1200101404
li 11111111111111111111111111111111111111
Pãgina de Avaliação
@
o
CASO COOPERMED
Estudo do Grau de Participação dos seus Cooperados
..•
Banca Examinadora
Prof. Orientador: Djair Picchiai
Prof. Ana Maria Ma'lik
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
JAIME LUSQUINHOSLESSA
o
CASO COOPERMED
Estudo do Grau de Participação dos seus Cooperados
11111111
1200101404
Díssertação apresentada ao Curso de
Pós-Graduação da FGV/EAESP
Área de Concentração: Administração
Hospitalar e Sistema de Saúde como
requisito para obtenção de título de
mestre em Administração.
Fundação Getulio Varga5 Escola de Administração .
V deEmprnsa5 de sao Paulo : Biblioteca
Orientador: Prof. Djair Picchiai
. I
I
b::.a
d.
Adr.r.iniatroçio
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Paulo
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e.
1-SP-00021810-7
"
'"
~~
..•."",
EAESP/FGV -
MESTRADO1/110
AGRAD.ECIMENTOS
Este
trabalho
que
ocupou
dois
anos
de
pesquisa
sobre
cooperativismo
médico, em particular sobre a Coopermed
-Cooperativa Médica, onde contatamos profissionais médicos de
.
várias especlalldades, durantê seus turnos de serviço em hcspltals,
clínicas, consultórios, tornou-se possível com o apoio do Prof. OJair
Picchiai, meu orientador nesta pesquisa, aos meus pais, pelo
estímulo continuado durante todo o tempo, aos quais apresentamos
nossos sinceros agradecimentos.
Finalmente, queremos agradecer também às demats pessoas que
nos ajudaram durante a execução deste trabalho, dando-nos o
incentivo necessâno, ,:principalmentenos momentos '(r:Iaisdifíeeis.
EAESP/FGV -
MESTRADO2/110
RESUMO
o
estudo consiste em levantar o grau de participação
dos cooperados
dentro de uma cooperativa
singular,
no caso a Coopermed,
afim de
obter uma amostra da prática do cooperativismo
na Área Médica no
município de Salvador.
PALAVRAS-CHAVES
Cooperativismo,
participação,
envolvimento,
cooperado,
cooperativas,
ramos
do cooperativismo,
administração
cooperativista,
legislação
cooperativista,
cooperativismo
no Braslt.
ABSTRACT
The research consists in studying a medicai cooperative
organization,
Coopermed,
which is a simple cooperative
association
in order to
identifythe
levei of participation
of íts members
KEYWORDS
EAESP/FGV -
MESTRADO3/110
SUMÁRIO
I.
INTRODUÇÃO
4
11. JUSTIFICATIVA
5
111.
OBJETIVOS
6
IV.
REFERENCIAL TEÓRICO
8
V.
METODOLOGIA
43
VI. RESULTADOS
50
VI.
CONSIDERAÇÕES
SOBRE AS HIPÓTESES
65
VII.
CONCLUSÃO
67
VIII.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
72
EAESPIFGV -
MESTRADO4/110
COOPERATIVAS DE TRABALHO MÉDICO:
PESQUISA DO COOPERATIVISMO
NA ÁREA MÉDICA
NO MUNiCíPIO DE SALVADOR
AS ORGANIZAÇÕES
COOPERATIVISTAS
I.
INTRODUÇÃO
As cooperativas têm sido centro das atenções nos últimos anos,
sobretudo em função das mudanças no mercado de trabalho. Artigos
em Jornais e revistas muitas vezes enaltecem suas características
como organização e afirmam as benesses que esta ascendente forma
associativa de produção pode agregar ao nosso sistema capitalista
concentrador de renda.
o
presente estudo pretende pesquisar a participação das pessoas
engajadas neste tão defendido tipo de organização.
Procura-se
comprovar ainda através de pesquisa em uma cooperativa específica
o quanto os cooperados, no caso em questão, os médicos, estão
participando das decisões destas associações às quais estão ligados
e pelas quais, finalmente, são responsáveis.
o
levantamento das informações foi feito de modo objetivo através de
entrevistas abordando o nível de participação dos associados nas
assembléias e nas votações, segundo a perspectiva destes próprios
profissionais e daqueles que ocupam cargos em entidades relevantes
EAESP/FGV -
MESTRADO5/110
11. JUSTIFICATIVA
Apesar de muito se falar sobre cooperativa temos pouco de crítico escrito
a respeito, alguns autores se restringem a separá-Ias em cooperativas de
fato e as por eles chamadas de pseudo cooperanvas
ou "gato
cooperativas".
Nas "gatocooperativas", os trabalhadores não são informados a respeito
dos seus direitos obrigações como cooperados. Nestas, a remuneração
dos cooperados varia conforme os limites do que interessa aos "donos".
Contribuições potenciais do Estudo
em
nfvel teórico
Um estudo informativo das organizações cooperativas traria uma visão
mais
realista
destas
organizações,
proporcionando
assim
um
aprofundamento em seus aspectos administrativos. Isto poderá elucidar a
necessidade de aprimorar a democratização do processo decisório nas
cooperativas, ampliando desta forma o controle do processo decisório
pelos seus afiliados.
Contribuições potenciais do estudo
em termos
práticos
A possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade
EAESP/FGV -
MESTRADO .6/110
através deste levantamento que se vislumbrará o que uma cooperativa
pode realizar pelos seus cooperados ou o que na verdade os cooperados
podem realizar por eles mesmos.
A realidade pode ser modificada a partir da visão que temos dos
problemas que nos cercam. O conhecimento éimpulsionador de reformas
e esta poderá ser a maior contribuição prática deste trabalho.
Relevância social do estudo
Estudar as cooperativas em um mundo globalizado é uma forma de
esclarecer como o trabalho está se organizando nestas sociedades. O
conhecimento desta organização poderá auxiliar na avaliação do que é
positivo para a sociedade e o que não deve ser incentivado em termos de
modo de produção e geração de renda.
111.
OBJETIVOS
FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Este trabalho tem por objetivo levantar o grau de participação dos
cooperados dentro de uma cooperativa médica do município de Salvador.
EAESP/FGV
-
MESTRADO7/110
há 11 anos, que presta serviços a diversos estabelecimentos
da Área de
Saúde no munícíplo e que tem em torno de 1200 associados.
Este Estudo de Caso poderá suscitar alguns aspectos do controle e do
processo decisório dentro deste tipo de organização que tem sido alvo de
inúmeras matérias e publicações nos últimos anos, em função da questão
do emprego e do clamor peta melhoria nas condições de trabalho e
renda, em muitas das áreas deste mercado.
Procurar-se-á
mostrar visões de profissionais
da área de saúde para
ilustrar o grau de participação do cooperado, utilizando-se
indicadores
tais como
grau de informação
dos cooperados
médicos
quanto
à
cooperativa, e os graus de participação e satisfação destes associados.
DELI.MITAÇÃO
ESPACIAL
Considera-se o Estudo de Caso um primeiro passo para a criação de
uma
plataforma
de desenvolvimento
de conhecimento
sobre
estas
sociedades.
A Coopermed foi escolhida como objeto do estudo de caso por ser uma
cooperativa
médica já consolidada
no município
e por ser, após a
Unímed',
a segunda
maior
em número
de associados
em âmbito
estadual.
OBJETIVO GERAL
o
objetivo geral do trabalho é estabelecer
o grau de participação
do
cooperado médico em uma organização cooperativa específica.
1A Unimed fOi considerada por este autor como inadequada para este tipo de estudo por se tratar de \.
EAESP/FGV -
MESTRADO8/110
Pretende-se verificar o grau de conhecimento dos cooperados quanto a
estrutura organizacional das cooperativas, dos estatutos e da legislação
que rege todas as sociedades cooperativas. Além disto, estudar-se-á
quais as possibilidades de aprimoramento profissional do médico
cooperado e como a sua participação na cooperativa afeta seu perfil
profissional.
IV. REFERENCIAL TEÓRICO
1.
CONCEITOS DO COOPERATIVISMO
1.1. Conceito de Cooperativas
As sociedades cooperativas, regulamentadas pela
lei
de nO5.674, de
16-12-1971, são "sociedades de pessoas, com forma, natureza jurídica
próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para
prestar serviços aos associados...", Sob a luz desta definição, a
cooperativa
é
a união de profissionais ou de trabalhadores associados
por livre iniciativa a fim de produzir, comercializar ou prestar serviços de
forma não conflitante com os objetivos gerais da sociedade cooperativa.
Na verdade, segundo Wilson
Alves
Poíõnío",
as
peculiaridades
econômicas e jurídicas na sociedade cooperativa têm tomado difícil
definir precisamente esse tipo
sul generis
de sociedade. Autores como
EAESP/FGV -
MESTRADO9/110
Waldério Bulgarelli
3ressaltam que "as dificuldades iniciais dessa
conceituação decorreram, em grande parte, de terem sido as definições
formuladas por economistas e com o sentido de realçar a supressão do
intermediário e o aspecto não lucrativo da atividade cooperativa,
elementos que por si só não eram capazes de conferir originalidade
à
cooperativa, deixando margem de confusão com outras sociedades".
BulgareHilembra que "por outro lado, essas dificuldades eram auferidas
pelo fato de as cooperativas, atuando nos mais variados setores da
atividade humana, se dividirem e subdividirem em inúmeros tipos e
categorias".
Já Carlos Alberto Ramos Soares de Oueíroz" observa que "essa nova
relação de trabalho é diferente daquelas que, normalmente, estariam
acostumadas a gerenciamento, ou seja, aquelas previstas no art. 442 da
CLT, que regulamenta a relação empregador/empregado através do
contrato de trabalho. Não é, também, a relação civil de locação de
serviços, citada no art. 1.216 e seguintes do Código Civil Brasileiro".
Na realidade, a cooperativa cria uma nova relação de trabalho qualificado
quando ela congrega trabalhadores especializados e proporciona uma
remuneração exata de acordo com o desempenho profissional, mantendo
oportunidade equalitária para todos os cooperados de acordo com a
competência e perfil de cada um..Ainda segundo Oueíroz", "a cooperativa
faz a conexão entre o trabalhador e o mercado sem procurar lucro. O
cooperativismo procura proteger a economia dos trabalhadores e se
caracteriza por garantir a participação mais ampla possível da população
nos frutos da atividade econômica".
3BULGARELLI, Waldério. Elaboração do Direito Cooperativo. São Paulo: Atras, 1967, p.30
4QUEIROZ, Carlos Alberto Soares de. Manual. da Cooperativa de Serviços e Trabalho. São Paulo: STS,
1997, p.19-20.
EAESP/FGV -
MESTRADO10/110
Polônío"
define bem a cooperativa quando diz que apesar das
"dificuldades em se definir a sociedade cooperativa, o certo
é
que seu
objetivo, em última instância,
é
proporcionar vantagens econômicas a
seus membros, à medida que:
a) Racionaliza os gastos comuns, tornando mais eficientes seus
resultados;
b) Reforça o poder da barganha com o mercado, ao unir a
capacidade econômica e finance'ira dos cooperados numa só
entidade;
c) Elimina os intermediários, reduzindo o custo de aquisição de
produtos de consumo dos cooperados
elou
possibilitando a
colocação dos produtos elou serviços no mercado por preços
mais competitivos; e
d) Permite controte de qualidade mais eficiente sobre os produtos
adquírídos elou produzidos peJacooperativa do que aquele que
seria exercido pelos cooperados. individualmente".
1.1.a.
Princípios do Cooperativismo
EAESP/FGV -
MESTRADO11/110
trabalhadora, causadas pelas mudanças trazidas
pela Revolução
Industrial. Foi mais precisamente em Manchester, na Inglaterra, que 28
tecelões, que haviam perdido seus cargos para as primeiras empresas
emergentes
da
Revolução
Industrial,
criaram
uma
associação
cooperativa. Nesta ocasião, foi idealizado o cooperativismo, seguindo
normas de organização e princípios que além de servir como modelo
cooperativista serviu ainda como base filosófica para o movimento.
Os princípios de Rochadale, como ficaram conhecidos, são os seguintes:
a) Adesão
voluntária
e 'livre - Pode ingressar numa cooperativa
qualquer pessoa, independentemente de raça, credo ou cor,
desde que partilhe os objetivos comuns e obedeça ao Estatuto
Social criado e aprovado pelo grupo. Este princípio propicia
assim um ambiente favorável às discussões de interesse
coletivo do grupo.
b) Gestão democrática pelos sócios - É através da autogestão
na cooperativa que o associado exerce a direção e a
fiscalização
da
entidade.
As
decisões
devem
sempre
representar a vontade da maioria.
c) Singularidade do voto - Na cooperativa cada associado tem
um voto, independentemente do número de cotas que possua.
Garante-se,
desta
forma,
direitos
iguais
aos
afiliados
independentemente de sua situação econômica, política e
EAESP/FGV -
MESTRADO 12/110d) Educação - Formação constante - as cooperativas promovem
a formação
intelectual
permanente dos
seus membros,
representantes e da comunidade na qual operam. a fim de que
contribuam
efetivamente
para
o
desenvoMmento
das
cooperativas. Oeve-se também diwlgar
para o público a
doutrina cooperativista e os seus objetivos.
e) Participação
econômica
dos membros -
Os associados
contribuem de forma eqüitativa para o capital da cooperativa e
têm o contro'e democrático do mesmo. Como organização
econômica, a cooperativa tem receitas e despesas, podendo ter
resultados positivos (lucro) ou negativos (perdas), ambos
distribuídos
ou
suportados
pelos
membros
de
forma
proporcional às operações dos cooperados.
f) Intercooperação
-
É através da troca de informações e
experiências entre cooperativas que o movimento cooperativista
se fortalece. Com o trabalho em conjunto, em âmbito regional,
nacional e internacional, as cooperativas obtêm melhores
resultados econômicos.
g) Preocupação e interesse pela comunidade - Em vista de
seus
princípios,
conclui-se
que
o
cooperativismo
é
fundamentalmente humanista nos seus interesses e aspirações.
EAESP/FGV -
MESTRADO13/110
1.1.b. Órgãos e Organizações do Cooperativismo
As entidades representativas dos interesses do Cooperativismo Brasileiro
são as seguintes:
OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras
A Organização das Cooperativas Brasileiras, a
oca.
tem como tarefa a
representação formal e política do Sistema Cooperativista Nacional.
Trata-se de uma sociedade civil, com sede em Brasília, estruturada
através da
lei
nO5674 de 16-12-1971
7criada para uma função
lécnico-consultiva
que
é
desempenhada
conforme
seu
estatuto,
cujas
características principais passamos a relatar.
A cada três anos, a OC8 tem o seu corpo diretor eleito democraticamente
pelo conjunto de OCEs - Organização das Cooperativas do Estado. A
aCE é um conjunto de cooperativas singulares, centrais e federações de
cada unidade federativa, e tem essencialmente as mesmas finalidades da
aCB. No Estado da Bahia, é a aCES o órgão representativo do
Cooperativismo, filiada a OC8.
Ilustra-se a representação do sistema nacional de Cooperativismo
através do quadro a seguir:
EAESPIFGV -
MESTRADO14/110
EAESP/FGV -
MESTRADO15/110
Estrutura
administrativa
da OCB
A Assembléia Geral Ordinária deste órgão formada pelos presidentes das
OCEs realiza a eleição do Conselho: Diretor, composto, por sua vez, de
um presidente e seis vice-presidentes e do Conselho Fiscal -integrado
por três efetivos e três suplentes, todos com mandato de três anos.
o
Conselho Diretor contrata um superintendente que tem sob sua égide a
seguinte estrutura:
a) Departamento
1. Administração e Finance'iro-
DAF
2. Educaçã.o e Comunicação - DECOM
3. Técnico DETEC
b) Assessorias
1.
'Internacional
2. Jurídica
3. Parlamentar e Relações Públicas
c) Conselhos Especializados
1.
Consumo;
2. Crédito;
3. Educacional;
4. Eletrificação e telefonia rural;
5. Garimpo;
6. Habitacional;
7. PRODECER; e
EAESPIFGV -
MESTRADO16/110
Estrutura de Serviços da OCB
Para o cumprimento efetivo de suas funções "em âmbito nacional,
a
aCB
dispõe de uma estrutura de serviços nas seguintes áreas
e
com os
respectivos objetivos:
a) Banco de Dados - supre todo o sistema aCB com informações
anualmente atualizadas, referentes a todas as cooperativas
orasüeíras;
b) Organização do Quadro Social - com o objetivo de garantir
decisões conscientes e democráticas na linha de autogestão,
promove, através da ação e reflexão permanente, a ação
partlcípatlva do quadro social;
c) Capacitação - proporciona aos funcionários técnicos e dirigentes,
através
de
cursos, seminários e oficinas de estudos, capacitação
profissional ecooperatlvlsta;
d) Comunicação -" divulga informações políticas, propostas, metas e
conquistas do cooperativismo;
e) Autoges"tão - coordena o programa nacional de autoqestão e
auxilia os Estados na coordenação e execução dos mesmos
programas em âmbito estadual;
1)
Assessoria Jurídica - orienta as cooperativas, as aCEs e a aCB
EAESP/FGV -
MESTRADO17/110
g) Assessoria
Parlamentar
- subsidia os representantes
políticos,
especialmente a Frente Parlamentar Cooperativista., para a defesa
dos interesses do sistema cooperativista.
h) Departamento
Técnico
e 'Econômico
-
prover respaldo
aos
pleitos de característica
econômica junto ao Governo Federal e
elabora análises estruturais
centradas
nas principais
áreas da
OCB;
i)
Assessoria
Internacional
- promove e agiliza os contratos do
sistema cooperativista nacional com os organismos internacionais
oficiais e privados, com organizações
cooperativistas
e, outros
países e ainda acompanha a negociação no GATT e Mercosul;
j)
Departamento
Administrativo
e Financeiro
- orienta e viabiliza
sob o aspecto econômico o sistema produtivo da organização;
k) Marketing
e Produtos
-
cria e desenvolve
novos
produtos
gráficos para serem colocados no mercado e implementa alquns já
existentes no sistema;
I)
Editora e Gráfica - presta serviços gráficos para as cooperativas,
as OCEs, a OCB e para outras entidades fora do sistema e ainda
edita
,publicações
fundamentais
como
o
"Anuário
do
Cooperativismo
Brasileiro",
a
"Agenda
OCB"
e
fcrmulános
padronizados;
m) Conselhos
Especializados
-
organizados
por
segmentos
EAESP/FGV -
MESTRADO18/110
buscando soluções e auxiliam ao conselho diretor visando ampliar
a eficiência e uniformidade das ações da OCB.
Entidades de Apoio
o
sistema cooperativista nacional dispõe de organizações especializadas
na prestação de serviços específicos, em especial nos setores de
auditoria e consultoria tais como a ASSOCENE - Associação de
Orientação às CooperatIvas do Nordeste, em Recife PE; o ITEC
-Instituto Técnico das Cooperativas, em Florianópolis - SC; e o FORMA
COOP, na Região Sul.
Em 1990, através do Decreto Legislativo de nO06, de 10.05.1990,
criou-se o Departamento de Cooperativismo e Associalismo - o DENACOOP,
com o objetivo de criar e desenvolver atividades ligadas com o
cooperativismo.
Este
órgão
está
subordinado
ã
Secretaria
do
Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e
da Reforma Agrária (CapoXIII, art.92, inciso
111
da Lei nO5.674/71)
Desde 1999, o Cooperativismo nacional conta com o Serviço Nacional de
Aprendizagem do Cooperativismo - o SESCOOP. Presente em 27
estados brasileiros, a sua área de atuação é a formação profissional dos
funcionários e dirigentes, bem como ações de caráter social dos
cooperados e familiares, trazendo implementas para as comunidades nas
quais operam as cooperativas.
No âmbito internacional, tem-se em 1985 a fundação da ACI - Aliança
EAESPIFGV -
MESTRADO19/110
nãogovernamenta1
com representatividade mundial que criasse e
intensificasse o intercâmbio entre as cooperativas em todo o mundo na
área educativa e técnica.
o
Cooperado - Deveres e Direitos
Os deveres do cooperado têm início a partir da assinatura do livro de
matricula, enquanto for associado e mesmo depois de seu (possível)
desligamento. Os deveres mencionados a seguir referem-se apenas ao
relacionamento cooperado/cooperativa:
a) operar com a cooperativa;
b) ser
fiel
à
cooperativa;
c) integralizar as cotas;
d) participar das assembléias, com voz e voto;
e) acatar as decisões da maioria;
1)
aceitar os cargos de direção que lhe forem designados;
g) zelar pelo patrimônio da cooperativa;
h) ter conhecimentos das normas e estatutos;
i)
fornecer
à
cooperativa as informações necessárias enquanto
associado;
j)
zelar pela integração da cooperativa ao cooperatívlsmc;
k) estudar o cooperativismo.
Segundo a vlsão de autores como IRJON
9,
pode-se separar os direitos
do cooperado em dois grupos: sociais e operacionais. Os primeiros
EAESP/FGV -
MESTRADO20/110
garantem aos .afiliados sua participação nas decisões e na elaboração
das
polltícas
adotadas
peta
cooperativa,
enquanto
os
direitos
operacionais
emergem
do usufruto
dos serviços
das cooperativas.
Seriam os seguintes os principais direitos sociais:
a) votare ser votado;
b) indicar nome (s) para cargos;
c) participar, após convocação, das assembléias;
d) sugerir modificações nos Estatutos;
e) sugerir o roteiro das sobras ou perdas;
f) convocar, juntamente com outros afiliados, a assembléia geral;
g) solicitar dos dirigentes esclarecimentos;
h) votar a destituição de dirigentes;
i) ser tratado de forma igual em relação aos outros sócios;
j)
recorrer à assembléia das decisões de administração ou quando
por esta for eliminado da cooperativa
I) agir
entre
os
administradores
para
promover
sua
responsabilidade;
m) requerer leqalmente a 'liquidação da cooperativa;
n) examinar os livros da cooperativa;
o) demitir-se.
Quanto aos direitos operacionais do cooperado, destacam-se:
a) Participar das operações de cooperativa;
b) usufruir dos seus serviços;
c) participar do rateio das sobras quando houver;
d) transferir suas quotas para outro afmado da mesma cooperativa;
EAESP/FGV -
MESTRADO21/110
Neste estágio, parece-nosadequado
abordar os dispositivos
legais que
regem o cooperativismo nacional e que constituíram, na realidade, a base
para a formulação dos deveres e direitos do cooperado.
2.
ASPECTOS
LEGAIS DO COOPERATIVISMO
2.1 Evolução Histórica da Legislação Cooperativa Brasileira - Um
breve relato.
Embora
os
primeiros
dispositivos
legais
referentes
à
atividade
cooperativista
sejam datados já do início do século XX
10,estes eram
muito modestos como regulamentadores
de uma atividade
tão
rica. Foi
em 1932 com a promulgação do decreto de nO22.239 que tomou corpo a
forma1ização legal da atividade cooperativista
no Brasil, visto que este
decreto trata das características
das cooperativas
e dos princípios
doutrinários.
Este decreto garantiu ainda às cooperativas
uma relativa
margem
de
liberdade
de
formação
e
funcionamento,
além
de
determinados
incentivos
fiscais.
Por diversas
vezes foi revogado
e
restabelecido
com pequenas alterações
e permaneceu
em vigor até
1966. Neste mesmo ano, a ativfdade cooperativista
sofre um maior
controle do Estado perdendo muitos dos incentivos fiscais.
Em
16
de dezembro de
1971,
com o advento da lei n°
5.764,
finalmente
promulgou-se o novo dispositivo legal do Cooperativismo
que, apesar de
10A primeira lei brasileira que mencionou o Cooperativismo foi o Decreto de
na
979 de 06 de janeiro deEAESPIFGV -
MESTRADO221110
não regulamentado, permanece em vigor já que nos seus aspectos gerais
não contradiz o texto da Constituição Federal de
1988
11.2.2 A Lei
5.764/71:
Aspectos
Essenciais
A Lei
5.764/71
definiu o regime jurídico da sociedade cooperativa
e é
composto por
18
Capítulos. Aqui estão expostos apenas os aspectos
considerados por este autor como sendo os mais relevantes.
a)
Da Polftica Nacional do Cooperativismo -
neste item o Governo
compromete-se
a prestar assistência
técnica ao cooperativismo
bem
como dar-lhe estímulos financeiros e créditos especiais.
b)
Das Sociedades Cooperativas -
define-se a entidade cooperada
bem como suas características. Vários autores Como Pinh0
12e Polõnlo'"
fazem
ressalvas
à
expressão
utilizada
ao
definir
a natureza
da
cooperativa enquanto sociedade. O texto da Lei diz que "as cooperativas
são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica
14próprias, de
natureza civH, não sujeitas
à
falência ...", À primeira
vista,
pode-se
entender
que
a cooperativa
têm
simultaneamente
duas
naturezas
diferentes (jurídica e civil) incorrendo numa incoerência e ínconslstência
Jega1.É de consenso geral que a intenção do redator seria definir a
cooperativa como uma entidade com forma jurídica própria e de natureza
civil.
11POLôNia,
w.
A (1'999),op ..cít. p.24EAESP/FGV -
MESTRADO23/110
Outro
aspecto
muitoimpo.rtante
neste
item
é
o
critério
da
proporcionalidade. O estatuto da cooperativa pode estabelecer critérios
de participação diferenciada dos sócios no capital social, respeitando-se
os objetivos sociais da cooperativa.
Há também a questão do rateio das despesas gerais pelos associados
que usufruem dos serviços da cooperativa. Outro aspecto que merece ser
observado é o da assistência aos associados e, quando mencionado no
estatuto, aos empregados da cooperativa. Por serem sociedades que não
visam apenas fins econômicos, as cooperativas devem proporcionar
permanentemente incentivos educacionais e sociais. Um dos meios para
tomá-los possíveis foi a criação do FATES, Fundo da Assistência
Técnica, Educacional e Social (art. nO28). Este fundo é constituído por lei
através de 5% das sobras líquidas apuradas pela cooperativa em cada
exercício.
c)
Objetivo
e
Classificação das
Sociedades Cooperativas
-estabelece um mínimo de 20 pessoas para constituir uma cooperativa e
classifica as sociedades cooperativas em três grupos de acordo com a
composição: singulares., cooperativas centrais e federações e as
confederações.
d)
Constituição
das
Sociedades
Cooperativas-
Exige-se
a
demonstração de viabilidade econômica da cooperativa,
estabelecendo-se os documentos e condições para o funcionamento. Nestes incluem-estabelecendo-se:
estimativas de negócios e serviços a serem oferecidos, previsões de
distribuição de insumos e produtos de consumo, previsão de despesas e
EAESP/FGV -
MESTRADO24/110
e}
Livros -
trata dos livros necessários
na constituição
de uma
cooperativa como por exemplo livro de Matrícula; Livro de Registro dos
Sócios; de registros das Atas das Assembléias, etc.;
f)
Capital Social -
determina
que o capital social deverá
ser
dividido em quotas-partes cujo valor unitário não pode ser superior ao
maior salário vigente.
Com a finalidade
de evitar a concentração
do capital da associação
cooperativa em mãos de uns poucos cooperados, instituiu-se neste item
o dispositivo legal que limita o 1/3 (um terço) do total das quotas-partes
para cada associado ..
g)
Fundos -
Estabelece-se
a criação de dois fundos: o fundo de
Reserva e de Assistência Técnica, Educacional e Social.
o
Fundo de Reservas é destinado para suprir eventuais perdas e atender
às necessidades de desenvolvimento
das atividades da sociedade. Já o
Fundo
de Assistência
Técnica,
Educacional
e
Social
(FATES),
é
destinado a prestar assistência aos cooperados e seus fam i1iares e ainda
aos empregados da cooperativa quando isto for previsto pelo Estatuto.
Esta assistência é de caráter técnico, educacionar e sociat, e mantida
com, no mínimo, 5% do total das sobras líquidas do exercício.
h)
Associados
-
o ingresso na sociedade cooperativa
é livre a
todos
aqueles
que
desejarem
utilizar
os serviços
prestados
pela
EAESPIFGV -
MESTRADO25/110
aos propósitos sociais, exceto nos casos das cooperativas onde o
excesso de associados inviabilize o funcionamento desta sociedade
o
número mínimo de indivíduos para formar uma cooperativa é de 20
pessoas físicas (cooperativa singular). As cooperativas centrais e as
confederações de cooperativas devem contar com um mínimo de
três".
Este capítulo prevê também as condições de desligamento de um sócio
da cooperativa. por demissão ou por exclusão (por infração legal ou
estatuária).
r)
Órgãos Sociais -
esta matéria dispõe sobre as normas para as
assembléias gerais e sobre a representação por delegados nas
cooperativas centrais e confederações.
Nas Assembléias, dentro dos limites legais, são deliberados os destinos
da sociedade cooperativa e as decisões ai tomadas pelos cooperados
presentes atingirão a todos os associados, ainda que ausentes ou
discordantes. É a assembléia que nomeia e destitui os membros do
Conselho de Administração e o Conselho Fiscal. As assembléias
ordinárias são realizadas anualmente e é nesta ocasião que são
apresentados para apreciação a contabilidade eos balanços.
Já as assembléias extraordinárias podem ser convocadas a qualquer
tempo e sempre que for necessário para decidir sobre assuntos de
interesse da sociedade cooperativa
j)
Fusão, Incorporação
e
Desmembramento -
a fusão é a união de
duas ou mais cooperativas para formar uma nova sociedade que as
EAESPIFGV -
MESTRADO26/110
sucede nos direitos
e obrigações. A incorporação éa
união de uma
empresa a outra, absorvendo seu patrimônio e seus cooperados,
assumindo também seus direitos e obrigações. O desmembramento
ocorre quando uma cooperativa singular muito grande desmembra-se
voluntariamente. Tal como nos dois casos anteriores, o desmembramento
deve ser deliberado em Assembléia Extraordinária com no mínimo 2/3
dos associados presentes.
k)
Dissolução
e
Liquidação -
prevê as hipóteses nas quais podem
ocorrera dissolução e as condições para a liquidação da cooperativa.
Quando a dissolução for deliberada em
Assembléia,
esta nomeará um ou
mais liquidantes em Conselho Fiscal composto de três membros para
executar a liquidação.
I)
Sistema
Operacional
-
Define o ato cooperativo que pode
apresentar três aspectos diferentes:
1. Atos praticados entre as cooperativas e seus associados;
2. Atos praticados entre os associados e as cooperativas;
3. Atos praticados entre as cooperativas quando associadas.
É a partir desta distinção que decorrem importantes aspectos tributários.
Este capítulo dispõe ainda sobre o rateio das despesas gerais da
sociedade cooperativa, entre todos os cooperados tenham ou não
usufruído dos serviços da associação. Esta matéria dispõe ainda sobre
as condições para as operações da cooperativa com não associados,
EAESP/FGV -
MESTRADO27/110
m)
.Fiscalização
e
Controle -
Designa olNCRA (Instituto Nacional
da Colonização e Reforma Agrária), para a fiscalização das cooperativas,
excetuando-se as cooperativas de habitação, sujeitas ao Banco Central
do Brasil.
n)
Conselho Nacional de Cooperativismo -
Órgãos Governamentais
e Representação do Sistema - o Conselho
é
o órgão responsável pela
orientação geral da
política do cooperativismo
nacional, sob a
presidência do Ministro da Agricultura., funciona frente ao INCRA. As
funções do Conselho são definidas nesta matéria. Cabe ao Ministro da
Agricultura
prover
recursos
de
apoio
ao
Fundo
Nacional
de
Cooperativismo.
o
sistema de representação de cooperativismo brasileiro está aí
estruturado e em âmbito naCiona1 cabe
à
OCB (Organização das
Cooperativas Brasileiras). Como
já
exposto no item 1.1.b deste estudo, a
OCB é um órgão técnico consultivo do Governo, cuja tarefa maior é a
defesa das cooperativas.
É
composto de entidades de estruturas
similares
à
sua criados em todos os Estados. Para funcionar, cada
EAESPIFGV -
MESTRADO28/110
3.
iMERCADODE
TRABALHO
NA ÁREA MÉDICA
o
exercício da medicina evolUiu do clássico médico de consultório, à
princípio
atendendo
exclusivamente
à
clientes
particulares
e
posteriormente absorvendo também os usuários dos planos de saúde.
Os reduzidos valores de remuneração dos serviços médicos aliados aos
altos custos de manutenção dos consultórios, tomou a medicina privada
inviável para a maior parte dos médicos, como também para os
pacientes. A ausência de clientela e de condições materiais de trabalho
próprias acarretou a venda da força de trabalho médico em troca de
salário, estabelecendo-se o padrão empregador (hospitais, clinicas) e
empregado (médico).
Ocorre que os altos encargos empregatícios e o número cada vez mais
crescentes de. queixas trabalhistas e as dificuldades financeiras
enfrentadas
pelo
hospitais
públicos
e
privados
estreitaram
significativamente as ofertas de trabalho. Considera-se cada vez maior o
número de médicos recém-formados. não absorvidos pelo mercado de
trabalho.
Surge, então, no mercado outra modalidade: médicos agrupados em uma
pessoa jurídica. O excesso de impostos aliados ao exíguo tempo para
EAESP/FGV -
MESTRADO29/110
Finalmente, desponta no horizonte do profissional médico a cooperativa
médica como uma orqanlzação que engloba médicos que recebem
honorários de diversas instituições através da cooperativa e que
participam de seu resultado financeiro.
4.
COOPERATIVISMO
NO BRASIL
Para melhor ilustrar a realidade da Cooperativa no Brasil, julgamos
oportuno
fazer um breve estudo do histórico do Cooperativismo
Brasileiro.
1.
Histórico do Cooperativismo Brasileiro
1.1.
Introdução
Em
1610,
com a fundação das primeiras organizações Jesuítas
brasileiras, dá-se o início da elaboração de uma organização cooperativa.
Durante cerca de
150
anos, esse modelo serviu como exemplo para uma
"sociedade so1idária fundamentada no trabalho coletivo, onde o bem
estar do indivíduo e da família se sobrepunha ao interesse econômico da
produção".
1616 a Cooperativismo no Brasil, Coleção Hístõricado Cooperativismo" Editora aCB, Brasília - DF,
EAESP/FGV -
MESTRADO30/110
Considera-se, no entanto, o ano de 1847 o marco inicial do movimento
cooperativista nacional, quando o médico francês Jean Maurice Faivre
fundou no Paraná uma colônia organizada segundo os moldes
cooperativistas, tendo como membros um grupo de europeus.
A evolução do movimento cooperativista no Brasil torna-se na realidade
mais clara ao conhecer-se os vários tipos de cooperativas existentes,
classificadas segundo o segmento, visto que cada uma teve um
desenvolvimento e características próprias com enfoques obstáculos e
êxitos distintos.
1.2 Segmentos do Cooperativismo
a)
Agropecuária
Surgiram em Minas Gerais, em 1907, as primeiras organizações
cooperativas agropecuárias com o objetivo principal de abolir os
intermediários
da
produção
agrícola
que
era
principalmente
comercializada por estrangeiros.
Atualmente, as cooperativas agropecuárias constituem o segmento mais
forte do cooperativismo no Brasil, desempenhando um papel expressivo
nas exportações e consequentemente na Balança Comercial e ainda no
suprimento de gêneros alimentícios parao mercado interno.
o
cooperativismo agropecuário atua em aspectos que vão desde a
assistência técnica armazenamento e comercialização dos produtos bem
EAESP/FGV -
MESTRADO31/110
b) Consumo
Este tipo de cooperativa divide-se em dois subgrupos: fechadas, as quais
admitem apenas pessoas pertencentes a uma mesma profissão ou
empresa e abertas - que admitem como cooperado qualquer pessoa que
a elas queira associar-se.
Em 1887 surgiram as primeiras cooperativas de consumo em São Paulo.
Após 1960, três fatores provocaram um grande estremecimento nas
bases dessas cooperativas: a suspensão repentina da isenção tributária,
especialmente do tCM (Imposto sobre Circulação de Mercadoria), falta de
numerário, dada a inflação, para a compra de novos produtos e ainda o
aparecimento de grandes lojas de supermercados dotadas de tecnotogia
e aparato mais moderno. O impacto sobre as cooperativas de consumo
foi tão brutal que pouco mais de 10% das cooperativas existentes
à
época sobrevieram.
Atualmente, as cooperativas rurais mantêm seções de consumo como
supermercados e lojas para suprir as necessidades de seus cooperados.
Para tornar-se competitivas, as cooperativas devem efetuar compras em
comum como ocorre na Europa, para desta forma poderem oferecer
produtos com preços praticáveis e com qualidade.
c)
Crédito
Este segmento cooperativista existia em especial nas pequenas
comunidades rurais e vilas. Depósitos que recebiam uma discreta
EAESP/FGV -
MESTRADO32/110
eram o motor destas cooperativas. Essas cooperativas tiveram grande
proliferação no Rio Grande do Sul pelos idos do ano de 1902.
Logo tomou corpo o cooperativismo de crédito popular que, consideradas
as condições brasileiras, seja talvez o modelo mais propicio para o nosso
país. Exigiam para a admissão do cooperado um pequeno numerário e
seu público alvo eram em especial os assalariados, comerciantes e
pequenos empresários.
Após décadas de embates com a legislação, as cooperativas de crédito
rural vêm apresentando um desempenho signi.ficativoem vários Estados.
d) Educacional
o
objetivo final deste segmento é o preparo educacional da criança e do
jovem, sem visar o lucro, pois o seu sucesso está na boa formação do
adolescente para enfrentar o futuro. Neste tipo de cooperativa a escola
funciona dbedecendo aos órgão legais competentes mas as contratações
e administração em geral são realizadas pelos pais dos alunos.
Existem neste segmento dois tipos de cooperativas: as formadas pelos
pais de alunos e
de alunos das Escolas Agrotécnicas Federais. No
primeiro tipo de Cooperativas de Ensino, os pais de alunos vêem uma
forma de alternativa para a desvencilhar-se da onerada rede privada de
ensino e já tem o Governo Federal como parceiro. As Escolas
Agrotécnicas Federais, que contam com o apoio do MEC, já existem em
todo o país e adotam uma legislação e orçamentos específicos, visando
EAESP/FGV -
MESTRADO33/110
e)
Especial
Estão inclusas aí as cooperativas que agrupam indivíduos relativamente
"incapazes", tais como deficientes físicos e mentais.
f) Habitacionais
Este segmento surgiu por meio do BNH( Banco Nacional de Habitação)
no ano de 1964 visando, através da interação de órgãos públicos e da
iniciativa privada, estimular a construção de habitações, e criando linhas
financiamento para a aquisição da casa própria com o público alvo de
média e baixa renda.
Algumas dessas cooperativas tornaram-se consórcios de habitação, visto
que ocorre a sua liquidação ao cabo da construção.
g) Mineração
Criadas em 1993 com o objetivo de estimular a extração mineral.
h)
Produção
Apesar de serem em pequeno número no Brasil, estas cooperativas são
detentoras dos meios de produção.
i)
Serviços
Com a finaHdade de prestar de forma coletiva um determinado serviço, as
EAESP/FGV -
MESTRADO34/110
expressivas deste segmento. A maior delas éa COPREL - Cooperativa
Regional de Eletrificação
Rural do .Aíto do Jacuí Ltda. cujo quadro é
composto por mais de 26.000 associados.
j)
Trabalho
Estas cooperativas são formadas por pessoas que exercem uma mesma
profissão visando melhorar a conclusão de trabalho e remuneração do
setor autônomo. Foi a partir de 1960 que este tipo de cooperativa tomou
corpo.
'É
no campo médico que este segmento encontra o seu mais
expressivo representante a exemplo do sistema UNIMED, constituído por
cooperativas a nível municipal, estaduaf e uma nacional.
1.3 Dados da atualidade
do Cooperativismo
Brasileiro
o
processo
cooperativista
no Brasil
avança
de forma
expressiva
conforme demonstrado no quadro
17a seguir:
Período
N°
de Cooperativas
1.890/1949
167
195011959
348
1960/1969
762
1970/1979
1.235
1980/1989
1.986
EAESP/FGV -
MESTRADO35/110
o
cooperativismo
nacional
é responsável
pela geração
de 167.850
empregos diretos, operando com faturamento acima de 20 bilhões de
dólares por ano. Estima-se que o sistema cooperativista seja responsável
por 10% do PIS
18.Dá-se conta de 5.014.016 cooperados agregados aos
diversos segmentos
cooperativistas
em cerca de 6 mil cooperativas
existentes.
Em função da taxa de desemprego, as cooperativas de trabalho são as
que mais têm crescido no Brasil, representando assim um forte parceiro
do Governo na solução deste e de outros problemas sociais.
Das sociedades cooperativas
brasileiras,
segundo a OCB, 25,4% são
cooperativas
agropecuárias;
as cooperativas
de trabalho representam
29,4% das sociedades eas de crédito 16,3°A,das cooperativas.
4.1 Cooperativismo na Área Médica
o
ramo de maior dinamismo nas últimas décadas e de importância social
fundamental é o cooperativismo de saúde.
Estima-se que as cooperativas de saúde agreguem cerca de 40% dos
profissionais da área no Brasil
19.
Isto deve-se principafmente à falta de
prioridade para uma política oficial mais efetiva para este setor no país.
18Fonte: Gazeta Mercantil, São Paulo, 28/0712000
19Fonte: Polfti.ca Institucional de Monitoramento de Autogestão das Cooperativas do Estado de São
EAESPIFGV -
MESTRADO36/110
o
cooperativismo de saúde surgiu na década de
60
como resposta ao
crescimento
de
empresas
de
medicina
de
grupo,
que
são
intermediadoras do trabalho médico. No seu inicio, este tipo de
cooperativismo enfrentou obstáculos por falta de crédito da população e
das empresas. Aos poucos, no entanto, o cooperativismo de saúde
adquiriu o respeito do público como um importante instrumento em
defesa do interesse econômico do profissional médico e de seus clientes.
5. PARTICIPAÇÃO
5.1. DEFINiÇÃO
A história da humanidade tem revelado a tendência do homem civilizado
a sair do individualismo massificador e buscar cada vez mais
acentuadamente a participação coletiva.
A maior parte da população mundial prefere a democracia que não é
apenas. um modo de governo onde existem eleições. Democracia, tal
como
é
vista na modernidade, é um estado de espírito e um modo de
relacionamento entre pessoas, ou seja, é um "estado de participação,,20.
A idéia de participação revela ainda o desejo de um número éada vez
maior de pessoas de assumir o controle do próprio destino, ao invés de
transferi-lo a outrem. Crescem nesta década, por este motivo, as diversas
EAESPIFGV -
MESTRADO37/110
Há, no entanto, uma lacuna, uma necessidade não satisfeita de saber em
que consiste
a participação
na estruturação
de
uma
organização
solidária.
Segundo Bordenave",
participação é "o caminho natural para o homem
exprimir sua tendência inata de realizar, fazer coisas, afirmar-se
a si
mesmo e dominar a natureza e o mundo". Este autor sugere duas bases
fundamentais
para a participação:
a efetiva
-
participamos
porque
sentimos
prazer em realizar
coisas
com outro e a instrumental
-participamos
porque realizar coisas com outras pessoas é mais eficaz
que faze-Ias sozinhos. Estas duas bases devem equilibrar-se.
Em A Nova Era da Participação
22,McLagan e Nel, lembram que embora
participação seja um assunto antigo, ainda escreve-se livros sobre este
tema porque não é fácil "fazer a opção de pôr em prática a idéia da
participação",
apesar desta idéia estar intimamente
alinhada
com o
espírito de uma sociedade democrática.
Para estes autores, a participação "requer o reposicionamento
de todos
os membros de uma organização
em uma direção comum,,23. Numa
organização participativa, eles definem, o desempenho "concentra-se no
cliente, na agregação
de valor, nos benefícios
e na capacidade
de
satisfazer". 24
McLagan e Nel indicam que o exercício da participação
exige "uma
mudança fundamental de valores que atraia todos os envolvidos para um
21 Idem, ibidem p.21.
22MCLAGAN, Patrícia e NEL, Christo. A Nova Era da participação - O desafio de emocionar e envolver
~essoas. Rio de Janeiro: Campus,2000,316 p.
EAESPIFGV -
~STRADO38/110
processo
compartilhado"
25.Neste processo
deve-se
primeiramente
rejeitar os valores autoritários do podere simUltaneamente trabalhar para
desenvolver
os valores sobre os quais está baseado o exercício da
participação.
Os
principais
valorespartici;pativos
citados por McLagan e Nel são:
a) Foco no consumidor
- o significado
e importância
do
trabalho aumentam quando fica claro para: as pessoas
que o seu papel
é
satisfazer
os Clientes finais
da
organ'ização ..
b) Compromisso com o desempenho - a participação deve
ser vista como veículo para a realização de um trabalho
com qua'lidade para obter melhoria
contínua ie poder
inovar.
c) Poder, direitos e responsabilidades
compartilhadas
-a
organização participativa deve estar estruturada de modo
agaranlir
que 'todos os membros
sejam responsáveis
pelas suas ações e tenham o poder apropriado além de
terem todos os seus direitos respeitados.
d) Acesso
-
a orqanlzação
parficipativa
deve prover
as
pessoas
com
o máximo possível
de informações.
Isto
estimula
as pessoas
a resolverem
os problemas
e
implementar as idéias .. O que deve motivar os membros
de uma
organização
participativaa
comparecer
às
EAESP/FGV -
MESnUDO, 39/110
algumaforma e não pelo cargo ou status que detêm na
orqanízação.
e) Aprendizado- a organização participativa
é
elaborada de
maneira a i'ncentivar
o
aprendizado. "As pessoas são
encorajadas a experimentarem coisas novas e fazer
coisas antigas de novas
maneiras",
Para exercer o direito
de ingressar no processo decisório
é
necessário que
todos aprendam e mantenham-se a par das questões.
5.2 TIPOS 'DE PA'RTICIPAÇÃO
Em seu estudo Bordenauve distingue entre participação espontânea e
voluntária. Como participação espontânea entende aquela que leva. as
pessoas a 'formarem grupos de vizinhos, de amigos, degangues, etc.,
sem "orqanização
estável
ou propósito claros e definidos a não ser os de
satisfazer necessidades psicológicos de pertencer, expressar-se, receber
e dar afeto; obter conhecimento e prestígio
n26Já na participação imposta, o indivíduo
é
obrigado a fazer parte de
grupos e a realizar determínadasatlvldades consideradas indispensáveis.
Os exemplos mais comuns deste tipo de participação seria a missa
dominical dos católicos e o voto obrigatório em eleições.
Por participação voluntária entende-se o caso onde agrupo
é
organizado
e criado pelos próprios integrantes, que definem sua própria organização
EAESP/FGV -
MESTRADO 40/110e estabelecem também, as suas finalidades e métodos de trabalho. As
cooperativas baseiam-se na participação voluntária.
No seu estudo sobre a ideologia da participação, Sílvia Maria Pereira de
Araúj
027considera a existência de um tipo de participação especifica
para o cooperado: a participação cooperativa. Esta seria a participação
"formal dos associados, perceptível no desempenho da organização",
referindo-se a produção material ou de serviços; "a participação na
gestão da instituição" e "no processo decisório que consubstancia a
política institucional" e, enfim "a participação em forma de fruição de bens
e serviços prestados e geridos pela cooperativa".
Araújo pondera que este tipo de participação não pode ser mensurado
em termos de integração ou não em uma associação, mas em função da
intensidade e qualidade da participação na produção, gestão e usufruto
dos bens e serviços desta sociedade como um todo. (Araújo, 1982,
p.131). Lembrando que a participação cooperativa se assenta sobre
relações econômicas, Araújo sugere que a análise desta participação
deve incluir o 'Jogo das classes sociais envolvidas, classes essas cujas
condições
de
imposição
rearranjam-se em
diferentes
momentos
históricos,,28.
Segundo Araújo, ao acompanhar-se a participação formal do grupo de
cooperados, deve-se indagar em que medida os diferentes grupos de
associados tomam parte na gestão da cooperativa; verificar como os
mecanismos que permitem o acesso às decisões (a participação em
assembléias e a representatividade nos conselhos) estão ao alcance de
todos os cooperados e por eles são utilizados; como a estrutura
EAESPIFGV .•MESTRADO
41/110
organizacional
e o sistema
de distribuição
de poder
garantem
a
contribuição real dos cooperados na definição de metas e na elaboração
e execução dos planos de ação da organização.
5.3. GRAUS .DEPA'RTICIPAÇÃO
Há uma questão chave na participação numa organização ou grupo: qual
é
o grau de controle dos membros sobre as decisões?
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Qbriga-
r'!CO!T'f!n··rÓfia
dação
o
menor grau de participação
seria o da informação.
Os dirigentes
informam os membros do grupo quanto às decisões já tomadas. Não
é
raro ouvirmos falar de casos onde as autoridades
e dirigentes
nem
sequer informam aos subordinados das decisões apenas colocam-nas
EAESP/FGV -
MESTRADO42/110
Na consUltafacu1tativa os dirigentes podem consultar os subordinados
solicitando sugestões ou críticas que ajudem a resolver um determinado
problema. Já quando a consulta
é
obrigatória, os comandados devem ser
consultados em certos eventos. embora permaneça nas mãos dos
diretores a decisão final sobre a questão. Seria o caso da negociação
salarial entre empresário e empregado.
A elaboração/recomendação
é
o grau de participação onde os
subordinados elaboram propostas. e recomendam, sendo rejeitadas ou
aceitas pela diretoria que justifica a sua posição.
Num grau mais elevado estaria a co-gestão na qual a administração da
entidade ou grupo
é
dividida pelos "mecanismos de co-decisão e
colegialidade
n29•
Nestes
casos,
os
admínístradores
influenciam
diretamente na escolha de um plano de ação e nas decisões tomadas.
o
mais aftograu
de participação
é
a autogestão. Nela o grupo ou
organização define os seus objetivos e os meios para alcançá-los e
estabelece ainda os controles pertinentes sem referência a uma
autoridade externa. Na autogestão não existe diferença entre os
administradores o os administrados. É o que ocorre nas cooperativas, a
cooperativa médica entre elas: os cooperados (administradores) se
EAESP/FGV
-
MESTRADO43/110
V .•M.ETO.DOLOGIA
o
estudo de caso tal qual é definido por Stake
30é o estudo da
particularidade e complexidade de um único caso. Pretende-se nesta
investigação pois, estudar ocaso
da Cooperativa singular médica
Coopermed, criada em Salvador em 1990 por 36 cooperados e que conta
hoje com 1.196 associados, movimentando cerca de 5 milhões de reais
por ano. No anexo 4 deste trabalho apresenta a
evolução
do número de
associados desta cooperativa desde a sua fundação.
Quando se pergunta "corno" e "por que", segundo Yin
31,elege-se o
estudo de caso como conduta para pesquisa e é sob a luz deste enfoque
que analisou-se nesta investigação como se dá a participação dos
associados nesta cooperativa específica, Coopermed, e por que assim
ocorre.
Para auxiliar na compreensão de um fenômeno social complexo, o
estudo de caso como método investigativo permite a utilização de uma
variedade
de
evidências,
tais
como
entrevistas,
documentos,
observações e outros. Stake
32e Yin
33denominam este recurso de
"triangulação" ... No caso da Coopermed, utilizou-se três tipos de
recursos para a coleta de dados:
29 BORDENAVE, J.E. O., op.cit. p..32
30 STAKE, Robert E.,The Art of Case Study Research, Sage: USA, 1995, 175p.
31 YIN, Robert K., Case Study Research - Desing and Methods, 2aEdi, Sage Publications: Califomia,
1994, p.111.