INTRODUÇÃO
Nosúltimosanos,osautoresconhecidoscomopertencentes aos estudos de gênero (gender studies) têm aportado impor-tantes contribuições no campo da sexualidade (BUTLER, 2003).Territórioinicialmentecolonizadoedominadopela psicanálise, encontrou em Foucault um antecedente dessa leituracríticaaoinscreverFreudnocontextodiscursivode suaprodução.Arepressãonãosuprimeasexualidade,insiste ofilósofo;elafazpartedeumdispositivomaisamploquea incita(FOUCAULT,1988).
Hoje,boapartedapsicanáliseincorporoutaiselementos, incluindo os dispositivos discursivos na consideração da Psicanalista,membro
daAssociação PsicanalíticadePorto Alegre.Doutora emPsicologia pelaUniversidade deParis13e pós-doutorapelo ProgramadePós-graduaçãoemTeoria Psicanalíticada UFRJ.Professora doProgramade Pós-graduaçãoem PsicologiaSocialda UFRGS.
MariaCristinaPoli
RESUMO:Pretende-seretomar,nasobrasdeFreudeLacan,algumas dasprincipaisbalizasdoestatutodadiferençasexualempsicanálise. Oenigmafeminino,assinaladoporFreud,easdiferentesformasde gozo,referidasporLacan,situamoregistrodareferidadiferença. Porfim,algumascontribuiçõesdeFoucaultnospermitemavaliar aimplicaçãopolíticadapsicanáliseemrelaçãoaessetema.
Palavras-chave: Diferença sexual, psicanálise, castração, identi-dadesexual.
ABSTRACT: TheMedusaandthejoy:areadingofthesexualdiffer-enceinpsychoanalysis.ThisarticlerevisitsthetextsofFreudand Lacan,indicatingsomeofthemainbeaconsofthestatuteofthe sexualdifferenceinpsychoanalysis.Thefeminineenigma,desig-natedfromFreud,andthedifferentformsofjoy,relatedfromLacan, pointouttheregisterofthesexualdifferenceinpsychoanalysis. SomecontributionsofFoucaultallowforthepoliticimplicationof thepsychoanalysisinrelationtothissubject.
relaçãodosujeitoaosexo.AreleituradeFreud,empreendidaporLacan,buscou resgatarosentidodesuaobra.Issosignificadestacarosefeitossubversivosdeseu texto,semdeixar-setomardemasiadopelasarmadilhasdosmodelosnosquais eleseapoiouparasuaselaboraçõesconceituais(ALTHUSSER,1985).
Entreapsicanáliseeosestudiososdogênero,porém,algopermanecedificul-tando,departeaparte,umaelaboraçãocomum,ouaomenosumdiálogomais profícuoquepermitaavançaremquestõesdeextremaatualidadeerelevância.A tematizaçãoda“diferençasexual”nasobrasdeFreudedeLacanpareceserum dessespontossobreoqualimperaum“desconhecimentoseletivo”.Elaésempre re-evocadaparareafirmarpreconceitoshistóricos,certamentequenãodetodo desprovidosdefundamento,mastambémjáenferrujadospelojargão.
Retomemos,portanto,dentrodoslimitesqueesseartigonospermite,alguns elementosfundamentaisdacontribuiçãodeFreudeLacanparaateorizaçãoda diferençaentreossexos.Esperamoscomissopoderavançar,emtrabalhosfutu-ros,nodebatecomosautoresdos“estudosdegênero”partindodeummelhor discernimentosobreosfundamentosdessaquestãonapsicanálise.
ADIFERENÇAENTREOSSEXOS,SEGUNDOFREUD
SegundoFreud(1931/1973),atécertopontododesenvolvimentopsicossexual, meninos e meninas caminham na mesma direção, compartilham a mesma constituição.Háummomento,noentanto,apartirdoqualelaspodemsetornar tambémmulheres.Nasexualidadeinfantil,adisposiçãomasculinaépredominante: tantoalibido,pelasuatendênciaàatividade,quantoodesconhecimentodadi-ferençaentreossexospeloinconsciente,dominadopelaprimaziadofalo.Para queafeminilidadepossaemergiréprecisoumtrabalhoamais.
Masoqueé,afinal,afeminilidade?Éumdosdestinospossíveisdocomplexo deÉdiponasmulheres,comodemonstraFreud(1924/1973).Oque,segundoele, sefazacompanhardecertamácula:nuncasuperarporcompletoainvejadopênis; jamaisterumsupereuadequadamenteestabelecidodemodoapoderocupar lugardeproduçãonacultura;viverparasemprepresaàscondiçõespré-edípicas dasexualidadee,portanto,aumaformanarcisistadeamar(FREUD,1914/1973). Porém,mesmonaobradeFreudháoutrasversõesdafeminilidade.
associadosàpresençadeglândulasespecíficasacadasexo,produtorasdeóvulos ouespermatozóides;porfim,sãoconceitossociológicos,derivadosdaobserva-çãodoscomportamentosdosindivíduos.Ossentidosbiológicoesociológico, continuaoautor,sãobastantequestionáveiserelativos.Apenasaprimeiradestas definiçõesinteressaaopsicanalista.Semprepresentes,emdiferentesmedidas, atividadeepassividadedefinemabissexualidadeconstitucionaldoshumanos.
Feminilidade corresponderia, assim, à posição de passividade pulsional, aoladodaatividadedecunhomasculino.Nestesentido,homensemulheres disporiamdeambasastendências.Alibidoemsiémasculina,escreveFreud (1905/1973,p.1.223);abuscapelasatisfaçãopulsionalqueamobilizasópode terocaráterdeatividade.Mesmoquandosegozadaposiçãopassiva—aose fazerdeobjetoparaumOutro—trata-sedeumapassividadeativamentepro-duzida(FREUD,1915/1973).Nessesentido,afeminilidadeseriaumaprodução secundáriadalibido,resultadodareflexibilidadenopercursopulsional.
Esta proposta freudiana convive lado a lado com a outra, que prioriza as identificaçõesedípicas.NostextosSobreasexualidadefeminina(FREUD,1931/1973) eAfeminilidade(FREUD,1933/1973),oautorparecebuscarumaconciliação.A predominânciadapassividadepulsionalnadefiniçãodocaráterfemininoserá abordada,então,concomitantementeaosimpassesnasuperaçãodoComplexo deÉdipo.SegundoFreud,observa-senasmulheresumaespecialaderênciaà relaçãocomamãe,umadificuldadeparticulardetranspô-laesubstituí-la.O intransponívelnoÉdipofemininosetraduziriaemumatendênciadefixaçãoda libidoàsprimeirasposições—oral,analefálica—,ondepassividadeeatividade convivem.Asmulheresteriamporissomaiorinclinaçãoàbissexualidadedo queoshomens;nestetempopré-genital,apassividadeseligaàobjetalização dacriançadiantedodesejomaternoeaatividadeàreversãodestemovimento nabuscadodomínio.
Neste sentido, as mulheres apresentariam uma tendência a manifestarem certoinfantilismoemaiorimaturidadenasexualidadedoqueoshomens.Que setraduzpeladominânciadefantasiassadomasoquistasederelaçõesdeobjeto parciais.Jáafeminilidadepropriamenteditaindicaapossibilidadedesuperação dopré-edípicopeloabandonodaatividadepulsionaleareconciliaçãocoma posiçãopassiva.Isso,noentanto,sóépossívelseamenina“aceita”desprender-se damãee,comela,doerotismoclitoridiano.Nãosetrataapenasdeumrecalque daatividade,masdesuasuperaçãoesubstituição.
Aassunçãodestepólodoexercíciopulsionalfuncionacomoselodepassagem pelacastração.Noshomens,aocontrário,seráaatividadefálica—promovida pelaidentificaçãoaopaiedeslocamentodoobjetomaterno(nãosubstituição, comonasmulheres)amarcadamasculinidade.Aatividadeseexpressacomo traçomasculinonoexercíciosexual,naassunçãodeumaposiçãodedomínio, enasatitudesagressivasdeexteriorizaçãodapulsãodemorte.
JáapredominânciamasculinanasrealizaçõesculturaiséatribuídaporFreud avicissitudesdapassividadeprimárianestesexo.Étambémdasposiçõespré-genitaispassivasdalibidoqueprovémaenergiaquecompõeosupereunos homens.Asubmissãoinfantildomeninoaopai—osdesejoseróticospassi-vosquetememrelaçãoaogenitor—setransformanapassagempeloÉdipo eminternalizaçãodaleiedosideaisculturais.Daíque,muitasvezes,aculpa obsessivasejaaexpressãosintomáticadestapassividaderecalcada.Tambéma particularsensibilidadeculturaleartísticadehomossexuaismasculinos—como LeonardodaVinci,aquemFreud(1910b/1973)dedicaumimportanteensaio —,sobretudoseatendênciaeróticaforinibidadeseusfins.
Como se pode notar, a transposição do complexo de Édipo implica, em termospulsionais,emdiferentesdestinosparaapassividade.Paraasmulhe-res,asuaassunção;paraoshomens,sublimação,recalqueeinibição.Omotor destaoperação,segundoFreud(1925/1973),éaangústiadecastração.Diante dapossibilidadedeserdesprovidodofalo,queseupênisrepresenta,omenino abandona(recalca,sublimaeinibe)aposiçãopassivaqueomantémpresoou bemàmãeoubemaopai,nafaceinvertidadoÉdipo.Amenina,porseulado, jáfoiprivadadofalo.Éporfrustraçãoqueelaserálevadaaabandonaramãe ecomelaaspulsõesativas.Apassividadeserátransferidaàrelaçãocomopai. Maisumavez,frustradapordeletambémnãoreceberodomalmejado,recalca oÉdipoparanãoperderoamordospais.Afeminilidadesurge,então,quando ameninareportaopedidoquefazaopaiaumoutrohomem,dequemespera receberopênis-bebê.Istoé,quandoelaretorna,deformaativa,àposiçãopas-sivaquealevouaopai.
Nãoédeseestranharquetendoassimexpressoaspolaridadesdossexos, Freudsepergunte:“mas,afinal,oquequerumamulher?”.“Elaquerserdese-jada”éaúnicarespostapossívelnestadisposiçãolibidinalpelaconciliaçãoque promoveentreatividadeepassividade.Oexercíciodeumaposiçãodeatividade pulsional,propriamentedita,sóserápossívelpormeiodamaternidade.Porisso, écomoumdomqueumhomempodelhefazerqueamulheresperaadquirir ofalo,representadopelofilho.
Sabe-se,noentanto,queaassunçãodapaternidade,porexemplo,exigedaparte doshomensumtrabalhopsíquicoconsiderável.Serinvestidocomorepresentante daleiedesignadocomoportadordofalosimbólicosãoárduastarefas,cujopeso sefazsentirsobretudonaclínicadaneuroseobsessiva.
Noquedizrespeitodiretamenteàsexualidademasculina,ohorroràpas-sividade é uma de suas características. Na passagem pelo Édipo, a posição passiva pode se confundir com a castração, levando o menino a repudiá-la. Freud(1927/1973)explicaassimalgunscasosdehomossexualidademasculina efetichismo.Recusando-seaaceitararealidadedacastração,algunsmeninos recuametamponamafaltadopêniscomumobjetosubstitutivo—ofetiche. Ou,então,buscamemseuobjetosexualaconfirmaçãodaexistênciadopênis queatribuíamàmãe,promovendoainversãosexual.
Amasculinidadepropriamenteditaseráresultadodainscriçãosubjetivada castração.Dessemodo,podemosconsiderarque,assimcomoafeminilidade, elatambémsupõeumaoperaçãopsíquicaquenãoestádetododeterminadapor umateleologiapsicossexual.Queomeninoreconheçasubjetivamenteafaltado pênisnasmulheres—eemparticularnamãe—comportaassumiroriscode perdertambémoseu;identificar-seaopaietomar-seaoencargodasinsígnias fálicasimplicatambémemaceitarcertapassividade,semcomissoconfundir-se comaposiçãoobjetal.
Acastraçãofeminilizahomensemulheres.EmFreud,opêniseopaisão suportesnaturaisdovalorfálico.Nãohá,paraoautor,distânciaentreosímbolo esuaencarnaçãoimaginária.Éalgodoqualhojesepodecriticá-lo.Devemosa Lacanessadistinçãoquecomportaaquebradacorrespondênciaentresignificante eórgão.Elaécoerentecomaformacomoesseautorconsideraarelaçãoentre aspalavraseascoisas,inscrevendooreferentenoprópriocampodalinguagem (LACAN,1957/1998).
Castraçãosimbólicaéotermoquedesignaessedescolamentoentresigni-ficanteeobjeto.Maisdoqueumaoperaçãosubjetiva,elaincideantessobreo campodoOutro(LACAN,1957-58/1999).NaobradeMagritteTraiçãodasimagens, encontramos esse princípio demonstrado (FOUCAULT, 1988b; POLI, 2004). Mesmoquetaloperaçãodecastraçãojáoperassecomofunçãonacultura,foi precisoalgumtempo—historicamentedatado—paraquefossereconhecida. Acríticafeministaàreduçãodofaloaopêniséumadesuasconseqüências.
SIGNIFICAÇÃOEVÉUDODESEJO
“A multiplicação dos símbolos fálicos significa a castração”, escreve Freud (1922/1973,p.2.697)arespeitodaimagemdacabeçadecapitadadeMedusa, naqualoscabelosassumemaformadeserpentes.Representaçãodacastração materna—acrescentaoautor—,aimagemcondensaohorroràcastraçãoe seurepúdio.Elaapresentaogenitalfemininoaomesmotempoquesubstituia faltadepênispelasserpentes.
Talrepresentaçãoiconográficatemuminteressantecorrelativonahistória dapsicanálise.Em1955,LacanadquiriuoquadroAorigemdomundo,deGustave Courbet(ROUDINESCO,1994).Aobra,hojeemexposiçãonoMuseud’Orsay, apresentaocorpodeumamulherdeitada,nuadosseiosatéascochas,exposto aoexpectador.Avulvasobressaiemprimeiroplano,numarepresentaçãoque primapelorealismo.Enquantolhepertencia,Lacanmantinhaoquadroexposto nasuacasadecampo,masencobertoporumaoutratela,deAndréMasson, encomendadaparaestefim.
A visão dos genitais femininos, se não desperta necessariamente horror, provocaumdesconcertanteimpacto.Suasrepresentaçõesnaartesãoveladas, destacando-seosíndicesdebelezafemininacomosubstitutosfetichistasdacas-tração.Mesmonanudezdocarnavalbrasileiro,brilhosepurpurinas,siliconese depilaçõesextremas,fazemdocorpotododamulheríconedasensualidadeao encobrirseusexo.Amulher-objeto-de-desejofazamáscaradofalo,colocando nolugardacastraçãoaapresentaçãodeumaimagemcorporalplena. Belleindi-fférencetipicamentefemininaquedenegademodoestratégicoodesejo,fazendo donãoamarcadesuapresença.
Jogosdepresençaeausênciaquedesignamaofalosuaduplafunçãodesig-nificantequenomeiaodesejoaoindicarolugardafalta.Naaudaciosatelade Courbet,retrata-seamodernasabedoriadopintorparaquemtintaepinceljásão suficientesparavelaraoduplicar.Aoexpectadoratarefade,diantedamensagem queoquadroveicula,produzirsignificação,istoé,implicar-secomosujeitona produçãodeumsentidocomumaovereservisto.Aorigemdomundonomeiao autorapartirdesteoutrolugar.Eorealismodeimediatoadquirevalordeme-táforaasignificarodesejodoqualsomostodostributários.Funçãosignificante darepresentaçãopictórica:significaçãododesejo,véudafalta.
quepretenderiacriticar.Auto-armadilhaqueomovimentofeministaemgeral caiaoreproduziremespelhoorebaixamentoeaderrisãodoqualasmulheres foramhistoricamenteobjeto.1
Poroutrolado,aobraproduzumefeitointeressante.Seelaé,comodissemos, chistosa,ébemporqueaimagemdeumpênisemereçãoéapresentadaem umaposiçãotipicamentefeminina:deitado,aesperadeserpossuído.Imagem desconcertantequeprovocaorisopelocontraste.Aodenominá-loAorigemda guerra,aartistaindicaotrabalhodametáforaqueestáemcausa.Épelaposse destepênis/falo,destegrandedesejoemereção,queoshumanosbrigam.Não setrata,nesteponto,denenhumaacusaçãodecunhofeminista.Efetivamente, independentedogênero,odesejoéelemesmooobjetoquemoveaspaixões maisinsanasebeligerantes.Semnecessidadededisfarces—postoqueaima-gememsidopênisemereçãojáésecundária,jáéumametáforadodesejo —elacoadunasuportecorporaleobjetocausadedesejo.Literalmente:háum sujeitoquedeseja;estedesejoesperaserpossuídoporalguémqueosatisfaça. Pedidoirrecusávelparamulheresehomens.Porissotambém,paraelescomo paraelas,ogozosexualéumacelebraçãoaofalo.Oferecidoàdama,cumprea ambosfazê-logozar.
Harmoniaentreossexosemproldogozosexual?Cenaencobridora;es-quece-sefacilmentequeopênis,mesmoemereção,nãoéofalo,apenasseu representanteimaginário.Assimcomoonãodamulhersedutora:metáforado desejo.Ofaloéosignificantequeaoproduzirasignificaçãododesejo,produz oequívoco.Destedesejo,noentanto,seeleéacondiçãodesuasignificação (LACAN,1958/1998)—efeitodelimitaçãoquearepresentaçãoproduznaaber-turainfinitadapulsão—,ébemporquemantémabertaahiânciaqueomove, possibilidadecontínuadeinclusãodosujeitonasuaprodução.
Ainscriçãosubjetivadessesignificantesexualizaodesejonamesmamedida que rompe definitivamente com a possibilidade de satisfação. A clivagem é, pois,seuprincipalefeitonosujeito.Freud(1910/1973;1912/1973)identifica suasmanifestações:orebaixamentoeróticoeaidealizaçãodaamadaquetorna tãodifícilaoneuróticoobsessivo(sejahomemoumulher)ajunçãoentresexo eamor;perigoeminentenamascaradahistérica(emhomensemulheres,igual-mente),quedetantodisfarçarodesejocomarecusa,acabaporseconvencer dopróprioengano.
1Nositedaartista(www.orlan.net/fr/,acessadoemmarçode2007)pode-selerarespeito
OCONTINENTENEGROEXISTE?
Queamulhersejaumenigma,Freudnãoéoprimeiro,enemoúltimo,adizê-lo (FREUD,1933/1973).Fazpartedatradiçãoocidental,quejáfoiporissomesmo denominadadefalocêntrica(BUTLER,2003).Oquesignificareconhecernesta tradiçãoumaformadeorganizaçãodouniversorepresentacional,centralizadoem umúnicosignificanteordenador,apartirdoqualseestabelecemparesopositivos. Bememal,brancoepreto,positivoenegativo,masculinoefeminino,etc.são formasderivadasdeumaculturaestabelecidasobreoprincípiomonoteísta:um deus,umnome,umlugarplenoouvazio—formasequivalentesnessecontexto —deondederivamtodasassignificações,apartirdeondesedeterminaovalor detodasascoisas.
Princípiodacriação.Aíntimarelaçãoentreotemadasorigenseadiferença sexualnãoescapouaFreud.Noprocessodapsicogênese,elaperpassaseutra-balhosobreacenaprimária.Aperguntadascriançassobre“Deondevêmos bebês?”éamatrizdasteoriassexuaisinfantis(FREUD,1905/1973).Ouseria apercepçãodacastração,amoladacuriosidadeinfantil?Freudexpressouesta dúvida,deixando-aemsuspenso(FREUD,1925/1973).Elesustenta,detodo modo,queadescobertadosexofemininoenquantotal—alémdapolaridade entrefálicoecastrado—sedáapenasnapuberdade.Apenasentão,avagina seráreconhecidacomo“alberguedopêniseherdeiradoseiomaterno”(FREUD, 1923/1973,p.2.700).
Antesdechegaraí,ojovemteráumtrabalhopsíquicoconsiderávelafazer. Istoporqueapossibilidadederepresentaçãodosexofeminino,comoindicaFreud (1923/1973),temcomocondiçãoainscriçãopsíquicadocorpomaternocomo corposexuado.Afantasiadopúberesobreapromiscuidadedamãefazpartedeste percurso(FREUD,1909/1973).Representaçãomedusiana,poisatribuiàgenitora umacondiçãodeatividadeededomíniodofalo.Oreconhecimentodacastração maternae,emdecorrência,asuacondiçãodesujeitodedesejo,épromotorde umaclivagem.Emparte,arepresentaçãodosexodamulherderivadestereco-nhecimento.Poroutrolado,ocampomaternopermaneceexternoàoperação dasignificaçãofálica,mantendo-senoregistrodorecalqueoriginário.
Doladodoobjetodapulsão,Lacan(1962-63/2005)denominaobjetoaàsérie derecortes/restoscorporais—seio,fezes,urina,olhar,voz—queperfazem ocorpocompartilhadomãe-bebê.Nãosendonemdeum,nemdeoutro,estes objetosprimáriossãoprototípicosdoobjeto-alvodapulsão.Inapreensíveis,posto quenãohánosimbólicoumsignificantequeosnomeie,constituemasbordas erógenasdocorpo.Freud(1923/1973)propunhaqueagenitalidadeproduza síntesedestesobjetosparciais,dirigindoapulsãoaumobjetototal,alguémdo outrosexo.Emparte,osignificantefálicotemestafunção,maselanuncasedá demodocompleto.
Nooutroextremodosimbólicoestá,justamente,oprincípiounificador.A prerrogativadequehajaaomenosumsignificantequesignifiqueoconjuntode todosossignificantesexistenteséumanecessidadedosistemasimbólico.Omo-noteísmoéumaversãodesteprincípionacultura.Deuséumdosnomesquese dáaestesignificantepressuposto.Amulher,acrescentaríamoscomLacan(1972-73/1985),étambémumdeseusnomes.Ambossãoconstruçõesdafantasiaque visamsupriraexigêncialógicadeumprincípioquenomeiesemqueelemesmo sejanomeado.Essacondiçãolhesituanaexterioridadedosistemasimbólicoque constitui.Ouseja,elemesmoescapariaàcastraçãopoisfariaconsistiraplena correspondênciaentrenomeecoisa.
DaíqueLacanafirme,deformaprovocativa,“Amulhernãoexiste”(LACAN, 1971/1994,p.66).Pois,justamente,seasmulheressão,comoFreudindica,uma posiçãosubjetivadecorrentedainscriçãodosignificantefálico,nãohácomo pressuporaoconjuntodasmulheresumaunidadeemsimesma.Nesteponto, tornar-semulheréresultadodaoperaçãodecastraçãoeestasingularizaaoinscrever osujeitonosimbólico.Asmulheres,sim,existem:umaauma.Ouniversal, comodemonstramos,participadoReal;nãopassapelachanceladacastração simbólica,necessáriaàconstituiçãodofeminino.
PRAZER,GOZOOUAMOR?
Apsicanáliseprecisoupassarporsuaprópriarevoluçãokepleriana.Freud,como elemesmoreconhece,acompanhouCopérnicoaodemonstrarquenãoeraaterra, masosolareferênciadarotaçãoceleste(FREUD,1917/1973).Deslocamentos equivalentes: da racionalidade egóica ao desejo inconsciente. Coube a Lacan umpassoamais.ComoKeplerquedesvelouaelipseondesesupunhaocírculo (LACAN,1972-73/1985,p.59).Semcentro,omovimentoéreguladopeloponto defuga;pelaqueda.Topologiabarroca—desprovidadereferentesespeculares —,ossignificantesseguemrotaprópria,orientadosnãopelasficçõesdesentido, maspeloinapreensívelobjetocausadedesejo.Pontodefugaemumreferente infinito;pontodequedanaconstruçãodosentido(POLI,2005).
Aproduçãodesentidoséestruturantedaneurose,assimcomooéareferên-ciaaofalo.Quandooneuróticopergunta-se“Sereieuhomem?”ou“Sereieu mulher?”—mesmoquesuaperguntanãosejapautadapelacorrespondência àanatomia—eleseengana.Issoporqueaoenunciartaldúvida,denunciaa crençanaidentidadesexual,quejamaisdirárespeitoàposiçãodeenunciaçãodo sujeitoinconsciente(POLI,2004).Aconstruçãodeumaidentidadehomemou mulhersãoproduçõessintomáticasdaneurose.Osintomavisasuplantarofuro estrutural;eletentaproduzirumaanalogiaimpossívelentrerealesimbólico.
Lacan(1972-73/1985)denominaessabuscapelosentidodegozofálico.Sua expressãosubjetivaéoamor.ComoFreudjáindicara,oamor(Eros)visaàunidade, elesepautapelamiragemdofazerUm .Énessesentidotambémqueelecorrespon-deaonarcisismo:aconstituiçãodeumaunidadeegóicacomportaestailusãode completudecomoOutro.Queosdoissexospossamsercomplementaresnoamor dizrespeitoàilusãonarcisistadereciprocidade.Dopontodevistadapsicanálise, diríamosantes—comLacan—,queoamorésuplementaràfaltadogozosexual. Mesmoquesejaumacrençaenganosa,poderamaréumadecorrênciadacastração. É,dealgumaforma,umdeixar-seenganar .Comoescreve,poeticamente,Lacan(1964-65/2000,p.224):“amarédaroquenãosetemaquemnãooquer”.
A morte é outra expressão do encontro/desencontro entre os sexos. Ela tambéméumacrença—comoapropriadamenteindicaFreud—postoqueda mortenãotemosaexperiência(FREUD,1922/1973).Oregistroquefazemosé sempreodaperdadooutro.Mas,nessesentidodeperda,amorteéantesuma fantasiadeunião,atinenteaoamor.Há,noentanto,umempuxo—umaforça motriz—quenosconduz,enquantoseressexuados,aoaniquilamento.Freud odenominadepulsãodemorte.Suadireçãonãovisaàproduçãodesentido.O quepautaseucurso,Lacan(1972-73/1985)denominadegozo.Trata-se,antes, deumretorno:apregnânciasubjetivaaoestadoprimitivodeobjetalização,de alienaçãoabsolutaaoOutro.É,pois,dogozodoOutroquesetratanapulsão demorte,postoqueaosujeitocabeapenasfazer-seobjeto.
Estafacetadarelaçãoentresexosconstituioeixoprincipaldafantasiaque promoveoprazersexual.Sejanaidentificaçãoàposiçãodedomínioouàposição dasubmissão—ofantasmasadomasoquistaagenciadopelareuniãoentreErose pulsãodemorte—determinaodesempenhodepapéissexuaisdefinidospre-viamentepeloesquema.Nasrupturasdasidentidadesamorosas,sãoasmáscaras dogozoqueoshumanosseaprazememutilizar.
Comodemonstramos,osersexuado passa,também,pelosuportedestamásca-ra;ascondiçõesdeobtençãodeprazernosexosendodeterminadaspelaforma comosesupõefazeroOutrogozardoseucorpo.Napassividadecomumaambos oscorpos,instrumentalizadosnosexo,oprazermanifesta-secomosuplência ainterditarestegozo.Separaçãodoobjetoanosfluidoscorporaisejetáveise reintegraçãodosujeitoàcondiçãodedomínio.Asidentidadessãopoucoafeitas aoexercíciosexual;nesteterrenocomportam—nomáximo—aidentificação comoobjetoaoqual,nofinal,vêemoatoreduzido.
OSEXONOOLHARDACIÊNCIA
NotextoPsicogênesedeumcasodehomossexualidadefeminina ,Freud(1920/1973)distin-guetrêsníveisdeanáliseemrelaçãoàsquestõesdegênero:identidadepsíquica (atividade/passividade),escolhadeobjetoecaracteressexuaisanatômicos.Ele afirmaaindependênciaentreestestrêstermos.Trata-sedeumaposiçãoousada einovadoranocampodasexualidade.Elaencontraressonânciaaindahojenos “estudosdegênero”quepartemjustamentedessadistinção(BUTLER,2003).
Poroutrolado,mesmoqueemFreudjáencontremosasbasespararelativizar opêniscomofaloeacastraçãocomotemor—portantocomorepresentação psíquicaenãodadonatural—oapeloexplícitoàanatomianadefiniçãodos destinospsíquicosnãodevedeixardenosfazerquestão.Nesseponto,aliás,é precisolembrar:Freudnãoestásó.Elecompartilhadaopiniãocorrenteemsua época.Oumelhor:eleexpressaopensamentodoséculo19noaugedaebulição, nosanosde1920,deumnovoparadigma,próprioaestenovoséculo.Oque surpreendeéque,sendooautormuitopoucocomprometidocomquestõesde cunhomoral,elesecoloquejustamentenadefesadeumaspectoquereconhece-mos—ejánaépocaemqueeleoenunciavaeraassim—comopreconceituoso. Porqueeleassumetalposição?
Acreditamosqueoquefezcomqueopsicanalistacompactuassecomamiso-giniadoséculo19foiasuaintensaimplicaçãocomodiscursodaciênciadesse mesmoperíodo.Dealgumaforma,paraessediscurso,aquestãodadiferença anatômicaentreossexoseraumapremissanecessáriaefundamental.Aquestão quepermanece,então,é:porqueaascensãodaciênciamodernaincidiu,em termospolíticos,diretamentesobreosexoedequeformaadiferençaanatômica serviudeargumentoúltimoparajustificaçãodeseusprincípios?
Sabe-se,porexemplo,queostermos“hetero”e“homossexualidade”são criações taxonômicas do século 19; da mesma forma que os catálogos das “perversões sexuais”. Vale lembrar também que, mesmo que as mulheres e oshomenstenhamhistoricamente—eatépoucotempo—ocupadolugares sociaisbastantedistintos,nãoseatribuíaàanatomia,aodesempenhosexualou àspreferênciaseróticasessadiferença.Fazercorresponderaosexoanatômico, eaoexercíciosexual,olugareafunçãosocialdecadaumétraçopróprioà modernidade.Énesteperíodo,historicamentecircunscrito,quedefatoopênis seconfundecomofalo.
queemplenoséculo21umafiguradeautoridadepossa,aparentementesem constrangimentos,afirmarassimseupreconceitoeproduzir,combasenuma argumentação cientifica, um sofisma segregacionista. Não nos parece casual quesejaumaautoridadenaciênciaquesevalhadessediscursoparajustificar suasopiniões.
Cabelembrar,emrelaçãoàciência,que—comoLacan(1966/1998)indica —elaseconstituicomosaberpelaforclusãodolugardaverdade.Osenunciados científicossefundamentampelaexclusãodosujeitodaenunciação;eleépres-suposto,masnãopertenceaocampoprópriodessediscurso.Assim,odiscurso daciênciaseestabelececomo“reinodoenunciado”,dirigidopelapremissada objetividade.Háumacisãoestruturalentreoqueéditoeaquelequeodiz, entresabereverdade.
Oqueéparticularmenteinteressanteéque,nodiscursodaciênciamoderna aforclusãodosujeitodaenunciaçãoretornapelapostaemcausadosexo,como demandadesignificaçãosexual.Ditodeoutromodo,anecessáriaexclusãodo sujeitodaconsideraçãocientífica—forclusãoqueéofundamentodessediscurso —écorrelativaaoestranhamentodosujeitoemrelaçãoàsfunçõessexuais.Ao buscarresponderpelasignificaçãoapoiando-senaanatomia,osujeitorepete —deformaativa—aexclusãopromovidapelodiscurso.Nolugarderesponder pelasuaposiçãonodesejo,apontaparaaanatomia:“veja”,“eusouhomem” ou“eusoumulher”.2
Assim,queaciência,oumelhor,oscientistas—eentreelesFreud—tentem darcontadaausênciadesignificaçãorecorrendoaumasupostaobjetividadeda anatomia,nãoédeseestranhar.Denovo,osujeitodaenunciaçãoéelidido, situadoemumaposiçãodeexterioridadeemrelaçãoaumcorpodelegadopelo Outro;corpocujodestinoviriatraçadopelosdesígniosdadiferençaanatômica. ComoseoreitordaUniversidadedeHarvarddissesse:soureitordessaimpor-tanteuniversidadeejustificominhaposiçãodeautoridadepelofatocientífico, objetivamentedemonstradopelaanatomia,dequesouhomem.
Umpontoimportanteaindaaconsideraréqueadita“objetividade”científica denotadeterminadaposiçãodoolharnaproduçãodeumsabersobreosujeito. ÉnotrabalhodeFoucaultquevamosencontrarapoioparaabordaressaquestão. Odiscursocientíficodaanatomia,eaproduçãodesignificaçãoqueelevisa,se pauta,segundooautor,peloseguintepostulado:“quetodoovisíveléenunciáveleque éinteiramentevisível,porqueéintegralmenteenunciável”(FOUCAULT,1980/2004,
p.127).Háentreoolhareodizerumaíntimaarticulaçãoquecomandaodis-2Quehojeareferênciasexuadanodiscursodaciênciatenhasidodeslocadadaanatomia
cursodaciênciaproduzindo,aumsótempo,exclusãodosujeitoesignificação sexual.Trata-sedeumasignificaçãoexternaaosujeito:umsaberuniversalao qualcadasersexuadobuscaseadequar;saberinstrumentalqueorganizajogos depoder,reduzindoosujeitoàcondiçãodeobjetodeseugozo.
Aapresentaçãododiscursodaciênciacomoformadeorganizaçãodepoder étrabalhadaporFoucault(1973-74/2003)apartirdareferênciahistóricadeseu surgimento.Segundooautor,pode-seidentificarnoséculo18umatransição entreduasformasdistintasdeorganização:dopodersoberanoaopoderdisci-plinar.Estamodificaçãoécontemporâneadainstalaçãodoqueeledenominou de“dispositivodasexualidade”(FOUCAULT,1988),referindo-seàinscrição na cultura de um circuito discursivo articulado pela conjunção entre corpo, saberepoder.Estedispositivoseexpressatantocomointensificaçãodoprazer, comopelaproduçãodesaber,verdadeedomíniodas/nasmanifestaçõescor-porais/sexuais.
Sobodomíniodasdisciplinas,aconjunçãoentrepoderesaberéregulada sobretudopeloolhar(FOUCAULT,1975).Seretomarmosostextosfreudianos dasdécadasde1920e30—textosnosquaiseleapresentaaformulaçãoteórica dafasefálicaedocomplexodeÉdipo—destaca-seofatodequeaverdadeira primaziadesignadaporFreudéjustamenteaprimaziadoolhar.Sobopanode fundodacrençanauniversalidadedofalo,ainstalaçãodocomplexodecastração éfrutodeumaconstatação,deum“testemunhoocular”dosujeito.Opênisé ofaloporqueévisíveleseosexofemininofazenigma,representandonafase fálicaacastração,éporqueelenãosedáaver(KEHL,2004).
Assimtambém,orepúdioperversodacastraçãoédeinícionomeadopor Freud(1927/1973)comoumprocessodeescotomização,istoé,umacisãodoolhar queindicaumarecusaaver.Tambémnacenaprimária,aposiçãodeexterioridade dosujeitoqueolha,situaumtempodoexercíciodapulsãoescópicanoqualo sujeitogozadaexclusão.Jánaconstataçãodadiferençaanatômicaapartirda visãodaausênciadopênis—emsipróprioounooutro—osujeitoestáirre-mediavelmenteincluídonojogodeausênciaepresença.Aangústiadecastração éefeitodestainclusãonacena,doretornodoolharsobreosujeito.
Apartirdestascolocações,destacam-sedoisoperadores:ofalosimbólico comopressupostodiscursivoeoolharcomoexercíciopulsional.Destaarticu-lação,temosasdiferentesconfiguraçõesdopoderedosexo:asuasobreposição, asuamútuaalienação.
históriadacultura,variaçõespossíveis,transformaçõesquetocamarelaçãoentre corpoesignificante,entrepulsãoediscurso.
Não há, pois, nenhum suporte natural neste domínio. Neste sentido, é bastantecompreensívelqueapresençaouausênciadopênistenhasituado,na modernidade,posiçõesfixasnolaçosocial.Aperdadestecentramento,deste referenteúnicodadiferença,conduz/éresultadodenovasformasdearticulação corpo-poder:asexpressõesdoracismooatestam.Elassãotãomaléficasquanto asegregaçãoentreossexos.Nãohámedidadevalorpossívelparao“menos pior”nestecaso.Oquesepodepensarcomosendoumavançodenossotempo éapossibilidadedeestabelecerumaclivagementreolharefalo,apartirdoqual —tornadosindependentesumdooutro—asuanecessáriaassociaçãopode assumirconfiguraçõesdiversas.
Recebidoem21/9/2006.Aprovadoem3/4/2007.
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MariaCristinaPoli