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Ensaio de longa duração com calcário e cloreto de potássio na cultura do algodoeiro.

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Academic year: 2017

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VI. ADUBAÇÃO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS

ENSAIO DE LONGA DURAÇÃO COM CALCÁRIO

E CLORETO DE POTÁSSIO NA CULTURA DO ALGODOEIRO (

1

)

NELSON MACHADO DA SILVA (2A), LUIZ HENRIQUE CARVALHO (2 4) c JOSÉ ANTONIO QUAGGIO (3'4)

( ) Trabalho apresentado na IV Reunião Nacional de Algodão, Belém (PA), em outubro de 1986. Recebido para publi-cação em 23 de novembro de 1994 e aceito em 30 de junho de 1995.

(2) Seção de Algodão, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP). (') Seção de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas. IAC.

( ) Com bolsa de pesquisa do CNPq.

RESUMO

Decorridos cinco anos de um ensaio de calagem e adubação potássica do algodoeiro, em latossolo roxo distrófico do município de Guaíra (SP), reaplicou-se o calcário nas mesmas doses da primeira fase (0, 2, 4 e 6 t/ha). Utilizou-se o calcário dolomítico com 25,3% de CaO, 19,9% de MgO e 68% de PRNT. O potássio foi aplicado em subparcelas nas doses anuais de 0, 50, 100 e 150 kg/ha de K2O, na forma de cloreto de potássio. Fez-se, anualmente, a adubação com N, P2O5 e B nas doses respectivas de 60, 100 e 1,5 kg/ha. O efeito da calagem no aumento dos valores de pH e da saturação por bases da camada arável do solo foi imediato, havendo, no entanto, um decréscimo nos valores desses índices após o segundo ano e um retorno aos níveis da fase anterior. Concomitantemente, a lixiviação de Ca c de Mg foi acentuada a partir do segundo ano após a reaplicação do calcário. O efeito do potássio na produção de algodão foi mais evidente com a calagem. Sintomas de sua deficiência foram observados nas plantas das parcelas com calcário e sem adubação potássica. Na ausência de calagem, a dose máxima de potássio provocou injúria nas plantas. O índice de 90% da produtividade máxima esperada foi alcançado em presença da adubação potássica e quando a saturação por bases aumentou até 60% na camada arável e 40% nas profundidades de 20-40 cm e 40-60 cm.

Termos de indexação: algodão; calagem e potássio; interações e análise do solo.

ABSTRACT

LONG T E R M T R I A L W I T H L I M E S T O N E A N D P O T A S S I U M ON C O T T O N C R O P

(2)

was reapplied. The soil pH and base saturation in the plow layer increased fastly after re-liming, and decreased down to previous rates two years later, due to an intensive Ca and Mg leaching to the subsoil layers. Potassium effect on cotton yield was more evident with liming. Potassium deficiency symptoms were noted in plants from the limed plots with no K-fertilization. In the abscence of liming, the highest K rate promoted plant injury. A 90% index of the maximum expected yield was reached in presence of K-fertilization and when the soil base saturation increased up to 60% in the plow layer and 40% in the subsoil layers (20-40 and 40-60 cm depths).

Index terms: cotton; liming and potassium; interactions and soil analyses.

1. I N T R O D U Ç Ã O

Na cultura do a l g o d o e i r o , 6 freqüente a repetição da calagem após alguns anos de cultivo em solos tropicais ácidos. Silva et ai. (1980), t r a b a l h a n d o em solo com 6 6 % de argila na c a m a d a arável, rea-plicaram o calcário no quinto ano de estudo, em face da reacidificação do solo. Na s e g u n d a etapa, a lixiviação de bases (Ca + M g ) destacou-se, com c o n s e q ü e n t e a u m e n t o do pH em p r o f u n d i d a d e e maior a p r o v e i t a m e n t o do fósforo natural em função da correção da acidez do solo (Silva et ai., 1987).

Em solo com menor teor de argila ( 4 7 % ) , Silva et ai. ( 1 9 8 4 ) o b s e r v a r a m , no terceiro ano após a calagem, que a lixiviação de bases foi intensa, prin-c i p a l m e n t e a de Mg. Neste trabalho, disprin-cute-se o que ocorreu após a r e a p l i c a ç ã o do corretivo, que se deu no sexto ano de e s t u d o .

2. M A T E R I A L E M É T O D O S

Em m a i o de 1981, r e p e t i u - s e a calagem nas par-celas e x p e r i m e n t a i s do ensaio de longa d u r a ç ã o , m a n t i d o desde 1976 com o a l g o d o e i r o em latossolo r o x o distrófico com 4 7 % de argila na c a m a d a arável, do município de Guaíra (SP). Utilizou-se calcário d o l o m í t i c o com 2 5 , 3 % de C a O , 19,9% de M g O e 6 8 % de PRNT, tendo sido aplicadas as mesmas do-ses da primeira c a l a g e m , a saber: 0, 2, 4 e 6 t/ha. C o m o na fase anterior, o efeito do corretivo sobre as características do solo foi a c o m p a n h a d o por aná-lises de amostras colhidas p e r i o d i c a m e n t e , nas par-celas, durante cinco anos s u c e s s i v o s .

O cloreto de p o t á s s i o c o n t i n u o u a ser usado nas doses de 0, 50, 100 e 150 kg/ha/ano de K2O, nas

subparcelas do ensaio d e l i n e a d o em parcelas sub-divididas com distribuição em blocos ao acaso, com quatro repetições. Nos dois p r i m e i r o s anos, semeou--se a variedade IAC 18 e, nos d e m a i s , a ' I A C 2 0 ' . Além de K2O, a a d u b a ç ã o básica anual de plantio c o n s t o u de 10-100 e 1,5 k g / h a d e N-P2O5 e B, r e s p e c t i v a m e n t e , fornecidos c o m o sulfato de amô-nio, superfosfato simples e b ó r a x .

A maior dose de cloreto de p o t á s s i o foi aplicada p a r c e l a d a m e n t e : 100 kg/ha de K2O no plantio e 5 0 kg/ha em cobertura, j u n t o com sulfato de amônio (50 kg/ha de N).

Efetuaram-se a m o s t r a g e n s de solo nas parcelas, fora da faixa de a d u b a ç ã o , nas profundidades de 0-20 e 20-40 cm, no primeiro ano após a segunda cala-gem, e de 0-20, 20-40 e 40-60 cm, nos demais anos.

R e a l i z o u - s e a colheita do a l g o d ã o nas linhas cen-trais da parcela e x p e r i m e n t a l , c o m p o s t a por quatro linhas de 5 m cada uma, espaçadas de 0,80 m. Foram feitas análises da variância dos dados de produção e dos resultados de análises de solo, assim como estudo de correlação entre os referidos parâmetros.

3. RESULTADOS E D I S C U S S Ã O

3.1 Análise química do solo

(3)

Na profundidade de 20-40 cm, o decréscimo do

pH mostrou-se acentuado já no segundo ano; nos

anos subseqüentes, manteve-se estável, sobretudo

nas doses mais altas de calcário. Na camada de

40-60 cm, por sua vez, observou-se, nas parcelas

calcariadas, certo aumento do pH, proporcional ao

tempo; no final, os valores mostraram-se

equiva-lentes aos observados na camada imediatamente

su-perior. O tratamento testemunha, sem calcário,

apresentou gradativo aumento na acidez do solo,

principalmente nas camadas mais superficiais.

Silva et ai. (1987), trabalhando em solo com

66% de argila, também observaram, aos dois-três

anos da segunda calagem, decréscimo do pH na

camada arável, enquanto, na profundidade de 20-40

cm, detectou-se aumento nos valores desse índice,

atribuindo-o à lixiviação de bases. No presente

es-tudo, essa perda parece ter sido mais intensa. Com

efeito, oito meses após a segunda calagem, os teores

de Ca + Mg na camada 20-40 cm mostravam-se

mais elevados nos tratamentos com calcário do que

na fase anterior (Figura 2). Por outro lado, aos vinte

meses, esses valores diferiam da camada

imedia-tamente inferior, de 40-60 cm. A lixiviação de bases,

muito intensa superficialmente do segundo para o

terceiro ano, parece ter-se acentuado com o tempo

de estudo, conforme indicam os aumentos de Ca + Mg

através do perfil do solo, nos últimos anos.

(4)

Ainda no quadro 1, pode-se notar que os valores

máximos de V%, matematicamente esperados para

a camada superficial, nunca foram alcançados. Na

primeira fase, por exemplo, a despeito de o calcário

utilizado apresentar PRNT apenas de 52% (Silva

et ai., 1984), a maior dosagem (4 e 6 t/ha) deveria

elevar a saturação para faixa acima de 60%, o que

efetivamente não ocorreu.

A ação do corretivo foi lenta, proporcionando

os melhores resultados de V% a partir do terceiro

ano (1978/79), índices que se mantiveram

cons-tantes até a calagem seguinte, efetuada em 1981.

Só foi possível atingir níveis adequados de V%,

mediante reaplicação do calcário (PRNT = 68%)

na dosagem máxima.

A saturação por bases nas parcelas

correspon-dentes, no entanto, já se encontrava na faixa de

44 a 54% (1980/81), por ocasião dessa calagem.

No final do estudo (1985/86), a camada superficial

tornou a apresentar valores de saturação muito

pró-ximos aos da etapa anterior, o que denota baixo

efeito residual da segunda calagem.

3.2 Produtividade do algodoeiro

(5)

Na curva de resposta obtida em ausência de

po-tássio, nota-se que a repetição da calagem na

do-sagem maior (4 e 6 t/ha) poderia acarretar prejuízos

em face dos poucos acréscimos de produtividade

proporcionados. Nas parcelas bem calcariadas, mas

não adubadas, pode-se observar, durante a fase de

frutificação, o aparecimento de sintomas típicos de

"fome de potássio". Nas folhas da parte inferior

("baixeiro"), ou média das plantas, notou-se, de

iní-cio, uma clorose internerval, que, com o tempo,

evoluiu para uma coloração bronzeada e depois

par-da - Figura 5. Os sintomas deslocaram-se,

paula-tinamente, para as partes mais novas do algodoeiro,

enquanto as folhas velhas, deficientes, começavam

a secar. Houve, então, queda prematura da folhagem

e um adiantamento na abertura das maçãs, com

pre-juízo para o peso total do algodão e para a qualidade

(6)
(7)

Como nas parcelas adubadas não ocorreu

sin-toma de deficiência, decidiu-se avaliar o efeito da

calagem na presença de potássio. Para tanto,

efe-tuou-se um estudo de correlação entre os valores

da saturação por bases (V%), determinada nas

pro-fundidades de 0-20, 20-40 e 40-60 cm e os dados

médios de produção correspondentes às três doses

do nutriente. A fim de corrigir os efeitos do ano

agrícola sobre a produtividade do algodoeiro,

uti-lizou-se a produção relativa representada pela

por-centagem da maior média de produção de cada safra.

As curvas obtidas encontram-se na figura 6.

A correlação foi maior no estudo da camada

superficial (Figura 6A), onde se concentra a quase

totalidade das raízes absorventes do algodoeiro e

o calcário costuma ser mais eficaz. Note-se que,

em condições de alta acidez do solo, com análise

da amostra superficial indicando valores de V%

entre 15 e 20, seria possível atingir pouco mais

da metade da máxima produção esperada; esse

ín-dice se elevaria para 75%, em condições de mediana

correção (V = 40%), enquanto o valor de 90% da

máxima produção só se alcançaria com a elevação

da saturação para cerca de 60%. Na camada de

20-40 e 40-60 cm, o valor de V% adequado estaria

pouco acima de 40 - Figura 6B e C.

4. CONCLUSÕES

(8)

2. E m b o r a a saturação por bases da c a m a d a ará-vel não t e n h a atingido os valores esperados com a r e a p l i c a ç ã o do calcário, a correção subsuperficial concorreu para a boa p r o d u ç ã o do a l g o d o e i r o .

3. As p l a n t a s r e s p o n d e r a m m e l h o r à calagem q u a n d o em presença de a d e q u a d a a d u b a ç ã o p o t á s -sica e vice-versa.

4. A aplicação de dose alta de potássio (150 kg/ha de K2O) no sulco de semeadura conduziu a d e c r é s c i m o s na p r o d u t i v i d a d e do algodoeiro.

5. Na p r e s e n ç a de p o t á s s i o , as faixas adequadas de s a t u r a ç ã o por bases ( V % ) estiveram em torno de 6 0 % e 4 0 % , r e s p e c t i v a m e n t e , para análises de amostras superficiais (0-20 cm) e mais profundas (20-40 e 4 0 - 6 0 cm).

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

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Referências

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