janeiro, deverá, possivelmente, buscar subsídios quetr~
cendam os ofereci~os pela escolao
Frigot.to., citando Basti;n, esclarece o que
.esta-ria acontecendo com a escola quando falha na tentativade
favorecer um desenvolvim~nto intelectual mais
amadureci-do e "tipifica como tradição acadêmica de ensino aquele
~ue se desenvolve sobre fins culturais longínquos, conce
bido sobre métodos e técnicas gerais, difusos, com
.pro-·gramas indefinidos e enciclopédicos. Um ensino que,a de~
pe1to da renovação, das mudanças sociais e da evolução
histórica, perdura inalterado".5
Em decorrência disso temos um quadro "em que 05
alunos ou fracassam de forma evidente através da repetê~
cia ou da evasao ou permanecem na escola, progredindo na
carreira escolar, mas psicologicamente afastados do
pro-cesso escolar, adotando uma atitude de resistência passi
va, apenas agUardando o n~ero de anos necessários para
~eceber o diploma. A memor~zação passa a ser a forma ado
4
5
BAETA, A.M.B. Op. cito p.3.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Efeitos Co~itivos da
Escolarida-de do Senai e da Escola Acad~mico Convencional -uma
pedagogia para cúda classe social? FGV7IESA~,
1977,
.'
...
6
tada como recurso de promoçao" •
• o"Jr"~{'
, i"
-Como ja observamos, a escola sente-se
pratica-mente impotente frente ao problema do desenvolvimento co
gnitivo e
à
capacidade de promover uma aprendizagem dejulgamentos de nível superior.
Um número, que podemos crer seja bastante elev~
do, ,de variáveis externas
à
escola relacionam-se com oprocesso de aprendizagem cognitiva. A realidade ampla vi
~ida pelo sujeito, oferece situaç~es problemáticas, que
marcam seu desenvolvimento, ora favorecendo-o, ora
difi-cultando-o ou retardando-o. Os métodos e conteúdos de en
sino nio podem ser tomados e avaliados em si mesmos.
De-verão ser ref'eridos às características da clientela (íd~
de, nível sócio-econômico, conhecimentos 'já adquiridos,
educaçio familiar, etc.). e aos objetivos educacionais es
tabelecidos ou pretendidos. \
Com esta pes'quisa, procuramos identificar n~-
,
veis de julgamento com vistas, em pri~eiro lugar, ao que
possa significar um julgament~ mais maduro ou menos madu
ro no ajustamento pessoal do indivíduo frente às
situa-ções gerais que enfrenta e, em segundo lugar, com vistas
àquilo que os resuitados possam trazer como auxílio ou
esclarecimento a respeito da atividade escolar e educati
va.'
Vale ressaltar que embora o tema desta pesquisa
e a metodologia empregada sejam incipientes em nosso
pa-ís, uma pesquisa bastante ampla já foi realizada por Pro
fessora Anna Maria Bianchini Baeta, anteriormente citad~
Em contrapartida, na Inglaterra, destacam-'se os estudos
e trabalhos do Professor Pee1
7 ,
que há mais de umadeze
-na de'anos vem invéstigando o processo de comprcensao
a-través do julgamento.
6
7
BAETA, A.M.B. Op. cito p.4.
EDWIN ARTHUR PEEL é professor de Psicologia da Educação Chefe da Divisio de Psicologia Educacional da Facul
dadede Educação, da Universidade de Birmingham, I~
6
1.2 - O PROBLEMA
o
problema consiste, pois, em veri~icar,carac-terizar e analisar de ~orma crítica quais são os níveis
de julgamento de alunos de l~, 22 e J~ graus de ensino e
em que medida estã~ relacionados com as variáveis:idade,
grau de escolaridade, nível sócio-econômico e capacidade
intelectual.
Sendo o desenvolvim~nto cognitivo um processo e
uma atividade que envolvem as mais ,variadas e complexas
contribuições da :fatores, não pode ser entendido como
u-ma tarefa que se'inicia e se completa exclusivamente de~
tro da escola.
t
"concebido como parte integrante de umprocesso bem mais abrangente-que compreenrte a construçã6
e a constante reorgan~zação da experiência por parte do
ser humano, através da qual dá sen'tido
à
sua própria exist A . " 8
_enc~a •
o
ato de julgar, entendido como na decisão e~etiva pela qual s'elecionamos os cursos da ação,,9 não pode
ser iáterpretado como o produto ~inal necessariamente d2,
corrente de um período, mais ou menos longo, de escolari
zaç~o. Para Peel, "juigar é uma ~o~ma de.pensar e é invo
-cada sempre que estejamos numa situação para a qual- não
tenhamos qualquer resposta pré-construída aprendida a
pr.opósi to" • 10 Assim, o julgamento ocorre quando o
indi-víduo se encontra ~rente a uma situação-problema e pr~ci
sa dar
à
mesma uma resposta, ou quando,'ainda ~rente a-
. ,,
um problema, nao tenha uma uni~~ resposta plaus1vel, mas
antes um número ou um leque de respostas possíveis.
Algumas perguntas orientarão o trabalho que nos
propomos.
Podemos avaliar ou medir o nível de
julgamen-to de um indivíduo?
8
9 BAETA, A.M.B. Op. cito p. 1.
PEEL, E.A. The Nature or Adolescent JudgmAnt. Op.cit.p.l0
16
Que relação existe entre determinado n!vel de
ju1gamento e a idade?
Até que ponto o'julgamento
é
influenciadope-lo níve1 sócio-econômico?
-
O
número de anos de permanência na escola ouo grau de escolaridade mantêm uma relação significativa
com a qualidade do· julgamento?
'-. Qu~ relação existe entre o n!vel de
julgamen-to de um sujeijulgamen-to e sua capacidade intelectual
medida'pe-10 teste cla"ssico das Matrizes Progressivas de Raven?
Que fatores específicos poderiam auxiliar ou
di~icultar o desenvolvimento do julgamento imaginativo?
Até que ponto a natureza de um texto
determi-na níveis diferentes de ju~gamento?
Em síntese, o problema desta pesquisa consiste
em determinar a qualidade do julgamento em função das va
riáveis citadas no primeiro parágrafo deste item,
procu-rando orientar uma reflexão sob!e o papel da esco~a no
proce~so de desenvolvimento cogni·tivo o
1.3
OBJEI'IVOS-o
que somos e. o que podemos ser na sociedade'a-tual brasileira
é
o problema que inquieta a todos e,so-bretudo t aes educadores. :Embora-·mui tos estudo s já tenham
sido feitos e muitas .respostas tenham sido oferecidas ao
problema, este ainda persiste e, parece, cnda vez mais
crucial. Os edu~adores t·êm consciência de que a educ ação
é
uma tarefa que transcende o âmbito da sala-de-aulaoNidelcoff observa: "Além- dos professores que
--~ ...
-trabalham nos meios populares, poucos são 05 que conhecElll
11
os que abandonam a esco1a ••
o"
8
A ~esma autora pergunta: "Como iremos
respon-der? Como temos respondido até agora? Olharemos com indi
~erença e deixaremos que outros decidam e respondam? Por
apatia ou por temor, deixaremos que tudo continue
t ,?"12
es a
como
o
objetivo principal é procurar descobrir dadosque possam servir de subsídios para uma reflexão
ordena-da e uma compreensão mais ampla e profunordena-da do aluno de~
e 22 , bem como de 3º grau de ensino; ao me~mo tempo vis~
mos interpretar e conhecer melhor o próprio processo edu
cativo realizado pela escola.
Por outro lado, se o julgamento de um indivíduo
leva em conta as vivências escolares e as experiênciasm
vida, é importante reunir dados sobre estas duas realid~
des. Daí, os seguintes objetivos específic·os orientam es
ta pesquis·a:
1. Identificar e descrever níveis de julgamento
de alunos de 12 , 22 e 3º graus de ensino.
2. Verificar e discutir a relação existente
en-tre nível de julgamento e idade.
3.
Verificar e discutir a relação existenteen-tre nível de julgamento e nível socio-economico. , ,.
4.
Verificar e discutir a relação existenteen-tre nível de julgamento e capacidade intelectua~ medida
pelo teste das Matrizes Progressivas de Raven.
5.
Verificar e discutir a relação existenteen-tre nível de julgamento e grau de escolaridade dos sujei
tos pesquisados •
. 6.
Analisar até que ponto a natureza e ~strutura dos textos-teste aplicados determinam níveis
diferen-tes de julgamento.
11 NIDELCOFF, María Teresa. Uma Escola para o Povo. são
12 Paulo, Brasiliense, 1978, p.
7.
1.4 -
HIPÓTESESDe acordo com os resultados obtidos a partir dos
instrumentos utilizados, procurar-se~á verificar as
se-guintes hipóteses:
1 - Alunos de 12 , 22 e 32 graus de ensino fazem
mais freqÜentemente julgamentos do tipo restrito e
cir-cunstancial.
2 - O nível de julgamento imaginativo se corre-laciona positiva e significativamente com a idade maisal
ta.
3 - O nível de julgamento imaginativo se
corre-laciona positiva e significativamente com o grau de
es-colaridade mais avançado.
4 -
O nível de julgamento imaginativo secorre-laciona po~itiva e significativamente com o nível s~cio
econômico mais elevado.
5 -
O nível de julgamento imaginativo secorre-laciona positiva e significativamente com a capacidade
intelectual mais elevada.
..
10
1.5 -
DEFINIÇÃO OPERACIONAL DAS VARIÁVEISI. Nível de julgamento. O nív~l de julgamento ~
definido em função da qualidade das respostas dadas
perguntas formuladas a respeito dos textos-teste. De
..
as
a-cordo com esta qualidade o nível-de julgamento podesit~
ar-se dentro das seguintes categorias: restrito, circun~
tancial, circunstancial-deséritivo~ imagi~ativo-explica
tivo e imaginativo compreensivo-e~plicativo (para os te~
tos abertos) e, restrito, dominado pelo conteúdo e
cir-cunstância, aceitação da implicação ling-üística,
lógico-causal e estritamente lógico (para o texto lógico).
A definição operacional destas categorias é ~ei
ta adiante no it:em 3.2 , página 112 e seguintes.
2.-Idade.
A
idade dos sujeitos é ~ontadatoman-do-se a data de nascimento e a data da realização
ces-ta pesquisa em 12/08/1978.
3. Grau de escolaridade. Refere-se
à
série egrau de ensino que o sujeito freqüenta, ou seja, 8ª se-,
r i e doI 2 gr a u , 2!! s ~ r i e do 2 2 gr a u e 3!! s é r i e do 3 2 gr a u.
Cada uma desta: séries e graus são indicados por um índ,!,
ce numérico que representa o-número médio de anos de
es-colaridade do sujeito, da seguinte forma:
8! ser1e do 12 grau '
.
= 82! ser1e do 22 grau '
.
=
10.3! serie , do 3º grau
=
14 •4. Nível sócio-econ~mico. Esta vár~~vel é
medi-da através medi-da Escala de Prestígio medi-das O~upações, de Gl~
e utilizada no Brasi] por Bertram Hutchinson e pelo
Cen-tro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE).· Para es
ta pesquisa, esta escala foi acrescida de outros
indica-dores de nível sócio-econ~mico,
diante. A descrição geral desta
.3.2 t página 120.
conforme di~criminados a
escala ~ dada no
das Matrizes Progressivas de Raven - Escala Geral -
tra-duzido e adaptado para o Brasil por Francisco Campos e ~
ditado pelO Centro Editor de Psicologia Aplicada - CEPA.
Descrição deste teste
é
dada adiante, no item3.2 ,
página "119.
-~ARTE II - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.~- ESTUDOS SOBRE O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL E MORAL
~este pr~meiro item seri feita uma anilise dos
aspectos e conceitos principaís relacionados com o dese,!!
volvimento da inteligênc ia de um m.odo geral e .. mais esp~
cialmente, com o processo de julgamento. Apresentaremos
as contribuições de Piaget e Kohlberg.
No segundo item seri apresentada a contribuição
de Bernstein no tocante
à
lingu.agem e classe social.No terceiro item apresentaremos uma síntese dos
principais pontos de vista de Peel sobre o.processo de
julgamento. Seri uma anilise mais detalhada, poisquede~
te autor tomamos nosso referencial t~órico principal.
No quarto item relacionaremos algumas pesquisas
correlatas.
2.~.l - O desenvolvimento intelectual em Piaget
2.~.~.l - Conceitos bisicos na teoria de Piaget
Piaget distingue-se da maioria dos psicólogosdo
desenvolvimento pelo seu interesse persistente e domina.!!
te pela irea do desenvolvimento intelectual. Isso, contu
· .. do,
não significa que desconsidere ou tras ireas.Para ele, o estudo das mudanças ontogeneticas
é
uma tarefa que tem um valor em si. A pe=spectiva evoluti
va, na compreensao do comportamento humano a~ulto, ~ fu,!!
criança ou somente o adulto, num sistema estanque e
iso-,
lado, isto e, sem considerar que o comportamento do adul
to
é
uma extensão do comportamento da criança, é umata-refa com pouco sentido e incompleta. Piaget está
conven-cido de que o comportamento humano adulto não pode ser
plenamente compreendido sem uma perspectiva evolutiva e
interdisciplinar.
A abordagem evolutiva, segundo ele, abrange:
a) uma descrição cuidadosa de estados
ontogené-ticos sucessivos, numa dada cultura;
b)
comparaçoes minuciosas entre estes estados; "'"c) uma análise teórica dos mesmcs.13
o
fato fundamental são as sucessivas mudanças qualitati~as do comportamento que se iniciam em UD ~~tágio menos desenvolvido para um mais desenvolvido.
Outro aspecto básico do sistema piagetiano é "o
estudo da estrutura da inteligência em desenvolvimento ,
"'" , , , , , , , ] lj.
em contraposiçao a sua funçao e ao seu conteud~
-Por conteúdo Piaget entende os dados comportameE
tais brutos não interpetados, ou s~, aquilo que o
indi-v{duo manifesta ou aquilo sobre o qual ele está
pensan-do. Piaget chama a atenção para o fato de que o conteúdo
varia muito de idade para idade no desevolvimento ontog~
nético.
Por outro lado, Piaget entende por função
aque-las caracter{sticas ampaque-las de atividade inteligente que
são válidas e estão presentes em todas as idades no cont{
nuo processo adaptativo.
A estrutura situa-se entre a função e o conteúdo
e assemelha-se ao conteúdo no sentido de Que pas:"a por m:!:!
danças evolutivas de acordo com a idade ou o maior ou me~
nor desenvolvimento geral do indiv{duoo
13 FLAVELL, John Ho A Psicologia do Desenvolvimento de Jean Piaget. são Paulo, Pioneira,
1975,
p.16.
Para Piaget, as estruturas Hsão as propriedades
organizacionais da inteligência, organizações criadas
a-.través do funcionamento e inferíveis a partir de
conteú-.dos comportamentais cuja natureza
determinam~.15
Ainda que Piaget se atenha de forma prepondera~
te ao estudo das estruturas não significa que tenha ign.2.
~ado
a
função e o ~onteúdo, como veremos adiante aoana-1isarmos as invariantes funcionais.
Outro aspecto a destacar-se em Piaget e seu in-,
teresse pelas caracter{sticas qualitativas do desenvolvi
mento e pelas estruturas em contraposição ao conteúdode~
se mesmo desenvolvimentoo
Um conceito até certo ponto contro~ertido
é
ode estágio. Para que se possa falar em estágios de desen
volvimento
é
preciso antes de mais nada, que se possade fato, dividir ou separar o desenvolvimento em etapas
sucessivas diferentes.
No desenvolvimento intelectual encontramos uma
grande variedade ou heterogeneidade de asp~ctos
qualita-tivos"que tornam possível falar a'm estágios.
O desenvolvimento intelectual ocorre em estágio:;
ou, simplesment e, d" e v. e- 5 e admitir qu.e ele se dá
como um todo, de uma única vez, o que, ~liás parece nada
observável.
Além disso, deve-se admitir que há uma seqüêndá
invariante dos mesmos estágios em todos os indivíduos'
,
isto
é,
todos deverão passar primeiro por um estágio X ,antes de entrar num estágio Y, "'mas. por outro lado, não
significa que todos os indiv{duos passem por estes
está-gios na mesma idade e que todos os indivíduos necessari~
mente cheguem a percorrer ou a atingir os estági~s
fi-nais superiores.
As idades que Piaget associa a cada es"tágio por
ele descrito e analisado, referem-se a idades médias, ad
mitindo que fatores diversos possam acelerar ou retardar
o aparecimento de um estágio' qualquer. E mais, ao falar
de uma sucessio invariante de estágios,. nio entende Pia
get que necessariamente todos os indivíduos atinjam oses
tágios finais do desenvolvimento, como já vimos.
Deve-se salientar também que as estruturas que
eram ou existiam em um estágio ant.erior integram-se ou
incorpor~m-se ~s estruturas dos estágios ulteriores.Al~m
disso, "as propriedades estruturais que definem um certo
,
.
16
.estagio devem formar um todo integrado".
Cada estágio, pela sua vez, apresenta como carac
t.erística a ser destacada o fato de ter um per10do
,
depreparaçio e um período de realizaçio.
A natureza do funcionamento intelectu
aI.
Piaget tento~ descobrir as propriedades básicas
e irredutíveis da adaptaçio cognitiva que se mantêm
ver-dadeiras em todos os níveis de desenvolvimento.
Para ele, uma definiçio de inteligênci e de ruas
características essenciais "deve começ~r pela busca de
process0s fundamentais dos qua~s a inteligência deriva e
aos quais, em sua essência, permanece semelhante".17
Piaget considera que a inteligência possui uma
dupla natureza, isto é, biológica e lógica, sendo que aI
guns fenômenos intelectuais seriam predominantemente de
origem biológica. Entre estes estaria
principal"'~
per-cepçiooOutros seriam de origem predominantemente lógica,
como a intelecçio.
Disso resultam duas implicaç~es~
a) a inteligência está intimamente reTacionada
16
17
FLAVELL, op. cito p. 20.com a fisiologia e a anatomia humanas.
Pia-get denomina este fato de hereditariedade e~
pecífica. Neste sentido, as estruturas bioló
gicas condicionam, por exemplo, as .
percep-ções e influem diretamente na construção de
nossos conceitos mais fundamentais. As estr~
turas neurológicas e sensoriais, que
consti-tuem a hereditariedade específica da esp~ci~
impedem ou facilitam ti funcionamento da inte
1igência, não expiicando contudo o
funciona-ment o em si;
b) herdamos um modo de funcionamento intelectual
que constitui, segundo Piaget, a hereditari~
.dade geralo Isto significa que herdamos al~
ma coisa a mais além das limitações
estrutu-rais biológicas. Essa coisa a mais é aquilo
que possibilita o progresso·intelectual e a
própria superação das limitações impost~s pe
la hereditariedade e~pec{fica. O que
.nerda-mos, conforme Piaget, não são estruturas
co-gnitivas em si; herdamos, isto sim, um
"mo-dus operandi", uma manei ra espec {fica de tra.!!,
~ação com o ambien te.
Duas características importantes estão
associa-das a este tipo de funcionamento:
a) as estruturas cognitivas são geradas por
es-te funcionamento ines-telectual;
b) o modo de funcionamento permanece constante
durante toda a vida.
As propriedades fundamentais que descreveremos
a seguir são chamadas de invariantes funcionais •.
~ nece~sário esclarecer, antes de mais nada, em
que sentido o funcionamento intelectual pode ser con~id~
rado, em parte, uma extensão ou dotação biológica. Para
isso
é
necessário analisar ·as caracter{sticas básicas doorganização e 2) a adaptação.
A adaptação possui duas propriedades distintas,
Intima e pro~undamente relacionadas: a assimilação e a ~
comodação.
De acordo com Piaget, "estas características in
variantes que de~inem a essência do ~uncionamento inte~c
tua! e, portanto, a essência da inteligência, são também
as características que vigora~ no ~uncionamento
biológi-co em geral ••• O ~uncionamento intelectual é apenas .um
caso especial, um prolongamento especi~l do· ~uncionamen
to biológico geral; suas propriedades ~undamentais e
in-variantes são as mesmas encontradas na atividade biológi
ca".18 Em síntese, a inteligência tem um substratum bi
ológico o Exist e uma heredi tarie.dade espeéi~ica de
estru-turas anatômicas inatas e limitadoras e uma
hereditarie
-dade geral, do tipo ~uncional, sobre a qual sao
constru-{das ~odasas aquisiç~es cognitivas positi~aso
Piaget analisa os invariantes ~uncionais - orga
nização e adaptação (assimilação e acomodação), partindo
de um exemplo biológico. O organismo se mantém e cresce
,
.-atraves de transaçoes com o meioo Realiza-se um prccesso
de adaptação ao meio, ccnsistindo numa modi~icaçãc do or
ganismo ..
Ao ingerir uma substância nutritiva, o
organis-mo passa pelos processos de assimilação e acoorganis-modação. Pe
la assimilação os elementos do meio são incorporados ... a
estrutura do organismo o A assimilação·é considerada,pela
sua vez, um invariante ~uncional no sentido de sempre
o-correr, como processo, quando a adaptação tem lugar.
Ao ajustamento que o organis~o ·realiza para
as-.similar os alimentos . chama-o Piaget de acomodação • . Esta
também
é
um invariante no sentid~ de sempre existir ouestar necessariamente presente, como processo, em toda a
adaptação.
A adaptação expressa a tendência que todos os
18
organismos têm de se ajustar ao ambiente, mas uma ação a
daptativa sempre pressupõe uma organização subjacente
"que consiste na tendência que todas as espécies têm de
"sistematizar e or"ganizar seus processos em sistemas
coe-rentes e unificados.
o
funcionamento intelectual possui, em sua base,os mesmos invariantes funcionais dos proce~sos bio16gic~
isto é, uma organização e uma adaptação cognitiva. Segun
do Piage:t, "todo ato inteligente pressupõe algum tipo de
estrutura intelectual," algum tipo de organização dentro
da qual ocorre".19
A organização cognitiva, na apreensão da
reali-dade, envolve múltiplas relações entre as ações
cogniti-vas e os conceitos e os significados que estas açoes
ex-primem. As organizações intelectuais podem ser considera
das totalidades - sistemas de relações entre elementos •
Uma ação inteligente ~ualquer,seja ela num
"ní---veio mais elementar ou simples possível ou num nívelccm
plexo e abstrato, tem sempre uma relação com um sistema,
ou totalidade de ações do qual faz parte.
QuandQ uma criança agita um chocalho para ouvir
um ruído está associando um meio a um fim. O
desenvolvi-mento de estruturas pode ser considerado como um proce~
so "de aproximações sucessivas a uma espécie de eqüilíbciD
ideal, um estado final jamais alcançado plenamente. O fi
nalismo exis tente nas ações individuais "também parece ser
v~lido para o pr6prio desenvolvimento cognitivo. Neste
caso, o desenvolvimento constitui uma totalidade que po~
sui um alvo ou ideal que subordina os meios.
À semelhança da adaptação biológica, a adaptaçoo
.cognitiva caracteriza-se, também, pelos processos de
as-similação e acomodação. Uma adaptação no ca~po cognitivo
significa uma equilibração entre a assir~tilação e a acomo
dação. Há uma insepar~vel relação entre a assimilação ea
acamodação em termos da organização e da adaptaçãoo
Se-gundo as palavras de Piaget: "A organização
é
inseparávelda adaptação: são os dois processos complementares de um
,mesmo mecanismo, sendo o primeiro o aspecto interno do
ciclo do qual a adaptação constitui o aspecto exterior •• o
A concordância do pensamento com as coisas e a concordân
~ia do pensamento consigo mesmo exprimem essa dupla
in-variante funcional da adaptação e da organizaçãoo Ora,e~
ses dois aspectos do pensamento são indissociáveis:
é
a-daptando-se às c~isas que o pensamento se organiza e
é
organizando-se que estrutura as. coisas".o 20
A natureza da assimilação e da acomodação cogni
tiva, comparada com a fisiológica, explica-se da
seguin-te maneira: "a assimilação refere-se ao fatu de que todo
encontro cognitivo com um objeto ambiental envolve nece~
sariamente algum tipo de estruturação (ou reestruturação)
cognitiva daquele objeto, de acordo com a organizaçao in
t e ecua 1 t 1 eXLS en e no organLsmo o . t t . " 21
Interpretar alguma coisa da ~ealidade externa.
const~tui uma assimilação deste algo a algum· tipo de si~
tema de significado existente na organização cognitivado
indivíduo o
Para Kelly, citado por Flavell, "adaptar-se
in-telectualmente
à
realidadeé
interpretar esta realidadede acordo com alguma construção duradoura existente na
, . 22
proprLa pessoa"
Piaget diria que adaptar-se intelectualmente
..
arealidade ~ assimilar esta realidade de acordo com uma
estrutura ou organização d~radoura existente na própria
pessoa ou organismoo
Tanto na assimilação biológica quanto na
cogni-20 PIAGET, Jean. O Nascimento da InteligênCia na
Crianc~
Rio de Janeiro, Zahar, 1970, p. 18-9.
21
22
FLAVELL,
Opa cito p.48.
KELLY,
G.A. The Psvcholoô"y of' P€'rsonal Constructs - ATheorv of Personnlity. N.York, Norton, 1975, vol.l.
20
tiva existe um processo que consiste em submeter um acon
tecimento da realidade aos moldes de uma estrutura em
e-volução.
A
adaptação cognitiva, pela sua vez, é um atodeacomodação no sentido de que o organismo jamais fica
to-talmente inalterado. Neste caso poder-se-ia falar de
a-comodação pura. O que deve ocorrer
é
uma espécie de lutacom as propriedades da coisa apreendida. A realidade não
. .
é
infinitamente maleável e certamente o aesenvolvimentointelectual não se dá a menos que.o organismo ajuste, de
algum modo, S9US receptores intlectuais às formas que a
realidade lhe apresenta0
A acomodação consiste essencialmente no
proces-so de adaptação As exig~ncias impostas pelos objetos ao
indivíduo. Uma análise individual da assimilação e da
a-comodação apenas faz sentido did~tica~ente, pois que
re-presentam um processo único e simultâneo - a adaptação •
Incorporar alguma coisa da realid8de necessariamente
en-volve assimilação a uma estrutura e acomodação de uma es
trutura.
Nas pr6prias palavras de Piaget, isto se dá da
seguinte maneira: ", •• desdeas suas origens, a
assimila-ção e a acomodaassimila-ção são indissociáveis uma da outrao A
a-comodação das estruturas mentais A realidade implica,com
efeito, a existência de esquemas de assimilação, fora dos
quais toda e qualquer estrutura seria impossível.
Inver-samente, a constituição de esquemas por assimilação
sub-entende a utilização de realidades exteriores, As quais
esses esquemas terão forçosamente de adaptar-se, por mui
to rudimentarmente que seja".2
3
E em outra passagem acrescenta: nA assimilação
-nao ?ode ser pura porque ao incorporar elementos novos
23 PIAGET, J. The Construction 0"[" Realitv in the Child
o '
N.York, Basic Books, 1954, p. 352-53. Trado de
Ál-varo Cabral: A Constru~ão do Real na Criança. Rio
aos seus esquemas anteriores, a inteligência os modirica
constantemente para ajustá-los aos novos elementos.
In-versamente, as coisas jamais são conhecidas em si mesmas,
pois o trabalho de acomodação só
é
possível como funçãodo processo inverso de assimilação".24
o
processo cognitivo, segundo Piaget,é
possívàporque as ações aéomodativas a cada momento se defrontam
com aspectos novos e diferentes do ambienteo Tendo o
in-divíduo assimilado um determinado aspecto'- sua estrutura
cognitiva tende a modificar-se em certo grau e a partir
dessa mudança novas acomodações ·posteriores tornam-sep02
síveiso
Há, portanto, uma constante reorganização inter
na dos sistemas de significados, passando os mesmos a in
tegrar-se a outros sistemas. Este processo
é
lento e gr~dual, não ocorrendo de urna só vez e de forma completa em
relação a determinado aspecto do conhecimento. O organi~
, ,
-. __ mo_ so e capaz de assimilar aquilo que as assimilaçoes pa.§.
sadas o prepararam paraassimilaro Não pode haver uma rul?,
tura radical e~tre
o
novo e o·.velho. A assimilação., comojá vimos,
e
a acomodação pressupõem algum tipo de organ!zaçao ao sistema estrutural.
Cabe, aqui, um esclarecimento a respeito de
ES-QUEMAo
"Um esquema
é
uma estrutura cognitiva que se r~fere a uma classe de sequêllcias de ação semelhantes,
se-quências que constituem totalidades potentes e bem
deli-mitadas nas quais os elementos comportamentais que as
constituem estão estreitamente interrelacionados".25
-Por isso, os esquemas sao denominados ou rotula
dos de acordo·com as sequências de comportamento. a quese
referem. Por exemplo, esquema de sugar, esquema de pegar,
esquema de olhar, esquemas op~racionais, etc. Por outro
24
PIAGET, J. The Origins or Intelligence in Children.In
terno Universo Press, 1952, p.
6-70
22
-
,.
lado, nao significa que estes esquemas sejam.as propr1as
seqüências e apenas isso. Uma seqüência de agarrar não
significa apenas que o indivíduo manifesta um
comporta-mento organizado de agarraro "SigniCica que o funcionamm
to assimilativo gerou uma estrutura ~)gnitiva específic~
uma disposição organizada de agarrar objetos em
repeti-das oportunidades"o26
Para que um esquema possa ser considerado como
tal, deve existir, nas sequências cQmportamentais,
cer-tas características: a) a sequêncía de comportamento
de-ve constituir uma totalidade organizada; b) referir-se a
"
.
-
27
uma "classe de sequencias de açao semelhantes"o
Portanto, um esquema é uma espécie de conceit~
categoria ou estratégia subjac~nte que abrange uma cole
ção de sequ~ncias de ação distintas, mas semelhanteso
Uma característica básica dos esqúemas é serem
móveis e plásticos, isto é, devem poder aplicar-se suces
sivamente a vários conteúdos. Eles :funcionam e se modifi
cam emi'unção do desenv:olvimentoo
Frigotto, resumindo os p=incípios básicos do de
senvolvimento mental segundo Piaget,. escrev~: "O pensaI11E!!
to
é
essencialmente' atividad~, mo~ri.!nento, ação que se diferencia, se organiza e se especifica no curso de seu de ,...
senvolvimento genéticoo Não há uma estrutura definitiva,
...
mas um progresso onde toda a estrutura comporta novas g5:.
neses e toda a estrutura resulta de urna gênese 0 . O
pens"a-:mento encOntra sua origem nao' na imagem dos objetos, mas
na ação para manipulá-los virtual e efetiva'menteo O
co.-nhecicento seria o resultado de uma construção e criação
d e novas estruturas o . " 28
26
27
28
FLA VELL, op o c i t o p o
53.
Id. ibid. po 54
2.1.1.3 - Períodos e estágios de desenvolvimen-to cognitivo
, Neste item analisaremos os principais períodos
e estágios de desenvolvimento intelectual. Será uma
aná-lise breve, procurando situar os aspectos principais.
Piaget avresenta, basicamente, os seguintes
pe-r{odos:
I
-
Período da inteligência sensório-motoraII
-
Período da inteligência pré-operacionalIII
-
Período da inteligência operacionalcon-creta;
IV
-
Período da inteligência operacionalfor-mal.
Piaget usa o termo péríodo para designar as ép~
cas principais, gerais, do desenvolvimento e o termo
está-gio para designar subdivisões menores dentro dos
perío-dos. Esta, al"iás, parece ser sua tendência mais rec'ente.
Segundo Piaget29, para que haja
~stágios
éne-cessário que: 1) a ordem de sucessão das aquisições seja
constante; não a cronologia, mas a ordem de sucessão. Is
.
,
-to signi~ica que uma determinada caract~r~stica nao
apa-recerá antes de uma outra num ce:rto número' de incH yíduos
e depois de outra num outro grupo de indivíduos; 2) exi~
t~ o chamado car~ter integrativo, isto é, as estruturas
construídas numa idade dada se tornem parte integrante~
estruturas da idade seguinte; 3) haja uma estrutura de
conjunto -agrupamentos com características lógicas
pró-prias, 1eis de totalidade,
etd:;
4) haja um nível depr~
paração, por um lado, e acabamento, por outro;
5)
haja ~ma distinção entre os processos de formação ou de gênese
e as formas de equilíbrio finais, apresentando-se
aque-las sob os aspectos de diferenciações sucessivas da estru
"~ura anterior e preparação da seguinte e estas (formasde
equilíbrio finais) apresentando leis d~ totalidade ~s es
truturas de conjunto. ' " "
29
PIAGET, J.
Problemas de Psicolog1<'\ Genética.Rio de Ja24
I - PERtODO DA INTELIGtNCIA SENS6RIO-MOTORA
Este período estende-se do nascimento até
apro-ximadamente o aparecimento da linguagem, ou seja,
duran-te OS dois ?rimeiros anos de vida.
~ o período no qual a criança se desenvolve a
partir de uma "completa indif~renciação entre o eu e o
·mundo para uma organização relativamente coerente de
a-ções sensório-motoras diante do ambiente imediato".JO
Neste período a atividade intelectual é de
na-tureza sensório-motora, isto é, inexiste a capacidade de
abstração. As ações s~o organizadas "praticamente". A or
ganização abrange ajustamentos'p8rcep~ivos e motores sim
ples às coisas e não.manipulações simbólicas delas.
H~ seis estigios principais durante este
perío-do. são os seguintes:
Estigio I - (O a I m~s) - Uso dos reflexos
ina-tos.
Neste estigio a criança utiliza bisica e
exclu-sivamente os reflexos com os quais nasceu.- sucção, movi
mentos da língua, deglutição, etc. Não há, no
verdadei-ro sentido, um comportamento intel.igente. Piaget consid~
ra-o muito importante, pois dele é que vai surgir a int~
ligência sensório-motora. Os reflexos do recém-nascido,
através do exercíciO, ~ão realmente os blocos de constr~
ção do edifício sensório-moto~. A inteligência tem inícfu
neles e é função de sua adaptação ao meio o 'Além disso, o
comportamento reflexo do primeiro mês j i contém as
ori-gens imprecisas dos invariantes funcionàis que
persisti-rão durante todo o desenvolvimento.
Estágio 2 - ( l a
4
meses) - Primeiras adaptaçõ~adquiridas e a reação circular
pri-,
.
·marJ.a o
Neste estágio começam os condicionamentos
está-veis e as reações circulares "primárias" (relativas ao
próprio corpo, como per exemplo, chupar o pOlegar). O
ca-ráter intencional ainda ~ inexistent~, mas há uma leve
diferenciação entre assimilação e .acomodação. Os esquelTBS
em função da experiência éomeçam a passar por alterações
. definidas.
A reação circular refere-se a uma série de rep~
tições de uma resposta sensório-motora. A resposta inici
a1 .da série é sempre nova para a criança, pois seus
re-sultados específicos não foram antecipados. A criança d~
para-se com um experiência nova e tenta retomar esta
ex-peri;n6ia, repetindo os movimentos inic~ais várias vezes,
permitindo, com isso, adaptações novas. são reações
cir-. __ cu~ares primárias pelo fato de se centrarem mais no
cor-po da criança do que em elementos que estão fora dela.
Vale ressaltar como aspecto importante, a
coor-denação que a criança já inicia entre as reações circula
res primárias da sucção, visão, audição, vocalização e
-'preensaoo
EstágiO 3
(4
a 8 meses) A reaçao circularsecundária e os procedimentos para
prolongar espetáCUlOS interessantes.
A reação circular secundária caracteriza-se
pe-~as tentativas que a criança faz de manter, atrav~s dare
petição; uma mudança ambiental interessante que sua ação
produziu acidentalmente.
Além disso, a criança mani:festa um reconhecimen
to motor de objetos :familiares e emite c~mportamentos de
nominados por Piaget de "procedimentos para prolongar es
petáculos interessantes".3l
26
Inicia-se também o desenvolvimento da cognição
intencional. Piaget afirma que neste estágio já se inicm
a coordenação dos espaços qualitativos até então
hetero-,.,
geneOSt mas sem busca dos objetos desaparecidoso
Estágio
4 -
(8 a 12 meses) - A coordenação de~quemas secundári~s e sua aplicação
a situações novas o
A coordenação dos esquemas secundários inicia
-se com a "utilização de meios conhecidos com vistas a
a-tingir um obj~tivo novo (vários meios poss{veis para o
mesmo objetivo e vários objetivos p5ssíveis para um mes
mo meio)".J2 Inicia-se a busca do objeto desaparecido
mas sem coordenação dos deslocamentos (e localizações)sE
cessivos.
Além disso, começa a ter lugar a exploração ati
va de objetos novos e o uso de sinais para antecipar
a-contecimentos.
Está~io
5 -
(12 a 18 meses) - Diferenciação dosesquemas de ação por ~eação circ~
terciária e descoberta de meios
no-vos.
A reação circUlar terciá;ia se caracteriza pela
variação das condições por exploração e
tateamento"diri-gidos. Nas palavras de Piaget, citado por Flavell, ela
é.a.
"descoberta de novos meios através da experimentaçãoativan •
3J
Na reação circular secundária a criança. parece
perceber uma conexão entre o cómportamento e o seu resul
tado e repete-a de modo impen~ado _ enquanto que na terci
ária a repetição se dá com variações. A criança.dá a
im-pressão de que está realmente explorando as potencialid~
32 PIAGET, J. Problemas de PsicolÇ>gia Genéticao In: _,Os
Pensadores. são Paulo, Abril Cultural, 1978, p.2J8
des do objeto, variando a açao para verificar como isto a
feta o objetoo
Estágio
6 -
(18 a 24 meses) - Começo da interio-rização dos esquemas e solução de aIguns problemas com parada brusca da
...
...
açao e compreensao brusca.
Este estágio caracteriza-se fundamentalmente p~
la invenção ,de novos meios através de coordenações
inter-nas, mentaiso Em vez de tatear na busca de uma solução
a criança inventa uma solução o É a experimentação interna,
a exploração interior de formas e meios o
A aquisição de algo genuinamente novo pode se dar
implicitamente, antes da ação concreta.
Surgem, agora, os processos de representação e
... ... t
invençao. Os esquemas sao represenados internamente
an-tes de serem explicitados através da ação. O processo de
invençao refere-se a interrelações destas representações.
O per{odo sensório-motor chega ao seu final quag
do a criança atinge a capacidade de representar ações,em
vez de simplesmente realizá-las. A partir de agora, a
criança faz adpatações intelectuais mais avançadas em ter