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O GLOBOl
País
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Domingo 3.8.2014MERVAL
PEREIRA
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merval@oglobo.com.br
A presidente Dilma Rousseff tem um caminho bem mais acidentado para conseguir a reeleição do que teve em 2010, especialmente pelo desejo de mudança que as pesquisas eleitorais vêm captando entre cerca de 70% dos eleitores.
Nulos e brancos
M
as a oposição também não tem tido capa-cidade, até o momento, de atrair esse elei-torado descontente, o que faz com que Dil-ma perDil-maneça na liderança da corrida presidencial e o índice de votos brancos e nulos se apresente ex-tremamente alto para esta época da campanha, be-neficiando quem está à frente da corrida, pois preci-sará de menos votos válidos para vencer.Na pesquisa realizada em julho pelo Ibope, o índice de votos brancos e nulos ficou em torno de 16%, mais que o dobro do encontrado na mesma época em 2010, no registro da diretora daquele instituto, Marcia Cavallari. Não é à toa, portanto, que os oposicionistas começam a se preocupar com essa tendência, que pode representar tanto falta de interesse pelas elei-ções como desencanto com a política.
A não identificação dos eleitores com os candida-tos oposicionistas é uma questão a ser atacada nas propagandas eleitorais de rádio e televisão, mas o candidato tucano Aécio Neves prepara-se para fa-zer uma campanha especial contra o voto nulo e branco, esclarecendo que ele beneficia geralmente os candidatos contra quem se quer protestar, na su-posição de que o protesto sempre será em maior escala contra os que estão no governo.
Segundo Marcia Cavalari em entrevista ao “Esta-dão”, os eleitores que hoje dizem ter intenção de vo-tar em branco ou nulo são mais escolarizados, pos-suem renda familiar mais elevada e vivem em gran-des centros urbanos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, um perfil bastante semelhante ao dos manifestantes de 2013. “Portanto, eles podem sim, ao longo da
cam-panha, mudar para os candidatos de oposi-ção”, analisa Cavalari, para quem a probabi-lidade desse tipo de eleitor votar na presi-dente Dilma “é bem mais baixa’.
Outra questão difícil para a presidente Dil-ma é o jogo do segun-do turno, já que os ín-dices do governo não facilitam a possibili-dade de vencer a elei-ção no primeiro turno. O ex-presidente Fer-nando Henrique Car-doso foi reeleito em 1998 em meio a gran-des dificuldagran-des eco-nômicas, a ponto de ter sido obrigado a desvalorizar o Real imediatamente após a vitória nas urnas.
Mas naquele mo-mento o ambiente po-lítico era favorável à continuidade do Pla-no Real, e a perma-nência de FHC à fren-te do governo era uma garantia do projeto econômico, que tinha o apoio generalizado
no Congresso e na população, tanto que a reeleição foi aprovada de maneira quase consensual na soci-edade. Mas ele temia que, num segundo turno, o desgaste do governo aumentasse.
Hoje, um segundo turno será mais apertado do que se supunha, segundo as pesquisas, e a chance de vitória de qualquer um da oposição é real. O apoio da maioria dos eleitores de Eduardo Campos a Aécio contra Dilma num segundo turno aconte-cerá naturalmente, e será difícil a ele ficar em cima do muro, como Marina fez em 2010 e provavelmen-te fará esprovavelmen-te ano, pois na campanha sua ação será sempre contra Dilma e o PT, preservando o ex-pre-sidente Lula. Segundo as pesquisas, 55% dos eleito-res de Campos declaram preferir Aécio, enquanto apenas 26% votariam em Dilma.
O apoio do eleitorado de Aécio Neves a Campos também será natural. Os eleitores do pastor Everal-do, do PSC, também estarão naturalmente na opo-sição, pelo tom que ele está dando à sua campa-nha, e sua perspectiva eleitoral é muito boa, garan-tindo-lhe espaço político nas negociações do se-gundo turno.
E a presidente Dilma tem ainda problemas a re-solver no eleitorado de extrema-esquerda, que pe-lo visto prefere uma derrota do PT: 64% dos eleito-res do PSOL votam Aécio num segundo turno, as-sim como metade dos eleitores do PSTU.l
oglobo.globo.com/blogs/ blogdomerval
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Dilma permanece na
liderança da corrida
presidencial, e o índice de
votos brancos e nulos é
extremamente alto para
esta época da campanha,
beneficiando quem está à
frente da corrida, pois
precisará de menos votos
válidos para vencer.
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Os eleitores que hoje dizem
ter intenção de votar em
branco ou nulo são mais
escolarizados, possuem
renda familiar mais elevada
e vivem em grandes
centros urbanos, e podem,
sim, ao longo da campanha,
mudar para os candidatos
de oposição.
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Hoje, um segundo turno
será mais apertado do que
se supunha, segundo as
pesquisas, e a chance de
vitória de qualquer um da
oposição é real.
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-RECIFE- Com um déficit de 302.337 moradias, Pernambuco enfrenta outro grave problema de habitação na região metro-politana de Recife: o risco de desabamento de edifícios do ti-po caixão (sem pilotis), a exem-plo do que ocorreu anteontem na Praia de Boa Viagem. Um es-tudo realizado em cinco dos 14 municípios da Grande Recife revela que 4.426 prédios estão sob ameaça de desabamento, sendo que quase 3 mil em grau considerado “alto” ou “muito alto”, o que representa 88,5%
dos 5,3 mil edifícios construídos sob esse sistema, chamado de “alvenaria resistente”.
As pesquisas foram feitas pelo Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep) e pela Universidade Federal de Pernambuco, na capital, e nas cidades de Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Cama-ragibe e Olinda. De acordo com os estudos, de 4,4 mil edifícios investigados, só oi-to apresentam risco “baixo” de desabamento. Ao longo dos últimos vinte anos, doze prédios já ruíram na região metropolitana, deixando 37 mortos e cerca de cem
feri-dos. O prédio que desabou em Boa Viagem anteontem não deixou vítimas porque já tinha sido desocupado.
Construído em 1990, o con-junto habitacional, com 32 apartamentos, divididos em três blocos, havia sido esvazia-do em maio esvazia-do ano passaesvazia-do, por determinação da Comis-são de Defesa Civil do Recife (Codecir). O gerente geral de engenharia da Codecir, Edgar Melo, aponta as falhas da construção:
— Os prédios não tiveram a base aterrada, não contam com cintas de amarração, pos-suem tijolos de baixa
resistên-cia e normalmente os morado-res fazem reformas internas. A simples derrubada de uma pa-rede pode gerar efeito dominó. O síndico do condomínio, Marcio Costa, afirmou que o caso foi levado à Justiça e que “quem tem culpa é a Caixa Econômica, que não fiscaliza a construção, e também a construtora, que não agiu com responsabilidade”. A as-sessoria de imprensa da Caixa em Recife, no entanto, infor-mou que o órgão não financi-ou “a construção do residen-cial e não faz parte de ne-nhum processo judicial ao re-ferido empreendimento”.l
Na Grande Recife, 4,4 mil prédios
estão sob risco de desabamento
Há problemas em 88,5% dos edifícios do tipo ‘caixão’, aponta estudo
LETÍCIALINS
leticia.lins@oglobo.com.br
ELEIÇÕES 2014
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O
déficit habitacio-nal continua sen-do um problema comum a todas as regiões do Brasil, sobretudo nas grandes metrópoles do Sudeste, do Sul e do Nordes-te. Referências a questões re-lacionadas à habitação nas redes sociais são distribuídas de forma equilibrada pelo país, segundo monitoramen-to realizado pela FGV/DAPP entre os dias 25 de julho e 1º de agosto. Foram acompa-nhadas nesse período 36 mil menções ligadas à falta de moradia, habitação precária e vulnerabilidade em razão do preço dos aluguéis — principais causas do déficit habitacional.O mapa de menções
rela-cionadas ao déficit mostra que as referências têm uma relação próxima com a distribuição populacional e o acesso à in-ternet, o que revela que o pro-blema tem dimensões simila-res nas diferentes regiões. O gráfico sobre o Minha Casa Mi-nha Vida revela que as men-ções positivas ao programa fo-ram mais que o dobro da nega-tiva, sugerindo que políticas
públicas para o setor tendem a ser bem avaliadas, ainda que haja clara percepção de déficit no provimento de habitação no país. Tendência que é refor-çada pelas menções a questões de “reforma urbana”, cinco ve-zes maiores do que as men-ções à “reforma agrária”.
As referências à casa própria, quando comparadas a aluguel de imóveis, trazem mais uma
vez à tona o desejo da mora-dia própria, evidenciando a posse do imóvel como refe-rência de cidadania entre os brasileiros. A habitação está também na origem do au-mento no número de protes-tos, ocupações e remoções em áreas urbanas. A nuvem de palavras dá a ideia da re-percussão do movimento li-derado pelo MTST, bem co-mo das ações de ocupação e reintegração de posse.l
Déficit habitacional
é problema comum a
todas as regiões
Análise
PERCEPÇÃO DO
PROGRAMA MINHA
CASA MINHA VIDA
No país
MONITORAMENTO NAS REDES SOCIAIS
Deficit habitacional nas redes
Menções à falta de moradia
Menções à falta de moradia se concentram em São Paulo e Rio de Janeiro. Brasília e capitais do Sul vêm logo atrás.
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NeutraMENÇÕES
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Positiva
MENÇÕES
112
Negativa
MENÇÕES
NA WEB
bit.ly/1nf3TcD