• Nenhum resultado encontrado

Ansiedade e desempenho: uma análise experimental

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Ansiedade e desempenho: uma análise experimental"

Copied!
123
0
0

Texto

(1)

ANSIEDADE E DESEMPENHO; UMA ANÁLISE EXPERIMENTAL

c!':-REGINA CELIA PORTO DA SILVA

FGV/ISOP/CPGP

(2)

ANSIEDADE E DESEMPENHO: UMA ANÁLISE EXPERIMENTAL

por

REGINA CELIA PORTO DA SILVA t!.--/

Dissertação submetida como requisito parcial para obten-ção do grau de

MESTRE EM PSICOLOGIA

(3)
(4)
(5)

Aos meus pais, pelo apoio e por todas as oportunid~

des que me proporcionaram de estudar e de me tornar eu mesma.

Ao professor Eliezer Schneider, orientador da dis

-sertação, pela sua atenção e estímulo amigo no decurso da ori

entação.

À professora Maria Alice Bogossian, co-orientadora,

pela sua paciência e capacidade relâmpago de abstração com as

quais sempre contei nas suas orientações.

À professora Angela Maria B. Biaggio, pelas valio

-sas discussões que deram origem ao projeto inicial deste

tra-balho.

Aos professores Nei Calvano Gonçalves e Eva Nick

pelo auxílio prestado na fase inicial deste trabalho.

À professora Ida de Jesus Ferreira, pela revisão cui

dadosa da redação da dissertação.

À equipe do CPGP, pela atenção que sempre me de di

-cou.

Ao meu irmão Domingos, chefe de uma "torcida organ!

zada" muito querida e vibrante: vovô, vovó, Tânia, Júnior, Fábio e

Ibuglas.

(6)

A ansiedade é um dos conceitos mais importantes den

tro da Psicologia.

Uma grande quantidade de trabalhos experimentais

tratando sobre os efeitos da ansiedade-de-teste, tem sido con

duzida.

A discussão sobre ánsiedade-de-teste e sua relação

com o desempenho acadêmico deve ser precedida por uma elucida

çao do conceito de ansiedade. Este conceito tem sido interpr~

tado de diferentes formas pelas várias escolas de pensamento

na Psicologia e Filosofia.

Os dois primeiros capítulos deste trabalho sao dedi

cados ã uma apresentação dos vários conceitos de ansiedade e

de teorias que consideramos importantes que abordam o assunto.

A seguir, passamos a descrever a análise

experimen-tal que foi realizada com o objetivo de detectar os efeitos da

ansiedade-de-teste no desempenho e verificar os resultados da

manipulação da variável tempo limitado e da magnitude do

"stress", na relação estudada.

Grande parte da literatura sobre ansiedade tem

su-blinhado que a influência desta sobre o comportamento

é

bas

-tante complexa.

(7)

Como Spielberger, julgamos ser necessário controlar

as variáveis dificuldade da tarefa e inteligência dos sujei

-tos.

Com base nos resultados encontrados, concluímos que

uma série de outros aspectos devem ser considerados, tais

co-mo elaboração da prova, matéria envolvida, experiências

ante-riores dos alunos, imagem do professor etc.

Busca-se conhecer a natureza da ansiedade-de-teste

e encontrar formas efetivas para controlar este tipo específi

co de ansiedade, de maneira a aparelhar melhor os alunos para

lidarem com ele.

~ necessário também que os educadores tomem conhec!

mento das características e implicações da ansiedade-de-teste,

de forma que sejam capazes de tirar partido dela e consigam

minimizar seus efeitos negativos no processo ensino-aprendiza

gemo

(8)

Anxiety is one of the most important concepts in

Psychology.

A great deal of experimental work, dealing with

the test anxiety effects, has been undertaken.

Discussion of test anxiety and its relation to

academic performance must be preceded by an elucidation of

the concept of anxiety. However this concept has been

interpreted in different ways, by the various schoolsof

thought in Psychology and Philosophy.

The two first chapters of this work are devoted to

a systematic presentation of the various concepts of anxiety

and the theories which are considered the most importante

This is followed by a description of an experimental

analysis which was carried out with the double objective of

detecting the test anxiety effects on performance and to

verify the results of the manipulation of variable limited

time and the stress magnitude in the connection learned.

A good deal of work on anxiety has emphasized the

complexity of its influence on behaviour. This research is

based on Spielberger's work, which focuses the relationship

(9)

necessary to control the two variables: task difficulty and

the intelligence of the subjects.

Based on these results, we conclude that a series

of other aspects must be considered, such as the elaboration

of the quiz, the involved matter, the previous students'

experience, the teacher's image etc.

Knowledge of the nature of test anxiety and of

effective ways to control this specific type of anxiety,

would provide a way of helping the pupils to deal with it.

It is also necessary for educators to know the

characteristics and implications of test anxiety, in such

a way as to be able to overcome and minimize its negative

effects on the process of teaching and learning.

(10)

Agradecimentos --- iv

Resumo --- v

Summary --- vii

INTRODUÇÃO --- 01

CAPITULO I: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANSIEDADE ---1 - Definição de Ansiedade -2 - Abordagens da Ansiedade ---2.1

-

A ansiedade na perspectiva existencialista ---2.2

-

A ansiedade na perspectiva freudiana

---2.3

-

A ansiedade na perspectiva comportamental ---2.4

-

A ansiedade na perspectiva cognitivista ---2.5

-

A ansiedade na perspectiva neurofisiológica de Gray

---05 05 11 11 16 25 34 40 CAPITULO 11: A ANSIEDADE-DE-TESTE ________________________ 47 1 - Contribuições Relevantes 2 - O Modelo de Spielberger ---CAPITULO 111: METODOLOGIA 1 - Hipóteses de Trabalho ---2 - Caracterização dos Sujeitos ---3 - Instrumentos ---4 - O Experimento ---~ 5 - Análise dos Resultados --6 - Discussão dos Resultados ---47 59 79 79 84 85 89 91 97 CONCLUSOES --- 102

(11)

Tem-se afirmado que vivemos em uma época de an

-siedade e o século XX tem sido chamado de "era da an-siedade".

Na verdade, a preocupaçao com o medo e a

ansieda-de e tão antiga quanto a própria humanidaansieda-de.

Supõe-se que todas as formas de empreendimento~

mano sao afetadas, de algum modo, pela ansiedade.

- Vários autores destacam a importância do seu estu

do em suas obras.

O psicólogo social R.R. Willoughby, em 1935, afi~

mou que a ansiedade

e

a característica mental mais saliente da

civilização ocidental. Para provar tal afirmativa, o autor mo~

trou através de estatrsticas. a incidência crescente em tr~s

campos da patologia social, que ele acredita poderem ser en

-tendidos como reações

ã

ansiedade: o suicídio, as formas

fun-cionais de distúrbio mental e o divórcio.

Para Schlesinger, em 1948, ansiedade é a emoçao

oficial de nossa época, enquanto para Hoch e Zubin, em 1950,

a ansiedade é o fenômeno psicológico mais penetrante de

(12)

Sarason et aI. em 1960. escreveram:

Nós não temos ciência de nenhuma concepção sis-temática de personalidade. particularmente com respeito ao seu desenvolvimento. a qual não se dê ao conceito de ansiedade um papel de impor -tância. senão de significância central.

Freud foi quem colocou a ansiedade no lugar de

destaque que até hoje ocupa nas ciências do comportamento.

Goldstein afirma que a capacidade de suportar a

ansiedade é importante para a auto-realização do indivíduo e

para a conquista de seu ambiente.

Mowrer é outro pesquisador para quem o conceito

de ansiedade assume grande importância em função de seu signi

ficado para a definição da aprendizagem. fundamental

de sua posição teórica •

dentro

.cm nossa experiência no magisterio, constatamos a

ocorrência de um fenômeno muito comum, que interfere de forma

complexa no rendimento dos alunos - a ansiedade-de-teste.

FreqUentemente encontramos excelentes alunos

(in-teligentes-. interessados e particillantesl que. no entanto. em

situações de prova não rendem o que esperamos.

Alguns destes alunos, depois- do tes-te. para o qual

(13)

pro-duzido tudo aquilo que poderiam, dado que "ficaram nervosos "

e atrapalharam-se na hora de responder às questões.

Assim, em determinadas situações como o Vestibu

-lar do Cesgranrio e o Curso Prévio para o Mestrado da FGV, o~

servamos que é grande a competição, devido ao reduzido número

de vagas e, nestas condições, nem sempre o melhor ou o mais

"preparado" aluno

e

aquele que é aprovado. Provavelmente,

en-tre os determinantes do fracasso destes estudantes,

destacam-se os efeitos nocivos da ansiedade-de-teste.

Uma vez que tal problema seja detectado é impor

-tante que o aluno seja orientado de forma a aprender a lidar

com tal ansiedade e seu desempenILo seja proporcional às suas

habilidades, sem as distorções que observamos.

Tornase necessirio. então, que a ansiedadede·

-teste seja mais estudada e compreendida em sua natureza e, com

base nisso, sejam desenvolvidos métodos efetivos para

minimi-zar os seus efeitos debilitadores no rendimento acadêmico.

Precisamos conhecer os mecanismos que estão envol

vidos nesta relação: ansiedade e desempenho.

Charles Spielberger é um dos investigadores que

mais tem se dedicado ao estudo da ansiedade-de-teste e é nos

(14)

realiza-çao desta pesquisa.

Julgamos ser este um trabalho pioneiro, dentre

muitos outros que envolvem a ansiedade-de-teste, levando em

conta o aspecto do tempo limitado para a realização de pro

-vas acadêmicas como condição estressante que a incrementa e

prejudica o rendimento dos estudantes.

Além deste caráter inovador, há também uma preoc~

paçao em reproduzir algumas das tendências dos estudos

reali-zados por Spielberger, apresentados neste trabalho.

Inicialmente, procuraremos mostrar a grande dive~

sidade de definições que o termo ansiedade recebeu na

litera-tura consultada e faremos uma exposição das principais aborda

gens teóricas da ansiedade.

A seguir, nos deteremos em algumas contribuições

que consideramos relevantes para o estudo da ansiedade-de-te~

te, enfatizando principalmente, o modelo proposto por Spiel

-berger.

Passaremos então a descrever o estudo

tal realizado nesta dissertação, suas hipóteses,

mentos empregados e os resultados encontrados.

(15)

CAPITULO

I: INTRODUÇAO AO ESTUDO DA ANSIEDADE

I - DEFINIÇAO DE ANSIEDADE

Não

é

fácil a tarefa de definir o termo ansiedade.

Basta uma ligeira consulta

à

literatura sobre

ansiedade para constatarmos que há um grande número de defini

-ções, bastante diversas entre si.

Isto se dá porque a ansiedade é um conceito

cen-tral na Psicologia e, desta forma, aparece nas diferentes teo

rias desenvolvidas em várias de suas áreas, tais como:

logia da Personalidade, Psicologia do Desenvolvimento,

Psico-logia da Aprendizagem, PsicopatoPsico-logia etc.

Nas definições que encontramos, as propriedades

da ansiedade apontadas variam de acordo com a abordagem teór!

ca e a posição epistemológica de seus autores. Em geral, cada

qual trata-a de maneira diferente. Para uns, ela é tida como

um estado de medo, outros já consideram este como um impulso

inato enquanto a ansiedade é um impulso adquirido ou

secundá-rio. Uns incluem aspectos cognitivos enquanto outros os

ex-cluem. Alguns levam em conta as alterações fisiológicas que

ocorrem. outros enfatizam seu tratamento como variável

inter-veniente. Há formulações onde a ansiedade é conceituada como

(16)

pre-judicial.

Assim, nos limitaremos a expor algumas das

diver-sas citações existentes que definem ansiedade, sem preocupação

em classificá-las de acordo com seus vários aspectos.

Kierkegaard, em 1884, entende que a ansiedade

en-volve uma "ambigUidade psicológica ... é uma antipatia

simpa-tizante e uma simpatia antipasimpa-tizante". Para ele:

Pode-se comparar a angústia à vertigem. Quando

o olhar mergulha num abismo, há uma vertigem,

que tanto nos vem do olhar como do abismo,pois que nos seria impossível deixar de o encarar.

(Pessotti, 1978, p. 1)

E, sobre isto, acrescentou:

Não tenho o desejo de falar em termos veemen -tes sobre esta idade como um todo, mas quem ob servou a geração contemporânea não negará, cer tamente, que a incongurência nela e as razões

para a sua angústia e intranqUilidade residem

em que, numa direção, a verdade aumenta em ex-tensão, em volume e, também, em parte, em cla-reza abstrata, enquanto que a certeza diminui constantemente. (May, 1980, p. 38)

Freud, em 1920, escreveu:

Como nós sabemos, o desenvolvimento da ansieda de é a reação do ego ao perigo e o sinal prepa ratório para a fuga; não é um grande salto ima ginar que também na ansiedade neurótica o ego

está tentanto uma fuga das exigincias de sua

libido, e está tratando esse perigo interno co mo se fosse externo. (Pessotti, 1978, p. 1)

(17)

Enquanto que o medo da vida é ansiedade causada pelo avanço progressivo, criandose um indiví

-duo, o medo da morte é ansiedade causada pelo

recuo progressivo, perdendo-se a

individualida-de. Entre essas duas possibilidades de medo, o

indivíduo é jogado para trás e para a frente du rante toda a sua vida. (May, 1980, p. 136)

Karen Horney, em 1937, postula que: "A ansiedade

é o centro dinâmico das neuroses e, assim, teremos que lidar

com ela o tempo todo." (Ibidem, p. 233).

Mowrer, em 1939:

Considerou a resposta medo-ansiedade como a for

ma condicionada de uma resposta de dor. Assim

como a dor pode ser empregada como um impulso pa ra produzir aprendizagem por meio de fuga, tam: bém a ansiedade pode ser usada para produzir a-prendizagem. (Hilgard, 1973, p. 373)

Goldstein, em 1939, observou que:

A ansiedade constitui a experiência subjetiva do organismo numa condição catastrófica. Segundo ele, o organismo é lançado numa condição

catastrófi-ca quando não pode fazer face às exigências do

seu meio e, portanto, sente uma ameaça à sua e-xistência ou aos valores que considera essenciais para a sua existência. (May, 1980, p. 71)

Dollard e Miller, em 1941, afirmaram que:

A ansiedade está ligada ao ato punido, ou direta

mente ou através do ensaio simbólico do ato

en-quanto o castigo está sendo administrado. Mais

tarde, essa ansiedade serve como um sinal para

(18)

Estes e Skinner, também em 1941, escreveram:

o

principal resultado ... foi o condicionamento

de um estado de ansiedade ao som, cujo indica -dor primário era a redução na força do comporta

mento de pressão à barra motivado pela fome.

-(Pessotti, 1978, p. 1)

5choenfeld, em 1950, reformula a definição acima

da seguinte forma:

o

paradigma experimental para estabelecer a

an-siedade e 5 - 52' onde S é um estímulo

ini-cialmente

n~utro

e 52 é

u~

estímulo aversivo

que não pode ser terminado ou evitado pelo org~

nismo e indica a passagem de um certo tempo. (Ibidem, p. 2)

Mandler e Watson, em 1966, referiram:

Em outras palavras, a ansiedade aparecerá quan-do o organismo, interrompiquan-do no meio de seqtiên-cias bem organizadas de comportamento ou na exe cução de um plano bem desenvolvido, não tem com portamento alternativo disponível. (Ibidem,p.2)

Wolpe, em 1958, enunciou: "Por ansiedade se enten

de o padrão ou os padrões de respostas autônomas, que são par

te característica da resposta do organismo

à

estimulação noci

va". (Spielberger, 1972, p. 54)

Para Lundin, em 1961, a ansiedade

é

tida como:"Um

grupo de respostas que um organismo emite sob certas opera

ções de estímulos. A operação para produzir ansiedade

é

um es

tímu10 neutro ser seguido por um estímulo aversivo primário".

(19)

Lazarus, também em 1966, sustenta que:

A ansiedade é a resposta ã am~aça e que é enga

noso afirmar que a ansiedade motiva o comporta mento. De fato, se ela atua como um sinal, ela não motiva, em sentido estrito, o

comportamen-to.

E

a ameaça que o motiva. (Pessotti, 1978 ,

p. 2)

Para Hilgard, em 1973, a ansiedade desempenha um

duplo papel, pois por um lado é um impulso e, por outro, é uma

fonte de reforçamento, devido a sua redução. Se considerarmos

a ansiedade como um impulso. estaremos nos referindo a uma va

riável interveniente e, neste caso, o termo relaciona-se a um

estado ou processo não diretamente observável, pelo que só p~

demos realizar inferências.

Rollo May. também

em

1973. diz que: "A ansiedade

é a apreensão sugerida por uma ameaça a algum valor que o

in-di víduo reputa essencial

ã.

sua existência como um Eu." (Ibi

-dem, p. 3)

lrwin Sarason, em 1975. conceituou a ansiedade co

mo um estado emocional desagradável, acompanhado de excitação

fisiológica e de elementos cognitivos de apreensão. culpa e

sentimento de perigo iminente.

mo:

Ajuriaguerra. em 1976. caracterizou a ansiedade co

(20)

experi-ência individual, gue invade a pessoa até suas raízes mesmas, dif1cil de ser compartilhadamm outro e, a qual, damos um caráter de generali-dade, a fim de melhor escondê-la. (Ajuriaguer-ra, 1980, p. 607-608)

Spielberger, entende que:

Em termos gerais, tensão e ansiedade se refe -rem a complexas transações ocorridas entre as

·pessoas e seu ambiente. Envolvem: perigos ou

pressões (tensores) externos potencialmente no ci vos; pensamentos e lembranças, e processos ri siológicos internos; e as reações emocionais in tensas e desagradáveis evocadas pelos estímulos

de tensão. (Spielberger, 1981, p. 62)

A postulação acima envolve uma teoria de

ansieda-de que inclui "stress", ameaça. ansiedaansieda-de-estado e ansiedaansieda-de-

ansiedade-traço como constructos ou variáveis fundamentais.

Observase que uma teoria que leve em considera

-çao o fenômeno da ansiedade deve começar com uma definição

das características inerentes da resposta ansiosa e a

descri-çao de seus aspectos etiológicos. Depois que estas

proprieddes estiverem identificadas conceitualmente. procedimentos

a-propriados para medi-las devem ser construídos.

Desenvolvimentos recentes na pesquisa sobre ansie

dade, "stress" e aprendizagem têm contribuído para a classifi

caça0 da ansiedade como um conceito tipicamente psicológico e

também para o desenvolvimento de instrumentos de medida mais

(21)

A adoção de convençoes terminológicas levará

à

co

municação mais precisa entre os investigadores e auxiliarãem

muito o progresso futuro da pesquisa sobre ansiedade.

Tais contribuições sistemáticas virão somar-se ao

grande patamar de definições e teorias existentes, clarifican

do-as e integrando-as, de forma que possamos tirar melhor pa!

tido delas.

Julgamos ser esta uma das preocupaçoes de Spiel

-berger e seus colaboradores com seu modelo teórico e o

desen-volvimento de inúmeros estudos, muitos deles transculturais.

Passaremos, então, a examinar as abordagens mais

importantes, as teorias de maior relevo, que foram marcos evi

dentes da evolução do conceito de ansiedade e que ofereceram

conteúdo de analise para as pesquisas recentes.

2 - ABORDAGENS DA ANS IEDADE

2.1 - A ansiedade na perspectiva existencialista

Sabe-se que o conceito de ansiedade habita ha mui

to tempo o pensamento existencialista, sendo particularmente

revelado, nos trabalhos de Kierkegaard, Jaspers, Heidegger

Sartre e Nietzsche. Também foram relevantes as contribuições

(22)

o

conceito de medo na filosofia existencial tem

muitas conotações que vão, desde a suave característica

enig-mática da filosofia, até o medo heideggeriano de estar no mun

do, assim como a uniformização radical de Sartre do homem com

angústia.

A concepçao do medo de Kierkegaard está inteira

-mente embebida de pensamento teológico. Segundo ele, o homem

possui um ardente desejo espiritual - a pretensão de uma

for-ma de vida for-mais elevada - que o lança num estado de medo.

Esta idéia reaparece no pensamento filosófico de

Jaspers, assim como no do filósofo francês Gabriel MareeI e,

depois, com certas variações, novamente, nos escritos de

Erick Fromm.

Ao contrári6 de Kierkegaard e Jaspers, Gabriel

MareeI nao se refere ao medo quando descreve a ânsia do

espí-rito, mas sim ã insatisfação que, para ele, é uma indicação

do desejo da alma de transcender. Narra, também, alguns casos

em que esse "tédio" pode transformar-se numa ânsia de uma

vi-da criativa e não necessariamente religiosa.

Jaspers, Kierkegaard e MareeI afirma que:

Há um fenômeno de real importância na sociedade - a insatisfação interna e o sentimento de va-zio experimentados por aqueles que vivem num es tado de riqueza material e cultural, o qual per

mite a realização de todos os desejos humanos~

(23)

Jaspers coloca que, em ültima análise, toda ansie

dade baseia-se no medo da morte, diagnosticando a experiência

do medo do homem moderno, que vive numa sociedade tecnológica,

como uma resistência

à

"alienação". Este ponto de vista

alia-o a muitalia-os alia-outralia-os pensadalia-ores que têm se prealia-ocupadalia-o calia-om este

problema.

o

conceito de alienação chegou até nós através

de Hegel e, por meio dele~ passou para os escritos de Karl

Marx, filósofo que considera o trabalhador um alienado. Segu~

do Marx, o trabalho por ele executado lhe é estranho, não faz

parte de sua natureza, por isso, ele nao se realiza no

trabalho, rejeitase a si mesmo, sentese mais miserável que con

-tente, não pode desenvolver suas potencialidades físicas e me!!

tais livremente. Com freqUência, mostra-se fisicamente

exaus-to e mentalmente deprimido. Somente quando não está trabalhan

do. o trabalhador pode ser ele mesmo. uma vez que no trabalho

ele se sente como um estranho.

Esta concepçao de alienação teve profunda influên

cia sobre Karl Jaspers, que foi alem, afirmando que este

sen-timento, que chamou de "falta de autenticidade", cria medo.

Ao contrário de Marx, Jaspers nao procura um remé

dio para este mal do homem moderno nas arenas social e

eco;no-mica, mas sim na esfera religiosa.

(24)

sig-nifica a ansiedade sentida pelo homem. mediante o seu "estar

no mundo"; possivelmente. resulta da dúvida em torno da

exis-tência e da fragilidade da natureza humana.

Esta idéia é análoga ao conceito alemão de

"ur-angst". que é interpretado como um medo residual que chegou

até nós através dos nossos ancestrais. do qual vestígios

po-dem ainda estar alojados no estrato obscuro de nossa psiquê.

Nietzsche dá um passo além. na direção da psicol~

gia formulando uma teoria da motivação humana para o

conheci-mento e para a opçao moral. segundo ele, o motivo mestre é a

vontade de ser forte e qualquer bloqueio dessa vontade ou

si-tuação de impotência violenta a natureza do homem e lhe traz

o desconforto da ansiedade.

Assim. Nietzsche formula o princípio da motivação

inconsciente como fonte de incerteza e frustração. Ele dá

ên-fase especial ã "ameaça que brota do conflito razão-e-impulso

e sua teoria ética a esse respeito é. praticamente. uma teo

-ria clínica antiansiedade." (Pessotti. 1978. p. 31)

Sob a influência dominante desta filosofia é que

surgiu a psicologia existencial como uma tendência da psicol~

gi a contemporânea, represent ada principalmente por Paul Tillich

e Rollo May. Dos filósofos acima abordados, a psicologia exi~

(25)

teó-rica da ansiedade. Associaram-se, também, ao existencialismo

os psicólogos humanistas A. Maslow e C. Rogers.

o

contínuo desafio à renovaçao do

autoconhecimen-to e à auto-afirmação é a fonte da ansiedade normal, na psic~

logia existencial, tal como definira Kierkegaard. A rigidez

é a negação da própria existência, pois é a fuga da renovaçao

e da ampliação da própria existência subjetiva.

Também o conceito de Eu é resultante da condição

humana ambivalente: o homem cria a sua realidade, os seus

va-lores, o seu auto-conceito e como tal é agente, criador,

su-jeito de si mesmo, ao mesmo tempo em que

é

objeto de

conheci-mento, avaliação e pressoes da vida objetiva e da sociedade.

O autoconhecimento implica na capacidade do homem perceber-se

como sujeito e objeto, tornando-o capaz de oscilar entre

es-ses dois estados - este é o Eu.

Outra influência

é

a abordagem histórico-cultural.

Em geral, os textos da psicologia existencial contêm a emoçao

e os valores humanos tratados como frutos de condições

cultu-rais e históricas.

A situação conflitiva, desesperada e precária da

cul tura contemporânea ocupa extensas análises de May e Tillich.

Assim, Rollo May escreve em seu livro: "O nomem em busca de

(26)

o

grande perigo da situação de vácuo e impotên

cia é conduzir, mais cedo ou mais tarde, a an~

siedade e ao desespero e, finalmente, se nao

corrigida, ao desperdício e ao bloqueio das

mais preciosas qualidades do ser humano. Os re

sultados finais serão a redução e o empobreci~

mento psicológico, ou então a sujeição a uma

autoridade destrutiva.

O mérito da psicologia existencial é o da elabora

çao do conceito existencialista da ansiedade, objetivando in~

var a prática clínica e a perspectiva de estudo da vida emo

-cional na relação interpessoal e sócio-cultural, dando- lhes

um cunho mais humanista.

2.2 - A ansiedade na perspectiva freudiana

O significado de conteúdos e processos inconscien

tes, de conflitos inevitáveis entre o mundo interno da

crian-ça e sua realidade externa, a importância de tais conflitos

para a formação da concepçao que a criança tem de si mesma e

do mundo externo, as dinâmicas e vicissitudes das reações

de-fensivas ao conflito - são alguns dos processos e

com os quais a teoria psicanalítica lida.

problemas

Foi ela que influenciou o pesquisador da

ansieda-de a perceber a reação ansiosa como um sinal ansieda-de perigo consci

ente associado não somente a um perigo externo, mas também a

(27)

Uma visão da ansiedade neste sentido. implica

nu-ma compreensão da reaçao ansiosa. envolvendo questões

concernentes à natureza e ao parentesco entre as experiências pre

-sentes e passadas do indivíduo.

Freud afirma que a capacidade para a ansiedade

inata no organismo. pois é parte integrante do instinto

-e

de

autopreservação e que é herdada filogeneticamente. Já as an

-siedades específicas são aprendidas.

Freud distingue três tipos de ansiedade:

1 - ansiedade objetiva - está relacionada com os sucessos do

mundo real e inclui ansiedade do dano físico e da priva

-çao econômica. Os indícios que a proporcionam fazem com

que o indivíduo tome medidas para evitar o perigo que o

ameaça. Busca um lugar onde esconder-se, um trabalho ou

um meio de defesa. segundo a natureza da ameaça. A fonte

encontra-se no mundo exterior.

2 - ansiedade neurótica - é produzida pelos desejos do ido

E

o medo de expressar urgências agressivas sexuais e anti

sociais. mediante algum ato impulsivo. Seus sintomas, de

acordo com a psicologia freudiana. encontram-se na

ansie-dade flutuante. nas fobias e no pânico. Refere-se a um p~

rigo desconhecido. às vezes real. mas cuja reação excessi

va revela o elemento neurótico da ansiedade. Contudo. não

(28)

3 - ansiedade moral - provém do superego. Experimenta-se como

uma culpa, uma vergonha ou uma angústia da consciência.Há

zes.

um medo de ser punido por fazer ou pensar alguma

contrária ao ego ideal.

coisa

Freud modificou sua teoria de ansiedade várias ve

A primeira referência de Freud

ã

ansiedade foi

num memorando que escreveu para Fliess, em 1894. Neste,

mostra-se evidenciada a formação em neurologia de Freud e sua preoc~

. paçao em encontrar uma explicação fisiológica para a

ansieda-de.

Sobre esta primeira tendência, Pessotti

em seu livro, 1978, p. 35-36:

Nessa primeira abordagem. de cunho nitidamen

te organicista, a ansiedade

é

entendida por

Freud como mera reação fisiológica ao exces-so de excitação nervosa não descarregada . Freud atribui a essa ansiedade entendida co-mo resposta somática uma característica que

terá importância em teorias ulteriores: ares

posta

é.

basicamente, um feixe de respostas

reflexas motoras. respiratórias e circulató-rias. O efeito aversivo ou penoso de tais rea ções. embora taci tamen te admitido ao nível de

sensações, não faz parte da ansiedade: ela

não tem qualquer conteúdo psíquico.

escreve

Desta forma, os elementos da tensão sexual sao

descarregados em reações auton8micas e a ansiedade é a dissi

(29)

Em 1895, Freud introduziu a idéia de objeto da li

bido como energia, ao relacionar a ansiedade (ainda com um

teor organicista)

à

percepção de perigos internos ou externos

correspondentes a excitações sexuais. A ansiedade é libido con

vertida e o parentesco entre ansiedade e libido, de acordo com

as suas próprias palavras, corresponde ao do vinho e vinagre.

Para ele, a ansiedade se origina no ido Existe uma correlação

entre a força do impulso da libido reprimido pelo ego e a

in-tensidade de ansiedade resul tan te desta repressão. As sim, Freud

concluiu que a experiência de ansiedade era meramente uma

ma-nifestação de tensão sexual modificada e a única terapia

pos-sível seria a normalização da vida sexual do paciente.

Posteriormente, Freud teve que modificar sua

teo-ria de conversão de ansiedade, principalmente em vista de sua

análise das fobias, como no caso de "pequeno Hans". Era evi

-dente que a ansiedade do pequeno Hans não resultava de repre~

são do desejo sexual (Complexo de Edipo), uma vez que ela pr~

cedia o ato de repressão e era um fator operante nessa gênese.

Daí, chegou à conclusão de que a ansiedade não era produzida

por repressão, mas o inverso é que era verdadeiro - a

repres-sao era produzida pela ansiedade.

De acordo com o seu conceito de medo de castração,

a ansiedade pode ser interpretada como uma reação ao perigo

de uma possível perda ou separação. Por isso, para Freud, o

(30)

forma prototípica de toda ansiedade subseqUente.

Esses dois conceitos - o trauma do nascimento e o

medo de castração estão interligados e foram progressivame~

te . reinterpretados em suas obras.

Em suas primeiras conferências, Freud sustentou

que o afeto que acompanha a ansiedade é uma reprodução e rep~

tição de alguma experiência anterior muito significativa a

experiência do nascimento. Sobre o nascimento, Freud escreve

no vol. XXIII, 1974, p. 408:

Uma experiência que envolve tal concatenação de sentimentos dolorosos, de descargas e excitação,

e de_sensações corporais,~que se converteu num

prototipo para todas as ocasiões em que a vida

está em perigo, mesmo depois de voltar a repro-duzir-se em nós como temor da condição de ansie

dade. Também é muito sugestivo que o primeiro

es

tado de ansiedade tenha surgido na ocasião dã

separação da mãe.

Freud explica o fato da criança sentir ansiedade

frente a pessoas estranhas e o seu medo de escuro e de ficar

sozinha pelo temor de ser afastada da mãe.

~ a ansiedade de castração, a força motivadora su!?

jacente às lutas do ego. que leva ao desenvolvimento de

fo-bias, histeria de conversão e neuroses de compulsão. Segundo

ele, até o medo da morte tem sua analogia

ã

castração, uma vez

que ninguém teve uma experiência real de morte, mas todos

(31)

materno durante o desmame. Ele fala depois sobre o perigo de

castração como uma reaçao de perda da qual o protótipo ê a ex

periência do nascimento.

Tempos depois, o próprio Freud teve dúvidas com

respeito ao trauma do nascimento e chegou a criticar seu

dis-cípulo Otto Rank, que elaborou uma teoria sobre isto. Freud

passou a achar que, durante seu nascimento, o bebê nao é

ain-da capaz de captar impressões sensoriais, visuais, tácteis e

outras, as quais o tornariam capaz de, na vida posterior,

re-cordar o trauma do nascimento.

Com isso, Freud passa a interpretar a ansiedade co

mo uma reação do ego ao perigo, o que significa qualquer tipo

de perigo. Ele pode ser externo e objetivo, interno e subjet.!.

vo ou moral; daí a classificação freudiana em ansiedades obj~

tiva, neurótica e moral, respectivamente já citadas.

Uma vacilação posterior

ê

evidente na considera

-çao de suas duas teorias de ansiedade: a teoria da transforma

çao da libido e a do sinal de perigo. Parece que ele não aban

donou completamente sua primeira teoria em favor da segunda •

mas que ele tentou conjugá-las.

A dificuldade da teoria está no fato de que se e!

forçou para assimilar um grande número de idéias heterogêneas,

(32)

compreendendo os conceitos de libido, trauma do nascimento,a~

siedade de castração, medo de separaçao, tensão causada por

necessidade e abandono.

A troca de ênfase, de uma pesquisa puramente indl

vidual para uma orientada em grupo, foi alcançada pela escola

culturalista americana, da qual os psicanalistas

Horney e Fromm são os que mais se distinguiram.

Sulli van,

Para Harry Stack Sullivan, a ansiedade

é

uma

elaboração do aspecto interpessoal da teoria de Freud. Manifes

-ta-se como conseqUência da expressa0 de desaprovação da condu

ta da criança por parte de um adulto significativo para ela.

Explica que a aprovaçao do adulto cria nela um sentimento de

bem-estar e que a desaproval.ão causa a ansiedade. Na vida po~

terior ~ a ansiedade se manifesta exatamente da mesma forma que

na infância, surgindo sempre no nrocesso de adaptação do indi

viduo i sociedade e i cultura em que vive.

A única diferença significativa entre essas duas

ansiedades situa-se na maior passividade e vulnerabilidade da

criança ao estado de ansiedade e i criança falta também

pers-picácia para antecipá-la e os recursos para remediá-la. Assim.

a ansiedade da criança so pode ser aliviada por uma

modifica-ção da atitude do adulto importante para ela e agente da desa

(33)

como:

Desta maneira. Sullivan conceituou a ansiedade

Uma experiência que assinala wna ameaça ao

su-cesso que uma criança alcançou com adultos

sig-nificativos para ela, ou uma ameaça

à

sua

auto-estima. que

é

uma estrutura elaborada através do

respei to refletido pe los outros. (Kurzwei 1, 1968,

p. 68)

A ansiedade. então. reduz. em grande parte, a e fi.

ciência da pessoa na satisfação de suas necessidades.

pertur-ba as relações interpessoais e produz confusão no

pensamen-to.

Existem tambem certas formas menos severas de

an-siedade que podem ser ate mesmo instrutivas. Assim, Sullivan

acredita que a ansiedade seja a primeira grande influência

e-ducativa na vida.

Tratando-se de terapia. Sullivan acredita que wna

das mais importantes tarefas da psicologia é a de descobrir ,

nas relações interpessoais, os pontos vulneráveis

à

ansiedade

em vez de tentar remover os sintomas de ansiedade.

A orientação cultural do pensamento psicanalítico

de Karen Horney tambem

é

bas'tante marcante. Para ela, a ansie

dade é o centro motriz das neuroses e a nossa cultura gera

uma grande dose de ansiedade nos indivíduos que nela vivem.

(34)

propor-cionais ao perigo, mas no caso do medo. o perigo i objetivo e,

no caso da ansiedade, i oculto e subjetivo.

Podemos ter ansiedade sem o saber e ela pode ser

um fator decisivo em nossa vida, sem disso tomarmos conheci

-mento.

A tentativa de arrancar o neurótico da ansiedade

por meio da persuasão i inútil, porque ela nao se prende ã si

tuação real do momento. mas

à

maneira como ele encara a situa

çao. O trabalho terapêutico pode apenas consistir em desco

brir o significado que certas situações têm para o neurótico.

Há quatro maneiras principais de escaparmos da

ansiedade: racionalizá-la, negá-la, narcotizá-la e evitar pe~

samentos, sentimentos. impulsos e situações que possam desper

tá-la.

Quanto mais neurótica for a pessoa. mais a sua

personalidade se apresentará impregnada e condicionada por es

sas defesas e maiores as inibições.

O conceito fundamental de Horney é o de ansiedade

básica. que assim é definido no livro de Hal1 e Lindzey (1974,

p. 154-155):

(35)

dominação direta ou indireta, indiferença, com portamento irregular, desrespeito às necessidã

des da criança, ausência de orientação, atitu~

des de desprezo, excesso ou ausência de admira ção, falta de calor seguro, ter de tomar partI do nas desinteligências entre os pais, mui ta ou nenhuma responsabilidade, superproteção, isola

mento de outras crianças, injustiça, discrimi~

nação. promessas dos adultos· não cumpridas, at-mosfera hostil e outros fatores.

Assim, para Horney. tudo o que, em geral.

pertur-be a segurança da criança, em relação a seus pais. produz

an-siedade básica.

Finalizando esta abordagem. podemos dizer que,

i-negavelmente. se a ansiedade alcançou o ponto em que está. de

importância e destaque dentro da psicologia. devemos isto a

Freud e sua contribuição neste sentido. O seu significado tem

sido reconhecido e explorado dentro e fora do modelo

psicana-lítico.

2.3 - A ansiedade na perspectiva comportamental

Os teóricos desta abordagem consideram as manifes

tações mensuráveis e objetivas do comportamento humano.

empe-nhando-se para interpretá-las em termos de estímulo e

respos-ta.

Tal inclinação para a precisão científica e para

(36)

cia que lida com manifestações objetivas e mensuráveis do com

portamento humano, levou William James a eliminar totalmente

o conteúdo mental das emoções e a equivalê-lo aos sintomas fí

sicos que o acompanham.

" a proposição mais racional é a de que nos

sentimos tristes porque nós choramos, irados porque brigamos,

temerosos porque trememos ..• " (Kurzweil, 1968, p. 84-85)

Entre os adeptos desta abordagem, está o

america-no 5kinner, que- realizou pesquisas e observações

significati-vas sobre as emoções em geral e sobre a ansiedade em

particu-lar.

5kinner define a emoçao da seguinte maneira: "

um estado conceitual no qual uma resposta especial é uma

fun-ção das circunstâncias na história do indivíduo." (Kurzweil,

1968, p. 89)

5egundo Estes e 5kinner, a ansiedade tem duas

ca-racterísticas principais: é um estado emocional, que se

assemelha, até certo ponto, ao medo e o estímulo perturbador en

-volvido é antecipado no futuro. O paradigma é o seguinte: o

estímulo perturbador é um estímulo presente (51)' que no

pas-sado foi associado a outro (52). Não

é

a ocorrência futura de

(37)

Tal paradigma nao é apenas uma abordagem pioneira,

mas é um modelo largamente usado até mesmo em nossos dias.

5choenfeld ampliou consideravelmente o paradigma

skinneriano, quando atribuiu ao 51 a função de reforçador

condicionado negativo, entendendo sua apresentação como uma ope

-ração motivadora.

o

trabalho de 5choenfeld contém o embrião das

ten-dências ulteriores nos estudos de supressao condicionada.

Blackman, por exemplo, em 1972, concluiu que a natureza

preci-sa da ansiedade ainda espera uma especificação e deixou claro

que os efeitos supressivos atribuídos à ansiedade parecem de

-pender mais da ruptura de controles discriminativos

introduzi-da pela operação 51 - 52 que introduzi-da natureza introduzi-daquele estado.

A atitude para com as emoçoes em geral e para com

o medo, em particular, sofreu grandes modificações com o tra

-balho de

o.

H. Mowrer.

Mowrer, em 1939, foi o primeiro experimentador a

notar a possibilidade de se estudar um paralelo entre

ansieda-de e aprendizagem.

o

ponto mais importante de sua teoria é o de

que existem certas reações ou estados inter nos, que nós denominamos emoções, as quais no caso da aprendizagem de esquiva, intervêm en -tre o estímulo externo e a ação manifesta.

(38)

O. H. Mowrer tentou durante 10 anos desenvolver

urna idéia monista da aprendizagem; mas depois, dados clíni

-cos e experimentais, levaram-no a identificar dois processos

de aprendizagem.

Para ele, se pensarmos em um único fator

estare-mos realizando urna simplificação exagerada. Por isso,

renunciou a tratar de "comprimir" toda a conduta em um só siste

-ma. A tal concepção ele chamou de toria bifatorial. Os dois

fatores de sua teoria são: a aprendizagem de sinal que

equi-vale no essencial ao condicionamento, e a aprendizagem de so

lução que deriva da aprendizagem por ensaio e erro.

Esses dois processos incidem sobre diferentes ba

ses neurofisiológicas. A aprendizagem de sinal está

relacio-nada com o SNA, ligada à substituição de estímulos (Pavlov).

A aprendizagem de solução se baseia nas funções do SNC, asso

ciado à substituição de respostas (Thorndike).

Destas substituições de esnmulos e respostas,são

pressupostos teóricos básicos por um lado, o princípio deco~

tigUidade de Guthrie e, por outro, o princípio de reforçame~

to de Hull. Assim, a contigUidade ou a associação é a

condi-ção primária para a aprendizagem sinal, enquanto para a a

-prendizagem de solução, a primeira condição é o reforço ou a

recompensa.

(39)

dizagem, nao podemos mais falar de uma conduta que surge com

base no condicionamento direto. Somente as emoções podem

es-tar associadas a estímulos novos, como se refere o princípio

de condicionamento.

Então, as emoçoes atuam como variáveis

interveni-entes.

A aprendizagem de solução e a de sinal podem dife

renciar-se, resumidamente, da seguinte maneira:

I - A aprendizagem de solução ocorre quando as tensões

impul-sivas são reduzidas e os problemas são resolvidos. Já a

aprendizagem de sinal se dá quando um es'tímulo anterior

-mente neutro acompanna o impulso.

2 A aprendizagem de solução necessita do SNC; a aprendiza

-gem de sinal depende do SNA.

3 - A aprendizagem de solução precisa da musculatura óssea, a

aprendizagem de sinal recorre às glândulas e

ã

musculatu-ra lisa.

4 - A aprendizagem de solução implica em açoes finais; a apre!!,

dizagem de sinal, em respostas internas involuntárias.

5 - A aprendizagem de solução dá prazer; na aprendizagem de si:.

(40)

novos objetos, de modo que existam problemas novos

que sejam resolvidos e que antes não existiam.

para

6 - A aprendizagem de solução se relaciona com o reforçamento

e está muito associada

à

aprendizagem instrumental; a

a-prendizagem de sinal relaciona-se com a contigUidade e

vai além da conexão S-R, com significados de cognição ou

aprendizagem, com atitudes e direções.

7 - A aprendizagem de solução exige recompensa ou prazer,

en-quanto a de sinal não exige recompensas imediatas, sempre,

e se relaciona com processos mais elevados (linguagem e ~

prendizagem simbólica. por exemplo).

8 A aprendizagem de solução referese ao passado e ao pre

-sente, enquanto a de sinal, ao presente e ao futuro.

9 - A aprendizagem de solução está ligada

à

lei do efeito

(Thorndike e Hull) enquanto a de sinal está relacionada

com o condicionamento clássico (pavlov).

Assim. a aprendizagem de solução é a resolução de

problemas, a redução de impulso. a obtenção de prazer; enqua,!!

to a aprendizagem de sinal. o condicionamento. cria. em geral,

problemas onde não havia, pois inclinações ou emoçoes

(41)

Como outros investigadores da aprendizagem (Hull,

Dollard, Miller e 5kinner, entre outros), Mowrer também empr~

ga o conceito de variáveis intervenientes em seu modelo.

Entre elas, encontra-se o medo. Para Mowrer, a

crescente tensão produz uma emoçao no organismo - por exemplo,

o medo - que fica condicionado ao estímulo. A aprendizagem de

sinal caracteriza-se, portanto, no surgimento de uma emoçao

e por um condicioname.nto com um estímulo originalmente neutro.

o

desejo do organismo de reduzir o medo, e portanto a tensão,

leva a um comportamento de ensaio-e-erro.

A aprendizagem de solução, então, está ligada

-

a

redução do "drive" (recompensa); a aprendizagem de sinal à in

dução de impulso (medo). e o condicionamento, conseqUen

temen-te, define-se como a aquisição de novas respostas emotivas.

As novas respostas sao adquiridas da seguinte

ma-neira: um rato com fome (51. aprende a resposta RI para cons~

guir a comida. Ao buscá-la. é castigado (SI) com uma

descar-ga elétrica. SI produz a reação de medo (r), e durante a

re-petição de RI surgem estímulos cinestesicos e outros,

enquanto aparece o medo. Estes novos estímulos (5 Z' 53) são condi

-cionados à 'r'. O resultado é que se evita e se impede RI e

aparecem em seu lugar novas respostas (R

Z' R3), que podem

(42)

Experimentalmente, desta forma, Mowrer mostrou c~

mo as cobaias, que haviam sentido dor diante de certos estimu

los, poderiam ser levadas a apresentar respostas de esquiva

na presença daqueles indícios, isto é, quando a dor era ape

-nas uma ameaça. Portanto, ele considerou a resposta medo-ansi

edade como uma forma condicionada de resposta de dor,

Assim, para Mowrer, as emoçoes nao sao meras

abs-trações como Skinner havia colocado, e sim sao reações

inter-nas definidas que motivam e energizam o comportamento humano.

Ass im como a dor pode ser usada como um impulso pa

ra produzir aprendizagem por meio de esquiva, também a

ansie-dade pode ser empregada para produzir aprendizagem. As respo~

tas são aprendidas pelo princípio usual de reforço e de

redu-çao de tensão.

A aliança entre psicanalistas e teóricos da apreg

dizagem proposta por Mowrer foi consumada por Dollard eMiller,

em 1950, e o conceito de ansiedade rapidamente encontrou um

lugar honrado e respeitado dentro do laboratório psicológico.

No campo do comportamento animal. os experimentos

clássicos conduzidos por Hovland. Miller e outros proporciona

ram claras evidências de que o medo poderia ser condicionado

classicamente. estas experiências também demonstraram que a

(43)

-çao de muitas respostas instrumentais.

Janet Taylor, em 1951, estendeu a pesquisa exper!

mental da ansiedade a sujeitos humanos. Em 1953, selecionou í

tens do Inventário de Personalidade Multifásico Minnesota

pa-ra a construção da Escala de Ansiedade Manifesta e, depois, u

sou a MAS (Manifest Anxiety Scale) como uma medida das dife

-renças individuais na motivação, em sua pesquisa de doutorado

sobre condicionamento palpebral.

A eficácia da MAS contribuiu para o desenvolvimen

to da teoria de Spence-Taylor sobre emotividade baseada no

"drive".* Tal teoria, que veio a tornar-se conhecida como Teo

ria do "Drive", originou-se da hipótese de Hul~, de que a for

ça de uma dada resposta

é

uma 'função"multiplicativa do "drive"

efetivo total e da força do hábito. De acordo com a teoria do

"dri ve',' os efei tos de um "drive" aI to. sobre o desempenho em uma

tarefa de aprendizagem. dependerão do número e da força das

tendências de um hábito específico. que

é

eliciado numa dada

situação.

Indivíduos com altos escores na MAS demonstraram

consistentemente um desempenho superior em tarefas tais como

o condicionamento palpebral, onde havia uma resposta

dominan-te simples. Em tarefas de aprendizagem complexa. onde fortes

(44)

tendências de erro competem com respostas corretas, sujeitos

altamente ansiosos saíram-se mais pobremente que os sujeitos

com baixa ansiedade. Entretanto, para tarefas simples de

a-prendizagem, com poucas tendências de resposta competindo, a

alta ansiedade facilitava o desempenho ao passo que em tare

-fas complexas, em que presumivelmente era eliciado um numero

-relativamente grande de tendências concorrentes de erro, a aI

ta ansiedade resultava num enfraquecimento do desempenho.

2.4 - A ansiedade na perspectiva cognitivísta

Algumas abordagens teóricas diferem na medida em

que sao inferidos e utilizados processos mentais superiores

para explicar o comportamento.

Tendo em vista que o modelo teórico de;Spielberger

leva em consideração (como veremos adiante) o papel central

da avaliação cognitiva na evocação de um estado de ansiedade

e os processos cognitivos que sao utilizados na redução dos e!

tados de ansiedade, julgamos que seria interessante expor

al-gumas das principais contribuições do que poderíamos chamarde

abordagem cognitivista.

Entretanto, nao

uma sistematização consistente

dessas contribuições. como ocorre no caso das teorias

(45)

critas em obras como as de Kurzweil, Levitt, May e Pessotti ,

por exemplo.

Talvez isto se deva ao fato do objetivismo ter

saído vencedor no combate travado com o cognitivismo para ten

tar explicar o comportamento, nos últimos tempos.

Durante a era de 1920-60, a Psicologia foi do minada pelo behaviorismo mecanicista de Watson

e o neobehaviorismo de Hull e Spence. ( •.. )

Não há a menor dúvida de que a Psicologia 'pri

meiro perdeu a alma, depois a mente'.

-(Doolwell, 1972, p. 143)

Entretanto, percebe-se uma tendência atual no sen

tido de um renascimento, uma reconquista de espaço por parte

da posição cognitivista, ou seja, verificamos que tem havido

uma preocupaçao com a inclusão de processos mentais superio

-res nas postulações te6ricas mais recentes.

Assim sendo, os psic6logoS nao estão mais

conven-cidos, por exemplo, de que a força do impulso

é

determinada

simplesmente pela quantidade de privação ou pela magnitude do

choque recebido. Como diz Doolwell: "O nível do impulso é

de-pendente da percepção que a pessoa tem de seu estado de neces

sidade." (Ibiden, p. 145).

Todas as abordagens anteriormente expostas

entendem a ansiedade como um efeito, uma vez que implicam na per

-cepção"de um evento ou estímulo antecedente causador do

(46)

te abordagem cognitiva se a ansiedade é sempre postulada por

estas teorias, distinguindo-se dos outros estados afetivos

porque depende de uma ameaça, um sinal, da percepção de um

perigo, enfim de um estímulo com um significado.

Não é a percepção de um som que gera ansiedade:

é a percepção de um som com seu significado. E

a atribuição de significado é um processo cog

-nitivo de interpretasão: a ansiedade resulta da interpretação do estlmulo como ameaça.

(Pessotti, 1978, p. 77)

Concluímos, então, que qualquer que seja a pers

pectiva sob a qual estejamos analisando o fenômeno da ansie

-dade, sempre estão envolvidos elementos explicativos de uma a

bordagem cognitiva.

Lazarus destaca-se entre os investigadores da

an-siedade, tendo sido um dos que mais contribuiram para a

defe-sa desta abordagem, no estudo das emoçoes. Segundo ele, a

an-siedade envolve a avaliação de um estímulo como ameaça. Em si

tuações de ameaça, o medo não é eliciado automaticamente pela

simples presença do estímulo, pois o indivíduo reavalia o

da-no potencial do estímulo temido. A emoção baseia-se, então,

em uma avaliação cognitiva.

Para este ponto de vista, a ameaça tem duas carac

terísticas principais, uma vez que envolve expectativas de da

no futuro, ela tem caráter antecipatório; além disso, obser

(47)

dizagem, memória, julgamento e pensamento. Parte da ameaça

ocorre em função do estímulo e parte resulta dessas cognições~

Através dos experimentos que realizou objetivando

constatar tais postulações, Lazarus verificou que a emoçao e

a açao conseqUente realmente baseiam-se em uma avaliação

cog-nitiva que o indivíduo faz da situação. Comprovou empiritame~

te que uma vez que se facilite a criação de mecanismos que

permitam enfrentar a ameaça, reduz-se o medo. Se, durante a

apresentação de um filme "ameaçador", é introduzida uma tri

-lha sonora e é assegurado aos espectadores que foram

utiliza-dos atores na filmagem do acidente exposto, obtêm-se reaçoes

emocionais mais amenas do que se o filme for passado, sem

es-te tipo de "preparação".

Assim. ficou comprovado, experimentalmente, que a

intensidade das reações emocionais depende de como a ameaça é

percebida pelos sujeitos.

Schach.ter e Singer (1962) desenvolveram uma teo

-ria que, juntamente com as teo-rias de James-Lange (1884) e

Cannon e Bard (1927). são as mais enfatizadas na explicação da

emoção. As três procuram descrever a seqUência temporal das

ocorrências corticais e musculares que se dão no estado de

e-moção e visam também estabelecer o papel da experiência

cons-ciente e das mudanças fisiológicas na emoqão.

* Na opinião do Prof. Eliezer Schneider, deve-se ressaltar que tais cogni

(48)

Para Schachter e Singer, com raras exceçoes, a ex

citação fisiológica generalizada é característica de estados

emocionais. A pessoa rotula, interpreta e identifica este

es-tado de excitação em termos das características da situação

precipitante (S) e da sua experiência passada. Tanto os

estí-mulos internos quanto as percepçoes de situações externas afe

tam o comportamento. Portanto, esta é uma teoria cognitivista

das emoçoes.

Chegaram a esta conclusão através de um estudo o~

de ministraram epinefrina aos sujeitos, uma droga que intensi

fica o despertamento fisiológico (ou seja, intensifica os

ba-timentos cardíacos, o ritmo respiratório e provoca uma

sensa-ção de enrubescimento), enquanto que com os outros sujeitos u

tilizaram um placebo, sem efeitos diretos no despertamento fi

siológico. Alguns sujeitos foram informados sobre os efeitos

da epinefrina. a outros não foi dada qualquer informação e os

restantes receberam informações erradas sobre os efeitos da

epinefrina (por exemplo, foi-lhes dito que experienciariam sen

sação de formigamento e leve dor de cabeça). Foi realizada

também uma tentativa de induzir os sujeitos a diferentes est!

dos emocionais através da exposição a diferentes situações

so-ciais, colocando os sujeitos junto a alguém que manifestavaeu

foria diante de uma situação ou com alguém que manifestava fú

ria, em outra .situação.

(49)

quem a droga havia sido ministrada mas que nao haviam sido in

formados sobre seus efeitos, referiam estar felizes ou

furio-sos, de acordo com a situação em que haviam sido colocados on

de a outra pessoa manifestava euforia ou raiva, respectivame,!!

te. Já os sujeitos, que ingeriram a droga e foram informados

sobre seus efeitos, foram menos influenciados pelas situa

ções sociais. As pessoas, a quem se deu placebo e que porisso

não experienciaram um estado de despertamento fisiológico,não

foram tão influenciadas pela situação social quanto os

sujei-tos do primeiro grupo, mas foram mais influenciadas do que

os sujeitos que haviam recebido uma explicação sobre seus sen

timentos. Em síntese, os autores verificaram que há uma

labi-lidade na experiência emocional e que os sentimentos

percebi-dos dependem de cognições relativas às causas do estado inter

no.

Valins, em 1966, realizou um experimento em que

fornecia a homens informações falsas relativas ao seu

desper-tar interno, enquanto observavam "slides" de mulheres nuas. A

través deste procedimento, observou que a cognição de um esta

do interno, quer verídica, quer inverídica, parece ser

condi-ção suficiente para sentimentos emocionais.

Weiner e Schneider, em 1971, verificaram que a in

teração ansiedade e dificuldade da tarefa é mediada pelas cog

nições da pessoa relativas

ã

adequação de seu desempenho. Na

(50)

çoes falsas sobre o seu desempenho numa tarefa fácil de apren

dizagem verbal, verificando a influência relevante das mesmas.

Pelo que foi apresentado dentro desta perspectiva,

pode-se perceber a natureza segmentada das pesquisas

realizadas e a conseqUente necessidade de sua unificação e integra

-ção, visando alcançar uma consistente abordagem cognitivista,

o que vai contribuir em muito para a compreensão da ansiedade.

2.5 - A ansiedade na perspectiva neurofisiológica de Gray

Não é muito diferente a situação da interpretação

biológica da ansiedade, onde ocorreram numerosas pesquisas

principalmente nas áreas de Neurologia e Fisiologia, isolada~

mente, durante as últimas décadas. em virtude do desenvolvi

-mento de instru-mentos altamente sofisticados.

Como diz May. 1980, p. 66-67:

Cada uma dessas pesquisas é como um tijolo a ser usado na construção de uma casa. Mas onde está o plano da casa? Onde. por outras pala -vras. está a síntese. a integração. o padrão de acordo com o qual todos esses tijolos

separa-dos serão colocasepara-dos.

! ... !

O nosso conhecimen

to heterogêneo. isolado e segmentado, aumen

=

tou imensamente; o nosso entendimento da an-siedade como um todo quase não aumentou nada.

Com o objetivo de ilustrar estes desenvolvimentos

(51)

gem neurofisiológica, isolada, onde observa-se também o nível

psicológico, comportamental.

Gray estabelece que os dois componentes princi

pais da ansiedade são: o medo condicionado e a frustração co~

dicionada antecipatória. Nos dados em que ele baseia seu arg~

mento, esses dois fenômenos podem ser vistos como estados

se-parados ou como um único (ansiedade), o que pode parecer par~

doxal. Gray resolve essa contradição demonstrando a equivalê!!,

cia funcional entre o medo condicionado e a frustração

condi-cionada nos animais.

Sua concepçao baseia-se na teoria experimental da

aprendizagem e na neurofisiologia. A maioria dos dados vem dos

efei tos das drogas antiansiógenas no comportamento de ratos

sob condições bem especificadas e altamente controladas. O de

senvolvimento dado por Gray

à

teoria da aprendizagem e a

evi-dência que deu aos aspectos neurofisiológicos e bioquímicos

das drogas, tornam importante sua formulação teórica da ansie

dade.

Alguns dos conceitos e princípios elaborados por

Gray têm algo em comum com as contribuições de outros

pesqui-sadores. Ele acredita que um estado emocional pode preparar

o campo para a aprendizagem através de estímulos discriminati

vos. Para ele, as emoçoes têm importante papel na aprendiza

Referências

Documentos relacionados

When Dona Angelina arrived, she also shared with me that Adelaide, a former resident who I had met during fieldwork, was finally working as a housemaid, but no longer lived in

A inoculação de FMA incrementou, significa- tivamente, os rendimentos de matéria seca, teores e quantidades absorvidas de fósforo, nitrogênio, cálcio, magnésio e potássio do

Na primeira parte deste artigo, são analisados os modos como os media- dores se posicionam em diversas dimensões relacionadas com o trabalho de mediação cultural: (i) modos de

O método de análise 3D de dose com filme radiossensível para controlo da qualidade de tratamentos de radioterapia estereotáxica baseou-se na aplicação do índice

The case studies show different levels of problems regarding the conditions of the job profile of trainers in adult education, the academic curriculum for preparing an adult

Hipótese Específica 16 (HE16): A variável “consumo de drogas sintéticas antes da gravidez” não dá um contributo significativo para a explicação da

Os objectivos deste trabalho são avaliar o desempenho de 3 plásticos biodegradáveis de cobertura do solo, branco/preto, durante o ciclo de produção de Outono–Inverno

mais utilizado como meio de armazenamento nos principais sistemas de bases de