• Nenhum resultado encontrado

Duas espécies novas de Velloziaceae de Minas Gerais.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Duas espécies novas de Velloziaceae de Minas Gerais."

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

Acta bot. bras. 1(2):195-207 (1988) supJ.

DUAS ESPECIES NOVAS DE VELLOZIACEAE DE MINAS GERAIS

Renata de Mello-Silva ( J ) Nanuza Luiza de Menezes (J)

RESUMO - Duas novas es~ies brasileiras de Velloziaceae sao descritas: Pleurostima riparia N. Menezes & Mello-Silva. conhecida somente de Grao-Mogol e VeOozia luteola Mello-Silva & N. Menezes, de Grao-Mogol e ltacambira, ambas do campo rupestre da Cadeia do Espinha~o, ao norte de Minas Gerais. Sao apresentadas descri~6es incluindo caracterlsticas morfol6gicas das partes ve-getativas e florais e caracterfsticas anatOmicas das folhas, altm de ilustra~6es do habito, flores e frotos. Tamb&n sao discutidos os atributos caracterlsticos de cada espocie, assim como suas rela~6es com taxons afins.

ABSTRACT - Two new brazilian species of Velloziaceae are described in this paper: Pleurostima riparia N. Menezes & Mello-Silva and VeOozia luteola Mello-Silva & N. Menezes, both from the Grao-Mogol area, in the Espinha<;o Range of Mountains, north of Minas Gerais. Descriptions in-cluding anatomical features of leaves and Illustrations are presented. Also, the peculiar characters and taxonomic relationships of each species are discussed.

Introd~

Ap6s a revisao das Velloziaceae americanas publicadas por Smith & Ayensu (1976), outras especies da famOia, que crescem no Brasil, tem sido descritas (Smith & Ayensu 1979,1980; Menezes 1980a; Smith 1985a, 1985b, 1986), alem de ter sido restabelecido 0

~nero Pleurostima Rat. por Menezes (1980b). A maioria destas especies sao oriundas de

formaf;:Oes rupestres do Brasil, regiao onde a famma atingiu sua maxim~ diversidade. A famnia Velloziaceae, segundo Menezes (1971,1973,1975, 1984).esta dividida em duas subfamOias: Barbacenioideae cujas especies possuem flores com corona e os feixes vasculares das folhas envolvidas por uma bainha dupla (a interna endodermica e a externa parenquimatica) e Vellozioideae cujas especies possuem flo res sem corona e os feixes vasculares das folhas envolvidas por bainha simples (a endodermica). Estudos recentes baseados na qufmica de alcanos da cera foliar epicuticular de especies da famflia Vellozia-ceae (Salatino 1986) reforf;:am a separaf;:ao das duas subfamOias como proposta por Me-nezes (I.e_).

Neste trabalho , duas novas especies sao apresentadas, ambas da Cadeia do Es-pinhaf;:o ao norte de Minas Gerais, uma incluida na subfamnia Barbacenioideae (Plel/rosti-':10 riparia N. Menezes & Mello-Silva) e outra na subfamnia Vellozioideae (Vellozia II/reola Mello-Silva & N. Menezes).

(2)

P/eurostima riparia N. Menezes & Mello-Silva sp. nov. Figs. 1-10; 13-14.

Plerumfima

tJdicotuIo

(L.B. Smith & Ayensu) N. Menezes proxime est affinis, diseri-minibus systematieis in diagnosi indicatus sufficienter recedit.

Planta eaespitosa. Radices isabellinae. Caudex indivisus vel rarius bifurcatus, usque 7 cm longus, 1-2 em latus, apicem versusfolliis emarcides plus minusve laceratis rejlexis tectus, basem versusfoliorum vaginis 6-15 mm longis, 4 .0-4.5 mm latis arcte adpressis, plus minusve laceratis, haud resinosis, glabris, albis, siccitatibusj/avidis ve[castaneis, tectus. Folia trifaria, superposita ad 2 mm distantia, chartacea vel subcoriacea, juniora erecta, mox erecto-paten-tia, tandem patenerecto-paten-tia, postrema, rejlexa patentia lacerata, viventia ad 5-11; limbo 3-11 cm longo, ad basem 2-6 mm lato, anguste triangulari,-paulo arcuato, carinato, concolore, viridi, haud resinoso, marginato, 19-37 nervis ad medium, utrinque prominentibus, nervo medio su-pra impresso, subtus prominenti apieem versus strigoso, marginibus incrassatis apieem versus strigosis, cetero glabro. Braeteae nullae vel indistinctae. Flores longe pedunculati, peduncu-lis 1 raro 2, foliorum medio aequantis, 2.0-5.5 cm longis, circ. 1 mm latis, albi-viridibus, cylindrieis, glabris; hypantho eampanulato trigono, 12 usque 16-costato, albo-viride inter-dum /eviter violaceo, glabro, 6-7 mm longo,fauee 3-5 mm ampla, circ. 3/4 partibus ovario adnatis; tepalis erecto-patulis, giabris, 3 exterioribus oblong is, cuspidatis, cuspide subtus strigosa, albis vel albi-violaeeis, 6~13 mm longis, 2-4 mm latis, 3 interioribus paulo breviori-bus et latioribreviori-bus, 5-11 mm longis, 2-5 mm latis, 3 interioribreviori-bus paulo brevioribreviori-bus et latioribreviori-bus, 5-11 mm longis, 2-5 mm latis, oblongis, acuminatis, albis; lobis coronae albis, oblongis, circ. 6 mm longis, 3 tepalis exterioribus oppositis circ. 2.3 mm latis, 3 tepalis interioribus oppositis langustioribus, circ. 1,5 mm latis, bilobulatis, lobulis triangularibus cire. 1 mm longis stylo su-baequantibus vel aequantibus; antheris violaceis, basibus auriculatis, apicibus appendicula-tus, basi{ixis, introrsis, circ. 4 mm longis, 2/3 longitudine loborum coronae, polline aureo; st-ylo trigono, albo, cire. 7 mm longo, ad base partis apicalis 3 stigmatibus lateralibus ovalibus. Capsula ovoidea truncata, castaneo-viridis, tandem castanea, costata, glabra, demum inter costas soluta hoc modo dehiscens, cire. 10 mm longa, circ. 6 mm diam.; semina numerosa, eonieo-pyramidata, circ. 1 mm longa, testa castanea vel brunnea, retieulata.

Habitat ad ripas jluminis ltacambiruru prope Griio-Mogol (Minas Gerais). Nomen oriundum ex loco ubi habitat.

Planta cespitosa. Rarzes cor-de-areia. CAudice simples ou mais raramente bifurca-do, ate 7 x 1-2 cm, recoberto, no Apice, pelas folhas reflexas; para a base, somente pelas bainhas foliares que sao mais ou menos laceradas, nao resinosas, glabras, alvas, in sicco amareladas a castanhas. Folhas trrsticas, as vivas 5-11, cartficeas a subcoriAceas, na mesilla fileira distantes uma das outras ate 2 mm; limbo 3-11 em x 2-6 mm na base, es-treitamente triangular, carenado, na regiao mediana 19-37 nervuras proeminentes em am-bas as faces, nervura media impressa na face adaxial, na abaxial proeminente e estrigosa para 0 Apicc, margens espessadas do meio para 0 Apice estrigosas, restante do limbo gla-bro. BrActeas inexistentes ou indistintas. Pedunculo floral 1, raro 2, 2,0-5,5 cm x 1 mm,

Figs. 1-10 - Pleurostima riparia N.Menezes & Mello-Silva (1-8 Mello -Silva et at. CFCR 8400; 9 - Marti-nelli 5821 ; 10 - Menezes et al. 1110.) Fig. 1 - Habito com detalhe da face abaxial da folha. Fig. 2 - Apice foliar, face abaxial, com tricomas estrigosos. Fig . 3 - Corte longitudinal da tlor mostrando an-droceu e gineceu. Fig. 4 - Apice da tepala extema com tricomas no cuspide. Fig. 5 - Tepala extern a com lobo da corona e antera. Fig. 6 - tepala intern a, idem. Fig. 7 - Lobo da corona cortado longitudi-nalmente mostrando inseryao basifixa e apendice apical da antera. Fig. 8 - Estilete com 3 estigmas late-rais. Fig. 9 - Fruto imaturo, com costelas salientes. Fig. 10 - Fruto maduro, com desintegrayao do tecido entre as costelas.

(3)

Especies novas de Vclloziaceae

2

I

· l

,

· I ·

,

: i

..

,

i.J

, .. [ i

7

197

~-

-2 .... [ ,

(4)

glabro. Flores com hipanto campanulado-trigono, alvo-esverdeado, as vezes com man-chas arroxeadas, glabro, 6-7 x 3-5 mm no ~.pice, 0 ovArio ocupando 3/4 do comprimento;

t~palas glabras, oblongas, as externas longamente cuspidadas, alvas a alvo-arroxeadas, .

6-1::S x 2-4 mm, as internas acuminadas, alvas, 5-11 x 2-5 mm; lobos da corona oblongos, alvos, ca. 6,0 x 2,3 mm os opostos as t~palas externas e ca. 6,0 x 1,5 mm os opostos as

t~palas internas, bffidos, os lobos triangulares, anteras roxas, auriculadas na base e

apen-diculadas no Apice, basifixas, in ~ .rorsas, ca. 4 mm compr., atingindo 2/3 do tamanho dos 10-bos da corona, p61en amare!o; estilete trfgono, alvo, ca. 7 mm compr., iguais ou ultrapas-sando 0 Apice dos ;:)bos da corona; estigmas 3, laterais na base do ter<;o superior do esti-lete. CApsula ov6ideo-truncada, verde-acastanhada, depois castanha, costada, glabra, deiscente por desintegra<;ac do tecido entre as costelas, ca. 10 x 6 mm. Sementes conico-piramidais, ca. 1 mm compr., testa castanha a brunea, reticulada.

Fig . 13 - Pleurostima riparia (Menezes et al. 111 O).Habito da planta.

Anatomia do limbo foliar na regiao mediana (Martinelli 5821, Mel/o-Silva et al. CFCR . 1400, 8874; Menezes et at. 1110; Pirani et at. CFCR 858). Fig. 14

Dorsiventral ern sec<;ao transversal. Fendas ausentes. Cuticula espessa em quase

(5)

Especies novas de Velloziaceae 199

buliforrnes na pon;:ao rnediana da lamina e sobre a nervura central, e paremquima lacunoso na porc; ao inferior da lamina. Feixes fibro-vasculares envolvidos por bainha dupla, a exter-na apresentando 2-4 c~IIJiaS um pouco maio res, laterais aos feixes vasculares; 1 grande vasa presente em cada feixe; 2 cord6es floematicos em forma de V separados por c~lulas

de paredes estreitas. Fibras pericfclicas se estendendo at~ a hipoderme em ambas as su-perficies, 0 conjunto de fibras pericfclicas superior bem mais estreito e um pouco mais lon-go que 0 inferior, alguns feixec; de fibras envolvidos ou nao por bainha subjacentes a hipo-derme adaxial. Bordas da liimina com feixes de fibras de dimens6es medianas. Feixes comissurais presentes.

Typus: Brasil. Minas Gerais. Grao-mogol: "Faz. Jambeiro, vale do rio Itacambiruc;u". R Mello-Silva , T.B.Cavalcanti, D.C.Zappi, JR.Pirani & M.L.Kawasaki CFCR 8400, fl. fr., 4.9.1985 (SPF, holotypus; K, RB, SP, US, isotypi)

Paratypi: Brasil. Minas Gerais. Grao-Mogol: "Dos pared6es as margens do rio Itacambiru-gu", C. Hatschbach 41244, fl., 21.4.1978 (MBM, US); "Faz. Jambeiro. vale do rio Itacambi-rugu", C. Martinelli 5821, fr., 9.5.1979 (RB, SPF); "Estrada para Francisco Sa, 5 km df' Grao-Mogol, margens do rio Itacambirugu", NLMenezes, I. Cordeiro, A. Furlan, LRossi, JR.Pirani, M.C.E. Amaral & M.T Rodrigues 1110, fl. fr., 12.4.1981 (BHCB, F, NY, P, R, SPF); "Beira do rio Itacambirugu", JR.Pirani, A. Furlan, I. Cordeiro, M.C.E. ArMlral, NLMenezes & LRossi CFCR 858, fl., 14.4.1981 (MBM, SPF); "Margens do rio Itacambiru-gu, Faz. Jambeiro", R. Mello-Silva, JR.Pirani. C. Kameyana, I. Cordeiro & M. Meguro CF-CR 8874, fl., 5.1.1986 (SPF).

Obs: CFCR = Colegao Flora de Campos Rupestres

Fig. 14 - Pleurosrima riparia . corte transversal da re9130 mediana do limbo foliar (MeJlo-Silva et al. CFCR

8400).

(6)

A Tabela 1 apresenta os caracteres de distinc;:ao entre as duas especies. Apesar da sobreposic;:ao de alguns deles, elas podem ser separadas suficientemente pelo habito, pelo aspecto do corte anatomico foliar, pela distancia das folhas entre si e pela distribuic;ao geo-grafica restrita de ambas as especies.

Alem das diferenc;as salientedas na T abela 1, uma analise da composic;ao da porc;ao parafinica da cera foliar epicuticular revelou diferenc;as consideraveis entre as duas espe-cies (Salatino 198'6). P. delicatula apresenta como componente maximo da secc;ao parafi-nica da cera foliar epicuticular alcano COin 33 atomos de carbono (77%), alem de alcano com 31 atomos de carbona (15%) e com 35 atomos (8%) e nao apresenta alcanos com 29 e 30 No:-.)os de carbono. Emcontrapartida, P. riparia apresenta como componente maxi-mo alcano com 31 atomaxi-mos de carbono (50% ), alem de alcano com 33 atomaxi-mos de carbona (33%), 29 alomos (10%) e 30 atom os (4%)

e

nao apresenta alcano com 35 atomos de car-bono •

(7)

P.riparia

P. delicatula

TABELA 1 - Caracteres de distln9Ao entre Pleurostima riparia e P. delicatula

HAbito

Cespltoso. em geral fonnando aimofadas, em geral heli6f1tas

Plantas Isoladas

Tamanho do cAudlce

At6 7 em

At632 em (l.B.

01; em toucelras Smith & Ayensu pouco densas; 1976) em geral um-b ~p fltas

"'

DlstAncia das N2 de

folhas na nervuras mesma fIIelra folia res

At62 mm 15-27

5-10 mm 19-37

Trlcomas nas Feixes fibro-vascu- EstOmatos margens das

folhas

Do meta para 0

Aplce

Em toda a extensAo

lares

Conjunto de fi- Na supertrcie bras perl- adaxial so-c(clinas supe- mente prO-rlor em contato xlmo r. ner-com 0 felxe vura m6dla. vascular Inter- Na abaxial rompldo em em pequenas raros feixes fi- depressOes bro-vasculares. por toda a

extensl!o.

Con junto de fI- Em pequenas bras perlc(cli- depressOes cas superior separado por toda a extensAo do felxe vascular por de am bas as su-camadas de c61ulas perf(cles. do mesofllo (Ayensu

1974) ou contato m(-nlmo em raros felxes flbro-vasculares.

Cutrcula

Espessada na supertrcle adaxial.

Nl!o es-pessada.

Cor das flores

Alvasb

vezes com

manchas arroxea-das. Alvo-es-verdeadas ~

1

. .

;-'"

::I

(8)

VeUozia luteola Mello-Silva & N. Menezes sp. nov. Figs. 15-24.

Ab omnibus speciebus generis floribus luteolis ut videtur sessilibus optime distincta. Species nova floribus luteolis et ovario denso trichomatibus Vellozia suJpIrurea Pohl similis sed illafolliis linearibus acuminatis supra margineque setosis subtus villosis pedunculo solita-rio subaequantibus a specie nostra recedit.

Dictafuit haec planta in allusione colori tepalorum.

Planta caepitosa vel interdum haud caespitosa. Radices rigidae nigricans. Caudex in-divisus vel saepius bifurcatus, 2-17 cm longus, 1-2 cm latus, apicem versusfoliis emarciJis rejlexis tectus, basim versus foliorum vaginis 8-20 mm longis, circ. 15 mm latis arcte adpres-sis, plus minusve laceratis resinoadpres-sis, glabris, fuscis, tectus. Folia trifaria, conferta, chartacra, juniora ereto-patentia, mox patentia, tandem emarcida rejlexo-patentia vel rejlexa,postrema lacerata, viventia ad 3-13; limbo 4-20 em longo, ad basem 6-14 mm lato, oblongo, paulo ar-cuato, carinato, apicem versus supra leviter bicarinato, Longo aristato, discolore, supra viridi vel glauco, subtus pallidiore, sicco aut resinoso, interdum non nisi ad base vel limbus folia-rum novellofolia-rum totus resinosus, marginato, ad medium 32-61 nervis supra inconspicuis, subtus proeminentibus, nervo medio supra impresso subtus prominenti apicem versus strigo-so, marginibus incrassatis flavidis, apicem versus vel ad tota extensio tum basim versus spar-sim strigosis, cetero glabro. Bracteae anguste triangulares, membranaceae, castaneae, 10-25 mm longae, 3-4 mm latae. Flores subtenninales luteoli, ut videtur sessilis; pedunculis circ. 2,~ cm longis, 1,5 cm latis, 1 usque 6 seriatim natis, cylindricis, inferne glabris, supenne incras-satis plus minusve trichomatibus parvis cylindricis acutis teclis, in fructificatio elongatis et in-crassatis, cir. 3,0-3,7 cm longis, 2,0-2,5 mm latis; ovario obconico-trigono, 3-5 mm longo, 2-3 mm diam., dense trichomatibus cylindricis acutis, flavo-viridibus, usque 2-3 mm longis tedo; tepalis ellipticis, erecto-patulis, apicem versus recurvis, 1,5-2,5 em longis, 4-7 mm latis, 3 exterioribus paulo angustioribus, obtusis cum apiculo, extus basi nervo medioque breviter tri-chomatibus, cetero glabris, 3 interioribus obtusis, glabris; staminibus 15 in phalanges 6, binis vel ternis, basifilamentorum 2-5 mm longorum connatis, tepalae adnatis, antheris lateralibus-introrsis, 4-7 mm longis; stylo cylindrico, glabro, 1,0-2,5 cm longo, stigmate trilobo-peltato, luteo, circ. 6 mm diam. Capsula loeulieida, ovoideo-trigona, dense triehomatibus, primo fla-vovirens tandem straminea, 7-11 mm longa, 4-10 mm diam. Semina eonieo-pyramidalia, cire. 1 mm longa, testa badia, retieulato-foveata.

Habitat in jissuris rupibus prope Grao-Mogol, etiam in locis altis petrosis graminosis inter Itacambira et Montes Claros (Minas Gerais).

Planta ern geral cespitosa. Raizes negras, rigidas. Caudice simples ou bifurcado va-rias vezes, 2-17 x 1-2 cm, para 0 apice coberto pelas folhas reflexas marcescentes, para a base pelas bainhas foliares. Folhas espiro-tristicas, cartaceas, as jovens ereto-patentes, as adultas patentes, depois marcescentes reflexo-patentes a reflexas e finalmente erodi-das, as vivas 3-13; limbo 4-20 cm x 6-14 mm na base, oblongo, longamente aristado, care-nado, discolor, na face adaxial verde ou glauco, na abaxial mais pAiido, resinoso ou nao, as vezes somente na base ou nas folhas muito jovens, marginado, na regiao mediana 32-61 nervuras inconsp[cuas na face adaxial e proeminentes na abaxial; nervura m{)dia impressa na face adaxial, na abaxial proeminentes e, para 0 apice estrigosa; margens amareladas, espessadas, estrigosas em toda a extensao ou somente para 0 apice, restante do limbo glabro. Bracteas estreitamente triangulares, membranaceas, castanhas, 10-25 x 3-4 mm.

(9)
(10)

Flores amarelas, aparentemente sesseis; peduneulos ca. 2,5 em x 1,5 mm, 1 a 6 surgindo em sequ(meia, eiifndrieos, glabros na base, com trieomas subulados no flpiee, alongados e espessados na frutifiea~ao, ate 3,0-3,7 em x 2,0-2,5 em; ovario obeonieo-trrgono, ca. 3-5 x 2-3 mm, densamente eoberto de trieomas subulados, verde-amarelados, de ate 3 mm eQmpr.; tepalas elrptieas, ereto~patentes, reeurvadas para 0 apiee, 1,5-2,5 em x 4-7 mm, as 3 externas um poueo mais estreitas obtuso-apieuladas, glabras exeeto na base e nervura media da face abaxial, as 3 intemas obtusas, glabras; estames 15 em falanges de 2 ou 3, filetes unidos na base e adnatos as tepalas, anteras 4-7 mm eompr., latero-introrsas; esti-lete 1,0-2,5 em eompr., estigma trilobo-peltado, amarelo, ca. 6 mm diam. Capsula loeulieida, ov6ideo-trigona, densamente eoberta de trieomas subulados, amarelo-esverdeada, quando seea, eor-de-palha, 7-11 x 4-10 mm. Sementes eonieo-piramidais, ca. 1 mm eompr., testa eastanho-eseura! retieulado-foveada.

Anatomia do limbo foliar na regiao mediana (Giulietti et at. CFCR 3555; Hatschbach & Kasper 41594; Mello-Silva et al. CFCR 8989,9093,9701, 10051, ]]518). Figs. 22 e 23.

(11)

Especies novas de Velloziaceae 205

Dorsiventral em sec<;:ao transversal. Face abaxial com fendas largas e pouco pro-fundas ou fendas ocupando ca. 1/4 da espessura da lrunina e com pequenas proje<;:Oes das celulas epidermicas (vide nota). Cutrcula pouco espessada em ambas as supertrcies. Epidermc adaxial plurisseriada com pequenos feixes de clllulas esclerificadas de espa<;:o em espa<;:o. Epiderme abaxial unisseriada. Hipoderme aquffera 1 (-2) seriada, com grandes celul3.s na superffcie adaxial e unisseriada na abaxial. EstOmatos presentes nas fendas ou "a regiao destas (quando ausentes as fendas). Par~nquima aquffero relacionandCl a ~ipo­

derme com ofeixes fibro-vasculares somente na' tnetEtde'saperior da l~ina ; c6m clllulas bu-liformes sobre a nervura central e, quando ausentes as fend as, ocupando 0 lugar destas. Par€mquima pali<;:Adico de 3-5 camadas de celulas e par~quima lacunoso distinto. Fei-xes fibro-vasculares envolvidos por bainha unica, com celulas de aproximadamente 0 l1esmo tamanho; 1-3 grandes vasos presentes em cada feixe; 2 cordOes floemAticos late-"ais ao xilema e quase paralelos entre si, separados por celulas de parede espessada. Fi-Jras periciclicas se estendendo ate 0 paremquima aquifero na por<;:ao superior e ate a hipo-jerme na inferior; conjunto de fibras peridclicas superior inconspfcuo, em forma de V in-IIertido, inferior desenvolvido. Bordas da lamina com feixes fibro-vasculares de grandes jimensoes. Feixes comissurais I?resentes.

Nota: esta especie apresenta varia<;:ao no que concerne fl presen<;:a ou aus~ncia de fendas. Assim e que nos especimes de Itacambira (MG) as fendas sao evidentes con-quanto pouco profundas e estreitas. Nos especimes de Grao-Mogol, as fend as sao meras depress6es largas onde se localizam os estOmatos e a regiao do mesofilo sobre estas de-press6es esta ocupada por um parenquima aqu(fero de celulas buliformes com 0 eixo maior disposto horizontalmente.

Typus: Brasil. Minas Gerais. Grao-Mogol: "Vale do riacho Ribeirao. 850 m alt.", R.Mello-Sil-va & loCordeiro CFCR 10051 FI. fro 3.9.1986 (SPF, holotypus; K, RB, isotypi).

Paratypi: Brasil, Minas Gerais. Grao-Mogol: "Arredores. Nas infractuosidades de pared6es de arenito", G. Hatschbach & A. Kasper 41594, fl. fr., 18.10.1978 (MBM, SPF, US); "Pr6-ximo da ponte sobre 0 Rio das Mortes. Beira do rio", AM. Giulietti, M.CH. Mamede, N. Hensold & N. Giulietti CFCR 3555, fl., 23.5.1982 (SPF); "Pr6ximo da sarda, na estrada pa-ra Fpa-rancisco Sa", RMello-Silva, JR.Pirani, MMeguro, C.Kameyama & I.Cordeiro CFCR 8989, fl. fr., 7.1.1986 (L, SP, SPF); "Vale do rio Itacambiru<;:u. Entre a faz. Jambeiro e es-trada para Cristalia 700 m s.n.m.," RMello-Silva, NLMenezes, T B.Cavalcanti, J.semir & N.S. Chukr CFCR 9701,

fr.,

26.2.1986 (BHCB, NY, SPF, VEC); "Bacia do Ribeiriio das Mortes, ca. 950-1000m s.n.m., 42':S4'30"W 16f!.34'S," R. Mello-Silva, JR.Pirani, I. Cordeiro & M.C. Assis CFCR 11518, fl. fr., 4.11.1987 (F, SPF); Itacambira: "Estrada para Montes Claros", RMello-Silva, I. Cordeiro, JR.Pirani, M.Meguro & C. Kameyama CFCR 9093, fr., 9.1.1986 (R,SPF,US).

Obs: CFC:=l = Cole<;:ao Flora de Campos Rupestres.

Vellozia luteola e especie notfivel por suas flores amarelas, as folhas longamente aristadas e fortes rafzes negras. A cor amarela das tepalas e reportada pela segunda vez para 0 genero, antes s6 referida para V. sulphurea Pohl (1827). Com E::xce<;:ao destas duas, todas as outras especies conhecidas de Vellozia (aproximadamente 130), possuem flores roxas com seus diversos matizes ou flores alvas.

(12)

Folhas

Pedunculo floral

Flores

estames

DistribuiCiio geografica

Fig. 24 - Vellozia luteola (Mello-Silva & Cordeiro CFCR J 005 J). Habito da planta.

TABELA 2: Caracteres diferencias entre V.luteola e V. sulphurea

V.luteola

Oblongas, longamente aristadas e glabras exceto por tricomas estrigosos nas margens e nervura central

At6 6. muito menores que as folhas, cobertos pelas bainhas foliares, as florE!s parecendo ser sesseis

Ca. 3 cm. compr .

15, em falanges de 2 e 3 com fi-letes menores que as anteras.

GraD-Mogol e Itacambira, norte de Minas Gerais.

V. sulphurea (Segundo Pohl 1827).

Estreitamente triangulares. vilosas.

1, do mesmo tamanho ou pouco maior que as folhas.

Ca. 11 em. compr.

18 , em falanges de 3. com filetes maiores que as anteras .

(13)

Especies novas de VeUoziaceae

207

TamMm relacionada com as esp~cies acima ~ V. crassicaulis Mart. ex Schultes

t.,

de ampla distribuigao (RJ, MG, GO) e que, pelos tricomas do ovArio, indumento da tolha e tamanho dos filetes se aproxima de V. luteola e que, pelo aspecto geral, ~ bastamte se-melhante a V. sulphurea. No entanto, diterentemente de ambas, possui flo res com t~palas

roxas a alvo-arroxeadas.

.

,

No aspecto externo, V. luteola assemelha-se muito a algumas especies de Pleuros-tima e podem, quando em estado vegetativo, ser tacilmente confundidas.

Em Grao-Mogol V. luteola ocorre sempr~ em fissuras

!;Ie

grande~ rocha~, chegando a formar densas populag6es agregadas. Em Itacambira, entretanto.colonizam solo arenoso cascalhento entre rochas. Esta especie foi encontracla com fIores em setembro, outubro, janeiro e maio e com trutos em setembro, outubro, janeiro e fevereiro.

Reterenclas Blbllograftcas

AYENSU. E.S. 1974. Leaf Anatomy and Systematics of New World Velloziaceae. Smithsonian Contr. Bot. 15: 1-125 .

MENEZES, N.L. de 1971. New taxa and new combinations in Velloziaccae.Cilnc. Cult. 23: 421-422. MENEZES, N.L. de 1973. Natureza dos a~ndices petal6ides em Barbacenioideae (Velloziaceae). Bain

Zool. e BioI. Mar .• (N.S.) 30: 713-755.

MENEZES, N.L. de 1975. Presenc;a de traquefdes de transfusao e bainha mestomitica em Barbacenioideae (Velloziaceae). Bolm Botdnica. Univ. S. Paulo. 3: 29-60.

MENEZES, N.L. de 1980a. Re-establishment of the genus Pleurostima Rat. (Velloziaceae). Revw brasil.

Bot. 3: 37-47.

MENEZES, N.L. de 1980b. Nova es~ies e novas combinac;;iies no ~nero Pleurostima Rae. (Vellozia-ceae). Bolm Botdnica. Univ. S. Paulo 8: 65-69.

MENEZES, N.L. de 1984. Caracterfsticas anat6micas e ajikJgenia nafamllia Vel/oziaceae. Tese de Livre-Docencia, Univ. S. Paulo.

POHL , J.E . 1827. Plantarum Brasiliae vol. 1. Vindobonae.

SALATINO, M.L.F. 1986. Constituintesda cerafoliarepicuticulareataxonomiadeVel/oziaceae. Tesede doutoramento, Univ . S. Paulo.

SMITH, L.B. 1985a. Notulae Brasilianae I. Bradea 4(19): 133 - 134. SMITH ; L.B. 1985b. Notulae Brasilianae I. Bradea 4(23): 157-160. SMITH, L.B. 1986. Notulae Brasilianae II . Bradea 4(30): 211-214.

SMITH, L.B. & A YENSU, E.S. 1976. A Revision of American Velloziaceae. Smithsonian Contr. Bot. 30: 1-172.

Imagem

Fig . 13  - Pleurostima riparia  (Menezes et al.  111 O).Habito da planta.
Fig.  14  - Pleurosrima  riparia .  corte  transversal  da re9130 mediana do limbo foliar (MeJlo-Silva et al
TABELA  1  - Caracteres de  distln9Ao  entre  Pleurostima riparia  e  P. delicatula  HAbito  Cespltoso
Fig. 22  e  23  - Vellozia luteola (22  - Mello-Silva  e~  al. CFCR  8989,  23  - .'tlef!o-Silva et a!
+2

Referências

Documentos relacionados

Depois, em conjunto com os teus colegas de grupo, escolhe uma dessas medidas e um instrumento utilizado para a medir, que vai servir como base do trabalho

Escreve no quadro inicial, o nome da NUT III a que Oliveira de Azeméis pertence.. • Activa agora NUT II e procede de igual modo para descobrires qual a NUT II a que pertence

Foram ofertadas 110 bolsas mensais vinculadas ao Programa de Melhoria do Ensino na Graduação, visando promover a melhoria dos índices de aprovação em componentes

Os diferentes manejos de palha foram ob- tidos mediante utilização de três manejos mecâni- cos (gradeada, rolada e triturada), realizados sete dias antes da semeadura da

Foram aplicados os índices de Mentzer, England and Fraser e “ADVIA” e calcularam-se as respetivas sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo, valor preditivo negativo

Esse achado justifica-se pelo fato de as ações programáticas já estabelecidas pelo Ministério da Saúde serem trabalhadas de forma rotineira nas unida- des de saúde, tendo programas

A utilização dos critérios de malignidade e benignidade possibilita um entendimento ainda melhor dos tumores anexiais quanto ao risco de malignidade, mesmo por profissionais

Apesar das apresentações radio- lógicas não serem sempre características, quando da presença de uma lesão lítica e expansiva, com matriz calcificada/ossificada em arco posterior