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Famílias vivenciando a chegada de um recém-nascido.

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Academic year: 2017

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FAMrllAS VIVENCIANDO A CHEGADA DE U M RECÉ M-NASCIDO .

Asid Egget Bechs **

R E S U MO - É u m estudo deco rrente de u m traba l ho prático de assistência

d e enferma g em a famí l i a s com recém-nasc i do , uti l iza ndo o p rocesso de en­ fermagem. As famí l i a s situam-se n o estrato soci a l b a i xo e são nascidas e re­ sidentes em F l o r i a nó po l is, S C . Verifi co u-se a rel ação entre as famí l i a s de o ri g em e o casa l , e a i nfl uência d esta na fo rma de cu i d a r do recém-nasci do. Concl u e-se q u e , nas famí l i a s do estudo, há u ma rel ação est reita do novo ca­ sai com a famí l i a de o r igem e a u x í l i o entre as mu l he res no cu idado ao recém-nasci do. I sto i rá resu lta r em c u i dados efetuados pela famí l i a que di­ ferem mu i ta s vezes d a q u e l es o r i e ntados pelos p rofi ssiona i s de saúde. ABSTRACT - This i s a study pe rfo rmed th ro u g h a practica l n u rsi ng attenda nce wo rk ca r r i ed out with fami l ies havi ng a newbo rn, and pe rfo rming the n u rs i n g p rocesso T h e fami l i es i n the stu dy belong to a l ow socia l cl ass, bei n g born and res i d i n g i n F l o r i a nó po l i s, Sa nta Cata ri n a . The relation between the fami l ies of o r i g i n a n d the cou p l e ( pa rents), a s we l l as the i nfluence exerted by such re lation u po n ways of dea l i ng with the n ewbo rn, have been ve rified. The co n l u si o n that h a s been d rawn i s that, a mong the fami l i es stu died, a close re lations h i p exi sts between the you n g cou p l e a nd the o r i g i n a l fa mi ly, mutua l h e l p amo n g the women exi sts even i n , ca r i ng fo r the ba by . T h i s whole p i ctu re wi l l resu l t i n a fa mi ly admi n i stered

ca re wh ich often· d i ffe rs from the ca re g iven by hea lth p rofessionals.

1 I NTRODUÇÃO

FONOURA CARTANA', no seu balho a Comidde ' a Costa da agoa, eicou que as essos consids coo a flia e que êm ene si a afeição são as que poor­ cioam sue scial s ives sies es­ is coo: levr a muher a aidae a o po, ajudr a cuidr do ecém-ncido (), dr coeho sobe a cinça �ne.

No Bl, onde as instiuiçes de ssistên­ cia à oplção nio sisfem s ssiades a opulção, ncipene dos esdos s­ ciis bixo e lMo 1 , a flia em m onte pel a eeer.

Os nenes do sisea foal . e

ae ***, one e inclui a enfeagem, à ­ ia que pem a copeensão sobe o pa­

el s fls de sus clienela, pssrá a v­

lá-la poveindo o supe desta pra c­

r a dde dos cenes.

Ane, luns poessos form feitos

s insiiçes hospiles brasiles, coo por exeplo, muis maeidades am os ecém-nacidos dos beçrios deixndos com sus es. Os hospiais, principale!e os que aendem criaças, coçm a dminuir o rigr dos horios de visias, elo enos ra os pais. Na nossa pática de enfeagem, escial­ mente juno a gesnes, ies com seus N na aeidde, obevos que a fmOia vem en­ ndo picipr, ober nfçes, suer ui­ dado. Poém a auência e conhecenos oe essas falis e sua cpcide de suoe nos

imdiam de coir maior picipaço s

ess.

No intuito de conribuir pa auenr o conheciento nesa a, este estudo visa ap­ entr esultdos e m abalho páico com flis do esato scial bixo, ao ceer o

peo ho e m casl, �i lorinois,

Sna Ca. ses esuldos eo

cora-• io Wa Ar Hoa -22 Lugr - 4 12 Coso Brsileio de Enfemagem - Fliaóolis -SC.

•• i, ne o emeno de Enfemagem da Univesiade Fdl e Sna ia. .

••• iil e ae e IU que nels blm csios legíimos e legls a isto, !m rquisios dios r leIS mo l6 e ciomeno e, eos m fço formal a a aividade que exe.

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dos com biblioias que ratl da quesão em situação seelhnte, em classes sciais difeen­ tes, bem como em casos em que os casais eqüenm crsos de pepração de gravidez. A nálise seá efetuada ao edor dos seguintes ei­ xos:

- o que se considera como famlia;

- elação da flia de origem com o casl de uma foma geral e por ocasião do nascimento e cuiddo ao RN

E fmalene discutiremos sobe a inluên­ cia das flias na mneira de cuidr do N e o coronto dessas orientações com o sistema formal de saúde.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No Brasil, a famlia assue grande im­ orância na vida das essoas, seja ente a cú­ pula dos políticos, no esrato domnnte que procura de lguma maneira nomer m pene pa um crgo público, ou esrato mrginliza­ do, onde o migrante rranja mis m "lugrzi­ nho" no seu brrco, pa o pene que vem chegando do inteior.

Segundo PRADO ' o , no Brasil, há diferen­ ças concetas nas fomas de fmiia enre os es­ ratos sociais. No esrato dominne, a fmiia se mantém ainda de foma ex;nsa, isto é, for­ mndo um grande conjunto, sendo guiado por um membro, conrolndo o pamônio familir e de certa foma, a pr6pia vida dos seus mem­ bros. No esrato médio, a fmiia ende ser nu­ cler mas proundaente mergulhada na rede de pentesco.

Ainda segundo ese mesmo autor, é no es­ rato mrginalizado que á maior diversidade nas fomas de flia. Ene estas, podemos ci­

r:

- aglomerados de solidaiedade de pessoas da esma origem que se consideam fmiia;

- flias nuclees em que o casal não é

unido or laços legais;

- famlias cheiadas por mulhees, não so­ mente por ausência do mido (viuvez, sepa­ ração) s tmém, orque em cetos meios é

eqüente que a mulher ssuma as esponsabili­ dades do lr e da flia. Esta fma de famlia

tmbém é aonda por WORTMANN1 4 na sua pesquisa em faela de invasão em Salvdor. Poém FONSECA 4 aonta uma grnde instabi­

lidde da famlia e a sueioidde do homem, num balho ealido em favels na cidade de Poto Alee.

m flias de esato baixo, nscidas e ­ sidentes em loian6polis - SC, eos o aba­ lho de FONTOURA CARTNA5 que elizou uma esquisa sobe ede e supoe scial das famlis a Cosa da agoa, uma comunidae que tem cesso regulr à cidade enas elo

mr, gundo ponto mitos cosumes de

sua origem açoina. As fmiias dessa comuni­ dade vivem a sua rande maioia da esca e· sanl, possuem casas em situação legal, e e enquaam no esrato baixo segundo RmI­ RO" . Considerm famlia, os ilhos, às vezes incluindo tmbém netos e bisnetos. Um ouo sentido adicional é morem na mesma csa e, m erceiro senido é "ser do coração", isto é,

as pessoas gostem siceente do ouro. As­ sim, m pente consngüíneo não sendo "do coração" não fz pte da famlia. Nesta comu­ nidade pra apender a cuidar dos ilhos, as mães gerene utilizm da exeiência ds av6s da ciança. Quando a mãe e ilha têm boas elações, será esta av6 a pefeida pra os ensi­ namentos sobre como cuidr do RN, caso con­ io, a paena assumrá este pael. Picu­ lrmene no priero ilho, as av6s têm rne impoância na avaiação do esado de saúde do RN e nas ltenaivas de tatmento.

As demais mulheres da vila, segundo a au­ tora, mém têm m pael no cuidado com a saúde das crianças.

9

uando se enconrm, as mulhees falm sobe o estado de saúde de seus tlhos, ouvem explicações, sugeem tratmen­ tos, comp�ilhm exeiências. Se esera que

s, mãe, sogra, viziha, comre pesem al­ gum tipo de ajuda nas efas domésticas duan­ te o "resgurdo" da mãe.

se A VOEf3 , na pesquisa em egião de escadores do Mrhão, enconrou eses ddos onde as mulheres mis idosas da famlia são as oientadoras dos cuidados nas enfeidades dos netos.

Ainda segundo FONTOURA CARTAN A5 ,

na Costa da Lagoa as essoas fzem uma classi­ icação das fixas erias de foma diferene do que é feita no sistema de saúde fomal. Assm nesta comunidade ela enconrou 5 (cinco) gu­ pos etios:

- nenê;

- rapz equeno;

- moças ou rapaigas e moços e rapazes;

- mulher ou homem; - velha ou velho.

Desta foma, o RN, l como é concebido no sisema foml de saúde: de O a 28 dias e vida, está nesta comunidade incluído no uo nenê que é considerado desde o nascimeno aé o início da mcha indeendente. Cuidr dos "nenês" inclusive em elção a sua saúde, é a­ efa femina pra esta população, coo mes, av6s, ias, s, mhas.

BOEHS, MONTICELLI, ELSN 2 numa

esquisa elizada com mes do esato bixo e

mrginl de uma maeidde de Florinópolis, sobe a peceção dos cuidados a seem pes­

dos no primeiro mês de vida, efem à nces­

sidade de ua essoa mis "exeiente" pa auxilir no cuiddo. Com maior eqüência foj ci� a pópria e, deois a soa, ou na

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s ou has que já frm mães e potano êm exei6ncia. É imponte essaltr a ausên­ cia dos hoens na opinião deses cuiddos c­ mo o avô, o pi. Os pópios poissionais e sadde não são mencionados, uma vez que, pra ceos poblemas que o N ossa apesenr, ou s pcupções que as mães tenhm com elção a cetos cuiddos, a pessoa expeiene

ajuda a esolver. .

Devido à inluência destas pessoas exe­ ienes mencionada no abho de BOEHS, MONTICU, ESN2, e da inluência as av6s (e, sogra) no cuiddo do nenê, egundo FOfOURA CARTANA5 esulta a uação de cuidados ao N que algumas vezes são dife­ enes daqueles orientdos na mateidade. Se­ gundo CAMPOS3 a me ica, enão, muitas ve­ zes, enre a orientação do profSsional do siste­ ma de sadde fol e as da fia.

Pa citr enas lguns exeplos desa discorância pdemos mencionr o cuidado com o coto umpilical. A orientação mis eqüenteene eda nas maeidades e ci­ a na biblioia (PIZAT08, MARCON­ DS8) é:

- não utilizr ours subsâncias sobre o c­ to além de solução nisséptica;

- não dr bho de imersão antes da queda do coto umbilical.

Esas ias vism a pevenção de in­ fecções.

Poém, segundo BOEHS, MONTICELI, ESEN2 a precupação da fia é oura qundo oienta seus cuidados. No caso do coo umbilical, pra prevenir o "umbigo salado" e pra ermiir o manuseio mais seguro da crin­ ça, á necessidade da faixa sobre ele.

Pra pesentr Ía oura foma de cuidado

ao N, cio SAEMf2 que apesenta um raba­ ho sobre a ajeóia de casais do esáto médio que qüenm crsos pra "casais grávidos", no Rio de Jneio. Pra os homens e mulhees que abaçm esa proposa, o casal é uma uni­ de individda e nucleoizada, desacada d' ie de penesco. Assim, a ravidez,

�eno e cuiddo da ciança diz eseio Ôee ao casal. As fias de origem não ão aes siicaivos e mais do que isto, so ondos (pincipene a e e a soga), coo bdoes potenciis a exeriência, de raviez, pto e p6s-pto.

. Pa obsevr a práica desa poosta, a auoa eneistou casis que m abraçado

a ea gesção esa ha de oientação, e veiou que ese ipo de proposta esultou nu­

a a usção, nm "cos", como foi de­

ido or s ifones, pinéiplmene no

6s-pto. O ciddo exclusivo ao cém-nasci­ do, sem ajuda s fis de oigem, ciou

i-iculdades na pópia elação ene o casl. Muitos casais acabm desisindo da poposta, e chrm a me ou soga pra auxlio, ou a

segunda ravidez abandonm esa forma de oientação.

ALMEIDA' em seu rablho sobre a épca de ravidez, pto e p6s-pto com casais alter­ naivos * mosra as mudanças ocoidas no es­ ato médio no que se efere à elação do casal com a fmia de origem e o elacionmento com os proissionais de gravidez e pós-pao ene as mães da década de 50 e de suas ilhas na década de 80. Na década de 50, quanto , ­

lação com a fia de oigem, as mães, av6s, tias matenas e mãs mais velhas aprcem c­ mo fontes de aconselhamento e exemplos a se­ em seguidos. O apendizado mateno é enten­ dido como algo intimamente ligado à rans­ missão de exeriências já vividas e provadas por mulhees da fia. A mãe da gestane ou puépera apece como autoidade efática. En­ qunto que, na década de 80 a mãe e famlia de origem chegm a epesenr m obsáculo e uma inerfeência negativa pra uma gravidez e p6s-pto genuínos. Aqui enra um ouro eixo que é a quesão dos paéis do homem e da mu­ lher. Enquano que na década de 50, o homem era apenas um provedo" dos bens maeiais, na década de oienta, ele ' 3á inensamente envol­ vido no cuidado ao RN. Potanto, nesa "nova mateidade" do esrato médio, os paéis fei­ ninos e masculinos já não são ão distintos.

Quanto à elação com o proissional de sadde, segundo ALMEIDA' , na década de 50 havia uma disância rígida ene este e a fmlia, sendo que o proissional exercia uma ação is­ calzadora dos cuidados a serem seguidos. Na década de 80, vios proissionais enrm em cena tanto na gravidez como no pós-pto: gi­ necologista, o especialista do copo, o ediara, e a elação é de aizade e smpatia. Segundo a nálise da autora sobe a ideologia desta mu­ dança, a mulher, ao entr lier-se da fmlia com suas orienações pra viver uma maei­ dade ais genuína, acaba deendei� dos ·ése­ cialistas, não alcnçando a tão alejada iater­ nidade completa e libeta.

Potanto, podemos veiicr duas fo� di­ ferentes em situr a fia e viver esta fase de ravidez, nasciento e cuidado do recém-nas­ cido. Na comunidade da Costa da agoa onde a mioria das pessoas se situa no esrato socil baixo, o apendizado da maeidade ainda se constitui na ransmissão de expeiencia ene as mulhees da famlia, semelhne ao que coe no esrato médio da écada de 50 de ua rn­ de cidde. Por ouro lado, atualmene no esrao médio, os seguidoes de uma orienção mais , modea considerm esta exeriência e o

auxí-• Por lativa se utor nne cis ue eguem a ia naralisa, adeptos de cusos de preparação de gravidez com

poissioais como psicólogos, m6dicos homeopaas e esecialists do coo.

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lio das mulhees da fOia como um obsculo pra a concreção de a oposta nova on­ de os pincipais potagonistas são os pr6prios pais e os proissionis.

Assim, a mneira de se considerr famlia tmbém é difeente nas duas situções. Enquan­ to que na pimera, o casl está inrinsicaente ligado com a flia de oigem, na segunda si­ tuação, ele enta se colocr de foma nuclei­

a e independente.

3 METODO LOG IA

O s dados deste rabalho form coletados o longo da Disciplina Prática Assistencial do Curso de Mesdo em Enfemagem. Esta coleta de dados, orienda aravés de insmentos, f­ rm necessios paa propicir as ações de en­ femagem denro de uma metodologia popia denominda Prcesso de Enfemagem *. Este prcesso, notedo por um mrco e6rico, e propunha a rblhr com a fmOia, tentando entender o que esta considerava como cuidado necessrio ao N e tentando, sempe que ossí­ vel, um acordo.

Este cordo se fazia no sentido de não im­ por nossas oienaçes, mantendo as expeiên­ cias já conhecidas ela famlia, tentndo efor­ mulr conceitos mas somente quando os cuida­ dos já efetuados ela famOia fossem pejudicais

à saúde do N. Por ouo lado, tentávamos nos refomulr e nos eorientr quando nossas con­ cepções fossem conrias s das fmOis.

Os citérios pra escolha se baseava em mães primípras, pevidenciárias, intenadas no lojmento conjunto da mateidade, que na si­ tuação atul, fossem casadas ou tivessem com­ paheiro. Além disso, prcurmos escolher mães cujas famOias tivessem moradia na pe insulr da cidade de Florin6polis.

Acom�anhmos 4 (quaro) fmOias durante a intenaçao da mãe e RN na ateidade em tono de 2 (dois) dias e posteriomente a d­ micOio e a somene na maeidde.

Na mateidade contacávmos no eríodo da mnhã, somene com a mãe, quando juntas fazímos o cuidado ao RN, isto é, a higiee completa, curativo do coto umbilical, auxOio na mmentação e ouros. No período da rde, mntíhmos um contato com a falia, obser­ vando os fmilires pestndo alguns cuidados e, no momento da alta, tínhmos opounidade de mais um conato com a famOia geralmente, o pi do RN, av6 ou tia.

Das 5 (cinco) famlias que companhamos na mateidade, 4 (quao) fom acompanhadas no domicOio em 3 (rês) visias: a peira, em tono do 3! dia p6s lta, pra obevmos o cuidado ao N, que nesta éoca ainda está com

o coto umbiical; e a e, p6s aojdra do leie, inicia os prieos probleas com s a­ mas, e inda em unção de obsevr a eena do pai que nese erído ainda está em liença patidade. A segunda, em tono do lO! ao 13! dia em unção dos ajusenos da en­ tação e cuidados ao N. A teceira, m tono do 25! ao 28! a, perído 0 l a a fae neonatal e a mãe segundo critéio do sistea fol de saúde está teminando a fae de

puepéio.

A todas as fmOis foi explicado que se a­ tava de um rabalho de curso e solicitava-se au­ torização pra visia a domicOio. Sendo assim, das 5 (cinco) fmOias aenas 1 (a) não foi acompahada no domicOio devido a não autori­ zação da mesma. Poém utilizmos os dados -lidos na mateidade, a vez que a mãe e ou­ ros fmilies concordrm em fazer pe do estudo.

Pra proegemos a identidade das . fmOias colcmos nos nossos egisros de rquivo s iniciis ou um nome ictício das pessos envol­ vidas. O registro dos ddos foi realizado na en­ femia da mateidade sempe que havia dis­ poniblidade de tem20, e na visita doicilir logo ap6s a visia. Nao utilizmos gravador pa­ ra não pejudicar a liberdade e a coinça cia­ da enre n6s.

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS

DADOS

Os inerantes das fmOias* * na sua mio­ ia, nascerm e sempre residram em Floian-polis, Santa Caina. A fmOia n! 1 eside no C6ego Grande, um brro que antigamente e

constituía em áea ral de descendentes açoia­ nos. Atualmene bastnte modiicado com a aluência de pessoas vindas de outos lcais. A flia n! 2 eside no brro de lcoubi, sendo que a flia de oigem do esposo mora no C6r­ ego Grande e da esposa no ltacoubi. Ese bairo é vizinho com o C6ego Grande e tem cracterísticas semelhntes. A fmOia n! 3 esi­ de na Lagoa da Conceição, locl ouora uma vila de escadoes de origem açoina e qe h­ je tem sua elidde moicada com o turismo e

a vinda pra este local de essoas da cidade. Na falia n! 4, os pais e ãos do esposo ainda esidem no estado do Parná e a flia da es­ posa reside há mais de 30 anos em Floian6­ liso Residem nma áea do moro do Mcot6. A

famOia n! 5 nasceu e sempe residiu na Ponta das Cnas, ma pia e vila de ecdoes e ordem açoina. Tdas as ·fmOis form consi­ deradas como eencentes ao esato bixo,

* Pso de efemagem - forma orgada de psr o cuidado de enfemagem cosno de colea pno, impleeno e dados diadsio

e alio os cuiados psds. ' ,

** Fa m obre qui 6 coarado no entido mplo; o l e ss rsctivs' flis e origem, confome o que os cis mecio­ s elmentos foadors a famlia.

(5)

a vez que, mOrm em casa considerda egu­ lr (eso a fia n2 4 que mora no Moo

do Mcoó consideado favela, a esidência está num teeno consideado legal, além de ser a

moadia conforável). Os membos das fOia de foma gel, e elo menos 1 (um) membro do casal, eso no ecado regulr de rabalho, possuem pevidência, sendo que o casl da famOia 1 (um) e 4 (quao) tinhm além do IN­

PS ainda o convênio das fnas onde os esposos abalhavm, tendo possibilidade de uilizr uma clica picular pra fzer o pré-natl, bem como consulas com o pediara. O nível de insrução dos casais e ouos membos da famí­ lia viou desde o nível pio aé o 22 grau

incompleto.

O casal da famlia 1 (um) mora sozinho

numa casa ecebida da fmiia de dina (o n­ me é ictício) ao lado da fmiia desa. O casal estava casado há 3 (ês) nos qundo a enravidou por opção deixndo de utilizr anti­ concecionl orl. Os casais da fmiia 2 (dois),

3 (ês), 4 (quao) e 5 (cinco) um-e cen­

eene, já dane a ravidez. Os csis da fOia 4 (quro) e 5 (cinco) já elizm o ca­ ento fomal; os ouos ainda o frão beve­

mente. A siuação deses quaro casis está de cordo com o que refere FONTOURA CAR­ T N A 5, "na Costa da agoa os n�orados

cos-•. tum ugir e depois, casm-se". E uma prática

, aceita por todos e objetiva evitr gstos com o casmento foml. É também usada quando a moça engravida. Vão pra casa de algum pen­ te pra passr a prieira noie, depois mom ali ou vão pra a residência do rapz aé cons­ ruem sua mordia.

Devido à união ecene, os casais das fí­ lias 3 (rês) e 5 (cinco) esidem com a fOia de origem do esposo, e o casal da fmiia 4

(quaro) eside com a famiia de origem da es­ posa. O casal da fOia 2 (dois) aesr de m­ rr sozinho num apmento do edifício onde são zeladoes, eceberm os m6veis da casa das fmiias de origem.

Tdos os casais qundo erguntados sobe quem consideravam integanes da flia, res­ ponderm na sua maioria que os pais, imãos, sogros e cuhados erm pe da flia. Esa esposta está em pe de acordo com o que foi enconrado por FONOURA CARTANA5 na Cosa da agoa, onde considerm fmiia as pessoas que mom juntas, os consngüíneos e ainda "as essoas do coração". Em mbos os

casos famlia é encda de uma foma mpla

dfereneente do que foi mencionado por SA­

LMu onde o casal petendia considerr-se

estcdo de sua ede de penesco.

De foma geral, pode-se dizer que os 5

(cinco) casais deste rabalho, tinhm ua esei­ ta elação com as flias de origem. Isto cor­

. ia poque esidim proximos ou na mesma ca­

.' a. A união do csl a maioia dos casos era

ecente e esavm ainda ecebendo auxiio i­ nnceiro da fa.

Na ocsão do nascimento do ilho do casl, houve inensa picipação dos eos s fOias de oigem no cuidado dese e axio em ouras efas da casa, ais como lavo s

raldas e ouros. Na fmia 1 (um), a av6 a­ ena foi a essoa que deu consehos sob� ci­ dado e a a aós a queda do coo, ajudou a dr

pimeiro bnho. Mas devido à exiên­ cia da mãe ela mesa cuidou e decidiu sbe a maioria do

;

cuiddos. Na famOia 2 (dos) a aó maena que morava pr6xima, vina dos os dias pra dr bnho e fzer o cativo. Ns flis 3 (ês) e 5 (cinco) foi a av6 paea a

principal oriendoa dos cuiddos, a vz que moravm na mesma �asa. Na . fia 4

(quaro) foi a va que ajudou e onenou nos cuidados ao N, pois a av6 ea a m

empego em tempo inerl e a paena aa

em oura cidde. Somente no caso da fia 2

(dois), o esposo auxiliou nos afaze�s da ca durne o perído da licença pateudde, e na fOia 1 (um) o esposo ajudava a, rr a

mesa. Eses dados eso de cordo com o que foi eferido por FONTOURA CART NA S a

Costa da Lagoa onde a e ou a soa o s pessoas que orientm as novas es, e as s,

vizinhas ou comaes auxilim nos fzees a

casa. Portano, odemos essaltr que a inensa relação ene as fias continua �o o�no do nascieno, havendo uma elaçao e ajuda ene as mulhees no cuiddo ao N. Ness questões os homens como o pr6prio pi do

�,

os av6s, ios icm mis disanes. Esta SI­ tuação, segundo AMEDA 1 "é típica dos anos

50 no esato médio", pois nos nos 80 nese

mesmo esrato, casis que seguem crsos e gravidez considerm as fmOias de origem

-mo um obsculo pra o cuidado ao N (­

MEIDA1 , SALM1 2).

Esta inensa relção dos casis com as f

­ lias d� origem, o auxiio e conselho s mes,

soa s no cuidado do N observdos nes­ tas f

lias está de acordo com AMEDAl no esrato médio, na décda de 50. Poém, egundo este autor e segundo SAEM1 2, na d�ada de 80 pra os csis que seguem a a m­ de

a fazendo cursos de gravidez, as fis de oigem eesentam um obsculo ra cu­ prir as presciçes de tudo o que epesena a

gravidez, po e cuiddos ao N mdenos.

(6)

ceta fona uma sepração dos papéis feinos

e culinos. .

Como último onto na dicussão destes da­ dos, queemos apesenr a luência desta in­ ensa relação seja com as fmiias de origem que se estende pra os cuidados ao N, seja com dos conhecimentos oientados na maei­ dade. Como já foi citado nerionene, tods as mães estivem na maeidde durne 24 a 48 hoas no máximo, recebendo oientaçes e uma enfeneira. Tiveam ainda uma palesa sobe cuiddos ao N e puepério no momento da alta, lém de orientações do banco de leite sobe mentação.

Na fiia 1 (um) confone já citado ante­ ioente a av6 matena foi a principal conse­ lheira no cuidado do RN. Poém, aesr dos conselhos, a mãe do RN seguiu as orientçes da mateidde na maioria dos cuidados, pocu­ rando sepe um refoço qundo a visitávmos na sua casa.

"Gostria de saber, não pecisa r chá mesmo? inha sogra disse que pecisava."

Nos pceu que a expeiência prévia com cuidados a crianças nma insituiço favoeceu a seguança desa mãe em seguir as orientações da ateidade. Aqui oderímos também infe­ r confone o que foi citado por CAMPOS3 que uma cea independência f'manceira coo foi neste caso, tmbém favorce uma inde­ endência das opinies da fiia de origem.

Na fiia 2 (dois), 3 (ês) e 4 (quao), s

mes, soas ou vizinhas orienm cuidados difeentes do que foi orientado na mateidde como por exemplo: colocção da · faixa umbili­ cal (fiia 2, 3 e 4), banho de imersão anes da

queda do coo mbilical (fmiia 2) não col­

cação do N em posição mais elevada pra euctr (fiia 2, 3 e 4). O casal da flia 2

apesr dos conselhos e da ajuda da mãe de Sil­ vana (o nome é ictício) em vias ocasies ­

coerm ao conselho dos vizinhos do edifício onde moravm, e em duas casiões ecoerm o hospitl pra sanr dúvidas.

Muitos conselhos sobe cuiddos ao RN que foram pestados a estas novas mes pelas suas es, sogas, vizinhs, visavm pever problemas que o proissionl do Sisea de Saúde não considera ssim. Enquanto que ese orienta cuidados pa pevenir ouros poblems que a opulção não o vê ssim. Por exemplo, enqunto a fiia e pecupa em colcr a fixa de cido pópria sobe o coto umbilicl do N pra pever o "umbigo salado", o proissionl do sisea fonal de saúde no considera esta pecupaço e a esncoseha, a vez que quece o locl, favocendo a in­ fecção. Esta ambiüidde de oienaçes faz a mãe opr or a ou oura orientação cnfor­ me efiu a mãe da. fiia 4 (quao).

"Eu colquei a fixa, pois eles (vizhos e

penes) et tnta coisa".

Ocore então com o N, a esma siaço refeida por CAMPOS3 com relço ao "es­ gurdo" "de um lado, está o nigene a ­ luência flir, do ouo, o hoje em a, os ecrsos de saúde".

Esa nação "dizem tnta coisa" eferida ela mãe da fiia 4 (quro) m como o qe foi eferido ela sora, na famiia 5 (cico):

"o nenê é tão equenino, prcisa de muito cui­ dado, deve estr sempe muio em agaslhado tudo muito limpinho, muito dieiinho", mosa que a criança ecém-nscida está na eceção destas pessoas numa fse esecial onde há e­ cessidade de muito cuidado. Obeva-se de di­ ferentes fos esta efeência escial ao cui­ dado. MOTA MAUÉS, MAUS7 no seu ra­ balho sobe o Mdelo de "eima" e epresen­ taçes alienes em uma comunidade z­

ica, explica essas esriçes alienres ns di­ ferenes situações de liminaidde ene a saúde e doença segundo o mdelo de GENNEpe o qual colca o estado da crinça nos peiros anos de vida, a me9suação, a gravidez, o pr­ to, o puepério, a convalcença, como estdos onde mais facilene pode-se passr de um es­ tado de saúde pra doença. Assim as inúeras orientações populres no cuidado ao RN podem ser vistas como medidas peventivas pra evir esta fácl ransposição ene um estado de saúde pra o estado de dença.

Podemos observr que estas cinco fmiias tiveram oientações nto do sistema foal de saúde como também de suas famiias. No caso da mãe da fmiia 1 (um) houve um segumeno maior das orientaçes da mateidde de, en­ qunto que as ouas, em muitos asectos, se­ guirm as oriençes da fmiia ou tmbém de vizinhos, principalmente no que se efeia a cuidados pra pevenir denças, que não se en­ conram no quadro de denças do sisema for­

mal de saúde.

Exise a prcura dos proissionais do siste­ ma fonal de saúde e todas as falias tinhm cesso a ele. Poém, na nossa análise, esta e­ lação está mis de cordo com a efeida por AMEDA I pa o esato édio da década e 50 onde o poissional estava ais disne.

5 CO NS I D E RAÇÕES F I NAI S

Nests 5 (cinco) fiis pudemos obevr a ína ligção do casal com as fiis e origem. Ligação esa, que vi desde a menção de que dos são fiia, a ma ceta de­ endência f'mnceia elciona na maioia com a mordia. No cuiddo 80 N, as mulhees

da flia� ães, sors, s ajudm dndo conselhos e cuidndo do N, como tmbm

eizndo a ajda substancil nos afees da casa. Esta ajuda em um dos casos, tém, foi feia or vs. O esoso, com algums

(7)

exçes, enceu distane deste cuiddo mis eo ao N.

Ese auxOio das mulheres da fmOia pinci­ pente das mães ou sogras fz com que l­ guns cuiados ao N sejm efetuados de fona feente do que são oientados na mateidade.

De a fona gerl tdos estes pontos le­ vantdos neas fmOias esidentes em l­ inóolis peencenes ao esrato bixo, difeem do que foi apesentado por S ALEMI 2 , ALMEI­

DAI pra flias dos esratos édios em grn­ des cenos, que optm or ma proposta m­ dena de aeidade. Os casais no esrato bai­ xo êm a conceção de falia, elação com a fmOia de origem de fona gerl e no cuidado o N, elação com os proissionais do sistea fol de saúde muito semelhante aos casis do

esrato édio da década de 50.

Potanto, os inegranes do sisema fol de saúde ene eles a enfermagem, não dem desconsiderr esta ealidade qundo trablhm com a gestane no pré-nal, durante o pto e pueério na maenidae e meso deois qundo esa mãe vai pocur uma nstituição e saúde pra ela ou seu llho. A endência é dei­ xr o pai, avó ou mesmo aquela viznha iluen­ e no lado de fora da pota, qundo na verdade está se perdendo uma valiosa opouidade e acescenr conhecmentos pra ambos, fiia e proissional. Considerndo de foma posiiva esta inegração e auxlio múuo dos ineranes da famiia especialmene nesa fase, esemos promovendo saúde da mãe, llho e da fmlia como um todo.

R E F E R Ê NCIAS B I B L I OGRÁ F I CAS

1 ALMEIDA, M.I.M. "A nova mateidade" uma lusrção s mbiguidads do progeso de motivação de famí­ is. In: FIGUEIRA, S.A. (org.) Ua Noa FIa? Rio de leiro: r, 1989.

2 BOEHS, A.E., MON fICELLI, M., ELSEN , I. Perceção s s obre os cuidados com a riça no primeiro a e via Rev. Clncs da Sade, 7/8, (1/2), P

151- 161, 1988/1989.

3 CAMPOS, M.S. Poer, Sade e Gosto. São Paulo: Corez,

1982.

4 FONSECA, C. Aliads e rivais a famHia: o conlio ente

osagfnos e is em a vila portoalegene. Res­ ta Bra e Clns Sos, 4 (2): jn. 1987.

5 FONrOURA CARrANA, M. do N. Rede e Suore Social

de Flis. Dieação (Mesrado em Enfemage),

UFSC, 1988.

6 GENNEP, A. Vn. Os Rtos de Pssagem. PecSolis: Vo­

s, 1978.

7 MAUES , R.N., MO r rA MAUES , M.A. O modelo da

"reima" epenaçes alimenres em uma comui­

ade lÔnica. Andio nropoMgico 77, Rio de Ja­

neiro: rempo Brsileiro, 1978.

8 MARCONDES , E. Pednln Bca. São Paulo: Srvier, 1988.

9 PIZZA f O, M.G., POIAN, V.R. da Efeagm Neoa­ toMga. 2. ed. Poro Alege: Lzao, 1985.

10 PRADO, D. O que i a Fa. São Paulo: Abril Cultu­ IBrsiliee, 1985.

1 1 RIBEIRO, D. O dea a Jca aa. Petrópolis: Vo­

s, 1983.

12 SALEM, r. A trajetóia do "l grávida": de sua costi­ tuição e reviso de seu projeto. In: FIGUEIRA, S.A. (org.). Cultura e Psicase. São Paulo: Brsiliee, 1985.

1 3 SCAVONE, L. As múltipls faces da maeidade. Cd. Pesqusa, São Paulo, n 54, p 37-49, ago. 1985.

14 WOOR rMANN, K. Aflae leres. Rio de Jneiro:

remo Brsileiro/CNPq, 1987.

Referências

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