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Produção descentralizada de medicamentos essenciais no Instituto de Tecnologia em Farmacos do Estado do Rio de Janeiro: um diagnostico estrategico de sua implementação

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(1)

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DEPARTAMENTO DE ENSINO

CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PRODUÇÃO DESCENTRALIZADA DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS NO INSTITUTO DE TECNOLOGIA EM

FÁRMACOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: UM DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO DE SUA

IMPLEMENTAÇÃO.

DISSERTAÇÃO APRESENTADA A ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

(2)

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DEPARTAMENTO DE ENSINO

CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

E

PRODUÇÃO DESCENTRALIZADA DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS NO INSTITUTO DE TECNOLOGIA EM

FÁRMACOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO: UM DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO DE SUA

IMPLEMENTAÇÃO.

DISSERTAÇAo DE MESTRADO APRESENTADA POR

AQUILES DE ANDRADE PEREIRA

199512 2358 T/EBAP P436p

11111111111111111111111111111

1000064501

APROVADA EM 17.10.95

PELA COMISSÃO EXAMINADORA

LVIA CONSTANT ERGARA

Doutora em Educação

PAULO REIS VIEIRA

(3)

..

Quem cede a sua liberdade essencial em troca de um pouco de segurança temporária, não merece nem liberdade nem segurança.

(4)

AGRADECIMENTOS

Inicialmente, quero manifestar minha gratidão a todos os

professores e funcionários da Escola Brasileira de Administração

Pública - EBAP/FGV, que colaboraram para a realização desta dissertação.

Em especial, agradeço à Professora Sylvia C. Vergara, aos

funcionários Affonso Mendonça, Francisco Manuel, Paulo Marcelino, Vânia

Mattos Oliveira, Cordelia Feliz, Marly Batista, Jorge Santos e a todos os

funcionários do Núcleo de Apoio ao Usuário - NAU e da Biblioteca!FGV.

Do mesmo modo, agradeço aos funcionários da FIOCRUZ,

que me receberam muito bem, em especial, à Farmacêutica Vera Lúcia

Luiza, à Diretora de FAR-MANGUINHOS Eloan Pinheiro e ao Administrador

José Ricardo A. Brasil.

Agradeço de forma especial à Farmacêutica Marly A. Elias

Cosendey pelas sugestões, contribuições e apoio, ao Farmacêutico José Gildo

de Lima da Faculdade de Farmácia / UFRJ, pelas contribuições a este

trabalho, aos funcionários da CEME, Dra. Márcia Muniz, o Farmacêutico

Jarbas T. Nunes e a funcionária Mônica Mendes, pela atenção e cooperação.

Enfim, agradeço a todos os meus parentes, amigos, colegas, e demais

pessoas que colaboraram direta e indiretamente para a realização desta

(5)

RESUMO

Nesta dissertação procura-se discutir a política de descentralização

da assistência fanna-.;êutica no que diz respeito à produção e a distribuição de

medicamentos. Para tanto, efetuou-se um estudo de caso em Far-Manguinhos /

FIOCRUZ analisando sua estrutura organizacional e administrativa, assim como

as estratégias utilizadas para implementar o processo de descentralização

preconizado pelo SUS.

Usou-se como referencial teórico artigos clásicos que contextualizam

a realidade do setor farmacêutico nacional e mundial. O estudo se desdobra

através da evolução política do setor da saúde no Brasil, com ênfase na

política de medicamentos adotada a partir da criação da Central de

Medicamentos - CEME, até a atualidade.

Ao final são feitas algumas sugestões que poderão nortear outras

(6)

ABSTRACT

..

In

this dissertation, an attempt lS made to discuss the

pharmaceutical decentralization policy concermng drugs production

and distribution. A case study has been accomplished m

Far-ManguinhosIFIOCRUZ, in which its organizational and administrative structure, as well as the strategies usedes to imblement the process of decentralization commended by "Sistema Único de Saúde - SUS" are analysed.

As theoretical reference, classic artic1es that put into context the national and global tharmaceutical sector reality have been used. The study develops through the healph sector policy evolution in Brazil with emphasis on the drugs policy adopted after the creation of the "Central de Medicamentos - CEME" until the present time.

(7)

ÍNDICE

LISTA DE TABELAS E QUADROS ... 09

LISTA DE ABREVIATURAS E CONVENÇÕES ... 10

CAPÍTULO I ... 12

I. INTRODUÇÃO ... ... ... ... ... ... ... ... 13

1.1. O problema ... 13

1.2. Objetivos da pesquisa ... 17

1.2.1. Objetivo geral... 17

I.2.2. Objetivos intermediários ... 17

1.3. Delimitação do estudo ... 18

1.4. Relevância do estudo ... 19

1.5. Metodologia ... 20

1.5.1. Tipo de pesquisa... ... 20

I.5.2. Seleção dos sujeitos ... 21

1,5.3. Coleta de dados ... 21

1.5.4. Tratamento dos dados ... 22

I.5.5. Limitações do método .... ... ... ... ... 22

C.I\PÍTULO 11: ... ... ... ... ... ... 24

11. DESCENTRALIZAÇÃO... ... ... ... ... ... ... ... 25

11.1. Evolução do conceito ... ... ... 25

II.2. Descentralização como estratégia democrática de desenvolvimento político e social... ... ... ... ... 30

(8)

II.4. Estratégias, modelos e meios que contemplem as diversidades

. .

regionais... 48

CAPÍTULO III ... 51

III. O SETOR FARMACÊUTICO ... 52

IH. 1. O contexto mundial... 52

IH.2. Caracterização do setor farmacêutico ... 56

111.3. O setor farmacêutico no Brasil... 64

111.3.1. A questão das patentes ... 64

11I.3.2. A indústria farmacêutica no Brasil... 68

111.4. Atuais propostas para uma política de medicamentos no B rasi I ... 74

CAPÍTULO IV ... 79

IV. CENTRAL DE MEDICAMENTOS - CEME ... 80

IV. I. Criação c propostas iniciais ... 80

IV.2. Evolução administrativa ... 82

IV.3. Síntese das atividades de 1971 a 1995 ... 96

CAPÍTULO V ... 103

V. INSTITUTO DE TECNOLOGIA EM FÁRMACOS-FAR-MANGUINHOS / FIOCRUZ ... 104

V.I. O complexo institucional FIOCRUZ ... 104

V.2. Far-Man!:,'Uinhos, origem e história ... 109

V.3. Estrutura organizacional de Far-Manguinhos ... 113

V.4. Departamentos e especialidades técnicas em Far-Manguinhos ... 116

V.4.1. Departamento de controle de qualidade - DCQ ... 117

(9)

V 04.3. Departamento de pesqUIsa e desenvolvimento

tecnológico - P&D ... 122

VAA. Departamento de desenvolvimento de produtos - DDP ... 123

Vo4.5. Departamento de planejamento, programação e controle de produtos - DPPCP ... 124

Vo4.6. Departamento de produção de medicamentos - DPM ... 126

Vo4.7. Atuais inovações tecnológicas implementadas em Far-Manguinhos ... 129

Vo4.8. Orçamento e Recursos Financeiros de Far-Manguinhos ... 130

CAPÍTULO VI 132 VI. CONCLUSÃO E SUGESTÕES. ... ... ... .... ... ... ... ... ... 133

CAPÍTULO VII 137 VII. 1. Referências bibliográficas. ... ... ... ... .... ... ... 138

VII.2. Bibliografia ... 143

ANEXOS ... 151 ,

Anexo ... 01

Anexo ... 02

Anexo ... 03

(10)

LISTA DE TABELAS, QUADROS E GRÁFICOS

TABELA IH. 1. Consumo de medicamentos no mundo em bilhões de dólares -1976 -1985 ... p.53

TABELA IlI.2. Gastos anuais com medicamentos (total e per capita) - 1985 ... p.54

GRÁFICO IlI.3 Consumo de medicamentos na américa latina - 1985 ... p.55

QUADRO

m.4.

Tecnologia farmacêutica ... p.59

QUADRO TV.I. Primeiros laboratórios oficiais integrantes do Sistema CEME .. p.86

QUADRO IV.2.

Metas e prioridades de ação -

CEME /

1995 ... p.lOO

QUADRO V.I. Linha de Produtos de Far-Manguinhos ... p.III

QUADRO V.2. Recursos Humanos de Far-Manguinhos ... p.lI9

(11)

LISTA DE AllnEVIATURAS E CONVENÇÓES

· ABIFARMA - Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica · AIS - Ações Integradas de Saúde

· ALANAC - Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais · ALFOB - Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil · CEME - Central de Medicamentos

· CONASP - Conselho Consultivo de Administração de Saúde Previdenciária · DAS - Direção de Assessoramento Superior

· DNRU - Dapartamento Nacional de Endemias Rurais · DST - Doenças Sexualmente Transmissíveis

· EUA - Estados Unidos da América

· F AR-MANGUINHOS - Instituto de Tecnologia em Fánnacos de Manguinhos · FDA - Food and Drug Administration

· FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz

· FUNCEME - Fundo da Central de Medicamentos

· lAPAS - Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social · INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social

· IPROMED - Instituto de Produção de Medicamentos · OMPI - Organização Mundial de Propriedade Industrial · OMS - Organização Mundial da Saúde

· PND - Plano Nacional de Desenvolvimento

· PREV- SAÚDE - Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde · RENAME - Relação Nacional de Medicamentos Essenciais

· RH - Recursos Humanos · RI - Regimento IntenlO

(12)

· SINPAS - Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social

· SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste

· SUDS - Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde

· SUS - Sistema Único de Saúde

(13)
(14)

I. INTRODUÇÃO

1.1. O PROBLEMA

No intuito de nortear as atuais tendências de descentralização em relação

a uma Política de Medicamentos, faz-se necessário conhecer um pouco da história da

Central de Medicamentos - CEME, que de certa forma confunde-se com a história da

Política de Medicamentos implantada nas últimas duas décadas no Brasil.

A Central de Medicamentos - CEME (1), uma autarquia de administração

direta, criada em 25 de junho de 1971, tinha como objetivos, descritos nos primeiros

relatórios de atividades anuais, a:

Promoção e organização das atividades de assistência farmacêutica aos

estratos populacionais de reduzido poder aquisitivo; incremento à pesquisa

científica e tecnológica, no campo químico-farmcêutico, visando descobrimento, isolamento, síntese e produção de matéria-prima de interesse terapêutico e o aprimoramento e adaptação de técnicas e processos de fabricação de medicamentos; incentivo à instalação de fábricas de matérias-primas utilizadas no preparo de medicamentos essenciais e de laboratórios piloto, em escolas de farmácia, localizadas em áreas prioritárias de desenvolvimento, contribuindo, substancialmente, para o fortalecimento da indústria farmacêutica nacional. (p. 1-2)

VI

Possuía a CEME uma política centralizadora de cunho nacionalista,

visando atender às necessidades de assistência médica e interferir na produção interna

(15)

A idéia da CEME era defendida por aqueles que achavam que a Política

de Medicamentos deveria ser tratada como parte integrante e prioritária da produção

de insumos estratégicos aos interesses nacionais. Porém, durante 23 anos de

existência, não colocou em prática a idéia da época de sua criação.

Fazendo-se uma análise crítica da criação e funcionamento da CEME,

pode-se perceber que um dos principais fatores determinantes deste insucesso está relacionado com o modelo "Sistema CEME", pois, na política de saúde, os modelos

estratégicos apontavam para um processo radical de descentralização, ao contrário do

constituído, que era altamente centralizador.

Outro importante fator que contribuiu para o insucesso da CEME, foi a

criação de um monopólio da CEME sobre os laboratórios oficiais. Estes passaram a

destinar toda a sua produção à CEME, tomando-os totalmente dependentes dos altos e

baixos da conjuntura político-administrativa do setor, que ora defendia os interesses

estatais, ora os das empresas privadas.

Dentro desta modelo altamente centralizador que, por um lado, levou ao

esvaziam,ento e ao sucateamento dos laboratórios oficiais, que hoje convivendo com

um alto grau de ociosidade e defazafem tecnológica, por outro, serviu para fortalecer

os interesses privados e clientelistas de alguns, surgindo as primeiras idéias de se

realizar profundas transformações na política do setor. Entre as mudanças propostas destacam-se a extinção da CEME, transformando-a em um órgão de f:)mento à

pesqUIsa, a modernização e o aperfeiçoamento dos laboratórios oficiais e a

(16)

Entretanto, quando se pensa em descentralização, não se deseja

simplesmente transferir a responsabilidade de um nível ao outro. Deve-se levar em

consideração, principalmente, que muitos estados e municípios ainda não possuem

estmtura para assumir os novos encargos. Desta forma, a implantação da produção

descentralizada de medicamentos deve ser planejada levando-se em consideração a realidade e as características de cada estado.

É necessário portanto, despertar para a realidade na qual VIvemos, lembrando e levando em conta que a cultura centralista influenciou e continua

influenciando a nossa história como Nação e, principalmente, as relações entre os

níveis de governo.

o

Brasil está entre os 10 pnmelros malOres consumidores de medicamentos do mundo, com um volume de vendas de 4,5 bilhões de dólares por

ano. E, ainda assim, 50% da população estão desassistidos por não possuirem

condições financeiras para ter acesso aos medicamentos.

Na verdade, a realidade é muito pIOr, pois 64 milhões de brasileiros

VIvem eI,ll condições de pobreza, dentre eles 37,7 milhões em condições de

indigência, verificando-se também que 34 milhões (22% da população) não têm

acesso a serviço de saúde de qualquer natureza.

Sabendo-se que uma das principais funções do Estado é o de assumrr as

responsabilidades de obras e serviços que sejam inviáveis às empresas privadas e

baseando-se nos dados anteriores, urge demonstrar que o Brasil pode conviver muito bem com uma Política de Medicamentos que fortaleça os laboratórios oficiais para

assistir esta classe de brasileiros miseráveis, sem afetar o mercado da indústria

(17)

Por outro lado, sabe-se que os laboratórios oficiais, mesmo utilizando

toda sua capacidade hoje instalada, não atendem mais

que

25% do mercado. Portanto,

necessita-se de uma Política de Medicamentos que venha estabelecer um

funcionamento racional e harmônico entre o setor público e a iniciativa privada. É

necessário identificar os mecanismos que venham a fortalecer as instituições oficiais,

no intuito de as tomarem eficientes e eficazes na sua missão social, bem como fazer

novos diagnósticos estratégicos de como está conformado o poder do setor de

medicamentos, para indicar quais as mudanças necessárias e possíveis.

Mas como resolver estes e outros problemas graves que envolvem o setor

oficial de medicamentos?

São várias as saídas propostas, porém neste trabalho será abordada aquela

que se limita ao escopo da descentralização de produção e distribuição de

medicamentos essenciais.

Com este trabalho procuramos responder à seguinte questão: qUaIS as variáveis estratégicas para implementação de um sistema de produção e distribuição

descentralizada de medicamentos essenciais no Instituto de Tecnologia de Fármacos

(18)

1.2.

OB.JETIVOS DA PESQUISA

1.2.1. Objetivo Geral

Diagnosticar, avaliar e descrever as variáveis estratégicas para

implementação de um sistema descentralizado de produção e distribuição de

medicamentos essenciais pelo Instituto de Tecnologia de Fánnacos - Far-Manguinhos

no Estado do Rio de Janeiro.

1.2.2. Objetivos Intermediários

Identificar a capacidade de produção industrial de medicamentos no

Instituto de Tecnologia de Fármacos - Far-Manguinhos no Estado do Rio de Janeiro.

Analisar e interpretar as leis que regem a Política Governamental de

Medicamentos (Política de Investimentos e Incentivos) no que concerne à produção de

ュ・、ゥ」。ュセョエッウ@ pelos laboratórios oficiais e as leis inerentes ao Instituto de Tecnologia

em Fármacos - Far-Manguinhos no Estado do Rio de Janeiro.

Avaliar a atual distribuição de medicamentos eSSenCIaIS pelo setor

público (política centralizada de medicamentos).

Identificar referências para a estruturação de uma central de informações

com finalidade de colher e analisar dados sobre as reais necessidades de

(19)

1.3. DELIMITACÃO DO ESTUDO I

A pesqUIsa limitar-se-á a uma análise da real condição estrutural do

Instituto de Tecnologia de Fánnacos - Far-Manguinhos, no que conceme à produção

de medicamentos essenciais.

o

estudo diagnosticará a atual condição administrativa desta empresa,

assIm como as variáveis estratégicas para a implementação de uma produção

descentralizada ao nível estadual, principalmente em relação às variáveis:

- Disponibilidade de recursos - analisando as capacidades e limitações

administrativas e jurídicas de arrecadação e manutenção financeira da Instituição.

- EstIutura tecnoburocrática - analisando a organogramação administrativa e

burocrática do laboratório pesquisado, tentando identificar pontos importantes de ação

e inércia do sistema administrativo.

- C;apacidade de produção - levantando a capacidade de produção instalada do

laboratório, seu potencial e limitações tecnológicas e administrativas.

- Eficácia e competitividade - identificando as reais condições do laboratório

pesquisado com relação à produção de medicamentos essenciais em quantidade,

(20)

1.4. RELEVÂNCIA DO ESTUDO

"Santilho propõe a extinção da CEME" (2). Baseado na diretriz

estabelecida pela Lei Orgânica de Saúde e a descentralização e municipalização, o

Ministro da Saúde, Henrique Santilho sugeriu a extinção da Central de Medicamentos

- CEME. Esta declaração põe em cheque o atual sistema de produção e distribuição

centralizado de medicamentos - "Sistema CEME", que criou uma espécie de

monopólio sobre os laboratórios oficiais. (p. 14)

Hoje, os laboratórios oficiais, em sua grande maioria, encontram-se com

sua capacidade de produção ociosa, além de estarem com uma grande defasagem

tecnológica em relação aos avanços científicos na área farmacêutica.

Por outro lado, o atual sistema de produção e distribuição de

medicamentos centralizada adotado pela CEME, não está atendendo às necessidades

da população brasileira e vai de encontro à atual diretriz do Sistema Único de Saúde

(SUS), que é descentralizadora.

Vale ressaltar que, hoje, Far-Manguinhos como unidade produtiva de

medicamentos da Fundação lnstihlto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, é o quarto maior

fornecedor de medicamentos da CEME, produzindo principalmente medicamentos

para doenças endêmicas e para diversos programas do Ministério da Saúde. Porém,

todo o plano de metas de produção de Far-Manguinhos ainda é feito a partir do

convênio com a CEME que, por sua vez, fica à disposição das inconstâncias

administrativas e da falta de uma política de Governo séria para o setor farmacêutico.

Baseando-se nestes fatos e seguindo as atuais propostas de

(21)

Il)HH, l;annanguinhos vem implementando um projeto de descentralização da

produção e distribuição de medicamentos essenciais. Esta atividade está diretamente

relacionada às reformas administrativas internas pelo qual está passando o Complexo FIOCRUZ.

Esta dissertação procura discutir as mudanças que estão ocorrendo em

Far-Manguinhos, no intuito de se identificar novas saídas administraticas e de gestão,

possivelmente passíveis de serem estudadas e implementadas em outras instituições.

I.5. METODOLOGIA

1.5.1. Tipo de Pesquisa

A metodologia utilizada para a realização deste trabalho, baseou-se

no esquema tipológico proposto por Vergara (3), que consiste de dois critérios

básicos para definir o tipo de pesquisa: (a) quanto aos fins; (b) quanto aos

meIOS.

Para consecução dos objetivos propostos forão adotadas as seguintes

formas de investigação quanto aos fins: a descritivo-explicativa e a aplicada.

A pesquisa descritivo-explicativo visa apresentar as atuais características

estruturais e administrativas dos objetos de estudo, assim como justificá-los.

Enquanto a aplicada destina-se a desenvolver novos caminhos para superação dos

(22)

Quanto aos meios, a pesquisa foi bibliográfica e de campo. A pesquisa

bibliográfica visou levantar as infollnações sobre as Políticas Públicas desenvolvidas

110 sdor Je medicamentos desde a criação da CEME até a atualidade. A pesqUisa

de campo envolveu visita ao Instituto de Tecnologia em Fármacos - Far-Manguinhos

do Estado do Rio de Janeiro, com fins de levantar sua real condição estrutural.

1.5.2. Seleção dos Sujeitos

Os sujeitos da pesqUisa de campo foram os principais dirigentes da

Instituição pesquisada, assim como alguns técnicos da área farmacêutica que possuam

infonnações relevantes ao desenvolvimento da pesquisa.

1.5.3. Coleta de Dados

Inicialmente foram coletados os dados bibliográficos sobre as Políticas

Públicas implementadas a partir da criação da CEl\1E até a atualidade, bem como a

avaliação destas pelos diversos autores que tenham redigido algo sobre o assunto.

Posterionnente, foi feita uma pesquisa de campo tendo visitado o Instituto

de Tecnologia em Fármacos - Far-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz. Nesta

Instituição foram feitas entrevistas e apresentados questionários com o intuito de

levantar a real condição estrutural da Instituição, assim como as nonnas

(23)

1.5.4. Tratamento dos Dados

IllIcialrllcllte IÚ!'alll t!'alados os dauos

bibliográticos, analisando

o

desenvolvimento das políticas públicas implementadas a partir da criação da CEME e

suas influências nos laboratórios oficiais de medicamentos, principalmente em relação

à sua eficiência, eficácia e efetividade, tentando formular algumas conclusões quanto

aos erros e acertos estratégicos e o que deles resultou.

Em seguida, foi levantada a capacidade quantitativa e qualitativa de

produção do laboratório pesquisado e como estas estão interligadas às estruturas

intrínsecas e extrínsecas do ambiente organizacional.

Posteriormente foi analisado o modelo administrativo desta organização,

no intuito de conseguir determinar algumas variáveis significativas que orientassem a

fonnulação de um diagnóstico estratégico para a implementação de uma produção

descentralizada de medicamentos no Estado do Rio de Janeiro.

1.5.5. Limitações do Método

A pesqUIsa não chegou a um diagnóstico generalizado para todos os

laboratórios oficiais do Estado do Rio de Janeiro, tendo em vista principalmente que

alguns pertencem a diferentes Ministérios e são regidos por diferentes regimes

jurídicos.

Outra limitação diz respeito ao fato de que o diagnóstico estratégico

(24)

do Sistema Único de Saúde (SUS), que ainda não está funcionando confonne o

(25)
(26)

11. DESCENTRALIZAÇÃO

11. 1. EVOLUÇÃO DO CONCEITO

Para um bom entendimento de um tenno ou expressão, se faz

necessário analisar a sua origem histórica no tempo e no espaço e sua evolução, acompanhando as contingências que a fez brotar como antítese de

interesses múltiplos e potencialmente antagônicos, como no caso do conceito de

Descentral ização.

A expressão Descentralização aparece inicialmente como tenno

jurídico-constitucional na fonnação do Estado Liberal, que detenninava a

criação de uma fonna de Estado e de Governo, que impedisse a concentração

de poder nas mãos de um indivíduo ou de um pequeno grupo, fragmentando-o

entre diversas coletividades competitivas, fato este que culminou com o

surgimento do Federalismo.

o

tenno Federalismo foi usado inicialmente para indicar a fonna

de organização de Estados implantados nos Estados Unidos da América do

Norte, no final do século XVIII.

Segundv Camargo (4, p.2), o Federalismo pode ser definido como

um modelo extra-europeu de organização do Estado, marcado pela coexistência

(27)

o

Federalismo surgIu com uma conotação de Estado Liberal, transmitindo a idéia de seus idealizadores, de uma sociedade livre e com

garantia de direitos, objetivando coibir o uso indevido do poder através da participação das Unidades na tomada de decisão do Estado.

Participação, neste caso significa que os estados membros da

F ederação tomam parte no processo de formulação de diretrizes e decisões políticas do Estado Federal.

Segundo Brasileiro (5, p.28-29), o Estado Federal sena composto de

pluralidade de estados descentralizados, formando um País soberano com duas

ou mais ordens jurídicas. O Estado Federal seria, assim um sistema plural,

com diferentes centros de poder, com ordenamentos constitucionais pertinentes a

cada estado membro.

Portanto, o Federalismo é definido, como a forma de governo pela

qual vários estados se reúnem em uma só Nação, sem perderem sua

autonomia. E a maneira pela qual os Estados modernos se organizam e

descentralizam o poder entre as coletividades territoriais menores que os

compõe.

Para que se possa ter uma melhor compreensão do conceito de descentralização, se faz necessário definir bem o termo centralização. Em seu

trabalho, Vieira (6), define centralização como: "a tendência para concentrar a fonnulação da política local ao nível do governo central." (p.l7) Neste caso,

pode ou não haver estruturas administrativas locais. Caso haja, exercem

(28)

determinar as políticas e controlar a execução das funções administrativas locais

é muito restrita.

Para Lordello (7, p.2), existe centralização em um país, quando este

pOSSUI apenas uma ordem jurídica, " ou seja, a lei no duplo sentido, formal e

material, emana apenas de um poder legislativo". Por outro lado, haverá

descentralização quando houver mais de uma ordem jurídica, como nos estados

membros.

Segundo Brasileiro (5, p.32), os conceitos de centralização e

descentralização sofreram alterações durante o tempo, passando de uma conotação

meramente jurídica e administrativa para uma conotação de praxis política. Segundo

a autora, a descentralização e a centralização marcam os pontos externos de um

contínuo. Portanto, a descentralização absoluta e a centralização total, são

construções teóricas, que não se apresentam de f1to.

Vieira faz o seguinte comentário sobre o contínuo que liga os dois

conceitos dizendo que (6):

Os . conceitos de centralização e descentralização precisam ser percebidos como complementares e não antitéticos. Ambos devem ser tratados como opostos de um espectro, ao longo do qual situam-se os diferentes países. É essencial que a descentralização seja considerada um fenômeno dinâmico e não estático, o que faz - é acertadamente subentender a existência de um contínuo que liga os dois pólos, centralização e descentralização; por outro lado parece lícito supor que os governos, em sua maioria, constituem sistemas mistos e em

movimento. (p.76)

Para Vieira (6), a definição-padrão para descentralização, é dita por

(29)

o

processo de descentralização importa a transferência de autoridade, seja judiciária ou administrativa, de um nível mais alto de governo para um inferior. É o contrário de centralização e não deve ser confundido com desconcentração, termo geralmente usado para descrever a mera delegação, a um funcionário subordinado, de capacidade para agir em nome do superior, sem transferência de autoridade. (p.16)

Alguns autores relatam em seus artigos, a importância em se fazer

a diferenciação conceitual entre descentralização e desconcentração.

Conforme Lordello (7, p.7), o conceito de desconcentração está

relacionado apenas com a atuação de um órgão da administração pública,

principalmente quando este estende seus poderes territórios fora de sua sede;

enquanto o termo descentralização, analisado sob o enfoque político-jurídico,

implica a autonomia das Unidades Federadas, particularmente do Governo

Municipal.

Para Vieira (6, p.l7), o termo descentralização é "o processo de

investir de autoridade as estruturas político-administrativas locais para a

formulação de suas políticas e o desempenho das funções de natureza local." "

Porém, o mesmo autor (6) em seu trabalho, usa o termo

descentralização como um conceito que tanto engloba o processo de

desconcentração como o de devolução de poderes, definindo o termo

desconcentração como: "a forma de descentralização na qual o governo central

delega autoridade para execução de funções específicas fora da sede. "(p.17)

Portanto, deslocando a ação administrativa do governo central para as agências

(30)

Para Fleury (8, p.83), a devolução de poderes na descentralização é

a outorga legal a nível local dos poderes, passando, assim, a gozar de poder

de decisão sobre as polítisas e procedimentos. Segundo a mesma autora (8):

"Entende-se por desconcentração a delegação de competência para execução

dos serviços, sem que haja, porém, deslocamento do poder decisivo para o

nível local." (p.83)

Vale evidenciar que o conceito de descentralização, pela abordagem

jurídico-constitucional, político-institucional e financeiro-administrativa,

geralmente aparece acompanhado de diversos outros termos a saber:

Autonomia, Centralização, Democracia, Participação Social, Relações

Intergovemamentais entre outros, que juntos delimitam e explicam o escopo da

descentralização.

o

conceito de autonomia segundo Vieira (6, p.19), pode englobar

três aspectos distintos: autonomia política, autonomia administrativa e autonomia

financeira. Segundo o autor, o nível de autonomia local pode ser mensurado

através de uma análise do grau de autoridade conferida à estrutura

político-administrativa local como, por exemplo, o poder de determinar seu orçamento,

arrecadar receitas e contrair dívidas.

Unidade Federada, é quando esta

financeiros satisfatórios, independente

obrigações locais.

Para Vieira, o importante em uma

" age como tal" ao pOSSUIr recursos

de suas fontes, para realizar suas

Para Brasileiro (5), autonomia é entendida como a capacidade de

cada Unidade Federada em estabelecer uma lei constitucional própria,

estabelecendo as competências dos três poderes do Estado (Executivo, Legislativo

(31)

É importante salientar que a autonomia como grau de

descentralização, セョカッャカ・L@ principalmente, a disponibilidade de recursos

financeiros e tecnológicos das Unidades Federadas para realização de seus

programas, que, por outro lado, devem vir acompanhados de uma definição

jurídica de sua competência.

Constata-se, portanto, que os termos descentralização, autonomia e

ralações intergovernamentais relacionam-se intimamente, tendo em vista que o

grau de descentralização ou autonomia da Unidade Federada, corresponde a

forma de relação intergovernamental de Governo para Governo.

Para Lobo (9), é importante esclarecer melhor os debates sobre o

conceito de descentralização, porém os mesmos não podem servir de desculpa

para o imobilismo e coloca como desnecessária a existência de um consenso

absol uto sobre o tema. Importante, para a autora, é começar desde já a definir

por quê e como encaminhar o processo de descentralização.

11.2. DESCENTRALIZAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DEMOCRÁTICA DE DESENVOLVIMENTO POLÍTICO E SOCIAL

o

princípio no qual está baseado o Estado Federal é a pluralidade

de centros de poder soberanos, coordenados entre si, de tal modo que ao

governo central seja conferida uma quantidade mínima de poderes e aos estados membros sejam assinalados os demais poderes. Ao governo central,

(32)

certos poderes para que seja garantida a unidade política e econômica da

Nação.

o

pnmeIro exemplo de pacto federal entre estados soberanos,

encontra-se na Constituição dos Estados Unidos da América do Norte. O Brasil

adotou a forma federativa de Estado com a proclamação da República em

1889, mantendo essa estrutura desde a Constituição de 1891.

Sobre o aspecto político, impõe-se registrar que a descentralização

do poder é um instrumento propício à democracia, pois quanto mais próximo o

poder decisório estiver dos seus destinatários, maior probabilidade existirá do

poder ser exercido democraticamente. Portanto, a descentralização como instrumento

democrático nos Estados Federais, possibilita o aumento da participação da

população na tomada de decisão dos governantes, como também uma maior

conscientização das suas reais necessidades básicas.

A descentralização não implica necessariamente a democratização e

desburocratização do Estado, porém possibilita uma maior distribuição de poder,

onde determinadas unidades territoriais ampliam o poder de acesso a funções

e recursos anteriormente colocados a nível central.

Segundo Vieira (6, p.3), mesmo não se tendo comprovado uma

relação definitiva entre descentralização e crescimento econômico, esta aparece

em alguns exemplos como uma das principais "variáveis acessórias do desenvolvimento econômico e da mudança social."

As prImeiras experiências federalistas norte-americanas, são

(33)

autonomia dos estados membros e procurava-se evitar a interferência de um

dos três níveis de governo em assuntos da competência de outro. Desta fonna,

desestimulava-se as relações intergovernamentais e buscava-se a competitividade

entre os diferentes níveis governamentais, que se revelavam na prática, como um

Sistema Federativo Descentralizado de cunho fundamentalmente isolacionista.

A Constituição Brasileira de 1891, por sua vez, introduziu o

Sistema Federalista, constituído pela união indissolúvel dos Estados, Distrito Federal e dos Territórios, seguindo o modelo isolacionista norte-americano.

Segundo Brasileiro (5): a Constituição de 1891, possuía

denominação isolacionista ou dual por apresentar predominância dos estados

membros na estrutura governamental com ênfase na autonomia local e

obstáculos à cooperação, principalmente financeira, da União e dos estados.

Estes fatores VIeram fortalecer os grandes latifundiários ruraIS,

fazendo com que a política nacional fosse dominada pelos estados poderosos,

alimentando o processo de desenvolvimento desigual das regiões do Brasil,

chamadas por alguns autores de "Política dos Governadores".

Para essa autora (5), a Constituição Brasileira de 1934 apresentou

inovações, entre elas a formação de um sistema cooperativo, baseado no

federalismo, com expansão dos poderes federais e a criação de mecanIsmos de

cooperação e integração governamentais além da definição da autonomia

municipal.

Observa-se que no período entre 1930 - 1980. a Organização

Brasileira teve como característica períodos de aberturas e fechamentos

(34)

políticos, revelando-se em sua maior parte, como uma organização centralizadora e IIllitélriíl. Segundo

Flcury

(8, p.79), a partir de

1930

houve um crescimento das tradições centralistas em alguns países, que atribuíam ao Estado, em seu nível central o papel principal no planejamento do desenvolvimento econômico.

Brasileiro (5, p.31) afirma que com o aumento do processo de industrialização a partir de

1930

e com o maior número de encargos assumidos pelo Governo Federal, houve a necessidade de um fortalecimento da unidade de ação governamental decorrente de crescentes demandas sociais, fortalecendo por sua vez o processo centrípeto de concentração de poder.

Na verdade, essas CrIses do Federalismo deram lugar no Brasil ao que se denomina de federalismo cooperativo. Segundo Brasileiro (5), a necessidade de uma maior racionalidade para o processo político-administrativo, fez com que os dois sistemas caminhassem juntos, enfatizando a necessidade de integração, fortalecimento e cooperação de suas unidades, fazendo com que, a competição intergovernamental desse lugar à cooperação. A idéia básica é encontrar uma forma de ativar a participação de cada uma das esferas de governo ,nas relações entre União, estados e municípios.

Para que o federalismo cooperativo tenha condições de ser efetivamente posto em prática, Brasileiro (5) chama a atenção pata certas disfunções do sistema que devem ser solucionadas. O primeiro problema diz respeito à superposição de competências das esferas de governo, tendo em vista que suas competências não estão bem definidas, ocorrendo muitas vezes a duplicidade de esforços, principalmente nos campos da educação e da saúde, impedindo por outro lado a fixação de responsabilidades entre as três esferas de governo na prestação de serviços.

(35)

o

segundo problema refere-se à excessIva simetria legal. Apesar

das diversidades regIOnaIS e locais, as comunidades locais, estas estão

organizadas com as mesmas características legais e políticas dos estados e

da União.

o

terceiro problema refere-se à dependência financeira de

estados e municípios, tendo em vista que não bastam a competência legal e

responsabilidades para executar, sem que haja os devidos meIOS para implementação, principalmente os financeiros.

o

quarto problema descrito por Brasileiro (5), refere-se à hipertrofia

e emperramento da Administração Federal. O acúmulo de atribuições de

execução pelo Governo Federal e, por outro lado, pelos estados membros em

relação aos municípios, gera diversos entraves burocráticos e funcionais.

Segundo a autora, há uma necessidade de revisão destas atribuições no intuito

de definir as tarefas que podem ser desempenhadas por cada nível de governo,

deixando para a esfera federal as atribuições maIS complexas como o

planejamento, a coordenação e a integração governamental. Segundo Brasileiro

(5, p.57),,"a idéia de concorrência ou paralelismo, que tem caracterizado a ação

das diferentes esferas de governo nas mesmas áreas funcionais, devem ser

substituídas pela idéia de cooperação efetiva". Fica evidenciado também, que a

fixação de responsabilidades na prestação de serviços é de fundamental

importância para um sistema racional de cooperação intergovernamental.

O quinto problema refere-se ao Planejamento Regional, que vem

apresentando uma superposição de áreas territoriais de ação. Assim as

atividades dos órgãos de planejamento regional, tais como a SUDENE

(36)

restringindo-se à região, acabam provocando sérios conflitos de função tanto

no que se refere às relações com estados e municípios quanto na relação

com os demais órgãos do governo central.

o

sexto problema relacionado por Brasileiro (5) é o que diz respeito ao crescimento urbano acelerado. Segundo a autora a população das

cidades está crescendo acima do índice demográfico, demonstrando um aumento

da migração das populações rurais para as áreas urbanas, fato que vem

provocando falhas graves de infra-estrutura. Há, portanto, a necessidade de uma maior conscientização do problema por parte das esferas superiores, que devem

lidar com o problema não só com estímulos e diretrizes para o planejamento

local, mas também através de criação de um órgão com hierarquia e autoridade

para elaborar a política geral, coordenando e orientando a sua execução.

É de se notar que o Federalismo Cooperativo e Participativo tem sido a melhor resposta à moderna configuração de organização do Estado pelo

aspecto integrador e construtivo, considerando a necessidade de articulação,

cooperação, coordenação e equilíbrio nas relações governamentais (União, estado

e município), compatíveis com a progressiva necessidade de democratização do

Estado.

Confonne Camargo (4, p.l5), "no Brasil, a democracia tem sido sinônimo

de descentralização federativa, que por sua vez se confunde com um modelo

liberal, que fortalece o poder econômico e os lobbies eleitorais."

Para FIem)' (8, p.80), após o fim do governos militares, a América

(37)

"a necessidade de uma profunda reforma do Estado, na qual surge a questão da

descentralização. 11

Segundo Fleury (8), a enorme dependência das economias dos países

da América Latina, para com os Bancos Internacionais, contribuíram para que os governantes adotassem medidas de caráter recessivo. Uma das principais

medidas adotadas por esses países, foi a redução dos gastos públicos, que por

sua vez, afetaram principalmente os setores sociais. liA descentralização é então

instituída como uma estratégia para a redução do gasto público nos setores

sociais." (p.80)

Portanto, neste caso, a descentralização visa reduzir o gasto público,

estando associada diretamente à privatização dos setores sociais, através da

transferência de イセウーッョウ。「ゥャゥ、。、・ウ@ ou através da cobrança de taxas para

utilização dos servIços. A referida proposta de descentralização como

estratégia de redução do gasto público opõe-se, neste caso, às expectativas de

universalização dos direitos sociais.

Por outro lado, a descentralização, como estratégia de

democratização, compõe-se de valores políticos finalísticos tais como a

universalização, a equidade, o controle social, que não são citadas quando defendidas pela perspectiva meramente racionalizadora, segundo o pensamento

defendido pelo Banco Mundial.

Conforme Fleury (8):

(38)

A questão que se coloca imediatamente é: deslocamento a favor de quem ?(p.81)

Rodinelli, citado por Fleury (8), descreve vários argumentos a favor da descentralização do planejamento:

1. A descentralização no sentido dos níveis regional ou local permite aos funcionários desagregar os programas e planos de desenvolvimento, ajustando-os às necessidades de regiões e grupos heterogêneos.

2. A descentralização pode reduzir os enormes gastos burocráticos com o nível central.

3. Os contatos mais próximos entre funcionários do governo e a população local deveriam permitir a ambos obter melhor informação para formular, de forma mais realista e efetiva, os planos e projetos.

4. A descentralização também permitiria uma melhor penetração política e administrativa das políticas do governo nacional em áreas afastadas da capital.

5. A descentralização permitiria uma melhor representação dos diferentes grupos no processo' decisório do desenvolvimento, conduzindo a uma maior equidade na atribuição de recursos governamentais e nos investimentos.

6. A descentralização poderia conduzir ao desenvolvimento de maior capaCidade administrativa por parte dos governos locais e instituições privadas, nas regiões e províncias.

7. A eficiência do governo central deveria aumentar mediante a descentralização, liberando os funcionários superiores das tarefas rotineiras e poupando tempo para o planejamento e a supervisão.

(39)

(). Uma estrutura governamental descentralizada é um requisito para institucionalizar a participação dos cidadãos no planejamento e na administração.

10. Mediante a criação de meJOs alternativos de decisão, a descentralização pode resistir à influência ou ao controle exercido por elites locais.

11. A descentralização pode significar uma administração mais flexível, inovadora e criativa.

12. A descentralização do planejamento e da administração possibilita maior eficiência dentro das comunidades.

13. A descentralização pode aumentar a estabilidade política e a unidade nacional, dando aos grupos capacidade para participar das decisões.

14. Mediante a redução das deseconomias de escala, inerente à superconcentração das decisões na capital nacional, a descentralização pode aumentar a quantidade de bens e serviços públicos e a eficiência com a qual podem ser providos, a um custo menor. (p.82)

Para Fleury (8, p.82), é importante salientar que a descentralização quando não se tratando de uma proposta de privatização, poderá trazer a médio prazo, um aumento nos gastos dos serviços de saúde. Este fato se deve principalmente à necessidade de se adequar o sistema de saúde a sua novas funções com os novos encargos, como treinamento básicos entre outros. Gastos estes que a longo prazo seriam reduzidos gradualmente.

(40)

11. 3. A DESCENTRALIZAÇÃO NO CAMPO DA SAÚDE

Os pnmelros movimentos concretos em direção à descentralização

da atividade de saÍlde no Brasil foram feitos pelo Congresso Nacional quando

aprovou a lei n° 6.229, em 17 de julho de 1975, que, em nível legislativo,

orgamzava o Sistema Nacional de Saúde. Com a referida lei, desencumbia-se

parcialmente a exclusividade da União para estabelecer e executar os Planos

Nacionais de Saúde.

Segundo Mendes (11, p.8), em 1975 com a Lei n° 6229, que surgtu

com base nas diretrizes do II Plano Nacional de Desenvolvimento (lI PND),

institucionalizou-se o modelo médico assistencial privatista, definindo as

competências das instituições públicas e privadas e propondo mecanismos de

integração e coordenação.

Posteriormente, em 1977, cnou-se o Sistema Nacional da

Previdência Social - SINP AS, através da Lei nO 6439 que, conjuntamente com a

Constituição Federal de 1967-69 e a Lei n° 6229, formaram a base jurídica do

Sistema de Saúde dos anos 70.

Neste período houve o surgimento do movimento de organização da

Previdência Social que tentava garantir um aumento da população beneficiária e

a centralização administrativa. Nascia, o Instituto Nacional de Assistência

Médica da Presidência Social (INAMPS), dentro do contexto de um processo de

especialização das organizações previdenciárias.

Esse conjunto de medidas estruturaram as bases que permitiram nos

(41)

Mendes (11) identifica um "tripé" que dá sustentação ao referido modelo:

I) Estado como o grande financiador do Sistema através da

Previ dência Social'

,

2) O setor privado nacional como o maior prestador de serviços de

atenção médica;

3) O setor privado internacional como o mais significativo produtor de insumos, especialmente, equipamentos bio-médicos e medicamentos. (p.9).

Porém, nos anos 70 esse modelo apresenta vários problemas, entre

eles a exclusão de grandes parcelas populacionais. Com o final do "milagre

econômico" e com a crescente crise internacional, inicia-se a abertura política

no Brasil, que dá lugar ao aparecimento de novas idéias e ações que VInam

tentar resgatar a "imensa dívida social acumulada" no período anterior.

Em 1978, a Organização Mundial de Saúde - OMS e o Fundos das

Nações Unidas para a Infância - UNICEF, preocupadas com a internacionalização

dos problemas sociais, fato este que poderia ameaçar a paz mundial, realizou

em Alma',Ata, na União Soviética, a Conferência Internacional sobre Cuidados

Primários de Saúde. Esta Conferência resultou na Declaração de Alma-Ata, que

reconhecia a necessidade de coordenação das atividades do setor de saúde,

privilegiando o planejamento executado em nível local.

Em 20 de maIO de 1980, é aprovado pelo Congresso Nacional o

chamado

m

Plano Nacional de Desenvolvimento, que explicita os principais

objetivos e linhas de atuação governamental para o período 1980-85 e

estabelece orientações para os setores privados. No referido plano, o capítulo

(42)

para reduzir os custos, agilizar e expandir as atividade previdenciárias e de

assistência social, inclusive as do setor privado, realizando-se a

"descentralização" das atividades do setor saúde e transferindo-se, no possível, as

atribuições de planejamento e prestação de serviços aos estados e municípios,

na medida em que possam ser aparelhados para assumí-Ias.

Portanto o

m

PND, propôs a descentralização das atividades do

setor de saúde e a transferência das atividades de planejamento e prestação dos

serviços aos estados e municípios.

.'

Em 1980 houve a Vil Conferência Nacional de Saúde, que teve

como tema a implantação de uma rede básica de saúde. No mesmo ano,

deu-se início ao projeto denominado Programa Nacional de Serviços Básicos de

Saúde - PREV-SAÚDE, que tinha como objetivo, a universalização dos

cuidados primários de saúde em todo o território nacional.

A cnse financeira dos anos 1981-82 fez o país adotar uma política

receSSIva, que afetou fortemente a Previdência Social, induzindo à criação do

Conselho Consultivo da Administração de Saúde Previdenciária - CONASP em

setembro de 1981. Este Conselho teve como finalidade principal, estudar e

propor normas mais adequadas para a prestação de assistência à saúde da

população previdenciária.

As pnmeIras teses sobre descentralização na saúde começ3ffi a

tomar corpo no governo do General Figueiredo, com as eleições diretas, dando

maior legitimidade aos governadores estaduais eleitos, Da mesma maneira, em

1983, os novos prefeitos eleitos, carregavam consIgo o compromIsso cc'm a

(43)

As pressões em favor da descentralização conseguem uma grande

conqlJista com a celebração de convênios das Ações Integradas de Saúde - AIS.

As AIS surgiram com o Plano de Racionalização Ambulatorial, que segundo Mendes (11) possuía duas versões "não excludentes": uma que credenciava

médicos e outra que contratava os serviços públicos, pagando de acordo com a

produção potencial da capacidade instalada da rede.

Porém, o sucesso inicial do programa fez surgIr uma grande

resistência nos mesmos setores, onde alguns se beneficiavam, principalmente pela ineficiência do serviço público de saúde.

Segundo Nascimento (12):

as AIS tinham como princípio a integração de todas as instituições que possuíam alguma interface com a saúde nos planos federal, estadual e municipal ( ... ), garantindo a universalização da cobertura assistencial ( ... ), descentralizando as decisões. (p 6).

Na verdade, o sucesso das AIS vinha incomodando os setores que

tiravam proveito da ineficiência do setor público.

Outro marco de grande importância na história da saúde no Brasil

foi a Vill-Conferência Nacional de Saúde, realizada em outubro de 1986 em

Brasília. Para alguns, foi o evento político-sanitário mais importante da década.

Esta Conferência contou com a participação efetiva de quase todas

as instituições que atuam no setor, assim como de representantes da sociedade civil, dos grupos profissionais e dos partidos políticos, perfazendo um total de

(44)

Os pnnCIpaIS temas discutidos foram:

.

.

. saúde como direito,

reformulação do Sistema Nacional visando, principalmente, redefinir em termos

gerais as atribuições dos níveis federal, estadual e municipal com uma

tendência à diminuição dos poderes de execução do primeiro) e financiamento

setorial.

Vale aqui ressaltar que, um dos pontos que maiS mobilizou os

participantes e delegações, foi a discussão sobre o novo Sistema Nacional de

Saúde, que questionava se o sistema deveria ser estatizado ou não, e se de

forma imediata ou progreSSIva. O resultado da discussão foi o consenso da

necessidade de fortalecimento e expansão do setor público e a recusa da

proposta de estatização imediata. Esta desisão gerou uma contradição quando

comparada com a proposta de "estatização da indústria farmacêutica", aprovada

na Assembléia Final. Para a Comissão de Redação, isto se deu por não ter

sido objeto de uma discussão mais aprofundada, senrlo chamada de "desvios ideológicos" por Mendes. (11, p.25)

Segundo o Relatório Final da VIII-Conferência Nacional de Saúde,

o novo Sistema Nacional de Saúde deveria reger-se pelos seguintes princípios

referentes à organização dos serviços: (13, p.l O)

1 - Descentralização na gestão dos servIços;

2 - Integralização das ações, superando a dicotomia preventivo-curativo;

(45)

4 - Regionalização e hierarquização das unidades prestadoras de

serviços;

5 - Participação da população, através de suas entidades

representativas, na formulação da política, no planejamento, na gestão,

na execução e na avaliação das ações de saúde;

6 - Fortalecimento do papel do município;

7 - Introdução de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito

dos serviços de saúde, possibilitando ao usuário o direito democrático

de escolher a terapêutica preferida.

o

novo Sistema Nacional de Saúde proposto pela Vill-Conferência

tinha como principal objetivo a implantação do Sistema Único de Saúde, com

expansão e fortalecimento do setor estatal em níveis federal, estadual e

municipal, tendo como meta uma progressiva estatização do setor. O setor

privado de saúde seria subordinado ao papel diretivo da ação estatal,

garantindp o controle dos usuários através dos seus segmentos organizacionais.

As atribuições básicas de cada nível de Governo deveriam tér por

fundamento o caráter federativo da nossa República, no intuito de romper com a

centralização que esvaziou o poder e as funções próprias das unidades federadas

e de seus municípios. Neste sentido, o Sistema Único de Saúde deveria

reforçar o poder político, administrativo e financeiro dos estados e municípios.

Vale também ressaltar que, segundo proposta da. Vill-Conferência

(46)

competência dos servIços e atividades consideradas estratégicas para o desenvolvimento do sistema de saúde, tais como: órgãos de pesquisa, de

produção de imunobiológicos, de medicamentos e de equipamentos. Devendo

também, as linhas de pesqmsas serem amplamente discutidas entre as

instituições de pesqmsa, de servIços e as universidades, visando a um

direcionamento mais produtivo e relevante na resolução dos problemas de saúde

da Nação.

Segundo Médici (14), existem algumas contradições entre a Política

de Medicamentos e a atual Política de Saúde. Segundo o autor, enquanto as

ações de saúde estão sendo quase que totalmente descentralizadas, as ações de

produção e distribuição de medicamentos permanecem tendo forte participação

federal, principalmente na execução, a cargo da Central de

Medicamentos-CEME, ficando os estados e municípios com execuções suplementares.

E continua (14):

O entendimento desta questão nos remonta a origem da política de medicamentos no país, a nível federal. Esta nasceu muito mais como respbsta aos anseios de determinados setores militares e empresariais em garantir a soberania nacional e a independência tecnológica deste setor, do que propriamente às necessidades da política de saúde, ou como resposta às carências da população no campo do consumo de medicamentos.(p.3)

Segundo o mesmo autor (14), a reforma sanitária que recebeu

grande impulso da VIII-Conferência Nacional de Saúde, foi estruturada através de negociações articuladas entre os vários representantes de interesses e

(47)

Insumos de saúde, recebeu grande influência da política da CEME, que havia

sido criada com base nos mesmos princípios centralizadores da época.

Na verdade, a CEME passou por várias fases desde o seu nascimento. Contudo, a mesma teve como motivo principal de criação, ser um

instrumento de política de redistribuição de renda e de equilíbrio das desigualdades regionais, com objetivos basicamente assistencialistas, que visava o

suprimento de medicamentos para as camadas mais pobres da população, sendo

porem, desviada gradativamente destes objetivos na medida que o contexto político se alterava.

A VIII Conferência Nacional de Saúde VIna a constituir-se no

instrumento político que influiria, decisivamente na implantação do

SUDS-Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde, separando totalmente saúde de

previdência, através de uma ampla Reforma Sanitária e da elaboração da nova

Constituição Brasileira.

Em 1987, através do decreto n° 94.657, o SUDS é oficializado,

incorporapdo em seu bojo a idéia de universalização, regionalização,

hierarquização, descentralização do processo decisório e democratização das

instâncias gestoras, entre outras.

Conforme Mendes (11, p.27), o SUDS passou por dois momentos

contraditórios: o primeiro que VaI da sua implantação até o final da gestão

Hésio Cordeiro, 1987-88 e, outro que inicia-se na administração Serrão indo

até o final do governo Sarney, 1988-90. Para o mesmo autor, no pnmeIro

.

.

momento, tentou-se realizar os princípios da Reforma Sanitária e preparar a

(48)

momentu, tentou-se mmar as ações de políticas de base efetuadas no pnmelro

momento, usando como desculpa a retórica de separar distorções cometidas na

gestão anterior.

N esta época, uma das principais conquistas dos defensores da

descentralização foi a assinatura da portaria que extinguia as superintendências

regionais do INAMPS, assinada pelo Ministro Renato Archer, que era tida

como uma das principais estruturas de resistência à descentralização da saúde,

fato que resultou em sua demissão.

Para Nascimento (12), o Ministro Archer só fez cumpnr sua

obrigação, pois o Decreto que criou o SUDS, assinado pelo próprio Presidente

Sarney, reduzia a estrutura do INAMPS - adaptando-a às funções apenas de

planejamento, orçamentação e acompanhamento, que deveriam ser realizados em

conjunto com as Secretarias Estaduais de Saúde.

o

SUDS, porém, não teve vida longa. Não conseguIU resistir ao

clientelismo político e aos interesses da iniciativa privada, além de ter sido um

projeto qlUito teórico para um país despreparado que acabava de sair de um

regIme centralizador.

Na Constituição Federal de 1988 (15), a descentralização da saúde

foi novamente fortalecida. Nela foram ressaltados alguns aspectos fundamentais:

- a saúde como um Direito de todos e Dever do Estado;

(49)

governo, o atendimento integral e a participação da comunidade.

Porém, com a demora da aprovação da Lei Orgânica da Saúde, as forças contrárias que sempre tiraram proveito do setor público, usaram a falta de regulamentação para manter o processo de descentralização a passos reduzidos.

Desta forma, a Lei Orgânica foi sancionada somente dois anos após sido aprovada, fazendo com que o Ministério da Saúde passasse a gerir, nacionalmente, a implantação do SUS.

Hoje, após CinCO anos da aprovação da Lei Orgânica, ainda se

encontram vários obstáculos nas três esferas de governo.

Portanto, para que haja a construção de um novo sistema de saúde é necessário uma profunda reforma do Estado, com a criação de uma nova visão social descentralizada de poder e recursos, e com uma redistribuição de competência e responsabilidades entre as esferas públicas.

liA. ESTRATÉGIAS, MODELOS E MEIOS QUE

CONTEMPLEM AS DIVERSIDADES REGIONAIS

(50)

Tal caractcrística só vem reforçar a necessidade de se fazer

cuidadosos planejamentos locais e regionais, no intuito de cnar um sistema

l:I icicllle e que vellha ao cncontro das diferentes necessidades regIOnaIS.

Segundo Buss (12):

e inadiável que se abandone os planejamentos idealistas e se mergulhe de forma profunda na realidade caótica do nosso sistema de saúde, entendendo que não há soluções prontas que servirão para todo o Brasil, mas sim estratégias que complem a diversidade registrada numa mesma região, estado ou até mesmo município que comportam várias realidades. (p.13).

Para Buss (12), tem-se que considerar que no Brasil ainda existe

um(4 forte tradição centralizadora e que a mesma pode toma-se uma adversária

capaz de inviabilizar a democratização do sistema. Segundo ele, é necessário

que se criem alguns instrumentos eSSSenCIaIS para que os municípios sejam

capazes de gerir os serviços de saúde. Entre eles pode-se destacar um

mecanismo de apOlO à cooperação técnica e ao desenvolvimento de recursos

humanos, com base nos dados epidemiológicos levantados de cada região.

É necessário também destacar o debate em relação ao

financiamento do setor saúde, redefinindo o papel do Estado com uma

reorientação política das ações de governo nos seus três níveis.

Porém, é incorreto eXIgIr apenas do Governo l<ederal o

financiamento das ações de saúde, tendo em vista principalmente que fica cada

vez maIS evidente a redução, em alguns estados e municípios, do seu

orçamento para a área da saúde, com o crescimento dos repasses feitos pela

(51)

I'ma 1:\;IVio (Jolllart (12), a atual política de descentralização está levando uma grande sobrecarga de servIços aos dois níveis sub-centrais de govcrno, particlllanncntc o cstadual, considerando que os municípios ainda engatinham na fonnulação de seus sistemas de saúde. Segundo ele:

o sonho carece de um modelo, ou por outra, tentamos modelá-lo dando-lhe forma estranha à nossa realidade sanitária e social. ( ... ) nosso modelo (ou nossa falta de modelo) não conseguiram equacionar algumas questões - chave, como por exemplo, política de recursos humanos, articulações, ( ... ) compartilhamento das responsabilidades públicas, para citar algumas mais cruciais. ( ... ) modelos se constróem a partir da realidade e não para ela através de formulações abstratas ( ... ), da mesma forma que não se estabelece por decreto. (p.24).

o

que se tentou mostrar aqUI, e que ainda existe um longo caminho a percorrer para se implantar um sistema descentralizado de saúde, principalmcntc quc vcnha ウ。エゥウヲセャコ」イ@ as necessidades regionais do país, sem mencionar a necessidade de estudos de novos "modelos" que levem em conta as reais condições de cada município, cada estado e do país como um todo.

Percebe-se que o sistema público sofre por falta de meios e por gestão ineficiente, causadas principalmente pela desmotivação das forças de trabalho' e o reduzido compromisso com as necessidades sociais.

(52)

Imagem

tabela  n°  In.l,  verifica-se  que  o  mesmo  pOSSUI  um  baixo  crescimento  em  com  paração  aos  oセャエイッs@ continentes
GRÁFICO 111.3

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