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Reconhecimento de padrões de falhas em motores trifásicos utilizando redes neurais

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Academic year: 2017

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(1)

Reconhecimento de Padrões de Falhas em

Motores Trifásicos Utilizando Redes Neurais

Aderson Jamier Santos Reis

Orientador: Prof. Dr. André Laurindo Maitelli Co-orientador: Prof. Dr. Andrés Ortiz Salazar

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenha-ria Elétrica da UFRN (área de concentração: Automação e Sistemas) como parte dos re-quisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências.

(2)

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da publicação na fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Reis, Aderson Jamier Santos.

Reconhecimento de Padrões de Falhas em Motores Trifásicos Utilizando Re-des Neurais/ Aderson Jamier Santos Reis - Natal, RN, 2009

73 p.

Orientador: André Laurindo Maitelli. Co-orientador: Andrés Ortiz Salazar.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Cen-tro de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação.

1. Redes neurais (Computação) - Dissertação. 2. Localização de falhas (Engenharia) - Dissertação.3. Motores elétricos de indução - Dissertação. I. Maitelli, André Laurindo. II. Salazar, Andrés Ortiz. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título

(3)

Motores Trifásicos Utilizando Redes Neurais

Aderson Jamier Santos Reis

Dissertação de Mestrado aprovada em 19 de fevereiro de 2010 pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Dr. André Laurindo Maitelli (orientador) . . . DCA/UFRN

Prof. Dr. Andrés Ortiz Salazar (co-orientador) . . . DCA/UFRN

ProfaDraJossana Maria de Souza Ferreira . . . ECT/UFRN

(4)

Agradecimentos

Ao meu orientador e ao meu co-orientador, professores Maitelli e Ortiz, sou grato pela orientação e confiança depositados em minha pessoa.

Aos colegas da sala de pesquisa B do Laboratório de Automação em Petróleo - LAUT, pelas críticas e sugestões.

À minha família, meu pai, minha mãe e minhas duas irmãs, pelo apoio durante toda esta jornada.

(5)

Este trabalho apresenta um sistema de diagnóstico de falhas (rotor, estator e conta-minação) do motor de indução trifásico através dos parâmetros do circuito equivalente e utilizando técnicas de reconhecimento de padrões. A tecnologia de detecção de falhas em motores está evoluindo e tornando cada vez mais importante na área de máquinas elétri-cas. As redes neurais possuem a habilidade de classificar relações não lineares entre sinais através da identificação de padrões dos sinais relacionados. São realizados simulações do motor de indução através do programa MatlabR & SimulinkR e produzido alguns tipos

de falhas no conjunto a partir de modificações nos parâmetros do circuito equivalente. É implementado um sistema com múltiplos classificadores neurais para receber estes resul-tados e, após o treinamento, realizar a identificação dos padrões de falhas.

Palavras-chave: Motor de Indução, Reconhecimento de Padrões, Redes Neurais

(6)

Abstract

This work presents a diagnosis faults system (rotor, stator, and contamination) of three-phase induction motor through equivalent circuit parameters and using techniques patterns recognition. The technology fault diagnostics in engines are evolving and be-coming increasingly important in the field of electrical machinery. The neural networks have the ability to classify non-linear relationships between signals through the patterns identification of signals related. It is carried out induction motor´s simulations through the program MatlabR & SimulinkR, and produced some faults from modifications in

the equivalent circuit parameters. A system is implemented with multiples classifying neural network two neural networks to receive these results and, after well-trained, to accomplish the identification of fault´s pattern.

Keywords: Induction Motor, Patterns Recognition, Artificial Neural Networks,

(7)

Figuras iii

Tabelas v

Lista de Símbolos e Abreviaturas vii

1 Introdução 1

1.1 Objetivo da Dissertação . . . 2

1.2 Organização da Dissertação . . . 3

2 Detecção e Diagnóstico de Falhas 5 2.1 Introdução . . . 5

2.2 Falhas comuns em Máquinas Elétricas . . . 6

2.2.1 Falhas nos rolamentos . . . 7

2.2.2 Falhas estatóricas . . . 8

2.2.3 Falhas rotóricas . . . 8

2.3 Fluxograma de Detecção de Falhas . . . 9

2.4 Técnicas para Análise de Falhas em Motores Elétricos . . . 10

2.4.1 Análise de Assinatura da Corrente do Motor . . . 11

2.5 Diagnóstico de Falhas em Motores de Indução . . . 13

2.5.1 Diagnóstico Neural de Falhas . . . 13

2.5.2 Vantagens das Redes Neurais . . . 14

2.5.3 Modelagem de uma Rede Neural . . . 15

2.6 Conclusão . . . 16

3 Modelagem do Motor de Indução Trifásico 17 3.1 Modelo do Motor de Indução Trifásico . . . 18

3.1.1 Notação Matricial Trifásica - Modelo ABC . . . 19

3.2 Circuito Equivalente . . . 24

3.2.1 Definição dos parâmetros do circuito equivalente . . . 27

(8)

3.2.2 Análise do circuito equivalente do motor de indução . . . 28

3.3 Influência das falhas nos parâmetros do circuito equivalente . . . 30

3.3.1 Falhas rotóricas . . . 31

3.3.2 Falhas Estatóricas . . . 31

3.3.3 Falhas de contaminação . . . 32

3.4 Simulação do Motor de Indução . . . 32

3.4.1 Torque Mecânico . . . 34

3.4.2 Velocidade . . . 35

3.4.3 Correntes no Estator e no Rotor . . . 38

3.5 Conclusão . . . 39

4 Proposta e Resultados 41 4.1 Análises do Conjunto de dados . . . 41

4.2 Classificação das falhas . . . 49

4.3 Pré-processamento . . . 52

4.4 Reconhecimento de Padrões: Rede Neural . . . 53

4.4.1 Estratégia de Classificação . . . 54

4.5 Testes e Resultados . . . 55

4.5.1 Configuração da Rede Neural . . . 55

4.5.2 Análise dos Gráficos de Entrada . . . 57

4.5.3 Construção da Rede e Critério de Parada . . . 60

4.5.4 Resultados com a rede MLP-E210-030-TGS . . . 61

4.5.5 Resultados com a rede MLP-E210-020-TGS . . . 63

4.5.6 Matriz-Confusão . . . 65

4.6 Conclusão . . . 66

5 Considerações Finais e Trabalhos Futuros 67 5.1 Trabalhos Futuros . . . 69

Referências bibliográficas 70

(9)

2.1 Fluxograma genérico de detecção de falhas em motores. . . 9

2.2 Espectro de corrente de um motor saudável e com barras quebradas. . . . 12

3.1 Representação dos enrolamentos do estator e do rotor. . . 19

3.2 Circuito idealizado para modelagem de um M.I.T. (Ong 1997) . . . 20

3.3 Conjugado de carga quadrática. . . 24

3.4 Circuito equivalente por fase do motor de indução . . . 25

3.5 Circuito equivalente simplificado . . . 26

3.6 Circuito equivalente simplificado final . . . 27

3.7 Torque versus escorregamento para diferentes valores da resistência do rotor. . . 30

3.8 Torque versus tempo com uma carga quadrática. . . 34

3.9 Torque versus tempo com um pulso de carga constante. . . 35

3.10 Torque versus tempo sem carga. . . 36

3.11 Velocidade versus tempo com carga quadrática. . . 37

3.12 Velocidade versus tempo com carga constante. . . 37

3.13 Corrente rotórica versus tempo com carga quadrática. . . 38

3.14 Corrente estatórica versus tempo com carga quadrática. . . 38

3.15 Corrente rotórica versus tempo com carga constante. . . 39

3.16 Corrente estatórica versus tempo com carga constante. . . 39

4.1 Torque x Velocidade sob diversos valores deRr . . . 42

4.2 Torque x Velocidade sob diversos valores deRs . . . 43

4.3 Torque x Velocidade sob diversos valores deLs . . . 44

4.4 Torque x Velocidade sob diversos valores deLr . . . 44

4.5 Corrente Rotórica sob diversos valores deRr . . . 45

4.6 Corrente Estatórica sob diversos valores deRs . . . 46

4.7 Torque x Velocidade sob diversos valores deRreLr . . . 47

4.8 Torque x Velocidade sob diversos valores deRseLs . . . 48

4.9 Torque x Velocidade influenciado por:Rr,Lr,Rs,Ls eLm . . . 48

(10)

4.10 Torque x Velocidade influenciado por diferentesRr,Lr,Rs,LseLm . . . . 49

4.11 Limites do funcionamento normal. . . 50

4.12 Funcionamento normal x Presença de falhas. . . 51

4.13 Diagrama de blocos da operação da rede. . . 54

4.14 Estratégia de Classificação da Rede. . . 54

4.15 Estrutura geral do sistema de dianóstico. . . 55

4.16 Vetor de entrada da classeNormal. . . 57

4.17 Superposição de todas as simulações da classeNormal. . . 58

4.18 Superposição das simulações da classeFalha Rotórica. . . 58

4.19 Superposição das simulações da classeFalha Estatórica. . . 59

4.20 Superposição das simulações da classeFalha de Contaminação. . . 59

4.21 Desempenho do erro quadrático - MLP-E210-030-TGS. . . 62

4.22 Janela de treinamento - MLP-E210-030-TGS. . . 62

4.23 Desempenho do erro quadrático - MLP-E210-020-TGS. . . 64

4.24 Janela de treinamento - MLP-E210-020-TGS. . . 64

(11)

2.1 Percentual de falha de componentes do motor . . . 7

3.1 Funções matemáticas para cargas. . . 24

3.2 Parâmetros do motor de indução trifásico . . . 33

4.1 Relação de falhas e parâmetros do circuito equivalente. . . 51

4.2 Valores percentuais do conjunto de dados para treinamento da rede. . . . 60

4.3 Arquitetura das Redes. . . 61

4.4 Matriz-Confusão. . . 65

(12)

Lista de Símbolos e Abreviaturas

Ab Área de seção transversal da bobina.

Iest Corrente elétrica de enrolamento do estator.

Irot Corrente elétrica de enrolamento do rotor referida ao lado do estator.

Labcrr Submatriz de indutância do enrolamento do rotor

Labcss Submatriz de indutância do enrolamento do estator

Lr Indutância própria do rotor

Ls Indutância própria do estator

Lrm Indutância mútua entre as fases do rotor

Lsm Indutância mútua entre as fases do estator

Q Valor p.u.

QA Valor atual.

QN Valor de base.

RL Resistência equivalente de carga.

Rc Resistência elétrica de perda.

Rrot Resistência elétrica do enrolamento do rotor referida ao estator.

Tc Torque da carga aplicada

Tem Torque eletromagnético

TD Torque de inércia total

Var Tensão do rotor na fase a

(13)

Vbr Tensão do rotor na fase b

Vbs Tensão do estator na fase b

Vcr Tensão do rotor na fase c

Vcs Tensão do estator na fase c

Vest Tensão de fase no estator.

Vsup Tensão gerada pelo fluxo resultante no entreferro.

Xm Reatância Magnética

Xm Reatância de magnetização.

Xest Reatância de dispersão do estator.

Xrot Reatância de dispersão do enrolamento do rotor referida ao estator.

∆l Comprimento do fio.

∆lb Variação do tamanho da bobina.

est Número de espiras do enrolamento do estator

Φmax Fluxo Magnético Máximo

λabcr Fluxo magnético concatenado total do rotor

λabcs Fluxo magnético concatenado total do estator

λar Fluxo magnético do rotor na fase a

λas Fluxo magnético do estator na fase a

λbr Fluxo magnético do rotor na fase b

λbs Fluxo magnético do estator na fase b

λcr Fluxo magnético do rotor na fase c

λcs Fluxo magnético do estator na fase c

(14)

µ Permeabilidade do material do entreferro.

ω velocidade angular

ωsy Velocidade Angular Síncrona

ρ Resistividade do material da bobina.

iar Corrente do rotor na fase a

ias Corrente do estator na fase a

ibr Corrente do rotor na fase b

ibs Corrente do estator na fase b

icr Corrente do rotor na fase c

ics Corrente do estator na fase c

rr resistência do rotor

rs resistência do estator

A Área da seção transversal do fio.

BCS: Bombeio Centrífugo Submerso

CSA: Current Signature Analysis

EPRI: Electric Power Research Institute

EPVA: Extended Park´s Vector Approach

ESA: Electrical Signature Analysis

FEM: Finite element method

FFT: Fast Fourier transform

IEEE: Institute of Electrical and Electronics Engineers

IPSA Instantaneous Power Signature Analysis

J Momento de Inércia

(15)

MCSA Motor Current Signature Analysis

MSE: Mean Squared Error

ORNL: Oak Ridge National Laboratory

P Potência mecânica

RNA: Rede Neural Artificial

s Escorregamento do motor.

VSA: Voltage Signature Analysis

WT: Wavelet Transform

(16)

Capítulo 1

Introdução

Os motores elétricos são máquinas capazes de promover uma transformação de ener-gia elétrica em enerener-gia mecânica com algumas perdas de enerener-gia. O motor de indução é o tipo de máquina elétrica mais difundida e utilizada em processos industriais. Essa máquina elétrica apresenta um princípio de funcionamento simples, uma construção ro-busta, facilidade na manutenção, baixo custo, simplicidade no controle e boa confiabili-dade [Guedes 1994].

Os motores de indução trifásicos são fabricados para uma grande variedade de aplica-ções, como: acionamentos de bombas, compressores, manuseio de cargas, entre outros. A partir de questões como o período de operação do sistema, a confiabilidade e o custo efetivo de operação, monitoramento e os requisitos de prevenção e manutenção, os siste-mas de detecção de falhas e diagnósticos são tesiste-mas de preocupações e necessidades para as aplicações industriais [Chow 1992].

Os pontos relevantes para o funcionamento adequado do motor são a sua alta quali-dade, o conhecimento detalhado da aplicação, a escolha apropriada do motor para uma aplicação específica e a manutenção correta do motor. Entretanto, a utilização de motores na indústria é extensa e esses motores podem ser expostos a uma série de diferentes ambi-entes hostis, desgastes em operações e defeitos de fabricação provocando falhas internas ou externas ao conjunto [Chow 1997].

Os motores de indução são muito empregados em diversas indústrias sendo, muitas vezes, elementos centrais no processo industrial. O prognóstico antecipado de falha deste componente é muito importante para garantir condições operacionais seguras, uma ma-nutenção programada, minimizar os custos operacionais e aumentar a confiabilidade da operação.

(17)

de um estado em potencial de falha [Rodríguez 2007].

Em geral, a descoberta de falhas é realizada através de quatro etapas: detecção das falhas, extração de sinais, processamento da informação e diagnóstico das falhas. As ori-gens das causas de falhas nos motores geralmente estão associadas a três componentes da máquina: rotor, estator e rolamento. A extração dos sinais, ou seja, a obtenção de dados associado ao comportamento da máquina é realizada através de variáveis do motor, como: vibração, tensão, corrente, fluxo magnético, entre outros. O processamento da informa-ção consiste em técnicas aplicadas aos sinais medidos para produzir características ou parâmetros sensíveis à presença ou ausência de falhas. Por fim, o diagnóstico de falhas é responsável por examinar estes parâmetros e características gerados e decidir se uma falha existe neste motor e, caso positivo, qual o tipo de falha.

Nos últimos anos, as técnicas de detecção de falhas em máquinas elétricas se estende-ram às técnicas de inteligência artificial. Uma primeira diferença existente desta técnica é observada junto ao usuário do método. A detecção e o diagnóstico da falha não pre-cisam ser acompanhados por um usuário experiente. Neste trabalho, é explorada uma destas técnicas de inteligência artificial: as redes neurais baseadas em reconhecimento de padrões.

Uma Rede neural consiste de bilhões de neurônios conectados uns aos outros através de conexões sinápticas, proporcionando todas as funções e movimentos do organismo. Esta grande rede fornece uma capacidade de processamento e armazenamento de infor-mação imensa [Haykin 2001].

1.1

Objetivo da Dissertação

O objetivo principal desta dissertação é investigar e aplicar um sistema de detecção e diagnóstico de falhas em motores de indução trifásicos através da variação de parâmetros do circuito equivalente e utilizando redes neurais artificiais. Durante o desenvolvimento deste tema, outros objetivos, não menos importantes, são atingidos. Dentre esses, estão: a modelagem de um motor de indução trifásico, exploração da validade da utilização dos circuitos equivalentes, estudo de falhas em motores de indução e seleção de alguns destes para monitoramento, estudo de estratégias de classificadores e identificação das falhas.

(18)

1.2. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO 3

da máquina antes propriamente da falha em questão.

O êxito deste trabalho foi atingido a partir das seguintes etapas:

1. Problema: Diagnosticar falhas em motores de indução trifásicos.

2. Dados de entrada: Padrões de sinais elétricos e mecânicos abrangendo tanto

con-dições normais, bem como concon-dições na presença de falhas;

3. Objetivo: Investigar os diferentes comportamentos do motor mediante diversas

configurações dos parâmetros de modelagem do motor.

1.2

Organização da Dissertação

A presente dissertação se desenvolve em 5 capítulos, organizados conforme descrito. No capítulo dois são apresentados os aspectos da detecção e do diagnóstico de fa-lhas em motores de indução trifásico, abordando os seguintes pontos: os tipos de fafa-lhas comuns, algumas técnicas de detecção de falhas, um fluxograma de detecção de falhas, os tipos de diagnósticos de falha e, por fim, características e vantagens do diagnóstico utilizando redes neurais.

No capítulo três, têm-se uma descrição dos aspectos da modelagem do motor de indu-ção. É exposta tanto a modelagem matemática utilizada quanto a análise de circuito equi-valente necessária para modelagem desta máquina. Ainda neste capítulo, é apresentado o ambiente de desenvolvimento e a simulação do modelo proposto no referido capítulo.

No capítulo quatro, mostra-se a metodologia proposta para investigar as falhas elétri-cas e mecânielétri-cas no motor de indução trifásico. Além disto, é apresentado a estrutura e os procedimentos de redes neurais utilizados neste trabalho e comentários iniciais quanto a estes resultados.

(19)
(20)

Capítulo 2

Detecção e Diagnóstico de Falhas

Atualmente existem diversos métodos de detecção e diagnóstico de falhas em motores. A detecção de falha determina se o funcionamento do sistema está incorreto ou inaceitável em algum aspecto. O diagnóstico de falhas determina o tipo, o tamanho, a localização e o tempo de detecção de falha, de acordo com os sintomas observados, incluindo o isolamento e a identificação da falha. Muitas vezes, a detecção e o diagnóstico de falha se sobrepõem em um mesmo efeito, outras vezes, são avaliados separadamente.

2.1

Introdução

O histórico de detecção e proteção de falhas é tão antigo quanto as próprias máqui-nas elétricas. Inicialmente, os fabricantes e usuários dessas máquimáqui-nas utilizavam simples proteções a fim de assegurar uma operação segura e confiável. Com o passar do tempo, desenvolveram-se tanto as funções desempenhadas pela máquinas quanto a detecção de falhas. Atualmente, a detecção e o diagnóstico de falhas são itens significativos para evitar paradas inesperadas e altos custos operacionais [Subhasis Nandi & Li 2005].

A detecção de falhas antecipada permite que a manutenção preventiva seja realizada durante a parada programada das máquinas. Este procedimento evita um período de pa-rada longo devido a uma falha comum no motor, aumentando a disponibilidade do sis-tema. A partir de métodos de monitoramento e detecção de falhas, o custo de manutenção dos motores pode ser bastante reduzido e a sua disponibilidade significadamente melho-rada [Brito 2002].

(21)

falhas.

Entretanto, nem sempre é possível determinar se a causa da falha foi um defeito, desgaste, deterioração, sobrecarga, mau uso ou qualquer outra causa. Mas uma análise das condições e dos sintomas da máquina permitirá determinar as falhas da máquina. Em geral, os modos de falhas podem ser: térmico, elétrico, eletromagnético, mecânico, ambiental e dinâmico.

A maioria das condições de falhas nos motores são manifestadas na forma de vibração ou temperatura elevada. A falha é causada por uma combinação de ações que agem sobre vários componentes da máquina.

2.2

Falhas comuns em Máquinas Elétricas

O defeito de um componente em uma máquina elétrica significa um indício de capa-cidade reduzida para atender aos requisitos mínimos especificados. Caso este defeito não seja identificado, ou caso seja permitido o prosseguimento da operação, isto pode condu-zir a uma falha. Logo, essas falhas, e não o defeito de um componente, são registradas como causa que conduziram a um colapso ou a uma parada não planejada da máquina [Thorsen & Dalva 1999].

Existem diferentes tipos de falhas que podem ocorrer em um motor de indução. As falhas são geralmente classificadas de acordo com a localização delas no motor. As falhas mais comuns são: falha no estator, falha no rotor, falha no enrolamento e falha de excentri-cidade. Estas falhas são mecânicas por natureza, entretanto elas apresentam uma variação de comportamento nas variáveis elétricas do motor. De acordo com [Subhasis Nandi & Li 2005], as falhas mais comuns podem ser classificadas também como:

• Falhas estatóricas resultando na abertura ou curto-circuito de um ou mais

enrola-mentos de fases do estator;

• Conexões dos enrolamentos do estator anormais;

• Quebra de barras ou rachaduras nos anéis terminais do rotor; • Folgas irregulares estáticas e/ou dinâmicas no entreferro;

• Eixo desalinhado que pode resultar num atrito entre o estator e o rotor; • Curto na bobina do rotor;

• Falhas de engrenagens ou mancais.

(22)

2.2. FALHAS COMUNS EM MÁQUINAS ELÉTRICAS 7

e tensões desbalanceadas, aumento da vibração, decréscimo da média do torque, aqueci-mento excessivo, redução de eficiência, entre outros. Assim, as falhas e/ou esses sintomas poderão ser detectados através de muitos métodos de diagnósticos.

O Institute of Electrical and Electronics Engineers- IEEE e o Electric Power Rese-arch Institute - EPRI conduziram algumas pesquisas estatísticas para avaliar a

confiabi-lidade dos motores e identificar características operacionais. Uma parte destes estudos especificaram as razões das falhas dos motores. A Tabela 2.1 ilustra esta estatística.

Tabela 2.1: Percentual de falha de componentes do motor

A Tabela 2.1 demonstra que o rolamento, o estator e o rotor são os componentes mais suscetíveis a falhas, respectivamente. Estes três componentes concentram a maioria dos defeitos e falhas constatados nos motores. Essas falhas podem ocorrer devido a situações externas, como erros na produção e montagem ou devido ao funcionamento incorreto. Muitas vezes, as falhas ocorrem devido a vários fatores. Por exemplo, geralmente as falhas do motor são internas, como um defeito no enrolamento ou na bobina, porém o motivo pode ser externo, como um sobreaquecimento provocado por sujeira excessiva.

A seguir apresenta-se uma descrição das falhas mais comuns.

2.2.1

Falhas nos rolamentos

A maioria das máquinas elétricas utilizam rolamentos esféricos ou deslizantes (man-cais). Cada rolamento possui: dois anéis, um interno e um externo, e um conjunto de elementos girantes, localizado entre estes anéis. O rompimento ou quebra de rolamentos podem ocorrer quando pequenos pedaços começam a soltar-se dentro dos rolamentos, por causa de fadigas, aumentando o atrito até rompê-los.

A seguir contém as causas mais comuns de falha em rolamento:

• Lubrificação excessiva ou inadequada; • Contaminação;

• Carga em excesso; • Vibração;

(23)

• Defeitos nos componentes da máquina; • Aplicações impróprias;

• Danos durante o transporte ou instalação;

Estas falhas são melhores detectadas por monitoramento de vibrações e emissões acústicas.

2.2.2

Falhas estatóricas

Cerca de 30% a 40% das falhas em motores elétricos estão relacionadas a este com-ponente. Tais falhas produzem instabilidade no estator, bem como alterações nos fluxos harmônicos da corrente e do entreferro. Os resultados disto, normalmente, são curto-circuito entre espiras, entre bobinas, entre fases e fase-terra.

A seguir contém as causas mais comuns de falha estatóricas:

• Sobreaquecimento; • Erros de projeto;

• Folga de conexão dos enrolamentos;

• Contaminação do óleo por umidade e poeira; • Curto-circuito e exigências de partida; • Defeitos nos componentes da máquina; • Descargas elétricas;

A detecção destas falhas na origem do problema é complicada devido à pequena va-riação que ocorre na corrente de alimentação. Assim, uma alternativa é detectar os fluxos trasmitidos que fornecem uma indicação confiável de instabilidades mínimas nos circuitos elétricos e magnéticos.

2.2.3

Falhas rotóricas

(24)

2.3. FLUXOGRAMA DE DETECÇÃO DE FALHAS 9

disto, ruídos, sobreaquecimentos, laminações e centelhamento no rotor estão combinadas aos comportamentos citados.

2.3

Fluxograma de Detecção de Falhas

Segundo [Iserman 2006], a detecção e o diagnóstico de falhas são métodos avan-çados fundamentais de supervisão e gerenciamento de falhas. Sistemas como esses são baseados em variáveis obtidas por instrumentos e requerem avaliações e conhecimento heurístico. O processo de detecção de falhas em motores pode ser divido em três etapas. A primeira etapa consiste na obtenção de dados relevantes do motor através, por exemplo, de sensores de tensão e corrente que utilizam filtros, conversores analógico digital, etc. A segunda etapa é responsável por realizar um condicionamento do sinal, transformando o sinal oriundo do primeiro bloco. Este sinal será processado para encontrar assinaturas que permitam conhecer a condição do motor. A técnica tradicional para esta finalidade é baseada na Transformada Rápida de Fourrier (FFT). Outras técnicas também são uti-lizadas, como Transformada de Wavelet (WT), Métodos de Elementos Finitos (FEM) e abordagem da transformada de Park. A última etapa do processo é responsável por iden-tificar a falha. A tarefa do diagnóstico de falhas consiste em determinar o tipo, o impacto e a localização das mais prováveis falhas. Os procedimentos para isto são realizados com auxílio de técnicas de inteligência artificial, como por exemplo, redes neurais, ló-gica’"fuzzy"’, algoritmos genéticos, entre outros. O fluxograma genérico de detecção de

falhas em motores pode ser visualizado na figura 2.1

(25)

2.4

Técnicas para Análise de Falhas em Motores

Elétri-cos

Atualmente, existem diversos métodos disponíveis para detectar falhas em motores. Cada método possui suas particularidades, diferindo uns dos outros pelas quantidades e tipos de falhas capazes de detectarem. Alguns destes métodos são:

• Monitoramento por Análise de Vibrações; • Monitoramento da Emissão Acústica; • Monitoramento por pulso de choque;

• Monitoramento de flutuações de velocidade; • Monitoramento da temperatura;

• Monitoramento do campo magnético; • Análise química;

• Monitoramento da assinatura elétrica;

• Monitoramento de emissão de rádio-frequência;

As técnicas de monitoramento de falhas em máquinas elétricas são divididas em dois grandes grupos: as técnicas invasivas e as técnicas não invasivas. As técnicas não inva-sivas são aquelas baseadas em medições que não necessitam interromper e desmontar o motor para a coleta de informações. As técnicas invasivas precisam ter acesso ao motor para coletar os dados necessários à analise. Assim, a viabilidade de técnicas não invasivas é promissora, em virtude, principalmente, da facilidade e baixo custo de implementação.

A presença de qualquer tipo de falha em uma máquina de indução provoca mudanças de interação de fluxo entre o estator e o rotor. Isto resulta em mudanças na corrente do estator, nas tensões, no campo magnético e na vibração da máquina. Estes sinais são responsáveis por auxiliar o monitoramento da máquina e, consequentemente, detectar e diagnosticar a falha.

Dentre as técnicas de monitoramento listadas anteriormente, o monitoramento da as-sinatura elétrica destaca-se. A Análise da Asas-sinatura Elétrica (ESA) constitui de um con-junto de técnicas de monitoramento de máquinas elétricas através da análise de sinais elé-tricos. Dentre este conjunto de técnicas, vale ressaltar: CSA (Current Signature Analysis),

VSA(Voltage Signature Analysis), EPVA(Extended Park´s Vector Approach), IPSA( Ins-tantaneous Power Signature Analysis), MCSA(Motor Current Signature Analysis), entre

outros.

(26)

2.4. TÉCNICAS PARA ANÁLISE DE FALHAS EM MOTORES ELÉTRICOS 11

utilizando ferramentas matemáticas e capacidade computacional limitada. Os trabalhos mais recentes tem desenvolvido técnicas de monitoramento da corrente do motor em re-gime transitório, ou seja, na partida do motor. As altas correntes durante este curto período removem a necessidade de colocar o motor em carga e resulta em vantagens significati-vas [Ematsu 2008]. A seguir, alguns conceitos a mais sobre esta técnica.

2.4.1

Análise de Assinatura da Corrente do Motor

A análise do espectro de corrente consiste no procedimento de acompanhar as corren-tes, tensões e as subsequentes análises espectrais de um motor elétrico com a finalidade de definir a presença de defeitos elétricos e mecânicos do motor.

A análise da assinatura da corrente do motor foi desenvolvida peloOak Ridge National Laboratory- ORNL. Em 1989 foi utilizado para monitorar uma variedade de motores

elé-tricos em uma companhia naPhiladelphiapara detectar a degradação no envelhecimento

dos equipamentos da planta da estação. Desde então, a tecnologia foi se desenvolvendo e têm apresentado notáveis virtudes, como [P.Pillay & z .xu 1996]:

• Capacidade de fornecer um acompanhamento numa localização distante do

equipa-mento;

• Fornecer informações de diagnósticos e degradações comparáveis à equipamentos

específicos;

• Oferecer uma elevada sensibilidade a uma variedade de condições operacionais; • Oferecer uma maneira de diferenciar um transtorno de outro;

• Possibilidade de execução rápida e executado por qualquer usuário;

• Aplicabilidade em motores de maiores e menores potências, bem como motores

síncronos e assíncronos, além dos motores DC.

Quando ocorre uma falha, o espectro da corrente adquire um formato diferente do espectro normal. As características espectrais de cada falha são singulares, muito bem conhecidas e descritas por muitos autores. Por exemplo, a detecção de barras quebradas pelo espectro de corrente pode ser realizada observando duas componentes ao redor da componente fundamental. Quando as barras quebradas estão presentes, o espectro da corrente apresenta duas componentes igualmente espaçadas da frequência fundamental conforme pode ser visto na Figura 2.2.

(27)

não invasivas. Geralmente, os métodos não invasivos, como a análise de vibração e a análise de temperatura, necessitam instalar algum tipo de sensor adicional na máquina para efetuar a aquisição de dados [Pereira et al. 2005].

Figura 2.2: Espectro de corrente de um motor saudável e com barras quebradas.

Ao acompanhar a corrente de um motor em funcionamento, durante um curto intervalo de tempo, e realizando uma análise espectral destes dados recebidos, é possível estabe-lecer a presença dos seguintes defeitos nos motores: defeitos no rotor, curto circuito nos enrolamentos do estator, rotor travado, desalinhamento do eixo do motor e da sua carga mecânica, aumento da excentricidade do rotor, dentre tantos outros.

(28)

2.5. DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM MOTORES DE INDUÇÃO 13

2.5

Diagnóstico de Falhas em Motores de Indução

O processo de monitoramento de falhas em máquinas elétricas tem como última e decisiva etapa examinar os sinais e as características exploradas nas etapas anteriores e determinar a presença e o tipo de falha. Muitas vezes, esta tarefa é realizada baseada no conhecimento e experiência de um usuário. A automação deste processo utilizando técnicas de classificação é o foco de diversas pesquisas.

O grande desafio desta etapa está na sensibilidade para avaliar os parâmetros de falha obtidos da máquina. Para ocorrer uma classificação/detecção de falha confiável, é neces-sário um grande volume de dados com referências de estado "normal"e de estado "falho". A precisão final de diagnóstico de falha do algoritmo está claramente relacionada com o tamanho, a qualidade e a proporção dos dados utilizados para desenvolvê-lo.

O objetivo do diagnóstico de falhas consiste na determinação do tipo de falha com o máximo de detalhes possíveis, tais como: localização e tempo de detecção [Iserman 2006]. Existem, basicamente, dois grandes grupos de métodos de diagnósticos de falhas: os métodos de classificação e os métodos de inferência. O primeiro grupo é utilizado quando não há informação disponível sobre os sintomas, quando não existe uma base de conhecimentos estruturados. Exemplos deste método são: aproximação polinomial, métodos de inteligência artificial, métodos de classificação estatística, reconhecimento de padrões, etc. O segundo grupo destina-se a situações em que os sintomas, os históricos, as estatísticas e o relacionamento entre falhas estão expressos em regras condicionais.

Geralmente, não existem modelos matemáticos dos sistemas e processos diagnosti-cados. Muitas vezes, a complexidade do sistema é imensa e a sua modelagem torna-se difícil. Os modelos analíticos não apresentam resultados satisfatórios, tornando-os restri-tos a sistemas simples descrirestri-tos por modelos lineares. Nestes casos, os modelos baseados em dados como redes neurais e conjuntofuzzypodem ser utilizados.

As técnicas de inteligência artificial são comparadas a capacidade extraordinária da mente humana de raciocínio e aprendizado em circunstâncias de incertezas e imprecisão. As Redes neurais, a lógicafuzzye os algoritmos genéticos são as técnicas relevantes deste

método computacional. Estas técnicas ganharam força por serem eficazes na descoberta de semelhanças em um grande volume de dados [Gao. & Ovaska 2001].

2.5.1

Diagnóstico Neural de Falhas

(29)

pa-drões de entrada para papa-drões de saída e dividindo em grupos os papa-drões semelhantes. As redes neurais artificiais vem sendo utilizadas sucessivamente para realizar detecção de falhas e controle de diferentes sistemas, tais como motores e sistemas de distribuição elétrica. É esperado que a procura pelo uso das redes neurais para solucionar problemas de engenharia continue aumentando nos próximos anos, devido aos vários avanços na área e também por causa das limitações das técnicas convencionais de resolução de problemas de engenharia [Chow 1997].

As técnicas de monitoramento para o diagnóstico de falhas em motores de indução precisam ser aperfeiçoadas para detectar, o mais rápido possível, os diferentes tipos de falhas que podem ocorrer no motor. As redes neurais identificam a presença ou ausência de falhas no motor, mediante configurações da rede. É necessário selecionar apropria-damente as entradas e saídas da rede, a estrutura da rede e os dados convenientes para treinamento.

Existem diversas opções de sinais de entrada para este tipo de rede neural, como o torque, a velocidade, a tensão no estator, a corrente estatórica, entre outros. A seleção de entradas da rede e a quantidade de neurônios de saída permite discriminar as falhas propostas a detectar.

A arquitetura da rede especifica como as conexões estão arranjadas, bem como seus ti-pos caracterizados por uma função de ativação. O algoritmo de processamento determina como o neurônio calcula o vetor de saída para todas as entradas e pelos pesos. O algo-ritmo de treinamento especifica como a rede adapta esses pesos para todas as entradas. É deste modo que a rede adquire conhecimento pelo algoritmo de treinamento e armazena informações através dos pesos.

Neste trabalho é considerada um rede multicamadasfeedforwardcom duas camadas

ocultas e treinadas a partir do algoritmo backpropagation. O treinamento da rede com

o backpropagation envolve três estágios: a faseforward de treinamento dos padrões de

entrada, a fasebackward(retropopagação) do erro associado e o ajustamento dos pesos.

2.5.2

Vantagens das Redes Neurais

Muitos sistemas elétricos apresentam situações com um conjunto de características que os fazem candidatos de tratamento por redes neurais. O motor de indução é um destes. Apesar das diferenças de equipamentos, estratégias e condições operacionais e preocupações com segurança dos sistemas, existem muitos trabalhos utilizando soluções com redes neurais para motor [El-Sharkawi 1997].

(30)

con-2.5. DIAGNÓSTICO DE FALHAS EM MOTORES DE INDUÇÃO 15

vencionais de detecção e diagnóstico possuem um custo computacional intenso e uma len-tidão de processamento, o modelo matemático pode não ser facilmente obtido ou devido a complexidade ou devido a falta de informações disponíveis do problema e as condições operacionais provavelmente são ruidosas.

As redes neurais oferecem algumas vantagens que podem lidar com as dificuldades citadas acima. É possível com as redes neurais aprender e construir um complexo mape-amento não linear devido a sua capacidade de aprender a partir de exemplos. É possível, facilmente, ajustar a configuração do problema a partir da inserção ou remoção de va-riáveis de entradas. Além disto, as redes neurais possuem a capacidade de rejeição de ruídos, que podem auxiliar nas incertezas do problema, e são executadas em curto espaço de tempo.

2.5.3

Modelagem de uma Rede Neural

O desenvolvimento de aplicações que utilizem redes neurais envolve algumas etapas, simplificadamente, listadas a seguir:

• Coleta de dados; • Configuração da rede; • Treinamento;

• Teste; • Integração.

O primeiro passo para a modelagem de RNA´s é a coleta de dados relativos ao pro-cesso. Os dados selecionados devem ser significativos e diversificados, atendendo todas as situações que o problema possui. O próximo passo consiste na definição da configu-ração da rede. Essa etapa abrange a seleção do paradigma neural aplicado à aplicação, a determinação da topologia da rede (número de camadas, números de nós em cada camada, etc) e a determinação da função de ativação e os parâmetros do algoritmo de treinamento. Essa etapa é crucial e determinante no desempenho do sistema.

(31)

O quarto passo são os testes da rede. O desempenho da rede, medida nesta fase, é uma boa indicação de seu desempenho real. A última etapa é a integração: à medida que a rede está treinada e avaliada, ocorre uma integração em um sistema do ambiente operacional da aplicação.

2.6

Conclusão

(32)

Capítulo 3

Modelagem do Motor de Indução

Trifásico

As máquinas elétricas de corrente alternada, em particular, as máquinas de indução, foram inventadas no século XIX e seu desenvolvimento foi bastante acelerado. Rapida-mente as máquinas de indução se tornaram o principal tipo de conversor eletromecânico. Estes tipos de motores são relativamente baratos, altamente confiáveis, robustos cons-trutivamente e apresentam elevado rendimento. Estes fatores contribuem à sua imensa popularidade e ampla aplicação [Fitzgerald et al. 2003].

A capacidade de um modelo representar convenientemente um comportamento real é função principalmente da complexidade do sistema real e da teoria corrente que descreve tal fenômeno. As equações de Maxwell são as ferramentas básicas na descrição e análise de um sistema elétrico, embora no caso de máquinas elétricas, as leis de Newton também são necessárias para descrever os fenômenos eletromecânicos.

Neste trabalho, é relevante realizar a modelagem de um motor de indução trifásico com o intuito de fornecer dados para posteriores análises de detecção de falhas. Um motor de indução trifásico apresenta certo grau de complexidade em seu funcionamento. Assim, para simplificar este problema, processos de modelagem são utilizados.

(33)

3.1

Modelo do Motor de Indução Trifásico

Um motor de indução pode ser representado através de um sistema de equações di-ferenciais não-lineares. Este sistema de equações é utilizado devido ao efeito de acopla-mento entre as fases do estator e do rotor, uma vez que este depende da posição angular do rotor em relação ao estator. Este efeito de acoplamento torna os coeficientes das equações diferenciais variáveis.

Existem diversos procedimentos para modelagem de uma máquina de indução. Estes modelos diferem pela notação matemática aplicada a cada um deles, ou seja, a maneira como ocorrem as simplificações aplicadas à estrutura construtiva ou de análises do motor de indução. Destaca-se as seguintes formas de modelagem:

• Notação Matricial Trifásica; • Notação Vetorial dq;

• Notação Matricial Ortogonal -αβ0

A modelagem matemática é realizada para obter um comportamento das grandezas internas da máquina, ou seja, o comportamento dinâmico do motor de indução trifásico é obtido através das equações de:

• Tensão; • Corrente;

• Fluxo concatenado;

• Conjugado eletromagnético.

O comportamento dinâmico é obtido baseado no conhecimento da estrutura cons-trutiva do motor. Assim, é possível representá-lo através de um circuito equivalente, e também, dos fenômenos eletromagnéticos e mecânicos envolvidos.

Para simplificar matematicamente esta máquina, são adotadas algumas hipóteses e considerações, de maneira que a simulação seja viabilizada, pois, sem elas, essa mode-lagem seria bastante complexa. Cabe salientar que estas hipóteses e considerações são facilmente encontradas na literatura [da Silva 2007].

• Os três enrolamentos estatóricos/rotóricos são iguais entre si;

• Os ângulos entre os enrolamentos são iguais, tanto no estator como no rotor; • Efeito pelicular e perdas no entreferro são desconsiderados;

• O circuito magnético é considerado ideal;

(34)

3.1. MODELO DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO 19

A partir das suposições citadas, a Figura 3.1 ilustra uma representação simbólica da estrutura de enrolamentos do estator e do rotor de forma esquemática. As indutâncias mú-tuas entre os enrolamentos estatóricos e rotóricos são funções senoidais do deslocamento angularθ.

Figura 3.1: Representação dos enrolamentos do estator e do rotor.

3.1.1

Notação Matricial Trifásica - Modelo ABC

Equações do sistema elétrico

(35)

Figura 3.2: Circuito idealizado para modelagem de um M.I.T. (Ong 1997)

Vas = rsias +

dλas

dt

Vbs = rsibs +

dλbs

dt

Vcs = rsics +

dλcs

dt

(3.1)

Var = rriar +

dλar

dt

Vbr = rribr +

br dt

Vcr = rr icr +

dλcr

dt

(3.2)

em queVas: Tensão do estator na fase a;Vbs: Tensão do estator na fase b;Vcs: Tensão

do estator na fase c;Var: Tensão do rotor na fase a;Vbr: Tensão do rotor na fase b;Vcr:

Tensão do rotor na fase c;rs: resistência do estator;rr: resistência do rotor;ias: Corrente

do estator na fase a; ibs: Corrente do estator na fase b;ics: Corrente do estator na fase c;

iar: Corrente do rotor na fase a;ibr: Corrente do rotor na fase b;icr: Corrente do rotor na

fase c;λas: Fluxo magnético do estator na fase a;λbs: Fluxo magnético do estator na fase

b;λcs: Fluxo magnético do estator na fase c;λar: Fluxo magnético do rotor na fase a;λbr:

(36)

3.1. MODELO DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO 21

Equações de fluxo concatenado

Nas Equações 3.1 e 3.2, estão presentes os termos de fluxo que representam o fluxo total concatenado por fase. Este fluxo total é constituído pelas contribuições de três fluxos, representados pelas indutâncias próprias do estator e do rotor, as indutâncias de dispersão do estator e do rotor e as indutâncias mútuas entre fases do enrolamento do estator e do rotor.

A partir das considerações que os enrolamentos do estator e rotor são iguais por fase, têm-se que as indutâncias próprias do estator e do rotor são iguais. Deste mesmo funda-mento, conclui-se que as indutâncias mútuas do estator e rotor também são constantes. Assim, as indutâncias próprias do motor e as indutâncias mútuas são dadas por:

Ls = Lsa = Lsb = Lsc

Lr = Lra = Lrb = Lrc

Lsm = Lsmab = Lsmac = Lsmbc

Lrm = Lrmab = Lrmac = Lrmbc

(3.3)

sendo queLs eLr representam, respectivamente, as indutâncias próprias do estator e do

rotor eLsm e Lrm representam, respectivamente, as indutâncias mútuas entre as fases do

estator e do rotor.Além das indutâncias próprias e mútuas do estator e rotor, têm-se as indutâncias entre as fases do estator e as do rotor. Estas indutâncias sao dependentes da posição do rotor, ou seja, do ângulo rotóricoθr. Assim, para essas indutâncias, têm-se em

notação matricial a equação 3.4.

Labcsr = hLabcrs it = Lsr =   

cosθr cos θr+23π

cos θr−23π

cos θr−23π cosθr cos θr+23π

cos θr+23π cos θr−23π cosθr  

 (3.4)

sendo queLabcsr representa as indutâncias mútuas das fases do estator em relação ao rotor

eLabcrs representa as do rotor em relação ao estator.

Definindo as indutâncias próprias dos enrolamentos do rotor e do estator em represen-tação matricial, têm-se as submatrizes mostradas nas equações 3.5 e 3.6.

Labcss =

   

Lls+Lss Lsm Lsm

Lsm Lls+Lss Lsm

Lsm Lsm Lls+Lss   

(37)

Labcrr =

   

Llr+Lrr Lrm Lrm

Lrm Llr+Lrr Lrm

Lrm Lrm Llr+Lrr   

 (3.6)

em que Labcss representa a submatriz de indutância do enrolamento do estator e Labcrr do

rotor.

Desta forma, os fluxos concatenados totais dos enrolamentos do estator e do rotor estão descritos, em notação matricial, na Equação 3.7, onde as correntes e os fluxos são dados conforme as Equações 3.8.

"

λabcs λabc

r #

=

"

Labcss Labcsr Labcrs Labcrr

# "

iabcs iabcr

#

(3.7)

λabcs = [λas λbs λcs]t

λabcr = [λar λbr λcr]t

iabcs = [ias ibs ics]t

iabcr = [iar ibr icr]t

(3.8)

em queλabc

s : Fluxo magnético concatenado total do estator;λabcr : Fluxo magnético

con-catenado total do rotor;iabcr : Corrente total do estator;iabcr : Corrente total do rotor.

A máquina idealizada é descrita por seis equações diferenciais de primeira ordem, uma para cada enrolamento. Estas equações diferenciais são acopladas uma à outra através de indutâncias mútuas entre os enrolamentos. Em particular, os termos de acoplamento estator-rotor são dependentes da posição rotórica; assim, quando o rotor gira, estes termos de acoplamento variam com o tempo.

Equações do Sistema Mecânico

Finalizando a modelagem trifásica do comportamento dinâmico do motor de indução trifásico, têm-se a equação diferencial que representa a parte mecânica e é dada pela Equação 3.9.

Jdω

dt =Tem−Tc−TD (3.9)

em que J: Momento de inércia; ω: velocidade angular do rotor; Tc: Torque da carga

(38)

3.1. MODELO DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO 23

Principais Tipos de Cargas Acopladas ao Motor de Indução

Uma característica fundamental de um motor de indução é o comportamento do con-jugado versus rotação. À plena carga, o motor de indução sempre irá girar a um escor-regamento que assegure o equilíbrio entre o torque eletromagnético desenvolvido pelo motor e o torque resistente da carga.

De acordo com [Fitzgerald et al. 2003] uma carga mecânica requer uma determinada potência. Ou seja, quando o motor de indução aciona uma carga torna-se necessário que a característica mecânica do motor esteja adaptada as necessidades da carga mecânica. Para um sistema dotado de movimento de rotação tem-se: P=Cω, onde P é a potência

desenvolvida, C é o conjugado desenvolvido eωé a velocidade angular do movimento.

Segundo [Hamid A. Toliyat 2004], as cargas mecânicas podem ser dividas em seis grandes grupos de acordo com suas características de conjugado versus velocidade:

• Carga constante; • Carga linear; • Carga quadrática; • Carga inversa;

• Cargas que não solicitam conjugado; • Carga não uniforme.

A Tabela 3.1 descreve, através de funções matemáticas, as cargas mais encontradas em aplicações indústrias. Estas cargas são representadas por curvas que mostram a variação entre o conjugado externo mecânico aplicado ao eixo do motor e a velocidade do eixo mecânico. A constante K, presente em todas as funções matemáticas, está relacionada com o conjugado da carga e os valores a e b são número inteiros positivos. Para cargas lineares e quadráticas, a constante K está relacionada com o conjugado inicial, para carga constante, o valor de K permanece inalterado durante a simulação e, para cargas inversas, a constante K representa o conjugado em regime permanente. A carga inversa produz um efeito oposto às cargas linear e quadrática, pois com o incremento de velocidade, no regime transitório, T(w) diminui seu valor devido a componente exponencial negativa.

Neste trabalho, é adotado um modelo de carga quadrática, onde o conjugado varia com o quadrado da rotação e a potência com o cubo da rotação. Logo: P=(C n)+ ωn3.

(39)

Tabela 3.1: Funções matemáticas para cargas.

Tipo de Carga Função Matemática

Quadrática f(ω) =T(ω) =K+aω2

Linear f(ω) =T(ω) =K+aω

Constante f(ω) =T(ω) =K

Inversa f(ω) =T(ω) =aε−bω+K

Figura 3.3: Conjugado de carga quadrática.

3.2

Circuito Equivalente

O motor de indução pode ser estudado através do seu circuito equivalente. Existem diversos métodos para representar o circuito equivalente da máquina, dentre estes vale res-saltar: Cochran’s Deep Bar Method, Willis’ SSFR Method, Rogers’ Double Cage Method e o Método padrão [Morgan L. Barnes 1995]. Neste trabalho é considerada a represen-tação de circuito equivalente padrão originada do conceito de transformadores. Devido à indução magnética mútua entre estator e rotor, o motor de indução é considerado um sistema magneticamente acoplado como no caso dos enrolamentos do transformador pri-mário e secundário. Dessa forma, o circuito equivalente do motor de indução é bastante semelhante ao de um transformador elétrico.

O motor de indução possui dois circuitos magneticamente acoplados: o estator e o rotor. Normalmente, os enrolamentos do rotor encontram-se curto-circuitados. Ambos, o estator e o rotor, possuem enrolamentos com resistência e indutância de dispersão. Es-ses enrolamentos são representados por resistência e indutância em série. A seguir, a Figura 3.4 ilustra a forma geral deste circuito equivalente por fase do motor de indução.

(40)

en-3.2. CIRCUITO EQUIVALENTE 25

Figura 3.4: Circuito equivalente por fase do motor de indução

rolamentos. A reatância magnéticaXme a resistência conectada em paralelo representam

o campo magnético gerado. Essa reatância magnética é responsável por gerar um fluxo que conecta o estator e o rotor e induzir tensão em ambos os circuitos.

É possível simplificar o circuito equivalente da Figura 3.4 referindo a impedância do rotor para o lado do estator. Assim, elimina-se a presença do transformador. Além disto, outra modificação a realizar no circuito equivalente é a separação da resistência do rotor em duas partes, conforme a Equação 3.10.

Rrot

s =Rrot+

[1s]

s Rrot (3.10)

A resistência total do rotor é inversamente proporcional ao escorregamento. Para o ba-lanço de potências na máquina é conveniente separar a resistência do rotor em duas partes, uma que representa as perdas térmicas nos condutores do rotor e outra que representa a potência mecânica interna da máquina.

Esta simplificação do circuito equivalente é possível através da implementação da Equação 3.17, a qual é obtida a partir dos seguintes passos:

No circuito da Figura 3.4, a reatância magnética cria um fluxo que une o estator e o rotor e induz um tensão em ambos os circuitos. Este fluxo magnético gira com uma amplitude constante e uma velocidade síncrona.

O valor rms da tensão induzida no estator é:

Vest=

Nest Φmax ωsy √

2 (3.11)

onde est representa o número de espira dos enrolamentos do estator Φmax representa o

fluxo magnético máximo eωsy representa a velocidade angular síncrona da máquina.

(41)

rotor.

A diferença de velocidade é calculada utilizando a equação de escorregamento:

sy−ωrot) =ωsys (3.12)

Logo, a tensão induzida do rotor é:

Vrot =

Nrot Φmax (ωsy−ωm) √

2 =

NrotΦmaxωsys √

2 (3.13)

Assim, dividindo a tensão induzida do rotor pela do estator, têm-se:

Vrot =

Nrot

Nest

Vests = Vrot s (3.14)

A reatância de dispersão do rotor é dada por:

Xrot = Lrotωsys = Xrot s (3.15)

A relação entre a corrente do rotor e a tensão induzida no rotor é calculada pela equa-ção:

Vrot = Vrot s = Irot (Rrot + j Xrots) (3.16)

Relacionando esta equação com o escorregamento, obtém-se a Equação 3.17 que pos-sibilita simplificar o circuito equivalente

Vrot_s=Irot(

Rrot

s +j Xrot) (3.17)

O resultado de toda essa simplificação pode ser visto na Figura 3.5.

(42)

3.2. CIRCUITO EQUIVALENTE 27

Os parâmetros do circuito equivalente da figura 3.5 são:

• Vest - Tensão de fase no estator;

• Vsup- Tensão gerada pelo fluxo resultante no entreferro; • Iest - Corrente elétrica de enrolamento do estator; • Xest - Reatância de dispersão do estator;

• Rc- Resistência elétrica de perda; • Xm- Reatância de magnetização;

• Irot - Corrente elétrica de enrolamento do rotor referida ao lado do estator; • Xrot - Reatância de dispersão do enrolamento do rotor referida ao estator; • Rrot - Resistência elétrica do enrolamento do rotor referida ao estator; • s - Escorregamento do motor.

Existem várias versões simplificativas do circuito equivalente na literatura sobre má-quinas elétricas. Não existe um consenso generalizado em como tratar o ramo paralelo que representa a magnetização do núcleo, ou seja, oRce oXm.

Neste trabalho, é utilizado o circuito equivalente recomendado pelo IEEE. O IEEE recomenda que a reatância de magnetização não seja deslocada junto a fonte e se conserve no seu lugar conforme a Figura 3.5. Entretanto, a resistênciaRcé omitida do circuito em

virtude das perdas no ferro estar reunidas nas perdas por atritos mecânicos e ventilação. Esta simplificação é mais bem designada em situações onde a força eletromotriz induzida nos enrolamentos possa variar de forma significativa em relação à tensão de entrada.

Após todas estas simplificações e modificações, a Figura 3.6 ilustra o circuito equiva-lente final utilizado neste trabalho.

Figura 3.6: Circuito equivalente simplificado final

3.2.1

Definição dos parâmetros do circuito equivalente

(43)

simples utilizado para a determinação das grandezas associadas ao motor em regime per-manente diante de aplicação de carga.

Realizar o ensaio em vazio, com rotor bloqueado ou travado e medir a resistência elétrica em corrente contínua por fase do enrolamento de estator são as maneiras usuais de determinar os parâmetros, R1, R2, X1, X2 e Xm. A realização destes ensaios deve

seguir metodologias e procedimentos presentes nas normas técnicas para obter resultados confiáveis.

O ensaio em vazio de um motor de indução fornece a informação sobre a corrente de excitação. Este teste é efetuado aplicando um sistema trifásico equilibrado de tensões aos enrolamentos do estator à frequência nominal. O rotor é mantido livre de qualquer carga mecânica. A pequena perda da potência que ocorre na máquina é devida às perdas magnéticas, às perdas por atritos mecânicos e ventilação e ainda perdas nos enrolamentos por efeito Joule [Gill. 2009].

O ensaio do rotor bloqueado fornece a informação sobre as impedâncias devido aos fluxos de fugas. Neste ensaio, bloqueia-se o rotor de modo que o motor não possa rodar. Assim, aplica-se um sistema polifásico equilibrado de tensões aos terminais do estator. O teste deve ser efetuado sob as mesmas condições de corrente e frequência em que o motor trabalha normalmente [Gill. 2009].

A resistência elétrica por fase do enrolamento de estator é determinada através da medição da corrente elétrica originada com a aplicação de uma tensão contínua entre os dois terminais da máquina. A medição é feita em corrente contínua para inibir a in-dução no enrolamento de rotor e evitar a medição conjunta da reatância do circuito de estator [Carcasi 2005].

3.2.2

Análise do circuito equivalente do motor de indução

(44)

3.2. CIRCUITO EQUIVALENTE 29

Torque no Motor de Indução

De acordo com a Figura 3.6 é possível calcular o torque desenvolvido no motor de indução sobre condições de operação em regime permanente. O torque eletromagnético do motor de indução pode ser calculado a partir do quociente da diferença da potência de entrada e das potências perdidas causada nas resistências do rotor e do estator pela a velocidade mecânica do rotor [Trzynadlowski 2001]. O conjugado eletromagnético é dado por:

Tem =

Pout

ω (3.18)

A potência de saída pode ser determinada pelo circuito equivalente utilizado o con-ceito de resistência equivalente de carga,RL. Assim, a potência consumida no rotor

cons-titui a potência transferida para a carga. Logo:

Pout = 3RLIr2 (3.19)

e

Tm =

3RLIr2

ω (3.20)

As correntes do estator e do rotor necessária para o cálculo do torque são determinadas a partir da equação em notação matricial:

" b Vs 0 # = "

Rs+Xs Xm

Xm Rsr+Xr # " b Is b Ir # (3.21)

que descreve o circuito equivalente da Figura 3.6. A reatância de magnetização é muito maior que ambas as resistências e as reatâncias de dispersão1. Assim, movendo a reatân-cia magnética para os terminais do estator no circuito equivalente, não altera-se signifi-cativamente a distribuição de correntes no circuito. Logo, o valor rms,Ir, da corrente do

rotor pode ser calculado por:

Ir =

Vs r

Rs+Rsr 2

+Xt2

(3.22)

ondeXt = Xs+Xrrepresenta a reatância de dispersão total.

(45)

Substituindo a equação 3.22 na equação 3.20 e utilizando equações simples de escor-regamento, o torque em regime permanente pode ser expresso por:

Tm =

1.5 π

pp

f V

2

s

Rr

s

Rs+Rsr 2

+X12

(3.23)

Assim é possível estabelecer a relação torque-escorregamento para diversos valores da resistência do rotor. Esta relação pode ser visualizada na Figura 3.7. A partir da equação 3.23, obtêm-se as equações de torque inicial e de torque máximo que auxiliam na análise do gráfico torque versus escorregamento.

Figura 3.7: Torque versus escorregamento para diferentes valores da resistência do rotor.

3.3

Influência das falhas nos parâmetros do circuito

equi-valente

A simulação do comportamento do motor de indução e suas falhas são implementa-das a partir implementa-das equações matemáticas e dos circuitos equivalentes explicados nas seções anteriores. Para o desenvolvimento do trabalho e uma melhor compreensão do comporta-mento da máquina, é necessário investigar o comportacomporta-mento dos parâmetros do circuito equivalente na presença de falhas.

(46)

3.3. INFLUÊNCIA DAS FALHAS NOS PARÂMETROS DO CIRCUITO EQUIVALENTE31

desta facilidade de detecção e análise de falhas no espectro da frequência, poucos estudos são realizados no intuito de identificar a presença de falhas somente no domínio do tempo. Sendo assim, nesta seção é abordado o efeito nos parâmetros do circuito equivalente devido a presença de falhas no motor.

3.3.1

Falhas rotóricas

Existem diversas falhas mecânicas e elétricas que afetam o funcionamento do rotor. A presença destas falhas na máquina provoca um distúrbio nos valores da resistência e da in-dutância rotórica desta máquina. Algumas falhas resultam em um aumento destes valores, bem como outras falhas tornam estes valores inferiores ao valor padrão da máquina.

As falhas relacionadas a resistência rotórica são geralmente obtidas de acordo com a teoria do campo girante, a qual considera a contribuição de cada campo magnético produzido pelos enrolamentos do estator e do rotor. Esta teoria afirma que uma falha ou uma assimetria rotórica provoca uma superposição de dois campos contra-rotacionais, que corresponde a reação rotórica para o campo girante estatórico de frequência f, gerando componentes de frequência±s f [Filippetti 2000].

A magnitude da influência de barras defeituosas no motor pode ser obtida conside-rando que o rotor é trifásico e composto por N barras e que a resistência de uma barra é representada porrb, logo:

rr ∝

rb

(N

3)

(3.24)

Assim, o incremento do valor da resistência rotórica é dado por:

∆R=3rr

n

N3n (3.25)

Portanto, é possível determinar a presença de barras quebradas à medida que∆R

apre-sentar percentuais entre 10% e 30% da resistênciarr [Filippetti 2000].

3.3.2

Falhas Estatóricas

(47)

No caso de falhas estatóricas, ocorre uma redução tanto na resistência como na indu-tância do circuito que compõe a máquina conforme a equação:

∆r=ρ∆l

A (3.26)

e

∆l= ∆lb

µ·Ab

(3.27)

sendo

• ρ: resistividade do material da bobina;

• ∆l: o comprimento do fio;

• A: Área da seção transversal do fio; • ∆lb: variação do tamanho da bobina;

• µ: permeabilidade do material do entreferro;

• Ab: área de seção da bobina.

Assim, uma variação no número de espiras da bobina provoca uma redução na resis-tência e indutância na mesma magnitude.

3.3.3

Falhas de contaminação

Contaminação constitui-se em um problema presente no motor originado a partir de elementos externos. Qualquer corpo estranho que for inserido no motor pode causar taminação, como por exemplo por óleo, poeira, umidade, entre outros. Todos estes con-taminantes afetam a isolação do estator, alguns reduzindo a capacidade de dissipação do calor, outros causando o colapso da isolação [Gill. 2009].

As falhas em contaminação causam efeito diretamente na indutância de magnetização, reduzindo o seu efeito. Além disto, esta falha prossegue causando efeito nos demais parâmetros da máquina, influenciando, também em redução, as resistências do rotor e do estator e as indutâncias do estator e do rotor.

3.4

Simulação do Motor de Indução

(48)

3.4. SIMULAÇÃO DO MOTOR DE INDUÇÃO 33

Todos os componentes referente a parte elétrica e a parte mecânica foram modela-dos utilizando o aplicativo SimulinkR do MATLABR R2008B. O ambiente simulink é

composto de um conjunto de bibliotecas com blocos que representam elementos de um sistema dinâmico, com dados de entrada e saídas, cujo comportamento é simulado a partir de modelos que envolvem a integração numérica dos sinais ao longo do tempo. O simu-link oferece um conjunto de métodos numéricos para resolução de equações diferenciais. O método de integração mais eficiente é o ode23tb, baseado no método Runge-Kutta, com passo variável [Dabney 1998].

A simulação do modelo matemático equacionado na seção 3.1 necessita dos parâ-metros elétricos e mecânicos do motor que servirão de base para a entrada de dados do sistema. Neste trabalho foram utilizados os dados mostrados na Tabela 3.2, os quais fo-ram fornecidos por um fabricante de motores elétricos (WEG - Catálogo Geral de Motores Elétricos).

Variável Valor

Potência 50HP

Resistência do Estator 0.123Ω

Resistência do Rotor 0.0958Ω

Indutância de Dispersão do Estator 0.00285H

Indutância de Dispersão do Rotor 0.00285H

Indutância de Magnetização 0.04376H

Frequência 60Hz

Número de Polos 2 Momento de Inércia 0.142kgm

2

Coeficiente de fricção 0.01

Tensão 460 V

Velocidade 3500 rpm Ligação Estrela

Tabela 3.2: Parâmetros do motor de indução trifásico

Para o desenvolvimento deste trabalho, optou-se por utilizar um motor de 2 pólos alimentado com 460 V, devido a uma aplicação industrial específica - método de eleva-ção artificial de Bombeio Centrífugo Submerso (BCS) - que utiliza motores com estas características em virtude do comportamento da carga em questão: cargas quadráticas.

(49)

3.4.1

Torque Mecânico

É apresentado nas Figuras 3.8 e 3.9 o gráfico do torque x tempo em diferentes situa-ções de carga. Em todos os gráficos de torque x tempo são apresentados duas variáveis: torque mecânico e torque da carga. Em termos de simulação, a implementação do tor-que da carga com a velocidade do eixo do motor é simples. A Figura 3.8 considera a situação de uma carga quadrática, onde o torque da carga é proporcional ao quadrado da velocidade angular do motor(ω):

T =kω2 (3.28)

O torque da carga do motor pode ser obtido pela fórmula:

T = Pm

ω (3.29)

sendo:

• T - Torque mecânico [N.m] • Pm- Potência mecânica [W]

• ω- Velocidade angular do rotor [rad/s]

• k - constante de proporcionalidade

Figura 3.8: Torque versus tempo com uma carga quadrática.

(50)

3.4. SIMULAÇÃO DO MOTOR DE INDUÇÃO 35

376,99 rad/s. Assim, com base nas equações 3.28 e 3.29, obtém-se o torque e a constante de proporcionalidade que modela esta expressão matemática agregando um torque da carga a cada passo.

Já a Figura 3.9 considera a condição de uma carga constante. Nesta situação, é apre-sentado o comportamento do torque mecânico submetido a uma carga constante. No instante de tempot=1 segundo, o valor desta carga é reduzida em 70%, permanecendo

constante durante um segundo. No instante de tempot=2 segundos, a carga constante é

restabelecida para o valor inicial.

Figura 3.9: Torque versus tempo com um pulso de carga constante.

É importante ressaltar que as simulações do motor de indução trifásicas consideradas ao decorrer deste trabalho não consideram o início do funcionamento da máquina. A Fi-gura 3.10 ilustra o comportamento desta mesma máquina considerando desde o princípio de seu funcionamento em vazio, ou seja, sem carga. É apresentado o comportamento da máquina em regime permanente.

3.4.2

Velocidade

Nesta subseção é apresentado o comportamento dinâmico da velocidade nas mesmas situações de carga consideradas na subseção anterior. As Figuras 3.11 e 3.12 ilustram estes gráficos de velocidade. Em ambos os gráficos de velocidade são apresentadas duas variáveis: a velocidade síncrona e a velocidade do motor.

(51)

Figura 3.10: Torque versus tempo sem carga.

motor em 3500 rpm, um pouco abaixo da velocidade síncrona da máquina. No instante

(52)

3.4. SIMULAÇÃO DO MOTOR DE INDUÇÃO 37

Figura 3.11: Velocidade versus tempo com carga quadrática.

A Figura 3.12 apresenta o comportamento da velocidade do motor em regime sub-metido por uma carga constante. Nesta simulação, a carga inicial é constante. No instante

t=1 segundo, esta carga constante é reduzida e, consequentemente, a velocidade do mo-tor aumentada. No instantet=2 segundos, a carga constante inicial é restabelecida e a

velocidade do motor regressa à 3590 rpm.

(53)

3.4.3

Correntes no Estator e no Rotor

Nesta subseção são mostradas as correntes no estator e no rotor mediante as duas situações já descritas nas subseções anteriores, ou seja, submetido a uma carga quadrá-tica e submetido a uma carga constante. As figuras 3.13, 3.14, 3.15 e 3.16 ilustram este comportamento.

Nas Figuras 3.13 e 3.14 é vizualizado o comportamento das correntes rotóricas e estatóricas sob carga quadrática e sob carga em vazio. Assim como nos gráficos de torque e de velocidade, nos instantes t =1 segundo e t =2 segundos, as cargas são alteradas.

Observa-se nestes gráficos de corrente a rápida estabilização e as grandes amplitudes pico a pico desta carga.

Figura 3.13: Corrente rotórica versus tempo com carga quadrática.

(54)

3.5. CONCLUSÃO 39

Nas Figuras 3.15 e 3.16 é vizualizado o comportamento das correntes rotóricas e estatóricas sob cargas constantes. Bem como nos gráficos de torque e de velocidade , nos insantest =1 segundo e t =2 segundos, a carga constante é reduzida e restabelecida, respectivamente. As variações são menos sensíveis nestes gráficos em virtude da própria carga ser constante e baixa.

Figura 3.15: Corrente rotórica versus tempo com carga constante.

Figura 3.16: Corrente estatórica versus tempo com carga constante.

3.5

Conclusão

(55)

Imagem

Figura 2.1: Fluxograma genérico de detecção de falhas em motores.
Figura 2.2: Espectro de corrente de um motor saudável e com barras quebradas.
Figura 3.2: Circuito idealizado para modelagem de um M.I.T. (Ong 1997) V as = r s i as + d λ as dt V bs = r s i bs + d λ bs dt V cs = r s i cs + d λ cs dt (3.1) V ar = r r i ar + d λ ar dt V br = r r i br + d λ br dt V cr = r r i cr + d λ cr dt (3.2)
Tabela 3.1: Funções matemáticas para cargas. Tipo de Carga Função Matemática
+7

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