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Planejamento de aplicações financeiras: um experimento natural em multideterminação

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Academic year: 2017

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(1)

1198900019nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(2)

PLANEJAMENTO DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS Um experimento natural em

multideterminação

Banca examinadora

Prof. Orientador: Dr. Peter K. Spink Prof. Dr. Ramon M.Garcia

(3)

PLANEJAMENTO DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS Um experimento natural em

multideterminação

Banca examinadora

Prof. Orientador: Dr. Peter K. Spink Prof. Dr. Ramon M. Garcia

(4)

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

EDUARDO DE MAGALHÃES ERISMANN

PLANEJAMENTO DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS Um experimento natural em

multideterminaçãoUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

F u n d a ç ã o G e t u lio V a r g a sZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

E s c o a . d e A d m in is t r a ç ã olkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

GVzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAdeE m p r e ! l a s d e S A oP a u lo

B ib lio te c anmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

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1 I

FEDCBA 1198900019

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da FGV-EAESP. Área de Concentração: Teoria e Comportamento Organizacional, co mo requisito para obtenção de ti tu lo de mestre em Administração.

Orientador: Peter K. Spink

1987

mzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

co

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F u n d a ç ã o G é lu lio V a r g a s E lic o la d e A d m in is t r a ç ã o d e E m p r e s a s d e s a o P a u lo

B ib lio te c a são Paulo

(5)

ERISMANN, Eduardo de Magalhães. Planejamento de aplicações financeiras: um experimento natural em multideterminação.

são Paulo, FGV/EAESP,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1987. 145 p. (Dissertação de Mes-trado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da FGV/EAESP,

Ârea de Concentração: Teoria e Comportamento Organizacio-nal) .

~esumo: Estudo de caso apontando experiência na area fi-nanceira em que a interface entre a organização e o públ~ co não se d~por crit~rios exclusivamente econ8micos. Ois cute a racionalidade e o desenho de sistemas sociais, co-rno proposto por Guerreiro Ramos e conclui com a conceitua ção de Banco Alternativo, avaliando quanto este ~ efetivo e quanto este ~ permeado por "razões substantivas".

(6)

AGRADECIMENTOS

Esta dissertação.só foi possível através da pesquisa realiza-da na República Federal da Alemanha, em Bochum, junto ao

Ban-co GLS "Gemeinschaftsbank fuer Leihen und Schenken" e or qanzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAí.zazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-çoes a ele vinculadas. Foi financiada dentro do escopo do "programme International de Management", em convênio com a Es cola de Administração de Empresas de são Paulo - Fundação Ge-túlio Vargas e da H.E.C. - "~cole des Hautes ~tudes Commercia les" Jouy - en-Josas - França.

A pesquisa desenvolveu-se no período de 21 de janeiro a 05 de abril de 1985, sendo que o convênio abrangeu o 29 Semestre de 1984 e o 19 Semestre de 1985.

Para sintetizar e organizar este material, foi imprescindível e inestimável o empenho dos Professores Doutores Peter Spink, Ramon M. Garcia e Esdras Borges Costa, desde o início, apoiag do-me desde a fase da concepção até o longo e enriquecedor pr~ cesso interativo aue culminou com este trabalho.

Por fim, agradeço a colaboração de Cira, Jandira, Lourdes e Pierre, sem a qual não teria sido possível a conclusão deste trabalho.

(7)

...ducados,FEDCBAducados ...

Kaspar Hauser.

(8)

S U M Â R I O

INTRODUÇÃOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

...

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1

1. QUADRO DE REFER~NCIA PARA ANÂLISE 15

2. O TRABALHO DE· CAMPO ;... 43

3. CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO 52

As razões da criação do banco em 1973 · A estrutura de custos e sua viabilidade

4. DESCRIÇÃO OPERACIONAL · "Modus Operandi"

· O fundo comercial do banco

...

77

· Os aspectos fiscais e as ligações com outras insti-tuições financeiras

· As razões da internacionalização e da reprodução do modelo

5. OS CRIT~RIOS DE RACIONALIDADE: SUA ATUAÇÃO, CONTEODOUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

E F O R M A S ...••...•....••.••.••....•...•... 9 3

· O processo decisório

· O questionamento. de uma ideologia meta-organizacio-nal e o grau de partilha de valores especificos

6. DISCUSSÃO: Aplicabilidade do Conceito no Brasil 126

7. CONCLUSÃO 137

(9)

8. REFER~NCIASFEDCBABIBLIOGRÁFICAS 142

9. ANEXOS 145

(10)

INDICE DE GRÂFICOS., SIMBOLOS, ESQUEMAS, TABELAS E CRONOGRAMA

CRONOGRAMAzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

····.···,···

..,,~.. ·.tI.··

,.·· ..· ·· .. ··.·

50, 51 GRÂFICO 1 - Depósitos Cem milhoes de DM 1974-1984) 65 GRÂFICO 2 -.Participação dos associados (em milhões de

DM 1974 -19 841 ...•... 66 68 GRÂFICOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA3

-

Créditos Cem milhoes de DM)

...

GRÂFICO 4

-

Liquidez Cem milhoés de DM 1974-1984)

GRÂFICO 5

-

Créditos Administrativos (em milhões de DM 1974-1984)

...

70

70 TABELA 1 - Custos internos do GLS x Taxas de juros na

Alemanha ...•... 72 TABELA 2 - Classificação das "Genossenschaften" de

acordo com total do balanço . 74

TABELA 3 - Custos internos de pessoal x Total do

ba-lanço 74

ESQUEMA 1 - Articulação local do GLS 79

SIMBOLO 1 - Débito e crédito 106

SIMBOLO 2 - Empréstimos e doações x dinheiro 106 SíMBOLOS 3 e 4 - Atuação localizada e focalizada de

de-terminada ação ...•..•... 107 SíMBOLO 5 - Ausência de diálogo entre área produtiva e

cons umidore s 107

SíMBOLO 6 - Existência de diálogo entre produtores e

consumidores 108

GRÂFICO 6 - Dinheiro x Mercadorias Fisicas e ~ateriais 109

GRÂFICO 7 - Empréstimo x Poupança 110

(11)

GRÂFICO 8 - "Campo de força" do ciclo de compra... 110 GRÂFICO 9 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBADoaçâo . . . • . . . .. 111/115

GRÂFICO 10 - Processo de compra 112/115

GRÂFICO 11 - Produtor

x

ConsumidorzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

...

116

GRÂFICO 12 - Dominação do produtor 117

GRÂFICO 13 - Ausência de diálogo entre produtor e consu-ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

m i d o r 1 1 9

GRÂFICOS 14, 15, 16 e 17 - Diálogo entre produtor e

con-sumidor 119/120

GRÂFICO

18 -

Grupos de emprestadores x Grupos de poupad~

res e o papel de intermediação bancária cri~

t i v a 1 2 3

(12)
(13)

2

-INTRODUÇÃO

Mui to antes de Guerreiro Ramos desenvolver conceitos corno a "razão substantiva", o campo organizacional vem sendo palco constante de buscas alternativas, seja a nível teórico, seja no próprio terreno da experimentação. Esta busca de alterna-tivas vem desde o começo da humanidade. Para o desenvolvimen-to do nosso quadro teórico partimos da Revolução Francesa, b~ se da sociedade moderna, início do processo de revolução in-dustrial. Isto nos permite analisar estas a Lternati vas, a partir de todo o quadro teórico que se foi formando desde en-tão. De fato, com o surgimento da nova sociedade, também vao nascer as raízes do pensamento sociológico moderno, e de toda a literatura "organizacional".

As primeiras destas a Lterna tivas estão .vinculadas a um campo de pensamento que poderia ser chamado."revolucionário", ou se ja, que parte dos ideais da Revolução Francesa, e de onde prQ vem o socialismo utópico, o socialismo crítico e posteriorme~ te o próprio socialismo científico, aliados a experimentos co munitários de maior ou menor expressa0. No mesmo momento, PQ rem, começa a emergir outro campo de pensamento, campo contr~

revolucionário que , reagindozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

à

necessidade de abertura, cria um liberalismo que,junto com o positivismo emergente, deságua

nas teorias

-=

organizações clássicas e na razão moderna, que será examinado no próximo capítulo, quando discutiremos a questão da racionalidade.

(14)

- 3 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

dos Iguais" de Babeuf, renunciando ~ traiç~o, aoszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAprlnclplos

.

~.

revolucion~rios e ~ "contra-revoluç~o" embutida na

Constitui-ção de 1795.

Reprimida a "Sociedade.dos Iguais", seus membros estabelecem, na clandestinidade, um novo diretório e elaboram uma consti-tuiç~o .própria, que prevg "uma grande comunidade nacional de bens" e j~ detalha o funcionamento .de uma sociedade planeja-da, com o déspovoamento das cidades e repovoamento de al-deias, educaç~o igual para todos, revezamento no trabalho, e inclusive refeições, sendo feitas em mesas comunitárias (I).

Babeuf ser~ preso, julgado e guilhotinado em 1797. Sua defe-sa, que invoca todos os ideais originais da Revoluç~o France-sa, só será publicada quase um. século após ter sido pronunci~ da. Os igualitaristas e coletivistas que surgirão logo nos primeiros anos do século seguinte, embora pertencendo pratic~ mente ~ mesma geraç~o de Babeuf, já fazem parte de um outro mundo. De fato, em todos os socialistas utópicos que apare-cem no início do século XIX, o que vemos são formulações teó-ricas que partem do idealismo social de um patrocinador incon formado com os rumos do liberalismo, e que dão origem a expe-rimentos comunitários diversos dentro do quadro .mais amplo da

RevoLuçâo Industrial. Este quadro pode ser observado a

par-tir de St. Simon (que previa a queda. do Ancien Régime, mas

(L) WILSON, Edmund. Rumo

à

estac~o Finlándia, escritores e

atores da história. são Paulo, Companhia das Letras,

(15)

4

-que via na Revolução apenas um "principio destruidor",zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé

cujas formulações eram iluminadas por aparições de Carlos Ma~ no) e indo até Fourier, Owen, Cabet, Noyes e outros.

St. Simon opunha

à

velha politica da Revolução e

à

politi-ca de Bonaparte, a idéia de que os objetivos da sociedade, na verdade, estavam relacionados

à

questão "da produção e do cog sumo, e que a solução consiste basicamente em ajustar os inte resses em conflito, ou seja, em simplesmente controlar o tra-balho e as condições. de trabalho".

Estas noçoes embasam o pensamento que daria origem ao movimen

to cooperativo, cujo marco principalzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe~ a fundação em 1844,na Inglaterra, da Sociedade Rochdale. O mesmo vale para as notá

veis experiências de Robert Owenque transforma o cotonificio de New Lanark, na Escócia,em uma comunidade de alto padrão de vida e considerável nivel de instrução. Posteriormente, Owen leva suas idéias aos Estados Unidos, onde em 1824 instala na cidade de New Harmony uma comunidade .. Esta foi adquirida aos rappistas, e a despeito de seu insucesso, gera dezenas de ou-tras comunidades owenistas americanas.

(16)

ideoló-- 5 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

gicas, das quais uma das mais bem sucedidas é a Comunidade de Oneida (1847-1879), formada por John Humphrey Noyes. Todas estas comunidades apresentam um ponto em comum: a vinculação direta a um líder idealista, o patrocinador, tendendo a desa-parecer com esta, e o fa to de se pretenderem pequenos mundos novos ou ilhas fluentes dentro do velho.

Segundo Edmund Wilson (2), "nenhum destes idealistas compree~ dia o mecanismo real das mudanças sociais,. nem podia prever o inevitável desenvolvimento do sistema que tanto detestavam. Só lhes restava criar sistemas imaginários os mais contrá-rios possíveis aos que existiam na realidade e tentar cons-truir modelos de tais sistemas, na esperança de que o exemplo fosse imitado. Era isto que a palavra socialismo designava quando começou a circular na França e na Inglaterra por volta de 1835".

A crítica de Proudhon ao fourterismo resume bem a base das crí ticas formuladas ao pensamento do socialismo utópico: "Em po-lítica, assim como em economia social, a epigenesia, como di-zem os fisiólogos, e um princípio radicalmente falso. Para mudar a constituição de um povo é preciso agir ao mesmo

tem-po sobre o conjunto e sobre cada parte do corpo polit.í.co ... "zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA (3) •

(2) WILSON, Edmund. Rumo a estação Finlândia ... p.lOO.

(17)

- 6 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Este tipo de critica constituirá a base da contradição que d~ rante décadas, e ainda hoje, permeia discussões entre o socia lismo científico (materialismo histórico e dialético) e cor-rentes idealistas que também se propõem como alternativas as formações sociais e organizacionais de origem liberal-capita-lista. O próprio Proudhon será, por seu turno, vitima das ironias de Karl Marx, quando passar a formular suas teorias a partir dos sistemas de grupos. Esta contradicão se expressará ao longo destas décadas das mais variadas formas, e a encon-tramos de forma implícita em quase todos os modernos teóricos das organizações. Assim e que, segundo Richard Hall (4) ,

" da análise de Crozier sobre as organizações francesas fica claro que o meio geral que cerca as organizações exerce um tremendo impacto sobre a forma como esta e estruturada e manejada, assim como sobre as metas a que se propõe atingir". Implicitamente a questão que sempre está por se resolver é a luta para mudar este "meio geral" mais amplo ou fugir do esta belecido e tradicional, criando alternativas locais.

Na área da análise institucional foi introduzida a noçao de "contra-instituição" que tenta formular alternativas teóricas a esta contradição. A análise institucional é fruto de expe-rimentos surgidos do pós-guerra, notadamente na área das ins-tituições psiquiátricas e posteriormente das instituições edu cacionais, colocando como lugar de origem da sociologia a con tradição entre a revolução e a contra-revolução; a primeira

(18)

-j -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

produzindo ou atualizando-se a través de contra-instituições, e a segunda buscando reestabelecer instituições. Formalmente, a contradição se expressa entre urna determinada ordem insti-tuida e uma ação instituinte (5).

De uma certa maneira, esta formulação se repete em todas as principais alternativas organizacionais e/ou institucionais surgidas em nosso século fora do campo do socialismo cientif~ co. Por exemplo, as experiências anarquistas na Espanha em 1936, que foram formuladas a partir do pressuposto de que "s5 no terreno da prática e da comprovaçao das teses de cada

gru-po e que se gru-pode comprovar quais (dogmas) se ajustam melhorzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà

necessidade do homem" (Sa).

o

que verificamos de comum em todas estas experiências, recen tes ou não, é a tentativa de propor alternativas a questão tanto da exploração, como da prôp.r í.a alienação, definida não só do ponto de vista marxista. O que se buscava era um equi-librio entre o individual e o social (ou comunitário), em que se colocou a questão da produção e da distribuição da riqueza,

introduzindo na questão da riqueza, além do parâmetro "quantizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

.

-tativo", a discussão de sua "qualidade", assunto que será di~ cutido mais amplamente no decorrer deste trabalho. Assim, já as cooperativas e comunidades de meados do século XIX se deba tiam com problemas de criacão de novas formas e conteúdos, de

(5) LAPASSADE, Georges. Groupes, organisations, institutions. Paris, Gauthier-Villars ~diteur, 1974

(19)

8

-estruturas para reduzir a motivação baseada unicamente no lu-cro e na competição, como também enfrentavam o dilema da rela ção produção x consumo.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

processo nao pára. Recentemente, percebemos em vários paí-ses de origens diversas, formas de desenvolvimentos semelhan-tes. Na Espanha, além das experiências anarquistas, vale ci-tar a experiência de Mondragon e a Caja Laboral a ela liga-das. Embora bastante diversa da primeira, por não expressar uma proposta política de nível nacional, a experiência de Mo~ dragon apresenta-se como alternativa de organização, sendo uma experiência típica de ligação íntima de cooperativas locais e atendimento a necessidades da própria comunidade. Os fluxos de financiamento e de criação de novas atividades ocorrem de e para a comunidade na qual se originam (6) e integrando dez~ nas de empreendimentos de natureza industrial e agrícola li-gadas a um empreendimento de natureza financeira e vinculados

à população local.

De natureza diferente, mas também surgindo como alternativas institucionais, veremos nos últimos trinta e cinco anos o sur gimento de dezenas de instituiç6es psiquiátricas calcadas em práticas que, mais tarde, foram denominadas análise

institu-(6) WORKER-OWNERS. The Mondragon Achievement. The Caja Labo-ral Popular and The Mondragon Co-operatives in the Basque Provinces of Spain. Anglo German Foundation for the

(20)

9

-cional. Historicamente, este movimento detonou no pos-guerra por F. de Tosquelles, e outros psiquiatras preocupados com a questão do asilo e do tratamento em instituições fechadas. O movimento que gerou os mais diversos experimentos chegou a atingir, em alguns paises, resultados.impressionantes em ter-mos psiquiátricos. Mas, mais que isto, deu origem a novas con cepções de atuação politica e institucional que permitiam ver melhor o papel da instituição no processo de transformação sQ cial (7). Neste sentido, a constituição do "Reseau de Psychi~ trie Alternative", com ramificações em dezenas de paises (e inclusive, recentemente, no Brasil), represe~tou uma das for-mas utilizadas para se procurar entencer o papel politico de~ tas instituições alternativas, muitas das quais com modelos de tendências nitidamente auto-gestionária, e procurando an-pliar as formas de articulação com o "meio ambiente". Concei-tos como o da micropolitica (cf. F. Guattari/G. Deleuze e me~ mo M. Foucault), suas articulações com os macro-cortes sociais e econômicos e novas reflexões sobre as articulações entre a estrutura e a super-estrutura social, seguindo a terminologia marxista, permitiram a estes teóricos formular e experimentar alternativas de atuação institucional, visando a transforma-ção, bem como no espirito do conceito das contra-instituições.

(21)

10

-Na literatura organizacional encontramos outras tentativas que também buscam abrir novas formas cujos valores não são ex clusivamente baseados nos critérios da racionalidade econômi-ca. Este tipo de pensamento é uma busca constante para, pelo menos, um autor brasileiro da teoria das organizações: Guer-reiro Ramos. Mesmo autores corno A. Toeffler, ou os ligados ao Clube de Roma, têm sugerido alternativas dentro das socieda-des que as possam transformar e levar a soluções de equilíbrio mais amplo entre o homem e a natureza.

Se é verdade que de certa forma toda esta discussão tem ocor-rido mais fora do Brasil, sendo muitas vezes vista aqui corno um luxo de nações ricas, sem problemas relevantes de escassez graçaszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà exploração dos países do terceiro mundo, também é verdade que estes experimentos têm despertado cada vez mais interesse por dois aspectos essenciais: o primeiro, "técnico", na medida em que propõe novas formas de agenciamento e articu lação organizacional e o segundo, político, na medida em que este agenciamento não é visto do ponto de vista da organiza-ção ou do grupo fechado (como as propostas dos socialistas utópicos que acreditavam na "epigenesia" criticada por Proud hon) , mas da própria articulação a nível social, ramificando-se mesmo a nível internacional e inserindo-se ativamente no quadro das transformações sociais e econômicas.

(22)

àrganizacional e a nível de articulação social e enquanto pr~ duto de seu próprio meio ambiente. Vale notar que o fato des ta experiência ter surgido no Ruhr é por si só significativo. O Ruhr e a região mais industrializada, mais "rica" e também a mais poluída da Alemanha. Além disto, ao longo de todo este século foi palco de urna interminável série de violentos con-frontos de classe, alguns dos quais terminaram em catástrofes que deixaram marcas profundas nas últimas três gerações do proletariado e da população corno um todo da região. (8)

Mas, o principal atrativo para a tentativa de descrição e aná lise desta organização, não reside em seu tamanho nem no volu me financeiro movimentado, ou qualquer outro parâmetro da área técnica de gestão bancária, e nem sequer no fato de que a at! vidade bancâria simboliza um dos pólos fortes do capitalismo. Reside sim, principalmente, no tipo de racionalidade que a r~ ge. Inicialmente inferimos que esta racionalidade possibilita o desenvolvimento de processos multideterminados.

Desta forma, para examinar esta experiência enquanto "alterna tiva" e pesar o quanto ela é efetivamente a Lternati va, sera

necessário valermo-nos da discussão de Guerreiro Ramos quantozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

à razão substantiva e a razão funcional ou instrumental, que veremos no capítuloZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1 .

(8) MOORE JR., Barrington. Injustiça: as bases sociais da exis

(23)

12

-No momento de descrever a experiência, a primeira dificuldade surgida foi a da própria explicação da terminologia usada. Já no titulo deste trabalho - Planejamento de Aplicaç6es Finan-ceiras: Um experimento natural em multideterminação - encon-tramos um enunciado que exige reflexão. O capitulo 2, em que se caracteriza a organização, mostrando o processo que culmi-nou com a criação do banco em 1973, recupera a perspectiva do experimento "natural". Os capitulos seguintes, onde se anali-sa e se descreve o "modus operandi" do banco, os aspectos de seu dia-a-dia e, posteriormente, sua dinâmica estrutural e seu processo decisório nos levam a visualizar os asoectos de multideterminação. Ou seja, propõe-se, neste trabalho, o en-tendimento da terminologia e de sua acuracia indissociavelmen te ligadoszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà descrição do experimento. A clarificação dos co~ ceitos utilizados dá-se, portanto, em um processo interativo no constante confronto com o texto e também decorrentes do qu~ dro de referência escolhido.

Ainda, como fonte preponderante de dificuldade, temos o pro-prio desenvolvimento de uma metodologia de estudo de caso que ao mesmo tempo sej a transparente e capaz de clarear o obj e-to estudado e dê conta da riqueza, da amplitude e do conteú-do conteú-do experimento analisado.

(24)

técni 13 técni

-ca se combinam, interagem e são interdependentes. Esta fase de pesquisa do obj eto ocorreu entre os meses de janeiro e abril de 1985, quando nos foi dada a oportunidade de fazer um estágio no banco.

Cumpre ainda observar que em vários momentos, principalmente no que tange aos processos decisórios, fica difícil dissociar a vertente t~cnica la nível de efici~ncia e eficácia bancária, p. ex.) da vertente sócio-cultural, o que ~ decorrência das próprias características do experimento. De toda forma, atra v~s da vivência intensiva com os atores na produção, e corno re presentante da instituição durante três meses, foi possível

criar urna massa crítica para dar iníciozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà exploração das

con-seqüências e alternativas que o caso apresenta.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

trabalho com

os atores na pesquisa de campo transcende os aspectos acadêmi cos, urna vez que tivemos a oportunidade de ser utilizados co-rno força de trabalho em inúmeras funções. ·Assim, participamos ativamente na produção, e houve inclusive a ocasião para atu~ mos corno representantes e membros da equipe quando da realiza ção de um seminário internacional, com a participação de ou-tros bancos associados e não associados, em Sussex, na Ingla-terra (de 14 a 18 de fevereiro de 1985). Decorrentes desta pr~ ximidade e da imersão no objeto de estudo surgem novas neces sidades

à

medida em que avançamos em nosso plano de explici-tar o que for possível desta experiência. Não proposita, este estudo, "filiar" ideologicamente o experimento em questão.

(25)

14

(26)

C A PzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAI T U L O 1

Q U A D R O P E R E F E R ~ N C I A

(27)

16

-A montagem do quadro de referência para análise passa

basica-mente por duas ~erguntas:

la. O que e um estudo de caSai o que é necessário para um

es-tudo de casozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA?

2a. O que se precisa para este caso ?

A primeira pergunta leva diretamente ao trabalho de campo e à

metodologia de pesquisa utilizada, o que será tratado no capi tulo seguinte.

A segunda pergunta leva diretamente ao quadro de referência para análise:

Para descrever um banco precisa-se de uma série de "lentes" para lidar com ele enquanto fenômeno, isto é, verificar seu mercado, estrutura, cultura, etc., e todos os instrumentos p~ ra verificação de seu desempenho, a começar pelos parâmetros financeiro-operacionais e quantitativos, chegando até areas de análise qualitativa quando se observa o comportamento org~ nizacional.

Ora, como se infere tratar-se de um banco alternativo, preci-sa-se, além dos instrumentos comuns para esta verificação, de um suporte teórico para esta empresa, colocando-se a seguinte pergunta:

3a. Até que ponto este banco é de fato alternativo ?

Por outro lado, para a descrição técnica é preciso responder a outra pergunta:

4a. Até que ponto ele é efetivo ?

(28)

qualida 17 qualida

-des "diferentes" que ai implicam, mesmo que de forma radical. Este suporte teórico encontra-se em Alberto Guerreiro Ramos, sociólogo, brasileiro e negro. Focalizou-se a atenção para o livro "A Nova Ci~ncia das Organizaç6es: Uma Reconceituação da Riqueza das Naç6es". (9)

Com Guerreiro RamoszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAt.ern+s e acesso para esta diferenciação do

"alternativo",primeirarnente através de toda a discussão da ra cionalidade, culminando na critica a que ele chama de "razão moderna" ou instrumental e a "razão substantiva", o que sera visto a seguir, quando também, dando seqU~ncia, serão discuti dos alguns parâmetros básicos para o desenho de sistemas so-ciais.

Para responder à 4a. pergunta valeu-se dos instrumentos técn! cos de análise financeira, mostrando que em termos de crité-rios normais ele é efetivo, vistos ao final deste capitulo na conceituação de parâmetros financeiros. Todavia, como o seu desempenho so e parcialmente explicável por dados técnico-qua~ titativos, aqui também é necessária uma rediscussão qualitat! va, valendo-se ainda de Guerreiro Ramos, principalmente no que tange aos parâmetros, tecnologia, tamanho, cognição, espaço e tempo, bem como dos paradigmas da delimitação de sistemas so-ciais.

Retomando as consideraç6es desenvolvidas na introdução, pode-se dizer que a contraposição que Guerreiro Ramos faz entre um

(29)

18

-modelo de análise de sistemas sociais e de delineamento de

múltiplos centros, e o modelo atual centralizado no mercadozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé

uma das chaves para o entendimento deste trabalho e da expe-riência que ele enfoca. Guerreiro Ramos sustenta que a teo-ria das organizações centrada no mercado não e aplicável a todos os tipos de organizações e atividades: "A aplicação de seus princípios (das teorias centradas no mercado) a todas as formas de atividade está dificultando a atualização de

pos-síveis novos sistemas sociais, necessárioszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà superação de di-lemas básicos de nossa sociedade". (10)

~ por esta porta que se encontrará a motivação para a descri-ção deste obj eto de estudo, uma vez que se trata de uma or-ganização que não tem como foco o mercado "stritu sensu". Co-mo se verá a seguir, apesar de incorporação de valores reli-giosos dentro de normas, pode-se observar que a validade da análise nassa pelo conjunto de valores operacionais que prag-maticamente são relevantes. Naturalmente, dentro do atual con texto social "normalizado~ hostil a criatividade e gerador de culturas de compulsão ao consumo, o fato de encontrar-se den-tro de uma organização. uma razão substantiva já é motivo sufi ciente para, ao menos, documentá-la. Para isto, sera necessa-~ ~ rio descrever alguns dos valores de vida compartilhados inter-namente, e que funcionam como elementos de auto-identificação mínima entre os integrantes e participantes do experimento,

já que se está movendo em outro campo de racionalidade para o qual ainda existem poucas formas explicitadas.

(30)

19

-Infere-se que a delimitação dos sistemas sociais dentro do mo delo mul ticêntrico de Guerreiro Ramos se coaduna com o ideá-rio básico do objeto de estudo, o qual também "considera o mercado como um necessário porém limitado enclave da socieda-de". O próprio Guerreiro Ramos afirma que o modelo implícito na teoria dominante de organização desconsidera exigências c~ mo as ecológicas, por exemplo, e portanto não se coaduna com o atual estágio das capacidades de produção. (11)

Assim, procurar-se-á, através do modelo alternativo de uma "teoria substantiva da vida humana associada", distinguir nes ta análise, o valor ou racionalidade substantiva da racionali dade funcional, instrumental, advinda da sociedade e das org~ nizações centradas no mercado.

~ importante salientar que, no contexto, Guerreiro Ramos colo ca a questão da racionalidade, já que "a palavra razão difi-cilmente poderia ser posta de lado, por força de seu caráter

central na vida humana ... ".zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA(12)

Classicamente, o conceito de razão sempre implica numa facul-dade e também numa questão normativa com decorrências éticas. Em Leibniz, ver-se-á a razão identificar-se com o conhecimen-to natural, enquanto oposto ao conhecimento revelado, objeto da fé. A razão aparece então como sendo um sistema de princ! pios a priori, cuja verdade independe da experiência, e que podem ser logicamente formulados.

Este sentido, dado à razão, é favorecido por Kant em sua cate goria da razão pura, ou seja, tudo que no pensamento e a pri~

(31)

20

-ri não provem de experiência. Esta razao será teórica ou es-peculativa, quando concerne exclusivamente ao conhecimento e, neste caso, ela funda a ciência, e será prática quando consi-derada como contendo o principio a priori da ação, ou seja, a regra da moralidade. Para Kant, a razão, teórica ou prática, é a forma da universalidade. O entendimento resul ta das re-lações entre esta forma com o espaço, o tempo e a intuição sensivel. Esta distinção domina o racionalismo pós-Kantiano, e tem enorme importância histórica. Como afirma P. F. Pécaut, " se reconhecemos que o entendimento muda, não sera a ra-zao, ao menos enquanto ideal, que determina a direção destas mudanças como talvez também a das mudanças nas regras de

mo-ralzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA?" (13). E de fato, como salienta Habermas (cf. G.R.), na

filosofia de Kant "já aparece o conceito de um interesse da razão" vir a encarnar-se na vida social.

Com Hobbes, aparecerá pela primeira vez a "razão moderna", de finida como sendo "o cálculo utilitário de conseqtlências". Se gundo Guerreiro Ramos, o que virá a partir de então será uma "transavaliação" da razão, que passará a servir de legi timação da sociedade moderna em busca exclusivamente utilitária. Guer reiro Ramos vê toda a teoria das organizações e a própria ciência social estabelecida no Ocidente, fundamentando-se ne~ ta racionalidade instrumental, particularmente caracteristica

do sistema de mercado vigente nos últimos 20O anos.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAf; neste

(13) PECAUT, P. F. Citado em: LALANDE, André. Vocabulaire critique et technique de la philosophie. Paris, PUF,1976,

(32)

21

-sentido que ele dirá que "premissas epistemológicas erroneas (no dominio social) passam a ser um fenômeno cripto-politico, quer dizer, urna dimensão normativa disfarçada imposta pela configuração de poder estabelecido."

Guerreiro Ramos analisará então a avaliacão critica desta ra-zão moderna, empreendida por alguns estudiosos contemporâneos, e identificará junto com estas avaliações o fato de que a ra-cionalidade se transformou numa categoria sociomórfica, ou se ja, "interpretada corno um atributo dos processos históricos e sociais, e não corno força ativa na psique humana".

De Weber extrairá as diferenças entre a racionalidade formal e instrumental (ZweckrationalitãtJ e a racionalidade substan-tiva (Wertrationalitãt), a primeira sendo determinada por urna expectativa de resultados ou "fins calculados", e a segunda "independente de suas expectativas de sucesso" e não caracte rizando nenhuma acão humana interessada na "consecução de um resultado ulterior a ela". Weber, ao contrário de teóricos "fundamentalistas", identificará a burocracia com a racional i dade funcional "no contexto peculiar de urna sociedade capta-lista centrada no-mercado".

A avaliação de Mannheim destacará a constatação do fato de que "a influência ilimitada da racionalidade funcional sobre a vida humana solapa suas qualificações éticas" e de um con-seqüente "declinio das faculdades de critica do individuo, na proporçao do desenvolvimento da industrialização".

(33)

- 22 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

com Horkheimer e Adorno, que o enfoque marxista da racionali-dade já encerra a clivagem do conceito da razão empreendida pelo Iluminismo, a despe ito de ter pretendido despoj ar o ra-cionalismo .do século XVIII de "seus traços mecanicistas". Horkheimer, em particular, irá mais longe em sua avaliação ao

identificar a ligação dazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBArazao

-

como um fator de compreensão ética, moral e religiosa" (14) a desnaturação da própria

lin-guagem, reduzida, segundo ele, "a mais um instrumento no gi-gantesco aparelho de produção, na sociedade moderna".

Habermas, por sua vez, retomará Kant para procurar restaurar o conceito de um interesse racional. Procurando recuperar as origens do pensamento de Marx depurado em suas opiniões sobre a racionalidade, Habermas pretenderá erigir uma teoria críti-ca da sociedade "como instrumento para estabelecer o primado da conduta racional na vida social". Distinguirá a açao

-

ra-cional ou ação instrumental com propósito de urna ação de comu ní.caç âo ou simbólica; "o que mantém urna sociedade em

funcio-namento como importante ordem coesiva é a aceitação, pelos seus membros, dos símbolos através dos quais ela faz sua pró-pria interpretação". Desta forma, o "significado", na vida h~ mana e social, é obtido através da prática da açao

-

simbóli-ca". (15) O que Habermas irá observar é que na sociedade

in-(14) HORKEEIMER, citado em Guerreiro Ramos, Alberto. A nova ciência. .. p. 9

(15) HABERMAS, J. A reconstrução do materialismoZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAH i s t ó r i c o .

(34)

23

-dustrial o significado subordina-se "ao imperativo do contro-le técnico da natureza e da acumulação do capital", ou sej a, estabelecendo-se o primado da razão instrumental sobre o sig-nificado.

Em Eric Voegelin, Guerreiro Ramos verá um trabalho de restau-ração da razão corno"realidade independente da nossa palavra ", ou seja, não como um produto convencional da linguagem e nem

sequer da história. A descoberta dazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBArazao

-

pelos filósofos místicos gregos, segundo Voegelin, não e um produto histórico

singular, mas "dá início a um período de formação da alma hu-mana" . Desta forma, Voegelin afirmará que uma sociedade ra-cional pressupõe a validade perene do paradigma clássico de boa sociedade, não concebida como um estágio culminante e de-finitivo, mas também ela própria sujeita

ã

entropia. A razão, mais que um paradigma perene, e aqui quase um arquétipo e a relação das histórias e culturas singulares com a razão se da ria seja através dos mitos, seja de outras formações singula-res, o que permite traçar um paralelo com as relações que Kant estabelece entre as categorias da razão por um lado, e do en-tendimento, por outro.

(35)

- 24 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

desaparece num mundo em que o cálculo utilitário de conse-qüências passa a ser a única referência para as ações humanas. O que importa reter, para efeitos deste trabalho, é que Guer-reiro Ramos vê na teoria corrente da organização, corno de res to em toda a moderna teoria sociológica, nada mais que urna teorização de "cunho normativo geral do desempenho implícito

na racionalidade funcional". Ao entender que a razãozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA"é o conceito básico de qualquer ciencia da sociedade e das organi

zações", Guerreiro Ramos vê a razao moderna (racionalidadefun cional) em vias de esgotar suas possibilidades, por ser "teo-ricamente incapaz de oferecer diretrizes para a criacão de es paços sociais em que os indivíduos possam participar de rela-ções interpessoais verdadeiramente autogratificantes". (16)FEDCBA

~ neste sentido que identificará, como sendo propósito da cri

tica a razão moderna, a preparação do desenvolvimento de urna nova ciência das organizações, calcada no papel da racionali-dade substantiva, contraposta à razão instrumental.

Quando afirma que toda teoria da organização pressupõe urna ciência social de mesma natureza epistemológica, e que, por-tanto, à nova teoria da organização deve corresponder uma ciên-cia sociên-cial substantiva, Guerreiro Ramos definirá o papel des-ta racionalidade substantiva: "A disposição característica da idade moderna reflete uma premissa não articulada sobre a natureza humana, a de que a própria natureza humana é um dado

(36)

25

-histórico. ~ evidente, portanto, que a ciência social formal nunca poderá alcançar o nível de uma teoria verdadeiramente crítica. Na realidade, nem a história, nem a sociedade, pode criticar a si mesma, porque o instrumento da medida para esta crítica não se contém em nenhuma de suas eoisódicas configur~ ções. Ao contrário, o instrumento de medida e um comoonente das estruturas básicas da natureza humana, que se atualiza di ferentemente em diferentes culturas e períodos. A história e um simpósio permanente , inteligível, no qual todas as gerações se compreendem umas às outras. Mas não é a própria história que nos permite ser inteligíveis e inteligentes. Antes, é a razão, em sentido substantivo, que capacita os seres humanos a

com-preenderem as variedades históricas da condição humana". (17)zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

Desenho de Sistemas Sociais na Teoria de Guerreiro Ramos

Abordar este objeto de estudo, o banco GLS - a partir da con-sideração de que o mesmo se articula segundo critérios dife-renciados de racionalidade que não se coadunam necessariamen-te com os critérios da razão instrumental predominante, exi-giu uma breve discussão do próprio conceito de razão e sua i~ serção nas "ciências sociais formais" e na teoria das organi-zações, bem como a introdução do conceito de razão

(37)

26

-va, conforme caracterizado por Guerreiro Ramos.

Da mesma forma, fica claro que o exame deste obj eto exigirá parâmetros de análise que possam dar conta da pluraridade de um experimento multicêntrico, orientado por critérios da ra-zão substantiva.

Corno afirma Guerreiro Ramos, "já está disponível a perícia técnica para o ,desenho e o controle de sistemas sociais econo micos. ~ menos do que suficiente a perícia técnica para o de-senho e controle de sistemas sociais em que as atividades eco nômicas sejam, na melhor hipótese, de caráter incidental"; o que o leva a identificar corno tóp~co fundamental de urna nova ciência das organizações a "lei dos requisitos adequados" : "de modo específico, a lei dos requisitos adequados estabele-ce que a variedade de sistemas sociais e qualificação essen-cial de qualquer sociedade sensível às necessidades básicas da atualização de seus membros, e que cada um desses sistemas sociais determina seus próprios requisitos de planejamento".

(18)

Conforme indicado na introdução deste trabalho, a clarifica-ção dos conceitos utilizados dar-se-á em um processo interati vo no constante confronto do texto com o próprio objeto de es tudo.

Entretanto, seguindo o próprio Guerreiro Ramos, também "pode-mos nós valer de algumas dimensões principais dos sistemas so

(38)

- 27 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

ciais" como parâmetros de análise a nível micro, ou seja, de como o nosso objeto de estudo, o banco GLS, se comporta com

referência às dimensões da tecnologia, do tamanho, da cogni-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-çao, do espaço e do tempo.

Para efeito deste trabalho, não bastará reconhecer a tecnolo-gia como "parte essencial de apoio a qualquer sistema social". Se e~ verdade .que qualquer sistema ou organização pressupõe uma tecnologia, também é verdade que a própria questão da tec nologia tem sido formulada, no mais das vezes, sob a camisa de força da "razão moderna" e colocada como apêndice necessa-rio dos sistemas orientados para o mercado, sob um enfoque unicamente economicista.

Para abordar este objeto de estudo em todo seu alcance, sera necessário refletir sobre a tecnologia â luz das considerações desenvolvidas sobre tecnologia apropriada. "A tecnologia re-presenta, neste sentido, um ponto de convergência e harmoniza ção de diferentes variáveis econômicas, sociais, ecológicas e culturais, um vetor de estilos de desenvolvimento, um instru-mento para alcançar os objetivos gerais de bem-estar social, justiça, eqüidade e desenvolvimento independente". (19)

Com Ramon Garcia, podemos afirmar que é impossível encarar a tecnologia como um dado imutável. Na verdade, "não se pode

(19) BUARQUE, Cristovam & BUARQUE, Sergio C. Tecnologia apro-priada: una politica para la banca de desarrollo de Ame-rica Latina. Lima, ALIDE, 1983. citado em: GARCIA, Ramon M. Tecnologia apropriada: amiga ou inimiga oculta. são Paulo, EAESP/FGV, 1986. mimeo. mato did. (ADMMS 518

(39)

28

-conceituar tecnologia em um sentido absoluto". (20) Assim, to da conceituação da tecnologia partindo do. paradigma economi-cista, estreitamente vinculada ao monocentrismo orientado pa-ra o.mercado, limita necessariamente o alcance desta mesma tecnologia. A tecnologia, para Ramon Garcia, "implica um pro-cesso consciente de escolhas. E essas escolhas devem ser apr~ priadas aos objetivos e condições particulares de urna dada so ciedade" . Desta forma, será necessário enfocar a questão da tecnologia desvencilhada tanto do paradigma economicista,qua~ to da crença num determinismo tecnológico. ~ importante obser var que, este determinismo tecnológico, na verdade, está lig~ do a urna s~rie de crenças difusas e pouco articuladas, marca-das por urna "visão. imitativa do desenvolvimento" . E que a partir desta visão, aliada ao paradigma economicista segundo o qual a questão tecnológica só se compreende enquanto orien-tada para o mercado, a tecnologia deixa de ser encarada corno fruto deste processo de escolhas, e passa a ser vista corno urna camisa de forçazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà qual o desenvolvimento necessariamente tem que se submeter.

Observa-se, no entanto, que diversas dimensões além da

a questão da tecnologia envolve econômica. Ainda de acordo com Ramon Garcia, poder-se-ia identificar entre elas:

- dimensão sócio-cultural, que dará conta dos aspectos de ade quação tecnológica aos padrões culturais de urna dada popul~ ção, "ao crescimento pessoal, apoio existencial e social

(40)

- 29 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

nos locais de trabalho", entre outros;

dimensão política que considera a questão da dependência, da circulação de bens e riquezas, do acesso, domínio e autQ nomia das ações, e que genericamente dará conta das

articu-lações entre a tecnologia e a participação em sua formula-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-çao, direcionamento e resultados por parte de dada popu La çao;

dimensão ecológica que considera a questão dos estágios e limites críticos de desenvolvimento, do equilíbrio ecológi-co e da harmonia com a natureza;

dimensão científico-tecnológica, abrangendo questões relati vas "ao estímulo ~ capacidade inovadora local, (... ) ao es-tímulo ~ pesquisa e experimentação tecnológica e ~ melhoria do desempenho e competgncia cientifico-tecnológica";

- dimensão econômica, que tratará das questões relativas ao custo de capital por pessoa empregada, ao custo do capital por unidade produzida, ~ utilização de recursos produtivos locais, ~ escala adequada de produção, ~ facilidade de fa-bricação, utilização e manutenção de sistemas e equipamen-tos" .

Na medida em que estas dimensões constituem "critérios subs-tantivos" de avaliação, "o grau de pertinência (appropriete-ness) de uma tecnologia qualquer é uma expressão dos distin-tos arranjos possíveis que podem existir entre suas múltiplas dimensões, na tentativa de se resolver um problema concreto qualquer". (21)

(41)

- JV

-Ressal ta-se que a tecnologia aqui é considerada em toda sua extensão, ou seja, vai desde seus aspectos mais materiais (um "hardware" tecnológico) até "aquilo que poderíamos chamar o "software" ou o imaterial que engloba o conhecimento; e habi-lidade, experiência, ensino e formas de organi zação, e que abrange inclusive os campos de experimentação empírica em to-dos os níveis.

Desta forma, o uso do parâmetro da tecnologia nesta análise necessariamente deverá partir da compreensão da tecnologia c~ mo sendo um produto cultural, que leva em conta as "condições globais de produção, técnicas e sociais", e que é articulada segundo interesses substantivos de natureza diversa.

No que diz respeito ao parâmetro de tamanho,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAsera~ necessário estender tais considerações além da premissa corrente segundo

a qual, necessariamente, "quanto maior, melhor". Esta premissa nem sempre leva a cenários sociais duráveis. Na verdade, o t! po de organização, suas formas de articulação, seus interes-ses substantivos., a natureza da sua inserção social, prescre-verão tamanhos diferentes. (22)

Para balizar a questão do tamanho, portanto, valer-se-á dos três enunciados de Guerreiro Ramos: (23)

Primeiro, "a capacidade de um cenário social para fazer face e para corresponder, eficazmente, às necessidades de seus mem-bros, exige limites mínimos ou máximos a seu tamanho. Em

(42)

31

-tras palavras, cada cenário social tem um limite concreto de tamanho, abaixo ou acima do qual perde a capacidade de atin-gir eficazmente suas metas (por exemplo, a extração e o pro-cessamento de recursos) e de conseguir de seus membros o mini mo de consenso de que necessita para a própria preservação". Segundo, "nenhuma norma geral pode ser formulada por determi-nar com precisão, antecipadamente, o limite de tamanho de um cenário social; a questão de. tamanho constitui sempre um pro-blema concreto, a ser resolvido mediante investigação,ad hoc, no próprio contexto. Em outras palavras, é possivel determi-nar com exatidão o limite de tamanho de um cenário social. Es ta tarefa constitui, porém, uma questão que envolve não apenas competência técnica, mas também educada sensitividade para as mfituas implicações de contexto e forma".

(43)

- 32 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

me definidas por Guerreiro Ramos. (24)

Em termos das dimensões cogni tivas, Guerreiro Ramos propor a uma classificação que inclui sistemas cognitivos funcionais,

politicos, personalisticos e deformados. Os sistemas cogniti-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-vos sao essencialmente funcionais "quando seu interesse domi-nante é a produção ou o controle do ambiente"; são essencial-mente politicos "quando seu interesse dominante e o estimulo dos padrões de bem-estar social em seu conjunto"; sao essen-cialmente personalisticos, "quando o interesse dominante é o

c~

senvolvimento do conhecimento pessoal". Um sistema cogni tivo se

(24) GUERREIRO RAMOS, Alberto. A nova ciência ... p. 150

(44)

33

-rá deformado quando desprovido de um único interesse central (25) .

"Misturados de variadas maneiras, esses sistemas podem coexis tir simultaneamente num único cenário social, mas o sistema cognitivo funcional predomina nas economias, o sistema cogni-tivo político nas isonomias, o sistema cognitivo personalist! co nas fenonomias e, finalmente, o sistema cognitivo

deforma-dozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé bem característico dos individuos e/ou grupos anônimos.

Há, concretamente, sistemas sociais em que mais de um tipo de sistema cognitivo assume, paralelamente, o caráter dominante. Esse é, por exemplo, o caso- das economias de natureza isonômi ca e de mui tas instituições educacionais em que a informação pessoal e o fomento do bem, na sociedade, se revestem de fun-damental importância". (26)

Acrescentar-se-ia,que outro exemplo corrente,e~ que mais de um sistema cognitivo assume o caráter dominante, ocorre nas fe nonomias de natureza isonômica, exemplo este que assume impor

-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-tância neste objeto de estudo.

o

que é importante ressaltar com Guerreiro Ramos, e que o sis tema cognitivo funcional, por si só, não é capaz de dar conta

(45)

34

-de sistemas nao orientados exclusivamente oara o mercado e

não movidos unicamente por razões instrumentais. Certamente, é possivel estender a caracterização dos sistemas cognitivos ao imaginar-se outros centros de interesses, como por exemplo os de natureza religiosa. Mas o que interessa reter quanto ao

parâmetro da cognição,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé a necessidade de dar-lhe a amplitude minima suficiente para que ela possa abordar sistemas

multi-cêntricos.

Também, no que diz respeito ao espaço, percebem-se claramente os efeitos do sistema de mercado. Como observa Guerreiro Ra-mos, "a arquitetura das cidades contemporâneas atende, "par excellence", às exigências do mercado". A "razão moderna" e os sistemas por ela movidos implicou numa perda de espaço que

já se iniciaria com o "enclosement" na Inglaterra da Revolu-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-çao Industrial, que prossegue até hoje e se espelha nitidarnen te, especialmente nas grandes cidades industriais em todo o mundo. A perda do espaço para a vida pessoal e comunitária, e a tendência preponderante dos espacos isoladores (sócio-afas-tadores) é reflexo deste tipo de visão. Como acentua Guerrei-ro Ramos, "o espaço tem sido cuidadosamente examinado pelos especialistas de organização; sobretudo como uma dimensão do processo de produção e distribuição de bens e de prestação de serviços". Entretanto, as implicações da configuração dos es-paços ultrapassam de mui to este paradigma economicista: "O espaço afeta, e, em certa medida, chega a moldar a vida das pessoas". (27) Desta forma, Guerreiro Ramos sustentará que

(46)

- 35 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"exigências especificas de dimensões espaciais sao

-

inerentes a cada tipo de cen&rio social".

Emprestar&, então, a H. Osmond a distinção entre espaços so cio-afastadores (sóciofugal) e sócio-aproximadores (sóciope-tal); os primeiros sendo aqueles que tendem a afastar as pes-soas, os segundos favorecendo o convivio. Afirmar& que "ne-nhum destes tipos de espaço, é intrinsecamente bom ou mau. são

necess&rios por diferentes razões e T. Hall afirma: "O quezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe

..

necess&rio é flexibilidade e coerência entre o plano e a

fun-çao, de modo que haja urna variedade de espaços e que as pes-ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

s o a s p o s s a m s e r o u n ã o e n v o l v i d a s , c o n f o r m e o e x i j a m a o c a

sião e o estado de espirito". O que deveria ser evitado e o descuidado agravamento das dimensões sócio-afastadoras do es-paço nos sistemas sociais, onde as mesmas devem ser sócio-aproximadoras ou centripetas". (28)

A partir da constatação de que "o espaço fala uma linguagem silenciosa mas eloqüente, pela qual as pessoas sao

-

afetadas inadvertidamente", e dos conteúdos que revelam os espaços oc~ pados e a forma de ocupação dos mesmos, infere-se a importân-cia deste parâmetro. Adiante, ver-se-& como ele se manifesta-r& neste objeto de estudo.

Também, no que tange à dimensão do tempo, percebe-se que a r~ cionalidade moderna impele a tornar uma modalidade de tempo por todas as possibilidades de temporalidade. Como afirma Guerre! ro Ramos, "as teorias econômicas e organizacionais tipicas fo

(47)

36

-calizam o tempo numa estreita perspectiva unidimensional. Co~ sideram apenas o tempo serial, negligenciando sistematicamen-te os objetivos humanos que não são funcionalmente prescritos pelo sistema de mercado. Aceitam o tempo social inerente ao mercado corno determinativo da natureza da temporalidade so-cial em seu conjunto". (29)

Assim corno com os demais par&metro~ de anãlise expostos, aqui também serã fundamental estender o conceito do tempo para po-der-se dar conta de toda a diversidade.deste objeto de estu-do.

Ao constatar que somente o tempo inerente aos sistemas econô-micos orientados para o mercado tem sido objeto de estudo na

teoria convencional de organização, pode-se afirmar, com Gue~zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-reiro Ramos, que estas teorias mal transcederam a concepçao tayloriana de tempo linear, tratado apenas corno mercadoria. "Importante cornosej a esta faceta da experiência humana de tem po, não constitui o impulso fundamental de uma variedade de sistemas sociais, tais como as isonomias, as fenonomias e as diferentes formas pelas quais se mesclam as economias". (30) Neste sentido, Guerreiro Ramos assimilarã a tipologia de di mensões temporais dos sistemas sociais desenvolvida por Geor-ges Gurvitch, propondo às categorias do tempo serial (linear ou sequencial), do tempo convivial, do tempo de salto (leap-time), e do tempo errante, que farã corresponder, embora nao

-(29) e (30) GUERREIRO RAMOS, Alberto. A nova ciência ...cap.8,

(48)

37

-de forma exclusiva, aos tipos de configuraç6es sociais, respec

tivamente as economias, as isonomias, as fenonomias e as ano-mias.

Assim, as economias tendem a favorecer exclusivamente o tempo serial: "A socieda6e centrada no mercado tende a serializar o tempo de seus membros de acordo com sua orientação temporal e sai-se muito bem nesta tarefa, dessa forma desenvolvendo ne-les uma dirigida incapacidade para se engajarem em esforços que requeiram outros tipos de orientação temporal".

a iso-nomia "~ sItio para o exercIcio da conviv~ncia", uma dimensão de tempo em que a quantificação tem pouco ou nenhum signific~ do, e ocorre um ganho de qualidade em termos de relacionamen-to interpessoal.

O tempo de salto merece algumas consideraç6es adicionais.Guer-reiro Ramos o filia ao terreno do Kairos grego, que designa "um tempo não quantificável e que e constitutivo das percep-ç6es humanas do processo que conduz a eventos crIticos" (31)

(31) GUERREIRO RAMOS, Alberto. A nova ci~ncia ... capo 8, pp.

146zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe 169

Anomias: "Situação estanque, em que a vida pessoal e so-cial desaparece". O termo anomia (anomie em francês), originariamente elaborado pelo sociólogo francês Emi.Le

(49)

38

-em oposição ao Chronos. Citará Jung, que menciona acontecimen tos corno ocorrendo "fora do tempo". Nesse sentido, Dode-se aproximar esta categoria. de tempo ao "pensamento rizomórfi-co", conforme exposto por Gilles Deleuze e Felix Guattari (32): urna categoria de pensamento n§o linear, e

essencialmen-te não binária que contrapõezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAa..•zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAforma do pensamento moderno, identificada corno sendo serial e binária. A diferença entre

estas duas categorias de pensamento reside essencialmente em corno eles se deslocam no tempo, e segundo Deleuze/Guattari, as conseqüências, em termos de racionalidade, são completamente distintas na medida em que o pensamento linear-binário exclui da visão das realidades toda e qualquer possibilidade autent! camente criativa, e institui um determinismo em termos de ra-cionalidade.

Pode-se traçar ainda um paralelo entre o tempo de sal to e a definição que os fisicos modernos dão ao concei to de "tempo-próprio". Esta expressão foi criada por P. Langevin, e é uti lizada "para marcar, na Teoria da Relatividade, a imDossibili dade de relacionar todos os fenômenos do Universo a um único e mesmo tempo, corno o admitiam Newton e Kant". (33) Segundo Langevin, não existe um tempo absoluto. Cada sistema de re-ferência tem "tempo próprio", o único que a experiência lhe permite alcançar.

(32) DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Rhizome. Ed. Gallimard, Paris.

(50)

39

-Guerreiro Ramos vera no tempo de salto, "ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA.Lmpulso temporal

das fenonomias".

Finalmente, o tempo errante identifica-se na VlvenCla.'"

.

tempo-ral de "pessoas an6micas", e teria como propriedade, que ser

"temporariamente capaz de conduzir ao desenvolvimento pessoal". Deste modo, Guerreiro Ramos identifica a necessidade de um

"esforço concentrado (... ) 9ara que se desenvolva e consolide uma pericia adequada à criação de sistemas sociais de caráter mais alternativo do que aquele visualizado pelas unidades de especialistas, organizados pelas instituições representativas do sistema de mercado".

Ver-se-á que, assim como os demais parâmetros, também este ob jeto de estudo articulará experiências diferenciadas, todas elas vinculadas, em última análise, ao tipo de racionalidade não instrumental que orienta suas atividades.

Retornando às perguntas 3a. e 4a.:

3a. - Até que ponto este banco é de fato alternativo? 4a. - Até que ponto ele é efetivo?

Para responder a essas perguntas deve-se verificar o ponto de vista técnico-financeiro, ou seja, a parte normativa e instru mental a seguir. Esta conceituação é a base para a verifica-ção de dados quantitativos expostos nos capituos 3 e 4.

Conceituação dos parâmetros financeiros

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bási-- 40 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

cos de bancos, os bancos comerciais e os bancos de investimen tos (de negõcios)~ e quais os reflexos a nivel de contas; nu-mero de filiais, imobilizado, análise bancária a nivel de

ba-lanços, taxa de mercado e contas-resultado.

Para cada estrutura e volume e de acordo com a sua definição juridica os bancos foram classificados em: estatais nacionali zados, regionais, de negõcios, de depõsitos e de caráter fi-nanceiro, além de possiveis combinações e dissimulações em conglomerados.

Dentro do escooo de preparaçao técnica, foi optado pela obra de P. Vernimen (34), em que, além de toda a parte de caracte-rização de bancos, análise de balanço e conta-resultado, ain-da foi feito um detalhamento ·a nivel de critérios possiveis de classificação de instituições bancárias, uma abordagem qu~ litativa de análise financeira, análise de riscos e créditos, estratégias de exploração bancária e politicas de gestão. Ser viu-se ainda de notas de aula do Prof. Eydoux para este tema.

(35) Todavia, não foi explicitado aqui de forma quantitativa a aplicação, uma vez que os dados que serão apresentados mos-tram a evolução de volume de deoõsitos e creditos que, por si sõ, são auto-explicativos e servem somente para um balizamen-to superficial. O cerne do embasamento da administração fina~ ceira, para este trabalho, será também a análise qualitativa,

(34) VERNIMEN, P. Gestion et politiques de la banque. Paris, Dalloz, 1982.

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-a p-artir do conhecimento genérico da tipologia de bancos e sua orientação para a ação:

- Os bancos comerciais tradicionais sao aqueles de atuação a nivel nacional, com centenas de agências atuando junto ao público em geral, com enormes investimentos imobiliários, gastos grandes com propaganda e uma atuação a nivel de cap-tação de poupanças "varejistas". Acompanham de perto as ta-xas de juros e poupanças, procurando ter influência no Ban-co Central e demais organismos normativos da área economi-ca, bem como Ministério da área Fazendária; são os grandes captadores de recursos.

Já os bancos de neg6cios tradicionais têm atuação tanto na-cional quanto necessariamente internacional, contém menor número de agências que os comerciais tradicionais, com atu~ ção junto a um público selecionado, principalmente empresas, grande atividade a nível de prospecção estratégica de merc~ dos, necessariamente atuando em "lobbys" junto a grandes e~ presas e diversos governos; são os grandes tomadores de re-cursos.

Alia-se a estas duas formas genéricas e básicas de bancos de grande porte o conhecimento da existência de bancos regionais de atuação comercial varejista, mas não representados a nivel nacional e, percebendo-se a existência de um relacionamento qu~ se que simbi6tico com os grandes bancos, vê-se a malha total que domina a captação e aplicação dos recursos financeiros em geral.

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agora não utilizáveis, ou dificilmente utilizáveis para aque-les ligados ao sistema. Um dos pi lares do funcionamento de todo o sistema

é

o anonimato dos poupadores e o anonimato das aplicações feitas, o que, no caso do banco, objeto deste estu do, procura ser rompido.

Ora, para se romper o anonimato é impreterivel o restabeleci-mento de niveis de confiança e envolvimento direto de poupad~ res nas iniciativas propostas, desclassificando-se a existên-cia de um único ponto consensual de todo o sistema que seriam taxas de interesse e lucros gerados. No momento em que quali-dade de vida, direcionamento de empreendimentos e uma "razão substanti va" emergem, abre-se a porta para um novo tipo de banco.

Observando-se os parâmetros indicados por Guerreiro Ramos de delineamento de sistemas sociais, percebe-se o inicio para a consecução desta proposta.

Procurou-se então, neste capitulo, dar o quadro de referência teórico para estudo de caso, observando-se aspectos alternati

-

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C A PzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1 T U L O 2

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-A dificuldade inicial para sair a campo foi entender qual a

abrangência do trabalho e da pesquisa procurando responder a pergunta:

O que e um estudo de caso para este contexto, e o que e neces sário para um estudo de caso ?

Antes de mais nada, para se fazer um estudo de caso e neces-sário um caso.

A idéia inicial era estudar algum tipo de associação de empr~ sários ou profissionais liberais, verificando sua forma de ar ticulação em contextos locais e comunidades onde a sua atuação ainda tivesse certa transparência.

Quando surgiu a possibilidade de irzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà Europa através da bolsa de estudos doFEDCBA"P.I.M." - programme International de Management

em convênio com a EAESP-PGV, esta idéia inicial foi question~ da, pois se abriam outras possibilidades.

Nesta hora de questionamento, surgiu a oportunidade de ler uma série de reportagens da revista alemã "Der Spiegel" que se referiazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà existência de um "banco alternativo". Ainda aqui no Brasil foram encontradas pessoas que conheciam o assunto, em especial uma professora que havia morado em Bochum e que possibilitou contatos com os responsáveis no banco.

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-Verificou-se inicialmente as limitações físicas para o desen-volvimento do trabalho. A primeira questão que se apresentou

foi de logística, já que o objeto de estudo definido era um "banco alternativo" em Bochum na Região do Ruhr, na Alemanha. Nesta fase foi necessário, então, todo um trabalho de articu-lação dentro do proqrama da bolsa de estudos recebida.

Conseguidas as diversas autorizações e o consenso do profes-sor orientador no Brasil, procurou-se organizar o estágio de tal sorte que este coincidisse com o estágio obrigatório do programa P.I.M. Isto foi possível e a preocupaçao seguinte

foi a de montar a seqüência de estágio no banco de forma a possibilitar uma compreensão ampla da organização.

Esta articulação a nível interno foi facilitada pelo perfeito domínio da língua alemã, do conhecimento e vivência dentro da cultura germânica, dado a partir de estudos realizados na po-litécnica de Zurique. A vivência anterior dentro desta cultu-ra já possibilitava, a priori, o conhecimento da cultura do país, das formas de raciocínio tanto de intelectuais, quanto de militares e trabalhadores. A duras penas, nos sete anos pa~ sados em Zurique foram assimilados os modos de comportamento, os padrões de relacionamento e os tipos de expectativas que existiam.

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- 46 -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

dos, conceituação, elaboração e implantação.

o

que se buscou, de inicio, foi urna delimitação fisica do sis-terna analisado. Para isto, foi necessária urna verificação in loco das instalações do banco e seus equipamentos, bem corno visitas a projetos e a outras instituições com as quais se re lacionava. Para este objetivo foram efetuadas visitas tanto a bancos tradicionais, corno também a lojas, fazendas, escolas e clinicas "alternativas", etc.

Posteriormente, foram feitos acompanhamentos dos aspectos op~ racionais e de proj etos, observando as demandas que surgiam, estudando as formas corno estas se articulavam e o tratamento dado nas fases de elaboração. (Videcronograma.no final deste cap.) Nesta fase de pesquisa de campo também foram emprestados con-cei tos derivados em parte da análise funcional-estrutural e do enfoque sistêmico conforme desenvolvido por Philip Selz-nick. Verificou-se o grau de adaptação e a natureza da inter~ ção entre os lideres da instituição examinada com seu meio aro biente corno um todo, e partiu-se do pressuposto da organização corno sendo "um sistema dinâmico, em constante mudança e em constante adaptação às pressões internas e externas, e que se encontra em permanente evolução", ou seja, analisou-se a org~ nização corno sendo um "sistema formal, influenciado pela es-trutura social interna e sujeito à pressão de um ambiente ins titucional". (36) Além disto, na observação da organização em

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-es tudo, houve a,preocupação de reter as arti culações entre seus aspectos formais e nao formais, tanto na expressão de seus critérios de racionalidade, quanto no próprio desenvolv! mento de suas ações. Ao caracterizar-se provisoriamente como um sistema combinando características econômicas, isonômicas e fenonômicas, a articulação entre estes aspectos aparenteme~ te ganha transparência, e pode-se afirmar com Selznick que "os sistemas cooperativos compoem-se de individuos que interagem cada um como um todo, em relação ao sistema formal de coorde-naçao. A estrutura concreta é, portanto, resultante das in-fluências reciprocas dos aspectos formais e não formais da or ganização. Além disso, essa estrutura é, ela própria, uma to talidade, um "organismo" ajustável que reage as influencias do ambiente externo". (37)

Esta última constatação ganha relevo se se retomar as conside çoes de Richard Hall expostas na introdução deste trabalho e suas implicações na possibilidade de a organização em estudo efetivamente poder ser entendida como alternativa concreta aos sistemas orientados para o mercado e eventualmente até carac-terizada como uma "contra-instituição" no sentido que Lapass~ de dá a este conceito.

Para o exame deste objeto de estudo, valeu-se então do escopo

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TABELA 3 - Custos internos de pessoal x Total do ba-
Gráfico 1
Gráfico 2
Gráfico 3
+7

Referências

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