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Sôbre a dispersão do Triatoma infestans.

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SÔBRE A DISPERSÃO DO

TRIATOMA INFESTANS

Mario

B.

Aragão

Foram reunidas as informações disponíveis sôbre a dispersão do T. infes-

ta n s no Brasil e sôbre o seu com portam ento face ao combate com inseticidas nos focos isolados da espécie.

Com base nesses elementos e no que se conhece sôbre os fatôres que regem a dispersão das espécies invasoras, é discutido o fato do T. in fe stan s ter sido eli­ m inado de quase todos os focos isolados e ter resistido aos dois ensaios melhor conduzidos no Brasil, para a erradicação da espécie em municípios situados dentro de sua área norm al de ocorrência.

Finalm ente, o autor conclui que, nos focos isolados, à ação dos inseticidas somou-se a resistência oposta à proliferação da espécie pelas condições do a m ­ biente e que, por isso, as técnicas de erradicação do T. in fe sta n s devem ser es­ tudadas na área onde a dispersão da espécie é contínua.

Não é um fenôm eno ra ro a dispersão das espécies invasoras se processar p rim ei­ ra m e n te de fo rm a co n tín u a a té ocupar com pletam ente d eterm in ad a região, a d ia n ­ te da qual elas só conseguem se estabele­ cer em pequenas área s isoladas. Três exem plos dêsse tipo de distribuição estão rep resen tad o s em m ap as tra n sc rito s no li­ vro de Elton, em 1958 (12), hoje clássico, sôbre a ecologia das invasões, e com re s­ peito a um dêles, o do fungo Eudothia pa-rasitica, o au to r in fo rm a que diversas in ­ fecções isoladas foram erradicadas.

É, tam bém , um fato relativ am e n te co­ m um os an im ais m u d arem de nicho q u a n ­ do e n c o n tra m um outro desocupado, es­ ta n d o nesse caso tô d as as espécies ru d e- rais que, certam en te, são m ais a n tig as que o hom em .

Com base nessas idéias é que será feito o p resen te estudo sôbre a dispersão do T. infestans.

ELABORAÇÃO DOS MAPAS

A fig u ra 1 é p a rte de um m ap a publi­ cado por A ragão & Dias em 1956 (3), com algum as m odificações baseadas em Usin- ger, W igodzinsky & R ickm an (27) e no m ap a da fig u ra 2.

A fig u ra 2 b aseia-se nos seguintes a u ­ tores:

a) — T. infestans

Pern am b u co — Dobbin & Cruz, 1966

(11);

M inas G erais — Pellegrino, 1951 (20); G oiás — C arvalho & Verano, 1956 (6), e G alvão, Souza & Lim a, 1967 (15);

Rio de Ja n e iro — B u sta m a n te & G us­ mão, 1954 (5) e A ragão & Souza, 1971 (4);

São P aulo — U n ti & Silva, 1951 (26) e Silva & Corrêa, 1954 (25);

P a ra n á — Lobo, 1959 (17);

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S a n ta C a ta rin a — F e rre ira Neto, F e r­ reira, Leal & M artins, 1971 (13);

Rio G ran d e do Sul — C outinho, P in to & B arbosa, 1952 (7);

b ) — Áreas de colonização recente:

Goiás — A lm eida & Lim a, 1959 (1); São Paulo — Mombeig, 1952 (19).

Na fig u ra 3 estão superpostos os m ap as de distribuição do T. infestans e do T.

bra-siliensis, publicados por Serebrenick (23).

AS ÁREAS DE DISPERSÃO

Na fig u ra 1 vê-se que, a tu alm en te, o T. infestans ocupa trê s área s d s dispersão dis­ tin ta s . U m a delas está isolada pela C or­ d ilh eira dos Andes e as o u tras duas estão

sep a ra d as p o r u m a zona onde as condi­ ções clim áticas são ad versas à espécie (3).

U singer, W igodzinsky & R ickm an, em 1968 (27) a cred itam que, provàvelm ente, a espécie passou a ocu p ar dom icílios h u m a ­ nos n os vales in te ra n d in o s d a Bolívia, a in ­ d a nos tem pos pré-colom bianos. Em segui­ d a a essa tra n siç ã o dos buracos de roedores p a ra aquelas m o rad ias -parecidas com as tocas dêsses anim ais, a espécie se d isp er­ sou p a ra onde “as condições m icroclim á- tica s d a h ab itaç ã o h u m a n a são p arecid as com as existentes nos buracos de roedores dos vales in teran d in o s rela tiv a m en te fre s­ cos e áridos, d a B o lív ia.”

Como tem sido m ostrado p o r diversos autores, a te m p e ra tu ra a m en a e a secu ra do a r parecem ser as ú nicas exigências da espécie. P o r o u tro lado, a n a tu re z a dos obstáculos que se p a ram essas trê s áreas

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a ssin alad as n a fig u ra 1 deixa claro que a sua dispersão foi fe ita a trav é s do tr a n s ­ porte pelo h o m em . Os A ndes são te rc iá ­ rios e, p o rta n to , m uito an terio res à o cupa­ ção do co n tin e n te pelo hom em e, n a área c e n tro -su l brasileira, o T. infestans se dis­ persou depois d a in tro d u ção dos tipos de m orad ia vindos com as c u ltu ra s afric a n a e européia. Até o Rio G ran d e do Sul a espécie viria sem dificuldade, pois a í a sua á re a de dispersão é co n tín u a a té a Bolívia. Do Rio G ran d e do Sul p a ra São P au lo e M inas G erais, a d istân cia é grande, po­ rem deve-se con sid erar que, d u ra n te o ci­ clo do ouro, houve um tráfico in ten so de tro p as de m u ares e n tre o Rio G ra n d e do Sul e as á re a s de m ineração, localizadas p rin cip alm en te no E stado de M inas G e­ ra is. As zonas m ais rec e n tem en te coloni­ zadas fo ram as p rim itiv am en te ocupadas por florestas, que só p a ssa ram a d esp ertar m aior in teresse com o advento do ciclo do café. No m a p a da fig u ra 2 estão a ssin ala­ d as as área s que, em 1930, a in d a estav am co b ertas por m a ta s p rim á ria s e, p o rta n to , onde a espécie se dispersou nos últim os 40 anos.

Êsse m ap a d a fig u ra 2 parece m o strar que a á re a de dispersão da espécie, no Brasil, e stá estabilizada, u m a vez que o seu tra n sp o rte n o meio de carg as ou p e r­ tences de v ia ja n te s sòm ente tem p ro p i­ ciado a sua in stalaç ã o em pequenas áreas iso la d a s.

OS FOCOS ISOLADOS

A p rim e ira referên cia ao enco n tro de

T. infestans em um foco isolado é a de L ent,

em 1942 (16), que classificou exem plares p ro v en ien tes d a fro n te ira do E stado do Rio de Jan e iro com São Paulo, sem c h a ­ m a r a atenção, e n tre ta n to , p a ra o fa to do inseto e sta r vivendo fo ra d a á re a no rm al de o corrência. Êsse foco do Vale do P a ­ ra íb a foi p o sterio rm en te estudado por B us- ta m a n te & G usm ão (5), do lado do Es­ tad o do Rio de Jan eiro , e por U n ti & Silva (16), do lado de São Paulo, e elim inado p o r êsses m esm os pesquisadores, com a p li­ cações de BHC.

N a m esm a época P ellegrino (20) cole­ to u em C ontagem , no E stado de M inas G e­ rais, alguns m ilh ares de T. infestans e um n úm ero in ferio r a u m a dezena em m ais 6 localidades situ ad a s fora d a á re a de d is­ persão d a espécie. Ao que parece, sòm ente

em C ontagem a espécie h av ia form ado co­ lôn ias e, logo em seguida, P ellegrino & B ren er (21) elim in aram o foco.

D iversas referên cias im precisas sôbre o foco do oeste do E stado de S a n ta C a ta ­ rin a estão citad as por F e rre ira Neto, F e r­ reira, Leal & M artin s (13). Êsses a u to ­ res, que fizeram as pesquisas n a área, re ­ la ta m que em 1954 fo ra m enco n trad o s T.

infestans colonizando em dom icílios dos

m unicípios de C unh ap o rã, P alm itos e São Miguel do Oeste e que, u m a busca p oste­ rio r fe ita em 1958, n ão logrou e n c o n tra r a espécie em P alm ito s e em São Miguel do O este. In fo rm a m êsses pesquisadores que os próprios m oradores e lim in aram o inseto, aplicando, n as casas, inseticidas de uso agrícola à base de BHC. Em C unhaporã, e n tre ta n to , p e rsistia a in festação dos do­ m icílios.

E m Pernam buco, D obbin & Cruz, em 1966 (11) a ssin a la ra m T. infestans em três m unicípios vizinhos, C um aru, R iacho das Alm as e S urubim e, segundo Jam es Dobbin (C om unicação pessoal), a espécie desapa­ receu com as c a m p a n h a s ro tin e ira s de b o r- rifação oom BHC.

M ais recen tem en te A ragão & Souza, em 1971 (4) en c o n tra ram , n u m a á re a m uito pobre do M unicípio de Duque de Caxias, no E stado do Rio de Ja n eiro , o T. infestans

colonizando dom icílios. U m a p a rte dessa á re a foi b o rrifad a com BHC, em dezem bro de 1970, sendo p o rta n to cedo p a ra a fe rir re su lta d o s.

DISCUSSÃO

P a ra que um a espécie colonize u m a área é necessário que os seguintes requisitos es­ te ja m satisfeitos:

1 — Que as condições de am biente se­ ja m adequadas;

2 — que existam nichos que ela possa ocupar;

3 — que n ão en co n tre resistência p a ra a ocupação dêsses nichos.

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F ig u r a 2 — D is p e rs ã o d o T ria to m a in fe s ta n s n o B ra sil.

A re a s c o n tín u a s d e d is p e rs ã o : a) — A re a c o lo n iz a d a a n te s d e 1930

b) — Á re a c o lo n iz a d a d e p o is d e 1930.

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m ais frio, em que as geadas liquidam a la ­ voura .

Um exem plo, m uito conhecido, do e n ­ contro de resistên cia p a ra a ocupação do nicho é observado n a dispersão do pinheiro do P a ra n á (Araucaria angustifolia) . E sta espécie, quan d o cu ltiv ad a nos solos férteis da en costa do sul do B rasil, desenvolve-se m elhor do que no p la n a lto . No e n ta n to , a su a á re a de distrib u ição n a tu ra l te rm in a b ru scam en te n a bord a do plan alto , onde os solos m elh o ram e p assam a ser ocupa­ dos pela m a ta latifo liad a.

O com portam ento dos ra to s ru d erais n as zonas de m a ta e de c a a tin g a tam b ém esclarecem o assu n to . Nessas últim as, a su bstituição da vegetação n a tu ra lm e n te escassa pelas lav o u ras pouco a lte ra a fa ú - n a local que, no caso d a floresta, é liqui­ d a d a com a d e rru b a d a e exposição do te r ­ reno. O que se observa, então ? Nas c a a ­ tingas, um pequeno nú m ero de ra to s r u ­ derais, restrito s à casa e ao perí-dom icílio, e, n as lavo u ras das zonas florestais, im e n ­ sas populações dêsses roedores exóticos v i­ vendo, às vêzes, bem longe d as habitações.

No caso dos triato m ín eo s parece h av er um a concorrência pelo nicho e n tre o

Tria-tom a infestans e o Panstrongylus m egistus

e, em algum as áreas, tam b ém com o T. sór­

dida. É o que sugerem as co ntagens de

triato m ín eo s fe itas n a s localidades onde tem sido te n ta d a a errad icação dêsses in ­ setos (8, 9, 10, 14) e é tam b ém o que se infere de d uas tab elas publicadas por Silva

et alii. (24) onde se n o ta que o núm ero de

P. m egistus e de T. sórdida, cap tu rad o s

pela S aúde P ública do E stado de São Paulo, vem a u m e n ta n d o desde o ano de 1951.

Nos dados fornecidos pelos dois p rim ei­ ros au to res citados, sóbre o a co m p an h a­ m ento dos ensaios de errad icação dos tr ia ­ tom íneos, observa-se que, ao m esm o tem po em que as ca p tu ra s de T. infestans cairam d ràsticam en te, o n ú m ero de P. m egistus

coletados variou pouco ou au m en to u . Não re sta dúvida que essa ú ltim a espécie exis­ te, em estado silvestre, n a s duas área s e, po rtan to , p oderia te r recolonizado as h a ­ bitações. P o r que, e n tre ta n to , os seus exem plares eram m in o ria a n te s d a a p lica­ ção do inseticid a? Tudo indica que isso se deve ao fato do T. infestans e sta r m e­ lhor a d ap ta d o p a ra ocupar o nicho dom i- ciliário .

D en tre as o u tra s in teraçõ es biológicas,

os g ran d es pred ad o res (hom em e anim ais dom ésticos) não devem d esem p en h ar papel im p o rta n te . Se fôssem eficientes em m a ­ ta r os barbeiros, que os sugam , todos os cães e gatos da zona chagásica estariam in fectad o s pelo Trypanosoma cruzi, pois m astig am êsses in seto s. Dos pequenos p re ­ dadores, som ente as form igas são eficien­ tes, chegando m esm o a ev itar a coloniza­ ção de u m a á rea da V enezuela pelo Rhod-nius prolixus [G om ez-N unes, in Aragão & Souza (4) ] . Com respeito ao T. infestans

não existem observações feitas em condi­ ções n a tu ra is, p orém nos arredores do Rio de Ja n e iro as form igas criam problem as p a ra a m a n u te n çã o de colônias artificiais (22). D en tre os p a ra sita s dos triatom íneos, só se conhece o Telenomus fariai, que n u n c a foi devidam ente estudado, e o cap í­ tulo dos m ierorganism os e stá em branco.

O nde existe um elem ento de sugestão m uito fo rte com respeito ao papel dos in i­ m igos n a tu ra is, n a dispersão dos tria to m í­ neos, é n o fa to de su a dispersão em d ire­ ção ao lito ral do B rasil Sudeste ser d em ar­ cad a por lin h a s do relêvo que d elim ita de­ te rm in a d a s condições de um idade (2 ). Tudo in d ica que existem espécies re stri­ ta s ao lito ral e à en co sta que im pedem que êsses insetos colonizem nos domicílios.

O único elem ento clim ático que parece e sta r atu an d o , isoladam ente, é a te m p e ra ­ tu ra . A fig u ra 3, onde estão superpostos os m ap as de distribuição do T. Infestans e do T. brasüiensis, no vale do São F ra n c is­ co, publicados por S erebrenick (23), parece m o stra r que, se o T. infestans não se dis­ persou p a ra a á re a m ais quente do n orte, não foi p o r questão de inim igo n a tu ra l, caso co n trário o T. brasiliensis e o T. m

a-culata (não assin alad o no m ap a) não po­

d eriam colonizar os domicílios do baixo v a le .

E ssa d em arcação das áre as de d isper­ são do T. infestans por condições bem ca­ rac te riza d a s de te m p e ra tu ra e um idade, se choca com os achados, c a d a vez m ais fre ­ qüentes, de focos de in festação d istan tes e em zonas onde as condições clim áticas são as m ais diversas. É claro que um a es­ pécie de am p la distribuição, como o T. in ­ festans, deve dispor de g ran d e v ariab ili­ dade g en ética. P or outro lado, o seu tra n s ­ p o rte no m eio de p erten ces hum an o s não deve ser raro , como a te sta m as diversas citações do enco n tro de exem plares de T.

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Lu-F ig u r a 3 — L o c a lid a d e s d o V ale d o S ão Lu-F ra n c is c o o n d e fo ra m a s s in a la d o s

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cena, em 1970 (1 8 ). Além disso, as c ria ­ ções de labo rató rio m o stram que as n in fa s não são m u ito susceptíveis à s condições clim áticas adv ersas. U m a vez realizad as algum as p o sturas, o problem a se resu m iria aos insetos atin g irem a fase a d u lta n u m a época do ano favorável. E n tre ta n to , ap esar dêsses argum entos, essa d iscordância en tre os dois grupos de fatos, áre a s bem delim i­ ta d as e focos isolados, parece que vem sendo esclarecida com os resu ltad o s o b ti­ dos em algum as te n ta tiv a s d e erradicação do inseto.

Essas te n ta tiv a s de errad icação do T.

infestans, no Brasil, podem se r divididas

em dois grupos, as que fo ram realizad as den tro da á re a de dispersão da espécie e as levadas a efeito em focos isolados. Das prim eiras, duas fo ram fe itas por pesquisa­ dores do m ais alto gabarito, os P rofs. P e ­ d reira de F re ita s e E m anuel Dias (14) Em am bas os resu ltad o s foram ótim os, não chegando, porém , a e rra d ic ar o in seto . P or outro lado, em quase todos os focos isolados o T. infestans tem sido erradicado o que se tem conseguido com diversos m é­ todos de com bate. No Vale do P araíb a, do lado do E stado do Rio de Jan eiro , B us- ta m a n te & G usm ão em 1954 (5), p la n e ja ­ ram e ex ecu taram y m a técn ica d estin ad a a conseguir a errad icação . No mesm o vale, do lado de São Paulo, U nti & Silva (26) u tilizaram a ro tin a n o rm a l de com bate aos tria to m ín e o s. Em P ernam buco, tam bém foi a ro tin a de aplicação de BHC que ex- tin g u iu o foco (C om unicação pessoal de Jam es D o b b in ). Em M inas G erais, Pelle­ grino & B re n er (21) tam bém n ão tiveram dificuldade em elim in ar o foco de C o n ta­ gem . Em S a n ta C atarin a, sem n e n h u m a colaboração de en tid ad e s oficiais, os p ró ­ prios m oradores liq u id aram o inseto em

P alm ito s e em São Miguel do Oeste . (13). Com respeito ao com bate, com êxito, ao T.

infestans pelos próprios m oradores, h á

referên cias de C outinho, P in to & Barbosa, em 1952 (7), n a p e riferia da á re a de d is­ trib u ição da espécie n o Rio G ran d e do Sul, e de A ragão & Souza (4) nos arred o res do Rio de Ja n eiro , n e n h u m a delas, e n tre ta n ­ to, observadas pessoalm ente pelos próprios pesquisadores. P o d er-se-ia alegar que a espécie estav a ocupando a á re a h á pouco tem po e, p o rta n to , a in d a não estava bem a d a p ta d a . Êsse arg u m en to não parece p revalecer p orquanto, n a s áre a s de colo­ nização recente, assin alad as no m ap a da fig u ra 2, o inseto se m a n tém a té hoje, ap esar de já te r sido com batido pelas bor- rifações ro tin e ira s de BHC. O que parece ser m ais lógico é que, nesses focos isola­ dos, o T. infestans já estava enco n tran d o u m a c e rta resistência, seja devido às con­ dições adversas do am biente físico, seja devido à p resen ça de inim igos n a tu ra is e que essa resistência, som ada à ação do in ­ seticida, to rn o u -se suficiente p a ra e rrad icar a espécie. D eve-se a in d a re fe rir que um a onda excepcionalm ente fo rte de calor, que assolou o Rio de Ja n e iro em ja n eiro e fe­ vereiro de 1971, liquidou, quase com pleta­ m ente, as colônias de T. infestans que são m a n tid a s h á cêrca de 30 anos no In stitu to Oswaldo Cruz. A p ró p ria colônia o rig in á­ ria do foco isolado do M unicípio de Duque de Caxias, situ a d a a cêrca de 30 K m do In s titu to e, tam b ém ao nível do m ar, ficou reduzida a u m a m eia dúzia de exem plares.

Dêsses fato s parece ser lícito tira r um a conclusão de c a rá te r p rático . É a de que. qualquer técn ica de erradicação de tria to - m íneos deve ser desenvolvida d en tro da á re a n o rm al de dispersão da espécie vi­ sad a.

SUMMARY

Ali available Inform ation was gathereã about the dispersion of T. in festan s

in Brazil anã about its b e h a v io r when the species were combated w ith

insecti-cides in isolated foci.

Based on these elem ents and on w hat is know n about factors which rule

th e dispersion of the invaãing spezies, it is debatable w hether T. in fe stan s was

elim inated frorn alm ost ali isolated foci and to have resisted two of the best ccmducted trials in Brazil for the erraãication of the species in places situated w ithin th e area of their norm al occurence.

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vironm ental condilion and that, because of this, th e erradieatvon techniques

against T. in festa n s shoulâ be developed in areas where the áispersion of the

species is continuous.

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Referências

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