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Trombose venosa profunda: prevalência da deficiência da proteína S e a interferência da coagulação oral.

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Academic year: 2017

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Godoy JMP et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(4):219-222

Arti go / Arti cle

Trombose venosa profunda: pr evalência da deficiência da proteína S e

a inter ferência da coagulação oral

Deep venous thr ombosis: pr evalence of Pr otein S deficiency and the inter ference

of or al anticoagulation

1

Pr ofessor adjun to do Servi ço de An gi ologi a e Ci rur gi a Vascular da Faculdade de Medi ci n a de São José do Ri o Pr eto-SP – Famerp.

2

Residente do Serviço de Angiologia e Cirur gia Vascular da Faculdade de Medicina de São José do Rio Pr eto-SP – Famerp.

3

Li vr e-Docen te do Depto de Car di ologi a e Ci rur gi a Vascular da Faculdade de Medi ci n a de São José do Ri o Pr eto-SP – Famerp.

Cor r espondência par a: Pr of. Dr. José Mari a Per ei ra de Godoy Rua Flori an o Pei xoto, 2950.

15020-010 – São José do Ri o Pr eto - SP – Brasi l E-mai l: godoyjmpri opr eto.com.br

José Mari a Per ei ra de Godoy1

Mi ri am Apar eci da Li n ar es2

Tai s Eli zabete Rodri gues2

Ron aldo Nar dão Men des2

Domi n go Mar coli n o Brai le3

O objeti vo do pr esen te estudo foi avali ar a pr evalên ci a da defi ci ên ci a da pr oteín a S em paci en tes com tr ombose ven osa pr ofun da e a i n ter-ferên ci a do an ti coagulan te oral duran te a i n vesti gação. Foram ava-li ados aleatori amen te 87 paci en tes, sen do 47 do sexo femi n i n o e 40 do sexo masculi n o, com i dades en tr e 17 e 56 an os e médi a de 36,3 an os, que apr esen taram tr ombose ven osa pr ofun da (TVP) de mem-br os i n feri or es. O di agn ósti co da TVP foi fei to com dúplex e con fi r-mado pela flebografi a n os casos de dúvi das. A men suração da pr ote-ín a S foi r eali zada pelo método coagulométri co, avali an do ati vi dade bi ológi ca. Os exames foram colhi dos um mês após a r emoção da an ti coagulação oral em todos os paci en tes. Em tri n ta deles foram colhi dos também duran te a an ti coagulação. Em 6,9% dos paci en tes foi con fi r mada, em duas mesurações, a defi ci ên ci a da pr oteín a S. Na avali ação duran te a an ti coagulação, os tri n ta paci en tes apr esen taram r edução dos n ívei s dessa pr oteín a. Con cluímos que a defi -ci ên -ci a da pr oteín a S em n osso estudo foi semelhan te ao observado n a li teratura, sen do que a sua i n vesti gação mai s con fi ável deve ser r ealizada após a suspensão do anticoagulante oral. Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(4):219-222.

Palavr as-chave: Defi ci ên ci a da pr oteín a S; tr ombose ven osa pr o-fu n da.

Intr odução

A proteína S é um importante anticoagulante natural, sintetizado pelos hepatócitos e megaca-riócitos, vitamina K dependente, servindo como

co-fator para inativação tanto do fator V plasmático

quanto plaquetário e do fator VIII.1

A incidência da deficiência da proteína S em pacientes com trombose venosa profunda (TVP)

e idade inferior a 45 anos gira em torno de 10%.2 A

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incidência anual de tromboembolismo venoso descrita em dois estudos foi de 1,65% e 3,5% res-pectivamente, em pacientes com idades acima de

15 anos.3,4 Outros relatam uma prevalência entre

1,5 e 13,2.1 Em torno de 30% dos casos de

trom-boembolismo relacionam-se com a imobilização, cirurgia ou trauma, enquanto outros 30% ocorrem com o uso de contraceptivos orais, gravidez ou período pós-parto, uma vez que os benefícios da profilaxia nesses período de exposição são relata-dos.3

Relata-se que os níveis das proteína C e S caem cerca de 40% a 60% abaixo do normal den-tro de 48 horas, após o início do tratamento com warfarina; entretanto, eles aumentam para 70% do normal depois de aproximadamente duas

sema-nas de tratamento.1 Demonstrou-se também que,

na anticoagulação crônica, os níveis variaram mo-destamente, ficando em torno de 71% para o

gru-po de tratamento contra 82% do controle.5

Contu-do, outros estudos observaram redução significante

quando avaliada a atividade funcional.6,7

A proteína S, semelhante ao que ocorre com a proteína C, diminui nas condições em que há ativação significativa do sistema procoagulante, como é o caso da coagulação intravascular

disse-minada.1 Ela pode estar diminuída no diabetes

melitus tipo I e aumentada no tipo II, sendo que o aumento no tipo II correlaciona-se com o

aumen-to do colesterol.8 As concentrações da proteína S

têm sido determinadas nos pacientes com síndrome nefrótica, uma condição clínica associada à

trom-bose e tromboembolia.9.10 Entretanto, os

resulta-dos são discrepantes e vários esturesulta-dos demonstram o aumento dos níveis da proteína S na síndrome

nefrótica.1 O diagnóstico laboratorial da

deficiên-cia da proteína S é estabelecido por determinação da concentração do antígeno (total e livre) e/ou da atividade e pela expressão fenotípica. O tipo I é a forma mais encontrada e caracterizada pela diminuição, principalmente quantitativa, dos níveis dos antígenos total e livre, simultaneamente. O tipo II é caracterizado pela diminuição específica na atividade funcional, com níveis normais de antí-genos total e livre da proteína S. O tipo III é carac-terizado pelo aumento da proteína S complexada C4b-BP, com redução nos níveis, e, na atividade da proteína S livre, com valores normais de antí-genos total.1,11

O objetivo do presente estudo foi avaliar a prevalência da deficiência da proteína S em

pacien-tes com trombose venosa profunda de membros inferiores e a interferência da anticoagulação oral.

Casuística e Método

Foram avaliados aleatoriamente 87 pacientes que apresentaram trombose venosa profunda em membros inferiores, sendo 47 (54%) do sexo fe-minino e 40 (46%) do sexo masculino, com idades entre 17 e 56 anos e média de 36,3 anos. O critério de inclusão foi a presença do quadro trombótico confirmado pelo dúplex e pela flebografia nos casos de dúvidas. O critério de exclusão foi a pre-sença de fatores que pudessem levar a uma defici-ência adquirida dessa proteína, como na coagula-ção intravascular disseminada, diabetes tipo I e síndrome nefrótica. A investigação da deficiência da proteína S foi por método coagulométrico, avali-ando-se a atividade biológica um mês após sus-pender o anticoagulante oral em todos os pacien-tes. Em trinta pacientes, tal investigação ocorreu tam-bém depois de 15 e 30 dias após o início da anti-coagulação oral, com objetivo de avaliar a interfe-rência da proteína S no resultado dos exames.

Resultados

A Tabela 1 mostra os resultados da avaliação laboratorial que mensurou os níveis de atividade. Os valores de referência variam entre 70% e 140%. Em 6,9% dos 87 pacientes foi detectada a deficiência da proteína S.

A interferência da anticoagulação oral ocorreu em todos pacientes, reduzindo os valores dos níveis dessa proteína. Entretanto, após a suspenção do anticoagulante oral, ocorreu a normalização.

Discussão

A prevalência da deficiência da proteína S em pacientes com trombose venosa profunda obser-vada no presente estudo foi semelhante aos da literatura.1

Tabela1

Atividade plasmática da proteína S

Avaliação laboratorial Pacientes Porcentagem

Níveis atividade < 70% 6 6,9%

Níveis atividade >70% 81 93,1%

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A investigação laboratorial citada na literatu-ra deixa dúvidas quanto à interferência dos anti-coagulantes orais, já que um dos estudos relata que, após 15 dias, os níveis devem estar acima de 60%; entretanto, esses dados não foram confirma-dos nesse experimento, uma vez que os níveis caíram, na maioria dos trinta pacientes avaliados, para 10% a 20%, subindo para 30% a 40% durante

o tratamento.1 Após a suspensão do anticoagulante

oral, os níveis normalizaram-se para valores acima de 120%.

No presente estudo, durante a investigação dessa proteína, confirmaram-se os achados de al-guns relatos,6,7 que demonstram a interferência

sig-nificativa da warfarina nos níveis dessa proteína, contrariando outro estudo que demonstrou

dis-creta alteração.5 Estes resultados recomendam que

a sua avaliação seja realizada após a interrupção do anticoagulante oral, principalmente quando se avalia a atividade biológica.

A deficiência da proteína S tem sido associa-da em pacientes com trombofletite superficial de repetição, úlcera de perna, doença de Mondor e com os anticorpos anticardiolipina.12-14

No tratamento da deficiência da proteína S, a heparina é usada na fase aguda da trombose, en-quanto na manutenção ela pode ser mantida ou optar pela warfarina a longo prazo. Entretanto, os cuidados relacionados com as complicações warfarínicas nesses pacientes devem ser analisa-dos. É importante a investigação dos familiares para que se possam detectar os indivíduos em risco e, posteriormente, orientá-los sobre os perigos que poderão enfrentar, principalmente quando forem expostos a outros fatores de risco para trombose, como, por exemplo, a realização de uma cirurgia. A anticoagulação por tempo indeterminado não é de consenso, porém deve ser avaliada e definida em cada caso de acordo com as circuns-tâncias em que se encontra cada paciente e em cada fase de sua vida.

Conclusões

Conclui-se que a prevalência da deficiência da proteína S em uma amostra de população bra-sileira é semelhante à observada na literatura.

A anticoagulação oral pode interferir nos re-sultados da avaliação plasmática dessa proteína, sendo recomendada a sua investigação após a sus-pensão da anticoagulação oral.

Abstr act

The pri mary objecti ve of thi s study was to evaluate the pr evalence of Pr otein S deficiency in patients suffering fr om deep venous thr ombosis. As a secondary objective the i n ter fer en ce of or al an ti coagu l ati on du r i n g tr eatmen t was stu di ed. Forty-seven female an d 40 male pati en ts wi th ages ran gi n g fr om 17 to 56 an d a mean age of 36.6 years, who pr esen ted wi th deep ven ous thr ombosi s of the lower li mbs, wer e studi ed. Di agn osi s of deep ven ous thr ombosi s was made usi n g a duplex doppler scan an d in cases of doubt the r esults wer e con fi r med by phlebology. Measur emen t of the pr otei n S con cen tr ati on s w as per for m ed by the coagu lometr i c method, that i s, by evalu ati n g the bi ologi cal acti vi ty. The blood samples wer e collected on e m on th a f ter th e su spen si on of or a l a n ti -coagulation tr eatment in all patients. In thirty patients blood samples wer e also taken during anticoagulation tr eatm en t. A total of 6.9% of the pati en ts w er e con fi r med, wi th two con secuti ve measur emen ts, as havi n g pr otei n S defi ci en cy. The evaluati on s of the 30 pati en ts du r i n g tr eatmen t all demon str ated a r educti on i n the con cen trati on s of thi s pr otei n . We con cluded that the pr evalen ce of pr otei n S defi ci en cy i n our study was si mi lar to the pr evalen ce observed i n other publi cati on s. We also saw that the most r eli able ti m e to i n vesti ga te pr otei n S l evel s i s a fter th e suspen sion of oral an ticoagulan t tr eatmen t. Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(4):219-222.

Key wor ds: Pr otei n S defi ci en cy; Deep ven ou s thr ombosi s.

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Avali ação:

Editor e dois revisores externos

Con fli to de i n ter esse: não declarado

Recebi do: 15/04/2003

Acei to após modi fi cações: 07/11/2003

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