REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologiawww.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
Avaliac
¸ão
comparativa
entre
metaraminol,
fenilefrina
e
efedrina
na
profilaxia
e
no
tratamento
da
hipotensão
em
cesarianas
sob
raquianestesia
Fábio
Farias
de
Aragão
a,b,∗,
Pedro
Wanderley
de
Aragão
b,
Carlos
Alberto
de
Souza
Martins
a,b,
Natalino
Salgado
Filho
be
Elizabeth
de
Souza
Barcelos
Barroqueiro
baSociedadeBrasileiradeAnestesiologia,Brasil
bUniversidadeFederaldoMaranhão(UFMA),SãoLuís,MA,Brasil
Recebidoem28dejunhode2013;aceitoem25dejulhode2013
PALAVRAS-CHAVE
Anestesia; Cesariana; Raquianestesia; Hipotensão; Agentes
vasoconstritores
Resumo Hipotensãomaternaéumacomplicac¸ãocomumapósraquianestesiaemcirurgia cesa-riana,trazendoefeitosdeletériosparaofetoeamãe.Entreasestratégiascomoobjetivode minimizarosefeitosdahipotensão,aadministrac¸ãodevasopressoreséamaiseficiente.O obje-tivodesteestudofoicompararaeficáciadafenilefrina,metaraminoleefedrinanaprevenc¸ão etratamentodehipotensãoapósraquianestesiaemcirurgiacesariana.Noventagestantesque nãoestavamemtrabalhodepartosubmetidasàcesarianaeletivaforamrandomizadasemtrês gruposparareceberumbolus,seguidodeinfusãocontínuadevasopressordaseguinteforma: GrupoFenilefrina(50g+50g/min);GrupoMetaraminol(0,25mg+0,25mg/min);Grupo Efe-drina(4mg+4mg/min).Adosedainfusãofoidobradaquandoapressãoarterialsistólica(PAS) decresceuaté80%dosvaloresbasaiseumbolusfoidadoquandoaPASdecresceuparavalores abaixode80%.AdosedainfusãofoidivididaaomeioquandoaPASaumentouaté120%efoi interrompidaquandomaiselevada.Foramanalisadasasincidênciasdehipotensão,náusease vômitos,hipertensãoreativa,bradicardia,taquicardiaeescoresdeApgarnoprimeiroequinto minutosegasesdesanguearterialdocordãoumbilical.
Não houve diferenc¸as nas incidências de hipotensão, bradicardia, hipertensão reativa, interrupc¸ãodainfusão, administrac¸ãodeatropinaou escoresdeApgar.A administrac¸ãode bolusderesgateforamsuperioresapenasnoGrupoEfedrinaemcomparac¸ãocom Metarami-nol.AincidênciadenáuseasevômitoseacidosefetalforamsuperioresnoGrupoEfedrina.Os trêsfármacosforameficazesnaprevenc¸ãodehipotensão,masrepercussõesfetaisforammais frequentesnoGrupoEfedrina,emboratransitórias.
©2014SociedadeBrasileira deAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:fabio.aragao30@gmail.com(F.F.deAragão). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2013.07.014
KEYWORDS
Anesthesia;
Cesareansection;
Spinalanesthesia;
Hypotension; Vasoconstrictor agents
Comparisonofmetaraminol,phenylephrineandephedrineinprophylaxisand treatmentofhypotensionincesareansectionunderspinalanesthesia
Abstract Maternalhypotensionisacommoncomplicationafter spinalanesthesia for cesa-reansection, withdeleteriouseffectsonthefetusandmother.Among thestrategiesaimed atminimizingtheeffectsofhypotension,vasopressoradministrationisthemostefficient.The aimofthisstudywastocomparetheefficacyofphenylephrine,metaraminol,andephedrine inthepreventionandtreatmentofhypotensionafterspinalanesthesiaforcesareansection. Ninetypregnantwomen,notinlabor,undergoingcesareansectionwererandomizedintothree groupstoreceiveabolusfollowedbycontinuousinfusionofvasopressorasfollows: phenyleph-rine group(50g+50g/min);metaraminol group(0.25mg+0.25mg/min);ephedrine group (4mg+4mg/min).Infusiondosewasdoubledwhensystolicbloodpressuredecreasedto80%of baselineandaboluswasgivenwhensystolicbloodpressuredecreasedbelow80%.Theinfusion dosewasdividedinhalfwhensystolicbloodpressureincreasedto120%andwasstoppedwhen itbecamehigher.Theincidenceofhypotension,nauseaandvomiting,reactivehypertension, bradycardia,tachycardia,Apgarscores,andarterialcordbloodgaseswereassessedatthe1st and5thminutes.
Therewasnodifferenceintheincidenceofhypotension,bradycardia,reactivehypertension, infusiondiscontinuation,atropineadministrationorApgarscores.Rescueboluseswerehigher onlyintheephedrine group compared tometaraminol group.The incidenceofnauseaand vomitingandfetalacidosisweregreaterintheephedrinegroup.Thethreedrugswereeffective inpreventinghypotension;however,fetaleffectsweremorefrequentintheephedrinegroup, althoughtransient.
©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevier EditoraLtda.Allrights reserved.
Introduc
¸ão
Ahipotensãoarterialmaternaapósraquianestesiaem
cesa-rianaséumacomplicac¸ãofrequenteepodeocorrerematé
80%doscasos.1Quandonãotratadaprontamente,pode
oca-sionarefeitosindesejáveis namãeenofeto.2Namãe, os
efeitosmaiscomunssãonáuseasevômitos,emborapossam ocorrercomplicac¸õesmaisgraves,taiscomocolapso circu-latórioe paradacardíaca, seotratamento nãofor rápido eeficiente.Nofeto,ahipoperfusãoplacentáriapode acar-retarsofrimentofetal,o qualsemanifestarácomacidose fetal,aumentodobaseexcessebaixosvaloresdeApgar.3
Váriasestratégiastêmsidousadasparaprevenirou mini-mizarahipotensão,comoinfusãodefluidosporviavenosa, deslocamentouterinoparaaesquerdaecompressãoelástica de membros inferiores. Entretanto, essas medidas sozi-nhas geralmente não são efetivas. É necessário o uso de vasopressores.4
O vasopressor ideal deveria compensar os efeitos pro-gressivosdobloqueiosimpáticoascendente,oqueédifícil dealcanc¸ar, pois asatividades ␣ e -adrenérgicas podem variarindependentementeduranteainstalac¸ãodobloqueio. Ainda,a alterac¸ão daatividadesimpáticapodeser órgão--específica(inibic¸ãodasfibrascardíacas),região-específica (inibic¸ão na porc¸ão inferior docorpo e aumentoda ativi-dade na porc¸ão superior docorpo) ou sistêmica (inibic¸ão daliberac¸ãodecatecolaminasdamedulaadrenal).Os vaso-pressoresmaiscomumenteusados(fenilefrina,metaraminol eefedrina)apresentamprincipalmenteefeitossistêmicose podemapresentarefeitosindesejáveisemórgãos,nosleitos vascularesounofeto.5
Aefedrinaéumsimpatomimético,nãocatecolamínico, que estimula os receptores ␣ e -adrenérgicos por ac¸ão
direta eindireta.Tornou-se ovasopressordeescolhapara tratamentoeprofilaxiadahipotensãoapósestudoem ove-lhas,feitonadécadade1970,oqualevidencioualterac¸ões mínimasnofluxosanguíneouterinoapóssuaadministrac¸ão, enquanto fármacosqueapresentamefeito␣-agonista pre-dominantecausavamreduc¸ãoimportantenofluxo.6
Entretanto,asupremaciadaefedrinacomovasopressor deescolhaemcesarianaspassouaserquestionadaapósser associada à acidosefetale a valoresde baseexcess mais baixosquandocomparadaaosvasopressorescomefeito␣ --agonista predominante. Esse fato é explicável porque a efedrina atravessa a barreira uteroplacentária, age dire-tamentenofetoe aumentaseu metabolismopormeiode receptores2-adrenérgicos.7 Aadministrac¸ão deefedrina
em cesarianas,alémdecausaracidosefetal,passouaser associadatambémamaiorincidênciadenáuseasevômitos maternos.8
Estetrabalhotevecomoobjetivoscompararaeficáciada fenilefrina,dometaraminoledaefedrinanaprevenc¸ãoeno tratamentodahipotensãoarterialmaternaemcesarianas, avaliarosefeitosadversosrelacionadosàterapia vasopres-sorae estudar asalterac¸ões fetaispormeiodoescore de Apgar e das gasometriasarteriais e venosas dosangue do cordãoumbilical.
Metodologia
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê deÉtica em Pesquisa do Hospital Universitário Presidente Dutra sob o Parecer n◦ 174/11. As gestantes foram incluídas na
aleatório, duplamenteencoberto, que envolveugestantes comidadegestacionalentre39semanaseumdiae40 sema-naseseisdiassubmetidasapartocesarianoeletivoemuma maternidadeparticulardeSãoLuís(MA).
Amostra
Odesfechoprimáriofoio pHdaartériadocordão umbili-cal,queserviucomobaseparaocálculodaamostra.Com dadosdeestudosanteriores,foicalculadoqueumaamostra de26gestantesporgrupoteriapoderde90%comnívelde significânciade5%dedetectarumadiferenc¸ade0,05 uni-dadenopHdaartériaumbilicalentreosgrupos.Entretanto, comafinalidadedeminimizarpossíveisperdas,ainclusão foiprevistapara30gestantesemcadagrupo.
Critériosdeinclusão,nãoinclusãoeexclusão
Foramincluídasnapesquisagestantes entre39semanase umdiae40semanaseseisdiassubmetidasapartocesariana eletivo,comclassificac¸ãodeestadofísicoASA1(American SocietyofAnesthesiology),comgestac¸ãoúnicaeentre20e 34anos,umavezqueessafaixaetáriamostra-seindiferente paracomplicac¸õesmaterno-fetais.9
Já é bem documentadoque gestantes com idade igual ousuperior a35 anosapresentammaiorprobabilidade de apresentarroturaprematurademembranas,placenta pré-via, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia, alémde maior chancedeapresentardoenc¸as crônicas,como hipertensão sistêmica,10 eque gestantes comidade inferiora 20 anos
apresentammaiorriscodemortefetal.11
Oscritérios denão inclusãoforamrecusa dagestante, comorbidades, anormalidades fetais, contraindicac¸ão a raquianestesiaehistóriadehipersensibilidadeaosfármacos usadosnoestudo.
Os critérios de exclusão foram coletade volume insu-ficiente de sangue do cordão umbilical para dosagem da gasometriaefalhadobloqueioanestésico.
Gruposdetratamento
Asgestantesforamalocadasdeformaaleatóriaemtrês gru-pos: M, asque receberam metaraminol; F,fenilefrina; E, efedrina.Osorteiofoifeitopormeiodeenvelopes sequen-ciaislacradosquecontinhamnúmerosgeradospreviamente porcomputador.Foimantidoosigiloquantoàalocac¸ãotanto paraasgestantesquantoparaoanestesiologistaqueatuou nascirurgias.
Preparodosvasopressores
Foifeitoporumsegundoanestesista,oqualnãoparticipou dacirurgia.As soluc¸õesforampreparadasemumaseringa de20mLdaseguinteforma:
• GrupoF:fenilefrinaa100g/mL; • GrupoM:metaraminola0,5mg/mL; • GrupoE:efedrinaa8mg/mL.
Técnicaanestésica
As pacientes foram monitoradas com eletrocardiograma contínuo,pressãoarterialnãoinvasivaeoxímetrodepulso, com aparelho de monitorac¸ão modelo Infinity Delta (Drä-gerwerkAG&Co.KgaA,2009).
A venóclise com Jelco 18G foi feita e em seguida as gestantes foram colocadas em decúbito dorsal, com
Tabela1 Velocidadedeinfusãodosvasopressores
ValoresdePAS (em%)
Conduta
Acima120% Interrupc¸ãodainfusãoatéretorno dePAS<120%
100e120% Reduc¸ãodavelocidadedeinfusão para15mL/hora
Emtorno de100%
Manutenc¸ãodavelocidadedeinfusão em30mL/hora
80e100% Aumentodavelocidadedeinfusão para60mL/hora
Abaixo80% Bolusde1mLdasoluc¸ão(dose deresgate)eaumentodainfusão para60mL/hora
deslocamento do útero para a esquerda durante alguns
minutos.Emseguidafoiaferidaapressãoarterialtrêsvezes,
comintervalos detrês minutos,ecalculada a média
arit-mética dos valores, que foi considerada a pressão basal
dagestantee registradana ficha decoletade dados.Em
seguida,com a paciente sentada, foi feitaraquianestesia
comagulha27GdotipoWhitacreentreaterceiraeaquarta
vértebraslombares.Foraminjetados10mgdebupivacaína
a0,5%hiperbárica,associadaa100gdemorfina,na
velo-cidadede1mLacada15segundos.12 Imediatamenteapós
obloqueiofoiiniciadahidratac¸ãoconcomitantedesoluc¸ão deRingerlactato10mL.kg---1.13
Apóso bloqueio,a medidadapressão arterialsistólica (PAS)dagestantefoiregistradaemfichadecoletadedados minutoa minuto, atéa extrac¸ão dofeto. Com agulhafoi avaliadooníveldebloqueiosensitivoacadaminutoapósa punc¸ão,pormeiodeestímulodoloroso,atéqueesse atin-giuo níveldo dermátomodaquinta raiznervosa torácica (T5).Foientãoautorizadooiníciodacirurgia.Foram regis-tradosaindaostemposdecorridosdobloqueioatéaincisão dapele,aincisãouterinaearetiradadofeto.12
Protocolodeadministrac¸ãodosvasopressores
Imediatamente após o bloqueio, as gestantes receberam umbolusde0,5mLdasoluc¸ão,oquecorrespondiaa50g defenilefrina, 250gdemetaraminole 4mgdeefedrina, seguido das seguintes doses em infusão venosa contínua com bomba de seringa (Samtronic Saúde e Tecnologia, modelo 670) programadapara umavelocidade de infusão de30mL/hora, de forma que todas recebessem asdoses previamenteestabelecidas:
• GrupoF:fenilefrina50g/min---1;14
• GrupoM:metaraminol250g/min---1;15
• GrupoE:efedrina4mgg/min---1.16
Apesardainfusãocomvelocidadesfixasapresentarmaior facilidadedeexecuc¸ão,foiusadainfusãocomvelocidades variáveisdeacordocomosvaloresdaPAS,afimde permi-tir maioreficácia nocontrole dapressão arterial.17 Dessa
forma,avelocidadedeinfusãodosvasopressoresfoi ajus-tadadeacordocomoprotocolodescritonatabela1.
que o valor basal e, quando ocorreu, foi tratada com a interrupc¸ãodainfusãoatéquandoapressão arterial atin-giavaloresinferioresa120%dapressãobasal,quandoera reiniciadaainfusão.Quandoagestanteapresentoumaisde doisepisódiosdehipertensãoreativa,ainfusãofoisuspensa emdefinitivo(oquefoiregistrado)eepisódiosdehipotensão subsequentesforamtratadoscombolusde1mLdasoluc¸ão eminfusão.Foiconsideradabradicardiaquandoa frequên-ciacardíacaassumiuvaloresinferioresa50batimentospor minutoe,quandoacompanhadadehipotensãoarterial,foi tratadacom0,5mgdeatropina.Foiconsiderado taquicar-dia valor superior a 100 batimentos por minuto.12 Foram
consideradoshipotensão arterialvalores daPAS inferiores a100%daPASbasal.
Avaliac¸ãodagestante
Foram registradas as PAS maternas de minuto a minuto nafichadecoletadedados.Foramanotadosepisódiosde hipotensão,hipertensão,bradicardiaetaquicardia,a neces-sidadededosesderesgate dovasopressor,deinterrupc¸ão dainfusão e administrac¸ão deatropinaatéo nascimento. Foramanotadostambémepisódiosdenáuseasevômitosaté ofimdacesarianae,quandoocorreram,foramtratadoscom 4mgdeondanzetronaendovenosa.
Avaliac¸ãodorecém-nascido
Amostrasdesanguearterialdocordãoumbilicalfetalforam coletadaslogo após o nascimento e foi solicitando que o cirurgião,duranteoclampeamento,retirasseumfragmento comcercade10cmdecomprimentoparaapunc¸ãoarterial. Foram analisadas na própria sala de cirurgia gasometria, lactatoeglicemia,pormeiodeaparelhodegasometria por-tátil(Epoc,EpocalInc.,Ottawa,Canada).Foiconsiderado acidosefetalpHumbilicalmenordoque7,2.18
Osrecém-nascidosforamavaliadospormeiodoescorede Apgarnoprimeiroenoquintominutosdonascimento,pela pediatraassistente,efoiconsiderado Apgar baixoquando foramatribuídosvaloresmenoresdoque7.
Tambémfoiavaliadoodestinodorecém-nascido,sefoi paraaunidade deterapiaintensivaneonatal,seficouem observac¸ãonasaladereanimac¸ãoneonatalousefoiparao apartamento.
Análiseestatística
Osresultados obtidos foramsubmetidos à análise estatís-tica como programa BioEstat 5.3. As variáveisnuméricas foram comparadas nos três grupos por meio do teste de Kruskal-WallisseguidodotestedeMann-Whitney.As variá-veiscategóricasforamcomparadasnostrêsgrupospormeio dotestedequi-quadradoseguidodotesteexatodeFisher. Osresultados foramconsideradosestatisticamente signifi-cantesquandop<0,05.
Resultados
Dentreostrês grupos estudados,todasasgestantes apre-sentaram idade superior a 20 anos e inferior a 35, idade gestacionalentre39semanaseumdiae40semanaseseis diase,atéonascimento,receberamamesmaproporc¸ãode fluidos.
Uma gestante que recebeu efedrina foi excluída, por causadacoletadevolumeinsuficientedesanguedocordão umbilical.
Na avaliac¸ão da gestante, não foram observadas diferenc¸assignificantesnasincidênciasdehipotensão arte-rialnostrêsgrupos,nemnasincidênciasdehipertensão rea-tiva,necessidadedeinterrupc¸ãodainfusãoebradicardia. A administrac¸ão de dose de resgate apresentou diferenc¸a estatísticaentreosgruposMeEefoisuperiornesse,oque nãofoiobservadonoGrupoF.Asincidênciasdetaquicardia, náuseasevômitosforamsuperioresnoGrupoE(tabela2).
A avaliac¸ão clínica dos recém-nascidos não evidenciou diferenc¸anosescoresdeApgarnoprimeironemnoquinto minutos entre os grupos (tabela 3). Apenas um recém--nascido do Grupo E apresentou escore de Apgar inferior a sete no primeiro minuto, associado a acidose fetal. Entretanto, teve melhoria clínica e Apgar igual a nove
Tabela2 Alterac¸õeshemodinâmicasmaternasrelacionadasaobloqueiosimpáticoeefeitoscolateraissecundáriosaterapia vasopressoraemgestantessubmetidasacesarianaeletivasobraquianestesia
Metaraminol n=30
Fenilefrina n=30
Efedrina n=29
p
Hipotensão 5(16,7%) 6(20%) 10(34,5%) 0,23
Hipertensão 11(36,7%) 7(23,3%) 8(27,6%) 0,51
Bradicardia 3(10%) 3(10%) 0(0%) 0,24
Taquicardia 1(3,3%) 0(0%) 12(41,4%)a <0,0001
Doseresgate 2(6,7%) 5(16,7%) 10(33,3%)b 0,02
Náuseas 1(3,3%) 1(3,3%) 9(31,0%)c 0,001
Vômitos 1(3,3%) 1(3,3%) 9(31,0%)d 0,001
Interrupc¸ão 3(10%) 3(10%) 5(17,2%) 0,62
Atropina 2(6,7%) 2(6,7%) 0(0%) 0,36
Resultadosexpressosemfrequência(percentual).(qui-quadrado;Fisher).
Tabela3 Avaliac¸ãoclínicadorecém-nascidopormeiodo testedeApgarnoprimeiroenoquintominutosapóso nas-cimentoemcesarianaseletivassobraquianestesia
Apgar Metaraminol Fenilefrina Efedrina p
1◦minuto 9(7-9) 9(8-9) 9(6-9) 0,7413
5◦minuto 10(9-10) 10(9-10) 10(9-10) 0,7542
Valoresexpressosemmedianaedesviointerquartílico (Kruskal--Wallis).
noquintominuto. Nenhum neonatorecebeumanobras de
reanimac¸ão nem necessitou de cuidados em unidade de
terapiaintensiva.
Na avaliac¸ão laboratorial dos recém-nascidos, a média
depHfoide7,31±0,03noGrupoM,7,30±0,03noGrupo
Fe7,26±0,07noGrupoE.NoGrupoEtrêsrecém-nascidos
(10,3%)apresentarampHinferiora7,20.Entretanto,ovalor
depfoisignificante(p=0,0035).
Considerandoovalormédiodoexcessodebase,ocorreu
diferenc¸asignificativaentreosgruposMeFemrelac¸ãoaoE,
masnãoentreosgruposMeF.Osvaloresdolactatotambém
mostraramdiferenc¸asignificativaentreosgrupos e foram
maioresnoGrupoEemrelac¸ãoaosgruposMeF.Parâmetros
comopO2,pCO2,HCO3eglicemianãomostraramdiferenc¸as
estatísticas(tabela4).
Nãohouvediferenc¸aestatísticaentreosgrupos quanto aos tempos decorridos entre o bloqueio e a incisão da pele, bloqueio e incisão uterina e bloqueio e nascimento (tabela5).
Discussão
As doses dos vasopressores administrados neste estudo foram adequadas para a prevenc¸ão e o tratamento da
hipotensão materna. Atualmente, sabe-se que os três vasopressores são considerados igualmente eficazes na prevenc¸ão da hipotensão arterial em cesarianas eletivas.3,15,19
Quandoafenilefrinaéadministradaeminfusãocontínua, aincidênciadehipotensãoarterialvariaentre13%e23%.17
Allenetal.,14quecompararamasinfusõesfixasde25,50,
75e 100/min de fenilefrina, evidenciarammelhor esta-bilidadehemodinâmicaquandoasdosesde25 e50/min eramusadas.A incidência dehipotensãonesteestudo foi de20% e o controle hemodinâmico satisfatório foi obtido comainfusãovariável,iniciadacom50/min.
NganKee etal.,15 em estudo noqual foi administrado
metaraminolnoesquemadebolusde0,5mgseguidode infu-sãocontínuade0,25mg/min,aincidênciadehipotensãofoi de35%,portantosuperioràobtidanestetrabalho(16,7%). Apesar dasdoses deinfusão iniciaisem ambos os estudos teremsidosemelhantes,adiferenc¸aencontrada provavel-menteocorreuporqueestetrabalhoadministroudosesque variaramdeacordocompressãoarterialaferida,oque pro-movemelhorcontrolehemodinâmico.17
Com relac¸ãoà efedrina,este estudoobservou hipoten-sãoem 34,5% doscasos,enquanto emestudo deCarvalho et al.20 a incidência foi de 45%. Observe-se que tanto o
trabalhode NganKee etal.15 quantoode Carvalhoetal.
usaram administrac¸ão prévia de cristaloides, conduta já comprovadamenteineficaz. Comoeste estudoadministrou osfluidosconcomitantementeaobloqueio,issopode expli-caradiferenc¸adosresultados.
Poroutro lado,Bhardwajetal.,21 emestudo que
com-parouaadministrac¸ãodostrêsvasopressores usadosneste trabalho,por meioda administrac¸ão de bolus seguido de infusão contínua, evidenciou incidência de hipotensão de14,8%noGrupoMe 12,5%noGrupo F,resultadosmais próximosaosdesteestudo.Jáemrelac¸ãoàefedrinaa hipo-tensãoocorreuem23%doscasos.
Tabela4 Avaliac¸ãolaboratorialdorecém-nascidofeitapormeiodacoletadesanguearterialdocordãoumbilicalparadosagem deglicemia,lactatoegasometriaemcesarianaseletivassobraquianestesia
Metaraminol Fenilefrina Efedrina p
Ph 7,31±0,03 7,30±0,03 7,26±0,07a 0,0035
pO2(mmHg) 17,32±11,67 12,82±3,76 14,21±6,18 0,1139
pCO2(mmHg) 49,25±7,97 53,09±7,19 53,98±11,96 0,1681
HCO3(mmHg) 24,77±2,99 25,78±2,37 23,80±3,46 0,0745
Baseexcess(mEq.l---1) -1,71±2,63 -1,22±1,98 -3,44±2,39b 0,0005
Glicemia 51,53±9,72 50,60±9,84 49,76±11,32 0,6545
Lactato 1,46±0,31 1,58±0,53 2,11±0,69c 0,0004
Valoresexpressosemmédiaedesvio-padrão(Kruskal-Wallis;Mann-Whitney).
a p=0,0024versusmetaraminol;p=0,0177versusfenilefrina. b p=0,0018versusmetaraminol;p=0,0003versusfenilefrina. c p=0,0002versusmetaraminol;p=0,0017versusfenilefrina.
Tabela5 Variáveisintraoperatórias
Paraevitardistorc¸õesnosresultados,todasasgestantes
receberamumvolumede10mL/Kgdesoluc¸ãodeRingeraté
o nascimento, na forma de hidratac¸ão concomitante
(co--hidratac¸ão).Banerjeeetal.22 consideramracionaliniciar
a infusão rápida de cristaloides, como a soluc¸ão de Rin-ger, concomitantemente ao bloqueio anestésico,uma vez queoscristaloidesmelhoramovolumesistólicoeodébito cardíacoapenastransitoriamente,alémdeserconsiderados opc¸ãomaisbaratadoqueoscoloidesecommenorriscode complicac¸ões(anafilaxia,distúrbiosdecoagulac¸ão).23
Noscasosdehipertensãoreativae interrupc¸ãoda infu-sãodosvasopressores,osresultadosencontradosconferem comaliteratura,19istoé,nãoocorreudiferenc¸asignificante
entreostrês grupos. Quanto à incidência de bradicardia, embora essa tenha sido semelhante nos três grupos, os resultados encontrados são opostos aos estudos de Vee-seretal.,queobservaramrisco menordebradicardia em gestantesquerecebemefedrina.
Umaobservac¸ãointeressantefoiqueasgestantes trata-dascommetaraminoltiverammenornecessidadededoses de resgate do que asque receberam efedrina. O mesmo nãofoi evidenciadocoma fenilefrina.Issoocorreu prova-velmentepelofatodeometaraminolaumentararesistência vascularsistêmica(pós-carga),recrutarsanguedoterritório esplâncnico e, assim, aumentar o retorno venoso (pré--carga),alémdeapresentaratividade inotrópica positiva, diferentementedafenilefrina,queatuabasicamente ape-nasnapós-carga.24
AincidênciadetaquicardiafoisuperiornoGrupoEdoque nosdemais,oquejáeraesperado,poisaefedrina,quando usadaparaprevenc¸ãodehipotensãoemcirurgiassob raqui-anestesia,ocasionaaumentododébitocardíacoàcustada elevac¸ão da frequênciacardíaca. Por outro lado, sabe-se quefármacos␣-agonistas,comometaraminolefenilefrina, podemcausarbradicardia reflexaao aumentoda resistên-ciavascularperiférica.25 Entretanto,nãohouvediferenc¸as
entreosgrupos em relac¸ãoà incidênciadebradicardia, o quepodeterocorridoporcausadaadministrac¸ãodedoses adequadasdemetaraminolefenilefrina.
Nestetrabalho,apesardocontroleeficazdapressão arte-rial,houverelac¸ãoentreousodaefedrinaeaincidênciade náuseasevômitos.Leeetal.,2emumarevisãosistemática
sobreousode efedrina,observaram quemesmo sob con-troledapressãoarterialemcesarianasnãohaviadiferenc¸as entreaefedrinaeogrupocontrole(semvasopressor)quanto àocorrênciadenáuseasevômitos.
NganKeeetal.,26 emestudoquecomparouasinfusões
comcombinac¸ões variáveisde efedrinae fenilefrina para amanutenc¸ão dapressão arterial em cesarianas eletivas, evidenciaram que quanto maior a proporc¸ão de efedrina emenora proporc¸ão defenilefrina, ocontrole hemodinâ-micoeramaisdifícil,operfilácido-básicofetaleramenos favoráveleaincidênciadenáuseasevômitoseramaior.
Sabe-sequenáuseasevômitosintraoperatóriosem cesa-rianas podem ser prevenidos por meio do controle da hipotensãoedoaprimoramentodousodeopioides neuroa-xiaiseendovenosos,oquemelhoraaqualidadedobloqueio anestésico,diminuioestímulocirúrgicoereduzousode ute-rotônicos.Considerandoquetodasasgestantesnopresente estudo receberam a mesma dose de opioides e uterotô-nicos, além de níveis adequados de bloqueio anestésico, aincidência aumentada denáuseas e vômitos ocasionada
pelaefedrinaprovavelmentedeve-seaumefeitopróprioda droga,alémdeindicarqueaetiologiadenáuseasevômitos sejamultifatorial.27
Algunsestudos mostram menor incidência de náuseas, vômitos e hipotensão maternos quando os vasopressores sãoadministradoseminfusãocontínua.Assim,nesteestudo optou-sepeloesquemadeadministrac¸ãoembolusseguido deinfusão contínua.6,17,28 Entretanto,sabe-se que infusão
contínuadevasopressoresestáassociadaadosesmaisaltas paramanterapressãoarterialpróximaaosvaloresbasais.29
O vasopressor de escolha com melhor perfil para o controle hemodinâmico da gestante em cesarianas ainda motivagrandesdiscussões,pelaobservac¸ãodequedurante ainstalac¸ãodobloqueioanestésicoocorrereduc¸ãoda resis-tênciavascularsistêmica,associadaaoaumentododébito cardíaco, mediado pelo aumento da frequência cardíaca. Desse modo,a bradicardia ocasionada pelaadministrac¸ão deagentes␣-agonistasresultaemdiminuic¸ãododébito car-díacomaterno,oquelevaalgunsanestesistasabasearema suaescolhapelafrequênciacardíacadamãe.30
SegundoDyeretal.,aoestudargestantessubmetidasa cesarianasobraquianestesiapormeiodemonitores minima-mente invasivosdodébitocardíaco (LiDDCOeBioZ)e que receberamefedrinaoufenilefrina,evidenciaramque,após a raquianestesia, as gestantes apresentavam diminuic¸ão acentuadadaresistênciavascularsistêmica,comaumento compensatóriododébitocardíaco,econcluíramquebaixas dosesdefenilefrinasãocapazesderestaurararesistência vascularsistêmicaeodébitocardíacoparavaloresbasais.31
TambémAuleretal.,queavaliaramasalterac¸ões hemo-dinâmicasmaternaspormeiodemonitorac¸ãominimamente invasiva em gestantes submetidas a cesariana sob raqui-anestesia que receberam metaraminol para controle da pressão arterial, observaram diminuic¸ão do volume sistó-lico,compensadoporaumentodafrequênciacardíaca,mas nãoobservaramalterac¸õessignificativasemrelac¸ãoà pres-são arterial média e à resistência vascular sistêmica, e especularam queessesresultadosocorreram porcausada correc¸ão maisrápida e efetiva dapressão arterial média pelaadministrac¸ãodometaraminol.32
Apesar do controle hemodinâmico satisfatório com os três vasopressores, uma limitac¸ão do estudo foi que as dosesadministradasforamretiradasdeoutrosestudossem relac¸ãodeequipotência,poisnãohána literaturaestudos quecomparemdosesequipotentesdosvasopressores estu-dados. Ainda, foi usada medida dapressão materna com intervalosdeumminuto,oque,alémdeserdesconfortável paraa mãe, podedificultaramedida dapressão arterial, pois algumasvezesleva maisde umminutoparaaferic¸ão dapressãoarterial.Cooperetal.,emestudoqueavaliouo controledapressãoarterialsistólicacomainfusãocontínua defenilefrina em cesarianas eletivas,evidenciaramque a ajustesna velocidade deinfusão commedidas dapressão arterialmaternaemintervalosdedoisminutossãoefetivos paraocontroledahipotensãoedaincidênciadenáusease vômitos.33
A acidose fetal, medida por meio do pH do cordão umbilical e do base excess, é considerada como marca-dor de prognóstico neonatal. Apesar de alguns estudos evidenciarem que apenas fetos severamente acidóticos (pH<7), após um evento intraparto agudo, apresentam maior risco de mortalidade e morbidade (encefalopatia hipóxico-isquêmica, hemorragia intraventricular, paralisia cerebral),umametanáliserecenteevidenciouquequando aacidoseeradefinidacomopH<7,20,ocorriaaumentode mortalidade em cerca de quatro vezes e de morbidade deduasvezes.34
DeacordocomMagalhãesetal.,queusaramovalorde 7,20paracaracterizaracidosefetalemcesarianaseletivas, nasquais asgestantes receberam efedrinaoufenilefrina, nãoforamobservadoscasosdeacidose fetal.18 Neste
tra-balhoocorreuacidosefetalemapenastrêsrecém-nascidos doGrupo E, entretanto o valorde p nãofoi significativo. Apesardaacidosefetalocorridanostrêscasoscitados,não houverepercussõesclínicasemnenhumdeles,umavezque todososrecém-nascidostiveramescoredeApgarsuperior a oito no quinto minuto, não necessitaram de manobras de reanimac¸ão e não foramtransferidos para unidade de terapiaintensiva.
Comparando-se os valores de base excess, houve diferenc¸aentreosgrupos MeFem relac¸ãoaoE.Os valo-res foraminferiores nesse último. Entretanto,apesar das diferenc¸as ocorridas, taisvaloresestão dentrodos limites denormalidade.35
Dopontodevistafetal,nãohádúvidasdequea fenile-frinaeometaraminolestãoassociadosavaloressuperiores depHebaseexcessnosanguedocordãoumbilicalmaiores doque aefedrina,2,15,36 oque foiconfirmado nopresente
estudo,motivo pelo qualouso daefedrinanomanejoda hipotensãoarterialemanestesiaobstétricaestásendo ques-tionadocomovasopressordeprimeiraescolha.Dessaforma, pode-sepredizerqueaadministrac¸ãodeefedrinaemaltas doses, principalmente em situac¸ões de comprometimento fetal,deveserevitada.15,37
Asalterac¸õesfetaiscausadaspelaefedrinaestão relaci-onadascomofatodeatravessarabarreirauteroplacentária rapidamente,estimularreceptores-adrenérgicosfetaise aumentarademandametabólicafetal.Issopodeser obser-vado por meio do aumento do lactato, da glicose e das catecolaminasnosanguedocordãoumbilical.Nopresente estudo,osvaloresdelactatonosanguedocordão umbili-calforammaioresquandoagestanterecebeuefedrinado que fenilefrina e metaraminol. Entretanto, em relac¸ão à glicemianãoforamobservadasdiferenc¸asentreostrês gru-posestudados,emcontrastecomosresultadosdeNganKee etal.38
A respostametabólicafetalaos vasopressores adminis-trados na mãe podedepender do genótipodo adrenorre-ceptor -2 fetal e complicar ainda mais o entendimento sobrearelac¸ãoentreaadministrac¸ãodaefedrinae meno-res valores depH. Fetos homozigotos parao gene ADRB2 p.Arg16 parecemsermaisresistentes àacidemia induzida pelaefedrina.39
Poroutrolado,estudorecentefeitoporBhardwajetal. não evidenciou diferenc¸as entre os grupos M, E e F em relac¸ãoavaloresdepHebaseexcessdosanguedocordão umbilical.Essa diferenc¸aocorreupossivelmenteporcausa dousodemenordosedeefedrina.21
Nenhum recém-nascidono presenteestudo apresentou baixoescore de Apgar (inferiora sete) noquintominuto. Sabe-sequeepisódiosdehipotensãoocorridosdurante cesa-rianaseletivas,quandotratadosprontamente,nãosãocausa de alterac¸ões fetais clinicamente significativas. Em uma revisãosistemáticafeitaporVeeseretal.,aqualincluiu20 estudosnumtotalde1.069recém-nascidos,foievidenciado queapenasumrecém-nascidoapresentouApgarinferiora setenoquintominuto.19
Com o objetivo de minimizar a ocorrência de acidose fetal,alémdas condutasjá aquidescritas,sabe-se que o tempodecorridoentreaincisãodapeleeonascimento,e entreaincisãouterinaeonascimento,temrelac¸ãodireta comacidosefetal.Issotemencorajadooscirurgiõesa redu-zirseustemposcirúrgicos.40
Neste estudo os tempos cirúrgicos dos grupos avalia-dos foram inferiores aos relatados pela literatura, o que podeconstituir uma explicac¸ão razoável para o desfecho clínicofavoráveldosrecémnascidos, mesmonoscasosem queocorreuacidosefetal.EstudodeMaayan-Metzgeretal. evidenciou que recém-nascidos de gestantes que tiveram intervaloentreauterotomiaeonascimentosuperioradois minutos apresentaram maior incidência de problemas na alimentac¸ãoealtaprolongada.41
Atualmente,osvasopressorescomefeitopredominante
␣-agonista são considerados fármacos de escolha para prevenirahipotensãomaterna,náuseasevômitos,na raqui-anestesiaem cesarianas eletivas.Apesar de seuuso estar associadoàreduc¸ãodafrequênciacardíacaedodébito car-díaco, isso é clinicamente insignificante em gestac¸ões de baixoriscoeemcesarianaseletivas.
Osresultadosencontrados evidenciamque em cesaria-naseletivascomraquianestesiaahipotensãoarterialpode sercontroladacomqualquerdos vasopressoresestudados, umavezquenãoocorreramalterac¸õesmaternasefetaisde relevânciaclínica,oquedemonstraqueocontrolerigoroso dapressãoarterialéumacondic¸ãoimportanteparao bem--estarmaterno-fetal.Entretanto,metaraminolefenilefrina apresentaramvantagensemrelac¸ãoàefedrina,sobretudo emrelac¸ãoàsincidênciasdenáuseasevômitos.As repercus-sõesdaterapiavasopressoraemcesarianasdeurgênciaeem gestac¸õesdealtoriscoaindaémotivodegrandediscussão.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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