REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
Publicação Oficial da Sociedade Brasileira de Anestesiologiawww.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
Anestesia
venosa
total
livre
de
opioides,
com
infusões
de
propofol,
dexmedetomidina
e
lidocaína
para
colecistectomia
laparoscópica:
estudo
prospectivo,
randomizado
e
duplo-cego
夽
Mefkur
Bakan
a,∗,
Tarik
Umutoglu
a,
Ufuk
Topuz
a,
Harun
Uysal
a,
Mehmet
Bayram
b,
Huseyin
Kadioglu
ce
Ziya
Salihoglu
aaDepartamentodeAnestesiologiaeReanimac¸ão,BezmialemVakifUniversityFacultyofMedicine,Istanbul,Turquia bDepartamentodeMedicinaPulmonar,BezmialemVakifUniversityFacultyofMedicine,Istanbul,Turquia
cDepartamentodeCirurgiaGeral,BezmialemVakifUniversityFacultyofMedicine,Istanbul,Turquia
Recebidoem8defevereirode2014;aceitoem5demaiode2014 DisponívelnaInternetem1denovembrode2014
PALAVRAS-CHAVE
Colecistectomia laparoscópica; Anestesiavenosa total;
Dexmedetomidina; Lidocaína;
Propofol; Remifentanil
Resumo
Justificativaeobjetivos: Ousodeopioidesnoperíodo intraoperatóriopodeestarassociado
à hiperalgesiaeao aumento doconsumo de analgésicos noperíodo pós-operatório.Efeitos
colateraiscomonáuseaevômitonoperíodopós-operatório,porcausadousoperioperatório
deopioides,podemprolongaraalta.Nossahipótese foiqueaanestesiavenosatotalcomo
usodelidocaínaedexmedetomidinaemsubstituic¸ãoaopioidespodeserumatécnicaopcional
paraacolecistectomialaparoscópicaeestariaassociadaaumamenorsolicitac¸ãodefentanile
incidênciadenáuseaevômitonoperíodopós-operatório.
Métodos: Foramprogramadosparacolecistectomialaparoscópicaeletiva80pacientesadultos,
estadofísicoASAI-II.Ospacientesforamrandomicamentealocadosemdoisgrupospara
rece-beranestesialivredeopioidescominfusõesintravenosas(IV)dedexmedetomidina,lidocaína
epropofol(GrupoDL)ouanestesiabaseadaemopioidescominfusõesderemifentanile
pro-pofol(GrupoRF).Todosospacientesreceberamumregimepadrãodeanalgesiamultimodal.
UmdispositivodeanalgesiacontroladapelopacientefoiajustadoparaliberarfentanilIVpor
seishorasapósacirurgia.Odesfechoprimáriofoioconsumodefentanilnopós-operatório.
Resultados: Oconsumo defentanilnasegundahoradepós-operatóriofoisignificativamente
menornogrupoDLdoquenoGrupoRF,75±59ge120±94g,respectivamente,masfoi
com-parávelnasextahoradepós-operatório.Duranteaanestesia,houvemaiseventoshipotensivos
noGrupoRFemaiseventoshipertensivosnogrupoDL,ambosestatisticamentesignificativos.
Apesardeapresentarumtempoderecuperac¸ãomaisprolongado,oGrupoDLapresentou
esco-res dedore consumode analgésicosde resgateede ondansetronasignificativamentemais
baixos.
夽 Registrodoensaio:Clinicaltrials.gov(ID:NCT01833819).
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:mefkur@yahoo.com(M.Bakan).
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2014.05.006
Conclusão:Aanestesialivredeopioidescominfusõesdedexmedetomidina,lidocaínae
pro-pofolpodeserumatécnicaopcionalparaacolecistectomialaparoscópica,especialmenteem
pacientescomaltoriscodenáuseaevômitonopós-operatório.
©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos
direitosreservados.
KEYWORDS
Laparoscopic cholecystectomy; Totalintravenous anesthesia; Dexmedetomidine; Lidocaine;
Propofol; Remifentanil
Opioid-freetotalintravenousanesthesiawithpropofol,dexmedetomidineand lidocaineinfusionsforlaparoscopiccholecystectomy:aprospective,randomized, double-blindedstudy
Abstract
Backgroundandobjectives: Intraoperativeuseofopioidsmaybeassociatedwithpostoperative
hyperalgesia andincreasedanalgesicconsumption.Sideeffects duetoperioperativeuseof
opioids, such aspostoperative nausea andvomiting may delay discharge.We hypothesized
thattotal intravenousanesthesiaconsisting oflidocaineanddexmedetomidine asanopioid
substitutemay beanalternativetechnique forlaparoscopic cholecystectomy andwouldbe
associatedwithlowerfentanylrequirementsinthepostoperativeperiodandlessincidenceof
postoperativenauseaandvomiting.
Methods:80AnesthesiologistsI---IIadultswerescheduledforelectivelaparoscopic
cholecystec-tomy.Patientswererandomlyallocatedintotwogroupstohaveeitheropioid-freeanesthesia
with dexmedetomidine, lidocaine, and propofolinfusions (Group DL) oropioid-based
anes-thesia with remifentanil, and propofol infusions (Group RF). All patients received a
stan-dardmultimodalanalgesiaregimen.A patientcontrolledanalgesiadevicewassettodeliver
IV fentanyl for 6h after surgery.The primary outcome variablewas postoperative fentanyl
consumption.
Results:Fentanylconsumptionatpostoperative2ndhourwasstatisticallysignificantlylessin
GroupDL,comparedwithGroupRF,whichwere75±59gand120±94grespectively,while
itwascomparableatpostoperative6thhour.Duringanesthesia,thereweremorehypotensive
eventsinGroupRF,whilethereweremorehypertensiveeventsinGroupDL,whichwereboth
statisticallysignificant.Despitehigherrecoverytimes,GroupDLhadsignificantlylowerpain
scores,rescueanalgesicandondansetronneed.
Conclusion:Opioid-free anesthesiawith dexmedetomidine, lidocaineandpropofol infusions
maybeanalternativetechniqueforlaparoscopiccholecystectomyespeciallyinpatientswith
highriskforpostoperativenauseaandvomiting.
©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevier EditoraLtda.Allrights
reserved.
Introduc
¸ão
Opioides são amplamente usados para analgesia
periope-ratória. Contudo, o uso de grandes doses em bolus ou
infusãocontínuadeopioidespotentesnoperíodo
intraope-ratóriopode estar associado à hiperalgesiae ao aumento
doconsumodeanalgésicosnoperíodopós-operatório.1Em
cirurgias ambulatoriais, os efeitos secundários
relaciona-dosaosopioides,comonáuseaevômito nopós-operatório
(NVPO),sedac¸ãoprolongada,íleoparalíticoeretenc¸ão
uri-nária, podem retardar a recuperac¸ão e a alta ou causar
reinternac¸ãoimprevista.
Adorapóscolecistectomialaparoscópica(CL)éde
natu-reza complexa e evidências sugerem que o tratamento
deve ser multimodal livre de opioides para acelerar a
recuperac¸ão.2,3 Apesar das estratégias analgésicas
mul-timodais, que consistem em opioides, dexametasona,
medicamentosanti-inflamatóriosnãoesteroidese
anestési-coslocaisaplicadosnaferidacirúrgica,adoreosepisódios
de NVPO ainda são queixas comuns relatadas após CL.
Sugeriu-se que a infusão de esmolol pode ser umaopc¸ão
aceitável à infusão de remifentanilpara cirurgia
laparos-cópicaambulatorial4---6 equetécnicasanestésicaslivresde
opioidescominfusãodeesmololestãoassociadasàreduc¸ão
doconsumodeopioidesnopós-operatório.5,6
Dexmedetomidina é um agonista altamente seletivo
dos adrenoceptoresalfa-2que oferecesedac¸ão, analgesia
e simpatólise. Embora a administrac¸ão perioperatória de
dexmedetomidinaestejaassociadaaumareduc¸ãoda
inten-sidadedadornopós-operatório,doconsumodeanalgésicos
e denauseas,7---12 suapropriedadeanalgésicaé menos
efi-caz em comparac¸ão com remifentanil.13 Relatou-se que
lidocaína intravenosa (IV) tem propriedades analgésicas,
anti-hiperálgicaseanti-inflamatórias.Ainfusãointravenosa
delidocaínanoperíodoperioperatórioéseguraetem
vanta-gensclaras,comoreduc¸ãodanecessidadedeanestésicosno
intraoperatório,escoresmenoresdedor,reduc¸ãoda
mais rápido da func¸ão intestinal e tempo mais curto de internac¸ão.14---20 Portanto,anossahipótesefoiquea
anes-tesiavenosatotal (AVT)coma combinac¸ão delidocaínae
dexmedetomidinaparasubstituirosopioidesseriauma
téc-nicaviávelparaaCLeestariaassociadaaumanecessidade
menordefentanilemenosincidênciadeNVPO.
Este foi umestudo prospectivo, randomizado e
duplo--cegoconduzidoparacompararoefeitodastécnicasdeAVT
livredeopioides(comousodeinfusõesde
dexmedetomi-dina,lidocaína e propofol)e baseadaem opioides(como
usodeinfusõesderemifentanile propofol)sobrea
inten-sidadedador nopós-operatório e a incidência deefeitos
colateraisempacientesprogramadosparaCL.
Métodos
Depoisdeobteraaprovac¸ãodoComitêdeÉticaeostermos
de consentimento informadoassinados pelos pacientes,o
estudofoiconduzidoentrejunhode2012eabrilde2013em
nossohospitaluniversitário.Ospacientesprogramadospara
colecistectomia laparoscópica eletiva, entre 20-60anos e
comestadosfísicosASAIouII,deacordocomaclassificac¸ão
daSociedadeAmericanadeAnestesiologistas(ASA),foram
incluídosnoestudo.Oscritériosdeexclusãoforam:índice
demassacorporal>35kgm−2,grávidas,emamamentac¸ão
oumenstruadas, insuficiênciahepática,renaloucardíaca,
diabetes, históriadedor crônica,abusodeálcool ou
dro-gas,doenc¸aspsiquiátricas,alergiaoucontraindicac¸ãopara
qualquer um dos fármacos do estudo e incapacidade de
compreender a avaliac¸ão da dor e de usar o dispositivo
deanalgesiacontroladapelopaciente(ACP).Aassinaturado
termodeconsentimentoinformadofoiobtidadospacientes
antesdarandomizac¸ão.
Randomizac¸ãoeduplo-cego
Os pacientes foram randomicamente alocados em dois
grupos parareceberanestesia livrede opioidescom
infu-sões de dexmedetomidina (carga de 0,6gkg−1, infusão
de 0,3gkg−1h−1), lidocaína (carga de 1,5mgkg−1, infu-sãode2mgkg−1h−1)epropofol(GrupoDL)ouparareceber
anestesia baseada em opioides com infusões de fentanil
e remifentanil (0,25gkg−1min−1) e propofol (Grupo RF) (fig.1).
A técnica simples de randomizac¸ão foi feita com
80envelopesopacoslacrados,40paracadagrupo,indicou
adesignac¸ãodogrupoedescreveuoprotocoloanestésico.
Antesdainduc¸ãodaanestesia,umanestesiologistaabriao
próximoenvelopenasequênciaerevelavaaalocac¸ãopara
tratamento.Esseanestesiologistaapenaspreparouos
medi-camentosdo estudo e não esteve envolvidona coletade
dadosnosperíodospré-epós-operatórioounomanejodas
anestesiasadministradasaospacientes.
Atabela1apresentaográficodotempodemanejo
anes-tésico.Osmedicamentosforamaplicados comseringasde
10mL e 50mL rotuladas como «carga» ou«infusão»,
res-pectivamente.Para garantiro desenho«cego»doestudo,
asdoses decargados medicamentos(dexmedetomidina e
lidocaínanoGrupoDLoufentanilesoluc¸ãosalinanormalno
GrupoRF)foramcalculadasdeacordocomopesocorporal
Avaliados para elegibilidade (n = 197)
Excluídos (n = 112)
- Não atenderam aos critérios de inclusão (n = 96) - Recusaram participar (n = 16)
Analisados (n = 40) Excluídos da análise (n = 0) Perdidos para o acompanhamento (n = 0) Descontinuaram a intervenção (n = 2) Motivos: conversão para
aberto (n = 1), incapacidade de usar ACP (n = 1) Alocados no grupo RF (n = 42)
- Receberam a intervenção conforme alocados (n = 42)
Perdidos para o acompanhamento (n = 0) Descontinuaram a intervenção (n = 3) Motivos: conversão para
aberto (n = 2), incapacidade de usar ACP (n = 1) Alocados no grupo DL (n = 43)
- Receberam a intervenção conforme alocados (n = 43)
Analisados (n = 40) Excluídos da análise (n = 0) Alocação
Análise Acompanhamento
Randomizados (n = 85) Recrutamento
Tabela1 Gráficodotempodemanejoanestésico
Pré-medicac¸ão Carga(10min) Induc¸ão Manutenc¸ão
A↓ B↓ C↓ D↓
GrupoDL
Midazolam (0,03mgkg−1)
Carga1:
Dexmedetomidina (0,6gkg−1)
Infusão1:
Dexmedetomidina (0,3gkg−1h−1) (0,3mLkg−1) Carga2:
Lidocaína(1,5mgkg−1)
Infusão2:Lidocaína(2mgkg−1h−1)(0,1mLkg−1)
Propofol(1,5mgkg−1) Propofol(3-12mgkg−1h−1)
GrupoRF
Midazolam (0,03mgkg−1)
Carga1:Fentanil (2gkg−1)
Infusão1:Remifentanil(0,25gkg−1min−1)(0,3mLkg−1)
Carga2:0,9%Salina Infusão2:Soluc¸ãosalinaa0,9%(0,1mLkg−1)
Propofol(1,5mgkg−1) Propofol(3-12mgkg−1h−1)
A,valoreshemodinâmicosbasaisregistrados;B,intubac¸ãoendotraqueal;C,«Infusão2»foiinterrompidaapósaextrac¸ãodavesícula biliar;D,fimdacirurgia,ainfusãodepropofole«Infusão1»foraminterrompidas.
dos pacientes e diluídas em volumes de 10mL rotulados
como «carga-1» e «carga-2» na ordem de administrac¸ão.
Osmedicamentosdeinfusão(dexmedetomidinaelidocaína
noGrupoDLouremifentanilesoluc¸ãosalinanoGrupoRF)
forampreparadosem seringas de 50mLe rotulados como
«infusão-1»e«infusão-2»,respectivamente.
Técnicaanestésica
Na sala de pré-operatório, os pacientes foram instruídos
sobre o uso da escala de classificac¸ão numérica (ECN) e
da bomba de analgesia controlada pelo paciente (ACP).
Um anestesiologista, «cego» para a alocac¸ão dos grupos,
fez todos os procedimentos. Ao dar entrada na sala de
cirurgia, os pacientes receberam monitoramento padrão
com ECG, pressão arterial não invasiva, oximetria de
pulso, temperatura e índice bispectral (BIS). Após a pré--medicac¸ãocommidazolam(0,03mgkg−1),osvaloresbasais
de frequência cardíaca (FC) e a pressão arterial média
(PAM) foram determinados. A média foi obtida de três
mensurac¸ões consecutivas. Aplicac¸ão por via intravenosa de soluc¸ão cristaloide balanceada (Isolyte-S) foi iniciada epré-oxigenac¸ão com 5Lmin−1 de oxigêniopuro foi feita
durante a administrac¸ão das doses de carga. Antes da
induc¸ão, os pacientesdo Grupo DLreceberam 0,6gkg−1
de dexmedetomidina (carga-1) diluídas em um volume
totalde10Leinfundidaspor10minutos.Paraevitarviés, ospacientesdogrupo RF receberam2gkg−1 defentanil
da mesma forma. Para a induc¸ão, infusões de
dexmede-tomidinaou remifentanil(em concentrac¸õesde 1gmL−1
e50gmL−1, respectivamente,rotuladascomo infusão-1)
a 0,3mLkg−1h−1 foram iniciadas. Lidocaína em dose de
1,5mgkg−1(carga-2)noGrupoDLousoluc¸ãosalinanormal
no Grupo RF e propofol (1,5mgkg−1) foram
administra-das. Infusões de lidocaína (20mg.mL-1) ou soluc¸ão salina
(infusão-2)a0,1mLkg−1h−1edepropofola10mgkg−1h−1
foram iniciadas imediatamente após as doses de carga.
Vecuronium(0,1mgkg−1) foiadministradoIV parafacilitar
aintubac¸ãotraqueal.
A dose de dexmedetomidina foi baseada em estudo21
quecomparouAVTcomdexmedetomidinavs.fentanilenão
encontroudiferenc¸anostemposdeextubac¸ãoealta.Adose
deremifentanilfoibaseadaemestudosqueobtiveram
anal-gesiasuficienteparaCL.22,23
As taxas de infusão de dexmedetomidina e lidocaína
no Grupo DL ou de remifentanil e salina no Grupo RF
foramconstantesduranteacirurgia.Ataxadeperfusãode
propofol foiajustada para3-12mgkg−1h−1 para manter a
PAM dentro de±20%do valorbasal e o BISabaixo de 50.
A administrac¸ão delidocaína ousoluc¸ão salinanormal foi encerradaapósaextrac¸ãodavesículabiliarou
aproximada-mente10minutosantesdotérminodacirurgia.Asincisões
cutâneas foram infiltradas com 15-20mL de bupivacaína
a 0,5% com1:80.000 deadrenalina antesdofechamento.
As infusõesdedexmedetomidina ouremifentanile
propo-folforamdescontinuadasduranteofechamentodaincisão.
O bloqueio neuromuscular residual foi antagonizado com
neostigmina (0,05mgkg−1) e atropina (0,02mgkg−1) e a
extubac¸ãotraquealfeitaquandoospacientesatingiramum
padrãoregularderespirac¸ãoespontânea.
Ospulmões forammecanicamenteventiladoscomuma
mistura deoxigênio e ar (FiO2: 50%; volumecorrente:
7-10mLkg−1;frequênciarespiratória:10-14min−1)paraobter
umvalordedióxidodecarbononofimdaexpirac¸ão(EtCO2)
entre 30-35mmHg. Bloqueio neuromuscular suplementar
foiobtidocomvecurônioapós avaliara func¸ão
neuromus-cular com a sequência dequatro estímulos.Normotermia
intraoperatóriafoimantidacomcobertoresdeaquecimento
a ar forc¸ado, posicionados sobre as partes expostas do
corpo,ecristaloidesforamadministradosIVaumataxade
6-12mLkg−1h−1duranteaanestesia.Todosospacientes
usa-rammeiascompressivasereceberam40mgdeenoxaparina
porviasubcutâneaantesdacirurgia,8mgdedexametasona
e50mgdedexcetoprofenotrometamolIVapósainduc¸ãoda
anestesiae1gdeparacetamolIVapósaextrac¸ãodavesícula
biliar.
Pressãoarterial nãoinvasivafoiavaliada emintervalos
depelo menostrêsminutosdurantea anestesia.
bradicardia(FC<45bpm)tratadacomatropinaIV(0,5-1mg).
UmadosedenitroglicerinaembolusIVde0,1mgfoi
admi-nistradanapresenc¸adePAM>120mmHg.
Cirurgia
Cirurgiões experientes em colecistectomia laparoscópica
fizeram ascirurgias com atécnica padrãode 4-trocartes.
Apósaintubac¸ãotraqueal,umasondanasogástricafoi
inse-rida e o conteúdo estomacal aspirado. Um trocarte de
12-mm com ponta obtusa foi usado para acessar a
cavi-dade peritoneal. Pneumoperitônio foi obtido com dióxido
decarbono ea pressãointra-abdominal foi mantidaa
12-14mmHgdurantetodaacirurgia.Trêstrocartesadicionais
de5mm foramintroduzidos e o paciente foi colocadona
posic¸ãoreversadeTrendelenburga30grausegiradopara
oladoesquerdoparafacilitaraexposic¸ãodavesículabiliar. Nofimdacirurgia,opacienteretornouàposic¸ãosupinaeo
dióxidodecarbonoinsufladofoicuidadosamenteevacuado
porcompressãomanualdoabdome.
Cuidadospós-operatórios
Imediatamenteapósaextubac¸ão,umabombadeACPestava
prontaparausopor seishoras.A bombafoi ajustadapara
liberarumadosedefentanilembolusIVde20g,com
blo-queio de cincominutos,sem infusão contínua e limite de
dose.Atransferênciadasaladerecuperac¸ãopós-anestésica
(SRPA) paraa enfermariacirúrgica foi consideradasegura
quandoo pacienteatingiu oescore modificadodeAldrete
≥ 9. Embora a CL seja estabelecida como um
procedi-mento ambulatorial,nossoprotocolo foiprogramado para
ainternac¸ãodetodosospacientespor24horaspara
garan-tiroacompanhamentoadequadoeacoletaapropriadados
dados.Ospacientestiverampermissãoparatomarágua
qua-trohorasapósaextubac¸ão.Episódiosdenáuseaevômitono
períodopós-operatórioforamtratadoscommetoclopramida
(10mgIV),comoitohorasdeintervalo,ecasonãofosse
efi-cazem15minutos,ondansetrona(4mgIV)foiadministrada.
ApósotérminodaACP,todosospacientesreceberamdoses
oraisdeparacetamol(500mg,4x1)edexcetoprofeno
tro-metamol(25mg,3x1)etramadol(100mg)comoanalgésico
deresgate.Osinvestigadores,«cegos»paraaalocac¸ãodos
grupose semacessoaosregistrosintraoperatórios,
avalia-ramtodososresultadosnaSRPAenaenfermariacirúrgica.
OsescoresdedorforamavaliadoscomaECNde11pontos
(0:semdor;10:piordorimaginável).
Os seguintes dados foram coletados: características
demográficas dos pacientes, história de tabagismo, enjoo
aos movimentose NVPO, temposde cirurgia e anestesia,
quantidade de medicamentos usados durante a
cirur-gia, quantidade de fentanil usada no pós-operatório de
seishoras,ECN,incidênciadeNVPOeoutroseventos
adver-sos.
Análiseestatística
Odesfechoprimáriofoiaquantidadeconsumidadefentanil
paraalívio dadornas primeirasseishoras pós-extubac¸ão.
Os desfechos secundários foram tempo de recuperac¸ão,
incidênciadeNVPOe escoremáximodedorna ECN
(ECN--max)naenfermariacirúrgicaapósadescontinuac¸ãodaACP.
O tamanho necessário da amostra foi baseado em dados
preliminares deumestudo piloto anteriorconduzido com
10pacientes,cujoconsumodefentanilfoide200±152g
noGrupoRFede120±88gnoGrupoDL.Assim,umrisco
alfa de 0,05 e 39 pacientes por grupo forneceria 80% de
poderedetectaria40%dereduc¸ãonoconsumodefentanil
emumgrupodetratamento.Osresultadosforamexpressos
comomedianasequartiseasvariáveiscomoporcentagens.
OtesteUdeMann-Whitneyfoiusadoparacompararos
parâ-metroscontínuoseo testeexatodeFisherparacomparar
asvariáveis nãoparamétricas. Todas asanálises
estatísti-casforamfeitascomoprogramaestatísticocomercialmente
disponívelSPSSv.16.0(SPSSInc.,Chicago,IL,EUA).Umvalor deprobabilidadeinferiora0,05foiconsiderado estatistica-mentesignificativo.
Resultados
Dos197pacientesabordados,66nãoatenderamaos
crité-riosdeinclusão,14recusaramparticipardoestudoequatro
foramrevertidosparacirurgiaaberta.Restaram80
pacien-tesadequadosparaseremincluídosnesteestudo(fig.1).
As características dos pacientes e os dados
periopera-tórios são detalhados na tabela 2. Não houve diferenc¸a
significativaentreosgrupos em relac¸ão àscaracterísticas
dospacientes.Ostempos dealta, consumode propofole
orientac¸ãonaSRPAforamsignificativamentemaislongosno
grupoDL.
OsvaloresbasaisdeFCePAMforamcomparáveisentre
osgrupos.AsmédiasdosvaloresbasaisdeFCePAMapósa
induc¸ão,duranteaintubac¸ãoenosminutosum,quatro,sete
e10depneumoperitônioforamsignificativamentemaiores
nogrupo DL(fig. 2).O númerodepacientesque precisou
deefedrinaparatratarhipotensãofoimaiornoGrupoRFe
onúmerodepacientesqueprecisoudenitroglicerinapara
tratarhipertensãofoi maiornoGrupo DL.O usode
nitro-glicerinanoGrupo DL(n=11)foi principalmentenoinício
dopneumoperitônio(n=9).Outrosefeitoscolateraisforam
comparáveisentreosgrupos,excetopelousode
ondanse-trona(tabela3).NenhumdospacientesdogrupoDLprecisou
deondansetrona para tratar NVPO (p<0,05). Nenhum dos
80 77
76 67
76
73 72 71 72
66* 66* 65* 63* 64* 62*
Grupo RF Grupo DL 70
60
50
0 BI AI P1 P4 P7 P10
Frequência cardíaca (FC)
Tabela2 Característicasdemográficasedadosnoperioperatório
GrupoRFn=40 GrupoDLn=40 p
Homem/mulher 13/27 12/28 NS
Idade(anos) 43,8±9,3 43,1±10,6 NS
Peso(kg) 79,2±14,4 74,2±14,7 NS
Altura(cm) 1,65±0,08 1,65±0,09 NS
Índicedemassacorporal(kgm−2) 28,9±4,1 27,2±3,9 NS
ASAI/II 31/9 34/6 NS
Históriadetabagismo:n(%) 10(25) 13(33) NS
HistóriadeNVPOanterior:n(%) 4(10) 7(18) NS
Históriadeenjooaosmovimentos:n(%) 1(2,5) 1(2,5) NS
Tempodecirurgia(min) 57,5(45,2-68,8) 50,5(41,2-68) NS
Tempodeanestesia(min) 70(57,8-79,5) 64,5(51-81,2) NS
Dosesdepropofolparamanutenc¸ão(mgkg−1h−1) 5,18±1,15 6,23±1,47 0,003
Consumoderemifentanil(g) 1430±592 ---
---Consumodedexmedetomidina(g) --- 71±19
---Consumodelidocaína(mg) --- 256±90
---Tempodeextubac¸ão(min) 9(7-12,8) 10(7-16) NS
Tempodeorientac¸ão(min) 13(10-15,8) 14(12-21) 0,045
TempodealtadaSRPA(min) 10(10-15) 15(10-20) <0,001
Dadosexpressoscomonúmerorelativodospacientes,média±desviopadrão,mediana(percentil25◦-75◦)ounúmeroabsoluto
(porcen-tagem).
NS, não significativo; ASA, Sociedade Americana de Anestesiologistas; NVPO, náusea e vômito no pós-operatório; SRPA, sala de recuperac¸ãopós-anestésica.
Tabela3 Incidênciadeeventoseefeitossecundários
GrupoRFn=40 GrupoDLn=40 p
Usodeefedrina 8(20) 1(3) 0,029
Usodenitroglicerina 0 11(28) <0,001
Bradicardianointraoperatório 4(10) 0 NS
Taquicardianointraoperatório 0 1(3) NS
Usodedrenagemsubepática 6(15) 5(13) NS
Tremor 10(25) 3(8) NS
Náusea 13(33) 5(13) NS
Vômito 5(13) 1(3) NS
Usodeondansetrona 6(15) 0 0,026
Valoresexpressoscomonúmerodepacientes(porcentagem). NS,nãosignificativo.
pacientesem ambososgruposrelatou lembrardeeventos
intraoperatóriosouqueixou-sedequaisquerefeitos secun-dáriosquepudessemestarrelacionadosàlidocaína(arritmia
cardíaca, dormência perioral, gosto metálico, zumbido e
distúrbiosvisuais).
TrêspacientesdogrupoRFe seisdoGrupoDLcomdor
mínima preferiram não usar a ACP (0>0,05). O consumo defentanil nopós-operatório duashoras apósaextubac¸ão
eECN-maxenecessidadedeanalgésicoderesgate apósa
interrupc¸ãodeACP com fentanilforamsignificativamente
menores no grupo DL (tabela 4). O consumo cumulativo
defentanil nopós-operatório após quatroe seishoras de
extubac¸ãofoicomparávelentreosgrupos(fig.3).
Discussão
Os resultados deste estudo indicam que a AVT livre de
opioides com infusões de dexmedetomidina, lidocaína e
120
96 94
67 72
80 81 81 83
Grupo RF Grupo DL 110
100
90
80
70
60
0 BI AI P1 P4 P7 P10
Pressão arterial média (PAM)
94* 91* 100*
108*
98*
85*
Tabela4 Análisedaintensidadedadornopós-operatório
GrupoRFn=40 GrupoDLn=40 p
Consumodefentanilnopós-operatório
0-2h(g) 120±94(110) 75±59(60) 0,04
0-4h(g) 185±143(160) 123±100(120) NS
0-6h(g) 235±175(220) 162±142(150) NS
ECN-max 4(2-6) 3(2-4) 0,028
ECN-maxtosse 5,5(3-7) 4(3-5) 0,015
Adornoombro(n) 7(18%) 10(25%) NS
Analgésicoderesgatenecessário(n) 19(48%) 9(23%) 0,034
Dadosexpressoscomomédia±desvio-padrão(mediana),amediana(percentil25◦-75◦)ouonúmeroabsolutodepacientes
(porcenta-gem).NS,nãosignificativo,ECN-max,escoremáximodaescaladeclassificac¸ãonuméricadaintensidadedadornaenfermariacirúrgica apósadescontinuac¸ãodaACP.
propofol em comparac¸ão com a AVT baseada em
opioi-descominfusõesderemifentanilepropofolestáassociada
aoconsumo menordefentanilnopós-operatórioimediato
(zero-duashoras)de CL.O feitoanalgésicoprolongado de
dexmedetomidina pode explicar esse achado,mas o
con-sumototaldedexmedetomidinanoGrupoDLfoi<1gkg−1
namaioriadoscasoseospacientesdoGrupoRFreceberam fentanilnopré-operatório,oquetambémpodeter prolon-gadooefeitoanalgésico.Portanto,ahiperalgesiainduzida poropioidespareceserumaexplicac¸ãomaisrazoávelpara
esse achado. O consumo cumulativo de fentanil foi
com-parável em quatro e seis horas de pós-operatório, o que
pode ser devido ao tratamento da dor no pós-operatório
comoutroopioidepotente(fentanil)quepodecausar hipe-ralgesiae/outolerância.Sepudéssemosfazerotratamento
dador nopós-operatório livrede opioides,o consumo de
analgésicosnoGrupoDLpoderiacontinuarsendo significa-tivamentemenoremquatroeseishorasdepós-operatório.
Assim,osescoresdaECN-maxe anecessidadede
analgé-sicoderesgateapósadescontinuac¸ãodaACPcomfentanil
foramsignificativamentemenoresnoGrupoDL.
Opioides potentes são geralmente usados para
contro-larainstabilidadecardiovascularnoperíodointraoperatório
por causa do pneumoperitônio em CL.24 Relatou-se que,
em pacientes submetidos à CL, a infusão intraoperatória
delidocaínaemcombinac¸ãocomdosesbaixasdeopioides
foi associada ao menor consumo deopioides no
intraope-ratório e pós-operatório.18,19 Park et al.25 relataram que
osescoresdedorapósCLforammenores noperíodo
pós--operatório imediato com a adic¸ão de dexmedetomidina
ao regime analgésico multimodal. Dexmedetomidina tem
propriedades analgésicas menos potentes do que os
opi-oides e tem sido usada como um substituto de opioides
emdiversasintervenc¸õescirúrgicas,21,26---28estáassociadaa menosdoreNVPOnopós-operatório,21,27,27,28masapresenta
recuperac¸ão lenta.26,27 Além disso, o uso de
dexmedeto-midina (com algum suporte de fentanil) para substituir
remifentanil em AVT durante cirurgias ginecológicas por
vídeo laparoscopia foi relatado como eficaz.29 Porém, a
colecistectomia laparoscópica não é comparável a outros
procedimentoslaparoscópicoseestáassociadaaoaumento
darespostasimpatoadrenal;portanto,queríamosaumentar
osefeitos analgésicosdedexmedetomidina e lidocaínaao
combinaressesagentes.
Relatou-sequedexmedetomidinaaumentaaac¸ão
anes-tésicalocaldelidocaínaemcobaias30emelhoraaqualidade
da anestesia e analgesia no perioperatório, quando
adi-cionada à lidocaína para administrac¸ão IV de anestesia
regional.31 Acombinac¸ãodedexmedetomidina,lidocaínae
propofolfoidefinidaparaaintubac¸ãotraquealsemousode relaxantesmusculareseresultouemcondic¸õesdeintubac¸ão
estatisticamente mais satisfatórias em comparac¸ão com
fentanil.32 Porém, o efeito analgésico da combinac¸ão de
dexmedetomidinaelidocaínaemanestesiavenosatotalnão
foiavaliadoantesdenossoestudo.
EstudosanteriorescompacientessubmetidosàCL
mos-traramqueainfusãodeesmololnointraoperatório,emvez
deopioides,está associadaàreduc¸ãodoconsumo de
opi-oidesnopós-operatório.5,6Emestudosemelhanteaonosso,
Collardetal.5compararamfentanil,remifentanileesmolol
comoadjuvantesemanestesiacomdesfluranoparaCLeos
pacientesdogrupo esmololconsumiram 100g(mediana)
defentanilduranteo períodopós-operatório(duashoras),
oqueparecesercomparávelcomnossogrupobaseadoem
opioides.Emnossoestudo,administramospropofolemvez
dedesfluranoe constatamos associac¸ão com umconsumo
menordeanalgésicos noperíodopós-operatóriodurantea
anestesiabaseadaemremifentanil.22,33Alémdisso,propofol
tempropriedadesantieméticas.Ousodepropofolemvezde
anestésicosinalatóriosemCLparecemaisadequadonesse
conceitode«livredeopioides».Porém,sugeriu-seque
dex-medetomidina,comoadjuvantedepropofol,poderetardar
arecuperac¸ãoduranteaAVT.34Issoéconsistentecomnosso estudo,enquantoqueostemposdealtaeorientac¸ãonaSRPA
foramsignificativamente maiores no Grupo DL. Isso pode
serdevido a umataxa maiordeinfusão de propofolpara
controlararespostahemodinâmicaaopneumoperitôneo.
Odesenhoduplo-cegodoestudopodeserumalimitac¸ão;
comoastaxasdeinfusãodedexmedetomidinae
remifen-tanilforamconstantes,ousodenitroglicerinaouefedrina
foinecessárioparacontrolarasalterac¸õeshemodinâmicas
em alguns pacientes. Como 28% dos pacientes do Grupo
DL apresentaram hipertensão no início do
pneumoperitô-nioeconsiderandoousomaiordenitroglicerinanoGrupo
DL,oprotocolopodesermodificadocomaadic¸ãodeuma
pequenaquantidadedeopiáceoouumataxamaiorde
per-fusãodedexmedetomidina(cargade1gkg−1emanutenc¸ão
Emalgunspacientes,podeserrazoávelpreferiro
prolonga-mentodarecuperac¸ãoaoaumentodaintensidadedadorno
pós-operatórioedosepisódiosdeNVPO.Alémdisso,ouso
dedesflurano em vez depropofol (dose máxima limitada
a12mg kg−1 h−1)noGrupo DL podeteraliviado os
even-toshipertensivoseestarassociadoaotempomaiscurtode
recuperac¸ão.
A dor após CL é altamente variável entre os
pacien-tes. A técnica de anestesia e o tratamento analgésico
no pós-operatório precisam ser individualizados. Como
dexmedetomidina e lidocaína diminuíram o consumo de
anestésicose opioides,érazoáveladicionaresses agentes
emregimedeanestesiaparaCL.Adependênciadeopioides
eoaltoriscodeNVPOpodemserrazõesparaapreferência
dessatécnicalivredeopioides.
Em conclusão: AVT livre de opioides com
dexmede-tomidina, lidocaína e propofol em comparac¸ão com a
AVT baseada em opioides com remifentanil e propofol
está associada ao menor consumo defentanil noperíodo
pós-operatórioimediato(zero-duashoras).Alémdisso,
ECN--max, necessidade de analgésico de resgate e uso de
ondansetrona foram significativamente menores no grupo
livre de opioides no primeiro dia de pós-operatório. A
despeito dotempo prolongado derecuperac¸ão, a
aneste-sia livre de opioides com dexmedetomidina, lidocaína e
propofolpodeserumatécnicaopcionalparaCLem
pacien-tesselecionados,especialmenteaquelescomaltoriscode
NVPO.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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