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Efeitos do exercício agudo na lipemia pós-prandial em homens sedentários.

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Academic year: 2017

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(1)

Efeitos do Exercício Agudo na Lipemia Pós-Prandial

em Homens Sedentários

Effects of Acute Exercise on Postprandial Lipemia in Sedentary Men

Mônica Teixeira, Nelson Kasinski, Maria Cristina de Oliveira Izar, Luiz Alberto Barbosa,

José Paulo Novazzi, Leonor Almeida Pinto, Sérgio Tufik, Turíbio Ferreira Leite,

Francisco Antonio Helfenstein Fonseca

Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina - São Paulo, SP

Correspondência: Francisco Antonio Helfenstein Fonseca • Rua Pedro de Toledo, 458 – 04039-001 – São Paulo, SP E-mail: ffonseca@cardiol.br, fahfonseca@terra.com.br Recebido em 24/08/05 • Aceito em 08/12/05

O

BJETIVO

Examinar os efeitos de uma sessão isolada de exercício físico isométrico na trigliceridemia pós-prandial em homens sedentários com valores de triglicérides em jejum < 150 mg/dl (NTG) ou ≥ 150 mg/dl (TGALT).

M

ÉTODOS

Foram avaliados 27 indivíduos (10 NTG e 17 TGALT), com idade entre trinta e 55 anos. Os triglicérides foram determinados no início, e após duas, quatro e seis horas da ingestão oral de uma solução com 50g/m2 de gordura

em duas oportunidades, em repouso e após exercício isométrico em esteira.

R

ESULTADOS

O exercício agudo não modifi cou os níveis pós-prandiais de triglicérides, ou a área sob a curva (AUC) de triglicérides. Entretanto, o padrão anormal da curva de lipemia pós-prandial associou-se a maior trigliceridemia basal com exercício (TG basais: 147 ± 90 versus 238 ± 89 mg/dl, p = 0,02) e sem exercício (TG basais: 168 ± 93 versus

265 ± 140 mg/dl, p = 0,04). A análise das curvas ROC (receive operating characteristics) mostrou valores de corte de triglicérides basais com atividade física de 166,5 mg/dl (sensibilidade: 0,78; especifi cidade: 0,72) e AUC de 0,772 [IC 95%: 0,588-0,955], e sem atividade física de 172 mg/dl (sensibilidade: 0,78; especifi cidade: 0,61) e AUC de 0,722 [IC 95%: 0,530-0,914].

C

ONCLUSÃO

A trigliceridemia pós-prandial em homens sedentários não foi modifi cada pelo exercício agudo, sendo os valores basais de triglicérides preditores de uma resposta anormal dos triglicérides pós-prandiais.

P

ALAVRAS

-

CHAVE

Exercício agudo, triglicérides, lipemia pós-prandial.

O

BJECTIVE

To examine the effects of a single session of isometric physical exercise on postprandial triglyceridemia in sedentary male individuals with fasting triglycerides values < 150 mg/dl (NTG) or 150 mg/dl (TGALT).

M

ETHODS

Twenty-seven individuals (10 NTG and 17 TGALT),

aged between 30-55 years were assessed in the study. Triglycerides were determined in the beginning, and at two, four and six hours after the oral ingestion of a solution with 50g/m2 of fat in two occasions: at rest and

after treadmill isometric exercise.

R

ESULTS

Acute exercise did not affect the levels of postpran-dial triglycerides or the area under the curve (AUC) of triglycerides. However, the abnormal pattern of postpran-dial lipemia curve was associated with higher basal trigly-ceridemia with exercise (basal TG: 147 ± 90 vs. 238 ± 89 mg/dl, p = 0.02) and without exercise (basal TG: 168 ± 93 vs. 265 ± 140 mg/dl, p = 0.04). Analysis of the receiver operating characteristics (ROC) curves showed cut-off values for basal triglycerides with exercise of 166.5 mg/dl (sensitivity: 0.78; specifi city: 0.72) and AUC of 0.772 [CI 95%: 0.588-0.955], and without exercise of 172 mg/dl (sensitivity: 0.78; specifi city: 0.61) and AUC: 0.722 [CI 95%: 0.530-0.914].

C

ONCLUSION

Acute exercise did not affect postprandial

triglyce-ridemia in sedentary male individuals, and basal

triglyceride levels are predictors of an abnormal response of postprandial triglycerides.

K

EY WORDS

Acuteexercise, triglycerides, postprandial lipemia.

(2)

O conceito de que o processo aterosclerótico é um fenômeno pós-prandial foi evidenciado há mais de vinte anos por Zilversmit1, ao demonstrar em animais

e em humanos que remanescentes de quilomicrons e lipoproteínas de baixa densidade (LDL) são captados por células endoteliais.

Estudos clínicos mostraram que a magnitude da lipemia pós-prandial ou mesmo níveis aumentados de triglicérides (TG) pós-prandiais podem predizer aterosclerose sintomática ou assintomática, independentemente dos fatores de risco avaliados em jejum2-5.

A lipemia pós-prandial refl ete uma medida integrada da capacidade individual de remoção de triglicérides. Dietas ou tratamentos que diminuam os níveis de lipoproteínas ricas em triglicérides em jejum também podem promover melhora nos níveis de lipoproteínas ricas em triglicérides pós-prandiais. Assim, o exercício aeróbico, a redução do peso corpóreo e certos fármacos reduzem a trigliceridemia pós-prandial e têm o potencial de reduzir os níveis de lipoproteínas remanescentes6.

A lipemia pós-prandial é caracterizada por um estado hipertrigliceridêmico transitório, mas as concentrações de triglicérides no jejum relacionam-se ao tamanho da partícula de LDL7. Essa resposta pode estar condicionada

a maior mobilização de ácidos graxos, aumento de síntese e retardo de remoção de VLDL, propiciando maior interação entre lipoproteínas que contribuem para a formação de partículas pequenas e densas de LDL, extremamente aterogênicas7-10.

A magnitude da resposta pós-prandial é determinada por vários fatores. A resposta pós-prandial é maior nos homens11,12, tende a aumentar com a idade13, diferindo

ainda entre normo e hipertrigliceridêmicos1,14 de acordo

com os valores lipídicos séricos no jejum.

O exercício regular está associado com redução da prevalência de doença arterial coronariana, diabete melito e obesidade15-18. A maior parte da vida ocorre em

estado pós-prandial, sendo de particular importância intervenções que possam atenuar efeitos aterogênicos da hiperlipemia pós-prandial19.

Embora o exercício possa se acompanhar de mudanças favoráveis no perfi l lipídico pós-prandial, são menos conhecidos os seus efeitos agudos, especialmente comparando indivíduos com valores normais ou alterados de triglicérides em jejum20-22.

Tendo em vista o considerável aumento na prevalência de sedentarismo, obesidade e resistência à insulina na sociedade moderna, o presente estudo foi delineado para examinar os efeitos de uma sessão isolada de exercício físico na trigliceridemia pós-prandial, em indivíduos sedentários com ou sem hipertrigliceridemia em jejum.

M

ÉTODOS

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, e todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

Participaram da pesquisa 27 homens sedentários, com idades entre trinta e 55 anos, sendo dez normotrigliceridêmicos, NTG (TG basal < 150 mg/dl) e dezessete indivíduos com valores de triglicérides basais alterados, TGALT(TG ≥ 150)23,24, sendo excluídos

indivíduos com TG > 400 mg/dl.

Foram também excluídos indivíduos cujo índice de massa corpórea fosse ≥ 30 kg/m2, portadores de doença

arterial coronariana sintomática, por meio de critérios clínicos e eletrocardiográfi cos, registrados em repouso ou durante o teste de esforço. Além disso, foram excluídos os portadores de hepatopatias, nefropatias graves, os diabéticos, pacientes em vigência de processos infecciosos e com neoplasias.

Desenho do estudo - O protocolo constou de avaliações médicas, testes laboratoriais, ergoespirometria, avaliação nutricional e estudo da lipemia pós-prandial (fi g. 1). A prescrição de exercício foi precedida por teste ergoespirométrico.

A avaliação nutricional constou de duas etapas. Foram obtidos dados antropométricos dos pacientes selecionados na condição basal, além do registro alimentar de três dias25. Com base nos dados informados realizou-se o

cálculo da dieta habitual. O cálculo da ingestão dietética de cada nutriente foi realizado utilizando-se o programa de Apoio à Nutrição do Centro de Informática aplicada à Saúde – EPM/ UNIFESP – versão 2.526.

O estudo da lipemia pós-prandial foi realizado em dois períodos, sendo os pacientes submetidos a um exercício de trinta minutos em esteira, logo após a ingestão da dieta, repetindo-se o mesmo estudo sem o exercício em esteira, duas semanas após.

Foram coletadas amostras de sangue em jejum de doze a quatorze horas e a seguir após duas, quatro e seis horas da ingestão da dieta padronizada para a análise dos triglicérides (fi g. 1).

Análise laboratorial - O colesterol total e os triglicérides foram mensurados por método enzimático automatizado (Opera, Bayer, Alemanha), a fração HDL-C foi quantifi cada no sobrenadante, após a precipitação de lipoproteínas contendo apo B, e o LDL-C foi estimado pela fórmula de Friedewald27. Análises bioquímicas foram realizadas em

aparelho Advia 120 (Bayer, Alemanha).

Avaliação ergoespirométrica e exercício físico - O exercício proposto constou de caminhada, em esteira, sem inclinação, pelo período de trinta minutos e em velocidade constante, de acordo com o resultado do teste ergoespirométrico (limiar anaeróbio). A fase de exercício foi precedida de aquecimento de três minutos, o mesmo ocorrendo ao fi nal de cada período.

Lipemia pós-prandial -Os indivíduos foram submetidos a dois testes de lipemia pós-prandial. Para o preparo da

(3)

lipemia pós-prandial solicitou-se suspensão prévia de atividade física por 48 horas, abstinência de álcool e cafeína num período de 24 horas, além de dieta orientada para o jantar da noite anterior ao exame29-33.

Para as coletas das amostras de sangue utilizou-se um cateter plástico (VialonR número 20, Becton Dickinson),

sendo desprezados 5 ml de sangue a cada nova coleta para garantir a exatidão dos resultados dos exames. Realizaram-se quatro coletas de sangue (jejum, duas, quatro e seis horas). Após a coleta basal, os participantes ingeriram uma solução com alta concentração de gordura, em quinze minutos.

A soluçãofoi constituída por: um litro de leite integral, uma lata de creme de leite, 50 gramas de ovo de galinha desidratado, 100 gramas de chocolate em pó, uma colher de sopa de manteiga sem sal, seis unidades de castanha do Pará, duas unidades de banana nanica, 150 ml de leite de coco. O valor nutricional do total da receita foi de 2.655 calorias, constituído por 81 g de proteínas (11,6%), 151 g de carboidratos (21,4%) e 209 g de lipídios (67,0%).

Foi fornecido a cada participante o equivalente a 50 gramas de gordura por metro quadrado de superfície corpórea. O rendimento da receita relativo a 50 gramas de gordura foi de 365 ml que, multiplicado pela superfície corpórea, resultou na quantidade ingerida da solução.

Análise estatística - As variáveis numéricas no período basal são apresentadas como médias e desvio-padrão das médias e foram comparadas entre os grupos NTG e TGALT pelo teste t de Student, para amostras não relacionadas. Para a análise dos triglicérides nas condições de jejum, duas, quatro e seis horas, foi utilizada análise de variâncias com medidas repetidas. A área sob a curva foi calculada utilizando-se a regra trapezoidal. Utilizou-se o teste t de Student para amostras relacionadas para comparação das áreas sob as curvas com e sem atividade física. Foram construídas curvas ROC para avaliar a efi ciência dos valores basais de triglicérides em predizer alteração na resposta da trigliceridemia pós-prandial.

Foram considerados signifi cantes valores de p < 0,05.

R

ESULTADOS

As características basais dos participantes são apresentadas na tabela 1. As variáveis demográfi cas e os parâmetros antropométricos não diferiram entre os participantes NTG e TGALT, com exceção da circunferência da cintura, que foi maior nos TGALT. Além de maiores valores basais de TG, os pacientes TGALT apresentaram menores valores de HDL-C, quando comparados aos NTG, não diferindo com relação aos valores de glicemia.

Não houve diferenças entre os grupos quanto ao consumo calórico total da dieta, ao conteúdo de proteínas, carboidratos e de lipídios; entretanto, os indivíduos NTG apresentaram maior consumo de ácidos graxos poliinsaturados do que os TGALT (tab. 2).

Lipemia pós-prandial e efeito do exercício agudo - A trigliceridemia pós-prandial apresentou um pico em quatro horas, não diferindo com e sem a prescrição do exercício agudo (p = 0,098), com uma razão entre os valores de triglicérides no pico de 0,95 (IC 95%: 0,74;1,15) (fi g. 2). Os valores médios obtidos para as áreas sob a curva de triglicérides (seis horas) também não diferiram (AUC: 632 ± 422 vs. 751 ± 427 mg/dl, com e sem atividade física, respectivamente; p = 0,133, teste t de Student para amostras relacionadas), sendo a razão das áreas sob as curvas de 0,97 (IC 95%:0,75;1,19) (fi g. 3).

As curvas de triglicérides pós-prandiais são apresen-tadas na tabela 3 e na fi gura 4. Não houve efeito do exercício agudo na curva de triglicérides pós-prandiais (p = 0,40; ANOVA com medidas repetidas). Entretanto, houve associação dos valores de triglicérides basais com o comportamento da curva de triglicérides dos indivíduos ao longo do tempo (p = 0,026).

Analisando o comportamento da curva de triglicérides pós-prandiais dos participantes do estudo observou-se que dezoito indivíduos apresentaram um comportamento típico de uma curva normal; ou seja, na sexta hora

15 dias

5 dias

7 dias

15 dias

Seleção de pacientes Avaliação clínica

Antropometria Coleta de sangue

Laboratório

Teste ergospirométrico

Registro nutricional

Avaliação clínica Lipemia pós

prandial Exerccício 30’

Avaliação clínica Lipemia pós

prandial

Semana -3 -1 0 +1 +3

Fig. 1 – Desenho do estudo.

(4)

da ingestão da solução lipídica havia um retorno da trigliceridemia a valores próximos aos basais, enquanto nove sujeitos apresentaram curvas com comportamento anormal. Os perfi s individuais da resposta da lipemia pós-prandial com e sem atividade física são apresentados nas fi guras 5 e 6, respectivamente. Os valores basais de triglicérides foram então comparados de acordo com o comportamento da curva de triglicérides pós-prandial normal ou anormal com e sem atividade física, havendo

maiores valores basais de triglicérides nos indivíduos com comportamento anormal da curva de lipemia pós-prandial com atividade física (TG basais: 147 ± 90

versus 238 ± 89 mg/dl, p = 0,02, teste t de Student) e sem atividade física (TG basais: 168 ± 93 versus 265 ± 140 mg/dl, p = 0,04, teste t de Student) (fi g. 7 e 8). Houve concordância das respostas da trigliceridemia pós-prandial em dezessete indivíduos com e sem a realização do exercício agudo (treze normais com e sem atividade

Tabela 1 - Características demográfi cas, antropométricas e variáveis bioquímicas basais dos

participantes NTG e TGALT

Variáveis NTG

N = 10 DP

TGALT

N = 17 DP p

Idade (mediana, anos) 41 - 42 - 0,990

IMC (Kg/m2 ) 25 2 25 3 0,670

Circunferência abdominal (cm)* 82 7 91 7 0,006 Colesterol total (mg/dl) 204 29 227 37 0,110

HDL-C (mg/dl)** 52 12 38 11 0,007

LDL-C (mg/dl) 134 28 145 41 0,430

Triglicérides (mg/dl)* 110 18 259 68 < 0,0001

Glicemia (mg/dl) 93 8 96 11 0,430

DP = desvio-padrão da média; **TGALT < NTG; p < 0,05; *TGALT > NTG; p < 0,05; teste t de Student para amostras independentes.

Tabela 2 – Distribuição dos participantes NTG e TGALT de acordo com o consumo alimentar

Variável dietética NTG DP TGALT DP p

Calorias totais (Kcal/d) 2195 590 1980 735 0,44

Proteínas (%) 20 2 22 5 0,10

Carboidratos (%) 44 10 48 8 0,26

Lipídios (%) 35 8 30 6 0,06

Ácidos graxos saturados (%) 12 4 10 3 0,28 Ácidos graxos poliinsaturados (%)* 5 2 3 1 0,01 Ácidos graxos monoinsaurados (%) 9 4 6 3 0,06

Colesterol (mg) 331 109 285 103 0,29

DP - desvio-padrão da média. *NTG > TGALT; p<0,05; teste t de Student para amostras independentes.

27 27

N =

Pico sem AF pico com AF

1000

800

600

400

200

0 Triglicérides

mg/dL

Fig. 2 – Boxplots dos valores de triglicérides no pico (4 horas) com e sem atividade física (AF). AF- atividade física. Com AF = Sem AF; p = 0,098; teste t de Student para amostras relacionadas. Razão entre os valores obtidos no pico = 0,95 (IC 95%: 0,74;1,15).

27 27

N =

área sem AF área com AF

2000

1000

0

3

Triglicérides mg/dL

Fig. 3 – Boxplots das áreas sob as curvas dos valores de triglicérides com e sem atividade física. AF- atividade física. Com AF = Sem AF; p = 0,133; teste t de Student para amostras relacionadas. Razão entre os valores obtidos para as áreas sob as curvas = 0,97 (IC 95%: 0,75; 1,19).

(5)

Tabela 3 – Distribuição dos valores de triglicérides durante a curva de lipemia pós-prandial com e sem atividade física

Início DP 2h DP 4h DP 6h DP

Sem AF 201 23 289 27 406 41 372 55

Com AF 177 19 258 24 340 36 325 48

AF- atividade física; DP- desvio-padrão da média. Com AF = Sem AF; p = 0,400; ANOVA com medidas repetidas. Início < 2h, 4h e 6h; p = 0,026, ANOVA com medidas repetidas.

0 50 10 15 20 25 30 35 40 45 50

basal 2h 4h 6h

Tempo

Com AF Sem AF

Triglicérides mg/dL

Fig. 4 – Valores médios das respostas dos triglicérides na lipemia pós-prandial com e sem atividade física. AF- atividade física. Com AF = Sem AF; p = 0,400; ANOVA com medidas repetidas.

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Basal 2h 4h 6h

Tempo

Triglicérides mg/dL

(6)

0 20 40 60 80 100 120 140

basal 2h 4h 6h

Tempo Triglicéride

mg/dL

Fig. 6 – Perfi s individuais de resposta da trigliceridemia pós-prandial sem atividade física.

Comportamento (sem AF) Anormal Normal

700

600

500

400

300

200

100

0 Triglicérides mg/dL

basal

Comportamento (com AF) Anormal Normal

400

300

200

100

0 Triglicérides mg/

basal

Fig. 7 – Boxplots dos valores de triglicérides basais com atividade física segundo o comportamento do indivíduo na curva de triglicérides pós-prandiais. AF- atividade física. Anormal > Normal; p = 0,020; teste t de Student para amostras não-relacionadas.

Fig. 8 – Boxplots dos valores de triglicérides basais sem atividade física segundo o comportamento do indivíduo na curva de triglicérides pós-prandiais. AF- atividade física. Anormal > Normal; p = 0,040; teste t de Student para amostras não-relacionadas.

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física e quatro anormais com e sem atividade física). As curvas ROC mostraram que os valores basais de triglicérides foram preditores da resposta alterada da trigliceridemia pós-prandial com e sem atividade física (fi g. 9 e 10). A efi ciência dos valores de triglicérides basais em predizer uma resposta pós-prandial alterada dos triglicérides foi de 0,793 (IC 95%: 0,622-0,964), com atividade física e de 0,722 (IC 95%: 0,530-0,914) sem atividade física.

O ponto de corte dos valores basais de triglicérides capaz de predizer uma resposta anormal da trigliceridemia pós-prandial foi de 166,5 mg/dl (sensibilidade = 0,77 e especifi cidade = 0,72) com atividade física e 172 mg/dl (sensibilidade = 0,78 e especifi cidade = 0,61) sem atividade física.

D

ISCUSSÃO

A principal contribuição deste estudo foi mostrar que o exercício físico agudo foi incapaz de modifi car a

trigliceridemia pós-prandial em homens sedentários e, especialmente, de valorizar os níveis plasmáticos em jejum dos triglicérides como preditores da lipemia pós-prandial. Além disso, identifi cou quais valores basais de triglicérides estão associados com a trigliceridemia pós-prandial anormal.

O estudo ainda mostrou que indivíduos sedentários com triglicérides em jejum alterados (TGALT) apresentavam maior circunferência da cintura e HDL-C mais baixo, apesar de valores médios de IMC semelhantes àqueles encontrados em normotrigliceridêmicos.

Embora a avaliação pós-prandial dos triglicérides não mostrasse efeito da atividade física na lipemia pós-prandial, foi observado que um grupo de indivíduos exibia um padrão anormal de resposta dos triglicérides pós-prandiais, com ou sem atividade física, caracterizando um comportamento anormal da curva, e que esse padrão pôde ser predito com base nos valores de triglicérides basais. Valores basais de triglicérides acima de 166,5 e 172,0 mg/dl, com e sem atividade física, respectivamente,

1 - Especificidade

1,0 ,8

,5 ,3

0,0 Sensibilidade

1,00

,75

,50

,25

0,00

Fig. 9 – Curva ROC dos valores de triglicérides basais com atividade física. Área sob a curva: 0,772 (IC 95%: 0,588; 0,955). Valor de corte de triglicérides basais: 166,5 mg/dl. Sensibilidade: 0,78; Especifi cidade: 0,72.

1 - Especificidade

1,0 ,8

,5 ,3

0,0 Sensibilidade

1,00

,75

,50

,25

0,00

Fig. 10 – Curva ROC dos valores de triglicérides basais sem atividade física. Área sob a curva: 0,722 (IC 95%: 0,530; 0,914). Valor de corte de

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foram efi cientes em predizer uma resposta alterada dos triglicérides pós-prandiais em indivíduos sedentários.

As lipoproteínas ricas em triglicérides de origem intestinal e as de origem hepática contribuem para a trigliceridemia encontrada após a ingestão de uma solução rica em gorduras2,10. A quantifi cação da lipemia

baseou-se nas concentrações plasmáticas de triglicérides, que refl etem o balanço entre a taxa de aparecimento e desaparecimento na circulação de lipoproteínas ricas nesse lipídio29, sendo o pico da curva de lipemia obtido

quatro horas após a ingestão da solução de gordura14, e

sua normalização a partir da sexta hora31.

Está bem estabelecido que durante um estado prolongado e acentuado de lipemia pós-prandial ocorrem trocas de lípides neutros entre partículas ricas em triglicérides, LDL e HDL, levando à formação de partículas de LDL pequenas e densas e a uma menor concentração de HDL-C34. Mais recentemente,

foi relatado que a função endotelial está alterada no estado pós-prandial, relacionando-se à elevação dos triglicérides pós-prandiais35. Outros estudos mostraram

ainda que, em indivíduos saudáveis, as concentrações plasmáticas de citocinas infl amatórias e moléculas de adesão estavam elevadas após ingestão de dietas ricas em gorduras, mas não em carboidratos36, causando um

estado pró-infl amatório transitório. Esses mecanismos estão implicados no processo aterogênico e se associam a um maior risco cardiovascular37.

Atletas e indivíduos que se exercitam regularmente apresentam baixos níveis de lipemia pós-prandial38.

Os efeitos do exercício agudo em indivíduos normotri-gliceridêmicos foram recentemente avaliados, não se demonstrando diferenças na resposta dos triglicérides pós-prandiais quando a dieta rica em gorduras foi administrada

tanto antes como após o exercício39. Indivíduos treinados em

que se avaliou o efeito de uma semana de destreinamento na lipemia pós-prandial apresentaram, contudo, aumento dos triglicérides basais e pós-prandiais e das lipoproteínas ricas em triglicérides, sem alteração da função endotelial no curto período sem exercício40.

Em atletas, diferentes graus de exercício agudo não demonstraram modifi cações nas áreas sob as curvas de triglicérides pós-prandiais41. Não encontramos na

literatura descrição do efeito do exercício agudo na resposta pós-prandial dos triglicérides em indivíduos hipertrigliceridêmicos. Em nosso estudo, com indivíduos destreinados normo e hipertrigliceridêmicos não obser-vamos efeito de uma única sessão de exercício na trigliceridemia pós-prandial. Entretanto, os valores basais de triglicérides foram preditores da resposta pós-prandial com ou sem a administração do exercício agudo, reforçando orientação de diretrizes atuais que valorizam os níveis dos lipídios em jejum.

Em conclusão, nosso estudo evidenciou que em homens destreinados, com valores de triglicérides basais normais ou alterados, o exercício agudo não modifi ca a trigliceridemia pós-prandial. Valores basais de triglicérides acima dos desejáveis são preditores de uma resposta anormal dos triglicérides pós-prandiais.

Agradecimento

Agradecemos ao Prof. Dr. Fábio Tadeu Montesano a assistência nas análises estatísticas.

Potencial Confl ito de Interesses

Declaro não haver confl itos de interesses pertinentes.

R

EFERÊNCIAS

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