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Análise postural da coluna cervical e cintura escapular de crianças praticantes e não praticantes do método pilates.

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PESQUISA ORIGIN

AL

Análise postural da coluna cervical e cintura

escapular de crianças praticantes e não praticantes

do método pilates

Postural analysis of the cervical spine and shoulder girdle practitioners

children and not pilates practitioners

Análisis postural de la columna cervical y cintura escapular de

niños practicantes y no practicantes del método pilates

Irma Pujól Goulart1, Lilian Pinto Teixeira2, Simone Lara3

Endereço para correspondência: Simone Lara – Universidade Federal do Pampa (Unipampa) – BR 472, km 592, Caixa Postal 118 – Uruguaiana (RS), Brasil – CEP: 97508-000 Telefone: (55) 3911-0200 – E-mail: simonelara@unipampa.edu.br – Fonte de financiamento: Edital Programa de Extensão Universitária MEC/SESu

Conflito de interesses: Nada a declarar – Apresentação: jan. 2015 – Aceito para publicação: fev. 2016 – Aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Pampa sob o número 457.088 em 13 de novembro de 2013.

Estudo desenvolvido na Escola Municipal de Ensino Fundamental Moacyr Ramos Martins − Uruguaiana (RS), Brasil. 1Acadêmica do curso de Fisioterapia, Universidade Federal do Pampa (Unipampa) − Uruguaiana (RS), Brasil. 2Fisioterapeuta do curso de Fisioterapia, Universidade Federal do Pampa (Unipampa) − Uruguaiana (RS), Brasil.

3Fisioterapeuta, mestre em Fisiologia Humana, doutora em Educação em Ciências: química da vida e saúde, docente do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) – Uruguaiana (RS), Brasil.

RESUMO | Comparou-se o padrão postural relacionado à coluna cervical e cintura escapular de estudantes praticantes e não praticantes do método pilates. Trata-se de um estudo transversal e quantitativo. O trabalho avaliou uma amostra de conveniência formada por 39 estudantes, divididos em grupo pilates (GP), composto por 21 escolares, e grupo inativo (GI), composto por 18 escolares. Foi realizada avaliação postural dos mesmos por meio do software Sapo. Houve diferença significativa entre os grupos nas variáveis relacionadas ao alinhamento horizontal dos acrômios (p=0,02), assimetria horizontal da escápula (p=0,003), alinhamento vertical do corpo em vista lateral direita (p=0,0003) e assimetria no plano frontal (p=0,0003). Os estudantes praticantes do pilates obtiveram melhor alinhamento de ombro e escápula e melhor alinhamento corporal e do centro de gravidade quando comparados aos não praticantes.

Descritores | Fisioterapia; Criança; Postura.

ABSTRACT | Was compared the postural pattern related to the cervical spine and shoulder girdle, practitioners and students not Pilates practitioners. This was a cross-sectional and quantitative study. The study evaluated a convenience sample consisting of 39 students, divided into Pilates group (PG) composed of 21 students and inactive

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group (IG) consisting of 18 students. Postural assessment was made of the same through the SAPO software. There were significant differences between the groups on the variables related to the horizontal alignment of acromions (p=0.02), horizontal asymmetry of the scapula (p=0.003), vertical alignment of the body in the right side view (p=0.0003), and asymmetry in frontal plane (p=0.0003). Pilates practitioners students had better shoulder and scapula alignment and better body alignment and the center of gravity when compared to non-practitioners.

Keywords | Physical Therapy Specialty; Child; Posture.

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(p=0,0003) y asimetría en el plano frontal (p=0,0003). Los estudiantes practicantes de pilates obtuvieron mejor alineación del hombro y escápula y mejor alineación

corporal y del centro de gravedad cuando comparados a los no practicantes.

Palabras clave | Fisioterapia; Niños; Postura.

INTRODUÇÃO

O termo postura é definido como a relação dinâmica dos segmentos corporais, principalmente a parte musculoesquelética, que se adapta em resposta a um estímulo recebido1. Nesse sentido, a postura também é empregada para descrever o alinhamento do corpo, bem como sua orientação no espaço2. Assim, é de suma importância uma postura adequada para que não ocorram desequilíbrios musculares e, desse modo, menor propensão a lesões ou deformidades3.O principal fator de risco para que ocorram distúrbios na coluna vertebral são os hábitos posturais inadequados durante as atividades de vida diária4.

Em crianças, os hábitos posturais incorretos devido a longos períodos na postura sentada, assentos desproporcionais, exercícios inadequados ou mal executados pelas crianças e utilização de mochilas pesadas, implicam em distúrbios posturais desde os primeiros anos de escolaridade5. Ainda, a mecânica corporal dessas crianças se encontra em processo de crescimento e as estruturas musculoesqueléticas estão em desenvolvimento, sendo mais suscetíveis a deformações6. A postura correta na fase infantil ou a detecção precoce de distúrbios posturais possibilitam alinhamento corporal quando adulto, pois esse período é essencial para o desenvolvimento musculoesquelético do indivíduo, com maiores possibilidades de prevenção e tratamento dessas alterações posturais, principalmente na coluna vertebral7. Segundo Peliteiro et al.8, a avaliação postural pode fornecer um diagnóstico precoce para tais indivíduos.

No contexto da reeducação postural, é conhecido que o método pilates contribui positivamente no alinhamento postural do corpo6, visto que é uma técnica baseada em exercícios que integrama força, o alongamento e a respiração, o que se pressupõe melhorar a postura, o condicionamento físico e mental. De fato, um estudo reitera que o método pilates apresenta benefícios sobre a postura corporal em mulheres jovens e saudáveis9; no entanto, seu efeito em criançassaudáveis em idade escolar é escasso.

Considerando a carência de trabalhos envolvendo a prática do método pilates sobre o perfil postural de crianças, este estudo objetivou comparar o padrão postural relacionado à coluna cervical e cintura escapular de estudantes praticantes e não praticantes do método pilates.

METODOLOGIA

Trata-se de um ensaio clínico controlado,no qual foi incluída uma amostra de conveniência formada por estudantes com idades entre 9 a 14 anos, regularmente matriculados em três turmas de quinto ano do ensino fundamental de uma escola pública do interior do Rio Grande do Sul, Brasil. Dessa amostra, foram recrutados dois grupos de estudantes: o grupo pilates, que praticou exercícios baseados no método pilates (GP), constituído por 21 estudantes (06 meninos e 15 meninas), e ogrupo inativo (GI), formado por 18 estudantes (05 meninos e 13 meninas)que não praticaram nenhum exercício físico regular, nem Educação Física escolar.

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Assim, os critérios de inclusão do estudoforam: praticar exclusivamente o método pilates na escola por um período mínimo de quatro meses com no mínimo 75% de frequência (GP), e não praticar nenhum exercício físico regular, nem Educação Física escolar (GI). Os critérios de exclusão foram: a prática de outras modalidades de exercícios físicos pelos estudantes além do pilates (GP), bem como a prática de qualquer exercício físico e Educação Física escolar (GI) e alguma incapacidade física e/ou cognitiva que impossibilitasse o estudante de participar do estudo (GP e GI).

Os preceitos éticos foram respeitados de acordo com a Declaração de Helsinque (2008), e os responsáveis legais por cada estudanteassinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), autorizando a participação dos estudantes no estudo. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Pampa, sob o número 457.088 em 13 de novembro de 2013.

Os estudantes foram submetidos a uma avaliaçãoantropométrica (peso corporal e altura, para determinação do índice de massa corporal − IMC), bem como a uma avaliação postural, na qualfoi utilizada uma máquina fotográfica digital Sony 16.1MP DSC-W690, posicionada sobre um tripé a uma altura de 90 cm do solo e com distância de 300 cm da criança. Foi solicitado ao estudante, que estava trajando roupas de banho,que permanecesse em posição ortostática, paralelamentea um fio de prumo e perpendicularmente à câmera, em vistas anterior, posterior e perfil direito e esquerdo. Parapermitir uma posterior calibração no software, foram fixadas esferas de isopor no fio de prumo com distância de 100 cm entre elas. Os dados foram registrados por meio de fotogrametria e analisados no Softwarede Avaliação Postural (Sapo)3. Os pontos anatômicos específicos11 (Figura1) foram dispostos sobre esferas de isopor de 1cm e 2cm de diâmetro e fixados com fitas adesivas dupla face.

A marcação dos pontos anatômicos e o registro fotográfico foram realizados por dois avaliadores previamente treinados, e os ângulos analisados11 estão dispostos no Quadro 1.A análise e a interpretação dos resultados foram realizadas pelo mesmo pesquisador, previamente treinado. A avaliação dos desvios posturais no Sapo foi realizada por um avaliador cego.

Figura 1. Referências ósseas do protocolo do software de avaliação postural Sapo. Vista anterior − 2, 3:tragus direito e esquerdo; 5, 6: acrômio direito e esquerdo; 12, 13: espinha ilíaca ântero-superior direita e esquerda; 14, 15:trocanter maior direito e esquerdo; 16, 19: projeção lateral da linha articular do joelho direito e esquerdo; 17, 20: centro da patela direita e esquerda; 18, 21: tuberosidade da tíbia direita e esquerda; 22, 25: maléolos laterais; 23, 26: maléolos mediais.Vista posterior − 7, 8: ângulo inferior da escápula direita e esquerda; 17: terceira vértebra torácica; 32, 33: ponto medial da perna;35, 39: linha intermaleolar; 37, 41: tendão calcâneo bilateralmente.Vista lateral –2:tragus; 8: sétima vértebra cervical; 5: acrômio; 21: espinha ilíaca ântero-superior; 22: espinha ilíaca póstero-ântero-superior; 23:trocanter maior; 24: projeção da linha articular do joelho; 30: maléolo lateral; 31: região entre o segundo e o terceiro metatarso

Quadro 1. Ângulos do protocolo do software de avaliação postural Sapo

Vista anterior

Cabeça Ângulo 1− Alinhamento horizontal da cabeça: 2-3 e a horizontal.

Tronco

Ângulo 2− Alinhamento horizontal dos acrô-mios: 5-6 e a horizontal.

Ângulo 3− Alinhamento horizontal das es-pinhas ilíacas ântero-superiores: 12-13. Ângulo 4− Ângulo dos dois acrômios e as duas espinhas ilíacas ântero-superiores:5-6; 12-13.

Membros inferiores

Ângulo 5− Ângulo frontal do membro inferior direito: 14-16-22 (ângulo de fora).

Ângulo 6 – Ângulo frontal do membro inferior esquerdo: 15-19-25 (ângulo de fora). Ângulo 7 – Diferença no comprimento dos membros inferiores: D(12;23)-D(13;26). Ângulo 8 –Alinhamento horizontal das tuber-osidades das tíbias: 18-21 e horizontal. Ângulo 9 – Ângulo Q direito: ângulo entre 12-17 e 17-18.

Ângulo 10 – Ângulo Q esquerdo: ângulo entre 13-20 e 20-21.

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Vista lateral

Cabeça

Ângulo 11 – Alinhamento horizontal da ca-beça (C7): 2-8 e horizontal.

Ângulo 12 – Alinhamento vertical da cabeça (acrômio): 5-2 e vertical.

Tronco

Ângulo 13 – Alinhamento vertical do tronco: 5-23 e vertical.

Ângulo 14 – Ângulo do quadril (tronco e membro inferior): 5-23-30.

Ângulo 15 – Alinhamento vertical do corpo: 5-30 e vertical.

Ângulo 16 – Alinhamento horizontal da pélvis: 21-22 e horizontal.

Membros inferiores

Ângulo 17 – Ângulo do joelho: 23-24-30. Ângulo 18 – Ângulo do tornozelo: 24-30 e horizontal.

Vista Posterior

Tronco Assimetria horizontal da escápula em relação à T3.

Membros inferiores

Ângulo 19 – Ângulo perna/retropé direito: 32-35-37

Ângulo 20 – Ângulo perna/retropé esquerdo: 33-39-41.

Foi utilizado o programa estatístico Stata, e os dados foram apresentados por meiode análise descritiva, como média e desvio padrão ou como frequência absoluta e relativa. Foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificação da normalidade dos dados. Assim, foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes nas variáveis contínuas que apresentaram distribuição paramétrica e o teste de Mann-Whitney quando as variáveis apresentavam uma distribuição não paramétrica. Foi utilizado o teste de Mann-Whitney nas variáveis:alinhamento horizontal da cabeça, alinhamento horizontal dos acrômios e alinhamento horizontal da cabeça no perfil direito e esquerdo na comparação intergrupos. Foi considerado como estatisticamente significativo um p<0,05.

RESULTADOS

Foi analisado o perfil postural referente à coluna cervical e cintura escapular em uma amostra composta por 39 estudantes, sendo 21 estudantes do GP (10,38±0,58 anos e IMC=18,74±4,51kg/m2) e 18 estudantes do GI (10,68±1,3 anos e IMC=17,57±1,61kg/m2).

Os valores referentes ao perfil postural da coluna cervical e cintura escapular dos estudantes do GP e GI estão dispostos na Tabela 1. Houve diferença significativa entre os grupos nas variáveis relacionadas ao alinhamento horizontal dos acrômios (p=0,02), assimetria horizontal

da escápula (p=0,003), alinhamento vertical do corpoem vista lateral direita (p=0,0003) e assimetria no plano frontal (p=0,0003), evidenciando que nos estudantes do GP, em comparação aos do GI, o acrômio esquerdo está menos elevado, a escápula esquerda está menos abduzida e há melhor alinhamento corporal e do centro de gravidade, respectivamente.

Tabela 1. Comparação do perfil postural da coluna cervical e cintura escapular entre praticantes e não praticantes do método pilates

GP GI P

N 21 18

Vista anterior

Alinhamento horizontal da

cabeça 0,9±3,0 8,4±42,2 0,14 Alinhamento horizontal dos

acrômios 1,1±1,9 -10,4±42,0 0,02* Vista posterior

Assimetria horizontal da

escápula -4,6±20,0 -25,6±21,8 0,003* Vista lateral direita

Alinhamento horizontal da

cabeça 49,9±18,5 42,1±8,2 0,08 Alinhamento vertical da

cabeça 6,5±11,0 8,3±13,7 0,65 Alinhamento vertical do

tronco -1,1±3,9 -0,9±3,0 0,87 Alinhamento vertical do

corpo 1,4±1,7 3,5±1,6 0,0003* Vista lateral esquerda

Alinhamento horizontal da

cabeça 49,0±19,0 44,1±6,2 0,39 Alinhamento vertical da

cabeça 6,6±8,8 1,5±8,3 0,07 Alinhamento vertical do

tronco 1,1±3,2 -0,3±4,5 0,25 Alinhamento vertical do

corpo 2,8±2,5 2,3±1,8 0,50 Centro de gravidade

Assimetria no plano frontal 7,9±11,6 -11,6±12,9 0,0003* Assimetria no plano sagital 38,7±12,9 43,9±14,7 0,24

Assimetrias no plano frontal e sagital são apresentadas em percentis, e as demais variáveis apresentadas em graus.GP = grupo pilates;GI = grupo inativo;N=número de indivíduos em cada grupo.*Valores <0,05 indicam diferença significativa

DISCUSSÃO

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método pilates apresentaram um melhor alinhamento de ombro e escápula, bem como melhor alinhamento corporal e do centro de gravidade quando comparados aos não praticantes do método.

Com relação ao padrão postural, um estudo analisou os efeitos do pilates sobre padrões biomecânicos durante uma tarefa funcional de flexão de ombro, e os resultados indicaram que o programa foi eficaz na estabilização da postura quando era realizado o movimento de flexão do ombro. Este achado sugere a relação da prática do método com a prevenção de distúrbios que envolvem os segmentos pescoço-ombro13. Esse efeito positivo do pilates sobre o complexo do ombro também foi evidenciado neste estudo, no qual os praticantes do método apresentaram melhor alinhamento nesse segmento quando comparados aos não praticantes.

O melhor alinhamento corporal e do centro de gravidade presente nos praticantes de pilates neste estudo pode ser explicado pelo fato de que os exercícios desse método influenciam no controle postural e estimulam o trabalho dos músculos centrais e estabilizadores da coluna14. Nesse sentido, o pilates requer ativação e coordenação de vários grupos musculares em um mesmo momento, enfatizando o fortalecimento dos músculos centrais e a coordenação entre a respiração, o movimento e o posicionamento do corpo15, desenvolvendo assim estabilização e flexibilidade16. Logo, o método busca a simetria corporal, pois trabalha sobre os movimentos do tronco buscando integrar o equilíbrio, flexibilidade e fortalecimento muscular17.

Considerando que a função do centro de força (powerhouse) é promover a sustentação da coluna e órgãos internos, estabilizar o tronco e manter a postura correta, a fim de reduzir o gasto energético durante o movimento e o risco de lesões18, é relevante o fortalecimento dos músculos centrais para promover a correção e o alinhamento postural, princípio abordado pelo pilates. Nesse contexto, os músculos centrais formam um complexo conhecido como quadril-pélvico-lombar, no qualse incluem os músculos paravertebrais, abdominais, do assoalho pélvico, adutores de quadril, glúteos e o diafragma19. Entre eles, os músculos multifídios e o transverso do abdome são importantes estabilizadores da coluna lombar, na qual geram uma pressão intra-abdominal com carga mínima para a coluna lombar20. Assim, por meio dessa função, ocorre uma diminuição na compressão axial e na força de cisalhamento, promovendo maior estabilidade à coluna vertebral21.

Adicionalmente, no centro de força, também se encontra o centro de gravidade, correspondendo ao local onde os movimentos se iniciam. Portanto, o fortalecimento desses músculos centrais por meio do pilates leva à prevenção e reabilitação de desordens musculoesqueléticas e posturais21. Esses fatores corroboram os dados deste estudo, no qual houve um melhor alinhamento do tronco e do centro de gravidade nos praticantes de pilates.

Durante a fase de crescimento da criança saudável, o corpo atinge gradualmente a forma do adulto, sendo quese altera especialmente na puberdade em virtude das modificações hormonais, do desenvolvimento musculoesquelético e em função do estirão de crescimento rápido; logo, os maus hábitos e alterações posturais tendem a ocorrer com mais frequência nessa etapa22,23. De forma complementar, além das influências hormonais, existe as de ordem ambientais e comportamentais, que podem ser fatores agravantes das alterações posturais nesses jovens, como o excesso de peso e o transporte inadequado do material escolar, as condições ergonômicas relativas aos mobiliários inadequados à necessidade do escolar e a manutenção de posturas incorretas adotadas durante as aulas e no período extraescolar24.

Sob essa perspectiva, torna-se relevante a adoção de medidas para detecção e intervenção precoce das alterações posturais por meio da ação integrada de educadores, estudantes, pais, fisioterapeutas e do governo23, tendo em vista essa etapa crucial de desenvolvimento postural em crianças. Assim, um dos métodos de reeducação postural amplamente utilizado atualmente é o método pilates25; porém, sua atuação nas escolas em crianças ainda é escassa. O estudo de Andeo et al.26 propôs a inserção de uma variedade de exercícios baseados no método pilates para os professores de Educação Física que trabalham no ensino primário adaptarem em suas aulas, a fim de desenvolver habilidades biopsicossociais e promover a saúde dos estudantes; contudo, o estudo não relata os efeitos dessa prática.

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que um programa de exercícios baseados no método pilates foi eficaz na melhora da estabilidade postural em idosos.Apesar de estudos apontarem para um efeito positivo do método pilates sobre o padrão e estabilidade postural em diferentes populações, em crianças em fase escolar seus efeitos ainda são escassos. Esse fato demonstra a relevância deste trabalho, uma vez que encontrou um melhor perfil postural em praticantes do método quando comparado aos não praticantes.

Como limitação do estudo, reitera-se que não foi possível determinar se o grupo praticante do método pilates já não apresentava, antes da avaliação, um alinhamento postural mais adequado em comparação aos não praticantes.

CONCLUSÃO

Por meio dos dados reportados neste estudo, foi possível identificar que os estudantes praticantes do método pilates apresentaram melhor alinhamento de ombro e escápula e melhor alinhamento corporal e do centro de gravidade em comparação aos não praticantes.

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Figura 1. Referências ósseas do protocolo do software de  avaliação postural Sapo. Vista anterior − 2, 3:tragus direito e  esquerdo; 5, 6: acrômio direito e esquerdo; 12, 13: espinha ilíaca  ântero-superior direita e esquerda; 14, 15:trocanter maior direit
Tabela 1. Comparação do perfil postural da coluna cervical e  cintura escapular entre praticantes e não praticantes do método  pilates GP GI P N 21 18 Vista anterior Alinhamento horizontal da  cabeça 0,9±3,0 8,4±42,2 0,14

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