ANSIEDADE E DESEMPENHO; UMA ANÁLISE EXPERIMENTAL
c!':-REGINA CELIA PORTO DA SILVA
FGV/ISOP/CPGP
ANSIEDADE E DESEMPENHO: UMA ANÁLISE EXPERIMENTAL
por
REGINA CELIA PORTO DA SILVA t!.--/
Dissertação submetida como requisito parcial para obten-ção do grau de
MESTRE EM PSICOLOGIA
Aos meus pais, pelo apoio e por todas as oportunid~
des que me proporcionaram de estudar e de me tornar eu mesma.
Ao professor Eliezer Schneider, orientador da dis
-sertação, pela sua atenção e estímulo amigo no decurso da ori
entação.
À professora Maria Alice Bogossian, co-orientadora,
pela sua paciência e capacidade relâmpago de abstração com as
quais sempre contei nas suas orientações.
À professora Angela Maria B. Biaggio, pelas valio
-sas discussões que deram origem ao projeto inicial deste
tra-balho.
Aos professores Nei Calvano Gonçalves e Eva Nick
pelo auxílio prestado na fase inicial deste trabalho.
À professora Ida de Jesus Ferreira, pela revisão cui
dadosa da redação da dissertação.
À equipe do CPGP, pela atenção que sempre me de di
-cou.
Ao meu irmão Domingos, chefe de uma "torcida organ!
zada" muito querida e vibrante: vovô, vovó, Tânia, Júnior, Fábio e
Ibuglas.
A ansiedade é um dos conceitos mais importantes den
tro da Psicologia.
Uma grande quantidade de trabalhos experimentais
tratando sobre os efeitos da ansiedade-de-teste, tem sido con
duzida.
A discussão sobre ánsiedade-de-teste e sua relação
com o desempenho acadêmico deve ser precedida por uma elucida
çao do conceito de ansiedade. Este conceito tem sido interpr~
tado de diferentes formas pelas várias escolas de pensamento
na Psicologia e Filosofia.
Os dois primeiros capítulos deste trabalho sao dedi
cados ã uma apresentação dos vários conceitos de ansiedade e
de teorias que consideramos importantes que abordam o assunto.
A seguir, passamos a descrever a análise
experimen-tal que foi realizada com o objetivo de detectar os efeitos da
ansiedade-de-teste no desempenho e verificar os resultados da
manipulação da variável tempo limitado e da magnitude do
"stress", na relação estudada.
Grande parte da literatura sobre ansiedade tem
su-blinhado que a influência desta sobre o comportamento
é
bas-tante complexa.
Como Spielberger, julgamos ser necessário controlar
as variáveis dificuldade da tarefa e inteligência dos sujei
-tos.
Com base nos resultados encontrados, concluímos que
uma série de outros aspectos devem ser considerados, tais
co-mo elaboração da prova, matéria envolvida, experiências
ante-riores dos alunos, imagem do professor etc.
Busca-se conhecer a natureza da ansiedade-de-teste
e encontrar formas efetivas para controlar este tipo específi
co de ansiedade, de maneira a aparelhar melhor os alunos para
lidarem com ele.
~ necessário também que os educadores tomem conhec!
mento das características e implicações da ansiedade-de-teste,
de forma que sejam capazes de tirar partido dela e consigam
minimizar seus efeitos negativos no processo ensino-aprendiza
gemo
Anxiety is one of the most important concepts in
Psychology.
A great deal of experimental work, dealing with
the test anxiety effects, has been undertaken.
Discussion of test anxiety and its relation to
academic performance must be preceded by an elucidation of
the concept of anxiety. However this concept has been
interpreted in different ways, by the various schoolsof
thought in Psychology and Philosophy.
The two first chapters of this work are devoted to
a systematic presentation of the various concepts of anxiety
and the theories which are considered the most importante
This is followed by a description of an experimental
analysis which was carried out with the double objective of
detecting the test anxiety effects on performance and to
verify the results of the manipulation of variable limited
time and the stress magnitude in the connection learned.
A good deal of work on anxiety has emphasized the
complexity of its influence on behaviour. This research is
based on Spielberger's work, which focuses the relationship
necessary to control the two variables: task difficulty and
the intelligence of the subjects.
Based on these results, we conclude that a series
of other aspects must be considered, such as the elaboration
of the quiz, the involved matter, the previous students'
experience, the teacher's image etc.
Knowledge of the nature of test anxiety and of
effective ways to control this specific type of anxiety,
would provide a way of helping the pupils to deal with it.
It is also necessary for educators to know the
characteristics and implications of test anxiety, in such
a way as to be able to overcome and minimize its negative
effects on the process of teaching and learning.
Agradecimentos --- iv
Resumo --- v
Summary --- vii
INTRODUÇÃO --- 01
CAPITULO I: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANSIEDADE ---1 - Definição de Ansiedade -2 - Abordagens da Ansiedade ---2.1
-
A ansiedade na perspectiva existencialista ---2.2-
A ansiedade na perspectiva freudiana---2.3
-
A ansiedade na perspectiva comportamental ---2.4-
A ansiedade na perspectiva cognitivista ---2.5-
A ansiedade na perspectiva neurofisiológica de Gray---05 05 11 11 16 25 34 40 CAPITULO 11: A ANSIEDADE-DE-TESTE ________________________ 47 1 - Contribuições Relevantes 2 - O Modelo de Spielberger ---CAPITULO 111: METODOLOGIA 1 - Hipóteses de Trabalho ---2 - Caracterização dos Sujeitos ---3 - Instrumentos ---4 - O Experimento ---~ 5 - Análise dos Resultados --6 - Discussão dos Resultados ---47 59 79 79 84 85 89 91 97 CONCLUSOES --- 102
Tem-se afirmado que vivemos em uma época de an
-siedade e o século XX tem sido chamado de "era da an-siedade".
Na verdade, a preocupaçao com o medo e a
ansieda-de e tão antiga quanto a própria humanidaansieda-de.
Supõe-se que todas as formas de empreendimento~
mano sao afetadas, de algum modo, pela ansiedade.
- Vários autores destacam a importância do seu estu
do em suas obras.
O psicólogo social R.R. Willoughby, em 1935, afi~
mou que a ansiedade
e
a característica mental mais saliente dacivilização ocidental. Para provar tal afirmativa, o autor mo~
trou através de estatrsticas. a incidência crescente em tr~s
campos da patologia social, que ele acredita poderem ser en
-tendidos como reações
ã
ansiedade: o suicídio, as formasfun-cionais de distúrbio mental e o divórcio.
Para Schlesinger, em 1948, ansiedade é a emoçao
oficial de nossa época, enquanto para Hoch e Zubin, em 1950,
a ansiedade é o fenômeno psicológico mais penetrante de
Sarason et aI. em 1960. escreveram:
Nós não temos ciência de nenhuma concepção sis-temática de personalidade. particularmente com respeito ao seu desenvolvimento. a qual não se dê ao conceito de ansiedade um papel de impor -tância. senão de significância central.
Freud foi quem colocou a ansiedade no lugar de
destaque que até hoje ocupa nas ciências do comportamento.
Goldstein afirma que a capacidade de suportar a
ansiedade é importante para a auto-realização do indivíduo e
para a conquista de seu ambiente.
Mowrer é outro pesquisador para quem o conceito
de ansiedade assume grande importância em função de seu signi
ficado para a definição da aprendizagem. fundamental
de sua posição teórica •
dentro
.cm nossa experiência no magisterio, constatamos a
ocorrência de um fenômeno muito comum, que interfere de forma
complexa no rendimento dos alunos - a ansiedade-de-teste.
FreqUentemente encontramos excelentes alunos
(in-teligentes-. interessados e particillantesl que. no entanto. em
situações de prova não rendem o que esperamos.
Alguns destes alunos, depois- do tes-te. para o qual
pro-duzido tudo aquilo que poderiam, dado que "ficaram nervosos "
e atrapalharam-se na hora de responder às questões.
Assim, em determinadas situações como o Vestibu
-lar do Cesgranrio e o Curso Prévio para o Mestrado da FGV, o~
servamos que é grande a competição, devido ao reduzido número
de vagas e, nestas condições, nem sempre o melhor ou o mais
"preparado" aluno
e
aquele que é aprovado. Provavelmente,en-tre os determinantes do fracasso destes estudantes,
destacam-se os efeitos nocivos da ansiedade-de-teste.
Uma vez que tal problema seja detectado é impor
-tante que o aluno seja orientado de forma a aprender a lidar
com tal ansiedade e seu desempenILo seja proporcional às suas
habilidades, sem as distorções que observamos.
Tornase necessirio. então, que a ansiedadede·
-teste seja mais estudada e compreendida em sua natureza e, com
base nisso, sejam desenvolvidos métodos efetivos para
minimi-zar os seus efeitos debilitadores no rendimento acadêmico.
Precisamos conhecer os mecanismos que estão envol
vidos nesta relação: ansiedade e desempenho.
Charles Spielberger é um dos investigadores que
mais tem se dedicado ao estudo da ansiedade-de-teste e é nos
realiza-çao desta pesquisa.
Julgamos ser este um trabalho pioneiro, dentre
muitos outros que envolvem a ansiedade-de-teste, levando em
conta o aspecto do tempo limitado para a realização de pro
-vas acadêmicas como condição estressante que a incrementa e
prejudica o rendimento dos estudantes.
Além deste caráter inovador, há também uma preoc~
paçao em reproduzir algumas das tendências dos estudos
reali-zados por Spielberger, apresentados neste trabalho.
Inicialmente, procuraremos mostrar a grande dive~
sidade de definições que o termo ansiedade recebeu na
litera-tura consultada e faremos uma exposição das principais aborda
gens teóricas da ansiedade.
A seguir, nos deteremos em algumas contribuições
que consideramos relevantes para o estudo da ansiedade-de-te~
te, enfatizando principalmente, o modelo proposto por Spiel
-berger.
Passaremos então a descrever o estudo
tal realizado nesta dissertação, suas hipóteses,
mentos empregados e os resultados encontrados.
CAPITULO
I: INTRODUÇAO AO ESTUDO DA ANSIEDADE
I - DEFINIÇAO DE ANSIEDADE
Não
é
fácil a tarefa de definir o termo ansiedade.Basta uma ligeira consulta
à
literatura sobreansiedade para constatarmos que há um grande número de defini
-ções, bastante diversas entre si.
Isto se dá porque a ansiedade é um conceito
cen-tral na Psicologia e, desta forma, aparece nas diferentes teo
rias desenvolvidas em várias de suas áreas, tais como:
logia da Personalidade, Psicologia do Desenvolvimento,
Psico-logia da Aprendizagem, PsicopatoPsico-logia etc.
Nas definições que encontramos, as propriedades
da ansiedade apontadas variam de acordo com a abordagem teór!
ca e a posição epistemológica de seus autores. Em geral, cada
qual trata-a de maneira diferente. Para uns, ela é tida como
um estado de medo, outros já consideram este como um impulso
inato enquanto a ansiedade é um impulso adquirido ou
secundá-rio. Uns incluem aspectos cognitivos enquanto outros os
ex-cluem. Alguns levam em conta as alterações fisiológicas que
ocorrem. outros enfatizam seu tratamento como variável
inter-veniente. Há formulações onde a ansiedade é conceituada como
pre-judicial.
Assim, nos limitaremos a expor algumas das
diver-sas citações existentes que definem ansiedade, sem preocupação
em classificá-las de acordo com seus vários aspectos.
Kierkegaard, em 1884, entende que a ansiedade
en-volve uma "ambigUidade psicológica ... é uma antipatia
simpa-tizante e uma simpatia antipasimpa-tizante". Para ele:
Pode-se comparar a angústia à vertigem. Quando
o olhar mergulha num abismo, há uma vertigem,
que tanto nos vem do olhar como do abismo,pois que nos seria impossível deixar de o encarar.
(Pessotti, 1978, p. 1)
E, sobre isto, acrescentou:
Não tenho o desejo de falar em termos veemen -tes sobre esta idade como um todo, mas quem ob servou a geração contemporânea não negará, cer tamente, que a incongurência nela e as razões
para a sua angústia e intranqUilidade residem
em que, numa direção, a verdade aumenta em ex-tensão, em volume e, também, em parte, em cla-reza abstrata, enquanto que a certeza diminui constantemente. (May, 1980, p. 38)
Freud, em 1920, escreveu:
Como nós sabemos, o desenvolvimento da ansieda de é a reação do ego ao perigo e o sinal prepa ratório para a fuga; não é um grande salto ima ginar que também na ansiedade neurótica o ego
está tentanto uma fuga das exigincias de sua
libido, e está tratando esse perigo interno co mo se fosse externo. (Pessotti, 1978, p. 1)
Enquanto que o medo da vida é ansiedade causada pelo avanço progressivo, criandose um indiví
-duo, o medo da morte é ansiedade causada pelo
recuo progressivo, perdendo-se a
individualida-de. Entre essas duas possibilidades de medo, o
indivíduo é jogado para trás e para a frente du rante toda a sua vida. (May, 1980, p. 136)
Karen Horney, em 1937, postula que: "A ansiedade
é o centro dinâmico das neuroses e, assim, teremos que lidar
com ela o tempo todo." (Ibidem, p. 233).
Mowrer, em 1939:
Considerou a resposta medo-ansiedade como a for
ma condicionada de uma resposta de dor. Assim
como a dor pode ser empregada como um impulso pa ra produzir aprendizagem por meio de fuga, tam: bém a ansiedade pode ser usada para produzir a-prendizagem. (Hilgard, 1973, p. 373)
Goldstein, em 1939, observou que:
A ansiedade constitui a experiência subjetiva do organismo numa condição catastrófica. Segundo ele, o organismo é lançado numa condição
catastrófi-ca quando não pode fazer face às exigências do
seu meio e, portanto, sente uma ameaça à sua e-xistência ou aos valores que considera essenciais para a sua existência. (May, 1980, p. 71)
Dollard e Miller, em 1941, afirmaram que:
A ansiedade está ligada ao ato punido, ou direta
mente ou através do ensaio simbólico do ato
en-quanto o castigo está sendo administrado. Mais
tarde, essa ansiedade serve como um sinal para
Estes e Skinner, também em 1941, escreveram:
o
principal resultado ... foi o condicionamentode um estado de ansiedade ao som, cujo indica -dor primário era a redução na força do comporta
mento de pressão à barra motivado pela fome.
-(Pessotti, 1978, p. 1)
5choenfeld, em 1950, reformula a definição acima
da seguinte forma:
o
paradigma experimental para estabelecer aan-siedade e 5 - 52' onde S é um estímulo
ini-cialmente
n~utro
e 52 éu~
estímulo aversivoque não pode ser terminado ou evitado pelo org~
nismo e indica a passagem de um certo tempo. (Ibidem, p. 2)
Mandler e Watson, em 1966, referiram:
Em outras palavras, a ansiedade aparecerá quan-do o organismo, interrompiquan-do no meio de seqtiên-cias bem organizadas de comportamento ou na exe cução de um plano bem desenvolvido, não tem com portamento alternativo disponível. (Ibidem,p.2)
Wolpe, em 1958, enunciou: "Por ansiedade se enten
de o padrão ou os padrões de respostas autônomas, que são par
te característica da resposta do organismo
à
estimulação nociva". (Spielberger, 1972, p. 54)
Para Lundin, em 1961, a ansiedade
é
tida como:"Umgrupo de respostas que um organismo emite sob certas opera
ções de estímulos. A operação para produzir ansiedade
é
um estímu10 neutro ser seguido por um estímulo aversivo primário".
Lazarus, também em 1966, sustenta que:
A ansiedade é a resposta ã am~aça e que é enga
noso afirmar que a ansiedade motiva o comporta mento. De fato, se ela atua como um sinal, ela não motiva, em sentido estrito, o
comportamen-to.
E
a ameaça que o motiva. (Pessotti, 1978 ,p. 2)
Para Hilgard, em 1973, a ansiedade desempenha um
duplo papel, pois por um lado é um impulso e, por outro, é uma
fonte de reforçamento, devido a sua redução. Se considerarmos
a ansiedade como um impulso. estaremos nos referindo a uma va
riável interveniente e, neste caso, o termo relaciona-se a um
estado ou processo não diretamente observável, pelo que só p~
demos realizar inferências.
Rollo May. também
em
1973. diz que: "A ansiedadeé a apreensão sugerida por uma ameaça a algum valor que o
in-di víduo reputa essencial
ã.
sua existência como um Eu." (Ibi-dem, p. 3)
lrwin Sarason, em 1975. conceituou a ansiedade co
mo um estado emocional desagradável, acompanhado de excitação
fisiológica e de elementos cognitivos de apreensão. culpa e
sentimento de perigo iminente.
mo:
Ajuriaguerra. em 1976. caracterizou a ansiedade co
experi-ência individual, gue invade a pessoa até suas raízes mesmas, dif1cil de ser compartilhadamm outro e, a qual, damos um caráter de generali-dade, a fim de melhor escondê-la. (Ajuriaguer-ra, 1980, p. 607-608)
Spielberger, entende que:
Em termos gerais, tensão e ansiedade se refe -rem a complexas transações ocorridas entre as
·pessoas e seu ambiente. Envolvem: perigos ou
pressões (tensores) externos potencialmente no ci vos; pensamentos e lembranças, e processos ri siológicos internos; e as reações emocionais in tensas e desagradáveis evocadas pelos estímulos
de tensão. (Spielberger, 1981, p. 62)
A postulação acima envolve uma teoria de
ansieda-de que inclui "stress", ameaça. ansiedaansieda-de-estado e ansiedaansieda-de-
ansiedade-traço como constructos ou variáveis fundamentais.
Observase que uma teoria que leve em considera
-çao o fenômeno da ansiedade deve começar com uma definição
das características inerentes da resposta ansiosa e a
descri-çao de seus aspectos etiológicos. Depois que estas
proprieddes estiverem identificadas conceitualmente. procedimentos
a-propriados para medi-las devem ser construídos.
Desenvolvimentos recentes na pesquisa sobre ansie
dade, "stress" e aprendizagem têm contribuído para a classifi
caça0 da ansiedade como um conceito tipicamente psicológico e
também para o desenvolvimento de instrumentos de medida mais
A adoção de convençoes terminológicas levará
à
comunicação mais precisa entre os investigadores e auxiliarãem
muito o progresso futuro da pesquisa sobre ansiedade.
Tais contribuições sistemáticas virão somar-se ao
grande patamar de definições e teorias existentes, clarifican
do-as e integrando-as, de forma que possamos tirar melhor pa!
tido delas.
Julgamos ser esta uma das preocupaçoes de Spiel
-berger e seus colaboradores com seu modelo teórico e o
desen-volvimento de inúmeros estudos, muitos deles transculturais.
Passaremos, então, a examinar as abordagens mais
importantes, as teorias de maior relevo, que foram marcos evi
dentes da evolução do conceito de ansiedade e que ofereceram
conteúdo de analise para as pesquisas recentes.
2 - ABORDAGENS DA ANS IEDADE
2.1 - A ansiedade na perspectiva existencialista
Sabe-se que o conceito de ansiedade habita ha mui
to tempo o pensamento existencialista, sendo particularmente
revelado, nos trabalhos de Kierkegaard, Jaspers, Heidegger
Sartre e Nietzsche. Também foram relevantes as contribuições
o
conceito de medo na filosofia existencial temmuitas conotações que vão, desde a suave característica
enig-mática da filosofia, até o medo heideggeriano de estar no mun
do, assim como a uniformização radical de Sartre do homem com
angústia.
A concepçao do medo de Kierkegaard está inteira
-mente embebida de pensamento teológico. Segundo ele, o homem
possui um ardente desejo espiritual - a pretensão de uma
for-ma de vida for-mais elevada - que o lança num estado de medo.
Esta idéia reaparece no pensamento filosófico de
Jaspers, assim como no do filósofo francês Gabriel MareeI e,
depois, com certas variações, novamente, nos escritos de
Erick Fromm.
Ao contrári6 de Kierkegaard e Jaspers, Gabriel
MareeI nao se refere ao medo quando descreve a ânsia do
espí-rito, mas sim ã insatisfação que, para ele, é uma indicação
do desejo da alma de transcender. Narra, também, alguns casos
em que esse "tédio" pode transformar-se numa ânsia de uma
vi-da criativa e não necessariamente religiosa.
Jaspers, Kierkegaard e MareeI afirma que:
Há um fenômeno de real importância na sociedade - a insatisfação interna e o sentimento de va-zio experimentados por aqueles que vivem num es tado de riqueza material e cultural, o qual per
mite a realização de todos os desejos humanos~
Jaspers coloca que, em ültima análise, toda ansie
dade baseia-se no medo da morte, diagnosticando a experiência
do medo do homem moderno, que vive numa sociedade tecnológica,
como uma resistência
à
"alienação". Este ponto de vistaalia-o a muitalia-os alia-outralia-os pensadalia-ores que têm se prealia-ocupadalia-o calia-om este
problema.
o
conceito de alienação chegou até nós atravésde Hegel e, por meio dele~ passou para os escritos de Karl
Marx, filósofo que considera o trabalhador um alienado. Segu~
do Marx, o trabalho por ele executado lhe é estranho, não faz
parte de sua natureza, por isso, ele nao se realiza no
trabalho, rejeitase a si mesmo, sentese mais miserável que con
-tente, não pode desenvolver suas potencialidades físicas e me!!
tais livremente. Com freqUência, mostra-se fisicamente
exaus-to e mentalmente deprimido. Somente quando não está trabalhan
do. o trabalhador pode ser ele mesmo. uma vez que no trabalho
ele se sente como um estranho.
Esta concepçao de alienação teve profunda influên
cia sobre Karl Jaspers, que foi alem, afirmando que este
sen-timento, que chamou de "falta de autenticidade", cria medo.
Ao contrário de Marx, Jaspers nao procura um remé
dio para este mal do homem moderno nas arenas social e
eco;no-mica, mas sim na esfera religiosa.
sig-nifica a ansiedade sentida pelo homem. mediante o seu "estar
no mundo"; possivelmente. resulta da dúvida em torno da
exis-tência e da fragilidade da natureza humana.
Esta idéia é análoga ao conceito alemão de
"ur-angst". que é interpretado como um medo residual que chegou
até nós através dos nossos ancestrais. do qual vestígios
po-dem ainda estar alojados no estrato obscuro de nossa psiquê.
Nietzsche dá um passo além. na direção da psicol~
gia formulando uma teoria da motivação humana para o
conheci-mento e para a opçao moral. segundo ele, o motivo mestre é a
vontade de ser forte e qualquer bloqueio dessa vontade ou
si-tuação de impotência violenta a natureza do homem e lhe traz
o desconforto da ansiedade.
Assim. Nietzsche formula o princípio da motivação
inconsciente como fonte de incerteza e frustração. Ele dá
ên-fase especial ã "ameaça que brota do conflito razão-e-impulso
e sua teoria ética a esse respeito é. praticamente. uma teo
-ria clínica antiansiedade." (Pessotti. 1978. p. 31)
Sob a influência dominante desta filosofia é que
surgiu a psicologia existencial como uma tendência da psicol~
gi a contemporânea, represent ada principalmente por Paul Tillich
e Rollo May. Dos filósofos acima abordados, a psicologia exi~
teó-rica da ansiedade. Associaram-se, também, ao existencialismo
os psicólogos humanistas A. Maslow e C. Rogers.
o
contínuo desafio à renovaçao doautoconhecimen-to e à auto-afirmação é a fonte da ansiedade normal, na psic~
logia existencial, tal como definira Kierkegaard. A rigidez
é a negação da própria existência, pois é a fuga da renovaçao
e da ampliação da própria existência subjetiva.
Também o conceito de Eu é resultante da condição
humana ambivalente: o homem cria a sua realidade, os seus
va-lores, o seu auto-conceito e como tal é agente, criador,
su-jeito de si mesmo, ao mesmo tempo em que
é
objeto deconheci-mento, avaliação e pressoes da vida objetiva e da sociedade.
O autoconhecimento implica na capacidade do homem perceber-se
como sujeito e objeto, tornando-o capaz de oscilar entre
es-ses dois estados - este é o Eu.
Outra influência
é
a abordagem histórico-cultural.Em geral, os textos da psicologia existencial contêm a emoçao
e os valores humanos tratados como frutos de condições
cultu-rais e históricas.
A situação conflitiva, desesperada e precária da
cul tura contemporânea ocupa extensas análises de May e Tillich.
Assim, Rollo May escreve em seu livro: "O nomem em busca de
o
grande perigo da situação de vácuo e impotência é conduzir, mais cedo ou mais tarde, a an~
siedade e ao desespero e, finalmente, se nao
corrigida, ao desperdício e ao bloqueio das
mais preciosas qualidades do ser humano. Os re
sultados finais serão a redução e o empobreci~
mento psicológico, ou então a sujeição a uma
autoridade destrutiva.
O mérito da psicologia existencial é o da elabora
çao do conceito existencialista da ansiedade, objetivando in~
var a prática clínica e a perspectiva de estudo da vida emo
-cional na relação interpessoal e sócio-cultural, dando- lhes
um cunho mais humanista.
2.2 - A ansiedade na perspectiva freudiana
O significado de conteúdos e processos inconscien
tes, de conflitos inevitáveis entre o mundo interno da
crian-ça e sua realidade externa, a importância de tais conflitos
para a formação da concepçao que a criança tem de si mesma e
do mundo externo, as dinâmicas e vicissitudes das reações
de-fensivas ao conflito - são alguns dos processos e
com os quais a teoria psicanalítica lida.
problemas
Foi ela que influenciou o pesquisador da
ansieda-de a perceber a reação ansiosa como um sinal ansieda-de perigo consci
ente associado não somente a um perigo externo, mas também a
Uma visão da ansiedade neste sentido. implica
nu-ma compreensão da reaçao ansiosa. envolvendo questões
concernentes à natureza e ao parentesco entre as experiências pre
-sentes e passadas do indivíduo.
Freud afirma que a capacidade para a ansiedade
inata no organismo. pois é parte integrante do instinto
-ede
autopreservação e que é herdada filogeneticamente. Já as an
-siedades específicas são aprendidas.
Freud distingue três tipos de ansiedade:
1 - ansiedade objetiva - está relacionada com os sucessos do
mundo real e inclui ansiedade do dano físico e da priva
-çao econômica. Os indícios que a proporcionam fazem com
que o indivíduo tome medidas para evitar o perigo que o
ameaça. Busca um lugar onde esconder-se, um trabalho ou
um meio de defesa. segundo a natureza da ameaça. A fonte
encontra-se no mundo exterior.
2 - ansiedade neurótica - é produzida pelos desejos do ido
E
o medo de expressar urgências agressivas sexuais e anti
sociais. mediante algum ato impulsivo. Seus sintomas, de
acordo com a psicologia freudiana. encontram-se na
ansie-dade flutuante. nas fobias e no pânico. Refere-se a um p~
rigo desconhecido. às vezes real. mas cuja reação excessi
va revela o elemento neurótico da ansiedade. Contudo. não
3 - ansiedade moral - provém do superego. Experimenta-se como
uma culpa, uma vergonha ou uma angústia da consciência.Há
zes.
um medo de ser punido por fazer ou pensar alguma
contrária ao ego ideal.
coisa
Freud modificou sua teoria de ansiedade várias ve
A primeira referência de Freud
ã
ansiedade foinum memorando que escreveu para Fliess, em 1894. Neste,
mostra-se evidenciada a formação em neurologia de Freud e sua preoc~
. paçao em encontrar uma explicação fisiológica para a
ansieda-de.
Sobre esta primeira tendência, Pessotti
em seu livro, 1978, p. 35-36:
Nessa primeira abordagem. de cunho nitidamen
te organicista, a ansiedade
é
entendida porFreud como mera reação fisiológica ao exces-so de excitação nervosa não descarregada . Freud atribui a essa ansiedade entendida co-mo resposta somática uma característica que
terá importância em teorias ulteriores: ares
posta
é.
basicamente, um feixe de respostasreflexas motoras. respiratórias e circulató-rias. O efeito aversivo ou penoso de tais rea ções. embora taci tamen te admitido ao nível de
sensações, não faz parte da ansiedade: ela
não tem qualquer conteúdo psíquico.
escreve
Desta forma, os elementos da tensão sexual sao
descarregados em reações auton8micas e a ansiedade é a dissi
Em 1895, Freud introduziu a idéia de objeto da li
bido como energia, ao relacionar a ansiedade (ainda com um
teor organicista)
à
percepção de perigos internos ou externoscorrespondentes a excitações sexuais. A ansiedade é libido con
vertida e o parentesco entre ansiedade e libido, de acordo com
as suas próprias palavras, corresponde ao do vinho e vinagre.
Para ele, a ansiedade se origina no ido Existe uma correlação
entre a força do impulso da libido reprimido pelo ego e a
in-tensidade de ansiedade resul tan te desta repressão. As sim, Freud
concluiu que a experiência de ansiedade era meramente uma
ma-nifestação de tensão sexual modificada e a única terapia
pos-sível seria a normalização da vida sexual do paciente.
Posteriormente, Freud teve que modificar sua
teo-ria de conversão de ansiedade, principalmente em vista de sua
análise das fobias, como no caso de "pequeno Hans". Era evi
-dente que a ansiedade do pequeno Hans não resultava de repre~
são do desejo sexual (Complexo de Edipo), uma vez que ela pr~
cedia o ato de repressão e era um fator operante nessa gênese.
Daí, chegou à conclusão de que a ansiedade não era produzida
por repressão, mas o inverso é que era verdadeiro - a
repres-sao era produzida pela ansiedade.
De acordo com o seu conceito de medo de castração,
a ansiedade pode ser interpretada como uma reação ao perigo
de uma possível perda ou separação. Por isso, para Freud, o
forma prototípica de toda ansiedade subseqUente.
Esses dois conceitos - o trauma do nascimento e o
medo de castração estão interligados e foram progressivame~
te . reinterpretados em suas obras.
Em suas primeiras conferências, Freud sustentou
que o afeto que acompanha a ansiedade é uma reprodução e rep~
tição de alguma experiência anterior muito significativa a
experiência do nascimento. Sobre o nascimento, Freud escreve
no vol. XXIII, 1974, p. 408:
Uma experiência que envolve tal concatenação de sentimentos dolorosos, de descargas e excitação,
e de_sensações corporais,~que se converteu num
prototipo para todas as ocasiões em que a vida
está em perigo, mesmo depois de voltar a repro-duzir-se em nós como temor da condição de ansie
dade. Também é muito sugestivo que o primeiro
es
tado de ansiedade tenha surgido na ocasião dã
separação da mãe.
Freud explica o fato da criança sentir ansiedade
frente a pessoas estranhas e o seu medo de escuro e de ficar
sozinha pelo temor de ser afastada da mãe.
~ a ansiedade de castração, a força motivadora su!?
jacente às lutas do ego. que leva ao desenvolvimento de
fo-bias, histeria de conversão e neuroses de compulsão. Segundo
ele, até o medo da morte tem sua analogia
ã
castração, uma vezque ninguém teve uma experiência real de morte, mas todos
materno durante o desmame. Ele fala depois sobre o perigo de
castração como uma reaçao de perda da qual o protótipo ê a ex
periência do nascimento.
Tempos depois, o próprio Freud teve dúvidas com
respeito ao trauma do nascimento e chegou a criticar seu
dis-cípulo Otto Rank, que elaborou uma teoria sobre isto. Freud
passou a achar que, durante seu nascimento, o bebê nao é
ain-da capaz de captar impressões sensoriais, visuais, tácteis e
outras, as quais o tornariam capaz de, na vida posterior,
re-cordar o trauma do nascimento.
Com isso, Freud passa a interpretar a ansiedade co
mo uma reação do ego ao perigo, o que significa qualquer tipo
de perigo. Ele pode ser externo e objetivo, interno e subjet.!.
vo ou moral; daí a classificação freudiana em ansiedades obj~
tiva, neurótica e moral, respectivamente já citadas.
Uma vacilação posterior
ê
evidente na considera-çao de suas duas teorias de ansiedade: a teoria da transforma
çao da libido e a do sinal de perigo. Parece que ele não aban
donou completamente sua primeira teoria em favor da segunda •
mas que ele tentou conjugá-las.
A dificuldade da teoria está no fato de que se e!
forçou para assimilar um grande número de idéias heterogêneas,
compreendendo os conceitos de libido, trauma do nascimento,a~
siedade de castração, medo de separaçao, tensão causada por
necessidade e abandono.
A troca de ênfase, de uma pesquisa puramente indl
vidual para uma orientada em grupo, foi alcançada pela escola
culturalista americana, da qual os psicanalistas
Horney e Fromm são os que mais se distinguiram.
Sulli van,
Para Harry Stack Sullivan, a ansiedade
é
umaelaboração do aspecto interpessoal da teoria de Freud. Manifes
-ta-se como conseqUência da expressa0 de desaprovação da condu
ta da criança por parte de um adulto significativo para ela.
Explica que a aprovaçao do adulto cria nela um sentimento de
bem-estar e que a desaproval.ão causa a ansiedade. Na vida po~
terior ~ a ansiedade se manifesta exatamente da mesma forma que
na infância, surgindo sempre no nrocesso de adaptação do indi
viduo i sociedade e i cultura em que vive.
A única diferença significativa entre essas duas
ansiedades situa-se na maior passividade e vulnerabilidade da
criança ao estado de ansiedade e i criança falta também
pers-picácia para antecipá-la e os recursos para remediá-la. Assim.
a ansiedade da criança so pode ser aliviada por uma
modifica-ção da atitude do adulto importante para ela e agente da desa
como:
Desta maneira. Sullivan conceituou a ansiedade
Uma experiência que assinala wna ameaça ao
su-cesso que uma criança alcançou com adultos
sig-nificativos para ela, ou uma ameaça
à
suaauto-estima. que
é
uma estrutura elaborada através dorespei to refletido pe los outros. (Kurzwei 1, 1968,
p. 68)
A ansiedade. então. reduz. em grande parte, a e fi.
ciência da pessoa na satisfação de suas necessidades.
pertur-ba as relações interpessoais e produz confusão no
pensamen-to.
Existem tambem certas formas menos severas de
an-siedade que podem ser ate mesmo instrutivas. Assim, Sullivan
acredita que a ansiedade seja a primeira grande influência
e-ducativa na vida.
Tratando-se de terapia. Sullivan acredita que wna
das mais importantes tarefas da psicologia é a de descobrir ,
nas relações interpessoais, os pontos vulneráveis
à
ansiedadeem vez de tentar remover os sintomas de ansiedade.
A orientação cultural do pensamento psicanalítico
de Karen Horney tambem
é
bas'tante marcante. Para ela, a ansiedade é o centro motriz das neuroses e a nossa cultura gera
uma grande dose de ansiedade nos indivíduos que nela vivem.
propor-cionais ao perigo, mas no caso do medo. o perigo i objetivo e,
no caso da ansiedade, i oculto e subjetivo.
Podemos ter ansiedade sem o saber e ela pode ser
um fator decisivo em nossa vida, sem disso tomarmos conheci
-mento.
A tentativa de arrancar o neurótico da ansiedade
por meio da persuasão i inútil, porque ela nao se prende ã si
tuação real do momento. mas
à
maneira como ele encara a situaçao. O trabalho terapêutico pode apenas consistir em desco
brir o significado que certas situações têm para o neurótico.
Há quatro maneiras principais de escaparmos da
ansiedade: racionalizá-la, negá-la, narcotizá-la e evitar pe~
samentos, sentimentos. impulsos e situações que possam desper
tá-la.
Quanto mais neurótica for a pessoa. mais a sua
personalidade se apresentará impregnada e condicionada por es
sas defesas e maiores as inibições.
O conceito fundamental de Horney é o de ansiedade
básica. que assim é definido no livro de Hal1 e Lindzey (1974,
p. 154-155):
dominação direta ou indireta, indiferença, com portamento irregular, desrespeito às necessidã
des da criança, ausência de orientação, atitu~
des de desprezo, excesso ou ausência de admira ção, falta de calor seguro, ter de tomar partI do nas desinteligências entre os pais, mui ta ou nenhuma responsabilidade, superproteção, isola
mento de outras crianças, injustiça, discrimi~
nação. promessas dos adultos· não cumpridas, at-mosfera hostil e outros fatores.
Assim, para Horney. tudo o que, em geral.
pertur-be a segurança da criança, em relação a seus pais. produz
an-siedade básica.
Finalizando esta abordagem. podemos dizer que,
i-negavelmente. se a ansiedade alcançou o ponto em que está. de
importância e destaque dentro da psicologia. devemos isto a
Freud e sua contribuição neste sentido. O seu significado tem
sido reconhecido e explorado dentro e fora do modelo
psicana-lítico.
2.3 - A ansiedade na perspectiva comportamental
Os teóricos desta abordagem consideram as manifes
tações mensuráveis e objetivas do comportamento humano.
empe-nhando-se para interpretá-las em termos de estímulo e
respos-ta.
Tal inclinação para a precisão científica e para
cia que lida com manifestações objetivas e mensuráveis do com
portamento humano, levou William James a eliminar totalmente
o conteúdo mental das emoções e a equivalê-lo aos sintomas fí
sicos que o acompanham.
" a proposição mais racional é a de que nos
sentimos tristes porque nós choramos, irados porque brigamos,
temerosos porque trememos ..• " (Kurzweil, 1968, p. 84-85)
Entre os adeptos desta abordagem, está o
america-no 5kinner, que- realizou pesquisas e observações
significati-vas sobre as emoções em geral e sobre a ansiedade em
particu-lar.
5kinner define a emoçao da seguinte maneira: "
um estado conceitual no qual uma resposta especial é uma
fun-ção das circunstâncias na história do indivíduo." (Kurzweil,
1968, p. 89)
5egundo Estes e 5kinner, a ansiedade tem duas
ca-racterísticas principais: é um estado emocional, que se
assemelha, até certo ponto, ao medo e o estímulo perturbador en
-volvido é antecipado no futuro. O paradigma é o seguinte: o
estímulo perturbador é um estímulo presente (51)' que no
pas-sado foi associado a outro (52). Não
é
a ocorrência futura deTal paradigma nao é apenas uma abordagem pioneira,
mas é um modelo largamente usado até mesmo em nossos dias.
5choenfeld ampliou consideravelmente o paradigma
skinneriano, quando atribuiu ao 51 a função de reforçador
condicionado negativo, entendendo sua apresentação como uma ope
-ração motivadora.
o
trabalho de 5choenfeld contém o embrião dasten-dências ulteriores nos estudos de supressao condicionada.
Blackman, por exemplo, em 1972, concluiu que a natureza
preci-sa da ansiedade ainda espera uma especificação e deixou claro
que os efeitos supressivos atribuídos à ansiedade parecem de
-pender mais da ruptura de controles discriminativos
introduzi-da pela operação 51 - 52 que introduzi-da natureza introduzi-daquele estado.
A atitude para com as emoçoes em geral e para com
o medo, em particular, sofreu grandes modificações com o tra
-balho de
o.
H. Mowrer.Mowrer, em 1939, foi o primeiro experimentador a
notar a possibilidade de se estudar um paralelo entre
ansieda-de e aprendizagem.
o
ponto mais importante de sua teoria é o deque existem certas reações ou estados inter nos, que nós denominamos emoções, as quais no caso da aprendizagem de esquiva, intervêm en -tre o estímulo externo e a ação manifesta.
O. H. Mowrer tentou durante 10 anos desenvolver
urna idéia monista da aprendizagem; mas depois, dados clíni
-cos e experimentais, levaram-no a identificar dois processos
de aprendizagem.
Para ele, se pensarmos em um único fator
estare-mos realizando urna simplificação exagerada. Por isso,
renunciou a tratar de "comprimir" toda a conduta em um só siste
-ma. A tal concepção ele chamou de toria bifatorial. Os dois
fatores de sua teoria são: a aprendizagem de sinal que
equi-vale no essencial ao condicionamento, e a aprendizagem de so
lução que deriva da aprendizagem por ensaio e erro.
Esses dois processos incidem sobre diferentes ba
ses neurofisiológicas. A aprendizagem de sinal está
relacio-nada com o SNA, ligada à substituição de estímulos (Pavlov).
A aprendizagem de solução se baseia nas funções do SNC, asso
ciado à substituição de respostas (Thorndike).
Destas substituições de esnmulos e respostas,são
pressupostos teóricos básicos por um lado, o princípio deco~
tigUidade de Guthrie e, por outro, o princípio de reforçame~
to de Hull. Assim, a contigUidade ou a associação é a
condi-ção primária para a aprendizagem sinal, enquanto para a a
-prendizagem de solução, a primeira condição é o reforço ou a
recompensa.
dizagem, nao podemos mais falar de uma conduta que surge com
base no condicionamento direto. Somente as emoções podem
es-tar associadas a estímulos novos, como se refere o princípio
de condicionamento.
Então, as emoçoes atuam como variáveis
interveni-entes.
A aprendizagem de solução e a de sinal podem dife
renciar-se, resumidamente, da seguinte maneira:
I - A aprendizagem de solução ocorre quando as tensões
impul-sivas são reduzidas e os problemas são resolvidos. Já a
aprendizagem de sinal se dá quando um es'tímulo anterior
-mente neutro acompanna o impulso.
2 A aprendizagem de solução necessita do SNC; a aprendiza
-gem de sinal depende do SNA.
3 - A aprendizagem de solução precisa da musculatura óssea, a
aprendizagem de sinal recorre às glândulas e
ã
musculatu-ra lisa.
4 - A aprendizagem de solução implica em açoes finais; a apre!!,
dizagem de sinal, em respostas internas involuntárias.
5 - A aprendizagem de solução dá prazer; na aprendizagem de si:.
novos objetos, de modo que existam problemas novos
que sejam resolvidos e que antes não existiam.
para
6 - A aprendizagem de solução se relaciona com o reforçamento
e está muito associada
à
aprendizagem instrumental; aa-prendizagem de sinal relaciona-se com a contigUidade e
vai além da conexão S-R, com significados de cognição ou
aprendizagem, com atitudes e direções.
7 - A aprendizagem de solução exige recompensa ou prazer,
en-quanto a de sinal não exige recompensas imediatas, sempre,
e se relaciona com processos mais elevados (linguagem e ~
prendizagem simbólica. por exemplo).
8 A aprendizagem de solução referese ao passado e ao pre
-sente, enquanto a de sinal, ao presente e ao futuro.
9 - A aprendizagem de solução está ligada
à
lei do efeito(Thorndike e Hull) enquanto a de sinal está relacionada
com o condicionamento clássico (pavlov).
Assim. a aprendizagem de solução é a resolução de
problemas, a redução de impulso. a obtenção de prazer; enqua,!!
to a aprendizagem de sinal. o condicionamento. cria. em geral,
problemas onde não havia, pois inclinações ou emoçoes
Como outros investigadores da aprendizagem (Hull,
Dollard, Miller e 5kinner, entre outros), Mowrer também empr~
ga o conceito de variáveis intervenientes em seu modelo.
Entre elas, encontra-se o medo. Para Mowrer, a
crescente tensão produz uma emoçao no organismo - por exemplo,
o medo - que fica condicionado ao estímulo. A aprendizagem de
sinal caracteriza-se, portanto, no surgimento de uma emoçao
e por um condicioname.nto com um estímulo originalmente neutro.
o
desejo do organismo de reduzir o medo, e portanto a tensão,leva a um comportamento de ensaio-e-erro.
A aprendizagem de solução, então, está ligada
-
aredução do "drive" (recompensa); a aprendizagem de sinal à in
dução de impulso (medo). e o condicionamento, conseqUen
temen-te, define-se como a aquisição de novas respostas emotivas.
As novas respostas sao adquiridas da seguinte
ma-neira: um rato com fome (51. aprende a resposta RI para cons~
guir a comida. Ao buscá-la. é castigado (SI) com uma
descar-ga elétrica. SI produz a reação de medo (r), e durante a
re-petição de RI surgem estímulos cinestesicos e outros,
enquanto aparece o medo. Estes novos estímulos (5 Z' 53) são condi
-cionados à 'r'. O resultado é que se evita e se impede RI e
aparecem em seu lugar novas respostas (R
Z' R3), que podem
Experimentalmente, desta forma, Mowrer mostrou c~
mo as cobaias, que haviam sentido dor diante de certos estimu
los, poderiam ser levadas a apresentar respostas de esquiva
na presença daqueles indícios, isto é, quando a dor era ape
-nas uma ameaça. Portanto, ele considerou a resposta medo-ansi
edade como uma forma condicionada de resposta de dor,
Assim, para Mowrer, as emoçoes nao sao meras
abs-trações como Skinner havia colocado, e sim sao reações
inter-nas definidas que motivam e energizam o comportamento humano.
Ass im como a dor pode ser usada como um impulso pa
ra produzir aprendizagem por meio de esquiva, também a
ansie-dade pode ser empregada para produzir aprendizagem. As respo~
tas são aprendidas pelo princípio usual de reforço e de
redu-çao de tensão.
A aliança entre psicanalistas e teóricos da apreg
dizagem proposta por Mowrer foi consumada por Dollard eMiller,
em 1950, e o conceito de ansiedade rapidamente encontrou um
lugar honrado e respeitado dentro do laboratório psicológico.
No campo do comportamento animal. os experimentos
clássicos conduzidos por Hovland. Miller e outros proporciona
ram claras evidências de que o medo poderia ser condicionado
classicamente. estas experiências também demonstraram que a
-çao de muitas respostas instrumentais.
Janet Taylor, em 1951, estendeu a pesquisa exper!
mental da ansiedade a sujeitos humanos. Em 1953, selecionou í
tens do Inventário de Personalidade Multifásico Minnesota
pa-ra a construção da Escala de Ansiedade Manifesta e, depois, u
sou a MAS (Manifest Anxiety Scale) como uma medida das dife
-renças individuais na motivação, em sua pesquisa de doutorado
sobre condicionamento palpebral.
A eficácia da MAS contribuiu para o desenvolvimen
to da teoria de Spence-Taylor sobre emotividade baseada no
"drive".* Tal teoria, que veio a tornar-se conhecida como Teo
ria do "Drive", originou-se da hipótese de Hul~, de que a for
ça de uma dada resposta
é
uma 'função"multiplicativa do "drive"efetivo total e da força do hábito. De acordo com a teoria do
"dri ve',' os efei tos de um "drive" aI to. sobre o desempenho em uma
tarefa de aprendizagem. dependerão do número e da força das
tendências de um hábito específico. que
é
eliciado numa dadasituação.
Indivíduos com altos escores na MAS demonstraram
consistentemente um desempenho superior em tarefas tais como
o condicionamento palpebral, onde havia uma resposta
dominan-te simples. Em tarefas de aprendizagem complexa. onde fortes
tendências de erro competem com respostas corretas, sujeitos
altamente ansiosos saíram-se mais pobremente que os sujeitos
com baixa ansiedade. Entretanto, para tarefas simples de
a-prendizagem, com poucas tendências de resposta competindo, a
alta ansiedade facilitava o desempenho ao passo que em tare
-fas complexas, em que presumivelmente era eliciado um numero
-relativamente grande de tendências concorrentes de erro, a aI
ta ansiedade resultava num enfraquecimento do desempenho.
2.4 - A ansiedade na perspectiva cognitivísta
Algumas abordagens teóricas diferem na medida em
que sao inferidos e utilizados processos mentais superiores
para explicar o comportamento.
Tendo em vista que o modelo teórico de;Spielberger
leva em consideração (como veremos adiante) o papel central
da avaliação cognitiva na evocação de um estado de ansiedade
e os processos cognitivos que sao utilizados na redução dos e!
tados de ansiedade, julgamos que seria interessante expor
al-gumas das principais contribuições do que poderíamos chamarde
abordagem cognitivista.
Entretanto, nao
há
uma sistematização consistentedessas contribuições. como ocorre no caso das teorias
critas em obras como as de Kurzweil, Levitt, May e Pessotti ,
por exemplo.
Talvez isto se deva ao fato do objetivismo ter
saído vencedor no combate travado com o cognitivismo para ten
tar explicar o comportamento, nos últimos tempos.
Durante a era de 1920-60, a Psicologia foi do minada pelo behaviorismo mecanicista de Watson
e o neobehaviorismo de Hull e Spence. ( •.. )
Não há a menor dúvida de que a Psicologia 'pri
meiro perdeu a alma, depois a mente'.
-(Doolwell, 1972, p. 143)
Entretanto, percebe-se uma tendência atual no sen
tido de um renascimento, uma reconquista de espaço por parte
da posição cognitivista, ou seja, verificamos que tem havido
uma preocupaçao com a inclusão de processos mentais superio
-res nas postulações te6ricas mais recentes.
Assim sendo, os psic6logoS nao estão mais
conven-cidos, por exemplo, de que a força do impulso
é
determinadasimplesmente pela quantidade de privação ou pela magnitude do
choque recebido. Como diz Doolwell: "O nível do impulso é
de-pendente da percepção que a pessoa tem de seu estado de neces
sidade." (Ibiden, p. 145).
Todas as abordagens anteriormente expostas
entendem a ansiedade como um efeito, uma vez que implicam na per
-cepção"de um evento ou estímulo antecedente causador do
te abordagem cognitiva se a ansiedade é sempre postulada por
estas teorias, distinguindo-se dos outros estados afetivos
porque depende de uma ameaça, um sinal, da percepção de um
perigo, enfim de um estímulo com um significado.
Não é a percepção de um som que gera ansiedade:
é a percepção de um som com seu significado. E
a atribuição de significado é um processo cog
-nitivo de interpretasão: a ansiedade resulta da interpretação do estlmulo como ameaça.
(Pessotti, 1978, p. 77)
Concluímos, então, que qualquer que seja a pers
pectiva sob a qual estejamos analisando o fenômeno da ansie
-dade, sempre estão envolvidos elementos explicativos de uma a
bordagem cognitiva.
Lazarus destaca-se entre os investigadores da
an-siedade, tendo sido um dos que mais contribuiram para a
defe-sa desta abordagem, no estudo das emoçoes. Segundo ele, a
an-siedade envolve a avaliação de um estímulo como ameaça. Em si
tuações de ameaça, o medo não é eliciado automaticamente pela
simples presença do estímulo, pois o indivíduo reavalia o
da-no potencial do estímulo temido. A emoção baseia-se, então,
em uma avaliação cognitiva.
Para este ponto de vista, a ameaça tem duas carac
terísticas principais, uma vez que envolve expectativas de da
no futuro, ela tem caráter antecipatório; além disso, obser
dizagem, memória, julgamento e pensamento. Parte da ameaça
ocorre em função do estímulo e parte resulta dessas cognições~
Através dos experimentos que realizou objetivando
constatar tais postulações, Lazarus verificou que a emoçao e
a açao conseqUente realmente baseiam-se em uma avaliação
cog-nitiva que o indivíduo faz da situação. Comprovou empiritame~
te que uma vez que se facilite a criação de mecanismos que
permitam enfrentar a ameaça, reduz-se o medo. Se, durante a
apresentação de um filme "ameaçador", é introduzida uma tri
-lha sonora e é assegurado aos espectadores que foram
utiliza-dos atores na filmagem do acidente exposto, obtêm-se reaçoes
emocionais mais amenas do que se o filme for passado, sem
es-te tipo de "preparação".
Assim. ficou comprovado, experimentalmente, que a
intensidade das reações emocionais depende de como a ameaça é
percebida pelos sujeitos.
Schach.ter e Singer (1962) desenvolveram uma teo
-ria que, juntamente com as teo-rias de James-Lange (1884) e
Cannon e Bard (1927). são as mais enfatizadas na explicação da
emoção. As três procuram descrever a seqUência temporal das
ocorrências corticais e musculares que se dão no estado de
e-moção e visam também estabelecer o papel da experiência
cons-ciente e das mudanças fisiológicas na emoqão.
* Na opinião do Prof. Eliezer Schneider, deve-se ressaltar que tais cogni
Para Schachter e Singer, com raras exceçoes, a ex
citação fisiológica generalizada é característica de estados
emocionais. A pessoa rotula, interpreta e identifica este
es-tado de excitação em termos das características da situação
precipitante (S) e da sua experiência passada. Tanto os
estí-mulos internos quanto as percepçoes de situações externas afe
tam o comportamento. Portanto, esta é uma teoria cognitivista
das emoçoes.
Chegaram a esta conclusão através de um estudo o~
de ministraram epinefrina aos sujeitos, uma droga que intensi
fica o despertamento fisiológico (ou seja, intensifica os
ba-timentos cardíacos, o ritmo respiratório e provoca uma
sensa-ção de enrubescimento), enquanto que com os outros sujeitos u
tilizaram um placebo, sem efeitos diretos no despertamento fi
siológico. Alguns sujeitos foram informados sobre os efeitos
da epinefrina. a outros não foi dada qualquer informação e os
restantes receberam informações erradas sobre os efeitos da
epinefrina (por exemplo, foi-lhes dito que experienciariam sen
sação de formigamento e leve dor de cabeça). Foi realizada
também uma tentativa de induzir os sujeitos a diferentes est!
dos emocionais através da exposição a diferentes situações
so-ciais, colocando os sujeitos junto a alguém que manifestavaeu
foria diante de uma situação ou com alguém que manifestava fú
ria, em outra .situação.
quem a droga havia sido ministrada mas que nao haviam sido in
formados sobre seus efeitos, referiam estar felizes ou
furio-sos, de acordo com a situação em que haviam sido colocados on
de a outra pessoa manifestava euforia ou raiva, respectivame,!!
te. Já os sujeitos, que ingeriram a droga e foram informados
sobre seus efeitos, foram menos influenciados pelas situa
ções sociais. As pessoas, a quem se deu placebo e que porisso
não experienciaram um estado de despertamento fisiológico,não
foram tão influenciadas pela situação social quanto os
sujei-tos do primeiro grupo, mas foram mais influenciadas do que
os sujeitos que haviam recebido uma explicação sobre seus sen
timentos. Em síntese, os autores verificaram que há uma
labi-lidade na experiência emocional e que os sentimentos
percebi-dos dependem de cognições relativas às causas do estado inter
no.
Valins, em 1966, realizou um experimento em que
fornecia a homens informações falsas relativas ao seu
desper-tar interno, enquanto observavam "slides" de mulheres nuas. A
través deste procedimento, observou que a cognição de um esta
do interno, quer verídica, quer inverídica, parece ser
condi-ção suficiente para sentimentos emocionais.
Weiner e Schneider, em 1971, verificaram que a in
teração ansiedade e dificuldade da tarefa é mediada pelas cog
nições da pessoa relativas
ã
adequação de seu desempenho. Naçoes falsas sobre o seu desempenho numa tarefa fácil de apren
dizagem verbal, verificando a influência relevante das mesmas.
Pelo que foi apresentado dentro desta perspectiva,
pode-se perceber a natureza segmentada das pesquisas
realizadas e a conseqUente necessidade de sua unificação e integra
-ção, visando alcançar uma consistente abordagem cognitivista,
o que vai contribuir em muito para a compreensão da ansiedade.
2.5 - A ansiedade na perspectiva neurofisiológica de Gray
Não é muito diferente a situação da interpretação
biológica da ansiedade, onde ocorreram numerosas pesquisas
principalmente nas áreas de Neurologia e Fisiologia, isolada~
mente, durante as últimas décadas. em virtude do desenvolvi
-mento de instru-mentos altamente sofisticados.
Como diz May. 1980, p. 66-67:
Cada uma dessas pesquisas é como um tijolo a ser usado na construção de uma casa. Mas onde está o plano da casa? Onde. por outras pala -vras. está a síntese. a integração. o padrão de acordo com o qual todos esses tijolos
separa-dos serão colocasepara-dos.
! ... !
O nosso conhecimento heterogêneo. isolado e segmentado, aumen
=
tou imensamente; o nosso entendimento da an-siedade como um todo quase não aumentou nada.
Com o objetivo de ilustrar estes desenvolvimentos
gem neurofisiológica, isolada, onde observa-se também o nível
psicológico, comportamental.
Gray estabelece que os dois componentes princi
pais da ansiedade são: o medo condicionado e a frustração co~
dicionada antecipatória. Nos dados em que ele baseia seu arg~
mento, esses dois fenômenos podem ser vistos como estados
se-parados ou como um único (ansiedade), o que pode parecer par~
doxal. Gray resolve essa contradição demonstrando a equivalê!!,
cia funcional entre o medo condicionado e a frustração
condi-cionada nos animais.
Sua concepçao baseia-se na teoria experimental da
aprendizagem e na neurofisiologia. A maioria dos dados vem dos
efei tos das drogas antiansiógenas no comportamento de ratos
sob condições bem especificadas e altamente controladas. O de
senvolvimento dado por Gray
à
teoria da aprendizagem e aevi-dência que deu aos aspectos neurofisiológicos e bioquímicos
das drogas, tornam importante sua formulação teórica da ansie
dade.
Alguns dos conceitos e princípios elaborados por
Gray têm algo em comum com as contribuições de outros
pesqui-sadores. Ele acredita que um estado emocional pode preparar
o campo para a aprendizagem através de estímulos discriminati
vos. Para ele, as emoçoes têm importante papel na aprendiza