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Reações emocionais dos portadores de doenças sexualmente transmissíveis no momento da confirmação do seu diagnóstico.

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REAÇÕES EMOCIONAIS DOS POTADORES DE DOENÇAS SEXUALMENTE

TRANSMiSsíVEIS NO MOMENTO DA CONFIRMAÇÃO DO SEU DIAGNOSTICO.

Maria Helena Pessini de Oliveia' Edna aciência Vietta"

hkico Muakaiva Moriya" Elucir Gir' "

RESUMO. São levantadas as reações emocionais dos doentes portadores de doenças se· xualmente transmissfveis ( D,S.T. ) que buscam assistência especializada. Foram entrevis­ tados 20 pacientes, independente do sexo, idade, estado civil, condições sociais econô­ micas e especificação da doença, utilizando como instrumento a análise qualitativa dos depoimentos registrados destes indivfduos, mediante a questão: - Como você se sentiu ao saber portador de um D.S.T.? Conclui-se que os portadores de D.S.T., se enquandram como população de alto risco com relação às alterações emocionais sendo que, seus sin­ tomas, sentimentos elou emoções refletem o medo quando ameaçados pela confirmação de serem portadores de D.S.T.

ABSTRACT. Through their contact with subjects with sexually transmissible diseases (STD), the authors surveyed the emotional reactions of patients seeking specialized care. Twenty patients were i nterviewed regardless of sex, age, marital status, socioeconomic levei or specific type of disease, using as a tool qualitative analysis of the recorded state­ ments of these individuais after they were asked: - H ow did Vou feel when vou knew that vou had STD? It was concluded that patients with STD are a high-risk population with respect to emotional alterations, with their symptoms, feelings and/or emotions re­ flecting their fear when faced by the i mpending threat of confirmation of being STD pa­ tients.

1.

INTRODUçAo

As doenças venéreas ou como atualmente se de­

nominm, doençs sexuamente tansmissíveis (D.S.T.),

são moléstis infeccioss e pasitárias adquirids, so­

bretudo pelo contato sexual.

Na verdade, o termo doenças sexualmente trans­

missíveis se aplica a uma série de enfermidades cau­

sads por microoganismos das mais variadas espécies

que têm em comum o fato de serem frágeis demais pa­

ra sobreviver em certs condições de clima e tempe­

atua, encontando nO osmo humano um ambien­

te ideal paa seu desenvolvmento. ansfeindo-se de

um para outro organismo, entretanto, eles não podem

xpor-se

s

condições ambientais, que os faria parecer,

necessitando um contato íntimo entre as pessos em

superfícies úmidas. Assim, o contato responsável por

esse tipo de contaminação é o ato sexual, não apens

através do coito, ms do sexo oral e sodomia, provo­

cando nesses casos, infecções nO reto e na garganta.

Um outro tipo de contato possível é aquele em que s

D.S.T. são transmitidas, da mãe ao filho, via placentá­

a,

duante o parto (DY, 1985; BELDA, 1984; MEN­

DONÇA,

1985;

SILVA & LOUREIRO,

1981).

Os agentes infecciosos têm uma predileção espe­

cial pelos territórios genitais e peri-genitais em ambos

os sexos. Assim sendo, essas reiões, e portanto, o ser

humano pssa a ser considerado o "habitat" natual

desses agentes (MENDONÇA,

1985).

Por se tratar de moléstia de alta infecciosidade, a

• Professora Assistente da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - uSP - Departamento Mateno Infantil e Saúde Pública . • • Professora Assistete Doutora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP .

• • • Auxiliar de Ensino da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP.

(2)

pomiscuidade

ul,

a toca acentuada de parceios, s bs condições de vida, aiados

à

libeação sexual, o livre acesso aos anticoncepcionais, a flta de uma educação sexual, contribuem para a disseminação em larga escala dests doenças.

Emoa não se tenha dados estatsticos idedinos, sabe-se que as D.S.T. situam-se entre aquels enfermi­ dades cja distribuição endêmica estão disseminads por todos os continentes. A falta de comprovação es­ tatística não nos impede, no entanto, de afirmar sua importância epidemiolóica no camo da Saúde Públi­ ca (ALDY,

1985).

As doenças de tansmissão essencialmente sexual ou seja, sfilis, gonorréia, cancro mole, linfoanuloma venéreo,

o consideads de interesse da Saúde PÚ­

blica, não apens pelo alto índice de morbidade que apresentam, sobretudo, pelos spectos cultuais que s envolvem e que contribuem decisivamente para a permanência na comunidade e pelos danos que acar­ retam (FERREIRA,

1982).

Ests doençs constituem aves problems sani­ tários, decorrentes ds manifestações patolóics da fse aguda e ds complicações físics, psicolóics e sociais comprometendo s pessos portados desss doençs, principalmente nos csos ssintomáticos.

As D.S.T. carregam consigo um estigma histórico vinculado

à

prostituição,

à

mainalização, ainda que se tenha buscado mudançs de nomenclatura conti­ nuam pereebids como doença oriinária do pecado. Estes preconceitos e tabus advindos dos conceitos do pssado, acarretam sérios problems psico-sociais, le­ vando os indivíduos portadores a ocultarem seu po­ blema a fim de não serem identificados pela socieda­ de nem se tomarem alvo de curiosidade, escnio ou rejeição popular. hl receio, diga-se de pssagem, tem sua razão de ser, na medida em que envolvem proble­ ms de ordem ética e social, e como conseqüência, questões

sos

feqüentemente difíceis de seem en­ frentados conquanto revelem intimidades.

Atualmente uma nova doença, AIDS, vem provo­ cando uma onda especulativa muito ande que, des­ tate, dá lur a lgums notícis ifundads e descon­ certantes. Hja visto a repecussão alarmante envol­ vendo esta doença, ocupando andes espaços nosjor­ nais ou manchetes de revists, noticiários de ádios e televisão, pocuando xploar com muito sensaciona­ lismo o compotamento dos homossexuais. Explodem os intesses da ociedade envolvendo osportadoes de D.S.T. que

psm

a ter seu comportamento sexual co­ mo objeto de nise, aontados como vítims ds aber­ rações e do abuso do hábito sexual.

O suimento da AIDS acentuou ainda mis a peo­ cupação ds autoidades

is

em elação

s

doen­ çs sexualmente tansmissíveis.

Os preconceitos de pudor e vegonha, que envol­ vem s D.S.T. emoa atumente atenuado, continuam istindo em noos

,

diicultando o relacionmento

médico-paciente e médico-famlia do paciente. A dis­ criminação ds doençs sexualmente transmiSsíveis acabam gerando no indivíduo implicações comporta­ mentais.

A revelação ds D.S.T. , reativa nos indivíduos por­ tadoes conlitos sentimentais profundos e complexos. Estes conflitos reletem os sentimentos de culpa por terem contaído a moléstia, embaaço, inibição e'cons­ tranimento diante de tal situação.

A inibição e o constanimento dificultam e,

s

ve­ zes, até impedem a procura da adequada ssistência médica limitando-se não aro juda para a solução do poblema num balcão de famácia onde acabam por se­ rem atendidos, medicados por pessos incompetentes, inescrupulosas, despreparados, colocando a vida des­ ses doentes em sérios riscos (BESTANE,

1978, 1980).

Acresce ainda o fato de

s

pocedimentos impedirem o avanço da investigação epidemiolóica da doença. Isto posto, nosso objetivo centraizou-se na identi­ ficação ds reações manifestadas nos indivíduos por­ tadores de D.S.T. , no momento em que lhes é confir­ mado o seu dianóstico.

2. MATERIAL E

MÉTODO

A pequisa foi eda no serviço de D.S.T. , do m­ bulatório de um Hospital Escola na cidade de Ribeirão Peto, Estado de São aulo, atavés do atendimento es­ pecializado oferecido por esta instituição.

ablhou-se com 20 ortadoes de D.S.T. , cos no­ vos, independente do sexo, idade, estado civil, condi­ ções sócio-econõmica e especificidade da doença que comparecem o seviço, a partir de novembo de 1985. O tamanho da amosta foi definido como suiciente no momento, em que, duante as entrevistas as reações emocionis tomaam-se repetitis ente os pacientes, indicando concordância entre as respostas apresenta­ ds.

ara efetivação da pesquisa, trabalhou-se bsica­ mente com a entrevista individual, utilizando-se co­ mo instrumento o reistro de depoimento dos pacien­ tes atendidos imediatamente, após a confirmação de sua doença frente

à

seguinte indagação: - Como vo­ cê se sente ao saber portador de uma doença sexual­ mente transmissível?

Pcedmento

O ambulatório de D.S.T. do Hospital Escola de Ri­ beirão Preto, conta com um serviço interado de s­ sistência de enfermagem desenvolvido através da mo­ dalidade de pós consulta médica. Estes atendimentos incluem outas atividades de educação em saúde, in­ vestigação epidemiolóica, oientação e esclaecimen­ tos quanto à doença, seu agente etiológico, modo de transmissão, período de incubação, controle do

(3)

mento, pofilaxia, contole e semento dos comunican­

tes e importância dos retornos.

Os casos novos de pacientes com D.S.T. , que com­

pareceram i

este ambulatório, após terem séus diag­

nósticos confirmados durante a consulta médica, fo­

ram encaminhados ao serviço de enfermagem para re­

ceberem o atendimento de rotina conforme mencio­

nado acima.

Duante e pós consulta intoduia-se a questão "co­

mo você se sentiu ao saber que é potador de uma

doença sexualmente transmissível?".

Este questionamento nâo teve somente o

i

ntuito

de alcançar os objetivos propostos por esta pesquisa,

ms também atuar junto aos pacientes proporcionan­

do esclaecimentos, conciento, orientação e aoio

quanto ao momento vivenciado por eles.

Ao término de cada entrevista, depois de marcar

retono,

o

paciente era dispensado. Em seguida, pro­

cedia-se o reistro dos dados da entrevista procuran­

do relatar com pecisão s esposts obtids dos pacien­

tes.

Com bse no resultado dests entrevistas, realizou­

se uma análise qualitativa dos dados obtidos, o que nos

permitiu perceber os sintoms, sentimentos e atitudes

do paciente.

3. RESULTADO E DISCUSSÃO

A

populaçâo estudada constou de

20

pacientes s­

sim distribuídos:

65 %

do sexo masculino e

35 %

do se­

xo feminino, entre a faixa etária de

18

a

42

anos de

idade, predominando

45 %

a idade de

20

a

30

anos.

Quanto ao estado civil

50%

eram casados,

30%

soltei­

ros e os demais

20%

sem situação definida (hbela

1

e

2).

Com relação aos dianóstico esta população ficou

ssim distribuída:

75%

s,

20%

gonorréia e

5 %

AIDS.

TABELA

1

-

Distribuição da população estudada se­

gundo idade e sexo.

Sexo MASC. FEM. rAL

Idade N° % N� % N� %

Abaixo 20 3 15,0 2 10,0 5 25,0 20 � 30 5 25,0 4 20,0 9 45,0

30 � 40 3 15,0 1 5,0 4 20,0 Acima 40 2 10,0 O 0,0 2 10,0

TOTA L 13 65,0 7 35,0 20 100,0

40 -ev. Bras. Enf. , Brasia, 4( 1), jan./fev./mar. 1 987

TABELA

2

-

Distribuição da população estudada se­

gundo a idade e estado civil.

Estado CASADO SOLTEIRO OUTROS rAL Civil

Idade N� % N� % N� % N� %

Abaixo 20 2 10,0 2 10,0 1 5,0 5 25,0 20 ; 30 3 15,0 4 20,0 2 10,0 9 45,0 30 ; 40 3 15,0 O 0,0 1 5,0 4 20,0

Acima 40 2 10,0 O 0,0 O 0,0 2 10,0

rAL 10 50,0 6 30,0 4 20,0 20 100,0

Nos Quadros

1

e

2

apresentam-se as principais

rea-ções emocionais obtidas respectivamente dos

pacien-tes entervistados.

QUADRO

1

-

Sintoms, sentimentos e ou emoções e

atitudes manifestads pelos pacientes do D.S.T. , no mo­

mento da confirmação de seu dianóstico.

SINOMAS SENTIMENOS E OU EMçÕES ATITUDES

Preocupação aiva do parceiro

Angústia Desilusão com relação ao parceiro

Medos divesos Ansiedade

Dor e

desconforto Vegonha

Desespero Sentimento de imoralidade risteza e ou Sentimento de culpa Depressão Solidão

Pena

Aressividade

Vingança

Rejeição

Desprezo

Negação Revolta

O Quadro

1

nos revela ser esta, uma população de

auto risco em termo de Saúde Mental, dado a consta­

tação de vários sintomas de ordem emocional caacte­

rística de crise acidental.

Crises são episódios que afetam o equillbrio dos in­

divíduos, provocando tensões com conseqüentes mo­

dificações do estado físico, emocional e social. Estes

episódios são temporários, ocorrem em fse de transi­

ção no desenvolvimento da pesonalidade ou quando

o indivíduo enfrenta situações problemátics (MINZO­

Nl et alii,

1977).

(4)

poder incluir o momento da confirmação de um diag­ nóstico de D.S.T.

Segundo CAPLAN (1966), duante o período de cri­ se, a pessoa toma-se mais vulnerável aos transtonos emocionais sendo, também, mais suscetível de receber juda. Sua resistência ao transtono mental pode ser aumentada na medida em que aprende a ampliar seu repertório de habilidades efetivs, para a solução de seus problemas. Desse modo, é possível através da in­ tervenção em crise, evitar a utção de resposts re­ ressivs, fora da realidade, ou socialmente não acei­ ts qundo os indivíduos enfentam situações deta na­ tureza.

Os sintoms mais freqüentes, identificados na amosta fom:

pCuação:

elacionado com a ansie­ dade gealmente sciaod aos acontecimentos poste­ riores, problems a serem resolvidos no momento e si­ tuações a serem enfrentadas.

Aúsia :

relacionado com o impacto frente ao inevitável, medo ds conse­ qüêncis, sentimentos de culpa e de traição (tanto o de "ser" traido, como o de "ser" taído), medo de ser rejeitado, medo de ser abandonado.

Dor e desconfor­

to:

pelos sintoms físicos específicos da doença e pro­ vavelmente eacerbado pelo medo, pela ansiedade e tensão.

Desespeo:

pela situação expressa em termos de uma desaça, algo que no poderia acontece, . Situação que envolve decisões difíceis de serem enca­ ads, principalmente pelo medo das conseqüências, evelads atavés do medo da so, ejeição e abn­ dono, aados inda

ea

tia da presença de sin­ toms fsicos, incõmodos, conotação de imoalidade ou desremento.

stea e ou depeão:

pela aiva, re­ volta, culpa e auto-punição. udo isto acrescido de sen­ timentos e ou emoções tais como desilusão e decep­ ção com o parceiro (tanto o tansmissor quanto o co­ municante).

bdos estes sintoms e ou emoções estão estrita­ mente elacionados e interdependentes, conseqüentes ou

s

da pópia situação vivencial do paciente, me­ diante a confirmação de seu dianóstico.

Os sintoms identificados variam de intensidade, de acordo e sobretudo em relação ao sexo e ao estado civil, sendo mais intenso ns mulheres e nos pacien­ tes cados ou que têm um paceo o e de ceto n­ culo afetivo. Neste cso o paciente tem que enfrentar s reações quse sempre imprevisíveis de seus parcei­ .

s

entimentos de ia em elação ao pceio que tnsmitiu a doença, geou na quse totalidade dos pa­ cientes da mosta, atitudes de aressividade como: "querer bater", "matar", "prejudicar", "vingar-se", manifestos atavés da rejeição, desprezo, negação do outro, pena e revolta. Alguns manifestaram sua revol­ ta atavés do desejo de tansmitir a doença a outs pessos (vingança).

Uma outa constatação é a de que o paciente pro­ cue tnsfeir o paceo que o contminou toda culpa

de sua doença. bna-se incapaz de perceber e admi­ tir o rau de sua participação.

Por outro lado o comunicante sente-se taído, des­ respeitado, revoltado e aressivo embora as mulheres parecem aceitar com mais naturalidade,

s

vezes até com certo conformismo, porém com vergonha.

Durante as entrevistas não se constatou na amos­ tra estudada, nenhuma atitude positiva no sentido de procuar ajudar o parceiro, revelando-o como porta­ dor de D.S.T. , nem preocupação com o tatamento pre­ coce dos possíveis comunicantes. As atitudes mais fre­ qüentes com relação ao parceiro, é portanto, de ares­ são, de desprezo, de negação e de pena. Daí a dificul­ dade na obtenção da colaboração espontãnea da re­ velação dos contatos e até mesmo a disponibilidade do portador em convocar ao serviço a presença do comu­ nicante.

Ests dificuldades observadas são traduzids co­ mo empecilhos paa um atendimento eicz de contole epidemiolóico ds D.S.T. , uma vez que a detecção dos­ possíveis infectados é o instrumento básico para a in­ terrupção da cadeia do processo infeccioso.

QUADRO

2

-Tipos de medos revelados pelos pacien­ tes de D.S.T no momento da confirmação de seu diag­ nóstico.

- Medo de que os familiares descubram a sua doença - Medo da reação do parceiro no momento

- Medo em não obter a cua total - Medo da impotência sxual - Medo da secreção uretral - Medo de ser abandonado - Medo da rejeição - Medo da solidão - Medo de morrer

- Medo de ser portador de AIDS - Medo da reação ds pessos

O Quadro 2 mosta-nos uma população num nível de tensão elevada dada aos medos que a situação en­ volve:

O

medo de que os famiares descubm a sua

doença, chega até mesmo ao desespero por receio de

violência, desprezo e abandono. Isto se revela pela ig­ norãncia de que seu dianóstico será mantido em sii­ lo. s pacientes dizem se sentr "pedidos" ou "ar­ azados", caso isto venha acontecer.

Medo da reação

do paceio no momento da revelação,

a maioia não conseue equer pear como evelr o fato ao paceo ou parceira. Outros têm medo da reação imprevisível que esta evelação possa causar, chegando mesmo a se negar efetuá-la.

Medo em não obter cua total,

esta, relacionada com tabus, preconceitos e desinformação ou até mesmo da "punição divina", revelado pelos pa­ cientes que acreditam terem cometido pecado e por­ tanto não meecem absolvição.

Mdo da motênia

ual, também relacionado com tabus, preconceitos, de­

sinformações e falsos conceitos adquiridos em tomo ds D.S.T. como causados de impotência sexual, ba­ seada na relação da perda da potência sexual, confun­ dida com esterilidade que possam ocorer em cso de

(5)

gonorréis não tatads. O sintoma da dor e o medo

de contrair a doença novamente podem levar os indi­

víudos a retrair temporariamente, seus impulsos se­

xuais, criando com

so

uma preocupação acentuada

quanto

à

perda de otência sxul, obseada mais nos

indivíduos do sxo mculino que no sxo feminino.

Me­

do de ser abandonado,

este sentimento foi constatado

em todos os pacientes atendidos, manifestado pelo sen­

timento de solidão, de estar só e de ser rejeitado, des­

prezado pelo paceiro, de não merecer seu perdão, de

não merecer confiança, respeito e consideação, sin­

toms estes bastante relacionado com a culpa e auto­

punição.

Medo da ejeição,

todos, sem exceção mani­

festaam a certeza de que seriam rejeitados, mostran­

do otanto o desejo de e isolr, "sumir or

m

tem­

po" ou até mesmo "morrer".

Medo da soidão,

os pa­

cientes sentem-se só ao mesmo tempo em que come­

çam a manifestar o desejo de se isolar ds demais pes­

soas ou se sentem tão diferentes dos outros, " indig­

nos", isolando-se, refoçando ssim seu sentimento de

abandono.

Medo de moer,

estes sentimentos foram

detectados em alguns csos pela manifestação verbal

atavés da pergunta feita pelo paciente

à

enfermeira,

sobre a avidade da sua doença, " se tem cura' " " se

morre muita gente desta doença", ou de não "agüen­

tar a situação". No entanto nossa hipótese é de que

l

sentimento estja elacionado

à

auto-censua

à

cul­

pa e

à

auto-punição e com o pecado.

Medo de ser por­

tador da AIDS,

principalmente nos csos dos homos­

sexuais este medo foi manifestado pelo interesse em

saber quais os sintoms da AIDS, estar desconfiado do

dianóstico, pedir sinceridade quanto sus posibilida­

des de cura e de sobrevivência e até mesmo perguntar

se ea portador da AIDS.

Medo da eação ds pesos,

medo de que as pessos descubam pelos sintoms ou

peló tratamento, medo de serem aredidos ou rejeita­

dos pela sociedade.

E difícil para o paciente assumir s D.S.T. , pois im­

plica também, toda uma gama de reações geralmente

manifests por sentimentos de vergonha, aiva, medo,

revolta, sentimentos de inferioridade etc.

s

reações

devem ser identificads e compreendidas, não só pela

enfermagem, ms também, por todo o pessoal que li­

da com esta população, influenciam decisivamente no

pocesso de tatamento desses pacientes, uma vez que

neste momento são mais susceptíveis a receber juda.

A enfermeia deve estar atenta a tais alteações

emocionais, que possam ocorrer com os portadores de

D.S.T. , no momento da confirmação dianóstica,

apoiando-o, compreendendo, esclarecendo-o quanto a

situação vivencial, procurando eliminar falsos concei­

tos e tabus que ainda pesistem com relação a esta mo­

léstia.

4.

CONCLUSÕES

Dos dados obtidos pudemos constatar que:

a) A amosta dada enqua

-se nas populações

42 -ev. Bras. Enr. , Braslia, 4( 1), jan ./fev./mar. 1 987

consideads de alto risco em relação

s

perturbações

emocionais, merecendo portanto atenção especial.

b) As enfermeiras como profissionais que vêm se

destacando na ssistência a esta população, ssumem

desta feita uma taefa importante na pevenção, na cu­

ra e controle ds D.S.T. e particularmente na situação

vivenci! de crise emocional desses pacientes.

c) O momento da confirmação dianóstica se apre­

senta em acordo com o estudo, no momento desenca­

deado da situação de

ce,

quando estabelece os sin­

toms emocionais, sendo portanto o momento decisi­

vo para intervenção e apoio.

d) As enfermeirs devem estar atentas aos spec­

tos emocionais que envolvem os pacientes de D.S.T. ,

e é necessário buscar assessoria especializada para tal

intervenção.

e) Os sintoms e emoções evidenciados na amos­

tra, certamente interferem na cura, tatamento e no

controle ds D.S.T. na medida em que p

sm

a deter­

minar as atitudes deste paciente diante dos fatos.

O Ests atitudes podem ser consideads como um

dos spectos que interferem no avanço das investiga­

ções epidemiolóics das D.S.T. , bem como para a pre­

venção e

controle dests enfermidades.

REFER�NCIAS BIBLlOGRAFICAS

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Imagem

TABELA  1  - Distribuição da população estudada se­

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