Fabio Antonio Araujo de Campos
Orientador: Prof. Dr. Ma To Fu
Dissertação apresentada ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC-USP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Matemática.
USP – São Carlos Janeiro/2010
SERVIÇO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO ICMC-USP
Agradecimentos
`
A minha querida M˜ae, que sonhou este sonho comigo.
Ao professor Ma To Fu, que com compreens˜ao, dedica¸c˜ao e boa vontade aceitou orientar-me neste projeto.
`
A minha fam´ılia, amigos e a Renata pela compreens˜ao nas minhas ausˆencias, apoio e est´ımulo.
Aos meus amigos de Mestrado, pelas discuss˜oes e convivˆencia que me ajudaram muito nesta jornada.
Resumo
Neste trabalho estudamos a equa¸c˜ao de ondas do tipo p-Laplaciano
utt−∆pu+ (−∆)αut=|u|q−2u,
definida num dom´ınio limitado doRn, com 2≤p < q e 0< α <1. Utilizando o
Abstract
In this work we study the p-Laplacian wave equation
utt−∆pu+ (−∆)αut=|u|q−2u,
defined in a bounded domain of Rn, with 2≤ p < q and 0 < α <1. By using
SUM ´
ARIO
Introdu¸c˜ao 1
1 Preliminares 5
1.1 Topologias Fraca e Fraca Estrela . . . 5
1.2 Espa¸cosLp(Ω) . . . . 6
1.3 Distribui¸c˜oes . . . 7
1.3.1 Convergˆencia em D(Ω) . . . 8
1.3.2 Derivada de uma Distribui¸c˜ao . . . 8
1.4 Espa¸cos de Sobolev . . . 9
1.4.1 Imers˜oes de Sobolev . . . 9
1.4.2 Operadores de Ordem Fracion´aria . . . 10
1.5 Os Espa¸cos Lp(0, T;V) . . . . 12
1.6 Operadorp-Laplaciano . . . 13
1.7 Resultados Gerais . . . 14
2 Existˆencia Global de Solu¸c˜ao 17 2.1 Problema Aproximado . . . 20
2.2 Estimativas a priori . . . 21
2.3 Passagem ao limite . . . 25
2.4 Condi¸c˜oes Iniciais . . . 28
3 Comportamento Assint´otico 31
4 N˜ao Existˆencia de Solu¸c˜ao Global 39
INTRODU ¸
C ˜
AO
Neste trabalho estudamos a quest˜ao da existˆencia global e o comportamento assint´otico de solu¸c˜oes para uma equa¸c˜ao de onda do tipo p-Laplaciano,
utt−∆pu+Dut=g(u), (1)
onde Dut ´e termo de dissipa¸c˜ao (damping) eg(u) ´e uma perturba¸c˜ao n˜ao linear. O operador p-Laplaciano, tamb´em chamado pseudo Laplaciano, ´e definido por
∆pu=div(|∇u|p−2∇u) ou ∆pu= N X j=1 ∂ ∂xj ∂u ∂xj
p−2
∂u ∂xj
!
, p >1.
Estas duas formas do pseudo Laplaciano correspondem `as derivadas de Fr´echet, emW01,p(Ω), dos funcionais
kukpA= 1 p
Z
Ω
|∇u|pdx e kukpB = 1 p Z Ω n X j=1 ∂u ∂xj p dx,
respectivamente, onde k · kA e k · kB s˜ao conhecidas normas equivalentes.
O pseudo Laplaciano ´e um operador n˜ao linear que se reduz ao Laplaciano usual no caso p= 2, e ´e de grande interesse te´orico por ser prot´otipo para o estudo de diversas equa¸c˜oes envolvendo operadores mon´otonos, hemi-cont´ınuos e degenerados. (ver por exemplo Lions [11])
Muitos estudos sobre equa¸c˜oes de ondas do tipo p-Laplaciano foram apresentados nos ´
ultimos trinta anos. Normalmente, para o estudo de solu¸c˜oes globais, consideram-se termos dissipativos fortes
Dut=−∆ut,
conforme por exemplo, Biazutti [2], Ma e Soriano [13], Messaoudi [16] e Webber [23]. Aparentemente, a existˆencia de solu¸c˜oes globais desse tipo de problema com apenas dissi-pa¸c˜ao “fraca”
´e um problema em aberto.
Em 2007, Yaojun Ye [25] apresentou um resultado de existˆencia global para a equa¸c˜ao (1) com a dissipa¸c˜ao fraca Dut = ut acima observada, num contexto de dados pequenos tomados dentro de um conjunto de estabilidade (po¸co potencial). ´E um resultado do tipo Sattinger [7], Georgiev e Todorova [8] ou Messaoudi [16].
Dessa forma, pareceu-nos interessante apresentar uma disserta¸c˜ao unificando o artigo de Ye [25] e o artigo de Gao e Zhang [6], que trata da n˜ao existˆencia do tipo “blow-up” de solu¸c˜oes do problema (1) com energia inicial negativa.
Entretanto, descobrimos mais tarde que o artigo [25] cont´em um erro na aplica¸c˜ao do conhecido Teorema de Aubin-Lions [11], invalidando um argumento essencial sobre a compacidade do problema.
Para recuperar a nossa proposta inicial, resolvemos estudar a equa¸c˜ao (1) com uma dissipa¸c˜ao intermedi´aria, considerada anteriormente por Gao e Ma [7]. Mais precisamente, consideramos
Dut= (−∆)αut, 0< α <1.
Podemos observar queα = 0 corresponde a dissipa¸c˜ao fracaDut =ut eα = 1 corresponde a dissipa¸c˜ao forte Dut=−∆ut.
No presente trabalho consideramos o problema
utt− △pu+ (−△)αut=|u|q−2u, em Ω×(0, T)
u(x, t) = 0, em ∂Ω×(0, T)
u(x,0) = u0(x), ut(x,0) =u1(x), x∈Ω,
(2)
onde Ω ´e um dom´ınio limitado do Rn, 2 ≤ p < q e 0 < α < 1. Os dados iniciais dever˜ao
satisfazer
u0 ∈W01,p(Ω) e u1 ∈L2(Ω). (3)
Basicamente, reunimos os resultados de trˆes artigos (Ye [25], Gao-Ma [7] e Gao-Zhang [6]), reescrevendo-os dentro de um mesmo contexto e linguagem.
No Cap´ıtulo 2, provamos a existˆencia de solu¸c˜oes globais para o problema (2) com dados pequenos, seguindo os passos de Ye [25], mas com dissipa¸c˜ao tipo fracion´ario apresentado em Gao e Ma [7]. O m´etodo utilizado ´e de aproxima¸c˜ao de Faedo-Galerkin, combinado com argumentos de monotonia, como apresentados em Lions [11]. O resultado principal ´e o Teorema 2.4.
No Cap´ıtulo 3, provamos que a energia do sistema associada `as solu¸c˜oes obtidas no Teorema 2.4,
E(t) = 1
2||ut(t)||
2 2+
1
p||∇u(t)|| p p−
1
decai para zero a uma taxa polinomial. Como veremos,
d
dtE(t) = −||(−∆)
α
2u(t)||2
2,
o que mostra que a energia ´e decrescente. O resultado segue as linhas de Gao e Ma [7] e Biazutti [2]. A an´alise ´e feita utilizando o m´etodo de Nakao [18]. O resultado principal ´e o Teorema 3.1.
No Cap´ıtulo 4, apresentamos um resultado de n˜ao existˆencia global para o problema (2) no caso da energia inicial ser negativa. O resultado ´e apresentado em Gao e Zhang [6] e segue os passos de Messaoudi-Belkacem [17].
CAP´ITULO 1
PRELIMINARES
Daremos aqui algumas defini¸c˜oes e resultados que ser˜ao importantes como pr´e-requisitos para uma melhor compreen¸c˜ao do que ser´a tratado a seguir.
1.1
Topologias Fraca e Fraca Estrela
Seja X um espa¸co de Banach e X∗ seu dual topol´ogico. A topologia Fraca σ(X, X∗)
em X ´e a topologia menos fina que torna cont´ınua todos os funcionais (ϕf)f∈X∗ tal que
ϕf :X−→K e ϕf(x) =f(x) = hf, xi para f percorrendo X∗.
Defini¸c˜ao 1.1. Dizemos que uma sequˆencia {xn} ⊂ X ´e fracamente convergente em X, se ´e convergente no sentido de σ(X, X∗). Neste caso escrevemos xn ⇀ x. Em particular, uma sequˆencia{xn} converge fracamente se e s´o se,|f(xn)−f(x)| −→0 para∀f ∈X∗.
Proposi¸c˜ao 1.2. Seja X um espa¸co de Banach e {xn} uma sequˆencia em X. Temos que:
• xn⇀ x⇔f(xn)−→f(x),∀f ∈X∗
• Se xn −→x, ent˜ao xn⇀ x.
• Se xn ⇀ x, ent˜ao {||xn||} ´e limitado e ||x|| ≤lim inf||xn||.
• Se xn ⇀ xe se fn−→f em X∗ (||fn−f||
X∗ −→0), ent˜ao fn(xn)−→f(x).
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
Defini¸c˜ao 1.3. A topologia Fraca Estrela, denotada por σ(X∗, X), ´e a topologia menos
fina de X∗ induzida por {ϕx}
x∈X. Ou seja, fn −→ f em (X∗, σ(X∗, X)), escrevemos fn⇀ f∗ , e diremos que fn converge paraf na topologia Fraca Estrela.
• fn⇀ f∗ ⇔ hfn, xi −→ hf, xi,∀x∈X
• Se ||fn−f||X∗ −→ 0, ent˜ao fn ∗
⇀ f em X∗. Se fn ⇀ f em X∗, ent˜ao fn ⇀ f∗ em
X∗.
• Se fn⇀ f∗ em X∗, ent˜ao ||fn|| ´e limitado e ||f|| ≤lim inf
n−→∞ ||fn||.
• Se fn⇀ f∗ em X∗ e xn−→x em X, ent˜ao fn(x)−→f(x).
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
Proposi¸c˜ao 1.5. Seja X um espa¸co de Banach reflexivo e suponha que a sequˆencia{un}n∈N
seja limitada em X. Ent˜ao existe uma subsequˆencia {unk}k∈N que converge na topologia
fraca.
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
Proposi¸c˜ao 1.6. Sejam X um espa¸co de Banach separ´avel e {fn}n∈N uma sequˆencia
lim-itada em X∗. Ent˜ao existe uma subsequˆencia {f
nk}k∈N que converge na topologia fraca
estrela.
Demonstra¸c˜ao: Ver [3]
1.2
Espa¸cos
L
p(Ω)
Seja Ω ⊂ Rn um conjunto aberto e 1 ≤ p < ∞. Ent˜ao Lp(Ω) denota o conjunto das
classes de equivalˆencia das fun¸c˜oes mensur´aveis u : Ω −→ R tal que R
Ω|u(x)|pdx < ∞,
onde identificamos as fun¸c˜oes cujos valores s˜ao iguais q.s. em Ω. A norma em Lp(Ω) ´e dada por:
||u||p =
Z
Ω
|u(x)|pdx
1/p
(1.1)
Para o caso em quep=∞, definimosL∞(Ω) o conjunto consistindo de todas as fun¸c˜oes
mensur´aveis que s˜ao essencialmente limitadas. A norma em L∞(Ω) ´e dada por:
||u||∞ = inf{c;|u(x)| ≤c, q.s. em Ω} (1.2)
Proposi¸c˜ao 1.7. Lp(Ω) ´e um espa¸co de Banach para todo 1≤p≤ ∞.
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
Proposi¸c˜ao 1.8. (H¨older).Se u ∈ Lp(Ω) e v ∈ Lq(Ω) ent˜ao uv ∈ L1(Ω) e tem-se a
desigualdade,
Z
Ω
|uv|dx≤ ||u||p||v||q, (1.3)
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
Lema 1.9. (Fatou). Seja {fn}n∈N uma sequˆencia de fun¸c˜oes Lp(Ω) para 1≤p <∞, tal
que para cada n∈N, fn(x)≥0 q.s. em Ω.
Z
Ω
lim inf
n fn(x)dx≤lim infn
Z
Ω
fn(x)dx. (1.4)
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
Teorema 1.10. (Convergˆencia dominada). Seja fn uma sequˆencia de fun¸c˜oes inte-gr´aveis em Lp(Ω). Suponha que:
1 fn converge q.s. para uma fun¸c˜ao f em Lp(Ω).
2 Existe uma fun¸c˜ao integr´avel g em Lp(Ω), tal que |fn| ≤g. Ent˜ao, f ∈Lp(Ω) e
Z
Ω
f(x)dx= lim
n
Z
Ω
fn(x)dx. (1.5)
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
Proposi¸c˜ao 1.11. (Representa¸c˜ao de Riez). Sejam 1 ≤ p < ∞, ϕ ∈ (Lp(Ω))′ e
1
p +
1
q = 1. Ent˜ao existe uma ´unica u∈L
q(Ω) tal que
hϕ, vi=
Z
Ω
u(x)v(x)dx, ∀ v ∈ Lp(Ω) e ||u||q =||ϕ||(Lp(Ω))′. (1.6)
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
1.3
Distribui¸c˜
oes
Seja Ω⊂Rnum conjunto aberto. Por um multi-´ındice entendemos osα= (α1, ..., αn)∈ Nn com ordem|α|=α1+...+αn. Definimos o operador de derivada parcial Dα, de ordem
|α|, por:
Dαu= ∂
|α|u
∂α1x
1...∂αnxn
(1.7)
onde a fun¸c˜ao u: Ω−→R´e uma fun¸c˜ao suficientemente deriv´avel.
Defini¸c˜ao 1.12. Seja u: Ω−→R uma fun¸c˜ao cont´ınua. O suporte deu ´e definido por:
Defini¸c˜ao 1.13. O subespa¸co vetorial deC∞(Ω) definido por todas as fun¸c˜oes com suporte
compacto contidos em Ω, ser´a denotado por C∞
0 (Ω), isto ´e,
C0∞(Ω) :={u∈C∞(Ω);supp(u)⊂⊂Ω} (1.9)
onde o s´ımbolo ⊂⊂ denota compactamente contido, ou seja, V ⊂⊂ W se V ⊂ W e V ´e compacto. O espa¸co C∞
0 (Ω) ser´a chamado o espa¸co das fun¸c˜oes testes.
Defini¸c˜ao 1.14. Dizemos que uma fun¸c˜ao u : Ω −→ R ´e localmente integr´avel em Ω, se
for Lebesgue-integr´avel em todo compacto K ⊂Ω. Denotamos este espa¸co por,
L1loc(Ω) :={u∈L1(K);K ⊂⊂Ω} (1.10)
Lema 1.15. (Du Bois-Raymond). Seja u∈L1
loc(Ω) e tal que,
Z
Ω
uϕdx= 0 para todo ϕ∈C0∞(Ω) (1.11)
ent˜ao u= 0 quase sempre em Ω.
Demonstra¸c˜ao: Ver [15].
1.3.1
Convergˆ
encia em
D
(Ω)
Defini¸c˜ao 1.16. (O Espa¸coD(Ω)). Sobre o espa¸coC∞
0 (Ω), definiremos a seguinte no¸c˜ao
de convergˆencia. Diremos que {ϕn}em C∞
0 (Ω) converge para zero em C0∞(Ω), quando:
1. Existe K ⊂Rn, com K ⊂⊂Ω tal quesupp(ϕn)⊂K para todon∈N.
2. Para α∈Nk,∀k ∈N∗, temos que Dαϕn−→0 uniformemente em Ω.
O espa¸co vetorial C∞
0 (Ω) com esta no¸c˜ao de convergˆencia ´e denotado por D(Ω) e
de-nominado espa¸co das fun¸c˜oes testes em Ω.
Defini¸c˜ao 1.17. Uma distribui¸c˜ao emD(Ω) ´e um funcional linearT :D(Ω)−→Rtal que
a cadaϕ ∈D(Ω) associa o n´umero real hT, ϕi. Al´em dissoT deve ser cont´ınua no seguinte sentido: se{ϕn}n∈N converge paraϕ em D(Ω), ent˜ao T(ϕn)−→T(ϕ) em R. O espa¸co de
todas as distribui¸c˜oes ser´a denotado por D′(Ω).
Diremos que {Tn} converge para zero em D′(Ω), sehTn, ϕi −→0 para todo ϕ∈D(Ω).
1.3.2
Derivada de uma Distribui¸c˜
ao
Defini¸c˜ao 1.18. Seja T uma distribui¸c˜ao e α ∈ Nk para algum k ∈ N∗. A derivada de
ordem α deT ´e definida por:
DαT :D(Ω) −→ R
1.4
Espa¸cos de Sobolev
Sjaα ∈Nk para algumk ∈N∗.Sabemos que seu∈Lp(Ω) para 1≤p≤ ∞nem sempre
ocorre Dαu∈Lp(Ω). Exemplo desse fato ´e a fun¸c˜ao de Heaviside.
Defini¸c˜ao 1.19. Seja Ω ⊂Rn, 1≤p≤ +∞ e m ∈N. Denotamos por Wm,p(Ω) o espa¸co
de todas as fun¸c˜oes u ∈Lp(Ω) tal que para todo |α| ≤m, Dαu∈ Lp(Ω) para todo multi-´ındice α = (α1, ..., αn) de inteiros n˜ao negativos. Com as correspondentes normas dadas
por,
||u||m,p = (
X
|α|≤m
||Dαu||pp)1/p se 1≤p <∞ (1.12)
||u||m,∞ = max |α|≤m||D
αu||
∞ se p=∞ (1.13)
s˜ao chamados Espa¸cos de Sobolev de ordem m em Lp(Ω).
Quando m= 0 temos Wm,p(Ω) =Lp(Ω) e quando p= 2 temos Wm,p(Ω) =Hm(Ω).
Defini¸c˜ao 1.20. Definimos para 1 ≤ p < ∞ o espa¸co W0m,p(Ω) como sendo o fecho de
D(Ω) em Wm,p(Ω). Quando p= 2, escrevemos Hm
0 (Ω) em lugar deW
m,2
0 (Ω). Al´em disso,
a norma ||∇u||p ´e uma norma de W01,p(Ω) equivalente a norma definida em (1.12).
Teorema 1.21. O espa¸co (Wm,p(Ω),||.||m,p) ´e um espa¸co de Banach.
Demonstra¸c˜ao: Ver [15].
O espa¸co Hm(Ω) com m ∈ N ´e um espa¸co de Hilbert, no qual o produto interno, ´e definido por
(u, v)m = X
|α|≤m
(Dαu, Dαv)2,
onde (., .)2 ´e o produto interno emL2(Ω), que ´e tamb´em um espa¸co de Hilbert.
Nota¸c˜ao: Denota-se porW−1,p′
(Ω) o espa¸co dual topol´ogico deW01,p(Ω), onde 1≤p < ∞
e 1p +p1′ = 1. Por H
−1(Ω) denotamos o espa¸co dual de H1 0(Ω).
Indentificamos o dual de L2(Ω) consigo mesmo, por´em n˜ao fazemos isso com H1 0(Ω).
1.4.1
Imers˜
oes de Sobolev
Proposi¸c˜ao 1.22. Sejam Ω um aberto limitado do Rn, de classe C1 onde 1 ≤ p ≤ ∞.
Ent˜ao as seguintes imers˜oes s˜ao cont´ınuas.
i Se p < n ent˜ao W1,p(Ω)֒→Lq(Ω) onde 1≤q ≤ np
n−p =p
ii Se p=n ent˜ao W1,p(Ω) ֒→Lq(Ω) onde 1≤q <∞.
iii Se p > n ent˜ao W1,p(Ω)֒→L∞(Ω).
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
Proposi¸c˜ao 1.23. Seja Ω um dom´ınio limitado em RN, tem-se as seguintes imers˜oes,
W01,p(Ω) ֒→L2(Ω)֒→W−1,p(Ω) se 2N
N + 2 ≤p <∞ (1.14)
cont´ınuas e densas.
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
Proposi¸c˜ao 1.24. (Rellich-Kondrachov).Sejam Ωum aberto limitado do Rn, de classe
C1 e 1≤p≤ ∞. Ent˜ao as seguintes imers˜oes s˜ao compactas:
i Se p < n ent˜ao W1,p(Ω)֒→Lp(Ω) onde 1≤q < np
n−p =p
∗.
ii Se p=n ent˜ao W1,p(Ω) ֒→Lp(Ω) onde 1≤q <∞.
iii Se p > n ent˜ao W1,p(Ω)֒→C0( ¯Ω).
Demonstra¸c˜ao: Ver [3].
1.4.2
Operadores de Ordem Fracion´
aria
Considere espa¸cos de Hilbert V eH com os respectivos produtos internos ((·,·)) e (·,·). SuponhaV ֒→H densamente eV ֒→H compactamente. Seja a:V ×V −→Ruma forma
bilinear sim´etrica, cont´ınua e coerciva. Pelo teorema da representa¸c˜ao de Riez, para cada u ∈ V existe um ´unico Au ∈ H tal que a(u, v) = ((Au, v)), para ∀v ∈ V. Desta forma o operadorA fica bem definido pela terna{V, H,((·,·))}. O dom´ınio deA, representado por D(A), ´e o conjunto dos u∈ V tal que a forma linear v 7−→ ((u, v)) ´e cont´ınua em V com a topologia induzida de H. Ou seja:
D(A) ={u∈V;v 7−→((u, v)) ´e cont´ınua, para ∀v ∈V} (1.15)
Al´em disso, A´e um operador limitado, positivo e auto-adjunto.
Considera¸c˜oes sobre Operadores Auto-Adjuntos: Seja H um espa¸co de Hilbert e a nota¸c˜ao A ⊆ B indicando que A ´e um subconjunto denso de B. Dizemos que T : domT ⊂H−→H ´e sim´etrico se
hT u, vi=hu, T vi, ∀u, v ∈domT. (1.16)
Dizemos queT ´e Hermetiano seT ´e sim´etrico edomT ´e subconjunto denso emH. Ent˜ao o operadorT∗´e uma extens˜ao de toda extens˜ao auto-adjunta deT. Esses resultados podem
Teorema 1.25. SejaV um espa¸co de Hilbert separ´avel de dimens˜ao infinita eA :V −→V
uma aplica¸c˜ao linear, sim´etrica e estritamente positiva em V. Ent˜ao:
(i) Existe um sistema ortonormal completo (wν)ν∈N de H constitu´ıdo por autovetores de
A.
(ii) Se (λν)ν∈N s˜ao os autovalores de A correspondentes aos autovetores (wν)ν∈N ent˜ao,
0< λ1 ≤λ2 ≤...≤λν ≤...,
com λν −→ ∞ quando ν −→ ∞.
(iii) A(wν) =λνwν, ∀ν ∈N.
Demonstra¸c˜ao: Ver [9].
Observa¸c˜ao 1.26. O operador A, pode ser visto como o ”inverso”de um operador com-pacto.
Defini¸c˜ao 1.27. Definimos ent˜ao D(Aα) = {u∈H;
∞ X
ν
λ2να|(u, wν)|2 <+∞} e para cada u∈D(Aα) definimos:
Aαu=P∞
ν=1λαν(u, wν)wν. Para α >0, a potˆencia A−α ´e definida por:
A−αu=P∞
ν=1λ−να(u, wν)wν.
Observa¸c˜ao 1.28. : Como λ1 ´e o menor dos autovalores de{wν}ν∈N temos,
||Aαu|| =||
∞ X
ν=1
λα
ν(u, wν)wν|| ≥ λα1||
∞ X
ν=1
(u, wν)wν||
= λα1||u||. (1.17)
Proposi¸c˜ao 1.29. Seja α >0, a imers˜ao D(Aα)֒→H ´e compacta.
Demonstra¸c˜ao: Ver [14].
Proposi¸c˜ao 1.30. Se ρ≥0, α >0, ent˜ao a imers˜ao D(Aα+ρ)֒→D(Aα) ´e compacta.
1.5
Os Espa¸cos
L
p(0
, T
;
V
)
Defini¸c˜ao 1.31. SejaV um espa¸co de Banach. Uma fun¸c˜aou: (0, T)−→V ´e mensur´avel quando para toda fun¸c˜ao f ∈ V∗ a fun¸c˜ao num´erica t 7−→ hf, u(t)i
V∗,V for mensur´avel a
Lebesgue em (0, T).
Defini¸c˜ao 1.32. Dizemos que u : (0, T) −→ V ´e integr´avel no sentido de Bochner em (0, T) se u mensur´avel e a fun¸c˜ao num´erica t 7−→ ||u(t)||V for integr´avel a Lebesgue em
(0, T). Neste caso, a integral de Bochner de u ´e o vetor de V, denotado por
Z T
0
u(t)dt e
caracterizado por,
f,
Z T
0
u(t)dt
V∗,V
=
Z T
0
hf, u(t)iV∗,Vdt,∀f ∈V∗. (1.18)
Defini¸c˜ao 1.33. Seja 1 ≤ p < ∞, denotamos Lp(0, T;V) o espa¸co vetorial das fun¸c˜oes vetoriais u: (0, T)−→V, que a cada t ∈(0, T) faz corresponder o vetor u(t)∈V, tal que t7−→u(t) ´e mensur´avel e t7−→ ||u(t)||pV ´e integr´avel a Lebesgue em (0, T).
Em Lp(0, T;V) define-se a norma
||u||Lp(0,T;V) =
Z T
0
||u(t)||pVdt
em rela¸c˜ao a qual Lp(0, T;V) ´e um espa¸co de Banach.
Por L∞(0, T;V) denotamos o espa¸co vetorial das fun¸c˜oes mensur´aveis u: (0, T)−→V
tais que
sup t∈(0,T)
ess||u(t)|| <∞. (1.19)
EmL∞(0, T;V) definimos a norma
||u||L∞
(0,T;V) = sup
t∈(0,T)
ess||u(t)|| (1.20)
em rela¸c˜ao a qual L∞(0, T;V) ´e um espa¸co de Banach.
Se 1 ≤ p < ∞, ent˜ao o dual topol´ogico de Lp(0, T;V) se identifica com o espa¸co Lp′
(0, T, V∗) onde 1
p +
1
p′ = 1. Demonstra-se tamb´em que se V ´e um espa¸co reflexivo(resp.
separ´avel) e 1< p <∞ (resp. 1≤p <∞), ent˜ao Lp(0, T;V) ´e reflexivo(resp. separ´avel).
Dado u∈Lp(0, T;V), 1≤p≤ ∞, definimos a aplica¸c˜ao linear,
Tu(ϕ) =hTu, ϕi=
Z T
0
u(t)ϕ(t)dt, ∀ϕ∈ D(0, T) (1.21)
onde a integral ´e entendida como a integral de Bochner em V.
Defini¸c˜ao 1.34. SejaT ∈ D′(0, T;V). A derivada deT de ordem n´e definida como sendo
a distribui¸c˜ao vetorial sobre (0, T) com valores em V dado por:
hd
nT
dtn , ϕi= (−1)
nhT,dnϕ
dtni, ∀ϕ∈ D(0, T). (1.22)
Teorema 1.35 (Aubin-Lions). Sejam B0, B, B1 espa¸cos de Banach, B0 e B1 reflexivos, a
imers˜ao de B0 em B ´e compacta, B imerso continuamente em B1, e W o espa¸co:
W ={u∈L2(0, T;B
0);u′ ∈L2(0, T;B1)}
munido da norma ||u||W =||u||L2(0,T;B0)+||u′||L2(0,T;B1). Ent˜ao W ´e um espa¸co de Banach,
e a imers˜ao de W em L2(0, T;B) ´e compacta.
Demonstra¸c˜ao: Ver [11].
Lema 1.36 (Lema de Lions). Seja O um aberto do Rn
x ×Rt, e sejam gk e g fun¸c˜oes de Lq(O), 1< q <∞, tais que:
||gk||Lq(O) ≤C
e gk−→g quase sempre em O.
Ent˜ao gk −→g na topologia fraca de Lq(O).
Demonstra¸c˜ao: Ver [11].
1.6
Operador
p
-Laplaciano
Defini¸c˜ao 1.37. Seja V um espa¸co de Banach reflexivo; considere a fun¸c˜aoA:V −→V′.
N´os dizemos que A ´e mon´otona se hA(u)− A(v), u−vi ≥0, para ∀u, v ∈V. E dizemos que A ´e hemicont´ınua se para cada u, v ∈ V a fun¸c˜ao de valores reais t 7−→ A(u+tv)(v) ´e cont´ınua.
Exemplo 1.38. Considere p ≥ 2, definimos o operador ∆pu = div (|∇u|p−2∇u) , que
aplica W01,p(Ω) em W−1,q(Ω), onde p−1+q−1 = 1. Este operador ´e chamado p-Laplaciano
e denotado por ∆p, al´em disso ´e f´acil ver que ∆p ´e mon´otono, hemicont´ınuo e limitado.
Defini¸c˜ao 1.39. Dizemos que A´e do tipo M se :
un ⇀ u
A(un)⇀ f,
lim supAun(un)≤f(u)
=⇒ Au=f.
Demonstra¸c˜ao: Seja{un}uma sequˆencia em V tal queun⇀ u,A(un)⇀ f e lim supAun(un)≤
f(u). Pela monotonicidade temos que hA(un)− A(v), un−vi ≥ 0 para ∀v ∈ V e ent˜ao obtemos quehf−A(v), u−vi ≥0 para todov ∈V. Para qualquerw∈V, tomev =u−tw com t > 0, ent˜ao thf − A(u−tv), wi ≥ 0 donde hf − A(u−tv), wi ≥ 0. Pela hemicon-tinuidade de A, quando t −→ 0 temos que hf − A(u), wi ≥ 0 para todo w ∈ V, ent˜ao
hf − A(u), wi= 0, para ∀w∈V, logo f =A(u).
1.7
Resultados Gerais
Defini¸c˜ao 1.41. Seja D ⊂ Rn+1. Dizemos que f satisfaz as condi¸c˜oes de Caratheod´ory
sobre D se:
• f(t, x) ´e mensur´avel em t, para cada xfixo;
• f(t, x) ´e cont´ınua em x, para cada t fixo;
• Para cada compactoC em D, existe uma fun¸c˜ao real integr´avel mC(t) tal que
|f(t, x)| ≤mC(t), para ∀(t, x)∈C. (1.23)
Considere o retˆanguloR ={(t, x)∈Rn+1;|t−t0|< a,|x−x0|< b}, com a, b >0.
Teorema 1.42(Carath´eodory). Sejaf :R−→Rnsatisfazendo as condi¸c˜oes de Carath´eodory
sobreR. Ent˜ao em algum intervalo|t−t0|< β, comβ >0, existe uma solu¸c˜ao do problema
de valor inicial:
x′ =f(t, x)
x(t0) = x0.
Demonstra¸c˜ao: Ver [4].
Teorema 1.43. (Prolongamento de solu¸c˜ao). Seja D = [0, w]×B, com 0< w < ∞
e B ={x∈Rn;|x|< b}, b >0 e f nas condi¸c˜oes de Carath´eodory. Seja ϕ(t) uma solu¸c˜ao
de:
x′ =f(t, x)
x(t0) =x0,|x0| ≤b.
Suponhamos que em qualquer intervaloI ⊂R, ondeϕ(t)est´a definida tenha-se|ϕ(t)| ≤
M, para todo t ∈ I, M independente de t e M < b. Ent˜ao, ϕ tem um prolongamento at´e
[0, w].
Demonstra¸c˜ao: Ver [4].
Lema 1.44 (Nakao). Seja E uma fun¸c˜ao n˜ao negativa e limitada, definida em R+ e
sat-isfazendo a desigualdade
sup t≤s≤t+1
E(s)γ+1 ≤C0[E(t)−E(t+ 1)], t∈R+, (1.24)
onde C0 ´e uma constante positiva e γ ´e uma constante n˜ao negativa.
1. Se γ >0, ent˜ao existe uma constante C > 0 tal que
E(t)≤C(1 +t)−1γ, ∀t≥0 (1.25)
2. Se γ = 0, ent˜ao existem constantes positivas K e ρ tal que
E(t)≤Kexp−ρt, ∀t≥0. (1.26)
CAP´ITULO 2
EXISTˆ
ENCIA GLOBAL DE SOLU ¸
C ˜
A
O
Considere Ω⊂Rn um aberto, com fronteira Γ =∂Ω suficientemente regular, T >0 um
n´umero real e Q= Ω×(0, T) cuja fronteira lateral ´e dada por Σ = Γ×(0, T). Considere o seguinte problema,
utt− △pu+ (−△)αut=|u|q−2u, em Q
u(x, t) = 0, em Σ
u(x,0) = u0(x), ut(x,0) =u1(x), x∈Ω
(2.1)
com
u0 ∈W01,p(Ω) e u1 ∈L2(Ω), (2.2)
onde q≥2 ´e um n´umero real n˜ao-negativo e △p ´e o operador p-Laplaciano comp≥2.
Defini¸c˜ao 2.1. Uma fun¸c˜aou:Q−→R, satisfazendo
u∈L∞(0, T;W1,p
0 (Ω)) e ut∈L2(0, T;L2(Ω)) (2.3)
´e chamada solu¸c˜ao fraca do problema (2.1), se para todov ∈W01,p(Ω), tem-se d
dt(ut, v)− h△pu, vi+ ((−△) αu
t, v) = (|u|q−2u, v) (2.4)
em D′(0, T), e ainda
u(x,0) =u0(x) e ut(x,0) =u1(x), x∈Ω. (2.5)
Definiremos alguns funcionais,
J(u) = 1
p||∇u|| p p−
1 q||u||
q
q, K(u) = ||∇u||pp − ||u||qq, u∈W
1,p
e de acordo com [25] definimos
d= inf
u {supλ≥0J(λu) :u∈W
1,p
0 (Ω)\{0}} (2.7)
e o seguinte conjunto,
W ={u:u∈W01,p(Ω), K(u)>0, J(u)< d} ∪ {0}. (2.8) Denotaremos a energia total por,
E(t) =E(u(t)) = 1
2||ut(t)||
2 2+
1
p||∇u(t)|| p p−
1
q||u(t)|| q q =
1
2||ut(t)||
2
2 +J(u(t)) (2.9)
onde t≥0 e E(0) = 1
2||u1||
2
2+J(u0) ´e a energia total dos dados iniciais.
Agora vamos mostrar a validade de alguns lemas que nos auxiliar˜ao a mostrar a existˆencia de solu¸c˜ao para (2.1).
Lema 2.2. Suponha que u ∈ W01,p(Ω) e que p < q < np/(n − p) para 2 ≤ p < n e
p < q <∞ paran ≤p. Ent˜ao d ´e um n´umero real positivo.
Demonstra¸c˜ao: Pela Proposi¸c˜ao 1.22, temos que existeCq>0 tal que||u||q ≤Cq||∇u||p. Queremos achar o ponto de m´aximo da fun¸c˜ao J(λu) para u fixado. Assim de,
J(λu) = λ
p
p||∇u|| p p−
λq q ||u||
q
q (2.10)
temos,
d
dλJ(λu) = λ
p−1||∇u||p
p −λq−1||u||qq. (2.11)
Igualando a express˜ao anterior a zero temos,
d
dλJ(λu) = 0 ⇒λ
q−1||u||q
q=λp−1||∇u||pp =⇒ λq−1
λp−1 =
||∇u||p p
||u||qq =λ q−p.
Assim
λ∗ =
||∇u||p
p
||u||qq
1/(q−p)
, (2.12)
´e ponto cr´ıtico deJ(λu). Derivando (2.11) novamente temos:
d2
dλ2J(λu)
λ=λ∗
= (p−1)
||∇u||p
p
||u||qq
p −2
q−p
||∇u||pp−(q−1)
||∇u||p
p
||u||qq
q −2
q−p
||u||qq, (2.13)
como p < q e
||∇u||p
p
||u||qq
p −2
q−p
||∇u||pp = ||∇u|| p p
p −2
q−p+1
(||u||qq)p
−2
q−p
= ||∇u|| p p
q −2
q−p
(||u||qq)q
−2
q−p−1
=
||∇u||p
p
||u||qq
q −2
q−p
por (2.13) e (2.14) temos
d2
dλ2J(λu)
λ=λ∗
<0. (2.15)
Logo λ∗ ´e ponto de m´aximo global de J(λu). Ent˜ao,
sup λ≥0
J(λu) = J(λ∗u) =
λp
∗
p||∇u|| p p−
λq
∗
q ||u|| q q
=
||∇u||p
p
||u||qq
q−pp ||∇u||p
p
p −
||∇u||p
p
||u||qq
q−qp ||u||q
q q
= 1
p
||∇u||p p
q−qp
(||u||qq)q−pp
− 1
q
||∇u||p p
q−qp
(||u||qq)q−pp
=
q−p qp
||∇u||p
||u||q
qqp−p
≥ C
qp q−p
q
q−p qp
>0. (2.16)
Logo de (2.7) e (2.16) obtemos,
d= inf
u {supλ≥0J(λu) :u∈W
1,p
0 (Ω)\{0}} ≥C
qp q−p
q
q−p qp
>0 (2.17)
o que prova o lema.
Lema 2.3. Suponha que p < q < np/(n−p) para 2 ≤ p < n e p < q < ∞ para n ≤ p. Ent˜ao d ´e um n´umero real finito e o conjunto W ´e limitado em W01,p(Ω).
Demonstra¸c˜ao: Do Lema 2.2 e de (2.7), temos que
d≤sup
λ≥0
J(λu) =J(λ∗u) =
q−p qp
λp∗||∇u||pp, ∀u∈W01,p(Ω)\. (2.18)
Assim d ´e finito.
Se u∈W, ent˜ao K(u)>0, i.e., ||∇u||p
p− ||u||qq>0. Consequentemente,
d > J(u) = 1 p||∇u||
p p−
1 q||u||
q q ≥
q−p qp
||∇u||pp
e ent˜ao
||∇u||pp ≤
qp q−p
d. (2.19)
Logo W ⊂ {u∈W01,p(Ω); ||∇u||p p ≤
qp q−p
Agora estamos munidos de ferramentas para mostrar a existˆencia de solu¸c˜ao de (2.1).
Teorema 2.4. Suponha que p < q < np/(n −p) para 2 ≤ p < n e p < q < ∞ para
n ≤ p. Se u0 ∈ W, u1 ∈ L2(Ω) e a energia inicial E(0) < d, ent˜ao o problema (2.1)
admite solu¸c˜ao global fraca u(x, t) tal que u(·, t)∈W,
u∈L∞(0, T;W01,p(Ω)) e ut∈L∞(0, T;L2(Ω)). (2.20) Para provar a existˆencia de solu¸c˜ao fraca para o problema (2.1), utilizaremos o m´etodo de Faedo-Galerkin que consiste das seguintes etapas:
(i) Aproxima¸c˜oes de Galerkin, que consiste em projetar o problema em subespa¸cos de dimens˜ao finita obtendo o problema aproximado. Este por sua vez ´e um sistema de equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias com valores iniciais, cuja existˆencia de solu¸c˜ao local ser´a garantida pelo teorema de Carath´eodory (Teorema 1.42).
(ii) Estimativas a priori, que consiste em atrav´es da equa¸c˜ao aproximada achar limi-tantes para a solu¸c˜ao e suas derivadas. Com isso, utilizando o teorema de prolongamento de solu¸c˜oes (Teorema 1.43), podemos estender a solu¸c˜ao local para o intervalo [0, T].
(iii) Passagem ao limite, que consiste em mostrar que as solu¸c˜oes aproximadas con-vergem para a solu¸c˜ao do problema original. Aqui o teorema de compacidade de Aubin-Lions (Teorema 1.35) e o lema de Aubin-Lions (Lema 1.36) ser˜ao essenciais.
(iv) Verifica¸c˜ao dos dados iniciais, que consiste em verificar que a solu¸c˜ao obtida na etapa anterior satisfaz os dados iniciais.
2.1
Problema Aproximado
Seja r um inteiro tal que r > n(12 − 1p) + 1. Dessa forma, Hr
0(Ω) ֒→ W 1,p
0 (Ω)
com-pactamente. Ent˜ao o conjunto de autofun¸c˜oes −∆rw
j = αjwj em H0r(Ω) ser´a uma base
de ”Galerkin”para ambos os espa¸cos Hr
0(Ω) e L2(Ω). Para cada m ∈ N, seja Vm =
[w1, w2, ..., wm] o espa¸co gerado pelos primeiros m vetores wm. N´os procuramos por uma
fun¸c˜ao
um(t) = m
X
j=1
Kjm(t)wj, (2.21)
onde as fun¸c˜oesKjm(t) s˜ao escolhidas de modo que cadaumseja solu¸c˜ao do seguinte sistema de equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias.
(u′′m(t), wj)− h△pum(t), wji+ ((−△p)αu′m(t), wj) =
Z
Ω
|um(t)|q−2um(t)wjdx, (2.22)
onde (u(t), v(t)) =
Z
Ω
u(x)v(x)dx eu0m,u1m s˜ao escolhidos emVm tais que:
u0m −→u0 em W01,p(Ω) , u1m −→u1 em L2(Ω) (2.24)
Assim, em particular, existem sequˆencias ξjm e ηjm tais que
u0m = m
X
j=1
ξjmwj e u1m = m
X
j=1
ηjmwj.
Em vista de (2.22) e (2.23), para cada mfixo, as fun¸c˜oesKjm(t), 1≤j ≤m, satisfazem um sistema de equa¸c˜oes diferenciais do tipo
K′′
jm(t) =Fj(t, Kjm(t)), 1≤j ≤m,
Kjm(0) =ξjm, 1≤j ≤m,
K′
jm(0) =ηjm, 1≤j ≤m.
Este sistema pode ser reescrito na forma de um sistema de primeira ordem nas condi¸c˜oes de Carath´eodory.
Ou seja, o problema aproximado (2.22)-(2.23) se reescreve como um sistema de equa¸c˜oes diferenciais ordin´arias na vari´avel t. Pelo teorema de Carath´eodory, este sistema possui solu¸c˜ao localum(t) num intervalo [0, tm) (para algumtm >0). Agora vamos obter estima-tivas para a solu¸c˜ao um(t) tal que possamos estendˆe-la para o intervalo [0, T].
2.2
Estimativas a priori
Multiplicando (2.22) por K′
jm(t) e somando sobrej de 1 am, obtemos:
(u′′m(t), u′m(t))− h△pum(t), um′ (t)i+ ((−△)αu′m(t), u′m(t)) =
Z
Ω
|um(t)|q−2um(t)u′m(t)dx (2.25) Integrando de 0 a t cada parcela temos,
Z t
0
((−△)αu′m(s), u′m(s))ds =
Z t
0
((−△)α/2u′m(s),(−△)α/2u′m(s))ds
=
Z t
0
||(−△)α/2u′m(s)||22ds (2.26) e
−
Z t
0
Z
Ω
△pum(s)u′m(s)dxds =
Z t
0
Z
Ω
Como
Z
Ω
|∇um(t)|p−2∇um(t)∇u′m(t)dx= 1 p
d dt
Z
Ω
|∇um(t)|pdx, (2.28)
obtemos
Z t
0
Z
Ω
△pum(s)u′m(s)dxds = 1
p||∇um(t)|| p p−
1
p||∇um(0)|| p
p. (2.29)
Agora vamos mostrar que |um(t)|q−2um(t) ∈ Lq′
(Ω) onde 1
q +
1
q′ = 1. De fato, como
q′ = q
q−1 e pela proposi¸c˜ao 1.22 temos,
|||um(t)|q−2um(t)||qq′′ = Z
Ω
||um(t)|q−2um(t)|q−q1dx= Z
Ω
|um(t)|qdx=||um(t)||qq <∞ (2.30)
Utilizando a desigualdade de H¨older, (2.21) e (2.30) temos
Z
Ω
||um(t)|q−2um(t)u′m(t)|dx≤ |||um(t)|q−2um(t)||q′||u′
m(t)||q <+∞, (2.31)
logo integrando de 0 a tm a express˜ao acima temos
Z
Ω
|um(t)|q−2um(t)u′m(t)dx∈L1(0, tm). (2.32) Al´em disso como,
h− △p um(t), u′m(t)i=
Z
Ω
|∇um(t)|p−2∇um(t)∇u′m(t)dx,
analogamente ao caso anterior ´e f´acil mostrar que
|∇um(t)|p−2∇um(t)∈Lp′(Ω). (2.33)
Usando H¨older, (2.21) e (2.33) temos
h− △pum(t), u′m(t)i ∈L1(0, tm). (2.34)
De (2.26) e como
D((−△)α/2)֒→L2(Ω), (2.35)
temos,
de (2.25), (2.32), (2.34) e (2.36) segue que
(u′′m(t), u′m(t))∈L1(0, tm). (2.37)
Agora vamos mostrar que
(u′′m(t), u′m(t)) = 1 2
d dt|u
′
m(t)|2 (2.38)
onde d
dt ´e a derivada distribucional em D
′(0, tm). Com efeito, para cada θ ∈D(0, tm),
de (2.37) temos
h(u′′m, u′m), θi=
Z tm
0
(u′′m, u′m)θdt
=
Z tm
0
Z
Ω
u′′mu′mdxθ(t)dt =
Z
Ω
Z tm
0
1 2
d dt|u
′
m|2θ(t)dtdx
= 1 2
Z
Ω
ku′m|2θ(t)|t=tm
t=0 −
Z tm
0
|u′m|2θ′(t)dt
dx
=−1
2
Z tm
0
Z
Ω
|u′m|2θ′(t)dt= 1 2h
d dt|u
′
m|2, θi. (2.39)
Logo de (2.25),(2.26),(2.29) e (2.38) segue que
1 2||u
′
m(t)||22+
1
p||∇um(t)|| p p+
Z t
0
||(−△)α/2u′m(s)||22ds− 1
q||um(t)|| q q
= 1
2||u1m||
2 2+
1
p||∇u0m|| p p−
1 q||u0m||
q
q (2.40)
ou seja,
1 2||u
′
m(t)||22+J(um(t)) +
Z t
0
||(−△)α/2u′m(s)||22ds= 1 2||u1m||
2
2+J(u0m). (2.41)
Note que usando (2.9) junto com (2.41) temos
Em(t) +
Z t
0
||(−△)α/2um′ (s)||22ds=Em(0) (2.42)
ent˜ao derivando a express˜ao acima temos,
Logo vemos que a energia decresce com o tempo.
Usando (2.41) vamos mostar que
um(t)∈W, para ∀t∈[0, tm). (2.44)
Suponha que (2.44) n˜ao ocorra, ent˜ao existem valores de t∈[0, tm) tal queum(t)6∈W. Ent˜ao por meio da continuidade de um(t), existir´a t1 ∈ [0, tm) tal que um(t1) ∈ ∂W. Da
defini¸c˜ao deW e a continuidade de J(u(t)) e K(u(t)) em t1, temos que
J(um(t1)) = d (2.45)
ou
K(um(t1)) = 0. (2.46)
Por (2.41) junto com a condi¸c˜ao E(u(0)) < d, temos
J(um(t1))≤
1 2||u1m||
2
2+J(u0m) = E(um(0)) < d. (2.47)
Logo (2.45) ´e imposs´ıvel. Assuma que (2.46) se verifica, ent˜ao n´os temos
d
dλJ(λum(t1)) = λ
p−1||∇um(t
1)||pp−λq−1||um(t1)||qq
= λp−1(1−λq−p)||∇um(t1)||pp. (2.48) Por (2.12) e (2.15) temos que λ∗ = 1 ´e candidato a extremante local e
d2
dλ2J(λum(t1))|λ=1<0. (2.49)
Ent˜ao
sup λ≥0
J(λum(t1)) =J(λum(t1))
λ=1=J(um(t1))< d, (2.50)
o que contradiz (2.7). Assim (2.46) n˜ao ocorre, logo um(t)∈W, ou seja, os dados iniciais s˜ao tomados convenientemente em um conjunto limitado, ou ainda podemos pensar que estes dados s˜ao tomados pequenos como em [7].
De (2.19), (2.41) e (2.44) temos que,
1 2||u
′
m(t)||22+ (
q−p
qp )||∇um(t)|| p p+
Z t
0
||(−△)α/2u′m(s)||22ds
≤ 1
2||u1m||
2
2+d≤C ∀t∈[0, tm], (2.51)
Pelo Corol´ario de prolongamento de solu¸c˜ao, podemos estender a solu¸c˜ao aproximada um(t) para o intervalo [0, T]. Al´em disso, de (2.51) temos
{um} ´e limitada em L∞(0, T;W1,p
0 (Ω)) (2.52)
{u′m} ´e limitado em L∞(0, T;L2(Ω)) (2.53)
{u′m} ´e limitado em L2(0, T;D((−△)α/2)). (2.54)
Como o operador △p ´e limitado, ent˜ao
{△pum} limitado em L∞(0, T;W−1,p/p−1(Ω)) (2.55)
{|um|q−2um} limitado em L∞(0, T;Lq′
(Ω)). (2.56)
Finalmente, precisamos de uma estimativa parau′′(t). Como a nossa base de ”Galerkin”foi
tomada no espa¸co de HilbertHr
0(Ω)⊂W 1,p
0 (Ω), vamos usar o argumento da proje¸c˜ao [11].
Definimos o operador projec˜ao Pm : Hr
0(Ω) −→ H0r(Ω) que projeta H0r(Ω) sobre Vm e ´e
definido por,
Pm(h) = m
X
j=1
((h, wj))wj h ∈H0r(Ω) (2.57)
onde ((., .)) denota o produto interno em H0r(Ω). Como {wj} ´e uma base ortonormal de
um espa¸co de Hilbert, temos que Pm assim definido ´e um projetor ortogonal, logo ´e um operador autoadjunto. Al´em disso Hr
0(Ω) e L2(Ω) possuem a mesma base e H0r(Ω) ֒→
W01,p(Ω)֒→L2(Ω) densamente, ent˜ao H0r(Ω)֒→L2(Ω) densamente. Ent˜ao Pm possui uma
extens˜ao P∗
m : H−r(Ω) −→ H−r(Ω) que ser´a linear e limitada, veja [9]. ´E f´acil mostrar que P∗
m ´e auto-adjunta. Logo Pm∗(h) = Pm(h) = h para todo h ∈Vm. Agora aplicamos a proje¸c˜ao em (2.22) temos que
(u′′m(t), v) = (Pm∗(|um(t)|q−2um(t)), v)− hPm∗(△pum(t)), vi −(Pm∗((−△)αu′m(t)), v) (2.58) para todo v ∈Vm. Pelo argumento de densidade e lembrando que a proje¸c˜ao ´e uma trans-forma¸c˜ao linear que leva sequˆencias limitadas em sequˆencias limitadas, temos de (2.52), (2.54) e (2.55) que
(u′′m(t)) limitado em L2(0, T;H−r(Ω)). (2.59)
2.3
Passagem ao limite
um ⇀ u∗ em L∞(0, T;W01,p(Ω)) (2.60)
u′m ⇀ u′ em L2(0, T;L2(Ω)) (2.61)
e de (2.55) existe χ1 ∈L∞(0, T;H−r(Ω)) tal que
△pum ⇀ χ∗ 1 em L∞(0, T;H−r(Ω)) (2.62)
e de (2.56) existe χ2 ∈L∞(0, T;Lq
′
(Ω))
|um|q−2um ⇀ χ∗ 2 em L∞(0, T;Lq
′
(Ω)) (2.63)
Como a imers˜ao W01,p(Ω) ֒→ L2(Ω) ´e compacta e por (2.52) e (2.53), podemos usar
Teorema de Aubin-Lions[11]. Logo a sequˆencia
um −→u f orte em L2(0, T;L2(Ω)) (2.64)
Por (2.54), (2.59) e como D((−△)α/2) ֒→ L2(Ω) compactamente, podemos aplicar
novamente o teorema de Aubin-Lions obtendo
u′m−→u′ f orte em L2(0, T;L2(Ω)) (2.65)
Usando (2.52) e (2.64), n´os temos que
|||um|q−2um||Lq′
(0,T;Lq′
(Ω)) =
Z T
0
Z
Ω
||um(t)|q−2um(t)|q′dxdt
=
Z T
0
||um(t)||qqdt ≤C
Z T
0
||∇um(t)||qpdt ≤C (2.66)
al´em disso|um|q−2um −→ |u|q−2u quase sempre em (0, T)×Ω. Assim pelo Lema de Lions, n´os conclu´ımos que
|um|q−2um ⇀∗ |u|q−2u em Lq′(0, T;Lq′(Ω)). (2.67) Logo de (2.63), (2.67) e pela unicidade da convergˆencia fraca estrela, temos que χ2 =
|u|q−2u.
Agora vamos mostrar que χ1 =△pu usando o argumento da monotonicidade que pode
ser encontrado em [11]. Considere a equa¸c˜ao
(u′′m(t), v) +h− △pum(t), vi+ ((−△)αu′m(t), v) =
Z
Ω
pela densidade fazemos v =um(t) e integramos de 0 a T para obter,
Z T
0
h− △pum(t), um(t)idt=−
Z T
0
(u′′m(t), um(t))dt−
Z T
0
((−△)αu′m(t), um(t))dt
+
Z T
0
Z
Ω
|um(t)|qdxdt, (2.69)
agora calculamos cada parcela de (2.69),
Z T
0
((−△)αu′m(t), um(t))dt =
Z T
0
((−△)α/2u′m(t),(−△)α/2um(t))dt
= 1
2||(−△) α/2u
m(T)||22−
1
2||(−△) α/2u
m(0)||22 (2.70)
e
Z T
0
(u′′m(t), um(t))dt= (u′m(T), um(T))−(u′m(0), um(0))−
Z T
0
||u′m(s)||22ds (2.71) Logo por (2.69), (2.70) e (2.71) temos
Z T
0
h− △pum(t), um(t)idt=−(u′m(T), um(T)) + (u′m(0), um(0)) +
Z T
0
||u′m(s)||22ds
−1
2||(−△)
α/2um(T)||2 2+
1
2||(−△)
α/2um(0)||2 2+
Z T
0
||um(t)||qqdt.(2.72)
Estamos interessados em passar o limite superior na equa¸c˜ao (2.72), para isto utilizaremos o Lema de Fatou, ou mais precisamente sua vers˜ao invertida e como
lim sup
Z T
0
||um(t)||qqdt≤
Z T
0
||u(t)||qqdt, (2.73)
usando as convergˆencias (2.60), (2.64) e (2.65) temos
lim sup m−→∞
Z T
0
h− △pum(t), um(t)idt ≤(u′(0), u(0))−(u′(T), u(T)) +
Z T
0
||u′(t)||22dt
+1
2||(−△) α/2u
0||22−
1
2||(−△)
α/2u(T)||2 2+
Z T
0
||u(t)||qqdt (2.74)
Por outro lado, passando o limite em (2.68), integrando de 0 a T e usando o argumento de densidade temos,
Z T
0
hχ1(t), u(t)idt = −(u′(0), u(0)) + (u′(T), u(T))−
Z T
0
||u′(t)||22dt− 1
2||(−△) α/2u
0||22
+ 1
2||(−△)
α/2u(T)||2 2−
Z T
0
Ent˜ao por (2.74) e (2.75) temos que
lim sup
Z T
0
h− △pum(t), um(t)idt≤ −
Z T
0
hχ1(t), u(t)idt. (2.76)
Logo pela Proposi¸c˜ao 1.13, temos que
χ1(t) = △pu(t) (2.77)
Agora passando o limite na equa¸c˜ao aproximada temos
(u′′(t), v) +h− △pu(t), vi+ ((−△)αu′(t), v) =
Z
Ω
|u(t)|q−2u(t)vdx (2.78)
para ∀v ∈W01,p(Ω) no sentido das distribui¸c˜oes.
2.4
Condi¸c˜
oes Iniciais
Devido as convergˆencias (2.59),(2.60) e (2.61) segue do Lema 8.1 (cap´ıtulo 3)[12] que
u∈C([0, T];L2(Ω))∩Cs(0, T;W01,p(Ω)) (2.79)
u′ ∈C([0, T];H−r(Ω))∩Cs(0, T;L2(Ω)). (2.80)
onde Cs(0, T;X) ´e o espa¸co das fun¸c˜oes fracamente cont´ınuas. Primeiramente vamos mostrar que
u(0) =u0. (2.81)
Seja θ ∈C1([0, T]) tal que θ(0) = 1 e θ(T) = 0 e m > j de (2.65) temos
Z T
0
(u′m(t), wj)θ(t)dt−→
Z T
0
(u′(t), wj)θ(t)dt. (2.82)
Integrando por partes temos
−(um(x,0), wj)−
Z T
0
(um(t), wj)θ′(t)dt−→ −(u(x,0), wj)−
Z T
0
(u(t), wj)θ′(t)dt. (2.83)
Mas de (2.64) temos
Z T
0
(um(t), wj)θ′(t)dt −→
Z T
0
ent˜ao
(um(0), wj)−→(u(0), wj). (2.85)
Logo
um(0) ⇀ u(0) em L2(Ω). (2.86)
Entretanto de (2.24) temos
um(0)⇀ u0 em L2(Ω). (2.87)
Pela unicidade do limite temos que
u(0) =u0. (2.88)
Agora provaremos que
u′(0) =u1. (2.89)
Tomando θ nas condi¸c˜oes anteriores, vamos multiplicar a equa¸c˜ao (2.22) por θ e inte-grando de 0 a T, temos
Z T
0
(u′′m(t), wj)θ(t)dt−
Z T
0
h△pum(t), wjiθ(t)dt+
Z T
0
((−△)αum(t), wj)θ(t)dt
=
Z T
0
Z
Ω
|um(t)|q−2um(t)wjθ(t)dxdt (2.90) Integrando por partes temos:
−(u′m(x,0), wj)−
Z T
0
(u′m(t), wj)θ′(t)dt−
Z T
0
h△pum(t), wjiθ(t)dt
+
Z T
0
((−△)αum(t), wj)θ(t)dt=
Z T
0
Z
Ω
|um(t)|q−2um(t)wjθ(t)dxdt. (2.91) Fazendo m−→ ∞, usando a densidade de {wj}∞
j=1 em W 1,p
0 (Ω) e (2.91) temos:
−
Z T
0
(u′(t), v)θ′(t)dt−
Z T
0
h△pu(t), wjiθ(t)dt+
Z T
0
((−△)αu(t), wj)θ(t)dt
=
Z T
0
Z
Ω
|u(t)|q−2u(t)wjθ(t)dxdt+ (u1(t), v) para ∀v ∈W01,p(Ω). (2.92)
Integrando novamente por partes temos:
(u′(x,0), v) +
Z T
0
d dt(u
′(t), v)θ(t)dt− Z T
0
h△pu(t), wjiθ(t)dt
+
Z T
0
((−△)αu(t), wj)θ(t)dt =
Z T
0
Z
Ω
Ent˜ao de (2.90) e (2.93) segue que,
(u′(0), v) = (u1, v) para ∀v ∈W01,p(Ω) (2.94)
Logo
u′(0) =u1 ∀x∈Ω. (2.95)
CAP´ITULO 3
COMPORTAMENTO ASSINT ´
OTICO
Neste cap´ıtulo estudaremos o comportamento assint´otico das solu¸c˜oes globais de (2.1) obtidas no Teorema 2.4.
Mostraremos que a energia
E(t) = 1
2||ut||
2 2 +
1 p||∇u||
p p −
1 q||u||
q
q, (3.1)
decai a zero satisfazendo uma taxa polinomial, que ´e t´ıpico para equa¸c˜oes de onda do tipo
p-Laplaciano com p >2 (cf. [13, 7]). A an´alise ´e baseada na t´ecnica de Nakao [18].
A demostra¸c˜ao do comportamento assint´otico do problema (2.1) apresentada em Ye [25] ´e de dif´ıcil verifica¸c˜ao. Aparenta faltar alguma hip´otese adicional. Uma abordagem alternativa seria aquela apresentada em Messaoudi [16]. Mas aquela abordagem assume certa regularidade na solu¸c˜ao, que n˜ao ´e de fato demonstrada. Al´em disso, o resultado dele ´e tamb´em contestado no Mathematical Review [22]. Dessa forma, seguiremos as linhas gerais de Gao e Ma [7], onde os dados iniciais (pequenos) s˜ao escolhidos segundo um argumento devido a L. Tartar [21].
Seja
Q(z) = 1
2pz p− 1
qC q qzq,
onde Cq ´e a constante de Sobolev da imers˜ao ||u||q ≤ Cq||∇u||p. Como q > p, Q ´e estritamente crescente numa vizinhan¸ca `a direita da origem. Al´em disso
Q′(z) = 1 2z
p−1−Cq qzq−1. Ent˜aoQ possui um ´unico m´aximo local em
z0 =C
−q q−p
q
1 2
q−p
Vamos assumir as seguintes hip´oteses sobre os dados iniciais (u0, u1).
||∇u0||p < z0. (3.3)
1 2||u1||
2 2+
1
p||∇u0|| p p−
1 q||u0||
q
q< Q(z0). (3.4)
Teorema 3.1. Suponha v´alida as hip´oteses do Teorema 2.4. Al´em disso, suponha que os dados iniciais(u0, u1)satifazem as condi¸c˜oes (3.3) e (3.4). Ent˜ao a energia correspondente
ao problema (2.1), obtida pelo Teorema 2.4, decai segundo a taxa polinomial
E(t)≤C(t+ 1)−p−22.
Comparado ao Teorema 2.4 anterior, as hip´oteses (3.3) e (3.4) garantem solu¸c˜oes globais um pouco menores.
Lema 3.2. Sob as condi¸c˜oes adicionais (3.3) e (3.4), a solu¸c˜ao fraca dada pelo Teorema 2.4 satisfaz
||∇u(t)||p < z0 ∀t∈[0, T]. (3.5)
Demonstra¸c˜ao: Sabemos que o problema aproximado satisfaz
1 2ku
′
m(t)k22+
1
pk∇um(t)k p p−
1
qkum(t)k q q+
Z t
0
k(−∆)α2u′
m(s)k22ds
= 1
2ku1mk
2 2+
1
pk∇u0mk p p−
1 qku0mk
q q.
Usando imers˜ao de Sobolev, o lado esquerdo da identidade satisfaz
1 2ku
′
m(t)k22+
1
pk∇um(t)k p p−
1
qkum(t)k q q+
Z t
0
k(−∆)α2u′
m(s)k22ds
≥ 1
2||u
′
m(t)||22+
1
p||∇um(t)|| p p−
1 qC
q
q||∇um(t)||qp
= 1
2||u
′
m(t)||22+
1
2p||∇um(t)|| p
p+Q(||∇um(t)||p),
e portanto
1 2||u
′
m(t)||22+
1
2p||∇um(t)|| p
p+Q(||∇um(t)||p)
≤ 1
2||u1m||
2 2+
1
p||∇u0m|| p p−
1
q||∇u0m|| q
q. (3.6)
Agora suponha que (3.5) ´e falsa. Ent˜ao para cada m grande, existe t∈[0, tm) tal que
Como u0m →u0 fortemente em W01,p(Ω), de (3.3) temos a existˆencia deN0 >0 tal que
k∇u0mkp =k∇um(0)kp < z0. (3.8)
Por continuidade, segue de (3.7) e (3.8) a existˆencia de um primeirot∗
m ∈(0, tm) tal que
k∇um(t∗m)kp =z0. (3.9)
Por outro lado, de (3.4), existe N1 > N0 e β ∈(0, z0) tais que
1 2ku1mk
2 2+
1
pk∇u0mk p p−
1 qku0mk
q
q ≤Q(β), m > N1,
e ent˜ao de (3.6),
0≤Q(k∇um(t)kp)≤Q(β) ∀t∈[0, t∗m], m > N1.
Da monotonia de Q em [0, t∗m] segue que
0≤ k∇um(t)kp ≤β < z0 ∀t∈[0, t∗m], m > N1,
o que contradiz (3.9).
Lema 3.3. Existe k >0 tal que
kE(t)≤ k
2ku
′(t)k2
2+k∇u(t)kpp− ku(t)kqq.
Demonstra¸c˜ao: Fixado δ >0, e em vista de (3.5) e (3.2),
k∇ukpp− kukqq = δJ(u) +
1− δ
p
k∇ukpp−
1− δ
q
kukqq
≥ δJ(u) +
1− δ
p
−
1− δ
q
Cqqk∇ukqp−p
k∇ukpp
≥ δJ(u) + 1−
1 2
q−p
− δ
p
!
k∇ukpp
> δJ(u),
se δ >0 for suficientemente pequeno. Tomemos ent˜ao k=δ.
Lema 3.4. Para todo t >0,
E(t)≥ 1
2ku
′(t)k2 2+
1
2pk∇u(t)k p p.
Isto ´e, E(t) domina a norma k(u(t), u′(t))k
Demonstra¸c˜ao: Temos
E(t) ≥ 1
2ku
′k2 2 +
1 pk∇uk
p p −Cqq
1 qkuk
q q
= 1
2ku
′k2 2 +
1 2pk∇uk
p
p+Q(k∇ukp).
Como Q(k∇ukp)≥0, o resultado segue.
Demonstra¸c˜ao do Teorema 3.1: Fazendowj =u′
m(t) na equa¸c˜ao aproximada (2.22) e integrando sobre [t, t+ 1]×Ω parat >0, temos:
1 2||u
′
m(t+ 1)||22+J(um(t+ 1)) +
Z t+1
t
||(−△)α/2u′m(s)||22ds = 1 2||u
′
m(t)||22+J(um(t))
ou equivalentemente
Em(t+ 1) +
Z t+1
t
||(−△)α/2u′
m(s)||22ds=Em(t) (3.10)
Definimos ent˜ao
D2m(t) =Em(t)−Em(t+ 1) (3.11)
e de (1.17) temos
D2m(t) =Em(t)−Em(t+ 1) =
Z t+1
t
||(−△)α/2u′m(s)||22ds (3.12)
≥ λα1
Z t+1
t
||u′m(s)||22ds. (3.13)
Dividindo o intervalo [t, t+1] em 4 partes iguais o teorema do valor m´edio para integrais nos garante que, existem t1 ∈[t, t+ 1/4] e t2 ∈[t+ 3/4, t+ 1], tais que:
||u′
m(t1)||22
4 =
Z t+1
t
||u′m(s)||22ds e ||u
′
m(t)||22
4 =
Z t+1
t+3/4
||u′m(t)||22.
Logo
λα1
Z t+1
t
||u′m(s)||22ds≥λα1
Z t+1/4
t
||u′m(s)||22ds= λ α
1
4 ||u
′
E por (3.12) e (3.14) temos,
||u′m(t1)||22 = 4
Z t+1/4
t
||u′m(s)||22ds ≤4
Z t+1
t
||u′m(s)||22ds
≤4λ−α
Z t+1
t
||(−△)α/2u(s)||22ds ≤4λ−αDm2(t). (3.15)
Portanto
||u′m(t1)||2 ≤2λ−α/2Dm(t), (3.16)
e analogamente,
||u′m(t2)||2 ≤2λ−1α/2Dm(t). (3.17)
Agora, fazendo wj = um(t) na equa¸c˜ao aproximada e integrando sobre [t1, t2]× Ω,
temos:
(u′m(t2), um(t2))−(u′m(t1), um(t1))−
Z t2
t1
||u′m(s)||22ds+
Z t2
t1
||∇um(s)||ppds
+
Z t2
t1
((−△)α/2u′
m(s),(−△)α/2um(s))ds=
Z t2
t1
||um(s)||qqds,
ou ainda
Z t2
t1
k||u′m(s)||22+||∇um(s)||pp− ||um(s)||qq
ds= (u′m(t1), um(t1))−(u′m(t2), um(t2))
+(k+ 1)
Z t2
t1 ||u′
m(s)||22ds−
Z t2
t1
((−△)α/2u′
m(s),(−△)α/2um(s))ds.(3.18) Pelo Lema 3.2 temos que
k
Z t2
t1
Em(s)ds ≤(u′m(t1), um(t1))−(u′m(t2), um(t2)) + (k+ 1)
Z t2
t1
||u′m(s)||22ds
−
Z t2
t1
((−△)α/2u′m(s),(−△)α/2um(s))ds. (3.19)
Usando as desigualdades de H¨older e notando que
kukD((−∆)α/2) =||(−∆)α/2u||2,
e
temos
Z t2
t1
((−△)α/2u′m(s),(−△)α/2um(s))ds ≤
Z t2
t1
||(−△)α/2u′m(s)||2||(−△)α/2um(s)||2ds
≤ sup
s∈[t,t+1]
kukD((−∆)α/2)
Z t+1
t
||(−△)α/2u′m(s)||2ds
≤ C1 sup
s∈[t,t+1]
||um(s)||pD2m(t). (3.20)
Al´em disso,
(u′m(t1), um(t1))−(u′m(t2), um(t2)) ≤ ||u′m(t1)||2||um(t1)||2+||um′ (t2)||2||um(t2)||2
≤ 4λα/1 2Dm(t) sup s∈[t,t+1]
||um(s)||2
≤ C2Dm(t) sup
s∈[t,t+1]
||∇um(s)||p. (3.21)
Pelo Lema 3.3 temos
||∇um(t)||p ≤(2p)1/pEm(t)1/p. (3.22)
Portanto de (3.20), (3.21) e (3.22), existir˜ao constantes C3 eC4 tais que (3.19) implica em
Z t2
t1
Em(s)ds ≤C3D2m(t) +C4Dm(t)Em(t)1/p. (3.23)
Aplicando o TVM para integrais temos que existe t0 ∈[t1, t2] tal que:
Em(t0) =
1 t2−t1
Z t2
t1
Em(s)ds. (3.24)
Como t2−t1 >1/2 e Em(t) ´e um funcional decrescente, temos que
1
2Em(t+ 1)≤C3D
2
m(t) +C4Dm(t)Em(t)1/p. (3.25)
Uma vez que Em(t+ 1) =Em(t)−D2m(t), podemos concluir que 1
2Em(t)≤(C3+ 1 2)D
2
m(t) +C4Dm(t)Em(t)1/p. (3.26)
Usando a desigualdade de Young, existe C′ >0 tal que
C4Dm(t)Em(t)
1
p ≤C′Dm(t) p p−1 + 1
Assim, existem constantes C5 e C6 tais que
Em(t)≤C5Dm2(t) +C6Dm(t)
p
p−1. (3.27)
Como p >2, podemos escrever Dm(t)2 = Dm(t)pp−−21Dm(t)
p
p−1. Ent˜ao, da desigualdade
anterior temos
Em(t)≤(C5Dm(t)
p−2
p−1 +C
6)Dm(t)
p
p−1. (3.28)
Como Dm(t) ´e limitado, existir´a C7 tal que
Em(t)≤C7Dm(t)
p
p−1, (3.29)
ou ainda.
Em(t)2(p
−1)
p ≤C
2(p−1)
p
7 Dm(t)2. (3.30)
Portanto
Em(t)1+p−p2 ≤C
2(p−1)
p
7 [Em(t)−Em(t+ 1)]. (3.31)
Aplicando o Lema de Nakao, com γ = p−p2, existir´a uma contante C, independente de m, tal que
Em(t)≤C(1 +t)p−−p2, ∀t≥0, (3.32)
CAP´ITULO 4
N ˜
AO EXISTˆ
ENCIA DE SOLU ¸
C ˜
AO
GLOBAL
Nossa inten¸c˜ao aqui ´e estudar a n˜ao-existˆencia global de solu¸c˜ao para o problema (2.1). Considere p el satisfazendo as seguintes condi¸c˜oes:
2≤p < q < nnp−p se n > p
2≤p < q se n≤p
(4.1)
Al´em disso, vamos supor a seguinte rela¸c˜ao,
E(t) +
Z t
0
||(−△)α/2u′(t)||22dt ≤E(0) e t ∈[0, T], (4.2) que ´e uma forma de Lei de Conserva¸c˜ao Fraca.
Teorema 4.1. Supondo v´alidas as condi¸c˜oes (4.1) e (4.2), para qualquer dado inicial
(u0, u1) ∈ W01,p(Ω)×L2(Ω), se E(0) < 0, ent˜ao a solu¸c˜ao de (2.1) ”blows-up”em tempo
finito T0 na norma de Lp(Ω).
Demonstra¸c˜ao: Nossa inten¸c˜ao ´e achar uma fun¸c˜ao que seja limitada pela norma em Lp(Ω) da solu¸c˜ao de (2.1), tal que a fun¸c˜ao cres¸ca quando t se aproxima de T
0, ou seja,
fazendo com que a norma da solu¸c˜ao em Lp(Ω) ”blows-up”em tempo finito.
Usando E(0) <0 e (4.2), n´os temos que
E(t)≤E(0)<0 (4.3)
Definimos uma fun¸c˜ao H(t) em termos da energia
H(t) =p(−E(t)) +p
2+ 1
||u′(t)||22+q−p
2q ||u(t)|| q
Agora, vamos introduzirF(t) = 1
2||u(t)||
2
2 para qualquer solu¸c˜aou(t), ent˜ao a derivada
deF(t) com respeito a t ser´a
F′(t) =
Z
Ω
u(t)u′(t)dx (4.5)
Uma vez que u(t) ´e solu¸c˜ao do problema (2.1), por (4.4) e (4.5) obtemos
F′′(t) =
Z
Ω
(u′′(t)u(t) +u′(t)2)dx=
Z
Ω
(u′(t)2+ [△pu(t) +|u(t)|q−2u(t)−(−△)αu′(t)]u(t))dx
=
Z
Ω
u′′(t)2dx+
Z
Ω
(△pu(t))u(t)dx+
Z
Ω
|u(t)|q−2u(t)u(t)dx−
Z
Ω
(−△)αu(t)′u(t)dx
= ||u′(t)||22− ||∇u(t)||pp+||u(t)||qq−
Z
Ω
(−△)αu(t)′u(t)dx
= −p
2 +
p
2+ 1
||u′(t)||22− ||∇u(t)||pp+
q+p
2q +
q−p
2q
||u(t)||qq−
Z
Ω
(−△)αu′(t)u(t)dx
= −p
2||u
′(t)||2
2− ||∇u(t)||pp+
p q||u(t)||
q q+
p
2 + 1
||u′(t)||22+q−p
q ||u(t)||
q q−
Z
Ω
(−△)αu(t)′u(t)dx
= p(−E(t)) +p 2+ 1
||u′(t)||22+ q−p 2q ||u(t)||
q q+
q−p
2q ||u(t)||
q q−
Z
Ω
(−△)αu′(t)u(t)dx
= H(t) +q−p 2q ||u(t)||
q q−
Z
Ω
(−△)αu′(t)u(t)dx. (4.6)
Pelas condi¸c˜oes (4.1) e (4.3) temos
1
p||∇u(t)|| p p ≤
1
q||u(t)|| q
q (4.7)
e por (4.5) e (4.6) temos
F′′(t)≥H(t) + q−p
2q ||∇u(t)|| p p−
Z
Ω
(−△)αu′(t)u(t)dx. (4.8)
Estamos interessados em achar uma estimativa para
Z Ω
(−△)αu′(t)u(t)dx
. Como p ≥ 2 temos,
W01,p(Ω)֒→H01(Ω). (4.9)
Assim, uma vez que