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A Teoria das inteligências múltiplas no ensino e aprendizagem de língua inglesa na escola pública

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(1)

A Teoria das Inteligências Múltiplas no

Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa na

Escola Pública

Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências, Letras e

Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista “Julio de

Mesquita Filho”, como parte dos requisitos para a obtenção

do título de MESTRE, pelo Curso de Pós – Graduação em

Estudos Lingüísticos, área de Concentração em Lingüística

Aplicada, Linha de Pesquisa: Ensino e Aprendizagem de

Línguas.

Orientador: Prof. Dr. Douglas Altamiro Consolo

(2)

COMISSÃO JULGADORA

a) membros titulares:

Prof. Dr. Douglas Altamiro Consolo (orientador)

UNESP- São José do Rio Preto.

Profa. Dra. Vera Lúcia Teixeira da Silva

Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

Profa. Dra. Marilei Amadeu-Sabino

UNESP - São José do Rio Preto

b) membros suplentes:

Profa. Dra. Sandra Regina Buttros Gattolin

Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Profa. Dra. Fernanda Landucci Ortale

(3)

Dedicatória

Em uma pesquisa de mestrado, você nunca acaba o mesmo de quando começou,

comigo não foi diferente. Comecei o meu curso de mestrado em maio de 2004. No mesmo

ano, eu também assumi o cargo de professor PEB II no estado, e, me casei. Uma nova vida,

desconhecida, começava ali para mim.

Não foram fáceis esses trinta meses até que eu terminasse essa dissertação. Passei

por muitas dificuldades e dúvidas, e, até cheguei a pensar em desistir por duas vezes.

Mesmo aos trancos e barrancos, eu consegui terminar. Mas nada disso teria sido possível

sem a ajuda de pessoas importantes em minha vida.

A primeira pessoa a quem gostaria de dedicar essa pesquisa, é a professora Denise

de Abreu-e-Lima, da UFSCar. Mais do que uma professora, uma amiga. Ela me ajudou a

enxergar significado nisso tudo e a buscar forças para continuar.

Sem minha esposa Priscila, não sei onde estaria hoje. Ela me deu apoio e amor

quando eu mais precisei. Teve paciência e me ajudou lendo e ouvindo tudo o que eu fazia.

O seu amor me torna mais forte.

Minha mãe, Nilda, professora. Ela sempre me incentivou a estudar e a continuar,

mesmo quando eu estava em dúvidas. Em Dezembro de 2004, ela sofreu um derrame que

deixou seqüelas. Mesmo sem poder andar, e com dificuldades de falar, ela ainda me

pergunta como vai o meu mestrado toda vez que eu a vejo.

Dedico esta dissertação a estas pessoas importantes em minha vida. Sem elas, nada

disso teria sido possível. Elas me deram apoio nas horas difíceis e inspiração para

continuar.

(4)

Agradecimentos

Agrade

ço a Deus por ter me dado a chance de realizar este trabalho.

Agradeço a minha esposa Priscila por seu amor incondicional e seu apoio nos

momentos de dificuldades, pela paciência e boa vontade em ler e ouvir minhas idéias.

Obrigado por estar ao meu lado, sempre.

Agradeço a minha mãe, por ter me inspirado e incentivado em meus estudos.

Agradeço a professora Denise, que me apresentou às Inteligências Múltiplas e por

seu apoio durante todo esse tempo.

Agradeço ao professor e orientador Douglas, pela paciência e por acreditar em mim.

Agradeço a todos os alunos do 1º C de 2004 e do 2º C de 2005 da escola

Comendador Pedro Morganti. Sem vocês meu trabalho não teria sido possível.

Agradeço à coordenadora pedagógica da escola Gleyce pela ajuda e colaboração.

Agradeço aos funcionários da secretaria da escola pelo apoio que me deram.

Aos meus amigos e companheiros de longas horas de reflexão Cauê, Bel, Gina,

Haroldo, Luana, Mika e Ronald que me ajudaram muito por toda essa jornada.

Aos meus colegas de curso de Pós-Graduação e aos meus colegas do Grupo

Imagine, por me ajudar a crescer e a progredir.

A todos aqueles que não menciono, mas que de alguma forma, me ajudaram a

realizar este trabalho.

(5)

“Você pode perder tudo na vida, mas o que você tem dentro de você, os seus

estudos, ninguém nunca será capaz de tirar.”

(6)

Resumo

Esta pesquisa objetivou investigar como a teoria das Inteligências Múltiplas (IM), proposta

por Howard Gardner, pode auxiliar na elaboração e implementação de práticas de ensino

em língua inglesa na escola pública. Um aspecto importante dessa proposta é considerar as

diferentes habilidades e capacidades dos alunos, e suas variadas manifestações como

produtos valorizáveis, no contexto desses alunos. Foi realizada uma pesquisa-ação com

uma classe do primeiro ano do ensino médio de uma escola pública estadual. Durante dois

semestres foram adaptadas e desenvolvidas atividades didáticas baseadas na teoria das IM,

nesse contexto. Os dados foram coletados por meio de um inventário de inteligências,

questionários, diários e observações por parte do professor-pesquisador, e gravações de

aulas. Apresentam-se as bases teóricas pertinentes às IM e à Abordagem Comunicativa,

utilizada na condução das aulas, a metodologia de pesquisa, exemplos das atividades

aplicadas, os resultados obtidos e as reflexões a partir dos dados coletados. No contexto

investigado, este estudo se volta para possíveis soluções de problemas encontrados na

prática do professor, na expectativa de, ao promover a discussão e reflexão sobre a prática

pedagógica, criarem-se condições de aprimoramento e desenvolvimento de novas e

melhores estratégias de ensino de língua estrangeira.

Palavras-chave: aprendizagem; ensino; escola pública; IM; língua inglesa; planejamento de

(7)

Abstract

This research study aimed at investigating how the Multiple Intelligences theory (MI),

proposed by Howard Gardner, can help de design and implementation of teaching practices

in English language teaching in public schools. An important aspect of this proposal is to

consider the students’ different skills and capacities, and their many manifestations as

valuable products in the students’ context. An action-research project was conducted with a

first-year class of a state high school in Brazil, for two semesters. Didactic activities were

adapted, on the basis of the MI theory, and used in that context. Data were collected by

means of an inventory of intelligences, questionnaires, diaries and observations made by

the teacher-researcher, and lessons were recorded. The theoretical bases of the MI theory

and of the Communicative Approach, followed during the lessons, are presented here, as

well as the research methodology, examples of the class activities, the results of the study

and a reflection about the data. In the context investigated, this study focuses on possible

solutions for the problems faced in the teacher’s work and, by promoting reflection and

discussion about pedagogical practices, expects to create conditions for better teaching

conditions and the development of new and better strategies for the teaching of foreign

languages.

(8)

SUMÁRIO

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1.1 Primeiro contato com as Inteligências Múltiplas p.15

1.2 Relato de vida: como a teoria das IM mudou meu modo de ensinar p.17

1.2.1 In

ício de carreira: a escola pública p.21

1.3 As contribuições que a teoria das IM podem trazer para o ensino

e aprendizagem de LI na escola pública p.22

1.4 Objetivos p.23

1.5 Organização da dissertação p.23

CAPÍTULO II

ARCABOUÇO TEÓRICO

(9)

2.3.5 Caminho da Compreensão p.48

2.4 Os Pontos de Entrada p.49

2.5 O ensino para a compreensão p.53

2.5.1 A estrutura do Ensino para a Compreensão p.56

2.5.2 Temas p.59

2.5.2.1 Critérios para eleição de temas

segundo o Ensino para a Compreensão p.62

2.5.3 Objetivos de compreensão p.63

2.5.4 Performances de compreensão p.65

2.5.5 Avaliação processual p.67

2.6 A Abordagem Comunicativa e as Inteligências Múltiplas p.69

2.6.1 O ensino por temas de acordo com a Abordagem Comunicativa p.72

2.6.2 Definições da AC, de linguagem e material autêntico

utilizada nesta pesquisa p.74

CAPÍTULO III

METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1 Caracterização do estudo p.79

3.2 Contexto de pesquisa p.80

3.2.1 A escola p.81

3.2.2 Perfil do professor-pesquisador p.82

3.2.3 Os alunos p.83

3.3 Análise de Necessidades p.83

(10)

3.3.2 Aplicação do Inventário de IM p.84

3.3.3 Avaliação das IM dos alunos p.85

3.3.3.1 Exame de registros escolares p.85

3.3.3.2 Conversa informal com os alunos p.86

3.3.4 Apresentação das IM para os alunos p.87

3.3.5 Entrevista com a coordenadora pedagógica da escola,

com a professora anterior e com os alunos(análise de necessidades) p.87

3.4 Instrumentos de pesquisa e procedimentos de coleta de dados p.88

3.4.1 Diário Reflexivo p.88

3.4.2 Gravações das aulas em vídeo p.89

3.4.3 Discussões como o grupo de professores p.89

3.4.4 Discussão com grupos de estudo p.90

3.4.4 Entrevistas informais com os alunos p.91

3.4.6 Análise da produção dos alunos e questionários p.91

3.5 Desenvolvimento e aplicação de atividades baseadas nas IM p.94

3.5.1 Focalizar um objetivo ou tópico específico p.94

3.5.2 Fazer perguntas de IM para o objetivo ou tópico p.95

3.5.3 Considerar as possibilidades e selecionar atividades apropriadas p.95

3.5.4 Estabelecer um plano seqüencial p.96

3.6 Uma proposta pedagógica baseada na teoria das IM p.96

3.6.1 Observação do comportamento dos alunos p.97

3.6.2 Aplicação do Inventário de IM para os alunos p.98

(11)

CAPÍTULO IV

ANÁLISE DOS DADOS

4.1 A ação do professor pesquisador p.104

42. Os primeiros passos p.104

4.3 Planejando aulas a partir das inteligências mais latentes p.107

4.3.1 Focalizar um objetivo ou tópico específico p.107

4.3.2 Fazer perguntas de IM para o objetivo ou tópico p.108

4.3.3 Considerar as possibilidades p.108

4.3.4 Selecionar atividades apropriadas p.109

4.3.5 Estabelecer um plano seqüencial p.110

4.4 A produção dos alunos p.111

4.5 A avaliação p.115

4.5.1 Avaliação da produção do aluno p.116

4.5.2 Avaliação por participação p.117

4.5.3 Avaliações formais p.118

4.5.4 Sistema de Notas p.119

4.5.5 Considerações a respeito da avaliação p.119

4.6 A Abordagem Comunicativa dentro desta proposta pedagógica:

conflitos e soluções p.120

4.6.1 Os materiais disponíveis para o trabalho em sala de aula p.123

4.6.2 Análise dos questionários para o tema “Trabalho” p.128

4.7 O papel do professor e o manejo da sala de aula p.136

4.7.1 Aula típica p.139

(12)

4.9 Opinião dos alunos sobre a intervenção p.149

4.9.1 Comentários dos alunos sobre a atividade “Map from school

to home” p.150

4.9.2 Relato de uma aluna para a atividade “Images and Words” p.153

4.10. As perguntas de pesquisa p.148

CONCIDERAÇÕES FINAIS p. 157

BIBLIOGRAFIA p. 165

ANEXOS p. 173

Lista de abreviações

Abordagem Comunicativa AC

Inteligências Múltiplas IM

Língua Alvo L-Alvo

Língua Estrangeira LE

Língua Inglesa LI

Matriz do Ensino para a Compreensão Matriz EpC

Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs

(13)

Lista de figuras

Figura 1 p.58

Figura 2 p.75

Figura 3 p.137

Lista de Gráficos

Gr

áfico 1 p.105

(14)

CAPÍTULO I

(15)

1.1 Primeiro contato com as Inteligências Múltiplas

É comum o fato de haver alunos que, por apresentarem comportamento escolar

diferente do valorizado pelas escolas e professores - tais andar freqüentemente pela sala,

desenhar na carteira quando deveriam estar fazendo alguma atividade, demonstrar apatia

em sala de aula, entre outros- serem considerados inaptos a uma aprendizagem satisfatória,

e até mesmo rotulados de “burros” ou incapazes.

Em resposta a esse tipo de rotulação, o estudo da teoria das IM, do psicólogo

americano de Harvard, Howard Gardner, sugere que qualquer abordagem educacional

uniforme provavelmente servirá satisfatoriamente apenas a uma pequena porcentagem de

aprendizes (GARDNER, 1999a).

Tendo em vista os diversos problemas que marcam o contexto de ensino de língua

LI LI no ensino médio na escola pública no estado de São Paulo, como, por exemplo,

classes lotadas, carteiras e salas de aula mal conservadas, completa falta de material

didático, entre outros, é possível vislumbrar as possibilidades que uma nova proposta

pedagógica dentro dessa realidade pode nos oferecer. Nesse sentido, encaminhou-se a

proposta deste estudo.

Aliado aos diversos problemas que marcam o contexto de ensino de Língua Inglesa

(LI) no ensino médio na escola pública no estado de São Paulo, como, por exemplo,

classes lotadas, carteiras e salas de aula mal conservadas, completa falta de material

didático, entre outros, há ainda uma clara deficiência quanto às propostas pedagógicas

implementadas, o que tem promovido resultados insatisfatórios quanto ao processo de

(16)

que uma nova proposta pedagógica dentro dessa realidade pode nos oferecer. Nesse

sentido, encaminhou-se a proposta deste estudo.

Obviamente, atender a todas as necessidades e dar oportunidades de

desenvolvimento de cada uma das capacidades únicas dos alunos seria presunção. Na

verdade, o que se espera de uma proposta pedagógica baseada na teoria das IM é criar

meios e caminhos para que os professores possam ensinar utilizando aquilo que eles

próprios já sabem fazer de melhor dentro de suas práticas pedagógicas, além de dar foco e

objetivo naquilo que se pretende ensinar.

A teoria das IM foi proposta pelo psicólogo americano Howard Gardner e

primeiramente publicada em seu livro Frames of Mind

1

(1983). A princípio, o estudo de

Gardner referia-se apenas a psicólogos, e segundo Baum, Viens & Slatin (2005), apesar de

a teoria dizer muito pouco a respeito da prática de ensino, foi recebida de pronto e de forma

entusiasta por educadores que viram nas IM as variadas habilidades

2

que regularmente

observavam e reconheciam em seus alunos. Desde a sua introdução, a teoria das IM tem

sido utilizada por educadores para planejar e dar suporte a programas que consideram os

alunos como indivíduos de habilidades únicas e individuais. No entanto, devido ao fato de a

teoria não ser uma teoria de aprendizagem, nem um modelo curricular, ela não traz uma

prescrição ou conjunto de orientações para a prática.

Ainda segundo Baum, Viens & Slatin (2005), por não ser uma abordagem

específica de ensino, a teoria das IM deve ser traduzida para a prática de ensino. Não há um

único modo correto de aplicá-la. A teoria deve ser utilizada como uma lente por meio da

1 Versão brasileira, Estruturas da Mente, 1994. 2

(17)

qual os educadores irão refletir sobre suas pr

áticas e assim ajudar nas diversas

necessidades de seus alunos.

Gardner oferece um meio de mapear a ampla gama de capacidades dos seres

humanos ao agrupá-las em oito categorias ou "inteligências" abrangentes, a saber:

inteligência Lingüística; inteligência Naturalista; inteligência Corporal-Cinestésica;

inteligência Musical; inteligência Intrapessoal; inteligência Interpessoal; e inteligência

Lógico-Matemática. No capítulo II, será explicada, com mais detalhes, cada uma dessas

inteligências (em que se baseia cada , os critérios de classific

ação, pontos do modelo que

precisam ser enfatizados e as implicações da teoria para a pr

ática educacional).

1.2 Relato de vida: como a teoria das IM mudou meu modo de ensinar

Meu interesse pela teoria das IM começou ainda na graduaç

ão, na disciplina de LI

VI. Como trabalho final de semestre, preparei um conjunto de atividades baseadas ao

mesmo tempo na teoria das IM e nos Temas Transversais propostos pelos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs) (MEC, 1998). A cada grupo de alunos do curso foi

designada uma das oito inteligências e um Tema Transversal. A proposta do trabalho era de

que se desenvolvessem atividades apli

cáveis a um contexto real de sala de aula que ao

(18)

Por questões de praticidade, decidi partir de algo concreto e próximo à minha

realidade profissional. Como já lecionava inglês em uma escola particular de línguas,

embasei-me no próprio material que eu utilizava para lecionar, o livro didático New

Interchange (RICHARDS, JONATHAN & SUSAN, 1997), tendo em vista que o tema da

unidade dois deste livro é “trabalho”. Vislumbrando a possibilidade de se aplicar as

atividades a serem desenvolvidas em um contexto real de sala de aula, mantive o

seqüenciamento original do livro e apenas adaptei e criei novas atividades para a unidade a

partir dos temas propostos. Como novas atividades, foram criados e adaptados um jogo de

quebra-cabeça com frases e figuras, um jogo de mímica e um dominó para o vocabulário.

Essas atividades têm como ponto de partida a inteligência Corporal – Cinestésica

3

.

A proposta do trabalho com a teoria não previa o ensino contemplando uma única

inteligência, sendo assim, a seqüência de atividades deveria contemplar também outras

inteligências, tais como a Lingüística e a Interpessoal. O resultado obtido com o trabalho

final entregue para a disciplina foi plenamente satisfatório. Fazendo pequenas modificações

ou adaptações de acordo com os diferentes contextos, pude aplicar a mesma proposta com

sucesso em diferentes contextos de ensino.

Em minha própria história de aprendizagem formal, muitas vezes fui rotulado de

mau aluno. Trata-se de uma tradição do ensino de rotular os alunos de aptos ou não aptos, e

de estabelecer procedimentos educacionais a partir dessa suposição. No meu caso

chegou-se ao cúmulo de uma professora ter atribuído a mim o rótulo de “uva podre”, em alusão a

uma história na qual conclui-se que as uvas podres não são recuperáveis e não têm utilidade

alguma. O que os professores talvez nunca tivessem percebido era, desde sempre, as

3

(19)

minhas altas notas em História e mais tarde, boas notas também em Literatura. Hoje eu sei

que isso indicava claramente a minha inclinação para aprender pelo uso de narrativas.

4

Durante as leituras para o trabalho da universidade, me deparei com uma história

inspiradora, em CAMPBEL et al, (1999) (anexo 1), a qual reproduzo a seguir.

A DANÇA DE PAULA

Em sua primeira série, Paula foi taxada como tendo distúrbio de aprendizagem. Pelos próximos quatro anos, ela foi colocada em salas de educação especial e obteve pouco, senão nenhum sucesso acadêmico. Comparada com seus colegas de idade, Paula estava atrasada em habilidades básicas duas ou mais séries. A sua auto estima diminuiu, e compreensivelmente, o seu desgosto pela escola aumentou.

Seus pais, cientes da necessidade de prover Paula uma experiência escolar bem sucedida, a direcionaram para uma sala com uma professora sensível. Observando a menina por alguns dias, a professora notou uma graça excepcional. Paula movia-se com pose e dignidade. Alta para sua idade, ela andava e corria com facilidade, seu longo cabelo acompanhando seus movimentos. Sempre que a professora observava Paula, imaginava-a como uma dançarina. Essa informação fez a professora imaginar se Paula poderia aprender de forma mais eficiente utilizando-se de movimento.

Apesar de Paula estar na sexta série, seu aproveitamento para escrever era próximo ao de um aluno de segunda série. Ela recusava-se a ler, escrever ou a praticar listas de ortografia. Seguindo sua intuição de que Paula era cinestesicamente bem dotada, a professora sugeriu à menina que criasse um alfabeto em movimento, utilizando seu corpo para formar cada uma das 26 letras. No dia seguinte, antes da aula, Paula correu para sua sala de aula para mostrar algo a sua professora. Paula começou então sua demonstração, dançando as letras do alfabeto uma a uma, e depois seqüenciando todas as 26 letras em uma única execução. O balé, apresentado com confiança e habilidade, foi executado em silêncio total. Paula, sem constrangimentos, estava satisfeita com seus esforços. A professora estava estática; a menina era uma dançarina.

Em apenas uma semana Paula foi da dança para a escrita. Primeiro, ela dançava palavras isoladas, depois as escrevia. Em seguida, ela começou a dançar sentenças inteiras.

4

(20)

O aproveitamento de Paula em ortografia e redação começou a melhorar, tanto quanto a sua auto-confiança em aprender. Após quatro meses, para o deleite de todos, Paula não mais precisava dançar o que escrevia, ela simplesmente permanecia sentada e escrevia suas tarefas junto com seus colegas de sala. Ao final da sexta série, Paula estava lendo e escrevendo em um nível adequado à sua série.

Quatro meses de aprendizado cinestésico, de aprendizado através de uma habilidade inata, transformaram a experiência escolar e a auto-imagem de Paula. Em sua sétima série, Paula freqüentou uma escola normal, onde, valorizada em todas as aulas, ela alcançou aproveitamento acima da média em todas as matérias.

A possibilidade de poder ajudar, tanto alunos com maiores dificuldades, quanto

alunos de desempenho satisfatório a alcançarem o máximo de aproveitamento de suas

capacidades, me animava. A partir das recomendações

5

de Armstrong (2001), comecei a

observar as inteligências em meus alunos e descobri que também tinha uma aluna cuja

trajetória parecia-se com a história “A Dança de Paula”. A turma com a qual comecei a

trabalhar era pequena, havia somente duas alunas, uma de doze anos e uma de dez. A mais

nova apresentava problemas em participar da aula, quase nunca parava quieta na carteira e,

em sala de aula, raramente fazia os exercícios de leitura e escrita. Após o contato com a

teoria das IM, decidi mudar minhas aulas de modo a adicionar atividades de jogos,

desenhos, também redimensionei algumas atividades do livro para a lousa, assim como

passei a realizar algumas atividades no chão ao invés de na carteira, entre outras. Mudanças

simples, mas de grande resultado. Para a minha grande surpresa, a aluna passou a se

interessar muito mais pelas minhas aulas, agora raramente reclamava de ter de fazer as

atividades, mesmo as mais tradicionais como escrever, falar e ler, e para o meu deleite, o

seu ar de entediada agora se transformara em de alegria. A partir desta experiência tive a

certeza de que a teoria das IM poderia ajudar muito em minha profissão.

(21)

1.2.1 Início de carreira: a escola pública

O in

ício da coleta de dados para esta pesquisa coincidiu com a minha entrada como

professor na escola pública. Antes de lecionar no Estado eu já tinha experiência como

professor de inglês há sete anos, em contextos bastante diversos: aulas particulares, aulas

para crianças, aulas VIPs, escolas de línguas e até aulas de inglês para coreanos treinando

futebol no Brasil. Já na escola pública, resumia-se a duas aulas como professor estagiário.

Essa minha vivência profissional como professor de línguas me levou a uma dupla

experiência: ao mesmo tempo em que estava entrando em um universo novo e

desconhecido, pesquisaria uma proposta pedagógica de ensino de línguas tendo a teoria das

IM como ferramenta.

Acredito que um trabalho de pesquisa dentro deste contexto seja de grande valia,

uma vez que as necessidades, dificuldades e variáveis que influenciam no ensino dentro

dessa realidade são enormes. Há também nesse caso uma grande quantidade de professores

que enfrentam essa mesma realidade diariamente, e que podem se beneficiar de trabalhos

de pesquisa que visem trazer soluções e melhoria em seu trabalho. Outra justificativa para

essa escolha é o fato de que na escola pública encontra-se a grande maioria dos alunos

matriculados no ensino médio, dando assim não somente uma maior validade para a

pesquisa realizada, mas como também uma maior amplitude da aplicabilidade das

atividades desenvolvidas para esta pesquisa. Todas essas características fazem que

pesquisas voltadas para soluções e aprimoramento da prática pedagógica neste contexto

(22)

1.3 As contribuições que a teoria das IM pode trazer para o ensino e aprendizagem de

LI na escola pública

Desde minhas primeiras experi

ências com a teoria das IM, uma idéia ficou marcada

em minha mente: a de que não somos todos iguais e não temos todos o mesmo tipo de

mente (GARDNER, 1999). Acredito que o ensino funcionará melhor se essas diferenças,

mais do que simplesmente ignoradas ou negadas, forem consideradas como positivas. Em

suas reflexões sobre a teoria de Krashen, Abreu-e-Lima (1996: p.8) conclui que: “São as

necessidades dos alunos que devem ditar os objetivos do curso, e que cada aprendiz vai

apresentar características específicas de como adquirir língua”. Cada aluno tem um

conjunto específico de inteligências e habilidades

6

, as quais podem ajudar a definir as

necessidades dos alunos e os objetivos do curso.

Segundo Brandão (1981), de acordo com o Método Paulo Freire, o professor não é

detentor de todo o conhecimento e não traz tudo pronto; ele modifica e constrói seu plano

de aula a partir da realidade encontrada em sala de aula, e principalmente a partir das

necessidades de seus alunos, tanto individuais como do grupo como um todo. Devido a

essas diferenças, os professores devem usar uma ampla variedade de estratégias de ensino,

que por sua vez, podem ser influenciadas pelas IM.

A teoria das IM oferece uma ferramenta para os professores refletirem sobre seus

métodos de ensino e compreenderem porque funcionam ou não. Ela também ajuda os

professores a expandirem seu atual repertório de ensino, de modo a incluir uma gama cada

vez maior e mais diversa de aprendizes (ABREU-e-LIMA, 2002).

6

(23)

1.4 Objetivos

Nesta pesquisa, investigo como a teoria das IM auxilia no planejamento,

desenvolvimento e aplicação de atividades que venham a contribuir para que os alunos

tenham um desempenho mais significativo na aprendizagem de LI na escola pública.

Também investigo quais são os meios possíveis e quais as dificuldades a serem superadas

dentro deste contexto para se aplicar uma proposta de ensino de LI nesse espaço

institucional.

Para orientar esses objetivos de pesquisa, pretendo responder às seguintes perguntas

norteadoras :

1-) Como se configura uma proposta de ensino e aprendizagem de LI no Ensino Médio de

uma escola pública tendo como ferramenta norteadora a teoria das IM?

2-) De que maneira a teoria das IM pode colaborar positivamente, dentro do contexto de

escola pública, para o desempenho escolar e a participação dos alunos em sala de aula?

1.5 Organização da dissertação

(24)

seguida, faço uma discussão teórica das aplicações da teoria das IM na prática de ensino,

com foco em teorias de apoio à prática pedagógica.

Por se tratar de uma proposta de ensino de LI, são apresentadas as relações

existentes entre a teoria das IM e o ensino baseado em uma Abordagem Comunicativa

(AC). Levando-se em conta o contexto de ensino em escola pública, também são

apresentados pontos importantes de documentos oficiais tais como os PCNs (MEC, 1998),

e os Temas Transversais (MEC, 1999), que nortearão o trabalho pedagógico e a pesquisa

realizada.

No capítulo II, trato de questões referentes à pesquisa em Lingüística Aplicada,

propriamente dita. Em seguida, apresento, em detalhes, o contexto de pesquisa, os

procedimentos de diagnóstico e os instrumentos de coleta de dados. Finalmente, discuto os

conceitos de reflexão utilizados na pesquisa, bem como os grupos de estudo que serviram

de apoio tanto como grupos de reflexão quanto como fonte bibliográfica.

No capítulo IV, analiso os dados coletados durante a pesquisa, tais como relato do

plano de aula, excertos do diário reflexivo e questionários aplicados aos alunos. Proponho

uma relação direta entre as teorias que serviram de embasamento para o que foi aplicado, os

processos vivenciados pelo professor na elaboração e aplicação da proposta pedagógica, e

os resultados alcançados.

(25)

CAPÍTULO II

(26)

2.1 A visão tradicional de inteligência e o Quociente de Inteligência (QI)

Grande parte dos conceitos utilizados por Gardner (VEENEMA & GARDNER,

1996) para desenvolver a teoria das IM é baseada em conceitos do cognitivismo. Antes de

explicar essa corrente de pensamento, é importante primeiro explicar as correntes às quais

ela se contrapõe.

Em contraposição ao cognitivistismo, há duas correntes distintas, e ainda assim

correlacionadas. Uma delas é o behaviorismo, que advém do estudo do comportamento

(behavior). A perspectiva behaviorista, consagrada pelo trabalho de Skinmer, despreza

qualquer relação com a mente e seus conteúdos. Dentro dessa perspectiva , os estudos do

comportamento humano estão baseados no que um organismo percebe como sendo um

estímulo e responde a ele, ou, se será recompensado de maneira positiva ou negativa de

acordo com a maneira como age.

A segunda contraposição à perspectiva dos cognitivistas é a visão de que o que a

mente contém é inteligência. De acordo com essa perspectiva, as pessoas nascem com uma

certa quantidade de inteligência, a qual pode variar tanto para mais quanto para menos,

sendo essa quantidade fixa. Poucos perguntavam como era a inteligência, ou como ela

poderia ser melhorada, aumentada ou transformada. De fato, a definição de inteligência se

tornou uma definição de psciometristas, ou seja, “a inteligência é o que os testes testam”.

O teste de QI e seus descentes são exemplos disso.

(27)

na vida, se provam duradouras. Mas, muitas outras representaç

ões são criadas,

transformadas, ou dissolvidas com o passar do tempo, como o resultado de experiências ou

reflexões a partir delas.

Uma idéia central do cognitivismo tem grande importância e implicação para a

educação, a de que a mente não é compreendida de uma única representação ou até mesmo

de uma única linguagem de representações. Mais exatamente, todas as pessoas possuem

inúmeras representações internas em suas mentes/cérebros. Essas representações são

chamadas por Gardner (1996) de IM.

De acordo com a teoria das IM, não somente todos os indivíduos possuem inúmeras

representações mentais e linguagens intelectuais, mas também diferem uns dos outros na

forma dessas representações, suas capacidades, e no modo e na facilidade com que essas

representações podem ser modificadas. Existem pelo menos oito inteligências, que

constituem a maneira pela qual as pessoas apreendem informações, retêm e manipulam

essas informações, e demonstram ou não compreensão para elas mesmas e para outras

pessoas. Também faz parte desta concepção o fato de que força ou fraqueza em uma área

não significa força ou fraqueza em outras áreas.

Até agora, a maioria das escolas têm agido como um dispositivo de seleção. Essas

instituições têm dado mérito a um tipo de mente – idealisticamente, uma que combine

linguagem e lógica – e têm tentado selecionar indivíduos que se destacam nessas áreas. Na

maioria das escolas, indivíduos que se apóiam em outras representações mentais têm

recebido pouca atenção.

Em uma visão tradicional de inteligência, cada indivíduo terá suas capacidades

consideradas desde o nascimento. Faz parte dessa noção a inteligência observada de uma

(28)

avaliada por uma única forma de inteligência. Nessa visão, os alunos com bom desempenho

acadêmico em matérias que envolvam habilidades lingüísticas ou lógico-matemáticas são

considerados inteligentes. Pouca atenção é dada a qualquer outra forma de expressar

conhecimento, seja pintura, música ou dança.

Uma das correntes dominantes do início do século XX, na relação da discussão

quanto à inteligência, refere-se à sua natureza e distribuição. É conhecido que os primeiros

testes de inteligência foram criados por Alfred Binet (apud VEENEMA, S; GARDNER, H.

1996) em Paris, como um meio de prever quais crianças experimentariam dificuldades na

escola e quais progrediriam. Binet considerou que os testes deveriam ser administrados de

modo informal, e que a inteligência de qualquer criança poderia ser melhorada por meio do

treinamento sensitivo.

Assim que a instrumentação para avaliação de inteligência se desenvolveu nos

Estados Unidos, os testes foram padronizados e normalizados, de modo que qualquer

sujeito testado podia ser comparado em idade mental com qualquer outra pessoa. Criou-se

então, o Quociente de Inteligência, ou QI registrado – a quantidade do traço de inteligência

que eles mostravam numa determinada medida lingüística ou pictórica. Segundo essa

definição, a inteligência é um traço predominantemente genético ou inato, caracteriza uma

única capacidade mental, e não há muito que se possa fazer a respeito da inteligência de

cada indivíduo. (GARDNER, 1999b).

(29)

ou, no caso do ensino médio da escola

pública no estado de S

ão Paulo, a aplicação do

SARESP, o qual, até o ano de 2005 apenas avaliou o desempenho em Portugu

ês e

Matem

ática. A utiliz

ação de métodos de avaliação segundo procedimentos padronizados e

normalizados não é totalmente um reflexo do inatismo, e sim o julgamento moral que se faz

a partir do desempenho dos alunos nesses testes. A teoria das IM oferece um outro meio

para que se possa compreender as diferentes e diversas capacidades de cada aluno.

2.1.1 Os fundamentos da teoria das Inteligências Múltiplas

Ao se trabalhar com as IM, faz-se necessário também definir "inteligência" segundo

a teoria. Gardner (1999a), conceitualiza a inteligência como “um potencial biopsicológico

para processar informações que pode ser ativado em um determinado contexto cultural para

solucionar problemas ou criar produtos que são de valor em uma determinada cultura

7

.” O

autor sugere que as inteligências não são coisas que possam ser vistas ou contadas; ao

contrário, são potenciais - pressupostamente neurais - que irão ou não ser ativadas,

dependendo dos valores de uma cultura em particular, das oportunidades disponíveis nessa

cultura, e das decisões pessoais feitas por indivíduos e/ou por seus familiares, professores, e

outros. Para Gardner (op. cit), o conceito de inteligência não se limita à capacidade de

aprender, mas principalmente à maneira como se apreende o mundo e se propõem soluções

(30)

aos problemas que se apresentam. A maioria das pessoas pode desenvolver todas as suas

intelig

ências em um n

ível relativamente competente, desde que devidamente estimuladas.

Gardner (1999a) oferece um meio de mapear a ampla gama de capacidades dos

seres humanos ao agrup

á-las em oito categorias ou inteligências abrangentes.:

Inteligência Lingüística: Compreende as capacidades de pensar em palavras e usar

a linguagem para expressar e apreciar significados complexos. Escritores, jornalistas,

repentistas e também professores est

ão entre as atividades que demonstram um alto n

ível de

desenvolvimento dessa intelig

ência.

Inteligência Lógico - Matemática: Compreende as capacidades de calcular,

quantificar, considerar proporções e hipóteses, e realizar operações matemáticas complexas.

Cientistas, contadores, engenheiros e pedreiros

8

demonstram grande desenvoltura dentro

dessa Inteligência.

Inteligência Espacial: Compreende as capacidades de pensar tridimensionalmente,

perceber imagens internas ou externas, de recriar, transformar, ou modificar imagens, de

localizar a si mesmo e objetos no espaço e de produzir ou deduzir informação gráfica.

Arquitetos, escultores, artistas gráficos, pilotos e motoristas profissionais são profissões que

utilizam habilidades dentro do espectro dessa inteligência.

(31)

Inteligência Corporal - Cinestésica:

Compreende as capacidades de usar o corpo

todo para expressar idéias e sentimentos e facilidade no uso das mãos para produzir ou

transformar coisas. Inclui habilidades físicas específicas tais como coordenação, equilíbrio,

capacidades táteis. Atletas, dançarinos, cirurgiões e também artesãos se apóiam

sobremaneira nessa inteligência para suas atividades.

Inteligência Musical:

Compreende as capacidades de perceber, discriminar,

transformar e expressar formas musicais. Inclui a sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia, e

timbre. Entre as profissões que demonstram esta inteligência em suas atividades estão

músicos profissionais, maestros, DJs e mecânicos

9

.

Inteligência Interpessoal:

Compreende as capacidades de perceber e interagir com

os outros, de perceber e fazer distinções no humor, intenções, motivações e sentimentos das

outras pessoas. Pode incluir a sensibilidade a expressões faciais, voz e gestos; compreende

também a capacidade de discriminar muitos tipos de sinais interpessoais como os citados

acima e de responder efetivamente de uma maneira pragmática. Profissionais como

políticos, atores, agentes sociais e líderes comunitários se apóiam nessa inteligência para

desempenhar suas atividades.

Inteligência Intrapessoal:

Compreende o autoconhecimento e a capacidade de agir

adaptativamente com base neste conhecimento. Inclui possuir uma imagem precisa de si

mesmo e das próprias forças e limitações, consciência dos estados de humor, intenções,

9

(32)

motivaç

ões, temperamento e desejos; e a capacidade de autodisciplina, auto-entendimento e

auto-estima. Profissões como psic

ólogos, conselheiros, pastores de igrejas e filósofos se

apóiam nesta intelig

ência, pois se baseiam no auto conhecimento para poder ajudar outras

pessoas e ao meio em que vivem.

Inteligência Naturalista: Compreende a capacidade de observar padrões na

natureza, de identificaç

ão e classificação de objetos, e compreensão de sistemas naturais ou

construídos, estes abrangendo uma grande variedade, desde ecossistemas como uma

floresta ou a inter-relação entre os espaços e seres de uma cidade. Entre naturalistas peritos

encontram-se agricultores, botânicos, ecologistas, paisagistas e cozinheiros.

2.1.2 Critérios científicos para a definição de uma inteligência

Para oferecer fundamentos teóricos sólidos para suas afirmações, Gardner (1999a)

estabeleceu certos “testes” básicos nos quais cada inteligência teria de ser aprovada para ser

considerada uma inteligência e não simplesmente um talento, uma habilidade, ou uma

aptidão. Os critérios

10

que ele utilizou incluem os oito fatores a seguir.

(33)

Isolamento por lesão cerebral

Uma les

ão cerebral pode prejudicar seletivamente uma intelig

ência, deixando todas

as outras intactas. Uma pessoa com uma les

ão no lobo temporal do hemisfério direito pode

ter suas capacidades musicais seletivamente prejudicadas, enquanto les

ões no lobo frontal

podem afetar principalmente as inteligências pessoais. A partir destes dados, Gardner

defende a existência de oito sistemas cerebrais relativamente autônomos. Um exemplo de

como lesões provocadas em áreas espec

íficas atingem habilidades específicas de uma

intelig

ência, deixando habilidades de outras inteligências intactas,

é o m

úsico Hebert

Vianna

11

, o qual, apesar de ter perdido massa cerebral, ainda mantêm suas capacidades

musicais intactas.

A existência de savants, prodígios e outros indivíduos excepcionais

Em certas pessoas,

é possível observar intelig

ências únicas operando em n

íveis

elevados. Os savants são pessoas que demonstram capacidades superiores em partes de

uma determinada intelig

ência, enquanto suas outras inteligências funcionam num baixo

nível. Pessoas autistas

12

geralmente s

ão um ótimo exemplo de savants, como no filme Rain

Man

13

, no qual o personagem demonstra excepcional capacidade lógico-matem

ática

.

Os

11

O músico Hebert Vianna, vocalista e guitarrista do grupo Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente aéreo grave e perdeu parte de sua massa cerebral. Graças a um tratamento eficiente e a uma excepcional força de vontade, Hebert voltou não somente a falar, mas também a cantar e a tocar tão bem quanto como antes do acidente.

12

Estado mental caracterizado por devaneios e afastamento do mundo exterior 13

(34)

prod

ígios s

ão pessoas que se destacam bastante em um

a área específica, e tamb

ém são

talentosos ou pelo menos apresentam rendimentos razo

áveis em outras áreas.

Uma história desenvolvimental distinta e um conjunto defin

ível de

desempenhos peritos de "estados finais"

Segundo Gardner, cada intelig

ência deve ter participa

ç

ão em alguma atividade

culturalmente valorizada, e que o desenvolvimento do indiv

íduo nessa atividade segue um

padr

ão desenvolvimental. Cada atividade baseada numa intelig

ência tem sua própria

trajetória desenvolvimental, ou seja, cada atividade tem seu momento de surgir na inf

ância,

seu momento de pico durante a vida, e seu próprio padrão de dec

línio rápido ou gradual,

conforme a pessoa envelhece. A intelig

ência Ling

ü

ística, por exemplo, “exp lode” na

inf

ância inicial e permanece vigorosa até a velhice. (ARMSTRONG, 2001, p.16-18)

Uma história evolutiva, e uma plausibilidade evolutiva

Cada uma das oito intelig

ências passa pelo crit

ério de ter suas ra

ízes profundamente

(35)

Apoio de achados psicométricos

As medidas padronizadas de capacidade humana oferecem o “teste” que a maioria

das teorias de intelig

ência utiliza para determinar a validade de um modelo. Embora

Gardner n

ão seja nenhum paladino dos testes padronizados, muitos testes padronizados

existentes apóiam a teoria das IM, embora possam avaliar as IM de uma maneira muito

descontextualizada.

Apoio de tarefas psicológicas experimentais

Ao examinar estudos psicológicos espec

íficos, pode-se perceber as inteligências

operando isoladas uma das outras. Cada uma das faculdades cognitivas é específica de uma

inteligência, isto é, as pessoas podem demonstrar diferentes níveis de proficiência nas oito

inteligências, em cada área cognitiva.

Uma operação ou um conjunto de operações centrais identificável

Para funcionar, cada inteligência tem um conjunto de operações centrais que servem

para acionar as várias atividades inerentes àquela inteligência. Na inteligência musical, por

exemplo, esses componentes podem incluir a sensibilidade ao tom ou a capacidade de

(36)

Suscetibilidade à codifica

ção em sistema simbólico

Um dos melhores indicadores de comportamento inteligente é a capacidade dos

seres humanos de usar s

ímbolos. Cada uma das oito intelig

ências satisfaz o crit

ério de

poder ser simbolizada. De fato, cada intelig

ência tem seu próprio sistema simbólico ou

notacional. Na inteligência Musical, por exemplo, as partituras e as notas musicais; na

inteligência Ling

ü

ística, as línguas; na intelig

ência Corporal-Cinest

ésica a

língua de sinais

(que também é Ling

ü

ística); na intelig

ência Interpessoal, sinais sociais como gestos e

express

ões sociais; na intelig

ência Naturalista, sistemas de classific

ação de esp

écies; na

intelig

ência Intrapessoal, s

ímbolos do auto-conhecimento, expressados em sonhos e

trabalhos artísticos; na intelig

ência Espacial, linguagens ideogr

áficas, como por exemplo o

mandarim; e, finalmente, na intelig

ência Lógico-Matem

ática, a matemática, com

números e

sinais matem

áticos.

Além da descri

ção das oito inteligências e seus fundamentos te

óricos, certos

princ

ípios da teoria precisam ser enfatizados:

1.

Toda pessoa possui as oito intelig

ências;

2.

A maioria das pessoas pode desenvolver cada inteligência em um n

ível

adequado de compet

ência;

3.

As inteligências normalmente funcionam juntas e de maneira complexa;

4.

Existem muitas maneiras de ser inteligente em cada categoria.

(37)

É de grande import

ância os princípios mencionados acima sejam considerados,

uma vez que todo o trabalho realizado com as inteligências múltiplas terá sempre que

obedecer a esses princípios.

Outro princípio relevante na teoria das IM se refere ao seu desenvolvimento. Para

que se desenvolvam, as inteligências dependem de três fatores principais:

Dota

ção biológica

– trata-se da hereditariedade ou fatores genéticos e lesões

cerebrais antes, durante e depois do nascimento;

História de vida pessoal

– diz respeito às experiências com os pais, professores,

colegas, amigos e outros que possam estimular ou impedir as inteligências de se

desenvolverem;

Referencial histórico e cultural

– refere-se à época e ao local de nascimento no

qual a pessoa foi criada, e também à natureza e ao estado de desenvolvimento

cultural ou histórico nas diferentes áreas. Diferentes épocas na história influem no

tipo de desenvolvimento que o indivíduo pode ter, do mesmo modo que diferentes

culturas possuem diferentes valores também influenciam no desenvolvimento do

indivíduo.

As inteligências não devem ser confundidas com habilidades. Como mencionado

anteriormente, as inteligências funcionam juntas e de maneira complexa. Dessa forma, um

(38)

além da inteligência Ling

üística, tamb

ém outras inteligências tais como a Intrapessoal, ao

perceber os sentimentos e as inten

ç

ões de outras pessoas e ser capaz de expressar essa

compreensão, ou a inteligência Espacial, ao descrever ambientes com grande riqueza de

detalhes.

2.1.3 A teoria das IM e suas implica

ções para a prática educacional

Gardner (1999a) aponta três importantes razões para se utilizar uma abordagem

baseada nas IM, nas quais pode se pensar ao se planejar o currículo e avaliar a

compreensão:

1. Indivíduos não aprendem todos da mesma maneira; sendo assim mais indivíduos

podem ser alcançados;

2. Quando os alunos descobrem que podem representar um conteúdo específico em

mais de uma maneira – em mais de uma inteligência - eles podem se sentir como bons

conhecedores desse conteúdo;

3. Devido ao fato de a compreensão dos conteúdos poder ser demonstrada de mais

de uma forma, os alunos podem demonstrar compreensões – ou não compreensões – de

diferentes maneiras, seja porque se sentem mais a vontade ou porque também sejam mais

acessíveis a outros alunos.

(39)

a. Uma defini

ção de intelig

ência baseada em inteligência do mundo real.

A definição de intelig

ência

14

da teoria das IM coloca a inteligência a partir de uma

perspectiva de mundo real, onde o que conta

é a resolução de problemas, a criação de

produtos dentro da dimensão de valores culturais específicos de uma cultura. Ao mudar o

foco da definição de intelig

ência,

é estabelecida uma nova perspectiva de prática

pedagógica, a qual irá seguir a mesma definição ao estabelecer objetivos e métodos de

trabalho.

b. Uma visão pluralística de inteligência.

Existe uma pluralidade de intelig

ências, cada uma com seus pr

óprios sistemas

simbólicos e meios de saber e processar informaç

ões. Essa vis

ão está propositalmente em

contraste com a visão tradicional de intelig

ência, a qual atesta a existência de uma

inteligência

única para resolver qualquer problema, não importando a tarefa ou o domínio.

c. As oito inteligências são universais.

A teoria das IM leva considera as origens biológicas. As oito intelig

ências foram

identificadas em todas as culturas conhecidas. Como seres humanos, todos os indivíduos

têm potencial em cada uma delas. Na pr

ática, esse aspecto nos lembra que todos os alunos,

em todas as turmas, trazem consigo uma coleção das oito intelig

ências, cada uma variando

nos níveis de capacidade

15

.

14 “...um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado em um determinado contexto cultural e para solucionar problemas ou criar produtos que são de valor em uma determinada cultura.” (GARDNER, 1999a – p. 33)

15 O termo capacidade nesta dissertação se refer

(40)

d. As inteligências s

ão aprendíveis.

A partir de uma constante interação do indivíduo com fatores biol

ógicos e com o

meio, as intelig

ências são aprend

íveis, mudam e crescem. De acordo com essa teoria ,

quanto mais tempo um indivíduo gasta usando uma intelig

ência e quanto melhor a

instru

ção que recebe e os recursos dos quais dispõe, mais astuta torna naquela intelig

ência.

Traduzindo para a pr

ática, significa que “qualquer aluno pode aprender”.

e. Indivíduos possuem perfis únicos de intelig

ências que se desenvolvem e mudam.

Apesar de a teoria das IM sustentar que as intelig

ências possuem origens biol

ógicas,

ou seja, são influenciadas geneticamente, ela não sugere que sejam puramente gen

éticas ou

herdadas. Como e até que ponto as intelig

ências se manifestam depende de um n

ível

significativo de estímulos. Cada indivíduo se desenvolve e muda de acordo com o

ambiente, que inclui pessoas, recursos e outros fatores, tais como culturais, sociol

ógicos e

individuais, modelando a maneira como elas se manifestam.

f. Cada inteligência envolve sub-habilidades.

Ningu

ém é simplesmente inteligente “musicalmente” ou “lingüisticamente”.A

intelig

ência musical de um indiv

íduo pode ser demonstrada por sua habilidade em compor

melodias ou em ouvir e distinguir instrumentos musicais em uma m

úsica. É importante que

os professores tenham em mente essas distinç

ões dentro das intelig

ências ao desenvolver

atividades e avali

ações para seus alunos. (HATCH, apud BAUN, VIENS & SLATIN,

(41)

g. As inteligências funcionam em combinação, não isoladas.

Na forma de um potencial biopsicológico, as inteligências são relativamente

autônomas. No entanto, em sua forma de expressão, trabalham juntas no contexto de um

domínio ou disciplina; elas são a mat

éria prima que utilizamos para resolver problemas ou

dar forma a produtos. O do

mínio ou disciplina compõem o contexto que define o problema

e no qual as inteligências são agrupadas.

Nenhuma inteligência está isolada dentro de um domínio específico. inteligências

específicas são aplicadas em variados domínios. Por exemplo, a inteligência Espacial não

é

utilizada unicamente para as artes visuais; ela pode ser utilizada também nas fun

ções de

motoristas, jardineiros, entre outros. Um outro aspecto important

e é que o desenvolvimento

em uma intelig

ência específica pode se manifestar em um ou mais domínios e não se

manifestar em outros, como no exemplo da inteligência Espacial, que pode se manifestar na

habilidade de visualização de ambientes de um arquiteto, mas não em suas habilidades de

localiz

ação no trânsito.

2.2 As IM como ferramenta na prática de ensino

Para esta pesquisa, além da teoria das IM, foram utilizadas outras abordagens que

auxiliaram na montagem de uma proposta de ensino de LI. São, na verdade, interpretações

da teoria das IM direcionadas para a educação e a prática pedagógica.

O ponto de partida foi a teoria das IM; no entanto, elas não se constituem em uma

meta plausível para a educação (BAUM, VIENS, & SLATIN; 2005). Sendo assim, a teoria

(42)

ões em seus pr

óprios contextos. Segundo Abreu-e-Lima (2005), o educador deve ter claro

os conte

údos que quer ensinar e fazer que os alunos compreendam a raz

ão de ensiná-los.

2.3 Caminhos para a prática

Tendo claro os conte

údos, aind

a é necess

ário organizá-los de maneira que possam

ser trabalhados em sala de aula, e, para organizá-los,

é necess

ário ter claro aquilo que se

deseja que os alunos retenham do conte

údo. A principal fun

ção dos Caminhos

é auxiliar a

criar e a manter os objetivos pedag

ógicos dos planos de aula.

O modelo dos Caminhos

é uma abordagem que liga as IM a um conjunto de cinco

propostas educacionais nas quais atividades baseadas nas IM podem ser aplicadas. Os cinco

caminhos representam objetivos utilizados por v

ários educadores em suas aplicaç

ões da

teoria das IM na pr

ática pedagógica. Esses objetivos incluem: identificar o conjunto de

inteligências dos alunos; utilizar as IM para a alfabetização; utilizar as IM para planejar

currículo que promova compreensão; engajar os alunos em atividades autênticas onde eles

possam utilizar seu conhecimento para resolver problemas e desenvolver produtos;

identificar e estimular os talentos dos alunos.

Baum, Viens, & Slatin, (2005) sugerem uma forma pela na qual os objetivos dos

educadores podem se organizar em cinco Caminhos diferentes, não excludentes entre si:

Caminho da Investigação;

(43)

Caminho das Potencialidades em Ação;

Caminho do Desenvolvimento de Talentos;

Caminho da Compreensão.

Em relação aos caminhos Baum; Viens & Slatin (2005) esclarecem:

Os Caminhos não podem ser confinados em si mesmos. Foram elaborados para ajudar os educadores a focarem nas abordagens mais apropriadas para a implementação das IM com o intuito de atingir os objetivos estabelecidos e, mais especificamente, definir qual Caminho é o mais apropriado para se iniciar uma jornada com as IM. É muito comum que os educadores cruzem as fronteiras entre os Caminhos, movendo-se entre eles conforme seus objetivos assim exijam. Além do mais, os Caminhos não se distinguem entre si pelos tipos de atividades que eles incluem. Não há atividades específicas para cada um dos Caminhos; mais exatamente, a distinção está em como as atividades são utilizadas. (p. 39)

O trabalho com o modelo dos Caminhos envolve os seguintes procedimentos:

Identificar os objetivos educacionais apropriados para a escola ou a sala;

Selecionar os Caminhos que se alinham mais intimamente com os objetivos;

Incentivar o trabalho em equipe.

A seguir, discuto cada um dos Caminhos e suas possibilidades de utilização dentro

desta proposta. No capítulo que aborda a Metodologia explico como cada um dos

(44)

2.3.1 Caminho da Investiga

ção

O principal objetivo do Caminho da Investigação

é oferecer aos alunos experiências

de aprendizagem variadas e criar um ambiente de aprendizagem prop

ício para revelar os

potenciais cognitivos dos alunos. A teoria das IM

é utilizada como uma ferramenta para

desenvolver um aprendizado voltado para a investiga

ção, com o intuito de dar forma a uma

abordagem preocupada em descrever e identificar as potencialidades e interesses dos

alunos. Esse Caminho se a

póia na premissa de que, ao oferecer uma variedade de

experiências significativas por meio do espectro das inteligências e do tempo, dá-se aos

alunos a chance de descobrir e explorar seu jeito preferido de lidar com o conhecimento.

Atividades assim envolvem descobrir o contexto no qual os alunos estão mais engajados,

além de dar a possibilidade de divertir-se ao aprender, e por conseqüência, se interessam

mais e desempenham com mais afinco e prazer essas atividades.

Baum; Viens & Slatin (2005) resumem como o Caminho da Investigação pode ser

utilizado, dando também uma definição de como se aplica dentro desta pesquisa:

A jornada pelo Caminho da Investigação começa com um exame do ambiente de aprendizagem, identificando oportunidades tanto para atividades de exploração existentes ou ainda ignoradas. Os recursos na sala

de aula, na escola e na comunidade ajudam a prover atividades de exploração que se utilizem de uma grande gama de inteligências. Após

(45)

Ainda, sobre a utilização do Caminho da Investigação, Abreu-e-Lima (2005) diz

que:

O Caminho da Investigação parece ser uma condição para que todos os educadores se sintam mais à vontade em organizar suas tarefas curriculares, pois sem saber com quem se trabalha e quais as

potencialidades existentes em sala de aula, fica difícil estabelecer metas a serem atingidas e escolher estratégias mais adequadas àquela turma de alunos. Esse parece ser o caminho inicial, o ponto de partida. (no prelo).

O Caminho da Investigação

é utilizado principalmente para a pesquisa de temas,

atividades e materiais que serão utilizados em sala de aula. A pesquisa pelos temas é

realizada tanto pelo professor quanto pelos alunos. O engajamento dos alunos no processo

de desenvolvimento das estratégias pedag

ógicas que serão utilizadas em sala de aul

a é parte

integrante do plano de aula.

2.3.2 Caminho dos Problemas Autênticos

Para muitos educadores, a teoria das IM é implementada mais eficientemente

quando os alunos resolvem problemas da vida real utilizando métodos de investigação da

vida real. Tais experiências de aprendizagem autênticas trazem

à tona uma variedade de

intelig

ências, permite aos alunos utilizar suas potencialidades espec

íficas, dá suporte para a

(46)

A raz

ão de se utilizar o Caminho dos Problemas Aut

ênticos no planejamento e

desenvolvimento de atividades

é oferecer aos alunos oportunidades de resolver problemas

aut

ênticos e de construir juntos, produtos reais. O uso de problemas reais em contextos

reais n

ão

é uma idéia nova. John Dewey (1983, apud BAUN; VIENS & SLATIN, 2005)

argumenta que as escolas deveriam ser um reflexo do mundo real no qual as crian

ças

aprendem ao fazerem o que normalmente fazem no mundo real. Os problemas autênticos

tamb

ém remetem à Abordagem Comunicativa no que se refere a princípios norteadores de

como utilizar, ensinar e praticar a língua em sala de aula, de forma semelhante a que se

utiliza em situações reais de comunicação.

A utilização de problemas autênticos requer times de alunos com diferentes

capacidades complementares para trabalharem juntos; configura-se como um meio de

otimizar as inteligências múltiplas na sala de aula. Os alunos confiam nas contribuições uns

dos outros em resolver problemas e em comunicar resultados. Ao trabalharem juntos, eles

aprendem um com o outro e valorizam suas capacidades únicas. Segundo Abreu-e-Lima

(2005), colocar o Caminho dos Problemas Autênticos em prática envolve a identificação de

problemas reais, assuntos ou necessidades direcionadas aos alunos de forma colaborativa,

encontrar soluções práticas ou desenvolver produtos autênticos.

2.3.3 Caminho das Potencialidades em A

ção

Segundo Abreu-e-Lima (2005), esse caminho tem como objetivo principal o

desenvolvimento do aluno para a alfabetização e letramento. Essa é uma visão muito

semelhante à do educador Paulo Freire (BRANDÃO, 1981) no que se refere ao processo de

(47)

potencialidades ser

ão utilizadas como alicerces do processo de alfabetiza

ção e letramento.

O foco, novamente, é sempre no positivo, naquilo que já existe de bom no indivíduo,

naquilo que ele já conhece. Direcionando esse foco para o ensino de LI na escola pública,

pode-se utilizar o Caminho das Potencialidades em Ação ao evidenciar a grande influência

da LI e da cultura americana no Brasil. A cultura e a língua portuguesa no Brasil são

influenciadas por culturas e línguas estrangeiras, e modernamente pela LI e cultura norte -

americana. É possível identificar a LI dentro do contexto dos alunos em filmes, músicas,

modas, aparelhos eletrônicos, internet e outros. Também há o estrangeirismo lexical já

arraigado, cristalizado na língua portuguesa no Brasil, perceptível em palavras como

shopping, hambúrguer

e

mouse,

ou ainda não enraizado em palavras como

delivery, sale

e

off

. Essa influência lexical e cultural da LI no Brasil pode ser utilizada como insumo inicial,

como motivação e principalmente como base para que o aluno possa construir seu

conhecimento a partir de suas potencialidades.

2.3.4 Caminho do Desenvolvimento de Talentos

Esse Caminho proporciona condições aos alunos de identificarem, demonstrarem e,

principalmente, desenvolverem suas potencialidades. Na rotina de sala de aula, muitas

vezes, percebemos um ou outro potencial não explorado. Entretanto, não temos tempo nem

recursos suficientes para desenvolver essas potencialidades em nossa grade curricular. Este

Caminho dá condições para que surjam projetos extra-classe que dêem assistência a esses

alunos para se desenvolverem naquilo que sabem melhor. É um Caminho que não exige

Imagem

Figura 1  Matriz do Ensino para a Compreensão ( BLYTHE, 1998)
Figura  2 – Ideograma de uma proposta pedagógica baseada na teoria das IM.      MATRIZ DO  ENSINO PARA A  COMPREENSÃO OS PONTOS DE ENTRADA  A ABORDAGEM  COMUNICATIVA O TRABALHO COM TEMAS CAMINHOS PARA A PRÁTICA O ENSINO PARA A COMPREENSÃO INTELIGÊNCIAS MÚL
Gráfico 1  GRÁFICO DE RECORRÊNCIA DE  INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS LINGUÍSTICA 15% CORPORAL  CINESTÉSICA 10%MUSICAL19%INTRAPESSOAL6%NATURALISTA12% ESPACIAL17%  LÓGICO-MATEMÁTICAINTERPESSOAL13%8%
Gráfico 2 -  Quais inteligências você utilizou nessa atividade?
+6

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