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Ocorrências éticas de enfermagem: cotidiano de enfermeiros gerentes e membros da comissão de ética de enfermagem.

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Academic year: 2017

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OCORRÊNCI AS ÉTI CAS DE ENFERMAGEM: COTI DI ANO DE ENFERMEI ROS

GERENTES E MEMBROS DA COMI SSÃO DE ÉTI CA DE ENFERMAGEM

1

Genival Fernandes de Freit as2 Taka Oguisso3 Miriam Aparecida Barbosa Merighi4

O obj etivo deste estudo foi com preender o significado das ações dos enferm eiros frente às ocorrências ét icas env olv endo os pr ofissionais de enfer m agem . Os dados for am obt idos por m eio de ent r ev ist a com en f er m eir os ger en t es e en f er m eir os m em br os da Com issão de Ét ica de En f er m agem qu e v iv en ciar am o fenôm eno. Os dados for am analisados segundo o r efer encial da fenom enologia sociológica. As exper iências dos enferm eiros perm it iram desvelar as seguint es cat egorias concret as de significado vivido, pois eles buscam : a hum anização da assist ência, a m elhor ia cont ínua do pr ocesso de cuidar , a cr edibilidade pr ofissional, a sat isfação da client ela, a desm ist ificação do m edo da punição, a parceria no processo educat ivo, o respeit o ao sigilo ético e a expectativa em relação ao encam inham ento da ocorrência à Com issão de Ética. A tipificação foi descrit a ao final. As ações dos enferm eiros nas ocorrências ét icas despert am o int eresse dos profissionais de enfer m agem , que quer em assegur ar um a assist ência isent a de r iscos ou danos e pr om ov er a v alor ização desses pr ofissionais.

DESCRI TORES: ét ica de enferm agem ; organização e adm inist ração; educação em enferm agem ; ét ica

ETHI CAL EVENTS I N NURSI NG: DAI LY ACTI VI TI ES OF NURSE

MANAGERS AND NURSI NG ETHI CS COMMI TTEE MEMBERS

This study aim ed to understand the m eaning of nurses’ actions related to ethical occurrences involving nursing professionals. Dat a were collect ed t hrough int erviews wit h nurse m anagers and m em bers of a Nursing Et h ics Com m it t ee w h o ex p er ien ced t h e p h en om en on . Dat a w er e an aly zed in t h e f r am ew or k of social phenom enology. The nurses’ experiences gave rise to the following categories of m eaning, as these professionals seek: t he hum anizat ion of nursing care; cont inuous im provem ent of t he care process; professional credibilit y; patients’ satisfaction; dem ystification of the fear of punishm ent; partnership in the educational process; respect for et hical secrecy and expect at ion relat ed t o t he event being forwarded t o t he Nursing Et hics Com m it t ee. The social t ypificat ion was described at t he end. Nurses’ act ions in cases of et hical event s at t ract t he int erest of nursing professionals, who want t o ensure a risk or dam age- free care and t o prom ot e t he valuat ion of t hese pr ofessionals.

DESCRI PTORS: et hics, nursing; organizat ion and adm inist rat ion; educat ion, nursing; et hics

OCURRENCI AS ÉTI CAS DE ENFERMERÍ A: EL COTI DI ANO DE LOS ENFERMEROS

GERENTES Y MI EMBROS DE LA COMI SI ÓN DE ÉTI CA DE ENFERMERÍ A

El obj et iv o de est e est udio fue com pr ender el significado de las ocur r encias ét icas inv olucr ando a profesionales de enferm ería. Los dat os fueron obt enidos por m edio de ent revist as con enferm eros gerent es y enferm eros m iem bros de la Com isión de Ét ica de Enferm ería que pasaron por el fenóm eno. Los dat os fueron analizados según la perspect iva de la fenom enología social. Las experiencias de los enferm eros posibilit aron desvelar las siguient es cat egorías concret as del significado del vivido, pues ellos buscan: la hum anización de la atención; la m ej oría continua del proceso de cuidar, la credibilidad profesional; la satisfacción de la clientela; las dem istificación del m iedo de la punición, el com partir en el proceso educativo; el respeto al sigilo ético y la expect at iva relacionada al posible envío de la ocurrencia a la Com isión de Ét ica. La t ipificación fue descrit a al final. Las acciones de los enfer m er os en las ocur r encias ét icas despier t an int er és de los pr ofesionales de enfer m er ía, que desean gar ant izar una at ención libr e de r iesgos/ daños y pr om over la valor ización de esos pr ofesion ales.

DESCRI PTORES: ét ica de enferm ería; organización y adm inist ración; educación en enferm ería; ét ica

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CONSI DERAÇÕES I NI CI AI S

D

epara- se com ocorrências éticas cotidianas, sej a com o en f er m eir os assist en ciais, g er en t es ou docent es de enfer m agem . Diant e de t ais sit uações, pr ocur a- se o com pr om et im ent o e a discussão com os profissionais envolvidos, sej a na Com issão de Ética d e En f er m ag em , ou n a clín ica, ou u n id ad e on d e acont eceu a ocor r ência, ut ilizando, par a t ant o, dos conhecim ent os adquir idos ao longo da for m ação e at u ação, en qu an t o pr ofission ais. Assim , t en do em v ist a que ao pacient e/ client e dev e ser assegur ada assist ência de enfer m agem isent a de r iscos ou de d a n o s d eco r r en t es d e n eg l i g ên ci a , i m p er íci a o u i m p r u d ê n ci a co m e t i d a s p e l o s p r o f i ssi o n a i s d e enfer m agem , ent ende- se que sej a de fundam ent al relevância a com preensão do m undo das ocorrências ét icas e os m odos de vê- las e de lidar com elas, a par t ir da v iv ência dos pr ópr ios enfer m eir os que as vivenciam na sua cot idianeidade, com o gerent es ou m em b r o s d a Co m i ssão d e Ét i ca d e En f er m ag em ( CEE) .

As ocor r ências ét icas são ev ent os danosos ca u sa d o s p o r p r o f i ssi o n a i s d e e n f e r m a g e m n o decorrer do exercício e que t êm a ver com a at it ude inadequada face ao colega de trabalho, à clientela ou à inst it uição em que t rabalha. Esses event os podem acar r et ar alg u m a f or m a d e p r ej u ízo ou d an o aos clientes ou aos próprios profissionais envolvidos, sej a d e v i d o à f a l t a d e a t e n çã o , d e h a b i l i d a d e , d e co n h e ci m e n t o , d e ze l o , p o d e n d o t a m b é m se r causados por om issão, ou sej a, quando o profissional deixa de agir ou fazer algo que deveria fazer e com isso acarret a risco ou prej uízo a out rem( 1).

É sabido que as ações de enferm agem estão i n t r i n se ca m e n t e l i g a d a s à r e sp o n sa b i l i za çã o pr ofissional, quando delas adv êm pr ej uízo ou dano ao pacient e/ client e. Por out ro lado, m últ iplos fat ores podem contribuir para as ocorrências de riscos ou de danos no processo de cuidar. Nesse sent ido, quando a co n t e ce m e r r o s e n v o l v e n d o p r o f i ssi o n a i s d e en f er m ag em , d á- se ên f ase m ai or n a p u n i ção d o cu lp ad o, se com p ar ad a à an álise e m elh or ia d os processos que ensej am t ais ocorrências prej udiciais. Sen d o assim , p or cau sa d o m ed o d e p u n ição, os profissionais t êm receio de com unicar as ocorrências de erros e, conseqüent em ent e, as oport unidades de ap r en d izag em com as p r óp r ias f alh as p od em n ão est ar sendo aproveit adas( 2).

Pe r ce b e - se q u e a l g u n s p e sq u i sa d o r e s i n v e st i g a r a m d i f e r e n t e s d i m e n sõ e s d a responsabilidade dos profissionais e das inst it uições d e saú d e p er an t e as ocor r ên cias p r ej u d iciais aos clientes( 1- 2). No entanto, esses estudos não respondiam à s i n d a g a çõ e s a r e sp e i t o d a s m o t i v a çõ e s d o s enfer m eir os ao at uar em face às ocor r ências ét icas n o se u co t i d i a n o , i m p o ssi b i l i t a n d o m e l h o r com pr eensão dos significados at r ibuídos por esses enferm eiros às suas ações nessas ocorrências. O que j ust ificou, por t ant o, a r ealização dest a invest igação foi a necessidade que se sent iu de com pr eender o fenôm eno das ocorrências ét icas de enferm agem , a part ir das vivências dos EMs e dos EGs, delineando co m o o b j e t i v o s d e st e e st u d o c o n h e c e r e c o m p r e e n d e r o s i g n i f i c a d o d a s a ç õ e s d o s e n f e r m e i r o s f r e n t e à s o co r r ê n ci a s é t i ca s d e e n f e r m a g e m .

ABORDAGEM TEÓRI CO- FI LOSÓFI CA N O

CONTEXTO DO ESTUDO

Bu scan do am pliar a com pr een são sobr e o f en ôm en o d as ocor r ên cias ét icas, en v olv en d o os profissionais de enferm agem , a part ir da perspect iva d o s e n f e r m e i r o s q u e co m p a r t i l h a m e ssa s ex per iên cias, v iv en cian do- as at r av és das r elações i n t e r p e sso a i s, co n d u zi u - se a p e sq u i sa p a r a a apr opr iação da fenom enologia sociológica de Alfr ed Sch ü t z, p or se com p r een d er q u e esse r ef er en cial possibilit ar ia desv elar o fenôm eno das ocor r ências ét icas, a part ir das experiências e das at uações dos e n f e r m e i r o s m e m b r o s d a Co m i ssã o d e Ét i ca d e Enferm agem ( EMs) e dos enferm eiros gerentes ( EGs) , t en d o em v ist a su as v iv ên cias f ace ao f en ôm en o inv est igado.

Percebendo a intencionalidade dos EMs e dos EGs que vivenciam as ocorrências ét icas, procurou-se com preender com o procurou-se m anifestam as experiências de agir face às ocorrências ét icas no seu dia- a- dia, não se lim it ando à percepção do proj et o individual, cont udo, naquilo que a int encionalidade revela para o grupo de profissionais de enferm agem envolvidos nesse fenôm eno.

(3)

t ípica. Assim , o m undo cot idiano não é um m undo individual, m as intersubj etivo, no qual se com partilha com os sem elh an t es, sen d o u m m u n d o com u m a t odos( 3).

A i n t e r su b j e t i v i d a d e se r e v e l a n a

r ecipr ocidade de m ot iv os e per spect iv as. Assim , a ação de um indivíduo provoca a reação do outro, face a um a dada situação, em que um vivencia a situação com um na per spect iv a do out r o e v ice- v er sa. I sso const it ui um r elacionam ent o de nós. Esse, por sua v ez, ex p r essa- se n a con sciên cia m ú t u a d a ou t r a p esso a at r av és d e cad a p esso a e co n st i t u i u m a part icipação geralm ent e sim pát ica nas vidas um a da out r a, m esm o que só por um det er m inado per íodo d e t em p o. Esse r elacion am en t o d o n ós su r g e d a captação da existência da outra pessoa em interações face a face( 4).

Ou t r o con ceit o f u n d am en t al n a t eor ia d e Schüt z r efer e- se à ação hum ana, a qual pode ser pu r am en t e in t er ior ( pen sam en t o) ou ex t er ior izada pelos m ov im en t os cor por ais, m odif ican do algo n o m undo. A conduta hum ana é enfocada a partir de um proj et o que o hom em se propõe realizar( 5- 6).

O m ot iv o par a con sist e em u m est ado de coisas - o obj et ivo que se pret ende alcançar com a ação, ou sej a, a or ien t ação par a a ação f u t u r a e

m o t i v o p o r q u ê e st á r e l a ci o n a d o à s v i v ê n ci a s passadas, com conhecim ent os disponíveis( 7).

Pa ssa - se , a se g u i r, a d i sco r r e r so b r e a m e t o d o l o g i a p e r co r r i d a p a r a co n se cu çã o d e st e est udo.

PERCORRENDO A TRAJETÓRI A METODOLÓGI CA

Def in iu - se, com o cr it ér ios d e in clu são n a pesquisa, que o suj eit o fosse part ícipe da Com issão de Ét ica de Enfer m agem , com o m em br o efet iv o ou su p l en t e, e q u e t i v esse v i v ên ci a n a r ecep çã o e a co m p a n h a m e n t o d a s o co r r ê n ci a s é t i ca s encam inhadas a esse ór gão; t er v iv enciado, com o ch ef e ou g er en t e d e en f er m ag em , as ocor r ên cias ét icas env olv endo o pessoal de enfer m agem . Par a est abelecer “ rapport ” e visando int roduzir a t em át ica para os suj eit os do est udo, colocou- se as seguint es quest ões:

- EMs: Com o você at ua frent e às ocorrências ét icas de en f er m agem em u m a CEE? O qu e lev a v ocê a at uar face às ocorrências ét icas? O que você espera com essa at uação?

- EGs: Com o é para você atuar frente às ocorrências ét icas envolvendo o pessoal de enferm agem ? O que leva você a at uar face às ocorrências ét icas? O que você espera com essa at uação?

Fizeram part e do est udo EGs e EMs de um hospit al par t icular do Município de São Paulo, após obt enção do par ecer fav or áv el do Com it ê de Ét ica em Pesquisa da instituição onde o m esm o foi realizado. Est ab eleceu - se r elação d e p r ox im id ad e e em patia com cada um dos colaboradores. Para tanto, ex plan ou - se os m ot iv os qu e n os lev ar am à bu sca d e sse s p r o f i ssi o n a i s e o s o b j e t i v o s d o e st u d o , co n v i d a n d o - o s, e n t ã o, a p a r t i ci p a r, co n ce d e n d o e n t r e v i st a . So m e n t e t e n d o o b t i d o ê x i t o co m a m an if est ação liv r e e esp on t ân ea, solicit ou - se ao participante a perm issão para o uso do gravador, bem com o a assinat ura do Term o de Consent im ent o Livre e Esclar ecido, após t er concedido t em po par a cada suj eit o t er ciência do seu cont eúdo, ant es de assiná-lo.

Pr ocu r ou - se pr opiciar am bien t e f av or áv el, p o ssi b i l i t a n d o q u e ca d a d ep o en t e p u d esse f a l a r l i v r em en t e so b r e as q u est õ es p r o p o st as. Assi m , buscou- se a clareza ao dizer as questões orientadoras e deix ar que o colabor ador r eflet isse e dissesse o que est ava pensando naquele m om ent o.

Não se est abeleceu o n ú m er o de su j eit os par t icipant es, t endo cessado as ent r ev ist as quando se p e r ce b e u a r e p e t i t i v i d a d e d o s m o t i v o s q u e im pulsionam a ação dos suj eitos frente às ocorrências ét icas. Foram realizadas dez ent revist as com EMs e EGs, no t ot al.

CONSTRUI NDO AS CATEGORI AS CONCRETAS

E O TI PO VI VI DO

A o r g a n i za çã o e a ca t e g o r i za çã o d o s resultados, obtidos no presente estudo, possibilitaram a con st r u ção d a t ip olog ia d o v iv id o, seg u in d o os m o d e l o s p r o p o st o s p o r p e sq u i sa d o r e s e m En f e r m a g e m q u e u t i l i za r a m a Fe n o m e n o l o g i a Sociológica( 8 - 1 1 ). Par a t an t o, f or am per cor r idos os seguint es passos:

- leit ura dos depoim ent os para apreender a vivência m ot ivada dos suj eit os;

- i d e n t i f i ca çã o d a s ca t e g o r i a s co n cr e t a s q u e a b r a n g i a m o s a t o s d o s su j e i t o s e m r e l a çã o à s ocor r ências ét icas de enfer m agem ;

(4)

a sp e ct o s a f i n s si g n i f i ca t i v o s d a a çã o f r e n t e a o f e n ô m e n o d a s o co r r ê n ci a s é t i ca s, e n v o l v e n d o pr ofissionais de enfer m agem ;

- est abelecim ent o dos significados do at o social de at uar fr ent e a essas ocor r ências, a par t ir do t ípico dos discursos para alcançar a t ipologia do vivido dos suj eit os part icipant es.

Categorias concretas referentes à m otivação para dos EGs e dos EMs

As m ot ivações para agirem nas ocorrências éticas de enferm agem dos EGs e dos EMs convergiram nas cat egorias, apresent adas a seguir.

Hu m an ização

Os su j e i t o s p a r t i ci p a n t e s d o e st u d o consideram necessária a at uação face às ocorrências ét icas de en f er m agem a f im de gar an t ir o cu idar h u m an i zad o , o u sej a, b asead o n o r esp ei t o e n a dignidade do ser hum ano, com o se pode obser v ar em alguns discursos.

Ao at uar nas ocorrências ét icas, procuro orient ar o

profissional envolvido que se ele quer o paciente bem cuidado ou

quer ser bem cuidado, não tem com o não estar com prom etido com

a assistência, com o que faz e a m aneira com o age ( EG4) .

Espero que a gente aprenda a trabalhar as ocorrências

no sentido de buscar a humanização da assistência de enfermagem,

o respeito aos direitos e à dignidade do ser hum ano ( EM2) .

Sat isfação da client ela

Os EGs e os EMs consider am im por t ant e a at uação nas ocorrências ét icas a fim de assegurar a sa t i sf a çã o d a cl i e n t e l a p e l o a t e n d i m e n t o d a s necessidades da m esm a, conform e se pode ver nos discursos que seguem .

Trabalhando as ocorrências éticas, espero cont ribuir

para a satisfação do cliente de enferm agem , a valorização do

serviço de enferm agem , dessa instituição ( ...) ( EM1) .

( ...) é isso que espero, quant o à m inha at uação nas

ocorrências éticas, ou sej a, espero que o nosso cliente estej a

recebendo a m elhor assistência possível ao seu caso ( EG3) .

Desm ist ificação do m edo da punição

Os suj eit os do est udo desej am que as suas at uações possam cont r ibuir par a ex t inguir o r eceio d a p u n ição, em r elação a alg u n s p r of ission ais d e

en fer m agem , ao ser em en cam in h ados à Com issão de Ét ica de Enferm agem . Desse m odo, eles dizem .

( ...) espero isso, que as pessoas aprendam com cada

situação e que não seja dado um peso exagerado à ocorrência e um

tom de punição ( EG3) .

(...) tam bém é preciso tirar aquele estigm a de punição,

que infelizm ente ainda existe. A CEE deve cham ar a atenção dos

enferm eiros chefes, no sentido de que denunciar o profissional

não deve ser um a form a de puni- lo, m as de orient á- lo ( EM3) .

Cr edibilidade

Os EGs e os EMs esperam que suas atuações nas ocorrências éticas resultem em credibilidade para o profissional de enferm agem , em relação aos clientes e aos outros profissionais da área da saúde, o que se m anifest a nos discursos.

O paciente deve ser respeitado e se algo errado acontece,

ele precisa ser inform ado, m as antes precisam os prevenir para

que os prej uízos a esse paciente não ocorram ( EG4) .

Dá um conforto saber que você está atuando no sentido

de valorizar e dignificar a profissão, procurando fortalecer a atuação

do profissional de enferm agem na instituição, porque quando

voce t rabalha as ocorrências ét icas faz com que o grupo de

profissionais de enferm agem sej a visto com m ais seriedade e

tam bém está garantindo ao profissional um suporte, caso ele

est ej a sendo acusado de form a inj ust a ( EM3) .

Par cer ia no pr ocesso educat ivo

Os en f er m eir os con sid er am im p or t an t e a parceria da CEE, educação cont inuada, das gerências do ser v iço de en f er m agem e dos pr of ission ais de enfer m agem nas at iv idades educat iv as em r elação às ocorrências ét icas, conform e se vê nos discursos.

( ...) espero que a nossa at uação cont ribua com a

educação continuada tam bém . Acho isso: a gente tem feito assim

no setor que sou encarregada e tam bém quando enviam os um a

ocorrência para a CEE, porque é um a m aneira dessa situação estar

sendo vist a por t odas as pessoas ( EG3) .

A m eu ver, no dia-a-dia, cada enferm eiro deve orientar,

apontar aonde está a falha, fazer um acompanhamento das pessoas

e dar orientações. É um trabalho realmente de educação (...) (EM4).

Melhoria cont ínua do processo de cuidar

(5)

( ...) Quando atuo em relação à ocorrência ética é para

que haj a m udança e m elhoria no am biente de trabalho e nas

relações das pessoas ( EG3) .

( . . . ) Ao p r o cu r a r e m a a t u a l i za çã o e m n o v o s

conhecim entos, estes enferm eiros sentem -se seguros de estarem

propiciando um a assistência de enferm agem de qualidade aos

clientes e utilizando os recursos hum anos e m ateriais disponíveis

para assegurar a qualidade do cuidar ( EM1) .

ANÁLI SE COMPREENSI VA

As ca t e g o r i a s h u m a n i za çã o , m e l h o r i a co n t ín u a d o p r o ce sso d e cu i d a r, cr e d i b i l i d a d e , desm ist ificação do m edo da punição, sat isfação da clientela e parceria no processo de educar, congregam , n a m a i o r i a , o s m o t i v o s p a r a co n v e r g e n t e s q u e em ergiram t ant o nos discursos dos EGs quant o dos EMs.

Os su j e i t o s d o e st u d o r e v e l a r a m su a s pr eocupações em assegur ar cuidado hum anizado e co n su b st a n ci a d o n o r e sp e i t o a o cl i e n t e , à su a dignidade e à integralidade hum ana, enquanto suj eito at ivo no pr ocesso de cuidar. Assim , a hum anização

do cu idar r epr esen t a for t e m ot iv o par a gar an t ir o direit o à assist ência de enferm agem digna e segura à client ela.

Propiciar m elhorias contínuas do processo de cuidar é tam bém um horizonte vislum brado pelos EGs e pelos EMs, o que requer investim entos e m udanças n a din âm ica de t r abalh o, n a capacit ação t écn ico-cient ífica dos profissionais de enferm agem , a fim de m inim izar as ocorrências éticas prej udiciais à clientela e prevenir as reincidências desses event os.

A ca t e g o r i a cr e d i b i l i d a d e co n si st e e m im por t ant e m ot iv o par a os EGs e EMs at uar em em relação às ocorrências ét icas de enferm agem . Assim , eles alm ej am q u e o clien t e t en h a con f ian ça n os pr ofissionais de enfer m agem e com isso j ust ificam suas preocupações em orient á- los para, sem pre que for possív el, in for m ar o clien t e/ fam ília e a equ ipe m éd ica sob r e a ocor r ên cia ét ica d e en f er m ag em . Agindo dessa m aneir a, esses enfer m eir os esper am q u e o s o u t r o s p r o f i ssi o n a i s e o cl i e n t e / f a m íl i a v alor izem as at u ações d a eq u ip e d e en f er m ag em frent e à ocorrência ét ica e as providências t om adas no sent ido de m inim izar as conseqüências m alévolas do event o.

Um a o u t r a ca t e g o r i a é a sa t i sf a çã o d a clientela, que se tornou perceptível porque propulsiona o agir dos EGs e dos EMs e r ev ela o com pr om isso d e sse s su j e i t o s so ci a i s p a r a a o b t e n çã o d e ssa sa t i sf a çã o , co m o m e t a a se r a l ca n ça d a p e l o s profissionais de enferm agem . Assim , ao lidarem com a s o co r r ê n ci a s é t i ca s d e e n f e r m a g e m b u sca m a p r o x i m a r - se d e sse p r o p ó si t o d e sa t i sf a ze r a s necessidades da client ela assist ida pela equipe de en f er m agem .

A ca t eg o r i a d esm i st i f i ca çã o d o m ed o d a punição denot a que os EGs e os EMs reconhecem a exist ência dessa sit uação de m edo da punição, m as am bos sent em a necessidade de superá- lo, por m eio da divulgação das funções da CEE e das orient ações f eit as por ela aos pr of ission ais, t en do em v ist a a ocor r ência ét ica ou sua pr ev enção. Nessa ót ica, ao at u ar em em r elação às ocor r ên cias ét icas, esses enfer m eir os esper am que se r om pa com o est igm a da punição. Essa expectativa dos EGs e dos EMs vem co r r o b o r a r o u t r o e st u d o , se g u n d o o q u a l o s profissionais de enferm agem têm receio de com unicar as ocor r ências de er r os e, conseqüent em ent e, não aproveit am oport unidades de aprendizagem com as próprias falhas( 2).

A cat egor ia par cer ia no pr ocesso educat iv o

destaca que os EGs e os EMs têm tam bém em m ente o proj eto de desenvolverem m ovim entos em parceria com a educação cont inuada e com os pr ofissionais de enferm agem , gerências e a CEE, a fim de envidar esforços no sent ido de com prom et er t odos com esse p r o p ó si t o ed u cat i v o e p r ev en t i v o em r el ação às ocorrências éticas, por m eio do com partilham ento das orientações da CEE e das chefias/ gerências, por m eio do apoio, da com unicação e da reflexão em relação ao pr ofissional que com et eu det er m inada falha ou er r o.

(6)

CONSTRUÇÃO DO TI PO VI VI DO

Na perspectiva da fenom enologia sociológica, o s t i p o s v i v i d o s i d e a l i za d o s sã o e sq u e m a s int erpret at ivos do m undo social, que fazem part e da bagagem de con h ecim en t o acer ca do m u n do, t êm v alor de significação e sem pr e se t om a elem ent os deles na relação int erpessoal( 12).

Assi m se n d o , co m b a se n a s ca t e g o r i a s em ergent es dos discursos dos suj eit os part icipant es pôde- se const r uir o t ipo v iv ido em r elação às suas vivências face às ocorrências éticas. O estudo apontou que há um tipo vivido com um , o que é com preensível porque esses suj eit os est ão inseridos em um m esm o gr upo social e t êm v iv enciado com sim ilar idade os

m ot ivos para, com base em um m esm o cont ext o de significados nessas v iv ências.

Assim , o EG e o EM são pr ofission ais qu e

a lm e j a m com su a s a çõe s, f a ce à s ocor r ê n cia s é t ica s, a h u m a n i z a çã o e a m e l h o r i a co n t í n u a d o p r o c e s s o d e c u i d a r. A n s e i a m p e l a cr e d ib ilid a d e d o p r o f issio n a l d e e n f e r m a g e m . Qu e r e m d e sm i st i f i ca r o m e d o d e p u n i çã o d o s pr ofission a is de e n fe r m a ge m qu e se e n v olv e m n a s o c o r r ê n c i a s é t i c a s . D e s e j a m p r o p i c i a r

s a t i s f a ç ã o à c l i e n t e l a p e l o a t e n d i m e n t o .

Querem pa r ce ir iz a r com a e du ca çã o con t in u a da

e a CEE n o p r oce sso e d u ca t iv o.

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

Ao se desvelar os significados para as ações t ip if icad as e com p ar t ilh ad as p elos su j eit os d est e e st u d o , t o r n o u - se p o ssív e l co m p r e e n d e r q u e é im prescindível a parceria da inst it uição de saúde e o com p r om isso d e t od os os p r of ission ais, a f im d e prevenir as ocorrências éticas, m orm ente aquelas m ais p r ej u d i ci ai s à cl i en t el a assi st i d a. Nessa ó t i ca, a com preensão das ações dos EGs e dos EMs, face às ocorrências ét icas, revelaram que eles acredit am na parceirização para um processo educativo perm anente e du r adou r o f r en t e a esses ev en t os, por m eio do envolvim ent o dos m em bros da CEE, das gerências e dos dem ais profissionais de enferm agem .

Est e e st u d o a p o n t o u , a i n d a , p a r a a necessidade de se afast ar o r eceio da punição que p o d e e st a r e n v o l v e n d o o e n ca m i n h a m e n t o d o pr ofissional que com et eu a ocor r ência à CEE. Com essa expect at iva, os EGs e os EMs alm ej am que as

m e t a s d o se r v i ço d e e n f e r m a g e m e d o est abelecim ent o de saúde cont em plem e v iabilizem a construção de um processo de participação, diálogo e apoio, baseado na reflexão e na responsabilidade do profissional que com et eu det erm inada ocorrência ét ica.

Em relação às ações educativas e gerenciais, pr opost as pelos EGs e pelos EMs n as ocor r ên cias ét icas, com preende- se o significado e a im port ância d essas ações p ar a a assist ên cia d e en f er m ag em hum anizada, segura e eficiente, com isenção de riscos pr ev isív eis nessa assist ência. Adem ais, est e est udo possibilit ou com preender a necessidade de que essas ações revistam - se de caráter não punitivo, em relação aos profissionais de enferm agem que com etem falhas, pois at it udes educat ivas parecem ser m ais sábias e eficazes na prática gerencial face às ocorrências éticas de enfer m agem .

Ao agirem nas ocorrências ét icas, os EGs e os EMs alm ej am m elhorar cont inuam ent e o processo de cuidar e a sat isfação da client ela assist ida, o que par a eles poder á t or nar - se possív el por int er m édio d e p a r ce r i a s co m a e d u ca çã o co n t i n u a d a d o s pr ofission ais de en fer m agem e com o t r abalh o da Com issão de Ét ica na or ient ação dos pr ofissionais, ao invés de puni los. Com isso, esses enferm eiros -q u e sã o p a r t e d e u m m esm o g r u p o so ci a l , t êm expect at ivas convergent es em relação às m ot ivações p a r a a s a çõ e s, f a ce à s o co r r ê n ci a s é t i ca s, p o i s esperam contribuir para propiciar benefícios à clientela assist ida e alm ej am ser reconhecidos socialm ent e e v alor izados pr ofissionalm ent e, com pr om et idos com o processo de cuidar.

As vivências dos EGs e dos EMs revelaram , ain d a, q u e t od o en f er m eir o p r ecisa lid ar com as ocorrências ét icas no seu dia- a- dia, t om ar decisões, orientar e encam inhar os profissionais de enferm agem à CEE, q u a n d o f o r n ecessá r i o . Pa r a t a n t o , el es esper am que haj a eqüidade ao se decidir sobr e as ocorrências ét icas, a fim de que as decisões possam resultar em m elhoria da assistência e, por consegüinte, possam redundar em prol da colet ividade social.

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adqu ir idos, v isan do assegu r ar assist ên cia liv r e de q u ai sq u er m o d al i d ad es d e r i sco s o u d e d an o s à client ela.

Em sum a, est a pesquisa possibilit ou apenas um olhar, de m aneira m ais apr ofundada, sobr e as ex p er i ên ci as v i v i d as e r et r at ad as p el o s p r ó p r i o s suj eit os da ação social, desvelando- se proj et os para

a con st r u ção de con h ecim en t os par a a pr át ica do

cuidar com base nas ações desencadeadas per ant e a s o co r r ê n ci a s é t i ca s e q u e e n v o l v e m a s

r e sp o n sa b i l i d a d e s, t a n t o d o s p r o f i ssi o n a i s d e e n f e r m a g e m , q u a n t o d a s i n st i t u i çõ e s d e sa ú d e prest adoras de serviços nessa área.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

1 . Fr e i t a s GF. Oco r r ê n ci a s é t i ca s co m o p e sso a l d e e n f e r m a g e m e m u m h o sp i t a l d o Mu n i cíp i o d e Sã o Paulo.[ dissert ação] . São Paulo ( SP) : Escola de Enferm agem / USP; 2 0 0 2 .

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9. Jesus MCP. A educação sexual na vida cot idiana de pais e adolescent es: um a abordagem com preensiva da ação social. [ t ese] . São Paulo ( SP) : Escola de Enferm agem / USP; 1998. 10. Merighi MAB. Enferm eiras obst ét ricas egressas da Escola de Enferm agem da Universidade de São Paulo: caract erização e t raj et ória profissional.[ t ese de Livre Docência] . São Paulo ( SP) : Escola de Enfer m agem / USP; 2000.

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12. Cam poy MA, Mer ighi MAB, St efanelli MC. O ensino de en f er m ag em em saú d e m en t al e p si q u i át r i ca: v i são d o professor e do aluno na perspectiva da fenom enologia social. Rev Lat ino- am Enferm agem 2005 m arço- abril; 13( 2) : 165- 72.

Referências

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