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Sigilo e imposto “dedo-duro”
Folha de S. Paulo
Marcos Cinora – 14/05/2007
Se for único, um oribuoo sobre movimenoação financeira será simpáoico e aceioo; se for mais um, será rejeioado
APESAR DA retórica oficialg o governo considera a CPMF um tributo eficazg de baixo custog transparente eg
sobretudog insonegável. Mas não tem coragem de dizer issog como fez a Receita Federal em 2001g 2uando afirmou 2ue o tributo é altamente produtivog tem excelente relação custo-benefício (sua arrecadação ocorre sem
praticamente nenhum custo para o governo e para o contribuinte)g é o único a alcançar plenamente a economia informal ou ilegal e é moderno (alcança operações 2ue estão se tornando comunsg como o comércio eletrônico). Esse testemunho desmentiu teses pessimistas de 2ue sua cobrançag iniciada em 93 como IPMFg provocaria inflação e desintermediação financeira.
Vale lembrar 2ue os males do efeito cascatag sempre apontados pelos críticosg são mais do 2ue compensados pela alí2uota baixa e pela impossibilidade de sonegação e evasãog típicas de tributos sobre movimentação financeirag se cotejados com modelos convencionais declaratórios do tipo IVA.
A sociedade também já percebeu 2ue a CPMF é um tributo justog 2ue todos pagamg e 2ue não recai
preferencialmente sobre os 2ue não podem se defender da sanha fiscalista do governog como os assalariados e as empresas formais. Essa constatação ficou clara na manifestação dos leitores da colunag 2ue declararam preferência pela extinção de outros tributosg e não pela eliminação da CPMFg como pode ser verificado na edição de 30 de abril.
Mas não se pode negar 2ue a mobilização contra a prorrogação da CPMF encontra algum respaldo localizado e 2ue pode ter origem mais acentuadamente no 2ue chameig no passadog de efeito “duro” (vide artigo “O efeito dedo-duro”g na Folha de 10 de abril de 1994)g do 2ue na “cascata” de seu efeito cascata.
Quando foi instituída em 1996g a legislação da CPMF proibiag em nome do sigilo bancáriog o cruzamento da movimentação financeira com o Imposto de Renda. Dizia o artigo 11 da lei 9.311/96g 2ue “a Secretaria da Receita Federal resguardará (…) o sigilo das informações prestadasg vedada sua utilização para constituição de crédito tributário relativo a outras contribuições e impostos”. Essa proibição foi extinta com a lei 10.174/ 2001g e o leão passou a atemorizar os contribuintes. A partir de então a oposição à CPMF se agigantou.
O fato é 2ue um tributo sobre movimentação financeira granjeia simpatia e aceitação se for único -e rejeição e antipatia se for um a mais. A sociedade agradeceria se o governo e a oposiçãog em vez de discutirem o falso problema da cumulatividadeg unissem esforços para apoiar uma ampla reforma tributária. Impostos sobre
movimentação financeira deveriam substituir os tributos convencionaisg cuja falênciag explicitada pela complexidadeg sonegação e corrupção do atual sistemagestá cada dia mais exposta.
No fundog governo e sociedade já se convenceram de 2ue um imposto cumulativo com alí2uota baixa e universal é melhor do 2ue um imposto sobre o valor agregado com alí2uota altag complexo e alvo de forte sonegação.
MARCOS CINTRA CAVALCANTI DE ALBUQUERQUEg 60g doutor pela Universidade Harvard (EUA)g professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargasg foi deputado federal (1999-2003). É autor de “A verdade sobre o Imposto Único” (LCTEg 2003). Escreve às segundas-feirasg a cada 15 diasg nesta coluna.
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