ESTUDO DA SATISFAÇÃO DOS MORADORES DO CONJUNTO HABITACIONAL PRESIDENTE
CAS-,
TELO BRANCO DE CARAPICUIBA QUANTO AO CONJUNTO.
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4
8 ,
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Banca Examinadora:
Professor Orientador: Orlando Figueiredo ·Prof.
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO DA
FUNDAÇÃO GETOLIO VARGAS
MAURO NEVES GARCIA
ESTUDO DA SATISFAÇÃO DOS MORADORES DO CONJUNTO HABITACIONAL PRESIDENTE CASTELO BRANCO DE CARA PICUIBÂ QUANTO AO CONJUNTO.
Fundação Getulio Varga!!r. Escola de Administração dê Emprssas de SAo Paulo
Biblioteca
li
Dissert~ção apresentada ao Curso
de Pós-Graduação da EAESP/FIGV-Ârea de Concentração: Mercadolo-gia corro requisito para obten ...;. çao do titulo de mestre em Admi-nistração.
·f
. .I
I
1198302148 ) I Orientação: Prof~ Orlando Figueiredo
; .
INTRODUÇÃO
O presente trabalho procura mostrar o papel do marketing
na implantação de conjuntos habitacionais. A amplitude do
tema forçou sua redução para conjuntos habitacionais de
interesse social, segundo definição do Plano Nacional de
Habitação Popular, representadas pelas COHABs e
prender-se-á, para fins de exemplo, na COHAB-SP e mais especifi
camente no estudo efetuado no Oonjunto Habitacional
Pre-sidente Castelo Branco de CarapicUÍba.
Considerando que as COHABs são empresas sem fins lucrat!
vos, dar-se-á ênfase ao marketing . .aplicado em tais
orga-nizações.
A primeira e segunda partes envolverão a ·parte
concei-tual, mais predominantemente. Na terceira, procurar-se-á
estabelecer uma comparação entre, o que deveria ser feito
segundo o conceito e instrumentais de marketing e o que
realmente
é
feito pelas empresas. Dessa comparação, como
corolário, destacar-se-á a importância do marketing
na
implantação de conjuntos habitacionais inseridos na
fai-xa de interesse social.
1
Í -
CONCEITO
DE
MARKETING
Apesar das atividades de marketing terem sido
utiliza-das, de modo prático, muito antes da existência de um
conhecimento objetivo e sistematizado, sua
primeira
conceituação ocorreu somente por volta de
1950,
no co.a
texto das empresas de negÓcios.
"O conceito de marketing foi formulado como uma
alter-nativa para as orientações prévias prevalecentes
nos
negÓcios".
(1) ·As
organizações passaram por várias orientações antes
de chegar a orientação
paramarketing, ou seja:
1.
Orientação para Produção - apareceu com a
e-conomia. de escassez onde
aspessoas gastavam
suas economias procurando satisfazer suas
n~cessidades básicas.As empresas til'lham a
sen-sação de que os produtos continuariam a
ser
demandados e que sempre haveria grande
quan-tidade de clientes. A concentração dos
esfo~ços das empresas estava
naprocura de meios
para aumentar o produto final e reduzir
os
custos.
(1)
Kotler, P. - Marketing para Organizações gue
não
visam Lucro,
Ed. ATLAS, São Paulo,1978,
página
58
-· 2. Orientação para Vendas - começou a aparecer
quando a economia tornou-se afluente, os
ci-dadãos possuíam recursos em excesso e
suas
necessidades básicas já
e~tavamsendo atend!_
das. A tarefa principal da empresa era cons!!
guir venda suficiente para seus produtos
e
achava que o cliente poderia ser induzido a
comprar se utilizasse os diversos
dispositi-vos de estímulo de vendas, acreditando que
os clientes voltariam a repetir a
compra e,
mesmo não o fazendo, haveria
muitos outros
clientes no mercado.
3.
Orientação para Ma.rketing
a partir de 1950
várias empresas cQmeçaram a perceber as limi
tações do conceito de vendas. Reconheceram
que as empresas teriam melhores
resultados
se tentassem servir a uma necessidade, ao in
vés de vender um produto. Começaram a
ver
seus clientes como pessoas
re~sque estavam
tentando satisfazer necessidades reais.
A tarefa era encontrar essas
necessidades,d~senvolver um programa e organizar uma linha
de produto, para. satisfazê-las. O pensamento
das empresas centrava-se na idéia de que, se
ria mais fácil vender o que o mercado queria,
do que conseguir que o mercado comprasse
o
3-que a empresa 3-queria vender. O investimento
em pesquisas, a fim de medirem as
necessida-des e a satisfação dos consumidores, passou
a ser a principal preocupação das empresas.
Para Kotler { 2) o conceito de marketing
é
uma
orienta-ção para as necessidades dos consumidores, apoiado
p~lo marketing integrado, com a finalidade de gerar a
satisfaç~o
do consumidor como meio para se atingir os
objetivos organizacionais.
Observa-se nesse conceito três pontos importantes que
refletem seus fundamentos básicos, ou seja:
l.
é
uma orientação para as necessidades dos
consumidores - a empresa deixa de se
orien-tar para dentro, pensando em seus
propnos
,
.
produtos, e busca atender as necessidades de
seus consumidores, orientando-se para fora.
2. utiliza o marketing integrado - as empresas
passaram a compreender a necessidade de
de-senvolver alguns meios para coordenar os im
pactos de seus departamentos sobre os clien
tes, buscando fazer com que todos os
depart~mentes "pensem no cliente". Tal concepção re
conhece que as ações tomadas por todos
os
departamentos de uma empresa têm efeito
pro-(2) Kotler, P. - Op. Cit. nota l página 61
-:fundo sobre a habilidade da empresa em criar,
reter
e
satisfazer os clientes, não sendo so
mente atribuições de vendas
e
marketing.
3.
busca a satisfação do consumidor - a satisfa
ção do consumidor para com os produtos de
u-ma empresa passa a ser a peça :fundamental do
sucesso das empresas. O cliente satisfeito é
:fiel, repete a compra e propaga uma imagem
positiva da empresa e de seus produtos.
O marketing nos tempos atuais, tem sido considerado co
mo o elemento indispensável para qualquer organização
que alme jer;minimizar seus fracassos
e
maximizar seus
objetivos, :fornecendo atividades capazes de posicionar
as organizações · no mercado,
orientando
e guiando-as
nesta arena que é o mercado.
Segundo o que se pode observar das considerações
fei-tas, a implementação do conceito de marketing numa or
ganização exige uma séria de mudanças e
compromissos
que devem ser assumidos pela empresa, além de
necessi-tar connecessi-tar com o apoio da alta administração.
A empresa, apesar de dividida eni. departamentos ou seto
res, deve entender que o "todo é mais que simples
so-ma de suas partes", buscando perseguir um
·objetivo
que só será atingido
à
medida que privilegiar o
consu-midor
e
buscar sua satisfação.
-II - O MARKETING NAS ORGANIZAÇOES QUE
N10
VISAM LUCRO
As organizações que não visam lucro, como qualquer
ou-tra, devem se interessar pelos princÍpios formais de
marketin g. A razão básica de
tal postura
é
que eles
permitem que elas possam se tornar mais eficazes
na
obtenção de seus objetivos.
De uma maneira geral, todas as organizações dependem
das trocas voluntárias para que se possam realizar seus
objetivos, precisam atrair recursos, necessitam estimu
lar os empregados e encontrar seus clientes.
Tais preocupações revelam o que o marketing pode fazer
por elas, pois seus intrumentais permitem
satisfazer
cada uma dessas preocupações com a maior eficiência e
eficácia possível.
Na verdade, tanto as organizações que não visam lucro
quanto as que visam, dependem de relações de
troca
p~ra: atraírem os recursos de que necessitam, convertê
-los em
produt~sÚteis e distribuÍ-los
eficientemente
aos mercados-alvo.
O marketing
é
uma abordagem sistemática do
planejamen-to e da obtenção de relações de troca com· outros
~pos. Preocupa-se em desenvolver, manter e/ou
regular
-as relações de troca que envolvam produtos, serviços, or
ganizações, .lugares ou causas.
. .A introdução do marketing sistemático em uma organização
permitirá a satisfação de dois benefícios :
1. a organização pode aumentar a satisfação
qúe
proporciona ao seu mercado-alvo, com a
compre-ensão de suas necessidades e do
desenvolvimen-to de produdesenvolvimen-tos e serviços mais adequados
aos
mesmos.
2. a organização poderá aprimorar a eficiência das
atividades de marketing por meio de um melhor
conhecimento de como formular preços, comunica
ção e distribuição.
No presente trabalho, procurar-se-á destacar o papel do
marketing em agências governamentais do tipo empresarial
{3)!
representada pelas Companhias de Habitação Popular,
responsáveis pela implantação de conjuntos habitacionais
para populações inseridas numa faixa de interesse social.
Tendo sido estudado o ConjUnto Habitacional
Presidente
Castelo Branco de CarapiCUÍba, implantada pela
COHAB-SP-Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo, empr.!
sa ligada
à
Prefeitura Municipal da Cidade de São Paulo,
,
procurar-se-a centrar nesta, seu desenvolvimento.
(3}
Kotler, P. - Op. Cit. nota 1, página 335
-Segundo Kotler, Shapiro, Selby, Raymond e Greyser, que
desenvolveram estudos ligados a organizações que não
visam lucro
(4),
o marketing também é necessário' em tais
organizações,· pois possibilita-as a atingir seus objeti
vos com eficiência e eficácia.
A COHAB-SP, empresa municipal que não visa lucro,
iden-tificada como agência governamental do tipo empresarial,
poderá, para os fins práticos, usar a teoria e a
admi-nistração de marketing de maneira normal,
encontrada
nas empresas particulares que visam lucro.
Tal empresa deveria preocupar-se em identificar
seus
mercados; determinar as necessidades dos clientes;
pro-duzir produtos e serviços adequados;
criar canais
de
distribuição; utilizar a comunicação de massa e as
ven-das pessoais, realizar a pesquisa de marketing e a
ana
,
lise de vendas, afim de acompanhar seus mercados.
No entanto, a empresa pÚblica apresenta as seguintes di
ferenças em relação as empresàs particulares que visam
lucro:
(4)
Para uma complementar consulta :
SHAPIRO, B.P.
"Marketing for Nonp:rofi t Organizations", · in Harvard
Business Review,setembro-outubro de 1974, pp.l23-32;
SELBY,
c.c.
"Better Performance from Nonprofits",
in Harvard Business Review, setembro-outubro - 1978
pp. 92-98; RAYMOND,
J.C.
e GREYSER, S.A. "The busi
ness o
fManaging the Arts
*',
in Harvard Business
Re-view- j.1ilho-agosto de 1978, pp. 123-32
-1. a empresa pÚblica ou agência governamental não
é
dirigida pelo motivo do lucro, mas sim pela
responsabilidade de servir algum setor de
ne-cessidade pÚblica.
2. não sofre a mesma pressão que a empresa part!_
cular para vender a quantidade máxima de
pro-dução, ou enfrentar a investigação crítica dos
acionistas que investiram dinheiro
~queremum
bom reto mo.
3.
a emp:re sa pÚblica funciona sob uma pressão me
nor,_ a
fimde estimular a demanda.
4.
mui tas das empresas pÚblicas existem como
mo-nopÓlios.
5.
nãoenfrentam concorrência imediata.
6. o plano de marketing
é
dirigido mais
p~ p~enchimento do crescimento da demanda total,do
que para tentar uma participação no mercado.
7.
a ausência de uma forte concorrência faz com
que a empresa pÚblica preste menos atenção
à
elaboração do produto e
à
criação de imagens.
Algumas empresas que não visam lucro, apesar destas dife
:renças, utilizam o marketing. Outras, principalmente
de-vido as diferenças 2,
4,
6 e
7,
são orientadas para pro
dução ou para vendas, prevalecendo em muitos casos a pri
meira.
9-No caso especÍfico das COHABs todas essas diferenças
o-correm, por outro lado não se observa uma orientação
p~ra marketing e nem uma orientação para vendas •. A
manei-ra de agir está muito mais voltada pamanei-ra a produção, apa
recendo uma preocupação muito grande com relação às
u-nidades residenciais, sua quantidade e seus custos.
Tais preocupações têm feito com que as COHABs
esqueçam
de privilegiar o consumidor, conhecer o ambiente,
iden-tificar os pÚblicos, buscar ideniden-tificar as necessidades
e preferências dos consumidores, adaptar seus produtos
para atender tais necessidades, distribUÍ-los
segundo
a localização da demanda e atingir seus objetivos de cu
nho social.
-III - O PAPEL DO MARKETING NA IMPLANTAÇÃO DE CONJUNTOS
!HABITACIONAIS DE INTERESSE SOCIAL
"Uma organização é encarada como uma máquina de
conver-são de recursos em que pÚblicos internos da organização
tomam os recursos de certos pÚblicos provedores e os
convertem em produtos Úteis que são levados pelos pÚbli
cos agentes e designados pÚblicos consumidores".
(5)
Um·
dos primeiros passos a ser dado por qualquer
organi-zação diz respeito a identificação de seus pÚblicos, to!:
nando possível conhecer seu ambiente e as . .relações de
dependência e subordinação existentes, além de fornecer
os elementos básicos sob os quais conseguirá atingir os
I
seus objetivos.
No caso das COHABs e INOCOOPs, teríamos a classificação
conforme mostra a figura 1.
Observando a figura 1 depara-se com todos os pÚblicos e_a
volvidos com as COHABs e INOCOOPs, os pÚblicos
provedo-res são: os apoiadoprovedo-res, formados pelos pÚblicos que
lheemprestam recursos para o seu funcionamento,
encontran-do o Conselho Monetário Nacional, o Ministério encontran-do Inte
(5)
Kotler, P. - Op. Cit. nota 1,
p~na32
- ll.
I-'
!\)
P0BLICOS PROVEDORES
APOIADORES
C M N
Inter.
B N H
j _ _ ,Agentes Financeiros J
H
Governo EstadualI
·~
Governo MunicipalFORNECEDORES
EMPRE'ITEIRAS
Empresas Comerciais!
Empresas IndustriaisJ
~~
Empresas de Serviç.JI
REGULADOREs~]~---'
. I
B N H
[código de Edifiaaç . . ,
H
CÓdigo SanitárioI
I
HLeg1:sl.Oeup. do SoZ:ol
l-{Legislação Complem.
Fig~ l PÚBLICOS TIAS CO~~s E INOCOOPs
PÚBLICOS INTERNOS
ORGANIZAÇÕES
COHABs
H
Téonicos ConselhoI
Administrat. YAdministraçãolINOCOOPs
Técnicos
Administração
PÚBLICOS AGENTES
I
COOPERATI VASHABI-'Jl..CION/J.IS
PÚBLICOS CONSUMIDORES
CLIENTES
r ~ •
Mutua2•7-os
L - - - '
. - - - ,
, In.sor1~tos
I
1.----~
r - - - ,
PÚBLICO
J
EM GERALf-c!-;cais
t .
l
~~
de Massa ,I
.
.
rior, o Banco Nacional da Habitação , os agentes
finan-ceiros e os Governos Estaduais e rillxoicipais.
Outro pÚblico provedor envolve os pÚblicos fornecedores,
representados por todos aqueles que vendem seus bens
m~teriais e serviços, correspondendo, nesse caso,
as em-
'
preiteiras, empresas comerciais, industriais e de servi
ços que fornecem seus produtos ou serviços
à
construção
de habitações.
O Último pÚblico provedor é formado pelos reguladores,
pÚblicos que impõem regras de conduta
à
organização, cor
respondendo ao Banco Nacional da Habitação,
CÓdigo
de
Edificações, CÓdigo Sanitário, Legislação de
ocupação
do solo e outras leis complementares.
Estes pÚblicos provedores são indispensáveis para a
or-ganizaçõa,
à
medida que fornecem os insumos básicos pa
ra a elaboração dos produtos, que nesse caso diz respei
to aos conjuntos habitacionais de interesse social.
Recebido os insumos, os pÚblicos internos processarão
os insumos d .. organização. Dentre os que fazem parte do
pÚblico interno encontram-se os técnicos, o conselho ad
ministrativo e os responsáveis pela administração da or
ganização.
Processado os insumos pelo pÚblico interno, as
organiz~ções, em alguns casos, utilizam os pÚblicos
agentes,re~pensáveis pela distribuição aos pÚblicos consumidores.
-As
COHABs não os utilizam, mas os INOCOOPs possuem as
cooperativas que se relacionam com os pÚblicos
consumi-dores.
Estando os produtos elaborados, as organizações podem
levá-los até os pÚblicos consumidores diretamente ou
a-través dos pÚblicos agentes.· Dentre os consumidores en
contram-se os pÚblicos clientes e o pÚblico em geral. O
primeiro é fo:rmado pelos mutuários que já adquiriram sua
habitação e pelos que estão inscritos para adquirí-la.
O pÚblico em geral, que
se encontra entre os pÚblicos
consumidores,. são formados pelos pÚblicos locais
(resi-dentes prÓximo áo conjunto habitacional, comerciantes,
etc.), de massa, concorrentes . (que na faixa de operação
das COHABs não existem) e
os amigos e familiares dos
clientes.
Além da identificação dos pÚblicos as organizações
de-vem pensar na inter-relação entre eles, pois um pÚblico
especÍfico poderá ter grande influência sobre as
atitu-des e o comportamento de outros no . que se refere a
o~ganização, podendo concorrer para facilitar ou
dificul-tar o relacionamento ou a concretização da troca.
No caso especÍfico das COHABs, o Conselho Monetário
Na-cional, o Ministério do Interior e Banco Nacional de
D~senvolvimento desempenham importante papel no
relaci~nameilto com os outros pÚblicos, determinando e
dando
as diretrizes da polÍtica habitacional a ser seguida
p~los pÚblicos apoiadores, fornecedores e reguladores. Da
14-mesma fonna os pÚblicos se relacionam entre si na busca
de trocas satisfatórias.
Do ponto de vista da organizaç·ão
é
importante
estabele-cer relações com seus pÚblicos mais valiosos para produ
zir satisfação-entre eles.
Sua tarefa
é
considerar os benefÍcios a serem oferecidos
a cada um de seus pÚblicos mais relevantes em troca dos
valiosos recursos e apoio que recebe.
Deve se entender por pÚblico todo o grupo distinto de
pessoas, organizações e/ou instituições que possuem um
interesse real ou potencial e/ou impacto sobre uma
or~nização.
A medida que uma organização começa a pensar seriamente
sobre o cultivo do apoio de um pÚblico, estará
conside-rando aquele pÚblico como um mercado, um .grupo ao qual
tentará oferecer benefÍcios em troca.
Disso decorre a definição de mercado que deve ser enten
dido como um grupo distinto de pessoas, organizações e/
ou instituições que têm recursos que querem trocar ou
que poderão livremente trocá-los por benefícios distin
tos.
Toda vez que uma organização estiver encarando o
pÚbli-co pÚbli-com base no valor
datroca, ela está engajada na ten
tativa de determinar a melhor abordagem de marketing.
"Um mercado
é
um grupo que
a. organização considera po_2
suidor de recursos valiosos, que
gostaria de obter,
-oferecendo seus próprios recursos como
base
datró-ca." (6)
A troca
é
um elemento importante do
conceito de marke
ting, ela exige duas condições: a
existência de
duas
partes e que cada uma das partes tenha algo que poderá
ter valor para a outra.
Se uma das partes· não ti ver nada de valor para a outra
parte, a troca não se realizará.
t
por isto que
é
impo~tante para uma organização compreender quais as coisas
que tem valor para o seu mercado.
Ji
COHA:B-SP, por exemplo, necessita obter dos governos
municipais e estaduais certos recursos para os seus co.a
juntos habitacionais, como:
escolas, postos de saúde,
parques infantis, creches, etc. ConsiderarJ!lo que
os gE_
vernos possuem escassez de recursos para· cumprir
suas
funções·, a COHAB deve procurar oferecer-lhes em troca,
algo que tenha valor, caso contrário, ficará sem tais
serviços em seus conjuntos
habitacionai~
O que percebemos nas orgar...izaçõe s que não visam lucro
é,
na maioria das vezes, uma preocupação muito grande
com os pÚblicos provedores, principalmente quando não
pagam pelos seus serviços, como no caso das COHABs
que
dependem dos governos para concretizarem seus produtos.
Tal situação exige por parte das organizações uma
preo-cupação similar às associações bene:ficientes, ao centrarem
-se nos doadores e nas empresas particulares que vendem
(6) Kotler, P. - Op. Cit. nota 1, página 50
-seus produtos e necessitam satisfazer -seus consumidores.
Cada empresa, especificamente,
~everáidentificar o que
tem valor para as partes com as quais ela quer ou
nece~sita trocar algo e, a empresa, como·um.todo, deverá se
esforçar para alcançar tais valores.
t
isso que o marketing pode fazer por uma organização,
ajudá-la a conseguir concretizar todas as trocas
neces-,
.
sar~as
para o seu+. sucesso.
III.A -
O MERCADO
HABITACIONAL
O mercado habitacional difere do mercado de bens de con
sumo em dois aspectos: a grande durabilidade e a imobir
lidade das unidades habitacionais.
A
grande durabilidade implica
numaoferta de novas
uni-dades de habitação que representam pequena proporção do
estoque existente e
no
aparecimento de
um
mercado secun
dário, que
é
o aluguel.
A
imobilidade das unidades habitacionais, por
um
impedem que
umaárea com un:il.dades em excesso possa
prir outra com deficiência e, por outro, faz com
lado,
su
-que
baja necessidade de segmentar espacialme.nte o mercado.
-Tais aspectos chamam a atenção, principalmente dos
pro-dutores, para
ª
quantidade a ser ofertada e sua
respe~ti va localização. A razão çlessas preocupações centra-se,
principalmente, na grande carência de unidades
habita-cionais representada por uma oferta inferior às realida
des nacionais e na limitação dos recursos canalizados
para suprir as reais necessidades, apesar
do
esforço
dispendido pelos orgãos governamentais,
principalmente
para projetos contidos na faixa de interesse social.
A carência de recursos, o déficit habitacional força as
companhias e o prÓprio governo, a pensar em termos do
número de unidades habitacionais, na sua localização,
buscando atender as áreas mais carentes.
Dentre os agentes que estão envolvidos com o mercado ha
bitacional encontram-se:
os demandantes de unidades
habitacionais para consumo, os demandantes de unidades
habitacionais para investimento, os produtores e o
go-verno.
Neste trabalho o agente que nos interessa e
sobre qual
concentra-se nossa atenção são os demandantes de
unida-des habitacionais para consumo.
Toda e qualquer empresa, para ser bem sucedida na
sua
tarefa de construir, manter, revitalizar ou reduzir
a
demanda, necessitará de conhecimentos atualizadosde seu
mercado. A tarefa com a qual se defrontará é a análise
de mercado,
requisito essencial para a ação
efica~do
marketing.
-III.B -
ANÁLISE DE MERCADO
Ao analisar o mercado, o administrador estará
aprenden-do a estrutura e o comportamento aprenden-do mercaaprenden-do. Desta for
ma a análise do mercado envolve duas partes: análise da
estrutura do mercado e a análise do consumidor.
A primeira, parte.do princÍpio de que qualquer mercado
com mais de um membro terá uma estrutura, pela simples
razão de que os membros têm diferentes necessidades,per
cepções e preferências.
A outras, procura destacar a importância para a empresa
em obter informações sobre as necessidades, percepções
preferências e satisfações de seus mercados-alvos.
~o
caso especÍfico das COHABs, para identificar a estru
tura de seu mercado,
já que
é
responsável pela
implan-tação de conjuntos habitacionais de interesse social,de
veria seguir os seguintes passos: definir o
mercado,
segmentar o mercado, posicionar-se no mercado e harmoni
zar-se no
meraado~Na definição do ·mercado, as COHABs deveriam procurar
d~tenninar todos os membros atuais e potenciais do
merca-do, que no caso, corresponderiam aos demandantes de
unidades habitacionais incluÍdos na faixa de interesse
so-cial, segundo definição do Banco Nacional de Habitação.
Desta forma, a definição do mercado pelas COHABs,
pode-ria ser: todos os demandantes de unidades habitacionais
que recebam de 1 a
5 salários mínimos e que não possuam
habitação prÓpria. O mercado existente envolveria
os
inscritos nas COHAJ3s e o potencial, aqueles que têm con
dições de se inscreverem.
Definido o mercado, o passo seguinte seria a
segmenta-ção do mercado, buscando identificar as partes diferen
tes e significativas do mercado.
Neste momento as
com-panhias de habitação popular deveriam escolher
quais
segmentos ser-lhe-iam importantes para tornar possível
o atendimento de seus objetivos de cunho social.
Analisando a habitação popular poderíamos de imediato,
através da segmentação geográfica,
identificar
segmen-tos ligados
à
área urbana, suburbana e rural.
Emsegui
da, através ;·de uma segmentação geográfica
poderíamos,
por exemplo, identificar segmentos com famílias de: 1 a
2,
3 a 4-e 5 ou mais elementos, buscando identificar
t~das as partes significativas
e
que, no caso das COHABs
devem ser muito bem pensados já que o déficit do
de habitação por elas supridas,
é
muito grande e
todos poderão ser atendidos.
tipo
nem
Segmentado o mercado, o passo seguinte
é
posicionar-se
nele, procurando escolher com quais de suas partes
a
organização irá se relacionar. Tal situação, já que há
uma demanda bastante superior
à
oferta
e
existe um
obj~-tivo ligado ao atendimento dos mais carentes,
possibili-taria escolher quais dos segmentos poderiam, no caso das
COHABs, ser considerados carentes, merecendo,
por isso
mesmo, estar dentre os escolhidos.
O passo seguinte, concluindo a estru. turação do mercado
diz respeito a sua harmonização, onde
os especialistas
de marketing buscariam conciliar o programa de marketing
com os diferentes segmentos de mercados
atendidos pela
organização, destacando os mercados-alvo e estabelecendo
a proporção de participação de cada segmento.
Tendo a or·ganização comple·tado a análise da estru.tura do
mercado, ela poderá iniciar a análise do consumidor.
Pa-ra tanto, tão logo ela tenha assumido uma posição no mer
cado, deverá manter informações sobre as necessidades,
percepções, preferências e satisfações dos seus
consumi-dores •
. Tais informações são vitais para o desenvolvimento
dos
programas de marketing que realmente atinjam os
objeti-vos da organização.
Desta forma, o administrador de marketing deverá iniciar.
sua tarefa p·esquisando quais são as necessidades de seus
clientes.
Em
seguida, procurará compreender como o
merc~do vê seus produtos, buscando a imagem ou a soma de crenças,
idéias e impressões que uma pessoa possui de um objeto.
Almejando compreender o que causou a imagem, como ela
p~derá ser modificada e a relação entre a imagem do objeto
-pela pessoa e seu comportamento quanto ao objeto.
Posteriormente, a preocupação da organização deverá
ba-sear-se na preferência, que mostra o valor relativo que
uma
pessoa atribui a
umconjunto de objetos comparáveis,
quando avalia seus respectivos valores para si mesma.Tal
atitUde permitirá aprender o que o mercado diz
sobre
seus desejos, possibilitando a previsão daquilo que real
mente o mercado adquire ou qualquer outra
rea~ão.O
Último passo para a análise do consumidor, diz
respei-to a intenção que as organizações orientadas para marke
ting têm de satisfazer seus clientes. Identificando- a,
por exemplo, como o sentimento que surge da percepção de
um
balanço positivo entre
eÁ~ectativase realizações(7).
Tão logo a organização tenha escolhido seus mercados
bá-sicos, analisados suas necessidades, percepções,
prefe-rências e satisfações e identificado os valores que
tro~caria, ela estará pronta a entrar
numaanálise mais táti
ca dos problemas, para alcançar a reação desejada do·mer
cado e a satisfação de seus objetivos.
O
marketing fornece
umagrande quantidade de instrumen
-tos que
uma
empresa poderá utilizar para facilitar o tão
procurado relacionamento com
seusmercados-alvo.
Esses
instrumentos perfazem o composto mercadolÓgico ou de mar
keting que são: Produto, Preço, Promoção e Ponto de
Dis-(7) Pastore,
J.
-BrasÍlia: a Cidade e
o
Homem* Cia. Ed.
Nac.,
1969 -
cap. II e III
-tribuição
f8).
Cabe ao especialista de marketing conhecer as partes
bá-sicas de todos esses instrumentais e misturá-los na pr!:!,
paração de
um plano de marketing.
III.C - COHABs, CONJUNTOS HABITACIONAIS
E
O MARKETING
As Companhias de Habitação Popular (COHABs) são empresas
municipais com o objetivo de estudar, planejar e
implan-tar conjuntos habitacionais para pessoas que
percebem
de
1a
5
salários mínimos, desde que não tenham nenhuma
outra propriedade, residam e trabalhem
há
mais de dois a
nos
naregião coberta pela empresa, sejam casados ou
te-nham dependentes
À •econolill.cos e tenham na entrega da
habitação até
55
anos e seis meses
(9).
São empresas que não visam lucro em suas atividades
e
(8)
existem outras propostas de classificação dos
inst~mentos no composto marketing,
a mais popular
é
esta, desenvolvida por E.Jerome McCarthy in
Basic
Marketing: A Managirial Approach, Homewood,
Richard
D.Irwi.n, ·Inc.,
1964, pp. 38-49
(9)
conforme informações junto a funcionários do
de comercialização da COHAB-SP
23
cujo objetivo
é
resolver os problemas habitacionais
in-seridos na faixa de interesse social, de conformidadecom
o PLANHP - Plano Nacional de Habitação Popular.
Na área da Grande São PAulo, a
COHAB~SPé
responsável
pela implantação de vários conjuntos habitacionais,
na
sua maioria com mais de 3.000 unidades habitacionais che
gando a contar com uma população de até 100.000
habitan-tes.
Segundo estudiosos (10), os conjuntos habitacionais com
mais de 3.000 famílias, devem levar em consideração,
pa-ra sua
concreti~ação,todas as funções assumidas por uma
cidade.
Tal consideração chama a atenção para certas
caracterís-ticas necessárias que um conjunto habitacional deva ter,
como por exemplo, uma infraestrutura de convivência,
a-lém das simples unidades residenciais.
Por outro lado, funcionando como barreira, para que essa
infraestrutura possa ser atendida, encontram-se, dentre
outros :
1. escassez de recursos
2. demanda
nãosuprida pela oferta
3.
dependência para com os governos estaduais e
municipais, para satisfazer certas
necessida-des que lhes cabem.
(10} Attadia da Motta, C.F. e outros - Nível de
Satisfa~em Con·untos Habitacionais da Grande São Paulo,
IPT FAPESP, 1975,. cap. II e III
-4.
limitações do crédito e restrições quanto a
certos repasses
5.
falta de recursos pÚblicos para certos tipos
de serviços que não são financiados
Diante do exposto, restaria saber o que o marketing pode
fazer para melhorar o desempenho dessas empresas,
permi-tindo-lhes cumprir sua real função.
O marketing poderia permitir que tais empresas,
em pr!_
meiro lugar, buscassem atender as nece_ssidades dos merc,!!
dos-alvo e, em segundo, fornecer subsÍdios para que a
~ção da empresa concretizasse, da melhor forma possível,
a satisfação do mercado.
·o
primeiro passo, para ser dado, necessitaria contar com
o marketing integrado que possibilita a todos os setores
ou departamentos da empresa uma ação integrada, sem o
PJ:!.
domínio egoístico de qualquer um dos setores.
Isto conseguido, o marketing
já
deverá estar inserido na
empresa como filosofia básica,ppdendo se iniciar sua
co~cretização como forma de ação, através dos instrumentais
de marketing representado na figura dos 4Pes e da
práti-ca da pesquisa para obter as informações necessárias.
Isso posto, a empresa definirá seu mercado e a linha de
produtos, além da forma de distribUÍ-los e promovê-los.
-III.C.l
O CONSUMIDOR E O PRODUTO
I
A escolha do produto não pode estar desligada da
identi-ficação dos segmentos de mercado escolhidos pela
empr~sa, sob pena de não atender nem o consumidor e nem a
em-presa.
Na ação da COHAB-SP, refletida no
Conjunto Habitacional
Presidente Castelo Branco de Carapicuíba e
nas entrevia
tas pessoais efetuadas em funcionários da empresa e
pes-soas ligadas ao setor, observou-se:
1. falta de uma preocupação em segmentar o mer
cado
2. infra-estrutura de convivência deficitária
quanto a:
saúde,
segurança (proteção
po-licial), lazer,
recreação~desenvolvimento
comunitário e atividades comerciais
insufi-cientes
3.
alegação de impossibilidade de proporcionar
melhores condições devido ao custo da
cons-trução
4.
inexistência de habitaçães verticais .commais
de quatro andares por considerar inviável as
maiores
5.
falta de recursos dos orgãos governamentais
-para suprir serviços básicos (escolas,
cre-ches, parques infantis, outroscomunitários,
centros esportivos, postos de saúde, posto P2.
licial, etc)
6. localização voltada a doações e custos mais
baixo dos terrenos
7.
alocação de recursos para pesquisa de
mate-riais ou formas construtivas que reduziriam
o custo da construção
8.
inexistência de um departamento demarketing
9.
existência de unidades habitacionais padrão
de. 1, 2 ou
3
dormitÓrios
10. reservas de espaços para que sejam
utiliza-dos pelos moradores, quando os orgãos goveE
namentais tiverem condições de equipá-los
11. seguir as legislações ligadas
à
construção
como elemento fundamental
O que na realidade se observou, foi uma preocupação
em
poder suprir o mercado com o maior número possível de
URnidades habitacionais, não se preocupando com a
satisfa-ção das necessidades consideradas como indispensáveis pa
ra seus habitantes.
O marketing, neste caso específico, forçaria uma análise
do mercado e tentaria, além de identificar os segmentos
relevantes, buscar identificar quais as reais
necessida-des do mercado e/ou estabelecer suas prioridanecessida-des.
Poderiam, por exemplo, melhorar as relações do
mercado
-com os orgãos governamentais na medida em que os
identi-ficassem como pÚblicos importantes e que desejassem algo
'
em troca. Tal fato melhoraria o relacionamento entre as
organizações, beneficiando seus moradores.
A figura 2 mostra, segundo informações obtidas junto
as
'
pessoas ligadas ao planejamento dos conjuntos, as
variá-veis que fazem parte do processo de elaboração do
proj~to de construção.
Apesar de satisfazerem uma infinidade de exigências míni
mas, quanto ao conjutno e a habitação, que são exigências
legais ou do Banco Nacional da Habitação, não mostra pre
ocupação com os moradores pois não analisa o consumidor,
nem avalia ou mede suas necessidades, preferências e
sa-tisfações.
Retrata mui to mais uma preocupação com a unidade residen
cial, e não como uma habitação coletiva, a qual
necessi-taria, para sua caracterização, da consideração de outros
aspectos também relevantes, que deveriam ser
buscados
nos mercados-alvo escolhidos pela empresa, porém
isso
não ocorre.
Segundo constatações, um conjunto habitacional para ser
implantado, não necessita somente da construção das
unidades residenciais, há certos aspee.tos que as transcen
-dem e dizem respeito a convivência, sobrevivência,
segu-rança, saúde, formação cultural e dentre outras, que me
receriam também ser consideradas, como mostra a figura
3
ao identifi·car a infra-estrutura de convivência.
-I
Fig. 3 INFRA-ESTRUTURA DE CONVIvtNCIA
ELETRICIDADE
COMUNICAÇÃO E TRANSPORTES
SAÚDE
SEGURANÇA
ELABORAÇÃO
EDUCAÇÃO DO
CO~RCIO PROJETO
LAZER E RECREAÇÃO
DESENVOLVIHENTO COMUNITÁRIO
Nos elementos identificados na fig.
3
não se pretende es
gotar o assunto, mas procumr mostrar a
importância e
a
necessidade de uma orientação voltada para o marketing.
Reflete também, a precariedade com que são determinados os
produtos de tal organização, mostrando o quanto seus
con-sumidoras devem se adaptar a eles, quando, na verdade, de
veria ocorrer o contrário.
-Fig. 2
PROCESSO DE CONSTRUÇito (VARI1VEIS :BÁSICAS)CÓdigo de
Edificação
I
Lei de Ocup. SoloI
código Sanitário
.
Saneamento Básico
Comunicação Elaboração
BNH
(Vias e Sargetas) do Const
Projeto
5% Área Institucio
-nal (posto de sau-J
de, policial, etc)
10% · (Minimo) Área Verde
Comércio
-
Peq.Não se pretende chegar ao ideal ou utÓpico, mas sim, tor
nar possível provas alternativas ao setor de produção, e
não apenas uma simples acomodação, restrita somente a
b~ratear os custos de produção ou qualquer melhoria, fruto
de uma decisão Subjetiva.
Isto poderia ser uina das contribuições do marketing e de
seus instrUmentais, pois levaria aos moradores um conjun
to habitacional capaz de satisfazer, de forma mais
ade-quada, suas necessidades e evitaria a oferta
de meras
construções artificiais.
Partilha-se da idéia de que a satisfação das
necessida-des, nos conjuntos habitacionais, principalmente os que
abrigam acima de 3.000 famílias, não se encontram
exclu-sivamente em função das características fÍsicas da unida
de habitacional.
Algumas pessoas afirmam: -"se os conjuntos não são bons,
como se·explica a enorme lista de espera?" Ora, tal pen
samento defendido pelos anti-marketing, esquece que o dé
ficit habitacional refletindo um mercado comprador,
pos-sibilita tal acontecimento. Por outro lado, esquecem que,
até com os mesmos recursos, poderiam agir de maneira a a
tender melhor seus mercados-alvo.
Um
exemplo' dessa melhoria poderia ser o aumento das
a-,
reas destinadas ao comércio, arrendando-as para suprir o
conjunto de certos equipament,os ou mesmo tornando
possí-vel o pagamento da manutenção e consertos dos elevadores,
o que tornaria mais viável a construç_ão de prédios
maio-res, que por su.a vez barateariam o custo do terreno, pe!.
-mi tindo a localização dos conjuntos em áreas mais
prÓxi-mas dos centros comerciais, industriais e/ou urbanos,
diminuindo o investimento de certos equipamentos ou
servi-ços.
Na verdade, a identificação do mercado e a
análise do con
sumidor, associadas
à
uma administração voltada para o
mercado, permitiria à'empresa alcançar seus
com maior
eficiência e eficácia.
objetivos,
~oportuno
ressaltar aqui, que não devemos ficar nem no
plano ideal e nem no artificial, mas sim, buscar um aju,!!
tamento entre o que o mercado quer ou necessita e aquilo
que a empresa realmente pode oferecer.
III.C.2 - LOCALIZAÇÃO : UMA IMPORTANTE DECISÃO
A imobilidade das unidades habitacionais associada ao
d~ficit do mercado habitacional, crescimento urbano e espe
culação imobiliária, torna a decisão de localização uma
das mais importantes para a construção de conjuntos habi
tacionais.
Em
primeiro lugar, a localização exige uma segmentação e!!
pacial do mercado, buscando atender as áreas mais
caren-tes, já que' não há possibilidades de se atingir a toda a
demanda do mercado.
Emsegundo, já que as habitações de
cunho social possuem no financiamento um limite para
re-passe, devendo manter o preço num teto tolerado pelo
pr~-vedar de recursos e se ·defronta com os altos custos dos
terrenos, a localização passa a ser de vital importância
para a determinação do conjunto habitacional como
produ-.to.
Com referência ao conjunto como produto, a localização
reiletirá significativamente na forma e na maneira pela
qual ele apresentar-se-á ao mercado.
Tal fato se deve,
num primeiro momento, ao alto custo do terreno e_ao teto
estabelecido pelo agente provedor (BNH), fazendo com que
muitos serviços, equipamentos e o prÓprio grau de atendi
menta das necessidades não possam ser atendidos.
Num segundo momento, e muitas vezes por reflexo do
pri-meiro com relação ao custo do terreno, a localização
é
afastada dos centros urbanos e desprovida da infra-estru
tura existente em tais centros, além- .de apresentar
cara~terísticas topográficas e geolÓgicas, na maioria das
vezes, devido o baixo custo do terreno, que exigem eleva
-dos investimentos e impedem soluções melhores e/ou mais
econômicas. Tal fato, reflete no resultado final do
con-junto, ocorrendo as mesmas consequências do primeiro,que
em essência está no grau de satisfação do mercado.
A localização, quanto a exigência de uma segmentação
es-pacial do mercado, mostra um outro ângulo do problemaque
diz
respei~oa atender -as_necessidades das áreas
mais
necessitadas e, de um outro ângulo, atender às preferê!!_
cias locacionais dos mercados-alvo.
~
diante de tais considerações que a localização se
tor-na uma importante decisão de distribuição e, como tal,
-não pode deixar de se valer dos instrumentais de
marke-ting disponíveis, para assegurar uma escolha de localiza
ção capaz de atender às necessidades de unidades
habita-cionais, por um lado, e dos mercados-alvo, por outro.
Segundo o que se pôde observar, a COHAB-SP não se preocu
-pa em analisar o mercado, -para identificar a sua
estru-tura e, com isto, definí':...lo, segm.entá-lo,posicio:b.ando-se
junto a ele e harmonizando-o. Deixa também de se
preocu-par com a
~isedo consumidor, não procurando medir as
necessidades, preferências, percepções e satisfações.
Desta forma, dificilmente os conjuntos habitacionais
im~plantados podem refletir o produto certo, num lugar
cer-to, num tempo certo. Por outro lado, a utilização
dos
.instrumentais de marketing e a aceitação de sua
filoso-fia, pela empresa como um todo, mui to poderia contribuir
para a maximização da aplicação de
seus recursos,
os
quais, segundo a prÓpria empresa, são limitados.
34
IV - C O N C L U S
ÃO
Ao se tentar retratar o papel do marketing na
implanta-ção de conjuntos habitacionais, utilizou-se as Companhi
as de Habitação Popular como exemplo e a COHAB-SP foi a
empresa que tomamos como referência.
Desta forma, procurou-se mostrar o conceito de marketing
e suas implicações, centrando-se no papel do marketing
para organizações que não visam lucro.
Em
seguida, procurou-se destacar o papel do marketing na
implantação de conjuntos habitacionais de interesse soei
al. Nesta parte caracterizou-se o mercado habitacional,
procurando destacar certas especificidades e chegando a
duas destas, ou seja: durabilidade dos conjuntos e a
ne-cessidade da segmentação espacial do mercado,
além de i
dentificar seus agentes.
Posteriormente foi destacada a análise do mercado,
bus-cando mostrar os passos necessários, suas aplicações prá
ticas e, paralelamente, tomando por base o Conjunto Habi
tacional Presidente Castelo Branco de CarapicuÍba.
Pro-curou-se mostrar a importância desta análise para a iden
-tificação dos mercados-alvo e do comportamento do
consu-midor, através da identificação das necessidades ,
im~gens, preferências e satisfações, além de mostrar a
rel~vância de tais informações para as decisões da empresa
que visa atender as necessidades de seus mercados-alvo.
Na parte seguinte, através de um paralelo com o
desempe-nho da COHAB-SP, destacou-se as contribuições que o mar
keting poderia dar para a implantação de um conjunto
ha-bitacional.
Apesar de não se ter desenvolvido duas das decisões
(Pr~ço e
Promoç~o),pois no caso especÍfico da empresa utili
zada como referência, elas não se tornarem tão
relevan-tes devido ao controle do preço
pelos provedores,
ao
excesso dos inscritos a espera de sua habitação e a
ine-xistência de uma preocupação para com os mercado-alvo,
suas necessidades, preferências e satisfações.
Das decisões, as que consideramos importantes foram a do
produto em si e da localização, refletindo o ponto
de
distribuição escolhido pela empresa para atender as
ne-cessidades de seus mercados-alvo.
Apesar do trabalho ter-se restringido a tais
aspectos,
ele deixou patente a importância da adoção do conceitode
marketing tanto teórica quanto tecnicamente para uma
em-presa, independentemente de visarem ou não o lucro.
Por outro lado, frisou-se também o papel que representa
a pesquisa mercadolÓgica para a identificação, pelas
em-presas, das oportunidades do mercado, definição das
-nhas de produtos e determinação do ponto de distribuição,
possibilitando, ao mesmo tempo a maximização
de
seus
objetos e
a
do atendimento das necessidades e
preferên-cias de seus consumidores.
O papel do marketing
é
muito mais valorizado no
caso de
conjuntos habitacionais, pela deficiência das ofertas,
falta de recursos para atender as necessidades considera
das. básicas para o ser humano, complexidade do
produto
em si, delimitação do preço_pelo provedor de recurso e
o alto custo dos terrenos.
Esses aspectos, que indiretamente representam limitações
e restrições para as empresas
não
têm sido incorporados
às decisões da empresa para atenderem o mercado e seus
objetivos. Esquecendo-se que uma empresa deve ser
volta-da para fora e·não para dentro, deve conhecer seu am.bien
te, ajustar-se a ele e não assumir uma posiÇão passiva,
irrefletida e aleatória, onde toda uma coletividade huma
na
é
relegada ao esquecimento.
O marketing, portanto, ajuda os administradores a
saber
o que fazer, para quem fazer, porque
fazer~onde fazer,
quanto fazer e como vender.
Fornecendo informações
a
outros departamentos, identificando oportunidades para a
empre-sa, planejando, implantando, controlando, redefini!!
do,
ajustan~oe buscando, como meta maior, fazer o
me-lhor possível tanto para a empresa quanto para.o
co~dor.
* * *
*
*
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L. -House has there been a Downward Shift
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Econo-mics,
(49), 1955
* * *
-41
ÍNDICE
PRIMEIRA PARTE - PESQUISA
CAPÍTULO I
1 - Introdução
1.1 -Histórico 1.2 -A Cidade 1.3 -Conjunto 1.4 - Da Cohab
CAPÍTULO II
1 1
3
5
7
2 - Fundamentação Teórica e Conhecimentos Existentes 12
2.1 -Posicionamento Teórico 12
2.2 - Conjuntos Habitacionais 16
2.3 - Satisfação 20
2.4 - Estudos Realizados .26
CAPIÍULO III
3
-
A Amostra e a Pesquisa 3.1-
População Amostral 3.2-
Coleta de Dados 3.3-
Pesquisa3.4
-
Tabulação3.5
-
Avaliação da SatisfaçãoCAPÍTULO IV
4 - Caracterização da População 4.1 - Respondentes
4.2 -FamÍlia CAPÍTULO V
5 - Anãlise da Satisfação
5.1 -Os Primeiros Resultados 5.2 - Cruzamentos
CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA ABSTRACT
ÍNDICE SEGUNDA PARTE
AGRADECIMENTOS
Conhecedor dos outros no "eu" e admitindo a convivência humana como a mais bela forma de se ajudar e ser ajudado, externo os meus agradecimentos a todos aque-les com quem tive o prazer de conviver e aprender.
No entanto, desejo externar o meu agradeci-mento especial aos professores: ORLANDO FIGUEIREDO, JORGE MOTA, ESDRAS BORGES COSTA e AFONSO ARANTES que, nos momen tos chaves, proporcionaram a ajuda necessária.
Desejo lembrar os alunos do 49 ano de Ciên-cias Sociais do IMES, que desenvolveram o trabalho de cam po, destacando tarnbim a ajuda prestada pela COHAB-SP na pessoa do Arquiteto Ubirajara Baroni Garcia.
Finalmente, o meu agradecimento a todos os amigos e familiares que me incentivaram e me aturara~.