• Nenhum resultado encontrado

O caso Coopermed: estudo do grau de participação dos seus cooperados

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "O caso Coopermed: estudo do grau de participação dos seus cooperados"

Copied!
112
0
0

Texto

(1)

1200101404

li 11111111111111111111111111111111111111

Pãgina de Avaliação

@

o

CASO COOPERMED

Estudo do Grau de Participação dos seus Cooperados

..•

Banca Examinadora

Prof. Orientador: Djair Picchiai

Prof. Ana Maria Ma'lik

(2)

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

JAIME LUSQUINHOSLESSA

o

CASO COOPERMED

Estudo do Grau de Participação dos seus Cooperados

11111111

1200101404

Díssertação apresentada ao Curso de

Pós-Graduação da FGV/EAESP

Área de Concentração: Administração

Hospitalar e Sistema de Saúde como

requisito para obtenção de título de

mestre em Administração.

Fundação Getulio Varga5 Escola de Administração .

V deEmprnsa5 de sao Paulo : Biblioteca

Orientador: Prof. Djair Picchiai

(3)

. I

I

b::.a

d.

Adr.r.iniatroçio

t.o

ç

lm[Jl<'.oIlfl

4& São

_

...

Paulo

...•.

Óat~ h:o á. (''han.-lÓl'

O~.O5

bN.t~t8~)

L~~2c.

Tom~o

~~

.

i~GV2(J}1

e.

1-SP-00021810-7

"

'"

~~

..•."

",

(4)

EAESP/FGV -

MESTRADO

1/110

AGRAD.ECIMENTOS

Este

trabalho

que

ocupou

dois

anos

de

pesquisa

sobre

cooperativismo

médico, em particular sobre a Coopermed

-Cooperativa Médica, onde contatamos profissionais médicos de

.

várias especlalldades, durantê seus turnos de serviço em hcspltals,

clínicas, consultórios, tornou-se possível com o apoio do Prof. OJair

Picchiai, meu orientador nesta pesquisa, aos meus pais, pelo

estímulo continuado durante todo o tempo, aos quais apresentamos

nossos sinceros agradecimentos.

Finalmente, queremos agradecer também às demats pessoas que

nos ajudaram durante a execução deste trabalho, dando-nos o

incentivo necessâno, ,:principalmentenos momentos '(r:Iaisdifíeeis.

(5)

EAESP/FGV -

MESTRADO

2/110

RESUMO

o

estudo consiste em levantar o grau de participação

dos cooperados

dentro de uma cooperativa

singular,

no caso a Coopermed,

afim de

obter uma amostra da prática do cooperativismo

na Área Médica no

município de Salvador.

PALAVRAS-CHAVES

Cooperativismo,

participação,

envolvimento,

cooperado,

cooperativas,

ramos

do cooperativismo,

administração

cooperativista,

legislação

cooperativista,

cooperativismo

no Braslt.

ABSTRACT

The research consists in studying a medicai cooperative

organization,

Coopermed,

which is a simple cooperative

association

in order to

identifythe

levei of participation

of íts members

KEYWORDS

(6)

EAESP/FGV -

MESTRADO

3/110

SUMÁRIO

I.

INTRODUÇÃO

4

11. JUSTIFICATIVA

5

111.

OBJETIVOS

6

IV.

REFERENCIAL TEÓRICO

8

V.

METODOLOGIA

43

VI. RESULTADOS

50

VI.

CONSIDERAÇÕES

SOBRE AS HIPÓTESES

65

VII.

CONCLUSÃO

67

VIII.

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

72

(7)

EAESPIFGV -

MESTRADO

4/110

COOPERATIVAS DE TRABALHO MÉDICO:

PESQUISA DO COOPERATIVISMO

NA ÁREA MÉDICA

NO MUNiCíPIO DE SALVADOR

AS ORGANIZAÇÕES

COOPERATIVISTAS

I.

INTRODUÇÃO

As cooperativas têm sido centro das atenções nos últimos anos,

sobretudo em função das mudanças no mercado de trabalho. Artigos

em Jornais e revistas muitas vezes enaltecem suas características

como organização e afirmam as benesses que esta ascendente forma

associativa de produção pode agregar ao nosso sistema capitalista

concentrador de renda.

o

presente estudo pretende pesquisar a participação das pessoas

engajadas neste tão defendido tipo de organização.

Procura-se

comprovar ainda através de pesquisa em uma cooperativa específica

o quanto os cooperados, no caso em questão, os médicos, estão

participando das decisões destas associações às quais estão ligados

e pelas quais, finalmente, são responsáveis.

o

levantamento das informações foi feito de modo objetivo através de

entrevistas abordando o nível de participação dos associados nas

assembléias e nas votações, segundo a perspectiva destes próprios

profissionais e daqueles que ocupam cargos em entidades relevantes

(8)

EAESP/FGV -

MESTRADO

5/110

11. JUSTIFICATIVA

Apesar de muito se falar sobre cooperativa temos pouco de crítico escrito

a respeito, alguns autores se restringem a separá-Ias em cooperativas de

fato e as por eles chamadas de pseudo cooperanvas

ou "gato

cooperativas".

Nas "gatocooperativas", os trabalhadores não são informados a respeito

dos seus direitos obrigações como cooperados. Nestas, a remuneração

dos cooperados varia conforme os limites do que interessa aos "donos".

Contribuições potenciais do Estudo

em

nfvel teórico

Um estudo informativo das organizações cooperativas traria uma visão

mais

realista

destas

organizações,

proporcionando

assim

um

aprofundamento em seus aspectos administrativos. Isto poderá elucidar a

necessidade de aprimorar a democratização do processo decisório nas

cooperativas, ampliando desta forma o controle do processo decisório

pelos seus afiliados.

Contribuições potenciais do estudo

em termos

práticos

A possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade

(9)

EAESP/FGV -

MESTRADO .

6/110

através deste levantamento que se vislumbrará o que uma cooperativa

pode realizar pelos seus cooperados ou o que na verdade os cooperados

podem realizar por eles mesmos.

A realidade pode ser modificada a partir da visão que temos dos

problemas que nos cercam. O conhecimento éimpulsionador de reformas

e esta poderá ser a maior contribuição prática deste trabalho.

Relevância social do estudo

Estudar as cooperativas em um mundo globalizado é uma forma de

esclarecer como o trabalho está se organizando nestas sociedades. O

conhecimento desta organização poderá auxiliar na avaliação do que é

positivo para a sociedade e o que não deve ser incentivado em termos de

modo de produção e geração de renda.

111.

OBJETIVOS

FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Este trabalho tem por objetivo levantar o grau de participação dos

cooperados dentro de uma cooperativa médica do município de Salvador.

(10)

EAESP/FGV

-

MESTRADO

7/110

há 11 anos, que presta serviços a diversos estabelecimentos

da Área de

Saúde no munícíplo e que tem em torno de 1200 associados.

Este Estudo de Caso poderá suscitar alguns aspectos do controle e do

processo decisório dentro deste tipo de organização que tem sido alvo de

inúmeras matérias e publicações nos últimos anos, em função da questão

do emprego e do clamor peta melhoria nas condições de trabalho e

renda, em muitas das áreas deste mercado.

Procurar-se-á

mostrar visões de profissionais

da área de saúde para

ilustrar o grau de participação do cooperado, utilizando-se

indicadores

tais como

grau de informação

dos cooperados

médicos

quanto

à

cooperativa, e os graus de participação e satisfação destes associados.

DELI.MITAÇÃO

ESPACIAL

Considera-se o Estudo de Caso um primeiro passo para a criação de

uma

plataforma

de desenvolvimento

de conhecimento

sobre

estas

sociedades.

A Coopermed foi escolhida como objeto do estudo de caso por ser uma

cooperativa

médica já consolidada

no município

e por ser, após a

Unímed',

a segunda

maior

em número

de associados

em âmbito

estadual.

OBJETIVO GERAL

o

objetivo geral do trabalho é estabelecer

o grau de participação

do

cooperado médico em uma organização cooperativa específica.

1A Unimed fOi considerada por este autor como inadequada para este tipo de estudo por se tratar de \.

(11)

EAESP/FGV -

MESTRADO

8/110

Pretende-se verificar o grau de conhecimento dos cooperados quanto a

estrutura organizacional das cooperativas, dos estatutos e da legislação

que rege todas as sociedades cooperativas. Além disto, estudar-se-á

quais as possibilidades de aprimoramento profissional do médico

cooperado e como a sua participação na cooperativa afeta seu perfil

profissional.

IV. REFERENCIAL TEÓRICO

1.

CONCEITOS DO COOPERATIVISMO

1.1. Conceito de Cooperativas

As sociedades cooperativas, regulamentadas pela

lei

de nO5.674, de

16-12-1971, são "sociedades de pessoas, com forma, natureza jurídica

próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para

prestar serviços aos associados...", Sob a luz desta definição, a

cooperativa

é

a união de profissionais ou de trabalhadores associados

por livre iniciativa a fim de produzir, comercializar ou prestar serviços de

forma não conflitante com os objetivos gerais da sociedade cooperativa.

Na verdade, segundo Wilson

Alves

Poíõnío",

as

peculiaridades

econômicas e jurídicas na sociedade cooperativa têm tomado difícil

definir precisamente esse tipo

sul generis

de sociedade. Autores como

(12)

EAESP/FGV -

MESTRADO

9/110

Waldério Bulgarelli

3

ressaltam que "as dificuldades iniciais dessa

conceituação decorreram, em grande parte, de terem sido as definições

formuladas por economistas e com o sentido de realçar a supressão do

intermediário e o aspecto não lucrativo da atividade cooperativa,

elementos que por si só não eram capazes de conferir originalidade

à

cooperativa, deixando margem de confusão com outras sociedades".

BulgareHilembra que "por outro lado, essas dificuldades eram auferidas

pelo fato de as cooperativas, atuando nos mais variados setores da

atividade humana, se dividirem e subdividirem em inúmeros tipos e

categorias".

Já Carlos Alberto Ramos Soares de Oueíroz" observa que "essa nova

relação de trabalho é diferente daquelas que, normalmente, estariam

acostumadas a gerenciamento, ou seja, aquelas previstas no art. 442 da

CLT, que regulamenta a relação empregador/empregado através do

contrato de trabalho. Não é, também, a relação civil de locação de

serviços, citada no art. 1.216 e seguintes do Código Civil Brasileiro".

Na realidade, a cooperativa cria uma nova relação de trabalho qualificado

quando ela congrega trabalhadores especializados e proporciona uma

remuneração exata de acordo com o desempenho profissional, mantendo

oportunidade equalitária para todos os cooperados de acordo com a

competência e perfil de cada um..Ainda segundo Oueíroz", "a cooperativa

faz a conexão entre o trabalhador e o mercado sem procurar lucro. O

cooperativismo procura proteger a economia dos trabalhadores e se

caracteriza por garantir a participação mais ampla possível da população

nos frutos da atividade econômica".

3BULGARELLI, Waldério. Elaboração do Direito Cooperativo. São Paulo: Atras, 1967, p.30

4QUEIROZ, Carlos Alberto Soares de. Manual. da Cooperativa de Serviços e Trabalho. São Paulo: STS,

1997, p.19-20.

(13)

EAESP/FGV -

MESTRADO

10/110

Polônío"

define bem a cooperativa quando diz que apesar das

"dificuldades em se definir a sociedade cooperativa, o certo

é

que seu

objetivo, em última instância,

é

proporcionar vantagens econômicas a

seus membros, à medida que:

a) Racionaliza os gastos comuns, tornando mais eficientes seus

resultados;

b) Reforça o poder da barganha com o mercado, ao unir a

capacidade econômica e finance'ira dos cooperados numa só

entidade;

c) Elimina os intermediários, reduzindo o custo de aquisição de

produtos de consumo dos cooperados

elou

possibilitando a

colocação dos produtos elou serviços no mercado por preços

mais competitivos; e

d) Permite controte de qualidade mais eficiente sobre os produtos

adquírídos elou produzidos peJacooperativa do que aquele que

seria exercido pelos cooperados. individualmente".

1.1.a.

Princípios do Cooperativismo

(14)

EAESP/FGV -

MESTRADO

11/110

trabalhadora, causadas pelas mudanças trazidas

pela Revolução

Industrial. Foi mais precisamente em Manchester, na Inglaterra, que 28

tecelões, que haviam perdido seus cargos para as primeiras empresas

emergentes

da

Revolução

Industrial,

criaram

uma

associação

cooperativa. Nesta ocasião, foi idealizado o cooperativismo, seguindo

normas de organização e princípios que além de servir como modelo

cooperativista serviu ainda como base filosófica para o movimento.

Os princípios de Rochadale, como ficaram conhecidos, são os seguintes:

a) Adesão

voluntária

e 'livre - Pode ingressar numa cooperativa

qualquer pessoa, independentemente de raça, credo ou cor,

desde que partilhe os objetivos comuns e obedeça ao Estatuto

Social criado e aprovado pelo grupo. Este princípio propicia

assim um ambiente favorável às discussões de interesse

coletivo do grupo.

b) Gestão democrática pelos sócios - É através da autogestão

na cooperativa que o associado exerce a direção e a

fiscalização

da

entidade.

As

decisões

devem

sempre

representar a vontade da maioria.

c) Singularidade do voto - Na cooperativa cada associado tem

um voto, independentemente do número de cotas que possua.

Garante-se,

desta

forma,

direitos

iguais

aos

afiliados

independentemente de sua situação econômica, política e

(15)

EAESP/FGV -

MESTRADO 12/110

d) Educação - Formação constante - as cooperativas promovem

a formação

intelectual

permanente dos

seus membros,

representantes e da comunidade na qual operam. a fim de que

contribuam

efetivamente

para

o

desenvoMmento

das

cooperativas. Oeve-se também diwlgar

para o público a

doutrina cooperativista e os seus objetivos.

e) Participação

econômica

dos membros -

Os associados

contribuem de forma eqüitativa para o capital da cooperativa e

têm o contro'e democrático do mesmo. Como organização

econômica, a cooperativa tem receitas e despesas, podendo ter

resultados positivos (lucro) ou negativos (perdas), ambos

distribuídos

ou

suportados

pelos

membros

de

forma

proporcional às operações dos cooperados.

f) Intercooperação

-

É através da troca de informações e

experiências entre cooperativas que o movimento cooperativista

se fortalece. Com o trabalho em conjunto, em âmbito regional,

nacional e internacional, as cooperativas obtêm melhores

resultados econômicos.

g) Preocupação e interesse pela comunidade - Em vista de

seus

princípios,

conclui-se

que

o

cooperativismo

é

fundamentalmente humanista nos seus interesses e aspirações.

(16)

EAESP/FGV -

MESTRADO

13/110

1.1.b. Órgãos e Organizações do Cooperativismo

As entidades representativas dos interesses do Cooperativismo Brasileiro

são as seguintes:

OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras

A Organização das Cooperativas Brasileiras, a

oca.

tem como tarefa a

representação formal e política do Sistema Cooperativista Nacional.

Trata-se de uma sociedade civil, com sede em Brasília, estruturada

através da

lei

nO5674 de 16-12-1971

7

criada para uma função

lécnico-consultiva

que

é

desempenhada

conforme

seu

estatuto,

cujas

características principais passamos a relatar.

A cada três anos, a OC8 tem o seu corpo diretor eleito democraticamente

pelo conjunto de OCEs - Organização das Cooperativas do Estado. A

aCE é um conjunto de cooperativas singulares, centrais e federações de

cada unidade federativa, e tem essencialmente as mesmas finalidades da

aCB. No Estado da Bahia, é a aCES o órgão representativo do

Cooperativismo, filiada a OC8.

Ilustra-se a representação do sistema nacional de Cooperativismo

através do quadro a seguir:

(17)

EAESPIFGV -

MESTRADO

14/110

(18)

EAESP/FGV -

MESTRADO

15/110

Estrutura

administrativa

da OCB

A Assembléia Geral Ordinária deste órgão formada pelos presidentes das

OCEs realiza a eleição do Conselho: Diretor, composto, por sua vez, de

um presidente e seis vice-presidentes e do Conselho Fiscal -integrado

por três efetivos e três suplentes, todos com mandato de três anos.

o

Conselho Diretor contrata um superintendente que tem sob sua égide a

seguinte estrutura:

a) Departamento

1. Administração e Finance'iro-

DAF

2. Educaçã.o e Comunicação - DECOM

3. Técnico DETEC

b) Assessorias

1.

'Internacional

2. Jurídica

3. Parlamentar e Relações Públicas

c) Conselhos Especializados

1.

Consumo;

2. Crédito;

3. Educacional;

4. Eletrificação e telefonia rural;

5. Garimpo;

6. Habitacional;

7. PRODECER; e

(19)

EAESPIFGV -

MESTRADO

16/110

Estrutura de Serviços da OCB

Para o cumprimento efetivo de suas funções "em âmbito nacional,

a

aCB

dispõe de uma estrutura de serviços nas seguintes áreas

e

com os

respectivos objetivos:

a) Banco de Dados - supre todo o sistema aCB com informações

anualmente atualizadas, referentes a todas as cooperativas

orasüeíras;

b) Organização do Quadro Social - com o objetivo de garantir

decisões conscientes e democráticas na linha de autogestão,

promove, através da ação e reflexão permanente, a ação

partlcípatlva do quadro social;

c) Capacitação - proporciona aos funcionários técnicos e dirigentes,

através

de

cursos, seminários e oficinas de estudos, capacitação

profissional ecooperatlvlsta;

d) Comunicação -" divulga informações políticas, propostas, metas e

conquistas do cooperativismo;

e) Autoges"tão - coordena o programa nacional de autoqestão e

auxilia os Estados na coordenação e execução dos mesmos

programas em âmbito estadual;

1)

Assessoria Jurídica - orienta as cooperativas, as aCEs e a aCB

(20)

EAESP/FGV -

MESTRADO

17/110

g) Assessoria

Parlamentar

- subsidia os representantes

políticos,

especialmente a Frente Parlamentar Cooperativista., para a defesa

dos interesses do sistema cooperativista.

h) Departamento

Técnico

e 'Econômico

-

prover respaldo

aos

pleitos de característica

econômica junto ao Governo Federal e

elabora análises estruturais

centradas

nas principais

áreas da

OCB;

i)

Assessoria

Internacional

- promove e agiliza os contratos do

sistema cooperativista nacional com os organismos internacionais

oficiais e privados, com organizações

cooperativistas

e, outros

países e ainda acompanha a negociação no GATT e Mercosul;

j)

Departamento

Administrativo

e Financeiro

- orienta e viabiliza

sob o aspecto econômico o sistema produtivo da organização;

k) Marketing

e Produtos

-

cria e desenvolve

novos

produtos

gráficos para serem colocados no mercado e implementa alquns já

existentes no sistema;

I)

Editora e Gráfica - presta serviços gráficos para as cooperativas,

as OCEs, a OCB e para outras entidades fora do sistema e ainda

edita

,publicações

fundamentais

como

o

"Anuário

do

Cooperativismo

Brasileiro",

a

"Agenda

OCB"

e

fcrmulános

padronizados;

m) Conselhos

Especializados

-

organizados

por

segmentos

(21)

EAESP/FGV -

MESTRADO

18/110

buscando soluções e auxiliam ao conselho diretor visando ampliar

a eficiência e uniformidade das ações da OCB.

Entidades de Apoio

o

sistema cooperativista nacional dispõe de organizações especializadas

na prestação de serviços específicos, em especial nos setores de

auditoria e consultoria tais como a ASSOCENE - Associação de

Orientação às CooperatIvas do Nordeste, em Recife PE; o ITEC

-Instituto Técnico das Cooperativas, em Florianópolis - SC; e o FORMA

COOP, na Região Sul.

Em 1990, através do Decreto Legislativo de nO06, de 10.05.1990,

criou-se o Departamento de Cooperativismo e Associalismo - o DENACOOP,

com o objetivo de criar e desenvolver atividades ligadas com o

cooperativismo.

Este

órgão

está

subordinado

ã

Secretaria

do

Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e

da Reforma Agrária (CapoXIII, art.92, inciso

111

da Lei nO5.674/71)

Desde 1999, o Cooperativismo nacional conta com o Serviço Nacional de

Aprendizagem do Cooperativismo - o SESCOOP. Presente em 27

estados brasileiros, a sua área de atuação é a formação profissional dos

funcionários e dirigentes, bem como ações de caráter social dos

cooperados e familiares, trazendo implementas para as comunidades nas

quais operam as cooperativas.

No âmbito internacional, tem-se em 1985 a fundação da ACI - Aliança

(22)

EAESPIFGV -

MESTRADO

19/110

nãogovernamenta1

com representatividade mundial que criasse e

intensificasse o intercâmbio entre as cooperativas em todo o mundo na

área educativa e técnica.

o

Cooperado - Deveres e Direitos

Os deveres do cooperado têm início a partir da assinatura do livro de

matricula, enquanto for associado e mesmo depois de seu (possível)

desligamento. Os deveres mencionados a seguir referem-se apenas ao

relacionamento cooperado/cooperativa:

a) operar com a cooperativa;

b) ser

fiel

à

cooperativa;

c) integralizar as cotas;

d) participar das assembléias, com voz e voto;

e) acatar as decisões da maioria;

1)

aceitar os cargos de direção que lhe forem designados;

g) zelar pelo patrimônio da cooperativa;

h) ter conhecimentos das normas e estatutos;

i)

fornecer

à

cooperativa as informações necessárias enquanto

associado;

j)

zelar pela integração da cooperativa ao cooperatívlsmc;

k) estudar o cooperativismo.

Segundo a vlsão de autores como IRJON

9

,

pode-se separar os direitos

do cooperado em dois grupos: sociais e operacionais. Os primeiros

(23)

EAESP/FGV -

MESTRADO

20/110

garantem aos .afiliados sua participação nas decisões e na elaboração

das

polltícas

adotadas

peta

cooperativa,

enquanto

os

direitos

operacionais

emergem

do usufruto

dos serviços

das cooperativas.

Seriam os seguintes os principais direitos sociais:

a) votare ser votado;

b) indicar nome (s) para cargos;

c) participar, após convocação, das assembléias;

d) sugerir modificações nos Estatutos;

e) sugerir o roteiro das sobras ou perdas;

f) convocar, juntamente com outros afiliados, a assembléia geral;

g) solicitar dos dirigentes esclarecimentos;

h) votar a destituição de dirigentes;

i) ser tratado de forma igual em relação aos outros sócios;

j)

recorrer à assembléia das decisões de administração ou quando

por esta for eliminado da cooperativa

I) agir

entre

os

administradores

para

promover

sua

responsabilidade;

m) requerer leqalmente a 'liquidação da cooperativa;

n) examinar os livros da cooperativa;

o) demitir-se.

Quanto aos direitos operacionais do cooperado, destacam-se:

a) Participar das operações de cooperativa;

b) usufruir dos seus serviços;

c) participar do rateio das sobras quando houver;

d) transferir suas quotas para outro afmado da mesma cooperativa;

(24)

EAESP/FGV -

MESTRADO

21/110

Neste estágio, parece-nosadequado

abordar os dispositivos

legais que

regem o cooperativismo nacional e que constituíram, na realidade, a base

para a formulação dos deveres e direitos do cooperado.

2.

ASPECTOS

LEGAIS DO COOPERATIVISMO

2.1 Evolução Histórica da Legislação Cooperativa Brasileira - Um

breve relato.

Embora

os

primeiros

dispositivos

legais

referentes

à

atividade

cooperativista

sejam datados já do início do século XX

10,

estes eram

muito modestos como regulamentadores

de uma atividade

tão

rica. Foi

em 1932 com a promulgação do decreto de nO22.239 que tomou corpo a

forma1ização legal da atividade cooperativista

no Brasil, visto que este

decreto trata das características

das cooperativas

e dos princípios

doutrinários.

Este decreto garantiu ainda às cooperativas

uma relativa

margem

de

liberdade

de

formação

e

funcionamento,

além

de

determinados

incentivos

fiscais.

Por diversas

vezes foi revogado

e

restabelecido

com pequenas alterações

e permaneceu

em vigor até

1966. Neste mesmo ano, a ativfdade cooperativista

sofre um maior

controle do Estado perdendo muitos dos incentivos fiscais.

Em

16

de dezembro de

1971,

com o advento da lei n°

5.764,

finalmente

promulgou-se o novo dispositivo legal do Cooperativismo

que, apesar de

10A primeira lei brasileira que mencionou o Cooperativismo foi o Decreto de

na

979 de 06 de janeiro de

(25)

EAESPIFGV -

MESTRADO

221110

não regulamentado, permanece em vigor já que nos seus aspectos gerais

não contradiz o texto da Constituição Federal de

1988

11.

2.2 A Lei

5.764/71:

Aspectos

Essenciais

A Lei

5.764/71

definiu o regime jurídico da sociedade cooperativa

e é

composto por

18

Capítulos. Aqui estão expostos apenas os aspectos

considerados por este autor como sendo os mais relevantes.

a)

Da Polftica Nacional do Cooperativismo -

neste item o Governo

compromete-se

a prestar assistência

técnica ao cooperativismo

bem

como dar-lhe estímulos financeiros e créditos especiais.

b)

Das Sociedades Cooperativas -

define-se a entidade cooperada

bem como suas características. Vários autores Como Pinh0

12

e Polõnlo'"

fazem

ressalvas

à

expressão

utilizada

ao

definir

a natureza

da

cooperativa enquanto sociedade. O texto da Lei diz que "as cooperativas

são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica

14

próprias, de

natureza civH, não sujeitas

à

falência ...", À primeira

vista,

pode-se

entender

que

a cooperativa

têm

simultaneamente

duas

naturezas

diferentes (jurídica e civil) incorrendo numa incoerência e ínconslstência

Jega1.É de consenso geral que a intenção do redator seria definir a

cooperativa como uma entidade com forma jurídica própria e de natureza

civil.

11POLôNia,

w.

A (1'999),op ..cít. p.24

(26)

EAESP/FGV -

MESTRADO

23/110

Outro

aspecto

muitoimpo.rtante

neste

item

é

o

critério

da

proporcionalidade. O estatuto da cooperativa pode estabelecer critérios

de participação diferenciada dos sócios no capital social, respeitando-se

os objetivos sociais da cooperativa.

Há também a questão do rateio das despesas gerais pelos associados

que usufruem dos serviços da cooperativa. Outro aspecto que merece ser

observado é o da assistência aos associados e, quando mencionado no

estatuto, aos empregados da cooperativa. Por serem sociedades que não

visam apenas fins econômicos, as cooperativas devem proporcionar

permanentemente incentivos educacionais e sociais. Um dos meios para

tomá-los possíveis foi a criação do FATES, Fundo da Assistência

Técnica, Educacional e Social (art. nO28). Este fundo é constituído por lei

através de 5% das sobras líquidas apuradas pela cooperativa em cada

exercício.

c)

Objetivo

e

Classificação das

Sociedades Cooperativas

-estabelece um mínimo de 20 pessoas para constituir uma cooperativa e

classifica as sociedades cooperativas em três grupos de acordo com a

composição: singulares., cooperativas centrais e federações e as

confederações.

d)

Constituição

das

Sociedades

Cooperativas-

Exige-se

a

demonstração de viabilidade econômica da cooperativa,

estabelecendo-se os documentos e condições para o funcionamento. Nestes incluem-estabelecendo-se:

estimativas de negócios e serviços a serem oferecidos, previsões de

distribuição de insumos e produtos de consumo, previsão de despesas e

(27)

EAESP/FGV -

MESTRADO

24/110

e}

Livros -

trata dos livros necessários

na constituição

de uma

cooperativa como por exemplo livro de Matrícula; Livro de Registro dos

Sócios; de registros das Atas das Assembléias, etc.;

f)

Capital Social -

determina

que o capital social deverá

ser

dividido em quotas-partes cujo valor unitário não pode ser superior ao

maior salário vigente.

Com a finalidade

de evitar a concentração

do capital da associação

cooperativa em mãos de uns poucos cooperados, instituiu-se neste item

o dispositivo legal que limita o 1/3 (um terço) do total das quotas-partes

para cada associado ..

g)

Fundos -

Estabelece-se

a criação de dois fundos: o fundo de

Reserva e de Assistência Técnica, Educacional e Social.

o

Fundo de Reservas é destinado para suprir eventuais perdas e atender

às necessidades de desenvolvimento

das atividades da sociedade. Já o

Fundo

de Assistência

Técnica,

Educacional

e

Social

(FATES),

é

destinado a prestar assistência aos cooperados e seus fam i1iares e ainda

aos empregados da cooperativa quando isto for previsto pelo Estatuto.

Esta assistência é de caráter técnico, educacionar e sociat, e mantida

com, no mínimo, 5% do total das sobras líquidas do exercício.

h)

Associados

-

o ingresso na sociedade cooperativa

é livre a

todos

aqueles

que

desejarem

utilizar

os serviços

prestados

pela

(28)

EAESPIFGV -

MESTRADO

25/110

aos propósitos sociais, exceto nos casos das cooperativas onde o

excesso de associados inviabilize o funcionamento desta sociedade

o

número mínimo de indivíduos para formar uma cooperativa é de 20

pessoas físicas (cooperativa singular). As cooperativas centrais e as

confederações de cooperativas devem contar com um mínimo de

três".

Este capítulo prevê também as condições de desligamento de um sócio

da cooperativa. por demissão ou por exclusão (por infração legal ou

estatuária).

r)

Órgãos Sociais -

esta matéria dispõe sobre as normas para as

assembléias gerais e sobre a representação por delegados nas

cooperativas centrais e confederações.

Nas Assembléias, dentro dos limites legais, são deliberados os destinos

da sociedade cooperativa e as decisões ai tomadas pelos cooperados

presentes atingirão a todos os associados, ainda que ausentes ou

discordantes. É a assembléia que nomeia e destitui os membros do

Conselho de Administração e o Conselho Fiscal. As assembléias

ordinárias são realizadas anualmente e é nesta ocasião que são

apresentados para apreciação a contabilidade eos balanços.

Já as assembléias extraordinárias podem ser convocadas a qualquer

tempo e sempre que for necessário para decidir sobre assuntos de

interesse da sociedade cooperativa

j)

Fusão, Incorporação

e

Desmembramento -

a fusão é a união de

duas ou mais cooperativas para formar uma nova sociedade que as

(29)

EAESPIFGV -

MESTRADO

26/110

sucede nos direitos

e obrigações. A incorporação éa

união de uma

empresa a outra, absorvendo seu patrimônio e seus cooperados,

assumindo também seus direitos e obrigações. O desmembramento

ocorre quando uma cooperativa singular muito grande desmembra-se

voluntariamente. Tal como nos dois casos anteriores, o desmembramento

deve ser deliberado em Assembléia Extraordinária com no mínimo 2/3

dos associados presentes.

k)

Dissolução

e

Liquidação -

prevê as hipóteses nas quais podem

ocorrera dissolução e as condições para a liquidação da cooperativa.

Quando a dissolução for deliberada em

Assembléia,

esta nomeará um ou

mais liquidantes em Conselho Fiscal composto de três membros para

executar a liquidação.

I)

Sistema

Operacional

-

Define o ato cooperativo que pode

apresentar três aspectos diferentes:

1. Atos praticados entre as cooperativas e seus associados;

2. Atos praticados entre os associados e as cooperativas;

3. Atos praticados entre as cooperativas quando associadas.

É a partir desta distinção que decorrem importantes aspectos tributários.

Este capítulo dispõe ainda sobre o rateio das despesas gerais da

sociedade cooperativa, entre todos os cooperados tenham ou não

usufruído dos serviços da associação. Esta matéria dispõe ainda sobre

as condições para as operações da cooperativa com não associados,

(30)

EAESP/FGV -

MESTRADO

27/110

m)

.Fiscalização

e

Controle -

Designa olNCRA (Instituto Nacional

da Colonização e Reforma Agrária), para a fiscalização das cooperativas,

excetuando-se as cooperativas de habitação, sujeitas ao Banco Central

do Brasil.

n)

Conselho Nacional de Cooperativismo -

Órgãos Governamentais

e Representação do Sistema - o Conselho

é

o órgão responsável pela

orientação geral da

política do cooperativismo

nacional, sob a

presidência do Ministro da Agricultura., funciona frente ao INCRA. As

funções do Conselho são definidas nesta matéria. Cabe ao Ministro da

Agricultura

prover

recursos

de

apoio

ao

Fundo

Nacional

de

Cooperativismo.

o

sistema de representação de cooperativismo brasileiro está aí

estruturado e em âmbito naCiona1 cabe

à

OCB (Organização das

Cooperativas Brasileiras). Como

exposto no item 1.1.b deste estudo, a

OCB é um órgão técnico consultivo do Governo, cuja tarefa maior é a

defesa das cooperativas.

É

composto de entidades de estruturas

similares

à

sua criados em todos os Estados. Para funcionar, cada

(31)

EAESPIFGV -

MESTRADO

28/110

3.

iMERCADODE

TRABALHO

NA ÁREA MÉDICA

o

exercício da medicina evolUiu do clássico médico de consultório, à

princípio

atendendo

exclusivamente

à

clientes

particulares

e

posteriormente absorvendo também os usuários dos planos de saúde.

Os reduzidos valores de remuneração dos serviços médicos aliados aos

altos custos de manutenção dos consultórios, tomou a medicina privada

inviável para a maior parte dos médicos, como também para os

pacientes. A ausência de clientela e de condições materiais de trabalho

próprias acarretou a venda da força de trabalho médico em troca de

salário, estabelecendo-se o padrão empregador (hospitais, clinicas) e

empregado (médico).

Ocorre que os altos encargos empregatícios e o número cada vez mais

crescentes de. queixas trabalhistas e as dificuldades financeiras

enfrentadas

pelo

hospitais

públicos

e

privados

estreitaram

significativamente as ofertas de trabalho. Considera-se cada vez maior o

número de médicos recém-formados. não absorvidos pelo mercado de

trabalho.

Surge, então, no mercado outra modalidade: médicos agrupados em uma

pessoa jurídica. O excesso de impostos aliados ao exíguo tempo para

(32)

EAESP/FGV -

MESTRADO

29/110

Finalmente, desponta no horizonte do profissional médico a cooperativa

médica como uma orqanlzação que engloba médicos que recebem

honorários de diversas instituições através da cooperativa e que

participam de seu resultado financeiro.

4.

COOPERATIVISMO

NO BRASIL

Para melhor ilustrar a realidade da Cooperativa no Brasil, julgamos

oportuno

fazer um breve estudo do histórico do Cooperativismo

Brasileiro.

1.

Histórico do Cooperativismo Brasileiro

1.1.

Introdução

Em

1610,

com a fundação das primeiras organizações Jesuítas

brasileiras, dá-se o início da elaboração de uma organização cooperativa.

Durante cerca de

150

anos, esse modelo serviu como exemplo para uma

"sociedade so1idária fundamentada no trabalho coletivo, onde o bem

estar do indivíduo e da família se sobrepunha ao interesse econômico da

produção".

16

16 a Cooperativismo no Brasil, Coleção Hístõricado Cooperativismo" Editora aCB, Brasília - DF,

(33)

EAESP/FGV -

MESTRADO

30/110

Considera-se, no entanto, o ano de 1847 o marco inicial do movimento

cooperativista nacional, quando o médico francês Jean Maurice Faivre

fundou no Paraná uma colônia organizada segundo os moldes

cooperativistas, tendo como membros um grupo de europeus.

A evolução do movimento cooperativista no Brasil torna-se na realidade

mais clara ao conhecer-se os vários tipos de cooperativas existentes,

classificadas segundo o segmento, visto que cada uma teve um

desenvolvimento e características próprias com enfoques obstáculos e

êxitos distintos.

1.2 Segmentos do Cooperativismo

a)

Agropecuária

Surgiram em Minas Gerais, em 1907, as primeiras organizações

cooperativas agropecuárias com o objetivo principal de abolir os

intermediários

da

produção

agrícola

que

era

principalmente

comercializada por estrangeiros.

Atualmente, as cooperativas agropecuárias constituem o segmento mais

forte do cooperativismo no Brasil, desempenhando um papel expressivo

nas exportações e consequentemente na Balança Comercial e ainda no

suprimento de gêneros alimentícios parao mercado interno.

o

cooperativismo agropecuário atua em aspectos que vão desde a

assistência técnica armazenamento e comercialização dos produtos bem

(34)

EAESP/FGV -

MESTRADO

31/110

b) Consumo

Este tipo de cooperativa divide-se em dois subgrupos: fechadas, as quais

admitem apenas pessoas pertencentes a uma mesma profissão ou

empresa e abertas - que admitem como cooperado qualquer pessoa que

a elas queira associar-se.

Em 1887 surgiram as primeiras cooperativas de consumo em São Paulo.

Após 1960, três fatores provocaram um grande estremecimento nas

bases dessas cooperativas: a suspensão repentina da isenção tributária,

especialmente do tCM (Imposto sobre Circulação de Mercadoria), falta de

numerário, dada a inflação, para a compra de novos produtos e ainda o

aparecimento de grandes lojas de supermercados dotadas de tecnotogia

e aparato mais moderno. O impacto sobre as cooperativas de consumo

foi tão brutal que pouco mais de 10% das cooperativas existentes

à

época sobrevieram.

Atualmente, as cooperativas rurais mantêm seções de consumo como

supermercados e lojas para suprir as necessidades de seus cooperados.

Para tornar-se competitivas, as cooperativas devem efetuar compras em

comum como ocorre na Europa, para desta forma poderem oferecer

produtos com preços praticáveis e com qualidade.

c)

Crédito

Este segmento cooperativista existia em especial nas pequenas

comunidades rurais e vilas. Depósitos que recebiam uma discreta

(35)

EAESP/FGV -

MESTRADO

32/110

eram o motor destas cooperativas. Essas cooperativas tiveram grande

proliferação no Rio Grande do Sul pelos idos do ano de 1902.

Logo tomou corpo o cooperativismo de crédito popular que, consideradas

as condições brasileiras, seja talvez o modelo mais propicio para o nosso

país. Exigiam para a admissão do cooperado um pequeno numerário e

seu público alvo eram em especial os assalariados, comerciantes e

pequenos empresários.

Após décadas de embates com a legislação, as cooperativas de crédito

rural vêm apresentando um desempenho signi.ficativoem vários Estados.

d) Educacional

o

objetivo final deste segmento é o preparo educacional da criança e do

jovem, sem visar o lucro, pois o seu sucesso está na boa formação do

adolescente para enfrentar o futuro. Neste tipo de cooperativa a escola

funciona dbedecendo aos órgão legais competentes mas as contratações

e administração em geral são realizadas pelos pais dos alunos.

Existem neste segmento dois tipos de cooperativas: as formadas pelos

pais de alunos e

de alunos das Escolas Agrotécnicas Federais. No

primeiro tipo de Cooperativas de Ensino, os pais de alunos vêem uma

forma de alternativa para a desvencilhar-se da onerada rede privada de

ensino e já tem o Governo Federal como parceiro. As Escolas

Agrotécnicas Federais, que contam com o apoio do MEC, já existem em

todo o país e adotam uma legislação e orçamentos específicos, visando

(36)

EAESP/FGV -

MESTRADO

33/110

e)

Especial

Estão inclusas aí as cooperativas que agrupam indivíduos relativamente

"incapazes", tais como deficientes físicos e mentais.

f) Habitacionais

Este segmento surgiu por meio do BNH( Banco Nacional de Habitação)

no ano de 1964 visando, através da interação de órgãos públicos e da

iniciativa privada, estimular a construção de habitações, e criando linhas

financiamento para a aquisição da casa própria com o público alvo de

média e baixa renda.

Algumas dessas cooperativas tornaram-se consórcios de habitação, visto

que ocorre a sua liquidação ao cabo da construção.

g) Mineração

Criadas em 1993 com o objetivo de estimular a extração mineral.

h)

Produção

Apesar de serem em pequeno número no Brasil, estas cooperativas são

detentoras dos meios de produção.

i)

Serviços

Com a finaHdade de prestar de forma coletiva um determinado serviço, as

(37)

EAESP/FGV -

MESTRADO

34/110

expressivas deste segmento. A maior delas éa COPREL - Cooperativa

Regional de Eletrificação

Rural do .Aíto do Jacuí Ltda. cujo quadro é

composto por mais de 26.000 associados.

j)

Trabalho

Estas cooperativas são formadas por pessoas que exercem uma mesma

profissão visando melhorar a conclusão de trabalho e remuneração do

setor autônomo. Foi a partir de 1960 que este tipo de cooperativa tomou

corpo.

no campo médico que este segmento encontra o seu mais

expressivo representante a exemplo do sistema UNIMED, constituído por

cooperativas a nível municipal, estaduaf e uma nacional.

1.3 Dados da atualidade

do Cooperativismo

Brasileiro

o

processo

cooperativista

no Brasil

avança

de forma

expressiva

conforme demonstrado no quadro

17

a seguir:

Período

de Cooperativas

1.890/1949

167

195011959

348

1960/1969

762

1970/1979

1.235

1980/1989

1.986

(38)

EAESP/FGV -

MESTRADO

35/110

o

cooperativismo

nacional

é responsável

pela geração

de 167.850

empregos diretos, operando com faturamento acima de 20 bilhões de

dólares por ano. Estima-se que o sistema cooperativista seja responsável

por 10% do PIS

18.

Dá-se conta de 5.014.016 cooperados agregados aos

diversos segmentos

cooperativistas

em cerca de 6 mil cooperativas

existentes.

Em função da taxa de desemprego, as cooperativas de trabalho são as

que mais têm crescido no Brasil, representando assim um forte parceiro

do Governo na solução deste e de outros problemas sociais.

Das sociedades cooperativas

brasileiras,

segundo a OCB, 25,4% são

cooperativas

agropecuárias;

as cooperativas

de trabalho representam

29,4% das sociedades eas de crédito 16,3°A,das cooperativas.

4.1 Cooperativismo na Área Médica

o

ramo de maior dinamismo nas últimas décadas e de importância social

fundamental é o cooperativismo de saúde.

Estima-se que as cooperativas de saúde agreguem cerca de 40% dos

profissionais da área no Brasil

19

.

Isto deve-se principafmente à falta de

prioridade para uma política oficial mais efetiva para este setor no país.

18Fonte: Gazeta Mercantil, São Paulo, 28/0712000

19Fonte: Polfti.ca Institucional de Monitoramento de Autogestão das Cooperativas do Estado de São

(39)

EAESPIFGV -

MESTRADO

36/110

o

cooperativismo de saúde surgiu na década de

60

como resposta ao

crescimento

de

empresas

de

medicina

de

grupo,

que

são

intermediadoras do trabalho médico. No seu inicio, este tipo de

cooperativismo enfrentou obstáculos por falta de crédito da população e

das empresas. Aos poucos, no entanto, o cooperativismo de saúde

adquiriu o respeito do público como um importante instrumento em

defesa do interesse econômico do profissional médico e de seus clientes.

5. PARTICIPAÇÃO

5.1. DEFINiÇÃO

A história da humanidade tem revelado a tendência do homem civilizado

a sair do individualismo massificador e buscar cada vez mais

acentuadamente a participação coletiva.

A maior parte da população mundial prefere a democracia que não é

apenas. um modo de governo onde existem eleições. Democracia, tal

como

é

vista na modernidade, é um estado de espírito e um modo de

relacionamento entre pessoas, ou seja, é um "estado de participação,,20.

A idéia de participação revela ainda o desejo de um número éada vez

maior de pessoas de assumir o controle do próprio destino, ao invés de

transferi-lo a outrem. Crescem nesta década, por este motivo, as diversas

(40)

EAESPIFGV -

MESTRADO

37/110

Há, no entanto, uma lacuna, uma necessidade não satisfeita de saber em

que consiste

a participação

na estruturação

de

uma

organização

solidária.

Segundo Bordenave",

participação é "o caminho natural para o homem

exprimir sua tendência inata de realizar, fazer coisas, afirmar-se

a si

mesmo e dominar a natureza e o mundo". Este autor sugere duas bases

fundamentais

para a participação:

a efetiva

-

participamos

porque

sentimos

prazer em realizar

coisas

com outro e a instrumental

-participamos

porque realizar coisas com outras pessoas é mais eficaz

que faze-Ias sozinhos. Estas duas bases devem equilibrar-se.

Em A Nova Era da Participação

22,

McLagan e Nel, lembram que embora

participação seja um assunto antigo, ainda escreve-se livros sobre este

tema porque não é fácil "fazer a opção de pôr em prática a idéia da

participação",

apesar desta idéia estar intimamente

alinhada

com o

espírito de uma sociedade democrática.

Para estes autores, a participação "requer o reposicionamento

de todos

os membros de uma organização

em uma direção comum,,23. Numa

organização participativa, eles definem, o desempenho "concentra-se no

cliente, na agregação

de valor, nos benefícios

e na capacidade

de

satisfazer". 24

McLagan e Nel indicam que o exercício da participação

exige "uma

mudança fundamental de valores que atraia todos os envolvidos para um

21 Idem, ibidem p.21.

22MCLAGAN, Patrícia e NEL, Christo. A Nova Era da participação - O desafio de emocionar e envolver

~essoas. Rio de Janeiro: Campus,2000,316 p.

(41)

EAESPIFGV -

~STRADO

38/110

processo

compartilhado"

25.

Neste processo

deve-se

primeiramente

rejeitar os valores autoritários do podere simUltaneamente trabalhar para

desenvolver

os valores sobre os quais está baseado o exercício da

participação.

Os

principais

valorespartici;pativos

citados por McLagan e Nel são:

a) Foco no consumidor

- o significado

e importância

do

trabalho aumentam quando fica claro para: as pessoas

que o seu papel

é

satisfazer

os Clientes finais

da

organ'ização ..

b) Compromisso com o desempenho - a participação deve

ser vista como veículo para a realização de um trabalho

com qua'lidade para obter melhoria

contínua ie poder

inovar.

c) Poder, direitos e responsabilidades

compartilhadas

-a

organização participativa deve estar estruturada de modo

agaranlir

que 'todos os membros

sejam responsáveis

pelas suas ações e tenham o poder apropriado além de

terem todos os seus direitos respeitados.

d) Acesso

-

a orqanlzação

parficipativa

deve prover

as

pessoas

com

o máximo possível

de informações.

Isto

estimula

as pessoas

a resolverem

os problemas

e

implementar as idéias .. O que deve motivar os membros

de uma

organização

participativaa

comparecer

às

(42)

EAESP/FGV -

MESnUDO

, 39/110

algumaforma e não pelo cargo ou status que detêm na

orqanízação.

e) Aprendizado- a organização participativa

é

elaborada de

maneira a i'ncentivar

o

aprendizado. "As pessoas são

encorajadas a experimentarem coisas novas e fazer

coisas antigas de novas

maneiras",

Para exercer o direito

de ingressar no processo decisório

é

necessário que

todos aprendam e mantenham-se a par das questões.

5.2 TIPOS 'DE PA'RTICIPAÇÃO

Em seu estudo Bordenauve distingue entre participação espontânea e

voluntária. Como participação espontânea entende aquela que leva. as

pessoas a 'formarem grupos de vizinhos, de amigos, degangues, etc.,

sem "orqanização

estável

ou propósito claros e definidos a não ser os de

satisfazer necessidades psicológicos de pertencer, expressar-se, receber

e dar afeto; obter conhecimento e prestígio

n26

Já na participação imposta, o indivíduo

é

obrigado a fazer parte de

grupos e a realizar determínadasatlvldades consideradas indispensáveis.

Os exemplos mais comuns deste tipo de participação seria a missa

dominical dos católicos e o voto obrigatório em eleições.

Por participação voluntária entende-se o caso onde agrupo

é

organizado

e criado pelos próprios integrantes, que definem sua própria organização

(43)

EAESP/FGV -

MESTRADO 40/110

e estabelecem também, as suas finalidades e métodos de trabalho. As

cooperativas baseiam-se na participação voluntária.

No seu estudo sobre a ideologia da participação, Sílvia Maria Pereira de

Araúj

027

considera a existência de um tipo de participação especifica

para o cooperado: a participação cooperativa. Esta seria a participação

"formal dos associados, perceptível no desempenho da organização",

referindo-se a produção material ou de serviços; "a participação na

gestão da instituição" e "no processo decisório que consubstancia a

política institucional" e, enfim "a participação em forma de fruição de bens

e serviços prestados e geridos pela cooperativa".

Araújo pondera que este tipo de participação não pode ser mensurado

em termos de integração ou não em uma associação, mas em função da

intensidade e qualidade da participação na produção, gestão e usufruto

dos bens e serviços desta sociedade como um todo. (Araújo, 1982,

p.131). Lembrando que a participação cooperativa se assenta sobre

relações econômicas, Araújo sugere que a análise desta participação

deve incluir o 'Jogo das classes sociais envolvidas, classes essas cujas

condições

de

imposição

rearranjam-se em

diferentes

momentos

históricos,,28.

Segundo Araújo, ao acompanhar-se a participação formal do grupo de

cooperados, deve-se indagar em que medida os diferentes grupos de

associados tomam parte na gestão da cooperativa; verificar como os

mecanismos que permitem o acesso às decisões (a participação em

assembléias e a representatividade nos conselhos) estão ao alcance de

todos os cooperados e por eles são utilizados; como a estrutura

(44)

EAESPIFGV .•MESTRADO

41/110

organizacional

e o sistema

de distribuição

de poder

garantem

a

contribuição real dos cooperados na definição de metas e na elaboração

e execução dos planos de ação da organização.

5.3. GRAUS .DEPA'RTICIPAÇÃO

Há uma questão chave na participação numa organização ou grupo: qual

é

o grau de controle dos membros sobre as decisões?

, "...•_--,;.- _..._-~ .•..•••...-- .• ~::;s-a

...---

.... '

~ ~ ....___-. '; '. • I

51

O~RtGENTES

__ .--:-:-:--:-.--:---. '

::

~.!

=;

..,.".,

..

.

-

.

.

'- , . ----:---.: •••• ".'. . Mil!:

MSR ..•.•

'•...

,2 ;

~,.~~:.-

.."''.~.•"...".. ". ,.. '", : ...",..

1 ~.

v~.- ...: . :

i

O'

~.:

'

lO•••• I ••

J

~

'

; ..

'-.-

. :

. '.

. . .

'.

..'

.

. .'

..

i

ur~:·:·"··~

:.::.:.\ .. ---.'- ~.~:..~...

---,-_.._

'W"*'---i

tnfor-

eoo-

Ccn-

Eiut.r.o-

Co-

Dale·

AIHO-m3ç.lO

~l.Ifta

scna

r~çãol

g~Jo

gaç50

~stá'o

Qbriga-

r'!CO!T'f!n··

rÓfia

dação

o

menor grau de participação

seria o da informação.

Os dirigentes

informam os membros do grupo quanto às decisões já tomadas. Não

é

raro ouvirmos falar de casos onde as autoridades

e dirigentes

nem

sequer informam aos subordinados das decisões apenas colocam-nas

(45)

EAESP/FGV -

MESTRADO

42/110

Na consUltafacu1tativa os dirigentes podem consultar os subordinados

solicitando sugestões ou críticas que ajudem a resolver um determinado

problema. Já quando a consulta

é

obrigatória, os comandados devem ser

consultados em certos eventos. embora permaneça nas mãos dos

diretores a decisão final sobre a questão. Seria o caso da negociação

salarial entre empresário e empregado.

A elaboração/recomendação

é

o grau de participação onde os

subordinados elaboram propostas. e recomendam, sendo rejeitadas ou

aceitas pela diretoria que justifica a sua posição.

Num grau mais elevado estaria a co-gestão na qual a administração da

entidade ou grupo

é

dividida pelos "mecanismos de co-decisão e

colegialidade

n29

Nestes

casos,

os

admínístradores

influenciam

diretamente na escolha de um plano de ação e nas decisões tomadas.

o

mais aftograu

de participação

é

a autogestão. Nela o grupo ou

organização define os seus objetivos e os meios para alcançá-los e

estabelece ainda os controles pertinentes sem referência a uma

autoridade externa. Na autogestão não existe diferença entre os

administradores o os administrados. É o que ocorre nas cooperativas, a

cooperativa médica entre elas: os cooperados (administradores) se

(46)

EAESP/FGV

-

MESTRADO

43/110

V .•M.ETO.DOLOGIA

o

estudo de caso tal qual é definido por Stake

30

é o estudo da

particularidade e complexidade de um único caso. Pretende-se nesta

investigação pois, estudar ocaso

da Cooperativa singular médica

Coopermed, criada em Salvador em 1990 por 36 cooperados e que conta

hoje com 1.196 associados, movimentando cerca de 5 milhões de reais

por ano. No anexo 4 deste trabalho apresenta a

evolução

do número de

associados desta cooperativa desde a sua fundação.

Quando se pergunta "corno" e "por que", segundo Yin

31,

elege-se o

estudo de caso como conduta para pesquisa e é sob a luz deste enfoque

que analisou-se nesta investigação como se dá a participação dos

associados nesta cooperativa específica, Coopermed, e por que assim

ocorre.

Para auxiliar na compreensão de um fenômeno social complexo, o

estudo de caso como método investigativo permite a utilização de uma

variedade

de

evidências,

tais

como

entrevistas,

documentos,

observações e outros. Stake

32

e Yin

33

denominam este recurso de

"triangulação" ... No caso da Coopermed, utilizou-se três tipos de

recursos para a coleta de dados:

29 BORDENAVE, J.E. O., op.cit. p..32

30 STAKE, Robert E.,The Art of Case Study Research, Sage: USA, 1995, 175p.

31 YIN, Robert K., Case Study Research - Desing and Methods, 2aEdi, Sage Publications: Califomia,

1994, p.111.

Referências

Documentos relacionados

Assim como o percurso dessa errância se relaciona às condições atuais de espaço-tempo em que as ações acontecem, a dança tem na improvisação um

The Council of Ministers”, in Richardson, ed., European Union – Politics and Policy-making, London: Routledge. The Council

13 - O FÓRUM lutará para que os Tribunais e suas Escolas Judiciais promovam concursos públicos visando estimular a pesquisa acadêmica junto aos seus Memoriais ou

BLLOG TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO LTDA.. DE

MU (música): Formato para codificação de elementos de dados, utilizado pelo Pergamum,. para música impressa, manuscrita e microforma, assim como registros sonoros e

Pelo menos nos primeiros volumes da Enciclopédia, publica­ dos nos anos 50 do século xvm, dir-se-ia que a dita obra fornece informações de uma indústria típica

Doutorado em Associação, da Universidade Federal de Catalão, torna pública as normas para atribuição de bolsa, em conformidade com as exigências do regulamento

se integrar.” (Tradução nossa).. 41 Em entrevista 31 , Ernaux explica que, inicialmente, quando se propôs a escrever uma narrativa da memória coletiva, não tinha a intenção