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Escrevendo Cartas: Jesuítas, Escrita e Missão no Século XVI.

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Academic year: 2017

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Somente darey conta a V.R. de nossa chegada a esta ter-ra e do que nella fizemos e espeter-ramos fazer em ho Se-n h or No s s o, dei x a Se-n do os fervores de Se-nossa pro s pera viagem aos Irmãos que mais em particular a notaram

Serafim Leite

INTRODUÇÃO

Assim começou o pad re Nóbrega , provavel m en te a 10 de abril de 1549, na Ba h i a , sua pri m ei ra carta como mission á ri o, ao su peri or em Portu ga l ,p a-d re Simão Roa-d ri g u e s . N ó brega tinha ch egaa-do em 29 a-de março, na arm aa-da a-de Tomé de So u s a , pri m ei ro govern ador geral do Bra s i l . Menos de qu i n ze dias se tinham passado e o superior da pequena missão que se iniciava já escrevia pa-ra seu su peri or con t a n do-lhe como tinha sido recebi do, on de estavam aloja-do s , o que tinham en con traaloja-do na terra , o estaaloja-do de pec aaloja-do e abanaloja-don o mo-ral em que viviam os portu g u e s e s , os pri m ei ros con t a tos com os índios e o

Escrita e Missão no Século XVI

Fernando Torres Londoño* PUC-SP

RESUMO

E s te arti go examina a produção e troc a de corre s pon dência en tre os mission á-rios jesuítas do século XVI e seus su pe-riores, resgatando o texto inaciano cons-truído gradualmente nessa circulação de cartas entre Europa,Ásia e América.Nes-se tex to, rec u perado nos Ex erc í cios Es p i-ri tu a i s, nas Co n s ti tu i ç õ e se nas cartas do s a n to, e s t a riam as bases da definição de um método mission á rio para a redu ç ã o do infiel à Fé católica.

Palavras-chave: jesuítas; missões; cartas.

ABSTRACT

This arti cle deals with the making and exch a n ge of l et ters bet ween the Je su i t m i s s i on a ries and their su peri ors in the s i x teenth cen tu ry. These let ters circ u l a-ting in Eu rope , Asia an d Am erica are b a s ed on Saint Ign ac yo’s wri ti n gs ,m a i n ly the Sp i ri tual Ex erci ce s, the Co n s ti tu ti o n s and his own let ters . Th ey are the bases of the mission a ry met h od for the converti on of the unfaithful to the Catholic rel i gi on . Keywords: jesuits; mission; letters.

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i n teresse que mostravam em adotar a fé, os avanços na comunicação com es-tes e os planos de catequese e de ir a outras regiões como Pern a m bu co (Lei te , 1 9 5 4 , vol I, pp. 1 0 9 - 1 1 5 ) . Como el e , os outros pad res e irmãos também escre-veram para Portu gal e hoje contamos com três grossos vo lumes de cartas do s primeiros jesuítas entre 1549 e 1563.

Até a expulsão da Com p a n h i a , no Brasil e no Pa r á - Ma ra n h ã o, su peri o-re s , p ad o-res e irmãos n ão dei x a ram de esco-rever cart a s , i n form e s , o-rel a t ó rios e crônicas em que se reco l h eu a vida e o co tidiano da Companhia nas co l ô n i a s portuguesas da Am é ri c a1. Suas cartas foram se ac u mu l a n do em diversas casas

de governo e hoje se en con tram nos arqu ivos de Rom a , L i s boa , É vora , Rio de Janeiro e Madrid2.

Esse acervo, mesmo espalhado, se con s ti tu iu na referência para a rec u-peração do passado dos jesuítas no Brasil e da con s trução de sua mem ó ri a . Esta rec u peração passou a ser feita depois da re s t a u ra ç ã o, na segunda met ade do XIX. No caso do Bra s i l , o pad re Serafim Lei te , con s c i en te da import â n c i a destas cartas e do imagi n á rio que elas alimen t avam a re s pei to da Com p a n h i a nos pri m ei ros anos da co l onização lusa no Bra s i l , além de utilizá-las para a redação de sua Hi s t ó ria da Companhia de Je sus no Bra s i l , con ti nuou o tra b a-lho já iniciado por histori adores lei gos do IHGB, como Ca p i s trano de Abreu , que de s de 1885 se tinha em pen h ado em localizar e publicar cartas dos pad re s N ó brega e An ch i et a3. Tra b a l h a n do nos arqu ivos da Companhia em Rom a ,

Portu gal e Espanha e em diversas prov í n c i a s , p ad re Lei te loc a l i zou cartas per-d i per-d a s , veri f i cou per-datas, a utores e per-de s ti n a t á ri o s , tra n s c reveu e po s teri orm en te p u bl i cou as cartas dos pri m ei ros anos da pre s ença jesu í tica no Bra s i l4. A

pu-blicação destas co l etâneas dispon i bi l i zou para estudiosos e histori adores um ri quíssimo material seri ado para a pe s qu i s a , que nos últimos anos tem sido uti l i z ado para a el a boração de IC, m e s trados e do utorados sobre diversos as-pectos, e em particular sobre o processo de cristianização e as missões5.

Nos anos seten t a , José Ca rlos Sebe Bom Mei hy advertiu sobre a pre s en ç a de cartas ed i f i c a n tes e de informação en tre a vo lumosa corre s pondência je-su í ti c a6. As s i m , de s de o começo da missão dos inacianos no Bra s i l , uma boa

p a rte das cartas teria sido produzida com o prop ó s i to cl a ro de ed i f i c a r, na ex-pressão ascética da époc a , que apon t ava para as ações que serviam para ma-n i festar a pre s ema-nça divi ma-n a , e s ti mular a Fé do próximo e ima-nfuma-ndir pied ade7. As

c a rtas estavam determ i n adas pela sua função, s eus de s ti n a t á rios e obj etivo s p a rti c u l a re s . Em comunicação de 1997 no Con gresso de Am ericanistas em Q u i to, i n s eri a questão da utilização das cartas e das crônicas dos jesuítas na Am é ri c a , den tro da referência básica do carisma inaciano e de sua ge s t a ç ã o no século XV I . Coincidi assim com o apon t ado por Le a n d ro Ka rn a l , Pa u l o Assunção e Julio Quevedo em suas teses e dissertações8.

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Pelo seu traço de ori entação de tu do a um “princípio e fundamen to”, a es-p i ri tu a l i d ade inaciana co l oc ava todas as ações do indiv í duo a serviço de Deu s . E ra na ex pect a tiva de Sa n to Ignácio pela proc u ra da von t ade de Deus que se d i ri gia a vida de cada jesu í t a . Pa ra isto, p a rti c u l a rm en te nas Co n s ti tu i ç õ e sd a ordem e nas suas cart a s , o fundador foi de s dobra n do as instruções para seg u i r o método apre s en t ado nos Ex erc í cios Es p i ri tu a i s. Q u a n do os pad res e irm ã o s com e ç a ram a se comunicar por cartas de s de as mais va ri adas partes do gl obo, e s te espíri to inu n d ava sua escrita nas ex pre s s õ e s , nos assu n tos e episódios re-feri do s . Ao escrever sobre sua missão, os jesuítas o faziam uti l i z a n do um regi s-tro ou tom inspirado na su bj etivi d ade de sua vivência do carisma inac i a n o.

Como histori ador, ac red i to que não con s i go ouvir esse regi s tro su bj etivo considerando referências e maneiras de escrever só como edificantes.Da mes-ma form a , as informes-mações pre s en tes nas cartas não se deviam unicamen te ao e s p í ri to de con trole ou ao de s ejo de matar curi o s i d ades (As su n ç ã o, 2 0 0 0 , pp. 8 1 - 8 9 ) . Elas seriam recolhidas e envi adas à Eu ropa con s ti tu i n do tex tos dife-ren c i ado s , produ z i dos como parte de um proj eto mission á rio que estava sen-do con s tru í sen-do e para o qual o poder sem pre foi uma referência fundamen t a l . E nessa construção da missão, a escrita cumpriu um papel estratégico.

Form a n do parte de um proj eto em andamen to, a pre s en to aqui alguns elementos referentes ao contexto jesuítico e do próprio Ignácio de Loyola, que explicam a importância estra t é gica da corre s pondência e o privi l é gio da es-c rita en tre os jesuítas es-como meio de es-comu n i es-c a ç ã o. A partir daí e es-com p u l s a n-do n-doc u m en tos da ordem n-do século XV I , a pon to para a importância que esta correspondência teve para construir um imaginário sobre as Missões da Com-panhia que as fizesse pre s en tes na Eu rop a . Faço isto saben do que estou tri-l h a n do terreno pantan oso para um histori ador, como o da espiri tu a tri-l i d ade , mas ac red i to que explicitar pon derações de método sobre o tra t a m en to da doc u m entação rel i giosa pode ser útil para o futu ro da pe s quisa do cato l i c i s-mo entre nós.

1. AS CARTAS E A VISIBILIDADE DA“UNIVERSALCOMPANHIA”

A Companhia de Je sus nasceu e se esten deu no século XVI a qu a tro con-ti n en tes sob o domínio da escri t a . No mom en to em que a pri m ei ra dúzia de “com p a n h ei ro s” se co l ocou a serviço do papa, com preen deu-se que a disper-são poderia ameaçar sua união e para se manterem unidos em Je sus Cri s to n a s ceu o In s ti tuto. Nas Co n s ti tu i ç õ e sc u i dou Sa n to Inácio de dedicar uma das dez parte s , a oi t ava , a “ De lo que ayuda para unir los rep a rti dos com su cabe-za en tre sí”9. No pri m ei ro número dessa parte co l ocou que pela dificuldade

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de união dos mem bros com a cabeça e por estarem espalhados en tre fiéis e infiéis deveriam contar com diversas ajudas,

(...) pues no con s erva rse puede ni regi rs e , ni por con s i g u i en te con s eguir el fin que preti en de la Compañia a mayor gl oria divina sin estar en tre si y com su ca-beza unidos los miembros della (Loyola, 1963, p. 556, número 655).

O vínculo entre súditos e superiores através da obediência (número 659), o incentivo do “espírito de corpo”, a uniformidade de vida e doutrina e o com-bate às divisões (números 663-665 e 671-672),a chamada “união dos ânimos” e a comunicação perm a n en te através de cartas (números 662 e 673-676), fo-ram pre s c ri tos por Loyola como re s postas ao desafio da dispersão e da “d i-vers i d ad que no dañ e a la unión” ( Loyo l a , 1 9 6 3 , pp. 5 6 1 - 5 6 3 ) . Im port ava as-s i m , n e as-s te mom en to, e as-s t a bel ecer oas-s can aias-s e formaas-s de comunicação da Com p a n h i a , das corri qu ei ras às mais com p l ex a s , como a que passava pel a convocação da Con gregação Gera l . In tere s s ava , em parti c u l a r, cuidar da cir-culação de informações pessoalmente ou por “letras” (número 679).

No que diz re s pei to às “l etras missiva s”, determ i n a ram-se obri gações em dois sentidos: entre súditos e superiores e entre casas e províncias. No primei-ro sen ti do, o pad re geral e os pprimei-rovinciais deveriam saber e “en ten der las nu e-vas e inform ac i ones que de unas y otras partes vi en en” ( n ú m ero 673). Pa ra ga ra n tir que as cartas fo s s em re a l m en te envi ad a s , os su peri ores deveriam es-c rever para os provines-ciais es-cada semana e estes re s pon deriam e eses-creveri a m também ao padre geral a cada mês. (número 674). Ainda para

(...) mas inform ación de todos se imbíe cada cuatros meses al provi n c i a l , de ca-da casa y co l egio una lista breve du p l i c aca-da de todos los que hay en la tal casa, y los que faltan por muerte o por otra causa” (número 676).

No seg u n do sen ti do, o governo cen tral ou provincial deveria ordenar “co-mo em cada parte se pueda saber de las otras lo que es para con s o l ación y ed i-f i c ación mutua em el Se ñ or ”( n ú m ero 673). Pa ra isto os su peri ores escreveri a m ao provincial a cada “qu a tro meses uma letra que con ten ga solamen te las co s a s de ed i f i c ación em la lengua vu l gar de la província y outra em latín del mismo ten or ”( n ú m ero 675). Ambas deveriam ir du p l i c adas para que uma fosse man-d aman-da ao geral e man-da outra se fize s s em cópias “tantas vece s , que baste para man-dar no-ticia a los otros de su Provi n c i a” ( n ú m ero 675). Pa ra ganhar tem po e ga ra n ti r que as notícias circ u l a ri a m , os su peri ores poderiam escrever diret a m en te ao ge-n era l ,m a ge-n d a ge-n do cópia ao provige-ncial e aige-nda avi s a ge-n do “a los demas de su pro-v í n c i a ,i m bi á n doles copias de las que escri ben al propro-vi n c i a l ”( n ú m ero 675).

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municação que compunha um sistema de inform a ç õ e s . Ne s te sistema se esta-bel eciam re s pon s a bi l i d ades para a geração das informações e de s ti n a t á ri o s de s t a s . Foram fixados pra zo s , determ i n ada a produção de cópias, definida a c i rculação de s t a s , con s i deradas as lín guas e apon t ados os temas a serem tra-t ados nas cartra-t a s . Coeren tra-te com o en tra-ten d i m en tra-to hier á rqu i co de Loyo l a , a co-municação deveria ex i s tir de forma vertical para o governo e hori zontal para a união dos ânimos. Para conseguir este último, nas condições do século XVI, se recorria à duplicação, assim

(...) dara orden el general que de las letras que se imbián de las províncias,se ha-gan tantas cop i a s , que basten para proveer a todos los otros provi n c i a l e s” ( n ú-mero 675).

Sen do a divers i d ade lingüística um ob s t á c u l o, se uti l i z ava o lati m , m a n-tendo as línguas ditas “vulgares” na articulação jesuítica do universal e do par-ti c u l a r. Tu do isto para ga ra n par-tir a função das cart a s : consolar e ed i f i c a r, d a n do a con h ecer as obras feitas em nome de Deu s ,“ Pa ra que lo de uma prov í n c i a se sepa em outra” ( 6 7 5 ) . E s c rever para que outros lessem , cop i a s s em , d i f u n-d i s s em e guarn-d a s s em . As s i m , na parte tercei ra n-das Con s ti tuições sobre a for-m ação dos jovens jesu í t a s , ao tratar das refei ç õ e s , se for-m anda ler algufor-m livro p i edoso ou “cosas sem eja n tes son com o leer letras de ed i f i c ac i ó n” ( Loyo l a , 1963, 470).

Ac red i to que este sistema de informações atu ava como su porte para um s i s tema de decisões niti d a m en te inac i a n o : h i er á rqu i co e verti c a l . In formar a p a rtir da base nas cartas peri ó d i c a s . Reunir regi s tros e interc a m biar op i n i õ e s à proc u ra de uma dec i s ã o. Comunicar por escri to a decisão a partir do gover-no gera l . Acatar e exec utar a decisão nas instâncias. E m bora fosse po s s í vel re-pre s en t a r, em várias oc a s i õ e s , a obed i ê n c i a , p a rti c u l a rm en te o en ten d i m en to desta se deveria impor1 0. Tal sistema de informações perm i tiu pelo menos a

proc u ra de alguma uniform i d ade das po l í ticas numa infinidade de ações às ve zes discord a n te s . E s te sistema foi cen tral na ordem e se ge s tou a partir do próprio percurso letrado do fundador e do relevo concedido às letras na Com-panhia de Jesus como se verá em seguida.

2. ESCRITA E AÇÃO EMINÁCIO DELOYOLA

A Companhia de Je sus começou a ser ge s t ada em Pa ri s , a partir de 1531, e seu núcl eo inicial foi um gru po de estu d a n tes do Co l é gio de Santa Bárb a ra que se reunia em torno de um basco que tinha fama de homem santo. Incluin-do o pr ó prio Loyo l a , os pri m ei ros jesuítas eram toIncluin-dos mestres em letra s . Na s

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gerações seg u i n tes já estariam pre s en tes também os do utore s . Os ch a m ado s pri m ei ros com p a n h ei ros va l ori z a ram de s de o início os aspectos rel ac i on ado s com as letra s , o que com preendia escrever e ler em vernáculo e em lati m , ter con h ec i m en to de outras línguas e de tex tos ex i s ten tes em grego e lati m . As-s i m , obri gaçõeAs-s comun As-s aoAs-s pad reAs-s de maior gra u , oAs-s ch a m adoAs-s profe As-s As-s o As-s , como o de viver de esmolas, não se aplicava aos jovens que deveriam ded i c a r-se ao estu do. Pa ra isto, r-se bu s cou doações e pro teções que foram con s ti tu i n-do um patrimônio destinan-do a ser investin-do na formação n-dos jovens. Uma or-dem de s cen tra l i z ada m as ao m esmo tem po hier á rquica como a Com p a n h i a de Jesus só podia ser letrada no século XVI11.

Porém o fato de se tratar de uma ordem de letrados não explica su f i c i en-tem en te uma força de expansão tão gra n de . Esta capac i d ade de cre s cer rápido teria sim que ver com o en ten d i m en to dado pelos pri m ei ros jesuítas ao regi s tro e s c ri to como ex pressão de uma práxis co l oc ada ao serviço da proc u ra da von-t ade divi n a . Aqui como em ouvon-tras parvon-tes realço a figura de Ignácio de Loyo l a .

A mem ó ria jesu í tica fixou a imagem de Sa n to Ignácio de Loyola como o h om em da ação. Apre s enta-se aqui outro traço que con s i dero essen c i a l : Lyola foi também um hom em da escri t a . E m bora isso reduza sua rica pers o-nalidade,é difícil não ser levado em consideração para quem entre 1524-1556 e s c reveu seis mil oi tocentas e qu i n ze cart a s1 2. De s de sua conva l e s cença na

ci-d aci-de ci-de Loyo l a , pelo feri m en to recebi ci-do em Pa m p l on a , se sabe pelo pr ó pri o santo que a escrita o acompanhou nas suas primeiras experiências espirituais, qu a n do escrevia num caderno palavras de Cri s to e Nossa Sen h ora uti l i z a n do tintas de diferen tes cores para cada um e com “bu ena letra porque era muy bu en escri b a n o” ( Loyo l a , 1 9 6 3 , p. 9 3 ) , como lem brou ao pad re Gonzalez de Ca m a ra sem nen huma mod é s ti a . Na sua autobi ografia ele fala também qu e em Ma n re s a , on de com eçou propri a m en te sua ex periência espiri tu a l , co l o-cou seus pec ados por escri to, e seg u n do o pad re Ip a rra g u i rre , de s c revia pr á ti-cas espiri tuais num caderno de notas. ( Loyo l a , 1 9 6 3 ,1 8 1 ) . Aprox i m ad a m en te dez anos depoi s ,e s tes pri m ei ros regi s tros eram já o livro dos Exercícios Espi-ri tuais (Loyo l a , 1 9 6 3 , p. 1 9 6 ) . Em m atéEspi-ria de ascética e místi c a , Loyola ainda produ z iu o Di á rio Espiri tual (Loyo l a , 1 9 6 3 , p. 3 1 8 ) , uma minuciosa de s c ri ç ã o dos estados de sua alma du ra n te um processo de oração en tre 1544 e 1545, p a ra tomar uma decisão a re s pei to da pobreza nas casas professas da nascen-te Companhia. De forma mais aprimorada foram registrados aqui estados es-p i ri tuais e sensações viven c i adas e lidas es-por Loyola na es-proc u ra de sinais da von t ade divi n a . E s te vínculo en tre escrita e devoção o acompanhou até o fim de sua vi d a , qu a n do escreven do as Con s ti tuições “c ada dia escri bia lo que pa-saba por su alma” (Loyola, 1963, p. 159).

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e s c reveu cartas às mais va ri adas pe s s oas def i n i n do assim um traço de sua ati-vi d ade ep i s to l a r. Pri m ei ro como Iñigo e depois como o pad re Ign á c i o, Loyo l a e s c reveu a diversas pe s s oas preem i n en tes en tre elas o papa, o imperador Ca r-los V, reis, rainhas,nobres, doutores,e também pessoas de condição mais sim-ples como rel i gi o s o s , cl é ri gos e as ch a m adas pe s s oas espiri tu a i s1 3. E s te traço é

i m port a n te porque Loyola tra n s i t ava en tre tra t a m en to s , eti qu etas e esti l o s bem diferen tes de forma flu i d a . A todas essas pe s s oas Loyola se diri giu com um intu i to, mesmo que fosse tão simplório como informá-las de que re z ava por el a s1 4. A consciência das ex pect a tivas do interl oc utor e dos obj etivos do

red a tor, o su peri or geral quis passar para seus com p a n h ei ros que não ti n h a m sua mesma ex periência e históri a . As s i m , e s c reven do ao pad re Ber ze , em 24/2/1554, recomendava que quando se escrevesse para pessoas de muita qua-l i d ade e intequa-ligência de fora da Companhia "se deten ga menos equa-l que escri be en las cosas que particolarmente tocan a personas de la Compañia, extendien-dose mas en las generales". (Loyola, 1963, p.854).

E s c rever era para Loyola um ato com a n d ado por um sen ti do. Ele escre-veu os Ex erc í cios Es p i ri tu a i sp a ra ensinar e acom p a n h a r, as Co n s ti tuições p a ra regulamentar, as Instruçõesaos membros da Companhia para manter a união, s eus diários para en ten der sua pr ó pria espiri tu a l i d ade , e as cartas como for-ma de agir e comunicar sobre os for-mais va ri ados assu n tos e situ a ç õ e s . Loyo l a ac red i t ava na comunicação como forma privi l egi ada de ação, e se seg u i rm o s a Ba rthes no seu ensaio sobre os Ex erc í cios Es p i ri tu a i son de iden ti f i cou qu a-tro tex to s , podemos dizer que nas cartas do santo coex i s tiam vários tex tos e v á rios de s ti n a t á ri o s1 5. Em tem pos de con f l i to ou de pers eg u i ç õ e s , como as

acon tecidas qu a n do estu d a n te , recorreu à escrita para se defen der, a r g ü i n do, ref ut a n do. Q u a n do já havia se torn ado influ en te escrevia para conven cer, de-finir, decidir, reclamar, dissuadir, agradecer. Posteriormente, quando em exer-cício como pri m ei ro geral da Com p a n h i a , e s c revia ainda para influ i r, i n for-m a r, d i s cordar e ped i r1 6. Como assinalou Ba rt h e s , i den ti f i c a n do na el eição a

função dos Exercícios Espirituais: a escrita em Loyola era uma práxis17.

3. LETRAS,INFORMAÇÃO E GOVERNO

Sob a influência do padre Ignácio a Companhia, desde os primeiros anos, uti l i zou a escrita como forma predom i n a n te de comu n i c a ç ã o, ação e regi s tro. Já foi men c i on ado que no início os jesuítas estavam dispersos pela It á l i a , Ir-l a n d a , Portu ga Ir-l , E s p a n h a , França e depois Ásia. As s i m , o obj etivo fundamen-tal de qu a l qu er carta era a união dos ânimos em torno da proc u ra da von t a-de a-de Deus. Ignácio a-de Loyola, como primeiro superior geral, teve muito claro que havia de produzir uma imagem da Companhia através das letra s .Q u a

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qu er notícia deveria pri m ei ro ed i f i c a r, e para con s eguir a consolação nad a m el h or que mostrar os avanços da gl ó ria divina nas obras e ações apo s t ó l i c a s dos pad res e irm ã o s . Sen do este o obj etivo, a missiva não poderia ser dei x ad a ao acaso das impertinências co tidianas dos pad res ou à inten s i d ade de seu s s en ti m en tos espiri tu a i s . E s c reven do para serem lidos por mu i tos outro s , o s p ad res deveriam ter a consciência de que estavam produ z i n do um tex to para ser interpretado e lembrado.

Porém su peri ore s , provinciais e o governo gera l , prec i s avam de inform a-ções e notícias para tomar decisões rel a tivas ao envio de pad re s , à abertu ra de re s i d ê n c i a s ,n omeação de su peri ore s , proc u ra de auxílio de nobres e podero-s o podero-s , e em mu i topodero-s capodero-sopodero-s, correção de de podero-s viopodero-s e abu podero-s o podero-s . Sobre ipodero-sto era urgen te e s c rever mas de forma sep a rad a , e s t a bel ecen do a diferença en tre o produ z i do p a ra mostrar e edificar e as novi d ades do com p l exo co tidiano das casas, eiva-do de sen ti m en tos que deveriam perm a n ecer re s ervaeiva-dos aos su peri ores e in-tere s s ado s . Di ferença de tex to pre s c rita por qu em fez da iden tificação de dis-tinção de estados e m eios um dos el em en tos fundamentais do método do s Exercícios Espirituais.

E n tre várias manifestações do santo con cern en tes a esse en ten d i m en to da mu l ti p l i c i d ade de tex tos pre s en tes na corre s pon d ê n c i a , ex i s te um a cart a de dezembro de 1542,escrita para o padre Pedro Fabro, que estava por ordem do papa na Al em a n h a , na corte de Ca rlos V. O pri m ei ro com p a n h ei ro de Iñi-go de s de os tem pos de Pa ris se qu ei x ava de ter que escrever com freq ü ê n c i a , dei x a n do o santo impac i en te pela falta de com preensão da importância das cartas para a Companhia e de suas diversas formas, conteúdos e sentidos.San-to Inácio escreve ao companheiro de forma direta e repetitiva na ênfase de es-c rever a Roma a es-cada qu i n ze dias. O pad re geral distingue aqui o que seria a “carta principal” das “hijuelas”.

A “carta principal” deveria ser escrita de tal forma que

( . . . ) se pudiese mostrar a cualqu i er pers on a ; porque a mu chos que nos son bi en a f i c i on ados y desan ver nu e s tras cart a s , no las osamos mostrar por no traer ni guar-dar orden alguna y halando de cosas imperti n en tes en ellas (Loyo l a ,1 9 6 3 , p. 6 4 9 ) .

Nessa carta principal escrita para provocar edificação em “oi dores o lec-tore s”, se deveria co l ocar o que se fazia em serm õ e s , con f i s s õ e s , Exerc í c i o s , obras pias. Pa ra que ficasse mais cl a ra a forma de produzir esta carta pri n c i-pal, o santo dizia como ele fazia as suas, narrando as coisas que edificavam:

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m on i o, y no se puede así bi en soldar ni glosar tan fac i l m en te como qu a n do ha-blamos (Loyola, 1963, p.649).

Desta forma,segundo o santo, escrevendo duas vezes ele se persuadia que as letras fo s s em “más con cert adas y más disti n t a s”. Produção do tex to com a cl a reza de seu caráter doc u m en t a l . Ainda para não deixar dúvi d a ,m en c i on a-va como refazia a cópia das cartas que recebia de diversas partes antes de en-viá-las a outros jesu í t a s , reti ra n do “lo que es ed i f i c ación y pon er po s tpon er las mismas palabra s , cort a n do e qu i t a n do las imperti n en te s , por daros a to-dos placer en el sen or nu e s tro y ed i f i c ación de los que las oyeren de nu evo “(Loyola, 1963, p.650)18.

Ap a rece aqui a consciência cl a ra de que nas cartas se produzia a imagem da Companhia para provocar edificação e apoi o. Re s pon s a bi l i d ade de todo s os jesu í t a s , mas pri m ei ro do pad re gera l , a qu em corre s pondia distri buir a in-formação e acertá-la de acordo com o modelo de ed i f i c a ç ã o. Esta proc u ra era o que con duzia o cri t é rio para a definição do perti n en te . Gestação da escri t a en c a rada como uma mon t a gem definida pelos seus fins e de s ti n a t á ri o s . F i c a-va assim em evidência tanto o con h ec i m en to do universo letrado de sua épo-c a , á vi do que era o santo pelo saber, qu a n to sua épo-consépo-ciênépo-cia da épo-carta épo-com o tex to que não podia ser dilu í do para não ter que “m o s trar em parte y en c u-brir em parte” (Loyola, 1963, p.649).

As “h iju el a s”, por sua ve z , não eram meros anexo s , em bora o santo não as privilegiasse neste texto. Ali seriam colocadas as “otras particularidades im-perti n en tes para la carta pri n c i p a l ” como doen ç a s ,n ova s ,n eg ó c i o s , poden do “d i l a t a rse em palabras ex h ort a n do”. Desta forma “en las hiju elas puede cad a uno escri bir a priesa de la abundancia del corazón con cert ado o sin con c i er-to ; mas en la principal no se su f re , si no va con algun estudio disti n er-to e ed i f i-c a tivo para poderse mostrar e ed i f i i-c a r ”( Loyo l a , 1 9 6 3 , p. 6 5 0 ) . Ca beria aqu i tu do o que pudesse não ed i f i c a r, o em oc i on a l , o pri m á ri o, o espon t â n eo ou sem elaboração e por isso não deveria ser mostrado ou dado a público.

F i n a l m en te o santo, i nvoc a n do a obed i ê n c i a , dizia que seg u i ria insisti n do nesse pon to e assim rogava e pedia para que “os em en deis em vu e s tro escrbi r, prec i á n doos dello y de s e a n do edificar a vu e s tros hermanos y a los proj i-mos com vu e s tras letra s” ( Loyo l a ,1 9 6 3 , p. 6 5 0 ) . A edificação ganha assim, n e s-te con s-tex to, um traço de modern i d ade on de através da escrita se co l oc ava em evidência o real além de uma rel ei tu ra à luz da ex periência de cri s ti a n i z a ç ã o.

Não precisou Sa n to Ignácio de todos aqu eles rogo s , no que dizia re s pei-to a escrever, p a ra com outro com p a n h ei ro e gra n de amigo Fra n c i s co Xavi er. Si n ton i z ados em mu i tos aspecto s , os dois santos se iden ti f i c a ram também na sua utilização da escrita na Com p a n h i a . Fra n c i s co Xavi er fez também das le-tras o seu principal meio de comunicação em relação aos com p a n h ei ros qu e

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f i c a ram n a Eu ropa e com os outros mission á rios que estavam se espalhando pela Ásia. As s i m , qu a n do saiu de Goa , em 14 de abril de 1552, dei xou instru-ções ao padre Barzeo, de escrever todos os anos ao padre Ignácio, sobre as no-vas dos irmãos (Xavi er, 1953 , p. 489) “y esto de escri bir y rec i bir cartas harei s com mucha diligência como esto se cumpla” (Xavier, 1953, p. 492). Recomen-d ava , a i n Recomen-d a , que se fize s s em várias cópias Recomen-das cart a s . Também insistia para que lhe escrevessem a Malaca “todos los años no faltareis”(Xavier, 1953, p.492), acrescentando que

(...) y sea la carta que vos me escri bi reis muy cumplida, en que me hagais saber muchas cosas así de las nuevas del estado de la Índia,como del fruto que los otros religiosos hacen a gloria de Dios y el fruto de las almas (Xavier, 1953, p. 492).

Pa rti n do para tão lon ge , Fra n c i s co Xavi er qu eria se manter a par do qu e acon tecia em Goa tanto no plano do tem poral como no avanço da gl ó ria de Deu s . Q u eria saber “as nova s” e em que condições andava a missão. Q u eri a s a ber, que não era só curi o s i d ade ou fervor mission á ri o, m as também inte-resse em estar inform ado para poder participar e in tervir com recom en d a-ções e com en t á ri o s . Fra n c i s co Xavi er se fazia assim pre s en te de s de a Ásia com suas cartas e não dem orou para que mu i tos de s eja s s em lê-las e con h ec ê - l a s na Europa.

Porém o que a Com panhia qu eri a , ou mel h or, prec i s ava saber? A esta pergunta feita pelo reitor da casa de formação de Coimbra,padre Urbano Fer-n a Fer-n de s , re s poFer-n deu o pad re Po l a Fer-n co maFer-ndado por pad re IFer-n á c i o, em pri m ei ro de junho de 1551. O sec ret á rio do su peri or gera l , diz inicialmen te , que isto de escrever aos su peri ores uma vez por mês não só com preen de as novas de edificação e o fruto espiri tual em confissões e pregações porqu e , p a ra isto, basta escrever cada qu a tro meses, mas o que “nu e s tro pad re desea saber es to-do aqu ello (en cuanto se podrá) que convi en e sepa para mas ayudar y mej or satisfazer el cargo que Dios Nuestro Señor le ha dado”. “Como existen inúme-ras coisas das que podem cuidar os su peri ores loc a i s”, con ti nua pad re Po l a n-co, “h o l ga ria nu e s tro pad re se le diese inform ación de las cosas que m as im-portan y de las que tienen mas dificultad”(Loyola,1963, p.766). Como se trata de uma casa de form a ç ã o, o santo está intere s s ado no modo de proceder do s e s tu d a n te s , nos seus estu dos e na vida espiri tu a l , qu em aproveita mais qu e o utros na do utrina e na graça de prega r, “quiénes estan en disposición de ser i m bi ados por unas partes e outras ya ac a b ado el curso ord i n á rio de sus estú-dios” (Loyola, 1963, p.766).

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de poder ser aprovei t ado em algum apo s to l ado. F i c a n do o tex to ed i f i c a n te , com os números de confissões e pregações e atos notáveis por conta das car-tas principais de cada qu a tro meses, i n teressa aqui o import a n te , o que inci-dia na vida dos jesuítas e na sua missão, a quilo no qual havia dúvidas ou difi-c u l d ade s . O que supunha sel edifi-c i on ar as informações que deveriam ser a pre s en t adas às diversas instâncias da obed i ê n c i a , pon dera n do sem pre às hie-ra rquias su peri ore s . O que não foi fácil, a ju l gar pelas histórias das prov í n c i a s e pelas ve zes em que este tem a , pre s en te também nas Con s ti tu i ç õ e s , vo l tou a a p a recer nas cartas do fundador, como na célebre “ In s trução sobre el modo de tratar o negociar com cualqu i er su peri or ” de maio de 1555, já com en t ad a aqui (Loyola, 1963, p.923)

Com a importância con ferida a estas cartas de mês nas Con s ti tu i ç õ e s , como já foi vi s to, e com o em penho do gen eral em recebê-las e con te s t á - l a s através de seu secretário e copistas,se foi constituindo a partir do governo ge-ra l , a base de um sistema de inform a ç õ e s . O que não é de estge-ranhar numa or-dem inserida num tem po em que a corre s pon d ê n c i a , a crônica, o informe se-c reto, o mapa, os vi s i t adore s , faziam parte dos instru m en tos de se-con trole e das formas de pre s en ça de Estados co l onialistas com o os da pen í n sula ibéri c a , aliás Estados que compunham a base regi onal da Companhia no século XV I . Ainda que com a prec a ri ed ade das comunicações da época e com a re s i s t ê n-cia de não po u cos su peri ore s , esse sistema envo lvia toda uma estrutu ra de re-gi s tro s , cop i s t a s , envi o s , a rqu ivo s , em função de asseg u rar a comunicação e forn ecer ao su peri or geral e outros su peri ores os el em en tos para suas dec i-sões naqu ele del i c ado equ i l í brio en tre o cen tralismo e a auton om i a , o alto e o b a i xo que con s ti tu iu a Companhia de Je su s . Em cartas ou rel a t ó rios o jesu í t a se comu n i c ava com os su peri ores distantes inform a n do, con su l t a n do, op i-n a i-n do, d i s cord a i-n do, a s s i i-n a l a i-n do sua disposição a obedecer. E ra também por c a rtas que o governo gera l , os provinciais e os rei tores de co l é gio tra n s m i ti a m suas decisões, envios e destinos aos súditos que se encontravam longe.

4. FRANCISCOXAVIER E O MODELO DA EDIFICAÇÃO NAS MISSÕES

Nesse processo de ida e volta na proc u ra da von t ade divi n a , ac red i to qu e se foi con s tru i n do e def i n i n do nas suas caracter í s ticas a missão jesu í ti c a . A pre s ença da Companhia na Eu ropa e em outros con ti n en tes envo lveu de s de o começo uma teia de relações e interesses tanto fora como den tro da ordem , que foram determ i n a n tes e ex i gi ram gra n de habi l i d ade para seu geren c i a-m en to a partir do governo cen tra l : o serviço ao papa na defesa e expansão da F é ,a s s ociação com Estados católico s , com os reis de Portu ga l , com o impera-dor Ca rlos V e com os reis da Espanha n a cri s tianização das colônias e

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t ó rios de ultra m a r. E s t a bel eceu ainda vínculos com nobres e gra n des famílias da Itália e da Espanha de on de provinham voc a ç õ e s , auxílios econ ô m i co s , doa ç õ e s , pro te ç ã o. Com relação à expansão da Companhia fora de Espanha, Portu ga l , Itália e Fra n ç a , era feita fundamen t a l m en te a partir da pre s ença de padres e irmãos,às vezes os mais qualificados membros destas províncias. De-veriam também ser arbi trados ciúmes e qu eixas numa mediação en tre a obe-diência e o apelo pela dispon i bi l i d ade que deveria caracterizar o jesu í t a . O papado, os Estados,os nobres, os padres da Companhia criaram assim expec-t a expec-tivas que eram maiore s , na medida em qu e , com obras como os co l é gios ou com a presença fora da Europa, os jesuítas ficavam em evidência.Estas expec-t a expec-tivas deveriam ser saexpec-ti s feiexpec-tas expec-tanexpec-to na con s expec-trução e ad m i n i s expec-tração de uma i m a gem , como na direção e caracter í s ticas da ex p a n s ã o. No intu i to de alcan-çar estes obj etivo s , a corre s pondência foi fart a m en te uti l i z ada e a produ ç ã o de textos privilegiada.

Nessa teia de ex pect a tivas com relação às missões fora da Eu rop a , os je-suítas re s pon deram produ z i n do um imagi n á rio mission á rio e cri a n do um m é todo de atuação en tre infiéis, a m bos se con f i g u ra n do n a corre s pon d ê n c i a entre os padres e irmãos.

O envio de jesuítas à Índia em 1541, pre s i d i dos por Fra n c i s co Xavi er, con s ti tui o pri m ei ro gra n de referen te na produção desses dois instru m en to s . A partir de sua atuação na Índia, em diversas partes da Ásia até ch egar ao Ja-pão em 1549 e morrer em 1552, Fra n c i s co Xavi er passou a en c a rnar o mis-sionário, o apóstolo jesuíta por excelência.Essa imagem de Francisco que ser-vi ria de modelo a todos os outros m ission á rios da ordem , começou a ser con s truída ainda em Lisboa com a distinção que ele logo alcançou na corte , recolhida na corre s pondência dos pri m ei ros jesuítas portugueses e nas su a s pr ó prias cart a s1 9. As s i m , de Goa , Xavi er escrevia a santo Ign á c i o, em outu bro

de 1542, do sen ti m en to causado en tre as crianças que catequ i z ava dizen do que “no me dejaban los mu ch achos ni rezar mi of i c i o, ni com er ni dorm i r, s i-no que les enseñase algunas orac i on e s” ( Xavi er, 1 9 5 3 , p. 1 0 8 ) . A figura do de-d i c ade-do e incansável mission á rio e de-dos frutos que prode-duzia no anúncio de-da Fé católica foi se cri s t a l i z a n do n o modelo de edificação que se podia ex trair das missões en tre infiéis, p a ra ser espalhado nas cortes de Eu ropa e en tre os jesu í-t a s . Ao mesmo í-tem po Xavi er se con s í-ti í-tu iu n o pri m ei ro referencial para a de-finição de um método de atuação da companhia en tre infiéis. Con s c i en te de s er o pri m ei ro a estar en tre infiéis, qu a n do ain da em Lisboa , a n tes de parti r p a ra a Índia, Xavi er pedia a santo Inácio que lhe escrevesse “muy largo” s obre o modo de proceder en tre eles e a mel h or manei ra de servir a Deus “que all á os pareciere que debemos hacer” (Xavier, 1953, p. 76).

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truindo nas cartas de Xavier ficou definida pelo componente da conversão no en ten d i m en to inac i a n o. Pa ra a produção da ed i f i c a ç ã o, os reinos da África e da Ásia onde chegavam os missionários, traziam novos cenários definidos pe-la pre s ença do fiel na fren te do infiel . Uma po l a ri d ade com traços pr ó pri o s que tinha como paradigma mais distante o tempo dos apóstolos Pedro e Pau-lo en tre ju deu s , gregos e rom a n o s . Po l a ri d ade que só podia ser su primida pe-la produção da conversão e da incorporação à Igreja dos novos cristãos.

Como nas com posições de tem po e lu gar das meditações dos Exerc í c i o s Espirituais,os cenários das missões presentes nas cartas de Xavier e seus com-p a n h ei ros são def i n i dos com-pelos com-pers on a gen s que n eles se localizam e com-pelas re-lações assim gerad a s . No cen tro o mission á rio caracteri z ado pelo seu zelo na s a lvação das almas pre s en te nas inúmeras prega ç õ e s , b a ti s m o s , confissões e pelos perigos que corre por amor a Jesus Cristo. Junto a ele os europeus, prin-c i p a l m en te as autori d ades prin-co l oniais que patroprin-cinam a prin-cri s tianização e os prin- co-l onos en tre os que se produ zem as pri m ei ras reformas de vida movidas peco-l a pregação con s o l adora e a reconciliação da con f i s s ã o. À sua fren te os infiéis. Os govern a n te s , os interl oc utores por excel ê n c i a , os pri m ei ros a serem con-tem p l ado s , que são tra t ados com con s i deração e su avi d ade na esperança qu e tra gam também seus súdito s , os hom ens sábios aos quais se prega para mo-ver suas inteligências em direção à sabedoria divi n a , as crianças que são fac i l-mente atraídas e para quem se fundam escolas.Finall-mente os homens e mulhe-res adultos,tanto aqueles que se convertem e passam a ser cristãos exemplamulhe-res, como os que relutam em aceitar o Eva n gelho por se pren der a seus erros an-ti go s , “pues los gra n des ni a malas ni a bu enas qu i eren ir al para í s o”, como es-c reve Xavi er, de Goa , a Ign á es-c i o, em 1544 (Xavi er, 1 9 5 3 , p. 1 3 7 ) . Não falta fi-nalmente neste cenário insinuada mais clara,a presença do demônio, o inimigo do gênero humano na linguagem inaciana.

A cristalização de um modelo de edificação mission á rio cen trado nas n a rra tivas da conversão dos infiéis e sua circulação en tre os jesuítas e não-je-suítas foi percebida cl a ra m en te por santo Inácio nos anos cinqüen t a , qu a n do escrevendo para o Brasil e para a Índia por intermédio do padre Polanco, aler-t ava sobre o peri go de só escrever caraler-tas de ed i f i c a ç ã o. Como já o aler-tinha fei aler-to com os com p a n h ei ros que atu avam na Eu rop a , o santo dizia a Nóbrega , em julho de 1553, que a ele intere s s ava saber “no solamen te de cosas de ed i f i c a-c i ó n” ( Lei te , 1 9 5 4 , I , p. 5 1 2 ) . Também pad re Ber ze , m i s s i on á rio da Índia, l h e e s c reve em feverei ro de 1554 dizen do que “Es verd ad que para la ed i f i c ac i ó n de las pers onas de la Compañia lo que toca a los parti c u l a res de ella es muy al prop ó s i to ;pero pod ria venir de por si” ( Loyo l a , 1 9 6 3 , p. 8 5 5 ) . As s i m , a ed i f i c a-ção tão bu s c ada no início dos anos qu a ren t a , já nos cinqüenta estava pre s en-te num modelo cristalizado podendo “Venir de por si”.

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5. INÁCIO DELOYOLA E A REDUÇÃO DO INFIEL

Como na Eu rop a , a principal preocupação do su peri or geral na corre s-pondência com seus súditos nos outros continentes foi a conservação da Com-panhia e a qu a l i d ade e permanência dos frutos produ z i dos pelos mission á-rios,o que para o padre Ignácio e seus sucessores dependia do aperfeiçoamento do método para atuar en tre infiéis. Na instrução ao pad re Nuñes envi ado em 1555 como patriarca de uma missão à Etiópia pedida por dom João III de Por-tugal,aparece da própria pena de santo Ignácio alguns dos principais elemen-tos do entendimento da missão entre infiéis.A Etiópia era governada pelo ne-gus Cl á u d i o, que para os portugueses de s cendia do len d á rio Pre s te Jo ã o, de qu em se ac red i t ava seria soberan o de um reino cristão na Áfri c a . Na instrção santo Ignácio realça o que chama “ganar el án imo del Pre s te” e de “a l g u-nas pers ou-nas gra n de s”. Recom enda que o patri a rca deverá utilizar todos os m eios hon e s tos para se fazer qu erer bem do Pre s te , comu n i c a n do sobre a sal-vação na Igreja católica rom a n a , ac red i t a n do o santo que “en este gen era l , s i se le puede persu ad i r, se ganan mu chos parti c u l a re s , que dél depen den y po-co a popo-co se pueden dedu c i r ”( Loyo l a , 1 9 6 3 , p. 9 1 0 ) . Como se tra t ava de um reino cristão que teria caído em erro s , deveriam os mission á rios fazer tom a r ciência destes ao Preste.

(...) y algunos parti c u l a res de más autori d ad y dep u é s , sin tu mu l to, s i en do esto s d i p u e s to s , se mire se pod ra fazer ay u n t a m i en to de los que más esti m ados son en do trina en aqu ellos rei n o s ; y sin que se les quitase interesse ninguno ni cosa qu e ellos mucho estimen,hacerles capaces de las verdades católicas y de lo que se de-be tener em la Iglesia. (Loyola, 1963, p.911)

Tratava-se pois, de “reducirlos a uniformidad con la Iglesia católica”, mas s em violência con tra os ânimos habi tu ados a outra forma de viver. Recom en-d ava que olhassem os abusos e en-de s oren-dens que poen-diam ser reform aen-dos su ave-m en te “y eave-m ave-modo que los de la ti erra vean cl a ra ave-m en te que la reforave-m ac i ó n era nece s á ri a , y de aqu ellos se com i en ce , por que sera gran autori d ad para la reformación de otros” (Loyola, 1963, p.913). Para esta reforma

(...) en sus abusos deveria ayudar ademas de los sac ra m en tos la introdu cción de algunas fiestas sen s i bl e s , como serían proce s i ones del Cu erpo de Cri s to Nu e s tro Se ñ or, o otras usadas en la Iglesia católica en lu gar de sus bapti s m o s , etc ; porqu e aun nuestro vulgo, que es menos grosero, se ayuda con esto”(Loyola,1963, p.911).

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(...) ayudaria mucho para la reducción entre de aquellos reinos,así para los prin-cipios como para todo ti em po, que allá en Eti opia hiciesen mu chas escuelas de l eer y escri bi r, y otras letras y co l egios para insti tuir la juven tu d , y tambi en los demas que lo habran men e s ter en la leguna lati n a , y co s tu m bres y doctrina cri s-ti a n a , que esto seria la salud de aqu ella nac i ó n ; porque estos crec i en do ten d ri a n afición a lo que al principio hibi e s en apren d i do, y en lo que le parecería exceder a sus mayores,y en breve caerian y se extinguirián los errores y abusos de los vie-jos. (Loyola, 1963, p.912)

Tod avi a , Inácio tra t ava dos mais va ri ados aspecto s , como a formação de i n t é rprete s , os ti pos de orn a m en to s , a pre s ença de livro s , a vinda de rel í qu i a s de santos, a distribuição de dioceses e o governo do patriarca.

Contando já com os resultados das várias missões fundadas por São Fran-c i s Fran-co Xavi er na Ásia, de posse das informações que Fran-ch egavam do Bra s i l , Fran-com as Con s ti tuições en tra n do na sua fase final de redação e servi n do-se da ex pe-riência ac u mu l ada no com b a te dos jesuítas à “h ere s i a” na Al em a n h a , Sa n to Ignácio estava em condições de aplicar a um proj eto mission á rio tão pec u l i a r como o da Eti ó p i a , os meios e pr á ticas ado t ados num perc u rso espiri tual qu e começava nos Exercícios Espirituais.

Cen tral na espiri tu a l i d ade inaciana o princípio de que “o bem qu a n to mais universal mais divi n o”, teve na missão um de seus principais campos de a p l i c a ç ã o. As s i m , na parte sétima das Co n s ti tu i ç õ e s, no número 612, com rel a-ção ao envio a missões por parte do papa, se deveria esco l h er os que fo s s em “conven i en tes o mas pr ó prios para ello mira n do el mayor bi en univers a l ”( Lo-yo l a ,1 9 6 3 , p. 5 4 5 ) . No tem po do envio no número 615 também se deveria con-templar “ el mayor o men or fru cto espiri tual que se sinti ere hacerse o en otra p a rte se espera , o segun pare s c i ere mas conven i en te par algun bi en univers a l ” ( Loyo l a ,1 9 6 3 , p. 5 4 5 ) .E s te en ten d i m en to do bem universal como mais divi n o ganhou nas Con s ti tuições formulação cl a ra no número 622, ao con s i derar pa-ra o envio lu ga res e pe s s oas qu e , por sua con d i ç ã o, o bem re a l i z ado se estederia a mu i to s ,t a n to no caso daqu eles con s i derados gra n de s , tais como pr í n-c i pe s , prel ado s ,s en h ore s ,m a gi s trado s , n-como da mesma forma para n-com

(...) a pers on as señaladas em letras y auctori d ad , debe ten erse por más de im-port â n c i a , por la mesma ra zon del bi en ser mas univers a l , pó lo cual también la ayuda que se hiciese a gen tes gra n des como a lãs Índias, o a pru eblos pri n c i p a l e s o a Un iveri d ade s , don de su el en con c u rrir mas pers on a s , que ay u d adas pod ra n ser operários para ayudar a otros, deben preferirse. (Loyola, 1963, p.548)

V á rios cri t é rios de escolha para os lu ga res da pre s ença da Companhia se

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de s prendiam desta aplicação do universal à missão: on de houvesse mais ne-ce s s i d ade , on de a porta estivesse mais abert a , on de houvesse maior devoção e de s ej o, on de houvesse mais dívida ou maior peri go “que el en em i go de Cri s to nuestro Señor há sembrado cizaña” (Loyola, 1963, p.548).

É nos Ex erc í cios Es p i ri tu a i sque se en con tra uma das referências básicas p a ra a ju s ti f i c a tiva da missão en tre infiéis: sua redução à Fé católica para as-sim salvar sua alma. É também lá que en con tramos os principais el em en to s da forma como os jesuítas deveriam tratar com os infiéis, como era recom en-d aen-do nas instruções ao patri a rca en-de Eti ó p i a . Na pri m ei ra anotação en-dos Ex er-c í er-cios Es p i ri tu a i s, Sa n to Inácio os def i n iu com p a ra n do-os com os exerc í c i o s corporais de caminhar, passear ou correr, de sorte que todo “m odo de prep a-rar o dispon er el ánima, p a ra quitar de sí todas las afecc i ones de s orden adas y despues de qu i t adas para buscar y hallar la vo lu n t ad divina se llaman ej erc i-cios espirituales” (Loyola,1963, p.196).A espiritualidade de Ignácio e sua apli-cação na salvação das almas estava marc ad a , poi s , pelo reorden a m en to da von t ade , ao en ten d i m en to e aos sen ti dos do ser humano em função da von-t ade divi n a . Os Ex erc í cios Es p i ri tu a i sdeveri a m , poi s , d i s por a pe s s oa para ou-vir e seguir o ch a m a m en to do “rei etern a l ”( Loyo l a ,1 9 6 3 , p. 2 1 8 ) . Tra t ava - s e , em termos ign ac i a n o s , de “recon duzir aos fins”, i s to é, po s tular ou diri gir os fins almejados pelo hom em , de acordo com o que Ignácio de Loyola ch a m o u de princípio ou fundamen to ou ainda finalidade pri m ei ra de todo ser hu m a-no: amar, louvar e servir a Deus e assim salvar sua alma (Loyola,1963, p.203). E s t a ria n a nota 22 que precedia os Ex erc í cios Es p i ri tu a i sa matriz da redu ç ã o que se pretendia en tre in fiéis, qu a n do se recom en d ava para a relação en tre o diretor dos exercícios e o exercitante

(...) pre su pon er que todo bu en Cri s tiano há de ser mas pron to a salvar la propo s i-ción del próximo que a con den a rl a ; y si no la puede salva r, i n qu i ra como la en-ti en de , y si mal la en en-ti en de , corr í jale com amor, y si no basta, bu s que todos los mé-dios conven i en tes para qu e , bi en en ten d i é n do l a , se salve .( Loyo l a ,1 9 6 3 , p. 2 0 2 )

6. AS INSTRUÇÕES E O MÉTODO MISSIONÁRIO.

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a m a r g u rar a pre s ervação do mon opólio rel i gioso por parte dos “bonsos shgon”. Em Miya ko, capital do impéri o, a Ki o to m odern a , Xavi er su portou in-j ú rias e pers eguições e a decepção da indiferença e falta de apoio dos gra n de s s en h ore s , os maiores interl oc utores no seu método de reduzir à Fé2 0. No

Bra-s i l , oBra-s índioBra-s adu l to Bra-s , pre Bra-s erva n do oBra-s co Bra-s tumeBra-s de Bra-seuBra-s paiBra-s, “c i erran laBra-s ore-jas para no oir la palabra de salud y converterse al verd adero culto de Di o s”, o que levou então o irmão An ch i et a , em junho de 1560, a dizer ao pad re gera l Di ego Laynes que há “tan pocas cosas dignas de se escrivir que no sé que es-c riva , porque si espera V. P. que hay mu es-chos de los bra s i lles es-converti dos en ga-ñ a rse a sua espera n z a” ( Lei te , 1 9 5 4 , I I I , p. 2 4 9 ) . Também nas Índias espanho-las, onde os jesuítas iniciaram em 1566,uma missão entre os índios da Flórida, se começou mal, com o assassinato de um dos dois padres. Insistindo em 1568, os trabalhos não produ z i ram os frutos esperados e em 1571 foram assassina-dos mais missionários e a missão foi abandonada21.

As s i m , em bora o teor ed i f i c a n te não tenha de s a p a rec i do efetiva m en te das cartas para “não mostra r ”, c ada vez mais foi preva l ecen do na escrita qu e vinha das missões o envio de con sultas dos mais va ri ados tem as e a que vi-nha de Rom a ,L i s boa ou Espavi-nha a adoção de instruções e determinações do p ad re geral e dos provinciais sobre as formas da pre s ença jesu í tica e o méto-do mission á rio na Ásia e na Am é ri c a . Du ra n te o m andato méto-do pad re Lay n e s , ele e o sec ret á rio Po l a n co escreveram cartas on de , além de manifestar aos je-suítas do Brasil e da Índia que “ten emos puestos los ojos en vo s o tro s” ( Lei te , 1 9 5 4 , I I I , p.9) instruíam sobre várias questões del i c adas e urgen te s , a maiori a delas formu l adas a partir de perguntas feitas nas cartas do pad re Nóbrega ( Lei te ,1 9 5 4 , I I I , p. 5 4 1 ) . Pad re Lay n e s , em de zem bro de 1562, re s pondia di-zen do que pelas cartas recebidas en ten deu “la va ri ed ad que en el modo de proceder en ciertas co s a s , se há ten i do en esa prov í n c i a” ( Lei te , 1 9 5 4 , I I I , p. 5 1 3 ) , e sen do a informação recebida su f i c i en te até o envio de um vi s i t ador, re s o lveu determinar algumas coisas escreven do “lo que me oc u rre a algunos p u n ctos principales de vu e s tra letra” ( Lei te ,1 9 5 4 , I I I , p. 5 1 3 ) . Aprovou assim, en tre outro s , o estabel ec i m en to de casas para meninos e meninas do gen ti o, a s eleção de alguns da terra para serem mandados para Portu ga l , a seleção do s que estavam sen do ad m i ti dos à Companhia e ter escravos para tratar das fa-zen d a s , do gado e pescar para manter as casas que “no lo ten go por inconve-n i einconve-n te com que seainconve-n ju s t a m i einconve-n te po s s e í do s , lo qual digo porque he einconve-n teinconve-n d i-do que algunos se hazen esclavos injustamente” (Leite, 1954, III, p. 514).

Si tuações como estas de po u co ou nen hum con s enso en tre os mission á-ri o s , ou polêmicas como os “re sga tes de índios”, as doações de terra , a ad m i-n i s tração exclu s iva dos sac ra m ei-n to s , o de s tii-no das esmolas do rei , traziam pa-ra a missão nas colônias uma com p l ex i d ade que pedia re s postas não imagi n ad a s

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nas Con s ti tu i ç õ e s . Perguntas qu e , como dizia Po l a n co, “porque aca no se sabe lo particular no se puede re s pon der ”( Lei te , 1 9 5 4 , I I I , p. 5 4 2 ) , dei x a n do para o d i s cern i m en to e a prudência dos mission á rios as re s po s t a s .E m bora como diz Lei te ,c i t a n do ao pad re Bor ja em carta de 1567, em questões de missões todo s os pad res gerais qu eriam ajudar (Lei te ,1 9 5 4 ,I , p. 5 6 ) .

Essa ajuda do governo cen tral e das províncias da Eu rop a , na medida em que se divers i f i c avam as missões, s i gn i f i cou na pr á tica uma maior interven-ç ã o, vi s a n do ao estabel ec i m en to de um pad r ã o. Esta interveninterven-ção se re a l i zo u recorren do ao uso de instruções escri t a s , uti l i z adas por santo Ignácio de s de os pri m ei ros envi o s ,e s t a bel ecen do cri t é ri o s , proced i m en to s ,n ormas e mei o s p a ra a atuação dos jesu í t a s , que term i n a ram sen do def i n i tivas para o método m i s s i on á ri o2 2. Uma amostra de s te espíri to que se impunha n o clima de

difi-c u l d ades mission á rias nos anos sessenta do sédifi-culo XVI é a Ca rta de Bor ja , em 1 5 6 7 , ao provincial do Peru ,p ad re Porti ll o, p a ra o aprovei t a m en to do envi o de oi to jesuítas ao Peru , como re s posta aos vi n te solicitados por Fel i pe II. O p ad re geral dispunha nas suas instruções ir a poucas parte s ,a ten der pri m ei ro aos já fei tos cri s t ã o s ,c u i d a n do em con s ervá-los e depois converter os outro s “y así, no ten gan por cosa ex ped i en te discurrir de una en otras partes para convertir gen te , com las cuales despues no pueden ten er cuen t a” ( As tra i n , 1 9 1 4 , vol II, p. 3 0 5 ) ,a p l i c a n do assim o cri t é rio bem inaciano de ganhar po u-co a po u u-co, forti f i c a n do o que se ga n h o u . Também advertia para não se u-co l o-car em peri go de vida en tre gen te não con qu i s t ad a , “pues não seria útil para el bi en com ú n , por la mu cha falta que hay de obreros para aqu ella viña y la d i f i c u l t ad que tenía la Compañía de enviar otros en su lu ga r ”( As tra i n , 1 9 1 4 , vol II, p. 3 0 6 ) . A essa altu ra já havia sido assassinado o pad re Ped ro Ma rti n e z na Flóri d a , e ga n h ava força uma visão mais realista do que se podia espera r nas Índias. Na verd ade , nesta pon derada con s i deração de situações se esta-vam aplicando as Constituições na Parte Sétima número 22:

Asi mismo entre las obras pías de igual importância y priesa y necesidad,habien-do algunas mas seg u ras para qu i en las trata y otras mas pel i grosas y algunas qu e más fácil y brevem en te y otras com mas dificultad y com mas largo ti em po se concluirán, las primeras asi mesmo deberán preferirse. (Loyola, 1963, p. 549)

Pad re Bor ja determ i n ava também, que em regiões de índios ainda não con qu i s t ad a s , os pad res fixariam sua residência em lu gar seg u ro como on de residia o govern ador, proi bi n do as “salidas pel i gro s a s” mesmo com ordem do superior. Para a entrada nestas regiões se deveria procurar saber que gente

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ell o s , p a ra que estos se proc u ren ganar como cabezas de los otros y qué rem e-d i o s , con formes a estas cosas se les puee-dan y e-deban aplicar y com los e-de más en-ten d i m i en to proc u re antes com su avi d ad de palabras y ej emplo de vida aficio-narlos al verdadero camino, que por otros rigores. (Atrain, 1914, vol II, p. 305)

De novo a pre s ença nas instruções mission á rias do tercei ro pad re gera l ,o s traços da espiri tu a l i d ade inaciana na con s i deração real dos fins a alcançar, a s condições do lu ga r, os mei o s . Também aqui o estabel ec i m en to das diferenças e h i era rquias en tre as gen tes e o discern i m en to sobre as ações mais pr ó prias a s erem diri gi d a s , bu s c a n do sem pre o maior bem univers a l . Ainda a redução en-tendida como um processo de s ti n ado a persu ad i r, a mover o en ten d i m en to pa-ra se abrir a Deu s . Bases da con s ti tuição de um método mission á rio que espe-rava por novos intérpretes como José de Acosta e Ma t teo Ri cc i .

CONCLUSÃO

Ao con s i derar a produção de cartas no âmbi to da con s trução da missão na Companhia de Je sus no século XV I , se trabalhou aqui numa lei tu ra de s s a doc u m entação por parte do histori ador. No con tex to da espiri tu a l i d ade do s j e suítas no século XV I , de alguma forma aqui tra t ad a ,t a n to a missão como o que dela se escrevia estava con du z i do pela busca da von t ade divi n a . Pri n c í p i o e fundam en to do ser humano e da criação que se re a l i z ava n a iden ti f i c a ç ã o do bem universal como o mais divi n o. Na proposta de uma ordem gerada em gra n de parte por ibéri cos para servir à Igreja no século XV I , o bem univers a l foi iden ti f i c ado, en tre outro s , na convocação para trabalhar no anúncio da boa nova aos infiéis da Ásia e da América.

Re sga tou-se poi s , mesmo que tem era ri a m en te , a evidência do tex to ina-ciano nas cartas dos mission á rios e se lhe co l ocou numa abrangência que su-pera o ed i f i c a n te , a pon t a n do para uma mu l ti p l i c i d ade de sen ti do s . Is to den-tro da proposta qu e , esse regi s den-tro, por espec í f i co que seja , tem que ser ouvi do e interpretado pela análise histórica.

Fu n d ada por alguém que escreveu quase sete mil cartas e com posta por l etrado s , a Compan hia de Je sus fez da corre s pondência o lu gar on de ficava vi s í vel a “u n iversal Com p a n h i a”. G erador de múltiplos tex tos qu a n do escre-vi a , Inácio de Loyola tra n s feriu com paciência a seus súditos a consciência da d i s tinção de diversos interl oc utores e a el a boração cri teriosa da escri t a . Na s c a rt a s , os mission á rios apareciam como os com p a n h ei ros de Je sus que qu e-ri a m ,s eg u n do os Exercícios Espie-ri tu a i s ,s er co l oc ados ao lado do Ce-ri s to po-bre e padecer com el e . Mas para esse seg u i m en to, os pad res prec i s avam saber o que fazer para alcançar seus fins. As cartas con s ti tuíam assim um espaço de

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ten s ã o, de negoc i a ç ã o, de recuos e pri n c i p a l m en te de ação. Ac red i t a n do que a edificação deveria vir por si, se preoc u pou Loyola pri n c i p a l m en te por estabe-l ecer a base do que aqui foi ch a m ado de um sistema de informações de s ti n a-do a ajudar na tomada de decisões e na realização de ações.

No caso das m issões, na cópia e envio de cartas com diversos de s ti n o s , foi con s tru í do e def i n i do o proj eto jesu í ti co mission á rio numa troca de in-formações que se re a l i z ava no ei xo Rom a ,L i s boa ,Í n d i a , Bra s i l . Tal proj eto foi ex a m i n ado aqui a partir da proc u ra de um método para levar a boa nova en-tre infiéis. Nessa proc u ra por um método no tem po de Loyo l a , L ayn es e Bor-ja , teria havi do um rec u rso con t í nuo à matriz inaciana no seu en ten d i m en to do bem universal e da redução espiri tual e o reorden a m en to de fins e mei o s , que se materi a l i zou na produção de instruções mission á rias que term i n a ra m definindo os rumos da atuação da Companhia fora da Europa.

NOTAS

* Este trabalho faz parte de uma pe s quisa maior em andamen to sobre Índios e Mi s s i on á-rios nos séculos XVI e XV I I , que tem con t ado com a participação de bolsistas do CNPQ. Sou grato ao professor Ênio Brito e Lícia Masagão por comentários e correções.

1 Com re s pei to às cartas da Companhia e suas co l e ç õ e s , ver para o Bra s i l ,L E I T E , Sera f i m .

C a rtas dos Pri m ei ros Je suítas do Bra s i l. São Pa u l o : Com issão do IV Cen ten á rio da Ci d ade de São Paulo, 1954, vol I, p.61 e seguintes.

2Pa ra as cartas de Sa n to Inácio e a Assistência da Espanha, ver a introdução bi bl i ogr á f i c a

de A S T RA I N , An ton i o.Hi s to ria de la Co m pañia de Je sus en la As i s ten cia de Es pa ñ a. Ma-drid: Razon y Fé, 1912, vol I p. XIII.

3 Sobre este trabalho pion ei ro de Ca p i s trano de Abreu , ver as notas de rodapé de José

Ho-n ó rio Rod rigues em tex to sobre a Hi s tori ografia rel i gi o s a , que forma parte de sua Hi s t ó ri a da História do Brasil. Historiografia colonial.São Paulo:Companhia Editora Nacional,1979, p.256.

4 O pad re Lei te fez isto no marco do que seria a Mo nu m enta Brasiliae S.I. se inscreven do e

s eg u i n do os cri t é rios da gi ga n tesca coleção Mo nu m enta Hi s t ó rica S.I. , ver LEITE, Sera f i m , op. ci t ., vol I, p. 6 9 . Ainda LEITE, Serafim tinha ed i t ado Novas Cartas Je su í ti c a s. São Pa u l o : Companhia Editora Nac i onal 1940, p u bl i c a n do depois C a rtas do Brasil e mais escri to s. Coimbra: O, 1955.

5E n tre outros podemos men c i onar GADELHA, Regina Ma ria F.As missões je su í ticas do

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c i m en to e poder no Brasil co l on i a l :e s tu dos históri cos psico l ó gi co s”, tese de Livre Doc ê n-c i a , Fan-c u l d ade de Filosof i a , Ciênn-cias e Letra s ,U S P, Ri beirão Preto 1995; RA M I N E L L I , Ro-n a l d .Im a gens da col o n i z a ç ã o. A repre sentação do Índio de Caminha a Vi ei ra. Rio de Ja n ei-ro : Jor ge Zahar Editor, 1 9 9 6 ;A S S U N Ç Ã O, Pa u l o.A terra dos brasis: a natu reza da Am é ri c a po rtuguesa vista pelos pri m ei ros je suítas (1549-1596). São Pa u l o : An n a blu m e ,2 0 0 0 . Pa ra o sul do Bra s i l , QU E B E DO, Ju l i o.Gu errei ros e Je suítas na Utopia do Pra t a. Ba u ru :E D U S C , 2000; ainda os doutorados de FLECK, Eliane Cristina D. e MARTINS, Maria Bohn.

6 M E I H Y, José Ca rlos Sebe Bom . “A pre s ença no Brasil da Companhia de Je sus 1549-1649”,

tese de Do utorado apre s en t ada ao Dep a rt a m en to de Hi s t ó ria da USP em 1975, a pon to u p a ra a importância de levar em con s i deração a diferença en tre cartas ed i f i c a n tes e cart a s informativas.

7A S S U N Ç Ã O, Pa u l o.Op ci t ., p. 8 2 , diz que com relação às terras americanas era o verbo

que melhor definia a ação dos missionários,já que nas colônias nada era digno de ser man-ti do. Nas cartas de Loyola aqu ela ex pressão aparece rel ac i on ada a sen man-ti m en tos de con s o l a-ção gerados em terceiros por nossas ações em oposia-ção à censura ou rejeia-ção.

8Os trabalhos de s tes autores vi ra ram livro s . Ver KA R NA L , Le a n d ro.Te a tro da Fé. São Pa

u-l o : Hu c i tec , 1 9 9 8 , pp. 4 8 - 6 1 ;A S S U N Ç Ã O, Pa u u-l o.Op. ci t. , pp. 5 7 - 9 1 ; QU E B E DO, Ju l i o.Op. ci t ., pp. 2 1 - 4 8 . Minha con tri buição é “La ex peri encia rel i giosa jesu í tica y la crônica de Pa r á y Ma ranhão em el siglo XV I I ”. In Sa n d ra Negro y Ma nu el Ma r z a l ,Un reino en la fro n tera . Las misiones jesuíticas en la América colonial, Quito/Lima, Abya-Yala-PUC Peru, 1999.

9AsConstituiçõesforam redigidas por santo Inácio num processo que foi de 1541 até 1556.

A partir de 49, pon tos def i n i dos por seis dos pri m ei ros mem bro s , o santo pri m ei ro só e depois com ajuda de seu sec ret á rio P. Po l a n co, foi ava n ç a n do via con sultas a diversos ra s-cunhos e versões em 1547, 1 5 5 0 , até ch egar às dez partes de 1556. A re s pei to ver a intro-dução ao tex to das Co n s ti tu i ç õ e sdo P. Ip a rra g u i rre em San Ign á cio de Loyol a , Ob ras Co m-pl et a s. Mad ri d : BAC ,1 9 6 3 , p. 4 0 0 . Uti l i zo esta edição das obras com p l etas do santo pel a sua fidelidade, trasladando as citações no original.

1 0Pa ra fixar as formas de repre s entação e a obed i ê n c i a , além da ch a m ada carta da

obe-diência aos pad res e irmãos de Portu gal em março de 1553, Sa n to Ignácio via pad re Po l a n co, s eu sec ret á ri o, e s c reveu a “ In s trução sobre el modo de tratar negociar com c u a l qu i er su peri or ” em maio de 1555, on de o pon to qu a rto diz “ Si a la determ i n ac i ó n del su peri or, o lo que a el toc a re , rep l i c a re alguna cosa que bi en le pare z c a , torn a n do el su peri or a determ i n a r, no haya replica ni ra zones algunas por en ton ce s” ( Loyo l a ,1 9 6 3 , p. 9 2 4 ) . Ai n d a , o santo abria po s s i bi l i d ades de repre s entar com o tem po “porque la ex-peri encia com el ti em po de s c u bre mu chas co s a s” ;i s to sem óbi ce de obedecer.

1 1Há nas Co n s ti tu i ç õ e sd iversas disposições rel ac i on adas ao con h ec i m en to e estu do de

le-tra s . Aqui é import a n te men c i onar os “ Im ped i m en tos para en le-trar dos que preten dem ser coad jutores espiri tu a i s”, on de se men c i ona “ Falta de letras o apti tud de ingenio o mem ó-ria para apren dellas o lengua para ex p l i c a ll a s”,Co n s ti tu i ç õ e s, Pa rte I, c a p. 3 , nº 1 8 3 , em Obras Completas de Santo Ignácio de Loyola,.Op. cit.,p.454.

1 2Si go aqui o cri terioso estu do de DO M I N I QUE BERT RA N D, S . J. , La pol i tique de Saint

Ign a ce de Loyol a. Pa ri s : Lês Editi ons du Cerf ,1 9 8 5 , on de com p a ra nu m eri c a m en te a

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respondência do santo com a de outros contemporâneos,Erasmo 1.980, Lutero 3.141, Cal-vino .1247, Catarina de Médecis 6.381, entre outros, p.39.

13Pelo levantamento feito por DOMINIQUE BERTRAND,op. cit., Loyola escreveu mil

qui-n h equi-ntas e qu a tor ze cartas a qui-não-mem bros da Com p a qui-n h i a , duas cartas ao papa e duas ao i m perador, n oventa e duas a reis e pe s s oas da família re a l , oi tenta e duas a gra n des nobre s eu ropeu s , s etenta e uma a carde a i s , cen to e qu a renta a altos funcion á rios e suas famílias, cento e quarenta a bispos e 301 a nobres, etc., p.42.

1 4Um bom exemplo é a carta a Fel i pe , pr í n c i pe da Espanha, de feverei ro de 1549, on de o

santo manifesta o apreço pelo príncipe herdeiro da Espanha,sem dizer ou pedir nada,mas que tinha sido escrita no con tex to de uma visita do con t ador- m or do pr í n c i pe e em b a i x a-dor ex tra ord i n á rio a Rom a , qu a n do se tra tou de questões referen tes à reforma dos mostei-ros em Catalunha, ver,San Ignácio de Loyola, Obras Completas,op. cit., p. 715.

15BARTHES, Roland.Sade, Fourier, Loyola.. Paris: Éditions Du Seuil, 1971, p. 47.

1 6Dom i n i que Bertra n d , na La pol i tique de Saint Ign a ce de Loyol a,op. ci t ., el a borou uma

sé-rie de tabelas das categorias das cartas p. 7 3 , dos gra n des temas p. 9 1 , e dos meios soc i a i s aos quais se dirigiu santo Inácio, p.115.

17BARTHES, Roland.Op cit., p.54.

1 8E s te ref a zer a carta e m exer no seu tex to pra ti c ado por santo In á c i o, foi apren d i do e

se-g u i do por seu sec ret á rio pad re Po l a n co, p a ra de s e s pero dos histori adore s , como men c i on a LEITE, Serafim.Op. cit., vol. I, p.58.

19Ver,Cartas e escritos de San Francisco Xavier. Madrid: BAC, 1953.

2 0Pa ra as missões de São Fra n c i s co Xavi er no Ja p ã o, ver LAC O U T U R E , Je a n .Je suítas I Lo s

conquistadores. Paidos: Barcelona 1991, pp. 206-211.

2 1Pa ra a missão da Florida e o assassinato do pad re Ped ro Ma rti n e z , ver A S T RA I N , An

to-nio.Op. cit., vol. II, p. 288.

2 2Nos leva n t a m en tos de Dom i n i que Bertra n d ,s a n to Inácio teria escri to 90 cartas sobre

as-suntos de missões. VerLa politique de Saint Ignace de Loyola,op. cit., p.73.Em 24 de setem-bro de 1549, s a n to Inácio red i giu uma serie de instruções para os jesuítas que iriam lec i o-nar teo l ogia na univers i d ade de In go l s t adt na Al emanha . Dessas instruções con s t avam o que podia ajudar para alcançar o fim pri m á ri o, a pureza na Fé e a obediência à Igreja , e o fim sec u n d á rio de prom over a Companhia na Al emanha e os meios comuns para alcançar a ambos. Ver,Obras completas de San Ignácio de Loyola,op. cit., p. 740.

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Referências

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