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A psicologia comunitária como agente de transformações sociais

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Academic year: 2017

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(1)

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EM PSIO)l(X;IA

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PSICOLOGIA COMUNITÁRIA

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LUCY VE .

CARVALHO

GALLI NVO

FGVjISOP

IO'GP

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sala·li08

(2)

INS'ITIUTO SUPERIOR DE ES'lUI:XlS E PESCOISAS PSlcnSscx::IAIS

.

A

PSICOLOGIA COMUNITÃRIA.COMOAGENTEVE TRANSFORMAÇDES 'SOCIAIS

Por

LUCYVECARVALHOGALLINVO

Dissertação sul:metida cx:m:> requisito parcial para

obtenção do grau de

MESTRE

EM

PSICOLOGIA

(3)

'-.

Aos meus pais que,

embora já de saudosa memêria,

(4)

Agradeço ao Prof.

FRANCO LO PRESTI SEMINERIO -

meu Mestre e Orientador - pe

la sua disponibilidade em orientar-me e pela profundidade e abertura com que

o fez. Agradeço, principalmente, pelas palavras de estímulo e apreço dele

recebidas, graças às quais me foi possível concluir este trabalho.

à Profa.

RUTH NOBRE SCHEEFFER

que me despertou o interesse para a

Psicolo-gia Comunitária e colocou

ã

minha disposição os seus livros especializados

no assunto.

Ao

CURSO VE POS-GRAVUAÇÃO VE PSICOLOGIA

da Fundação Getúlio Vargas, na

pes-soa de seu diretor, Prof.

ANTONIO GOMES PENNA

por ter-me ampliado os

hori-zontes no campo da Psicologia.

A

UNIVERSIVAVE FEVERAL RURAL VE PERNAMBUCO

que me permitiu tão longa

ausên-cia a fim de realizar o Mestrado.

Ao

PLANO INSTITUCIONAL VE CAPACITAÇÃO VE VOCENTE

pela bolsa de estudo

con-cedida durante o Curso de Mestrado.

A

GERSON

FERREIRA

VA COSTA,

pela boa vontade e presteza com que realizou

os serviços de datilografia.

Ao meu irmão

LaCIO

e sua

FAMTLIA

que, durante todo o Curso de Mestrado, me

acolheram com carinho no Rio de Janeiro, dando-me apoio.

Aos meus

FAMILIARES

no Recife que, mesmo sentindo a minha ausência durante

três anos, me incentivaram com a certeza de sua compreensão.

Ã

JUVITH VE ANVRAVE SANTOS

que esteve sempre perto de mim, oferecendo-me a

sua presença e amizade.

Agradeço, finalmente,

A TOVAS AS PESSOAS

que, de alguma forma, me incentiva

ram e contribuiram para a realização deste trabalho.

(5)

-S 'UM'- RI O

Nas últimas decadas tem ocorrido, no que se refere

ã

Psicologia, uma

mudança de abordagem do modelo intrapsíquico para uma perspectiva social,

rela-tiva ao comportamento humano. Uma das propostas essenciais do novo movimento

consiste em declarar que as desordens emocionais originam-se do mau funcionamen

to das fontes básicas de suporte social. Foi nesse clima que em 1965 surgiu a

Psicologia Comunitária. Esta se caracteriza pela busca de novos paradigmas que

estão baseados, principalmente, na concepção preventiva de ajustamento e saúde;

e no modelo ecológico.

Neste trabalho pretendeu-se oferecer tambemcomo modelo alternativo da

Psicologia Comunitária a aprendizagem social. Deste ponto de vista, ou seja, da

aprendizagem social, os comportamentos considerados "desajustados" são vistos

nOO

como manifestações de problemas intrapsíquicos, e sim, como comportamentos que

as pessoas aprenderam a copiar do ambiente atraves de reforços ou por meio de

modelos oferecidos pela sociedade. Tal posição embora implique em que o compo~

tamento humano pode ser manipulado pelo controle dos estímulos ambientais, nao

-exclui uma visão fenomenológica do homem. Estas duas abordagens, aparentemente

antagônicas, foram aqui apresentadas como um possível elemento dinamizador da

Psicologia Comunitária. Ao mesmo tempo em que se tentou demonstrar seD o com

-portamento humano de alguma maneira controlado, pôs-se em relevo a liberdade que

tem o homem de fazer escolhas, podendo ainda esforçar-sp. para evitar reforços ~

versivos e contribuir para uma sociedade menos repressora.

o

objetivo deste estudo foi apresentar uma visão histórica, teórica

e ideológica da Psicologia Comunitária e abrir novas perspectivas em termos de

sua praxis e sobretudo de suas metas. Daí por que indagou-se a respeito das

mudanças pretendidas pela Psicologia Comunitária e alertou-se para que elas ten

nham um sentido transideológico, visando sobretudo ao bem estar da comunidade.

(6)

-v-SUMMARY

In the last decades there have been, in what concerns Psychology, a

change in approaching from the intrapsychic medel to a social point of view ,

related to the human behavior. One of the essencial proposals of the new

movement consists in declaring that the emotional disorders, are rooted in the

malfunctioning of the basic sources of social support. It was under these

circunstances that in 1965 the Communitarian Psychology came about. It is

characterized by the search for new paradigms which are based, mainly, on the

preventive conception of adjustment and health, and on the ecological modelo

This work was also intended to offer as an alternative model for the

Communitarian Psychology, the social aprenticeship. From this point of view,

that is, the social aprentticeship, the behaviors considered "disadjusted" are

seen not as manif~stations of intrapsychic problems, but as behaviors that

people have learned to copy from the environment through reinforcements, or

through models offered by society. Such stand though implying that the human

·behavior can be manipulated through the ,control of environmental stimulus,

doesn't exclude the phenomenological vision of man. These two approachings,

apparently antagonic, have been presented here as a possible dynamistic element

of the Communitarian Psychology.At the same time that we try to demenstrate

that the human behavior is somehow controlled, it is also put in evidence the

freedom of man to make his choices, being also able to make an effort to avoid

aversive reinforcements, and contribute to a less repressive society.

The objective of this study was to show a historical, theoretical and

ideological site of the Communitarian Psychology and open up new perspectives

in terms of its praxis and besides alI its goa1s. That's the reason for the

investigation about the changes intended by the Communitarian Psych10gy and for

the warning that they take a transideo10gical meaning, aiming the we1fare of the

community above alI.

(7)

-1NDICE

Agradecimentos

...

iv

sumãrio

...

v

•• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •• 'Vi

INIroDu;k?

CAP1'IUI.o I

•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 01

HIsn5RIco E ~ ~RICOS Dl>. PSICOICGIA

aMUNITl\RrA •••••••••••••••••

08

1. ORIGEM E DESENVOLVIMEN'lO DA PSICOLOGIA <XMUNITARIA •••••••••••••••••••••• 08

1.1. Contexto Histérico

...

1.1.1. Contribuições no

<:;arrp:>

da Saúde Mental

...

08

08

1.1.2. Mudanças das Teorias Intrapsíquicas para as Interpessoais 10

1.1.3. Desenvo1 vi.nento Histérico Prcpriarrente Di to

...

11

2. a::NCEI'IO E NA'IUREZA DA PSICOLOGIA COMUNlmIA ••••••••••••••••••••••••••• 13

3. O WX> PARADIGMA E A PSlCOIroIA CXMJNIT1\RIA

...

15

CAPtTuLo

II

A PSICOLOGIA COMUNITmA CXM) PI®a:S SOCIAL . • . . . • . . . • . • • • • • • . .. 19

1. ABORDAGEM PREVENTIVA NA PSICOLOGIA CXl1UNI~ •••••••••••••••••••••••••• 19

1.1. A prevenção primãria

...

20 1.1.1. Crises Vitais e seu Significado na Intervenção Primária ••••• 24

1.2.

Prevenção

Sectmàária

...

31

1.3. Prevenção Terciária

...

36

1. 4. Profi~sionais de Ajuda e Não-Profissionais

...

41

(8)

-CAPiTlJIo

III

...

~

...

~

... .

48

A PSlCOIDGIA

CXMlJN:ITARrA

E ·SUA INSTRJMENTALIZN;NJ

..•.•...•.•...•

57

1. OS PRJCESSOS DE ~ E MJDEIAGEME SUAS IMPLI~ÕES NA APRENDIZAGEM

SCCIAL

...•...•...•...•...

58

...•...•...

~

...•...•.

76

BIBLlOORAFIA

...•...

81

(9)
(10)

INTRODUÇ~O

A ciênciae,indiscutivelmente, um dos principais valores de nossa

cultura. A medicina, parte integrante dela, constituise tambem em um valor pri

-mordial para a nossa sociedade. Em virtude de ser esta considerada de tamanha

importância, o modelo medico tem sido utilizado para estudo e tratamento dosdis

túrbios mentais. Atualmente, contudo, faz-se necessário um novo posicionamento

no que concerne às causas e tratamento de tais distúrbios.

Szasz (1976) refere que de acordo crym a posição reducionista do

secu-10 XIX toda conduta do individuo seria relacionada com a fisiologia nervosa e

muscular. Assim sendo, qualquer desvio de comportamento era visto como um

sin-toma de enfermidade orgânica. Esta atitude reforçava-se pela constatação de que

algumas enfermidades do sistema nervoso, tais como arteriosclerose múltipla, o

tumor cerebral e

o'

comprometimento em certas áreas do cérebro, manifestavamrse

através de determinadas peculiaridades do comportamento. Daí a tendência de

inferir-se facilmente a existência de uma simples relação causal entre o ~

cere-bro e a conduta do individuo. Na epoca, esse enfoque concordava com as

posi-ções filosoficas dominantes no campo da medicina, fazendo com que fossem tidas

como problemas médicos muitas situações humanas complexas e baseando-se na cren

ça de que se tratava apenas de uma enfermidade.

o

modelo medico, em relação às doenças mentais, fundamenta-se

prin-cipalmente nos aspectos neurofisiológico e, quando muito, psicodinâmico; dá

ên-fase especial às intervenções químicas e considera o problema como pertinente ~

penas ao indivíduo. Consequentemente, a área de investigação deve ser dentro

do próprio indivíduo, separada a independente do contexto ambiental. Os

psiquia-tras que ainda aceitam tal posição achamrse comprometidos, inconscientemente ou

não, com os valores decorrentes dela e que nem sempre são devidamente explicita

(11)

2.

A posição do doente mental dentro dessa conjuntura é bastante

incômo-da para ele e para a comuniincômo-dade à qual pertepce. Seu distúrbio mental é visto

como um estigma o que o faz rejeitado pelo seu grupo. Dentro da perspectiva mé

dica, o cliente é passivo e protegido pelo conhecimento superior do profissio

-nal. Sendo o contexto ignorado, como já referimos, o tratamento e baseado em

um diagnóstico cujo alvo é a cura de uma "personalidade doente", sendo o compo,!.

tamento manifesto apenas sintomãtico.

Sullivan (1953) alertou para o fato de que o hospital destinado a

do-entes mentais precisa tornar-se uma escola para crescimento da personalidade em

vez de limitar-se apenas a resguardar "personalidades falidas", isolando-as do

convIvio social.

As tentativas no sentido de modificar diretamente o comportamento cha

mado sintomãtico são 'consideradas não apenas ineficientes mas tambem

arrisca-das,pois, estando apenas baseadas na remoção de sintomas não têm efeito sobre

a desordem subjacente que poderá voltar a manifestar-se atraves de um outro sin

toma.

Szasz (1976) considera que o doente mental, hospitalizado por decisão

de outrem, e um indivíduo rotulado como "inadequado" ou "negativo" enquanto que

os demais considerados sãos, realizam esforços para que melhore. Ele passa a

ficar enquadrado dentro de uma categoria que em muito se assemelha com a classi

ficação antiga de feiticeiros e bruxas. Ainda hoje, muita gente que poderia be

neficiar-se bastante do tratamento psicológico evita procurá-lo por medo de ser

rotulado como pessoa mentalmente perturbada.

Vale ressaltar que conceitos como "adequado X inadequado", "normalida

de X anormalidade" envolve valores culturais, morais e ate problemas eticos.

Quando nos referimos ao aspecto moral e ético, reportamo-nos às regras seguidas

(12)

3.

Sempre segundo Szasz (1976), "de acordo com a ética do jogo medico", a

saúde

ê

definida entre outras coisas como um organismo em bom funcionamento. Tra

ta-se, portanto, de um valor positivo, enquanto o oposto, valor negativo, é um

organismo doente. De acordo com esse enfoque não e bem aceito o fato de que ta~

to a saúde quanto a enfermidade fazem parte da vida.

No que se refere aos padrões de comportamentos considerados como pat~

lôgic~s ou anormais cumpre salientar que eles são julgados por criterios

subje-tivos dos representantes da sociedade, interessados na manutenção do bom funcio

namento da mesma. Dentre esses criterios estão incluídos os atributos dos que

se desviam dos padrões normativos, da escala de valores dos que fazem o julga

-mento, do contexto social no qual o comportamento ocorre e uma serie de outr.JS

fatores. Logo, um mesmo tipo de conduta pode ser diagnosticada como patológica

ou ser normativamente sancionada e ate louvada por diferentes grupos em diferen

tes cenários ambientais.

Reiff (1968) sentiu que o modelo medico adotado pela maioria dos

psi-côlogos tradicionais dificulta a compreensão dos problemas reais enfrentados p~

la sociedade.

Problemas como delinquência juvenil, desemprego e doenças mentais, s~

gundo Roman e Schmais (1972), podem ser combatidos ou atenuados levando-se em con

ta a existência de uma patologia mais ampla tal como pobreza, instituições

eli-tistas, desequilíbrio econômico, discriminação racial e demais causas advindas

da estrutura social.

Em decorrência da mudança de enfoque, por parte de muitos psicólogos,

do modelo medico para uma perspectiva social, começou a emergir a Psicologia Co

.

...

.

mun1tar1a.

Uma das propostas essenciais do novo movimento e afirmar que as deso~

(13)

4.

suporte social, principalmente da família. Quando uma pessoa torna-se emocio

nalmente perturbada, afirmam Zax e. Specter (1974), seu distúrbio pode ser visto

como sintoma de uma falha do sistema social como um todo. Eles também sugerem

que as instituições de tratamento mantenham interrelação com outros segmentos da

sociedade capazes de ajudar o paciente a viver de maneira mais satisfatória e

produtiva, facilitando-lhe a reintegração no grupo a que pertence. A comunida

de, por sua vez, precisa tornar-se mais sensível em relação a sua

responsabili-dade no que tange

ã

reabilitação e reintegração dos considerados "perturbados

mentalmente". ~ necessario também que ela seja capaz de avaliar ate que ponto

esta contribuindo para desenvolver entre os seus membros um comportamento per

-turbado ou comprometido.

Para Jones (1953) e Sullivan (1953) a força mais significativa no tr~

tamento e prevenção das doenças mentais estão no ambiente social e e precisamen

te essa força que as estruturas dos hospitais falham em catalizar.

Dentre os modelos alternativos surgidos no campo da Psicologia Comuni

taria ressaltaremos neste trabalho a aprendizagem social. Nesta teoria,

segundo Bandura (1979), ambos os comportamentos, desviante e prósocial, são ad

-quiridos e mantidos tendo como base três sistemas reguladores distintos. No pri

meiro sistema, os padrões de respostas são controlados primariamente pelo

estí-mulo ambiental. Temos, por exemplo, as respostas autônomas do organismo, como

as reações cardio-vasculares e gastrointestinais, que podem ser controladas por

estímulos ambientais atraves de associações contíguas com outras experiências ~

fetivas diretas ou vi.cãrias. O comportamento instrumental também e igualmente

controlado pelos estímulos do ambiente. Ele depende de sua associação com

con-tingências diversas de reforçamento decorrente das consequências que acompanham

certos cursos de ação. Assim sendo, algumas fo'rmas de comportamento desviante

refletem primariamente um inadequado controle de estímulo. Um segundo sistema

(14)

5.

traves de consequências reforçadoras que podem ser expressas por meio de elogios

e prêmios ou ser extintas utilizando-se desde uma simples reprovação ate formas

mais incisivas, como o castigo. O terceiro influente regulador do

comportamen-to opera atraves do processo mediacional ou vicário. As pessoas aprendem obse~

vando as consequências decorrentes do comportamento de outras, ou seja, do mode

lo.

De uma perspectiva da aprendizagem social, condutas consideradas

ina-dequadas, que vão de encontro aos valores vigentes são tidas não como manifesta

ções de uma patologia subjacente, mas sim comportamentos que as pessoas aprend~

ram a copiar do ambiente e de demandas auto-impostas. Em tal esquema conceitua~

o funcionamento psicológico envolve uma interação recíproca entre os padrões de

respostas e seu ambiente controlador. O tipo de comportamento que uma pessoa ~

xibe, a:ê certo ponto indica quais as contingências ambientais que o influen

-ciam.

E

considerado interessante por Ullmann(1972) o fato de que muitos dos

indícios de uma "doença social" pode dentro de uma mesma decada tornarem-se

in-dicadores de uma "evolução cultural". Assim sendo, os criterios através dos

quais pode-se qualificar alguem como sendo uma "boa pessoa" ou tendo uma "boa

vida" mudam rapidamente.

Procurou-se, ate agora, dar uma visão geral dos temas que vão ser

a-profundados neste trabalho. Considera-se, porem, imprescindível, antes de

de-senvolver mais a perspectiva da Psicologia Comunitária, tecer algumas considera

-çoes quanto ao conceito de comunidade.

Nos grandes centros urbanos, onde a organização social e altamente com

plexa, torna-se dificil não somente definir como tambem identificar uma

comuni-dade. As pessoas dependem de muitos grupos sociais diferentes visando

ã

(15)

6.

salário, de outro para desenvolvimento cultural, de um terceiro para recreação

e assim por diante. Até entre os membros de uma família há interesses diversos

que os orientam para· grupos diferentes.

Klein (1968) define comunidade como sendo

"a.6

inteJta.ç.õ

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:tJta.vé1>

da.

v~da.

do

dela".

-(Klún, 196 8, p. 11)

Depreende-se da definição citada não se~ condição para que os

indiví-duos pertençam a mesma comunidade que estejam dentro do mesmo limite geográfico.

Por sua vez, os indivíduos confinados dentro de um local particular também não

pertencem necessariamente aos mesmos grupos. N-'!m sempre fazemos das pessoas

que 1lX)ram mais perto o nosso ciclo social ou de recreação.

Panzetta (1971) considera que os membros de uma comunidade precisam

ter em comum o senso de sofrimento, valores e metas a serem alc~nçados. Ele

en-fatiza também a i~portância do fator tempo e da liderança. Desse modo, adver~e

que o sentido de comunidade pode vir e ir, pois, às vezes, as pessoas permane

-cem unidas em torno de uma meta comum durante um período de tempo e depois afas

tam-se quando cessa a causa que as manteve juntas. Quanto à liderança,

Pan-zetta admite que embora es pessoas tendo um senso comum de sofrimento ou

opres-são, valores e metas, sem uma liderança, tornam-se fragmentadas e isoladas umas

das outras. ~ importante, contudo, estar alerta para o fato de que o poder

co-locado nas mãos dos representantes das comunidades às vezes não é utilizado em

favor destas, mas ao contrário, serve para atendera interesses pessoais ou

(16)

7.

Quando se pretende, atraves da Psicologia Comunitãria, promover muda~

ças sociais cumpre refletir sobre os metodos a serem utilizados. Faz-se

neces-sário tambem saber se as mudanças pretendidas irão atender aos anseios dos memr

bros da comunidade, levando-se em conta ainda sobre quais-valores serão elas

(17)

CAPITULO I

(18)

I ..

CAPtruro I

HI~RI(x) E FtJNDAMENI'OS 'l'EtSRICOS DA PSICOr.cx:;IA

a:MUN:ITARIA

1. ORIGEM E DESENVOLVIMENroDA PSICOLOGIA cnMUNITl\RIA

1.1. Contexto Histórico

A Psicologia Comunitária surgiu como um movimento dentro de um

contex-to mais amplo de Psicologia e Saúde Mental, envolvendo novas abordagens rela

tivas a problemas sociais e de comportamento. Reconhecendo que as necessida

des físicas, psicológicas e sociais do individ:lo são satisfeitas atraves de

sua interação com os outros e, consequentemente, com o seu ambiente, ela ve

...

a comunidade não apenas como fonte de problemas, mas tambem como agente

po-tencialmente térapêutico. O desenvolvimento da Psicologia Comunitária

assu-miu tal importância que foi considerada por Nicho1as Hobbs (1964) como a ter

ceira revolução na saúde mental, equiparando-a às reformas humanistas em hos

pitais psiquiátricos promovidas por Pinel no seculo XVIII.

Vários fatores contribuiram para o seu desenvolvimento entre os quais,

desejamos destacar, as modificações que ocorreram no campo da saúde mental e

a mudança de enfoque das teorias intrapsíquicas para as interpessoais.

1.1.1. Contribuições no

Carrpo

da Saúde Mental

A Psicologia Comunitária começou a emergir de uma nova abordage~

iniciada na decada de 1950, por parte dos profissionais de saúde me .. lta1,

o que resultou em uma reavaliação das funções que tradicionalmente

(19)

9.

tatações

As doenças mentais mais sérias, a~ psicoses, estavam super-represent~

das nas classes sócio-econômicas mais baixas.

A classe social era um fator que se correlacionava fortemente com o

tipo de tratamento a ser ministrado. Quanto mais baixa era a classe

sócio-econômica do cliente, menos dispendioso deveria ser o seu trata

mento. A classe operária raramente se submetia

ã

psicoterapia, pois

o tratamento que lhe era administrado (drogas, eletrochoques) custava

menos e tinha efeito mais rápido, embora temporário. Por outro lado,

os profissionais da saúde mental, sendo, na maioria, da classe média,

sentiamrse muito mais

ã

vontade e preferiam tratar pacientes

neuróti-cos de elevada capacidade verbal, também da classe média.

- Os psicoterapeutas tomaram consciência da falta de recursos humanos na

área e de que sozinhos não podiam atender

ã

crescente demanda dos cli

entes que necessitavam de ajuda ou tratamento.

- As pessoas que trabalhavam na área de saúde mental usavam uma aborda-gem de serviço derivada do modelo médico. Tal modelo consis tia em es

perar no consultório o cliente com um problema já instalado e desen

-volvido, na expectativa de que o profissional seria capaz de

resolvê-10 apenas confinado no consultório. Uma das mais sérias consequên

cias dessa posição seria a passividade assumida pelo profissional, im

pedindo-o de engajar-se com as forças do ambiente externo no qual se

encontrava inserido o paciente.

Novos posicionamentos surgiram decorrentes dessas constataçoes

- Rejeitar a noção de distúrbio mental, argumentando que em seu lugard~

veriam ser aplicados os princípios de ajustamento pessoa-ambiente, re

(20)

10.

Exigir uma intervenção que propicie recursOs materiais, educacionais

e psicológicos a fim de ~arantir aos indivíduos e sub-grupos de umac~

munidade o direito de viver por caminhos diferentes dos Ja traçados p~

la

sociedade.

Desenvolver novas técnicas que pudessem atingir melhor os pacientesm~

nos favorecidos em termos intelectuais ou sociais, uma vez que se to~

nara evidente que a quimoterapia por si só não ajudaria de maneira e

ficaz os portadores de distúrbio mental. Provavelmente esta foi uma

das colocações que maior influência exerceu no desenvolvioento de Psi

cologia Comunitária.

Tentar prevenir o desenvolvimento de doenças mentais em vez de

somen-te trata-las. Nessomen-te sentido, Bender (1978) considera que o

desenvol-vimento histórico da Psicologia Comunitaria foi em grande parte ince~

tivado pela obra de Caplan "InApproach to Conununity Mental Health"

(1961), atraves do qual se promoveu o movimento da Psiquiatria Preven

tiva.

Defender a ideia de que os hospitais especializados em doenças

men-tais deveriam estender suas atividades ate

ã

comunidade, quebrando as

barreiras existentes entre essas instituições e o público em geral.

- Preparar a comunidade para receber os egressos dos hospitais psiquia

tricos a fim de que eles possam ter um retorno tão suave e produtivo

quanto possível.

1.1.2. Mudanças das· teorias intrapsíquicas para as Inte;pessoais

Quase todos os teóricos da personalidade (Freud, Jung, Murray,

Eysenck e outros), nas primeiras décadas deste século usavam um modelo

intrapsíquico a partir do qual desenvolveram as suas teorias. Eles

(21)

11.

causas do seu próprio comportamento. Surgiu, entao, um grupo designado como

neo-freudianos (Fromm, Horney, Adler) que atribuiu maior ênfase às variáveis

sociais. Em 1953, Sullivan, através de sua teoria "psiquiatria interpessoal"

afastou-se do modelo intrapsíquico e tentou desenvolver um novo modelo basea

do na dinâmica interpessoal. As suas idéias sobre comunicação entre o "paci

ente" e os membros de sua família influenciaram, em 1956, um grupo de psiqui

atras da Califórnia, constituido por Batson, Haley, Weakland e Jackson. Este

grupo passou a considerar que outras pessoas importantes na vida do cliente,

como a sua família, deveriam também ser acompanhadas.

Foi neste clima de tamanho interesse, demonstrado pelos profissionais

da saúde mental, no que concerne ao papel das forças ambientais no desenca

-deamento de problemas de comportamento que começou a desenvolver-se a

Psico-logia Comunitária.

1.1.3. D=senvolvirrentoHistériooProprianente Dito

Em 1955, o Congresso dos. Estados Unidos nomeou uma comissão

encarre-gada de fazer estudos sobre Saúde e Doenças Mentais. Esta comissão, da qual

'os psicólogos eram membros significativos, publicou 10 monografias e um rela

tório final como resultado de seu trabalho. As recomendações deste relató

-rio foram consideradas um estímulo direto para o desenvolvimento da

Psicolo-gia Comunitária e a sua consequencia mais importante foi o incentivo para re

. duzir a população de doentes mentais em hospitais psiquiátricos.

Sob a inspiração do relatório acima citado, em 1963, organizaram-se

centros de saúde mental comunitárimpara servir a comunidades específicas. O

princípio básico de tais centros era detectar e tratar cedo as doenças men

tais agudas por meio de um sistema que providenciasEe serviços locais, evi

(22)

12.

distúrbios mentais. O objetivo era diminuir o número de doentes crônicos nas

grandes instituições.

Alguns psicólogos, insatisfeitos com os limites impostos pela

preocupa-ção de tratar a doença mental isolada, reuniram-se, em conferência, na

cida-de cida-de Boston, no mes cida-de maio cida-de 1965. Nessa ocasião teceram consicida-derações so

bre a necessidade de formar psicólogos especializados para trabalhar na área

de saúde mental, caracterizando-os como "agentes de mudança","analistas de

sistemas sociais", "consultores da comunidade" e "estudiosos do homem como

um todo em relação ao seu ambiente". Ainda no mesmo ano foi publicado o pri

meiro jornal dedicado

ã

saúde mental da comunidade intitulado "The Community

Mental Health Journal" (Rappaport, 1977).

Em virtude de muitos psicólogos começarem a aderir ao movimento de

saú-de mental e a isaú-dentificar-se com as metas da conferência saú-de Boston, em 1966,

a Psicologia Comunitária foi oficialmente reconhecida, como uma nova divisão

dentro da APA (American Psychological Association) - (Rappaport, 1977). A

partir de então, ela tem procurado influenciar a ordem social tanto dentro da

(23)

13.

2. CCNCErro E NAWREZA DA. PSlOOIa;IA OOr.1lJNI'I'ARIA

A Psicologia Comunitária

e

um movimento de reforma dentro de um cam

po maior da Psicologia Aplicada e que se caracteriza como uma nova abordagem

para lidar com os problemas do comportamento humano. Ela enfatiza mais o aro

biente social do que os fatores intrapsíquicos como determinantes da saúde

mental.

Sendo a Psicologia Comunitária, potencialmente, uma força de con

-tribuição para mudanças sociais, requer :

- Uma combinação do desenvolvimento dos recursos humanos.

- Uma disponibilidade de engajamento na atividade política necessá

ria para implementar novos programas ou encorajar a murlança

so-cia.!.

Um embasamento científico.

Os serviços e programas a serem implementados pela Psicologia Com~

nitária não podem ser improvisados, nem prescindir do uso de metodos

cientí-ficos no campo ou no laboratório. ~ importante reconhecer que ciência, poli

-

-tica e desenvolvimento de recursos nao sao necessariamente tao independentes

entre si, como de início se pensava. Cada um deles e influenciado por

for-ças históricas e sociais, estando sujeito a valores e crenfor-ças pessoais que

permeiam essas forças.

Conforme vimos anteriormente, a Psicologia Comunitária surgiu da

insatisfação com os serviços psicológicos administrados no campo da saúde

mental, tornando-se assim uma reação às abordagens tradicionais. Uma de suas

finalidades

e

promover mudanças de ordem institucional e social e por Isso

vem assumindo um novo posicionamento, compatível com as suas metas.

(24)

14.

A nível teórico passou a considerar a necessidade de uma faixa

muito mais ampla das ciências sociais, integrando o conhecimento básico relevan

te para o exercício da profissão; o surgimento de novo paradigma, ressaltando

a importância da ecologia, relatividade cultural e diversidade; a inadequação

dos modelos que situam apenas o indivíduo como fonte de seus disturbios

emocio-nais, sejam esses modelos bioquímicos, geneticos ou intrapsíquicos.

A nível prático a Psicologia Comunitária começou a utilizar novas

tecnicas que possibilitam lidar mais adequadamente com o comp"rtamento dos indi

víduos considerados não ajustados à sociedad€; passou a intervir mais ativamen

te no que concerne a :

- Ter uma atitude preventiva em relação aos disturbios mentais;

detectar as situações de crises e nelas intervir, quer sejam a

nível individual, quer a nível comunitário;

ser um agente de mudanças na comunidade;

ajudar as pessoas a localizar e utilizar as fontes de recursos e

xis tentes na sua comunidade.

A Psicologia Comunitária, segundo Rappapport (1977), estã por defi

. nição, envolvida no clássico conflito entre indivíduos e grupos sociais, pois

reune dois termos quase paradoxais Comunidade, que se refere a um grupo

so-cial e Psicologia que enfatiza o individual. Sabemos que o grupo soso-cial faci

lita o desenvolvimento das pessoas, mas quando ele se torna maior e

independen-te, submetendo-se a uma atividade desvinculada da população há uma tendência

para serem desencorajadas as diferenças individuais. A Psicologia e, em parte,

uma tentativa para defender o direito da pessoa de ser diferente, sec riscos de

sofrer danos materiais e psicológicos. ~ um esforço no sentido de conciliar a

liberdade individual às legítimas exigências da sociedade. ~ uma abordagem que

evita considerar certos rótulos como sendo necessariamente negativos, exigindo,

(25)

15.

3. O

mm

PARADIG1AE A PSlmIDGIA mruNIT~.RIA

Una vez que ressalta a importância da relação homem-ambiente, a Psic~

logia Comunitária está cada vez mais interessada no estudo da ecologia.

o

termo ecologi~como entende Sell (1969), refere-se ao estudo

ci-entífico da interação entre o organismo e o seu ambiente.

Dois aspectos importantes devem ser levados em consideração nesse

es-tudo A natureza da interação e a natureza do ambiente que serve como

mol-dura ou engaste e no qual ocorrem as interações. Neste sentido, deve

levar-se em conta os suportes oferecidos pelo ambiente, as suas influências e as

limitações determinadas por suas próprias estruturas.

Os metodos ecológicos têm sido aplicados na Biologia, Medicina, Soci~

logia e, só mais recentemente,na Psicologia. O ponto de vista ecológico na

Psicologia enfatiza as relações entre as pessoas e seu ambiente social e

fí-sico. Considera que não há pessoa nem ambientes inadequados, mas antes que

o ajuste entre 2 partes pode estar em relativo acordo ou desacordo (Kelly

,1969). Evita, assim, fixar-se sobre as fraquezas e debilidades da pessoa ou

da comunidade, sugerindo que o psicólogo deve estar atento para a complexid~

de dos sistemas sociais e para os caminhos atraves dos quais os sistemas tra

balham.

A abordagem ecológica na Psicologia tem enfatizado, em termos de

ação, a intervenção social, criando alternativas atraves da localização e de

senvolvimento de recursos e forças que possibilitem maximizar o ajustamento

pessoa-ambiente. Em termos de valor, um sistema baseado na relatividade e

diversidade cultural. Isto implica em que as diferenças entre pessoas e

(26)

ofereci-16.

dos pela sociedade não deveria ter como critério um padrão individual de

compe--

.

tenCla.

Para Barker (1965), o importante da Psicologia Ecológica é

acompanhar a crença de que as leis que governam o comportamento individual são dife

-rentes daquelas que governam os comportamentos estabelecidos. Por esta razao

-nao se pode nunca entender o mundo real se somente forem estudadas pessoas com

características específicas capazes de satisfazer às exigências de um experime~

to planejado. As necessidades ecológicas do homem precisam ser estudadas no

seu ambiente natural.

Os psicólogos comunitários estao procurando para "ambiente" uma de

finição que não se limite apenas ao estrito senso do "estímulo" como sugere os

behavioristas e que tambem ndo se expresse de uma maneira vaga e inespecif{ca em

termos de "forças sociais".

O ambiente não deve ser visto como uma realidade imóvel e

estacio-nâria em função do qual o ajustamento deve ser feito. Ele, por vezes, tambem

precisa ser modificado para atender às necessidades pessoais ou da comunidade.

O ambiente pode ser definido como tudo que nos rodeia, incluindo aspectos geo

-gráficos, arquitetônicos (construido pelo homem), social, psicológico, etc.

~ no seu ambiente natural diário que as pessoas satisfazem à

maio-ria de suas necessidades: Alimento, proteçao, saúde, afeição, auto-realização,

afiliação, poder, oportur.idades para trabalhar, aprender e criar. Pode ser uma

fonte de aprendizagem e ajuda, mas tambem pode funcionar como uma força

negati-va bloqueando o crescimento e limitando o desenvolvimento do indivíduo.

~

.

~

A abordagem ecologica na psicologia requer atençao para os

prlncl-pios pelos quais o ambiente opera. Os psicólogos devem, portanto, estar

at(~-tos no sentido de identificar os recursos nele existentes e estabelecer

(27)

17.

o

paradígma da Psicologia Comunitária tambem está orientado no seE

tido de aceitar o relativismo cult~ral e respeitar as diferenças individuais.

Rejeita a necessidade de impor-se um padrão único de criterios aos quais as pe~

soas devam amoldarse e ser julgadas. A cultura de uma sociedade, consubstan

-ciada em sua língua, valores e tradições, exerce grande influência na maneira p!:.

la qual os seus membros percebem a realidade e, consequentemente, repercute nas

suas atitudes e aspirações.

Os fatores sacio-culturais influenciam o indivíduo não so direta ,

mas tambem, indiretamente ao prescreverem a IDgneira como a sua família e os ami

gos o tratam, alem de exercer grande influência em seu regime alimentar,

ambiente físico (em grande parte modificada pelo homem), hábitos e crenças reli

-giosas.

Quanto mais estável for uma sociedade e quanto mais rica em sua he

rança cultural, mais provável será que ela possibilite aos seus membros uma

maior discriminação perceptiva e recursos adequados para resolver os problemas,

facilitando, assim, a adaptação às situações de vida. Por outro lado, as socie

dades em transição, o que está ocorrendo com frequência atualmente por contadas

rápidas transformações, têm escassas probabilidades de desenvolver metodos

efi-cazes que facili tem às pessoas lidarem com os novos problemas, cada vez mais fre

quentes. Os valores, os modos de encarar a realidade e as práticas tradicionris

que podem ter sido adequadas para enfrentar os problemas há uma de cada atrás,já

não satisfazem na situação atual. As pessoas se vêem obrigadas a contar apenas

com os seus proprios recursos. A Psicologia Comunitária, enfoca os problemashu

manos como sendo decorrentes do ajustamento pessoa-ambiente e não como o

resultado da incompetência de pessoas tidas como psicológica ou culturalmente infe

-riores.

Ao inves de tentar ajustar todos os indivíduos a um caminho único,

(28)

18.

escolher suas próprias metas e estilo de vida. Facilita os meios no sentido de

que as pessoas possam ter acesso aos recursos materiais e psicológicos

ofereci-dos pela comunidade, devendo ser garantida não somente a sua sobrevivência, mas

também o seu crescimento nos vários aspectos, inclusive o intelectual. Isto

im-plica em desenvolver recursos e alternativas para aqueles que desejam uma

opor-tunidade com o fim de escolher de maneira pessoal e única o seu lugar em termos

de vida e trabalho dentro da sociedade, sentindo-se, assim, capazes de exercer

poder e controle sobre si próprios e sobre os rumos a serem seguidos pela

comunidade a que pertencem. A Psicologia Comunitária favorece, portanto, o desen

-volvimento de uma comunidade calcada na diversidade e não num puro e simples co~

(29)

[ CAPITulo II

(30)

ÇAP1'IUro

II

A PSICX>I.CGIA

a:M1NITARrA

CXMO PAAxIS SCX:::IAL

~. AOOIDAGEM PREVENI'IVA NAPSlCOLCGIA CCMJNI~

Uma das novas abordagens no campo da saúde mental que mais influenciou

a Psicologia Comunitaria foi a atitude preventiva em relação aos distúrbios

mentais. Tal atitude tem como objetivo prevenir futuros problemas, evitando,

na medida do possível, que eles ocorram. Atraves de uma ação sobre o ambien

te, procura promover os meios para que as necessidades basicas dos

indiví-duos sejam satisfeitas e que o seu desenvolvimento ocorra de maneira normal.

Hã uma preocupação real com todos os membros da comunidade e não arenas com

aqueles identificados como problemáticos. Caplan, em seu livro PrincipIes of

Preventive Psychiatry (1964), classificou a prevençao em 3 tipos: Primária,

secundária e terciária.

1.1. A Prevenção Primária

A prevenção primária tem um sentido comunitario e por isso em

procurar lidar com o problema de um indivíduo específico, ela tenta

vez de.

reduzir

a incidência de distúrbios mentais de todos os tipos em uma população

intei-ra. Ha um esforço no sentido de neutralizar as influências prejudiciais

an-tes que elas desencadeiem problemas causadores de doenças mentais. Vale res

saltar que um enfoque comunitário não implica em negligenciar os casos

indi-viduais. Ao contrario, acarreta uma maior responsabilidade no sentido de

preocupar-se com o bem estar não somente das pessoas que procuram ajuda, mas

também com as outras, mais numerosas, que por vários motivos não têm aCl ,50

(31)

20.

A posição tradicional dos profissionais no campo da saúde mental era

orientada para o paciente individu~l, concentrando-se em uma única pessoa e

somente se ocupando das influências gerais do ambiente quando elas estavam liga

-das às experiências pessoais do paciente. Hoje, há uma preocupação com o

indi-viduo, mas levando-se principalmente em consideração que ele é representante de

um grupo e que as suas necessidades pessoais e os recursos de que dispõe estao

vinculados à comunidade da qual faz parte. Assim sendo, as informações

coleta-das a respeito de um caso não são usacoleta-das apenas para formular um diagnostico i~

dividual, mas também para ajudar a compor um quadro significativo de situação

dos outros membros do grupo a que pertence.

A prevenção primária interessa-se tambem em saber por que pessoas que

enfrentam situações semelhantes àquelas portadoras de distúrbio mental,

continuam saudáveis e produtivas. O interesse atual, portanto, não está exclusiva

-mente voltado para' identificar condições adversas no ambiente, propõe-se,

tam-bém a identificar e propiciar fontes de recursos que possibilitem um desenvolvi

mento harmonioso do indivíduo e da comunidade.

Caplan (1964) descreveu duas abordagens da prevenção primária

Sociai e Ação Interpessoal.

Ação

A Ação Social tem como finalidade básica equipar a comunidade de tU rua

neira que ela se torne capaz de prover os suprimentos indispensáveis para satis

fazer às suas necessidades e de oferecer ~sistência àqueles que enfrentam situa

ções de crise. Atua junto a legisladores, autoridades e políticos, quando a si

tuação requer, para que os objetivos propostos sejam alcançados.

A fim de que possam manter a sua integridade física e psicologica, as

pessoas precisam de suprimentos apropriados a cada estágio particular de

desen-volvimento. De acordo com o modelo proposto por Caplan (1964) os suprimentos fo

(32)

21.

Suprimentos físicos são aqueles necessários ao crescimento e desenvol

vimento do corpo,

ã

manutenção da saude física e ã proteção contra danos

corpo-rais (infecções, envenenamentos químicos e traumatismos). Entre os suprimentos

ftsicos, portanto, se incluem alimentação, abrigo adequado, estimulação senso

-rial e oportunidades para exerctcios físicos.

Cumpre salientar que mesmo as necessidades inatas, ligadas

ã

consti

-tuição biológica do indivíduo, são continuamente modificadas pela interação com

o meio ambiente e que somente podem ser satisfeitas em um contexto psicossocial.

Os suprimentos psicossociais visam à satisfação das necessidades

in-terpessoais e incluem a estimulação do desenvolvimento cognitivo e afetivo.

Es-tas necessidades são atendidas'atraves da interação com pessoas significativas

da família ou da comunidade que se tornam focos de contínuas relações emocio

nais. Quando o suprimento psicossocial e inadequado, não promovendo os meiosp~

ra que as pessoas estabeleçam relações adequadas com aquelas que podem

satisfa-zer as suas necessidades, cria-se um clima propício a uma maior incidência de

disturbio mental.

. pioião

A respeito do relacionamento interpessoal, Caplan emite a seguinte

0-. "Uma0-. ILe0-.laÇã0-.o ' 0-.6a0-.ud0-.á0-.ve1'

e:

a.que.la em que.

O O /dJr.o

.619

ni

61c.a.:U vo peJtc.eb e. ,

ll.e..6

peLta.

e.

.te.nta. .6a..tÁÁ 6a.zeJt

a..6

ne.c.e..6.6id.a.de..6

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pe..6

.6

oa. de. ma.ne.-ÚUl c.ompa..ú.ve1 c.om 0.6 .6

e.u.,.~

1Le6

pe.cti..vO.6 papw .60cia..i6 e.

com

0.6

vai..olLe..6-de.

.6

ua

c.uU:wut".

(Caplan,

7964,

P9. 46).

Os suprimentos sócio-culturais dizem respeito às influências que os

costumes, os valores da cultura e da estrutura social exercem sobre o

(33)

A auto-imagem de um indivíduo, seus sentimentos e atitudes dependem

em grande parte das expectativas d~s outros em relação ao seu comportamento. E~

sas expectativas tendem a determinar o papel e o lugar das pessoas no seu con

-texto social, indicando, inclusive, o caminho de vida a ser seguido por elas.

Os suprimentos sócio-culturais são fornecidos atraves da aprovaçao so

cial e outras formas de recompensas reforçadoras da segurança individual. Em

contra-partida, vem a punição quando o comportamento se afasta do esperado pela

estrutura social vigente.

~ conveniente esclarecer que a classificação dos suprimentos em

flsi-cos, psicossociais e sócio-culturais não deve .ser encarada de uma maneira

rlgi-da. As necessidades a serem supridas estão inextricavelmente interligadas

en-tre si, sendo, portanto, impossível atendê-las isoladamente. Por outro lado, e

importante que não se veja o indivíduo como um ser passivo a depender

totalmen-te da quantidade e da qualidade dos suprimentos que lhe são oferecidos. Ele totalmen-tem

a capacidade de provocar modificações significativas em seu meio ambiente a fim

de que suas necessidades físicas, psicológicas e sociais sejam devidamente aten

didas. Cabe ao psicólogo comunitário conscientizar as pessoas de suas reaispos

sibilidades neste sentido e orientá-las na execução de tais mudanças. Exemplos

de prevenção primária atraves da ação social incluem educação compensatória e

programas escolares (Cowen, 1969; Griffin e Reinhorz, 1969); programas de trei

namento (O'Connor e Rappaport, 1970); renovação urbana e variedades de

bem-es-tar social (Kessler e Albee, 1975).

A ação interpessoal, do mesmo modo que a ação social, tem por

objetivo assegurar os suprimentos básicos e promover uma superação saudável das cri

-ses que acometem as pessoas nas diferentes fa-ses de vida. Ela se distingue por

envolver contatos face

ã

face entre profissionais da saúde mental e indivíduos

ou pequenos grupos que necessitam de ajuda num esforço para identificar e corri

(34)

23.

de um rompimento.

Embora o foco imediato da atençao seja o indivíduo, a ação interpes ~

soaI pretende que os seus efeitos sejam mais amplos, atingindo a própria comuni

dade. Este intento pode ser alcançado atraves da educação de líderes da comuni

dade, pessoas que exerçam maior influência em pequenos grupos ou parentes que

tenham ascendência sobre a família. Quando bem orientadas, as pessoas-chavesp~

dem p!anejar e implementar programas, dentro de uma visão mais realista e

madu-ra, possibilitando melhor acesso aos suprimentos básicos necessários

ã

sobrevi-vência física e psicológica dos componentes do grupo social.

A prevenção primária atraves da ação interpessoa1

e

exemplificada por programas tais como intervenção familiar e educação dos pais (Bo1~, 1968); trei

namento de ajudadores da comlnidade (Dorsey, Matsunaga e Bauman, 1964; Hommen,

1972).

Alguns aspectos importantes devem ser considerados em um programa de

prevenção primária : Seria interessante que se conhecesse tanto quanto ~

poss~-vel a etiologia das doenças mentais, porem dado o imperfeito conhecimento que

se tem sobre o assunto, outras bases para orientar as atividades de prevenção

precisam ser desenvolvidas. ~ importante a identificação de fatores ambientais

que facilitem ou dificultem os meios a serem utilizados pela comunidade para li

dar com os "stress". Deve~se encorajar as pessoas com suspeita de distúrbio

mental a procurar um tratamento adequado. Nesse sentido,

e

interessante que se

planeje um trabalho incluindo não apenas uma descrição dos sintomas, mas t~

bem uma orientação para onde se dirigirem a fim de obterem ajuda. ~

imprescin-díve1 elaborar programas visando

ã

provisão dos suprimentos indispensáveis

ã

s~

brevivência física e psicológic3 dos membros da comunidade, bem como procurar

neutralizar as influências que dificultam essa provisão.

Existem grupos vulneraveis a distúrbios mentais decorrente~ de vida

(35)

24.

Um importante suprimento sócio-cultural a ser oferecido

é

estimular as pessoas

idosas a serem ativas e, na medida do possível, independentes, ajudando-as a

.

permanecerem interessadas na vida social, política e recreativa de sua comunida

de.

Uma das metas de um programa de prevenção primária deve ser a integri

dade da família. Ha varios fatores que a ameaçam, tais como doenças, hospitali

zações, morte de um dos conjuges, divórcio, etc. Não

é

simplesmente a

proximi-da de espacial dos membros proximi-da família, toproximi-davia, que lhe garante a integriproximi-dade.

Embora não se possam prescrever fórmulas exatas para um bom relacionamento fami

liar, é possível a elaboração de programas comunitarios visando à educação dos

pais, propiciando-lhes uma melhor compreensão das necessidades dos filhos e dos

motivos que lhes orientam o comportamento.

Em termos de prevenção primaria não podemos, pois, perder de vista e~

ses dois importantes campos da ação: Social e interpessoal. No que se refere

ã

ação social um dos campos mais férteis para se atuar

é

a educação. Depois da

família é a escola a mais importante fonte transmissora de valores e de desen

-volvimento das potencialidades individuais. O sistema educacional esta

direta-mente sob o controle de líderes da comunidade que podem modificar o seu

funcio-namento de acordo com interesses políticos, daí por que a ação social também de

ve interferir nesse aspecto.

-Dentro da açao interpessoal pode-se desenvolver um interessante traba

lho junto aos pais e a todos que exercem autoridades tais como, chefe e líderes

da comunidade, conscientizando-os de que devem estar atentos às necessidades de

seus dependentes ou subordinados e evitar usar o próprio prestígio para atender

apenas aos seus interesses pessoais.

l.l.l. Crises Vitais e seu Significado na Intervenção Primária

(36)

25.

plicam em demandas pesadas, exigindo novas estrategias e novas formas de compo~

tamento para enfrenta-las. Tais situações constituem o âmago do que se define

.

como crise, deixando os indivíduos mais disponíveis para receber ajuda a fim de

que possam resolver de maneira satisfatória os problemas surgidos.

A crise e decorrente de um desequilíbrio entre o alto significado e a

dificuldade do problema por um lado, e os recursos imediatamente disponíveis pa

ra resolvê-los por outro. Embora haja uma maior mobilização de energia, os

me-canismos homeostaticos, em decorrência do alto nível de tensão, não funcionam

bem, impedindo a pessoa de empregar metodos passíveis de serem utilizados com

êxito para a solução do problema. Contudo, o termo crise ja não tem a conota

-ção de catastrofe iminente, adverte Erikson (1959) e complementa afirmando que

tal significado dificultava uma melhor compreensão do termo. Ele vê a crise co

mo um mooento crucial, um ponto crítico necessario para dar nova direção ao

de-senvolvimento do indivíduo, ajudando-o a descobrir novos recursos para sua rec~

peração e crescimento e a desenvolver uma maior capacidade de diferenciação.

As crises foram classificadas por Erikson (1959) em dois tipos: De

de-senvolvimento e acidentais. No que se refere ao primeiro tipo, esclarece que

durante o desenvolvimento da personalidade ha uma sucessão de fases diferentes

e entre elas ocorrem períodos de transição os quais em geral provocam trans

-tornos cognitivos e afetivos. A esses períodos Erikson chamou de crises de

de-senvolvimento e dentre elas evidenciou a crise da adolescência.

o

que mais agrava as chamadas crises de desenvolvimento e que os estu

diosos da sociedade e da história parecem ignorar que todas as pessoas uma vez

foram crianças. Esquecem ser a sociedade constituída de gerações sujeitas ao

processo de converteremrse de crianças em jovens e, posteriormente, em adultos

e pais que devem integrar as mudanças históricas de suas vidas e continuar fazen

(37)

26.

Durante o seu processo de crescimento a criança tem muitas oportunida

des de identificar-se, mais ou menos experimentalmente, com pessoas reais ou

i-.

maginarias, de ambos os sexos, com traços de personalidade, idêias,profissões e

habitos dos mais diversos. No fim da infância vê-se obrigado a fazer escolhas

radicais e o problema agrava-se quando o seu momento de vida, em parte decorren

te de seu contexto ambiental, oferece-lhe apenas um numero limitado de opções.

-Os modelos socialmente significativos que lhes sao apresentados proporcionampo~

cas condições para que realize combinações de fragmentos de varias identifica

-ções viaveis. Principalmente os adolescentes procuram atraven dos modelos que

lhes são disponíveis características capazes de satisfazer simultaneamente as

suas necessidades resultantes do estado de maturação do organismo, de síntese do

eu e das exigências da cultura. Esse estagio e chamado por Erikson (1959) de

"crise de identidade". O jovem deve converter-se em uma pessoa auto-integrada

em um estágio evolutivo que se caracteriza por uma diversidade no crescimento fí

sico, maturidade genital e consciência social. O referido autor denomina de

sentimento de identidade interior a integridade a ser alcançada nesse período de

vida. Considera, ainda que a identidade inclui mais do que a soma de todas as

identificações sucessivas daqueles anos anteriores nos quais a criança queria

ser: a era com frequência obrigada a ser como as pessoas das quai.s dependia. Há

um constante esforço por parte dos adolescentes no sentido de definir-se e rede

finir-se a si mesmo e a cada um dos demais com quem convive, fazendo comparaçÕes

geralmente crueis ao mesmo tempo em que buscam conciliar antigos valores

introjetados com os novos que proliferam como resultado de mudanças bruscas ocorri

-das na sociedade. Nessa fase de sua vida o jovem contrapõe mais do que sinteti

za suas alternativas sexuais, ocupacionais, eticas e morais e com frequência se

vê obrigado a fazer escolhas decisivas o que lhe parece muito difícil.

A fim de que possa experimentar melhor a sua autoidentidade, o ado

-lescente deve sentir uma continuidade progressiva entre o que tem conseguido ser

(38)

27.

ele pensa que

e

e o que os demais veem nele e esperam dele. A identidade impli

ca em um modelo único e o adolesce~te ao enfrentar essa crise só conseguira

re-solvê-la através de novas identificações com companheiros da mesma idade e com

figuras líderes fora da família. A sociedade tem a grande responsabilidade

di-ante das crises de identidade que ocorrem na adolescência pois

e

sua função ~

rientar as escolhas dos jovens, oferecendo-lhes, inclusive, modelos confiáveis.

No ciclo vital não apenas a adolescência caracteriza-se como uma fase

suscetível do desencadeamento de crise. Com as rápidas mudan,ras que vem ocor

-rendo nas últimas décadas, inclusive as decor~entes dos avanços tecnológicos

tornase cada vez mais difícil envelhecer sem sentirse ultrapassado. O enve

-lhe cimento será cada vez menos uma experiência negativa, na medida em que as

pessoas de idade não se sentirem desatualizadas do ponto de vista profissional

e quando descobrirem que têm algo de significativo e duradouro para oferecer de

corrente de seu próprio crescimento como pessoa.

Embora as crises acidentais não possam ser previstas como as de dese~

volvimento, sua ocorrência em uma certa população pode ser estatisticamente pr~

dita. Mesmo não sendo possível se prevenirem todas as crises, o fato de reco

-nhecer a sua existência e identifica-las em situações específicas, facilita os

meios para que se ofereça ajuda e suporte às pessoas por elas atingidas.

Dependendo de como manipulam as crises, as pessoas podem emergir das

mesmas com maior ou menor habilidáde para adaptar-se às novas situações de vida.

Se na tentativa de superar uma crise, aumentam o seu repertório de habilidades

para solução efetiva de problemas, utilizando novos "insights", elas se torna

-rão mais fortes e mais capazes para enfrentar outras situações competitivas ou

de perdas. Não sentirão, portanto, necessidade de recorrer a comportamentos re

gressivos com bases não realistas ou a quaisquer outros meios que venham a difi

cultar o seu processo de crescimento individual. Na verdade, se as crises sao

(39)

28.

menos capazes para funcionar bem no futuro. Daí por que Cap1an (1964) afirma

que a resistência ao distúrbio men~a1 pode ser aumentado atraves da ajuda que

se dã ao indivíduo em situações de crise, considerando esse trabalho de grande

importância na prevenção primária. Alem do mais, deve-se levar em consideração

que durante a crise, seja de desenvolvimento, seja acidentais, as pessoas

ex-perimentam um maior nível de ansiedade. Em consequência, como já referimos aci

ma, ficam mais abertas a novas experiências na esperança d~ que possam encon

trar, o mais rapidamente possível, meios eficazes para libertá-las de suas

ten

-soes. Assim sendo, torna~se mais carentes de contatos humanos e, por isso,mais

suscetíveis às influências dos outros do que durante os períodos de funcionamen

to estável. Já vimos tambem como o homem interage com o ambiente e a

importân-cia das repercussões sécio-cu1turais sobre o seu comportamento. Por isso, na ~

pinião de Cap1an (1964) uma das atuações mais relevantes da Psicologia Comunitá

ria na prevenção primária e intervir junto às pessoas que se encontram em situa

ções de crise.

Quando a1guem enfrenta um problema que ameaça privá-lo de qualquer s~

primento básico, pondo em risco a sua estabilidade emocional, os membros de sua

família ou de outros grupos primários que lhe estejam ligados por estreitos

1a-ços afetivos, sente~se em maior ou menor grau envolvidos pe1a"situação. Assim

sendo, eles o apoiarão nas decisões que estão em consonância com os valores e

tradições do grupo ou exercerão controle e, por vezes, o pressionarão no

senti-do de que as suas decisões não entrem em choque com as expectativas que têm

de-1e. Isso, em geral, aumenta o conflito diante da situação. Por outro lado, o

grupo poderá propiciar-lhe canais adequados para dar evasão aos sentimentos

ne-gativos que tendem a emergir quando o indivíduo enfrenta uma crise. Poderá tam

bem ajudá-lo a enfrentar seus problemas de uma forma ativa e criadora, permiti~

do-lhe um maior alívio das tensões. Por isso, ao buscar uma solução para a cri

se, a pessoa visa, não somente ao atendimento de suas necessidades, mas procura

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