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Lagochilascaris minor Leiper, 1909, (Nematoda-Ascaridae) de origem humana.

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Academic year: 2017

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LAGOCHILASCARIS MINOR LEIPER, 1909, (NEMATODA-ASCARIDAE) DE ORIGEM HUMANA

Hélio Martins de Araújo COSTA ( 1 ) , Amália Verônica Mendes da SILVA ( 2 ) , Petrônio Rabelo COSTA (3) & Sandra Breder ASSIS ( 4 )

R E S U M O

Os autores isolaram e estudaram morfologicamente Lagochilascaris minor Lei¬ per 1909, material obtido na cirurgia de um abscesso cervical direito de um me-nino de cor branca, com cinco anos de idade, procedente da cidade de Colorado, no Município de Vilhena, em Rondonia-Erasil. É sugerida uma chave para o diag-nóstico diferencial das espécies do gênero Lagochilascaris.

UNITERMOS — Lagochilascaris minor — Abscesso cervical em criança.

I N T R O D U Ç Ã O

Atualmente são conhecidas cinco espécies do gênero Lagochilascaris: L. minor Leiper, 1909, L. major Leiper, 1910, L. túrgida (Stossich, 1902) Travassos, 1924, L. buckleyi Sprent, 1971 e L. sprenti descrito por BOWMAN & SMITH 1 4

; as três primeiras incluídas na revisão de SPRENT 1 5.

As espécies L. major e L. buckley foram descritas como parasitas de felídeos; L, túrgi-da e L. sprenti, como parasitas de marsupiais. Enquanto isto, permanece desconhecido o hos-pedeiro de L. minor. A descrição original des-te parasito foi baseada em mades-terial de origem humana.

A casuística de infecções humanas por L. minor continua crescendo, sobretudo com os achados brasileiros. Paralelamente surgem, também, referências de achados em outros hos-pedeiros.

O primeiro caso brasileiro de infecção hu-mana por L. minor foi descrito por ARTIGAS & c o l . P o s t e r i o r m e n t e vieram os achados de

CORREA & col.8

, BORGO & col.3

, LEÃO & col." , CHIEFFI & col.7, SANTOS & c o l .1 4,

BARBOSA CAMPOS & col. \ MORAES & col. u,

FRAHIA & col.9, CAMPOS & col.6, LEÃO &

col.1 0

, e OBEID & c o l .] i

. Somando este caso aos registros anteriores passamos a 18 casos brasileiros. A literatura brasileira registrou também, com VIDOTTO & col.1 6,

Lagochilasca-ris minor em cão.

MATERIAL E MÉTODOS

Em abril de 1980 chegou ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Ge-rais um menino, de cor branca, com cinco anos, procedente da cidade de Colorado, Município de Vilhena (Rondônia), o qual, desde os três anos de idade, apresentava dores de ouvido com corri-mento purulento, melhorando sempre que fazia uso de antibiótico. Posteriormente desenvolveu uma intumescência na região cervical direita, a qual cresceu e se transformou em abscesso com fístula na parte inferior, com destruição do mastóide.

(1) Prof. do Dept.a de Parasitologia. ICB-UFMG. Bolsista do CNPq.

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Através desta fístula notou-se a eliminação de pequenos vermes. Já havia sido registrada a eliminação, também, pelo ouvido e narinas (espirro). A cirurgia do abscesso possibilitou a colheita de grande numero de vermes, cerca de 200, alguns dos quais foram colocados em placa de ágar-sangue humano e em tubos com ágar-sangue inclinado mais soro humano. Os outros foram fixados quente em soluções de Henry-Raillet.

Do abcesso foi colhido, também, material purulento para a pesquisa de ovos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os helmintos colocados nas placas e nos tubos de ágar sangue não sobreviveram.

Os exemplares colhidos eram, na quase to-talidade, vermes jovens.

Foram estudados 12 exemplares adultos, seis machos e seis fêmeas, com as caracterís-ticas abaixo:

Ascaridídeos com lábios apresentando pro-funda escavação mediana e separados do resto do corpo por nítida ranhura, delimitada infe-riormente por um espessamento cuticular, do qual se originam os interlábios (Fig. 1 A,B, e C ) . Lábio dorsal com duas duplas papilas sub-dorsais; lábios sub-ventrais, cada um, com uma dupla papila ventro lateral, uma papila lateral e o poro anfidial. Revestimento articular

transversalmente estriado. Duas asas, pouco desenvolvidas, percorrem lateralmente o cor-po e, praticamente, desaparecem no terço fi-nal. Esôfago simples; papilas cervicais incons-pícuas, imediatamente após o anel nervoso, e quase que à mesma altura do poro excretor.

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Fêmeas — Dimensões na Tabela I . Mediam cerca de 7,5 a 10,5 mm de comprimento, ligei-ramente maiores que os machos e apresenta-vam ovos no útero. Cauda curta e reta geral-mente desprovida de tubérculo terminal. Aber-tura vulvar simples e situada imediatamente após a metade anterior do corpo; esta distân-cia da extremidade anterior variando de 50, 13 a 53,25% do comprimento total do corpo. Pro-delfas, com vagina relativamente longa e, nas fêmeas adultas, recurvada para trás, comuni-cando-se com o útero, que é único em sua por-ção anterior e depois se divide em dois ramos, cujas porções terminais se comunicam com os ovidutos. Alças uterinas situadas na região pós-vaginal, algumas vezes projetando-se um pouco anteriormente à vagina. Fêmeas adul-tas com a porção única e os dois ramos do úte-ro repletos de ovos. Ovos de contorno arre' dondado e ovalado, de casca espessa e irregu-lar, apresentando menos de 25 depressões em torno da linha equatorial (Fig. 1 F ) ; dimensões variáveis, inclusive com a fêmea de origem. Medidas de alguns ainda no interior do útero mostram que variam de 42 a 66x 58 a 86 /i. Ovos eliminados, com o material purulento do

absc3sso, pouco numerosos, mediam de 40 a

83x 58 a 98 n; um ovo arredondado chegou a medir 83/t de diâmetro; entre os ovalados o menor media 40 x 52/i e o maior 73 x 98 p. Ma-terial purulento lavado em água, centrifugado a 2.000 rpm durante dois minutos e ressuspenso em água, conservado em geladeira, apresentou ovos larvados 30 dias após.

O diagnóstico diferencial de L. minor com L. túrgida, L. buckleyi, L. sprenti é fácil. Mor-fologicamente L. minor e L. major muito se as-semelham, como se pode ver na literatura exis-tente, inclusive em S P R E N T1 5. O número de

depressões em torno da linha equatorial do ovo ( L . minor = 15-25 e h. major = 35-45) é

considerado o único elemento para a separação, o que nos parece muito pouco.

O apêndice caudal arredondado, assinalado em alguns machos de L. major, pode ser visto também em L. minor.

O grande número e a variedade de formas evolutivas encontradas no abscesso sugerem a possibilidade de, a partir da infecção inicial, ocorrer multiplicação no próprio hospedeiro, hipótese já levantada por BRUIJNINGs e

MO-RAES & col. z

.

CONCLUSÕES

Face aos dados apresentados na literatura existente, os Autores sugerem o diagnóstico di-ferencial das espécies do gênero Lagochilasca-ris como segue:

CHAVE PARA O DIAGNÓSTICO DAS ESPÉ-CIES DO GÊNERO LAGOCHILASCARIS

1. Espículos de tamanho igual ou maior do que o duto ejaculador; vulva anterior ao meio do corpo, cerca de 32 45% do com-primento do mesmo:

— Espículos de tamanho igual ou ligeira-mente maior do que o duto ejaculador; interlabios em forma de lança

L. túrgida.

— Espículos medindo cerca de duas vezes mais do que o duto ejaculador

L. buckleyi.

2. Espículos ligeiramente menores ou bem menores do que o duto ejaculador:

— Comprimento do espículos de 0,75 a l,19mm, correspondendo a cerca de 83% (59,5-99,8) do comprimento do duto eja-culador; ovos com 24 a 31 depressões na linha equatorial; vulva anterior ao meio do corpo, a uma distância de 32 a 48% do comprimento do mesmo.

L. sprenti. — Espículos medindo 0,475-0,925mm, mais curtos do que o duto ejaculador e equi-valentes a 59,4 — 84.1% do mesmo; vul-va na metade posterior do corpo, a cer-ca de 51-56% do comprimento; ovos com 35-45 depressões na linha equato-rial L. major.

— Espículos medindo de 0,23-0,70mm, bem menores do que o duto ejaculador, equi-valentes a 34 56% do comprimento do mesmo, vulva geralmente posterior ao meio do corpo, situada de 47-60% do comprimento do corpo; ovos com 15-25 depressões na linha equatorial.

L. minor.

SUMMARY

(5)

The Authors studied parasites obtained by surgery in the right cervical region of a child from the city of Colorado, county of Vilhena, in the State of Rondonia-Brazil. This is 18t h

Brazilian case described. The Authors suggest a key to the known species of Lagochilascaris.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Prof. Petrônio Rabelo Cos-ta e à Residente Sandra Breder Assis do Hos-pital das Clínicas da UPMG por nos haverem encaminhado o material para o diagnóstico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ARTIGAS, P. T.; ARAÚJO, P.; ROMITI, N . & RUIVO, M. — Sobre um caso de parasitismo humano por La-gochilascaris minar Leiper, 1909, no Estado de São Paulo. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 10: 78-83, 1968.

2. BARBOSA CAMPOS, D. M . ; DOBLER KOMMA, M . ; QUEIROZ SANTOS, M . A. & VASCONCELOS PINTA-LUNA, W . M . N . — Lagochilascaris minor Leiper, 1909: casos diagnosticados no Departamento de Parasitologia. In: CONGRESSO DA FEDERACIÓN

LATINOAMERI-CANA DE PARASITÓLOGOS. 6.; CONGRESSO DA SO-CIEDADE BRASILEIRA DE PARASITOLOGIA, 8. & JORNADA PAULISTA DE PARASITOLOGIA, 5., São Paulo, 1983. Resumos. São Paulo, FLAP, 1983. p. 100-¬

(Congressos Integrados de Parasitologia, 1983).

3. BORGO, A. V . ; ANDRADE, A. L. S.; PEDROSA, R. B.; BARBOSA, W. & KOMMA, M . D. — Infecção por Lagochilascaris minor. Apresentação de caso, In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ME-DICINA TROPICAL, 15. & CONGRESSO DA SOCIEDA-DE BRASILEIRA SOCIEDA-DE PARASITOLOGIA, 3., João Pes-soa, 1978. Resumos dos temas-livres. João PesPes-soa, Ed. Universitária da UFPb, 1978. p. 391.

4- BOWMAN, D. D . ; SMITH, J. L. & L I T T L E , M . D. — Lagochilascaris sprenti sp. n. (Nematoda: Ascarididae) from the opossum Didelphis virginiana (Marsupialia: Didelphidae). J. Parasit., 69: 754-760, 1983.

5. BRUIJNING, C. F. A. — Note on Lagochilascaris minor Leiper, 1909. Docum. Med. Geog. Trop., 9: 173-175, 1957. APUD: MORAES & col., 1983.

6. CAMPOS, R.; V I E I R A BRESSAN, M . C. R.; L I T T L E , M . D.; ROSEMBERG, S.; PEREIRA, V . C & MASUDA. Z. — Encefalopatia aguda por Lagochilascaris minor Leiper, 1909. . I I . . Aspectos parasitológicos. In: CON-GRESSO DA. SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDI-CINA TROPICAL, 21., São Paulo, 1985. Programa e resumas. São Paulo, Balieiro, 1985. p. 74.

7. CHIEFFI, P. P.; PASCHOALOTTI, M . A.; FRUCCHI. H . ; PEREIRA, W . A . & PROENÇA, N . G. — Infecção por Lagochilascaris minor (Leipper, 1909), uma helmin¬ tíase rara no ser humano, in: CONGRESSO

BRASI-LEIRO DE PARASITOLOGIA, 5., Rio de Janeiro, 1980. Resumos. Rio de Janeiro, FIOCRUZ, 1980. p. 95. 8. CORREA, M . O. A . ; H Y A A K U T A K E , S.; BRANDI, A.

I . & MONTEIRO, C. G, — Novo caso de parasitismo humano por Lagochilascaris minor Leiper, 1909. Rev.

Inst. A. Luta ( S . Paulo), 38: 59-65, 1978.

9. FR AH IA, H . ; ROCHA, M . P. C ; ARAÚJO, O. J.; BARROS, V . L. R. S.; PRIMO, A.; MORAES,. M . A . P-; CONCEIÇÃO, J. R. & OLIVEIRA, J. E. G. — Patologia amazônica. I I . Infecção humana por Lago-chilascaris Leiper, 1909 (Nematoda-Ascarididae), Re-gistro de três novos casos e formulação de nova hipó-tese para o mecanismo de infecção. In: CONGRESSO DA FEDERACIÓN LATINOAMERICANA DE PARASI-TÓLOGOS. 6.; CONGRESSO DA SOCIEDADE ;BRASI L E I R A DE PARASITOLOGIA, 8. & JORNADA PAULISTA DE PARASITOLOGIA, 5., São Paulo, 1983. Resumos. São Paulo, FLAP, 1983. p. 146. (Congressos Integrados de Parasitologia, 1983).

10. LEÃO. R. N . Q.; FRAHIA NETO, H.; FRAHIA,. S. C ; T O N I N I , K . C. & SILVA, J. A. P. R. — Perspectivas de emprego do Cambendazol na lagoquilascaríase. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDI-CINA TROPICAL, 21., São Paulo, 1985, Programa e resumos. São Paulo, Balieiro, 1985. p . 76.

11. LEÃO, R. N . Q , ; LEÃO FILHO, J.; DIAS, L. B . & CALHEIROS, L. B . — Infecção humana pelo Lagochi-lascaris minor Leiper, 1909: registro de um caso. obser-vado no Estado do Pará (Brasil). Rev, Inst. Med Irop. S. Paulo, 20; 300-306, 1978.

12. MORAES, M . A. F-; ARAUD, M . V . C. & LIMA, P. L. — Novos casos de infecção humana por Lagochilascaris minar Leiper, 1909, encontrados no Estado do Pará, Brasil. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 25: 139 146, 1983.

13. OBEID, J. N . ; FRAHIA NETO, H . ; V I E I R A , F. P. & ABREU, E. P. — Lagoquilascaríase com envolvimento cerebelar. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASI-LEIRA DE MEDICINA TROPICAL, 21., São Paulo, 1985. Programa e resumos. São Paulo, Balieiro, 1985 p. 80.

14. SANTOS, M . A. Q.; CAMPOS, D. M . B . & BARNABÉ, W. — Lagochilascaris minor Leiper, 1909, em abcesso dentário, no Estado de Goiás. In: CONGRESSO BRA-SILEIRO DE PARASITOLOGIA, 6., Belo Horizonte, 1981. Resumos. Belo Horizonte, Imprensa Universitária da UFMG, 1981. p. 131.

15. SPRENT, G. F. A. — Speciation and developnient in genus Lagochilascaris. Parasitólogo, 63: 71-112, 1971,

16. VIDOTTO, O.; ARAUJO, P.; ARTIGAS, P. T.; REIS, A. C. F.; V I O T T I , N . M . A . ; PEREIRA, E. C. P. & YAMAMURA, N . H. — Caso de lagoquilascariose minor em cão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PARASI TOLOGIA, 7., Porto Alegre, 1982. Resumos. Porto Ale¬ gre, Sociedade Brasileira de Parasitologia, 1982. p . 76.

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