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Exclusão, ilegalidades e organizações criminosas no Brasil.

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Academic year: 2017

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Exclusão, ilegalidades

e organizações criminosas

no Brasil

LETÍCIA M ARIA S CH AB B ACH * LETÍCIA M ARIA S CH AB B ACH *LETÍCIA M ARIA S CH AB B ACH * LETÍCIA M ARIA S CH AB B ACH *LETÍCIA M ARIA S CH AB B ACH *

Resumo

O artigo discute a aplicabilidade da teoria de Niklas Luhmann ao estudo de sociedades de modernidade periférica, dentre elas o Brasil. Argumenta-se que o autor fornece noções relevantes para a compreensão de fenômenos que ocorrem nestas sociedades, cujos sistemas sociais podem não estar totalmente desenvolvi-dos e onde a exclusão se diferenciou, deixando de representar, ao lado da inclu-são, um fator constitutivo do equilíbrio sistêmico. Nessas sociedades, a exclusão se reproduz sob uma lógica própria. Este trabalho também analisa a validade dos conceitos luhmannianos de sistema e organização social para se analisar o crime organizado no Brasil. Conclui-se que as organizações criminosas são organizações sociais, abrangendo unidades de processos de comunicação que ligam as deci-sões entre si. Atuando na ilegalidade, tais organizações interagem com os outros sistemas e organizações, dentro de uma rede de relações interorganizacionais, onde se percebem as linkages entre o mundo lícito e o ilícito. Além disso, para se adequarem ao ambiente externo, elas precisam sempre estar-se renovando.

Palavras-chave: Exclusão. Sistema e organização social em Luhmann. Crime orga-nizado no Brasil.

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A contribuição de Niklas Luhmann para o estudo

de sociedades periféricas

adequação da “Nova Teoria dos Sistemas” de Luhmann para o estudo de formações sociais diferentes da européia e da norte-americana é uma questão controversa que divide vári-os autores das Ciências Sociais. Dentre eles, Marcelo Neves (1996) afirma que não é possível aplicar o conceito de siste-ma autopoiético luhsiste-manniano1 à esfera jurídica brasileira, devido à não insta-lação plena do Estado de Direito no País, isto é, existiria aqui uma heteronomia funcional do campo jurídico. Para este autor, ao invés de autopoiese poder-se-ia falar de alopoiese do Direito no Brasil, por conta da sobreposição particularista dos ditames dos sistemas político e econômico sobre as ques-tões jurídicas. Neste sentido, o insuficiente fechamento operacional resultou na inexistência de uma identidade própria do sistema jurídico, no qual até mesmo a distinção entre lícito e ilícito encontra-se indeterminada, devido à falta de institucionalização e de normas eficazes. Como conseqüência, en-quanto os despossuídos brasileiros são fracamente integrados e submetidos à inflexibilidade legalista, os grupos privilegiados encontram-se fortemente in-tegrados e desfrutam de privilégios e da impunidade. (NEVES, 1996)

O próprio Luhmann reconheceu em entrevista (LUHMANN, s/d), que sua teoria é socialmente condicionada. Por outro lado, nesta mesma oca-sião, o autor argumentou que ela permite, melhor do que outras aborda-gens, captar a distinção entre inclusão e exclusão funcionais, existente em qualquer sociedade:

A

1 O conceito de sistema - enquanto rede recursiva de comunicações, autopoieticamente constituída e fechada em relação ao ambiente - abrange os seguintes elementos constitutivos: 1) autopoiese

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Isto não quer dizer que os componentes europeus pos-sam desenvolver-se como especificidades regionais em outros lados, mas sim que determinados aspectos, so-bretudo a forte acentuação na capacidade de rendimento da diferença funcional (estados territoriais, economia monetária, investigação científica, a intimidade da vida de família) só podem ser entendidos dentro de um con-texto de experiência europeu. [...] Penso que, em regi-ões que não alcançaram o desenvolvimento, estas con-dições não estão suficientemente instaladas. E isto esta-belece uma brecha entre os que participam da inclusão funcional (que têm algo, que podem exercer influência) e os que ficam excluídos de tudo. Creio que isto pode ser descrito com a ajuda da teoria de sistemas. E me parece que esta teoria poderia explicar melhor este fe-nômeno do que as teorias que trabalham com o con-ceito de exploração. [...] De repente tem-se a impres-são de que a teoria deveria buscar, em qualquer lugar, uma nova maneira de perceber a diferenciação. E a mim, neste momento, parece-me que a diferença diretriz de inclusão/exclusão pode oferecer uma possibilidade de explicação, sem que necessariamente conduza a um prognóstico. Não é possível saber se chegará um mo-mento em que esta diferenciação diminua e toda a po-pulação mundial (com uma taxa de crescimento em aumento) possa ficar inserida na inclusão funcional. (LUHMANN, s/d, p. 148 e 149, tradução nossa).

Examinando-se a citação acima, percebe-se que Luhmann reconhece a aplicabilidade de certos aspectos de sua teoria ao estudo de sociedades -como a latino-americana e a brasileira - que, a princípio, não se enquadram na espécie de sociedade funcionalmente diferenciada2. Em outro momento,

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o autor afirma que não se pode caracterizar uma sociedade apenas através da forma típica predominante de sua diferenciação (segmentária, estratificada ou funcional), devendo-se ir mais além, pois outros arranjos e combinações são concretamente possíveis:

A probabilidade de um desenvolvimento oposto, por conseguinte, é assim mesmo alta, e não é raro, como, porém, de relevo as investigações sobre os países em vias de modernização, e que sob tais circunstâncias abra-se um abismo apenas franqueável entre o âmbito da in-clusão e o da exin-clusão, e que, uma vez aberto, tenda a assumir a função de uma diferenciação primária do siste-ma da sociedade. Tal possibilidade significa que usiste-ma gran-de parte da população fica totalmente privada das presta-ções dos sistemas funcionais, assim como, no âmbito de enfrente (o da inclusão), introduzem-se formas não pre-vistas de estabilização, as quais, aproveitando parasitaria-mente as oportunidades perdidas por estes âmbitos de prestação, criam mecanismos característicos de inclusão e exclusão para manter de pé este entramado. (LUHMANN, 1998, p. 180, tradução nossa)

De acordo com afirmação de Darío Rodríguez, da Universidade do Chile3, nas sociedades parcialmente contemporâneas, os sistemas não estão completamente diferenciados, ou estão começando a se diferenciar. Nelas são encontrados setores que passam por processos de (des) diferenciação, configurando bolsões, e a exclusão assume uma dinâmica própria. Por ve-zes, o que está excluído de certos sistemas, como do econômico, pode estar incluído em outro. É o que ocorre nas favelas, cujos residentes, embo-ra excluídos do mercado formal de tembo-rabalho e do sistema escolar, podem

3 Aula proferida no Workshop “ Sociologia Contemporânea: teoria e método (desafios para a

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estar incluídos no tráfico de drogas, nas campanhas de alimentação, nas redes de ajuda mútua, na assistência pública, etc.4

De fato, o conceito de exclusão luhmanniano emerge dentro desse debate como essencial para o estudo de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento:

Não escapa aos olhos de Luhmann, a situação vivida por amplos setores da população mundial que – em lugar do afirmado pelo conceito de inclusão de Parsons, no sentido de ter acesso, pela via dos papéis comple-mentares, a todos os subsistemas da sociedade (nem todos podem ser médicos, mas todos podem ser paci-entes; nem todos podem ser professores, mas todos podem ter acesso ao ensino; nem todos podem ser ven-dedores, mas todos podem ser compradores) – vêem-se excluídos das diferenças alternativas que os sistemas funcionais oferecem: não contam com educação, nem com serviços de saúde e – inclusive – não contam com existência legal, dado que nem sequer têm a cédula de identidade que os identifica como cidadãos. Este tema é complementar ao da inclusão; é o fenômeno da ex-clusão e não se trata simplesmente de uma marginação, de uma falta de integração. Estes grupos podem estar – e estão – fortemente integrados, mas resultam invisíveis para os subsistemas funcionais porque não contam com as condições mínimas para serem considerados. Este é o tema que ocupa atualmente o pensamento de Niklas Luhmann, com o qual ele pretende compreender as-pectos da sociedade mundial que, em lugares como a Índia, ou nas favelas e vilas-miséria de países subdesen-volvidos, permanecem junto ao desenvolvimento, a ri-queza e o crescimento acelerado da Economia. Como se pode ver, o esquema arquitetônico da teoria segue

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sendo o mesmo: um olhar que conhece a partir da dife-rença, que contempla as outras possibilidades, a contin-gência do social e que descobre que, sempre em lugar de se estar no melhor dos mundos possíveis, encontramo-nos em um mundo pleno das melhores possibilidades. (RODRIGUEZ MANSILLA em LUHMANN, 1997, p. XXI-XXII, tradução nossa)

Não estando enquadrados plenamente em nenhum dos três tipos ideais de sociedade estipulados por Luhmann, nos países e regiões de modernidade periférica (como a Índia, o sul da Itália e o Brasil, em: LUHMANN, 1998) a exclusão5 ampliou-se e ultrapassou a diferenciação funcional dos sistemas, passando a funcionar como um supercódigo:

Esta lógica da diferenciação funcional entra em contra-dição com os fatos da exclusão, pondo de manifesto sua improbabilidade, sua artificialidade. Seus códigos valem e não valem para uma mesma sociedade. E quan-do tuquan-do isso se faz tão firme que já não se pode ignorar, então é possível inferir que a distinção entre inclusão (laxamente integrada) e exclusão (integrada consistente-mente) é um ‘supercódigo’ pelo qual, de fato, alguém tem que se orientar sempre, em primeiro lugar, se quer entender a sociedade. Tal evolução pode observar-se atualmente, sobretudo, na formação dos guetos nas gran-des urbes. (LUHMANN, 1998, p. 191, tradução nossa, grifo do autor)

Existindo também nas sociedades funcionalmente diferenciadas – como o outro lado da inclusão e sob formas específicas – a exclusão nas socieda-des em vias de modernização assume contornos diferentes:

5No capítulo Inclusión y Exclusión do livro Complejidad y modernidad: de la unidad a la diferencia

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Se se presta especial atenção ao presente estado dos fatos, não resulta difícil constatar que em muitos paí-ses – sobretudo os que estão em vias de desenvolvi-mento, mas não só eles, pois também ocorre nos alta-mente industrializados (como no Brasil e, em menor medida, nos Estados Unidos) – uma parte importante da população vive em condições de exclusão. [...] Para captar este [problema] em sua autêntica dimensão é preciso ter em conta que, com o câmbio da forma da inclusão, é o conjunto da distinção inclusão/exclusão que muda seu sentido. [...] A sociedade está aqui muito integrada, por mais que isto possa surpreender os soci-ólogos que, de acordo com a tradição inaugurada por Durkheim e consolidada por Parsons, associam estes conceitos com representações positivas. E está muito integrada porque a exclusão de um sistema funcional comporta, quase automaticamente, a exclusão de ou-tros. Um exemplo tomado da Índia ilustra a idéia: as famílias que vivem na rua e não têm uma residência fixa não podem matricular seus filhos na escola. Ou, quem não tem documentação pessoal fica excluído das prestações sociais, não pode ser eleitor, nem casar legalmente. (LUHMANN, 1998, p. 189, 190, 191, tradução nossa).

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buro-cracia, estando transversalmente a ele vinculadas. Por vezes elas recorrem à ilegalidade, vindo a constituir joint ventures entre a política e a criminalidade: Uma vez que tenha ultrapassado valores-limite, a ilega-lidade converte-se em um recurso generalizável, aplicá-vel para muitos fins – aproveitando, precisamente, que seu emprego não será conhecido. Qualquer implicado pode ser ameaçado com a delação, e assim ser induzi-do a seguir formaninduzi-do parte. De certo moinduzi-do, os atos ilegais são o bilhete de entrada na organização, que emprega esta vantagem da vulnerabilidade para efeito de conseguir lealdades – ou seja, o indivíduo se faz leal, pois é vulnerável. Desta maneira, sobre a base do meio autoproduzido da ilegalidade – quando não, in-clusive da criminalidade, no caso das organizações mafiosas -, pode se intercambiar proteção por prote-ção. O êxito da máfia, mas também de muitas outras condutas desviantes, pode explicar-se em virtude de que trabalhar de forma efetiva é algo que só pode ser motivado no meio da ilegalidade. E isto é assim por-que do por-que se trata nele é, justamente, de inclusão versus exclusão. (LUHMANN, 1998, p. 187, tradução nossa)6

Nas sociedades periféricas, portanto, a exclusão perde sua complemen-taridade com a inclusão, diferenciando-se e ampliando seus limites sob a forma de redes de proteção e favores, as linkages:

Dá-se por suposto os graus de liberdade dos sistemas funcionais, assim como também se pressupõe a mar-gem de manobra decisória das organizações, mas uns e outros são vinculados de maneira que possam servir como recursos para a reprodução de linkages, o que os

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impede de desenvolver sua própria racionalidade. (LUHMANN, 1998, p. 188, tradução nossa)

Ou seja, os sistemas ou organizações não chegam a se fechar e, para o ingresso neles, é decisiva a ocupação de posições em outros sistemas funcionais e organizações, que são, deste modo, utilizados parasitariamen-te e corrompidos. Esta situação indica que, diversamenparasitariamen-te das sociedades diferenciadas, nas periféricas, os sistemas não mantêm um fechamento operativo ante os demais e o entorno, abrindo-se mais e se articulando entre si.

Todavia, embora tais redes gozem de grande estabilidade e capacidade reprodutiva, Luhmann (1998) ressalta que elas não chegam a representar uma ameaça aos sistemas funcionais, cuja autopoiese é suficientemente ro-busta para evitar o desequilíbrio entre a inclusão e a exclusão e, assim, o seu colapso. Ou seja, mesmo em sociedades de modernidade periférica, tais configurações não ameaçam a sobrevivência dos sistemas sociais operantes. Feitas essas colocações iniciais que justificam a aplicação dos concei-tos luhmannianos ao estudo de sociedades não-européias, examinam-se, na seqüência, duas categorias que julgamos apropriadas ao estudo da criminalidade organizada no Brasil: sistema social e organização. Tal propo-sição surgiu da análise de colocações de autores brasileiros e latino-ameri-canos acerca do crime organizado, as quais, embora não mencionem expli-citamente o sociólogo alemão, remetem para aspectos de sua obra, como se verificará na seqüência.

O crime organizado no Brasil

Diante das várias definições correntes de crime organizado7, aqui se considera que esta espécie criminal abrange grupos organizados que

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nem, principalmente, adultos com trajetória delitiva e funcionam como organizações de atividades ilícitas. A sua conformação é hierárquica e per-manente, com liderança estável que se impõe através da força e/ou da habilidade criminal. Tais grupos visam o enriquecimento ilícito e o prestígio, embora suas ações nem sempre sejam racionais ou instrumentais, incluin-do: o tráfico de entorpecentes, o contrabando e o descaminho, o furto e o roubo de veículos, de cargas e de carros-fortes, o roubo a banco e a outras instituições financeiras, o roubo a postos de pedágio, a extorsão mediante seqüestro, etc. Por vezes, estes grupos especializam-se em um ou mais tipos de atividades, podem ter ramificações e comandos dentro das pri-sões, bem como estabelecem ligações com representantes de profissões convencionais (advogados, contadores, políticos, policiais, juízes, promoto-res e outros atopromoto-res), a fim de assegurar a sua impunidade e desenvoltura no mundo legítimo.

Esta definição, próxima à de Abadinski (1994)8, contempla as quadri-lhas e os sindicatos do crime de Sutherland (1955) e o tráfico de drogas em pequena escala (no varejo)9. Na visão de Abadinski, o tráfico de drogas é uma das características das organizações criminais não tradicionais que abrem

8 Um empreendimento não ideológico que envolve um número de pessoas em interação social fechada, organizado em base hierárquica com o propósito de assegurar lucro e poder através do engajamento em atividades legais e ilegais. As posições na hierarquia envolvem especialização funcional e podem ser designadas na base do parentesco ou da amizade, ou racionalmente atribuídas de acordo com a qualificação. A permanência é garantida aos membros que lutam para manter a empresa integral e ativa na perseguição das suas metas. Ela evita competição e lutas pelo monopólio de atividades particulares dentro de uma base industrial ou territorial. Há probabilidade de uso da violência e/ou suborno para atingir fins ou manter a disciplina. A afiliação é restrita, embora os não membros possam estar envolvidos dentro de uma base contingente. (ABADINSKI, 1994, p. 20, tradução nossa).

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possibilidades para negros e hispânicos norte-americanos ao se expandirem nos confins do ghetto, tornando-se, assim, empregadores de iguais oportuni-dades. (ABADINSKI, 1994, p. 216, tradução nossa).

Por sua vez, Mariño (2000, p. 13) refere que o crime organizado no período recente ameaça desvirtuar inteiramente o potencial dos recursos mo-rais. Em sua visão, a economia dos entorpecentes traz duas conseqüências graves para o continente latino-americano: a) de um lado, abre uma via rápi-da e eficiente de acesso aos recursos para os excluídos; b) de outro, oferece uma sobrevida (ainda que efêmera) para a violência altruísta como instru-mento viável de superação do dualismo (no caso da Colômbia, do Peru e do México), através do ressurgimento da ideologia política da violência, associa-da não apenas aos antigos movimentos revolucionários, mas envolvendo a população excluída e alguns expoentes do crime organizado. 10

Além disso, a definição acima apresentada inclui grupos organizados menos abrangentes e estruturados, próximos das estruturas criminais de Llorente e outros (2002). Esses autores verificaram que, em Bogotá, a vio-lência homicida concentra-se em uns poucos focos (no centro da cidade e em zonas periféricas), onde há a presença de estruturas criminais associa-das com mercados ilegais e atividades ilícitas e do baixo mundo. As princi-pais atividades destas organizações incluem: assalto de rua, a bancos e a carros-fortes, roubo e furto de veículos, furto a residências e a estabeleci-mentos comerciais, prostituição, extorsão e seqüestro, venda de drogas ilícitas, tráfico de armas e assassinatos pagos, justiceiros, grupos de autode-fesa. (LLORENTE et al., 2002, p. 8). Por suas características, elas diferem do

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crime organizado tradicional da Colômbia (as grandes máfias do narcotráfico e os grupos guerrilheiros e paramilitares existentes em algumas regiões da-quele país, como em Medellín e Cali).

Um dos elementos essenciais para a consolidação do crime organizado é a formação de redes que protegem os seus membros contra a prisão e a condenação, as quais incluem executores da lei, representantes do Estado e políticos: Felizmente para os criminosos, a máquina política da cidade está, em geral, pronta a protegê-los, caso estejam dispostos a lhe dar uma compen-sação adequada em dinheiro ou em serviços. (SUTHERLAND, 1955, p. 241, tradução nossa). Estas ligações são invariavelmente imperceptíveis e apare-cem disfarçadas por negócios lícitos. Ocorre, assim, uma integração entre estruturas de oportunidades legítimas e ilegítimas (CLOWARD; OHLIN, 1960), uma vez que, para desenvolverem suas operações e circularem livremente no mundo lícito, os criminosos necessitam do apoio de pilotos, banqueiros, procuradores, advogados, juizes, tesoureiros, especialistas financeiros, etc.

Os autores que tratam desta temática divergem a respeito do caráter empresarial do crime organizado. Para Guaracy Mingardi (1998), por exem-plo, o que distingue a nova criminalidade organizada da antiga (contraban-do, piratas e bucaneiros) é o seu caráter empresarial, pois, apesar de ambas visarem o lucro, antigamente o empreendedor arriscava-se mais, enquanto que as novas organizações trabalham com uma previsibilidade muito gran-de, buscando reduzir o risco. Neste caso, a economia capitalista ordenada teria sobrepujado a aquisição aventureira capitalista, em uma alusão à teoria weberiana. (MINGARDI, 1998, p. 10).

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com organização menos definida), as empresas de lavagem de dinheiro ou de receptação e o jogo do bicho (próximo do crime organizado tradicional). Outros autores relativizam o caráter empresarial do crime organizado. Abadinski (1994), por exemplo, afirma que as redes de distribuição de co-caína nos Estados Unidos são informalmente estruturadas e operam de for-ma fluída e transnacional, e até mesmo os cartéis colombianos não são monopólios firmemente integrados, mas descentralizados e amorfos:

Não são burocráticos no sentido weberiano, mas an-tes coalizões ou confederações com fronteiras fluídas. Nenhum coração ou cabeça única dirige esses sindica-tos. Suas atividades são dispersas entre muitos grupos de tráfico que aparentemente são mantidos reunidos através de um intrincado sistema de contratantes, subcontratantes, códigos de honra e laços familiares. (ABADINSKI, 1994, p. 236, tradução nossa).

A ausência de organização burocrática é referida também por Alba Zaluar:

O crime organizado não tem organização burocrática, mas um eficaz sistema de punição moral dos faltosos e desafiadores, assim como uma rede de conexões pesso-ais, além de um sistema de distribuições de serviços e mercadorias que são objeto de suas práticas ilícitas e ilegais. (ZALUAR, 2004, p. 153).

Nesta mesma linha, M achado da Silva (1999) enfatiza que a criminalidade violenta organizada no Brasil não tem caráter empresarial:

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compostas de uma hierarquia orientada para fins cole-tivos. (MACHADO DA SILVA, 1999, p. 122).

Estas organizações assemelham-se, em certos aspectos, ao capitalis-mo aventureiro do contrabando e da pirataria marítima, pois: a) a sua lógica não é tanto a agregação livre de interesses em torno de um empreendi-mento coletivo11 ou a solidariedade comunitária, mas a subjugação pela vio-lência; b) por outro lado, não é incompatível com o cálculo de longo prazo. Muitos pesquisadores brasileiros destacam o avanço generalizado dos crimes violentos no País, principalmente a partir do final da década de 1970. Kant de Lima e outros (2000), em revisão das principais obras sobre a temática da criminalidade urbana, identificaram certa convergência entre os autores, a respeito da mudança do fenômeno naquela década, especial-mente nos municípios do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Essa modificação caracterizou-se por: um aumento generalizado de roubos e furtos a residências, a veículos e a transeuntes, um grau maior de organiza-ção e de violência das ações criminais e o aparecimento de quadrilhas de assaltantes de instituições financeiras. Durante a década de 80, vários estu-dos enfocaram a generalização do tráfico de drogas e a maior sofisticação das armas utilizadas nos conflitos.

Até a década de 1980, o jogo do bicho era a modalidade organizada de crime predominante no País, um jogo de azar juridicamente tipificado como contravenção penal e percebido como organização criminosa tradici-onal (MINGARDI, 1998). Naquela década, o tráfico de drogas emergiu como grave problema social, devido ao ingresso da cocaína no varejo (já na década de 1970), quando passou a ser negociada em larga escala e com preços mais acessíveis, seguindo as novas rotas dos cartéis colombianos. Para Wagner (2003, p. 43), até aquele momento o País era apenas uma rota do tráfico, e, a partir de então, foi assumindo a condição de um dos maiores consumidores de drogas, ao lado dos Estados Unidos. De acordo com Zaluar (1996), além de redes de distribuição e mercados consumidores, o País fornece insumos químicos para o refinamento da cocaína e facilita a lava-gem de dinheiro, que é a base econômica do crime organizado.

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Analisando o avanço da criminalidade violenta organizada do Brasil12, Machado da Silva (1999) destaca que ela se vem distanciando progressiva-mente do controle social e dos objetivos das políticas sociais, assumindo uma lógica própria:

A criminalidade organizada é uma realidade social com lógica própria, até agora não estudada, e que funciona com certa independência em relação a outros proble-mas e fenômenos sociais, como a ‘crise do Estado’. [...] em suma, a expansão da cidadania não garante o con-trole, o cancelamento ou a superação da criminalidade violenta. (MACHADO DA SILVA, 1999, p. 115 e 123, grifo do autor).

Por sua vez, Beato Filho cita como fato novo o surgimento da violên-cia sistêmica derivada dos homicídios relacionados com o comércio ilegal de drogas:

Nos últimos anos temos assistido à emergência de uma nova variedade de violência sistêmica derivada dos ho-micídios relacionados ao comércio ilegal de drogas. Em Belo Horizonte (1998), 55% dos 433 homicídios envol-veram o uso ou a venda de drogas. Como conseqüên-cia, homicídios têm uma probabilidade maior de ocor-rer em territórios específicos das regiões urbanas em virtude da disputa por pontos de venda. Certamente ocorrem padrões de comportamento relativos a outros tipos de delitos. Muitos crimes contra o patrimônio ocorridos nos entornos dessas regiões parecem também se associar ao uso de drogas. Muitos usuários esgotam rapidamente seus recursos legais para consumo de dro-gas, recorrendo a diversas modalidades de delitos, tais como assaltos a transeuntes, a ônibus, postos de

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bustíveis ou casas lotéricas, para levantarem recursos. (BEATO FILHO, 2001, p. 2).

A esta violência sistêmica pode-se vincular, de acordo com Machado da Silva (1999), uma espécie de sociabilidade violenta13, que extingue a relação de alteridade inerente à vida coletiva e se baseia na negação do outro como igual, reduzindo-o à condição de objeto. (MACHADO DA SIL-VA, 1999, p. 123). A criminalidade organizada passa, então, a reunir condu-tas criminosas em empreendimentos coletivos e permanentes que utilizam como forma de comunicação o recurso sistemático à violência (no sentido de sujeitar o outro através da força):

A partir dos anos 70, criminosos comuns passam a or-ganizar-se em empreendimentos que se consolidam com um formato, conteúdo e sentido sociocultural marcadamente diferentes [do jogo do bicho]. Seu traço mais básico e rotineiro é o recurso universal à violência. [...] Elas também estão baseadas internamente nos mesmos princípios de subjugação pela força, constitu-indo-se em uma espécie de amálgama de interesses es-tritamente individuais, com um sistema hierárquico e códigos de conduta que podem ser sintetizados pela metáfora da ‘paz armada’: todos obedecem porque e enquanto sabem serem mais fracos, a desobediência implicando necessariamente retaliação física. (MACHA-DO DA SILVA, 1999, p. 122).

Esta nova criminalidade organizada diferencia-se, na visão do autor, tanto do tradicional jogo do bicho (onde a violência era um problema se-cundário), quanto da máfia (que segue o modelo da lealdade familiar, au-sente no atual crime organizado).

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Sistema social e organização em Luhmann

O exame inicial de certas características da criminalidade organizada no Brasil – autonomização frente às políticas sociais, sociabilidade violenta, integração das organizações nas estruturas de oportunidades legítimas e ilegí-timas, difusão pelos mais distintos espaços sociais – sugere que este fenôme-no atingiu um patamar muito característico, lembrando as idéias luhmannianas de casualidade das estruturas sistêmicas (sua não causalidade), autonomização, fechamento operacional e autoprodução. Neste sentido, questiona-se se este fato social não se está diferenciando e formando uma espécie de subsistema social autopoiético. (LUHMANN, 1991, 1997a, 1997b), estruturado em tor-no de um código específico de inclusão e de exclusão.

Esta nova esfera se teria originado da diferenciação do pólo negativo do código binário do direito (a ilegalidade), afastando-se, então, do sistema jurídico que a produziu. A partir daí, este subsistema social rompe sua rela-ção direta com a esfera econômica e estatal, suas causas devendo ser bus-cadas dentro de seu próprio funcionamento (autopoiese), que envolve sem-pre certa casualidade e contingência.

Todavia, talvez não seja apropriado atribuir ao crime organizado o caráter de sistema autopoiético, mas o de organização, conceito provavel-mente mais adequado às sociedades não-diferenciadas, nas quais as esferas sociais convencionais (direito, saber, religião, poder) encontram-se insufici-entemente diferenciadas e desenvolvidas, ao contrário dos países euro-peus. O conceito de organização surgiu na obra de Luhmann na década de 1970, e, conforme Rodriguez Mansilla (em LUHMANN, 1997c, p. XXII-XXV), reúne as seguintes características:

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- Os sistemas organizacionais geram seus próprios elementos, lembrando o conceito de autopoiese14, que foi utilizado por Luhmann somente mais tarde.

- Nem todas as decisões organizacionais seguem a adequação entre fins e meios, não pressupondo sempre a racionalidade. Nas organizações, não são os indivíduos que decidem, mas os processos organizacionais, impul-sionados pela comunicação.

- A organização abrange um complexo de decisões que a unem às outras organizações, instituindo-se, assim, uma rede de relações interorga-nizacionais.

Mas, se as organizações compõem-se de decisões, re-querem definir de uma forma compreensível as suas relações com seu entorno interno – seus próprios mem-bros – e externo. Assim, os memmem-bros de uma organiza-ção ‘decidem’ participar ou não, ir ou não à greve, in-gressar em uma organização, postular postos dentro dela ou se retirar. No entorno externo, por sua vez, há deci-sões de compra e venda de insumos, de aumento ou redução de impostos e taxas. Isto mostra que as organi-zações relacionam-se com as outras, criam organiza-ções, ou supõem que seu entorno já se encontra orga-nizado. (RODRIGUEZ MANSILLA em LUHMANN, 1997c, p. XXIV-XXV, tradução nossa, grifo do autor).

- As organizações são obrigadas a inovar para não perderem oportunidades. Há uma dinâmica intra e interorganizacional, nas quais as inovações são requeridas não para que as relações cambiem, senão porque cambiam. (LUHMANN, 1997c, p. 95 e 96, tradução nossa). Através das constantes inovações, as organizações garantem a sua adaptação ao ambiente mutável.

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- Entre os seus mecanismos constitutivos, figuram a planificação (a decisão entre várias alternativas) e a reflexividade (a decisão sobre o próprio deci-dir). (LUHMANN, 1997c, p. 47).

Luhmann refere ainda três condições estruturais – monetarização; le-galização das condições do modo de vida diário; separação entre a casa, a escola e a profissão - para o surgimento das organizações, dentro de uma perspectiva muito próxima à de Weber, ao analisar a origem do Capitalismo e do Estado Moderno. Outro aspecto por ele ressaltado é a emergência de formas secundárias de organizações e dos movimentos sociais (LUHMANN, 1997c, p. 61), a partir dos quais também se pode pensar a formação dos grupos criminosos organizados.

Conclusão

Após a análise acima realizada, conclui-se que as noções de exclusão

(em nível macrossocial) e de organização (no âmbito micro) são extrema-mente úteis para serem analisados fenômenos peculiares de sociedades periféricas, contribuindo, assim, com a produção teórico-analítica no cam-po dos estudos sobre crime e violência no Brasil. Para tanto, é preciso aguçar o olhar que conhece a partir da diferença, que contempla as outras possibilidades, a contingência do social (RODRIGUEZ MANSILLA em: LUHMANN, 1997c, p. XXI-XXII).

Tomando-se o conceito de organização de Luhmann, tecem-se as seguintes considerações a respeito da criminalidade organizada no Brasil: a) É mais apropriado considerar os grupos criminosos como organizações

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drogas, extorsão mediante seqüestro, lavagem de dinheiro, fraudes co-merciais, roubos planejados, etc.

b) Enquanto organização, o crime organizado estrutura-se através de unida-des de processos de comunicação que envolvem decisões que se interpenetram. Através delas são estabelecidas relações com os outros sistemas e organizações, sob a forma de redes interorganizacionais ou linkages (redes de proteção ou favores que impedem os sistemas funcio-nais de desenvolverem sua própria racionalidade, em: LUHMANN, 1998, p. 188) que entrelaçam o mundo lícito e o ilícito. O seguinte relato de entrevista com um chefe do tráfico de uma favela do Rio de Janeiro ilustra a existência destas redes:

- Tem gente lá na Zona Sul que ganha mais do que vocês com essas paradas aí? [repórter]

- Ganha. A comunidade é pobre.

- Não, o que eu quero dizer é o seguinte: tem uma outra ponta nesse esquema, além de você, fora daqui, que ganha com isso e que não aparece?[repórter] - Tem, tem, tem.

- O Flávio Negão [trata-se do entrevistado] não é a últi-ma ponta dessa fieira? [repórter]

- Tem mais gente, lá fora.

- Quem é essa gente? Quem manda em Flávio Negão? [repórter]

- Isso eu não posso dizer.

- Mas é gente importante? [repórter]

- Ah, é, muito importante. Tudo colarinho branco. - Empresários, políticos? [repórter]

- Tem de tudo. (VENTURA, 1994, p. 201).

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p. 122). Elas envolvem também valores, afetos e desafetos, costumes e atitudes típicas. Por exemplo: a subjugação pela força, a satisfação emo-cional ou sexual, a busca por status e pela aprovação dos pares, a solução de uma diferença antiga com um inimigo ou a realização de alguma ne-cessidade de justiça.

d) Estas organizações criminosas são obrigadas a inovar para se adequarem ao ambiente cambiante e se reproduzirem, mantendo a sua relação com as outras organizações e sistemas.

e) Diferentemente do que Luhmann identifica em sociedades funcional-mente diferenciadas, no Brasil, o pertencimento à organização (criminal) não pressupõe como pré-condição, a capacitação escolar e a livre escolha de uma profissão. Por conseguinte, pode-se inferir que o recrutamento de novos membros pelas organizações criminosas surgidas dentro de um contexto de exclusão (como na América Latina) representa uma oportu-nidade de ganho monetário e de prestígio para a população socialmente destituída. Neste contexto específico, o critério de capacitação escolar e profissional é menos determinante para o ingresso dos novos membros. Traduzindo-se as indicações de Luhmann para uma abordagem empírica, seria oportuno apreender qual o código binário constitutivo das organizações do crime organizado que estabelece quem está incluído e excluído e garante a motivação individual e a seleção, bem como mapear os seus demais mecanismos estruturadores, que fecham e abrem fronteiras e interfaces com os outros sistemas sociais e o ambiente, quais sejam: as linkagens e a circulação entre o mundo lícito e ilícito, as decisões inter e intra-organizacionais (racionais ou não), as inovações requeridas pelo ambi-ente circundante, a existência de planificação das atividades.

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relações sociais ancora-se, sobretudo, na violência; se as organizações cri-minais possuem efetivamente um caráter empresarial; em que medida elas representam um canal de acesso aos recursos financeiros e simbólicos para a população excluída; e quais as rotas principais de sua difusão.

O bviamente, um estudo neste âmbito deve levar em conta as especificidades das diferentes atividades englobadas pelo crime organizado (suas diferentes escalas de atuação, seu patamar de organização, o uso sistemático ou esporádico da violência, etc.). Enfim, para além de um enfoque descritivo e quantitativo (que permite captar as tendências e a distribuição espacial), o conhecimento mais aprofundado deste fenômeno requer uma perspectiva analítica que focalize as próprias condutas criminosas e suas referências culturais. (MACHADO DA SILVA, 1999).

Exclusion, illegality and criminal organizations in Brazil

Abstract

The article discusses the suitability of Niklas Luhmann’s theory for the study of societies of peripheral modernity, among them Brazil. It argues that the author provides relevant notions to the comprehension of phenomenons that occur in these societies, whose social systems perhaps are not totally developed and where the exclusion was differentiated, failing to represent a constitutive element of the systemic balance – as well as the inclusion – and assuming an own dynamic.

Furthermore this article analyzes the validity of Luhmannian concepts of social system and social organization to analyse organized crime in Brazil. It concludes that criminal organizations can be characterized as social organizations, covering units of processes of communication that unite decisions among themselves. Acting illegally, these organizations interact with other systems and organizations, creating a net of inter-organizational relations, or even, linkages between the licit and illicit world. Moreover, they are obliged to be always innovating in order to be suitable to the changing context.

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