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Diabetes mellitus como fator prognóstico em doença cerebrovascular isquêmica.

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Academic year: 2017

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DIABETES MELLITUS COMO FATOR PROGNÓSTICO EM

DOENÇA CEREBROVASCULAR ISQUÊMICA

TEREZINHA V. OLIVEIRA * — ANA MARLENE GORZ ** PAULO ROGÉRIO M. BITTENCOURT ***

R E S U M O — C o m o p a r t e d e e s t u d o p r o s p e c t i v o d e 3 4 7 c a s o s d e d o e n ç a c e r e b r o v a s c u l a r i s q u ê m i c a ( D C V I ) i n t e r n a d o s e m u m h o s p i t a l g e r a l , f o r a m a v a l i a d o s 3 6 p a c i e n t e s d i a b é t i c o s e 3 6 c o n t r o l e s c o m s e x o , i d a d e e p r e s s ã o a r t e r i a l s e m e l h a n t e s , c o m o o b j e t i v o d e v e r i f i c a r c o m o d i a b e t e s m e l l i t u s a f e t a o p r o g n ó s t i c o e m D C V I . O s 7 2 p a c i e n t e s a p r e s e n t a v a m v á r i o s t i p o s d e D C V I ( t r o m b o s e , t r o m b o e m b o l i s m o o u e m b o l i a c a r d i o g ê n i c a ) . O s p a c i e n t e s d i a b é t i -c o s t i v e r a m e s t a t i s t i -c a m e n t e m a i s d i a s d e i n t e r n a m e n t o ( p < 0 , 0 5 ) , m a i s -c o m p l i -c a ç õ e s d u r a n t e o i n t e r n a m e n t o ( p < 0 , 0 5 ) , m a i s c o m p l i c a ç õ e s i n f e c c i o s a s ( p < 0 , 0 1 ) e m a i o r n ú m e r o d e ó b i t o s a o f i m d o s e g u i m e n t o ( p < 0 , 0 5 ) . A p ó s 3 7 7 ± 4 2 9 ( m é d i a ± d e s v i o p a d r ã o ) d i a s d e s e g u i m e n t o , e m 5 0 % d o s d i a b é t i c o s h a v i a o c o r r i d o o ó b i t o , e n q u a n t o a p ó s 3 8 7 ± 4 0 5 d i a s 2 5 % d o s n ã o d i a b é t i c o s h a v i a m f a l e c i d o . O s ó b i t o s e m a m b o s o s g r u p o s o c o r r e r a m e m m é d i a n o o i t a v o m ê s a p ó s o e v e n t o v a s c u l a r q u e m o t i v o u a a d m i s s ã o i n i c i a l . N ã o f o r a m n o t a d a s d i f e r e n ç a s c o m r e s p e i t o a o n ú m e r o d e ó b i t o s d u r a n t e a i n t e r n a ç ã o i n i c i a l o u a s c o n d i ç õ e s n e u r o l ó g i c a s d o s s o b r e v i v e n t e s a o f i m d a a d m i s s ã o i n i c i a l e d o s e g u i m e n t o .

D i a b e t e s m e l l i t u s e f f e c t o n p r o g n o s i s i n i s c h e m i c c e r e b r a l v a s c u l a r d i s e a s e

S U M M A R Y — A s p a r t o f a p r o s p e c t i v e s t u d y a b o u t 3 4 7 c a s e s o f i s c h e m i c c e r e b r a l v a s c u l a r d i s e a s e ( D C V I ) a d m i t t e d t o a g e n e r a l h o s p i t a l 3 6 d i a b e t i c a n d 3 6 n o n - d i a b e t i c p a t i e n t s w i t h s i m i l a r s e x , a g e a n d b l o o d p r e s s u r e w e r e e v a l u a t e d w i t h t h e o b j e c t i v e o f a s s e s s i n g t h e e f f e c t o f d i a b e t e s m e l l i t u s o n p r o g n o s i s i n D C V I . A l l p a t i e n t s h a d v a r i o u s t y p e s o f D C V I ( t h r o m b o s i s , t h r o m b o e m b o l i s m o r c a r d i a c e m b o l i s m ) . T h e d i a b e t i c p a t i e n t s h a d s t a t i s t i c a l y l o n g e r a d m i s s i o n s ( p < 0 . 0 5 ) , m o r e c o m p l i c a t i o n s d u r i n g r e m i s s i o n ( p < 0 . 0 5 ) , m o r e i n f e c t i o u s c o m p l i c a t i o n s ( p < 0 . 0 1 ) a n d a g r e a t e r n u m b e r o f d e a t h s a t t h e e n d o f f o l l o w - u p ( p < 0 . 0 5 ) . A f t e r 3 7 7 + 4 2 9 ( m e a n ± s t a n d a r d d e v i a t i o n ) d a y s o f f o l l o w - u p , 5 0 % o f t h e d i a b e t i c s h a d d i e d w h i l e a f t e r 3 8 7 ± 4 0 5 d a y s 2 5 % o f t h e n o n - d i a b e t i c s h a d d i e d . D e a t h s i n b o t h g r o u p s o c c u r e d i n a v e r a g e a t t h e 8 t h m o n t h a f t e r t h e v a s c u l a r e v e n t t h a t l e d t o t h e f i r s t a d m i s s i o n . T h e r e w e r e n o d i f f e r e n c e s w i t h r e s p e c t t o t h e n u m b e r o f d e a t h s d u r i n g a d m i s s i o n o r t o n e u r o l o g i c a l c o n d i t i o n s o f t h e s u r v i v o r s a t t h e e n d o f t h e f i r s t a d m i s s i o n o r a t t h e e n d o f f o l l o w - u p .

Diabetes mellitus é amplamente reconhecido como fator predisponente de

morbi-dade e mortalimorbi-dade quando associado a doenças cerebrovasculares isquémicas 5,i2,2i

)

uma associação frequente na prática clínica. Estudos indicam que a ocorrência de

doenças cerebrovasculares em diabéticos é 2 a 6 vezes mais frequente que em não

diabéticos n . Nos estudos de Framingham a prevalência de infartos trombóticos foi

2,5 vezes maior em homens diabéticos e 3,6 vezes maior em mulheres diabéticas que

em pacientes não diabéticos 17. Há, no entanto, poucos relatos sobre a história natural

de pacientes diabéticos após um evento agudo isquémico, dificultando avaliação

obje-tiva do prognóstico de tais casos L16. Entre outros fatores de risco para doenças

U n i d a d e d e N e u r o l o g i a C l í n i c a , H o s p i t a l N o s s a S e n h o r a d a s G r a ç a s ( H N S G ) , C u r i t i b a : * M é d i c a R e s i d e n t e ; * * N e u r o l o g i s t a ; * * * C h e f e d a U n i d a d e .

(2)

cerebrovasculares isquêmicas destacam-se hipertensão arterial e doenças cardíacas

embolígenas (endocardite bacteriana, infarto agudo de miocárdio, doença reumática,

outras valvopatias e arritmias, principalmente fibrilação a t r i a l )

2

-

7

^ . ^

1 4

' ! ^

2 1

.

Neste trabalho avaliamos de maneira prospectiva e controlada a história natural

de episódios agudos de doença cerebrovascular isquêmica visando quantificar

objeti-vamente a contribuição prognóstica do diabetes mellitus e sua possível relação com

fisiopatologia e localização do processo isquêmico.

M A T E R I A L . E M É T O D O S

E n t r e . 1 9 8 2 e 1 9 8 6 f o i r e a l i z a d o e s t u d o p r o s p e c t i v o i n c l u i n d o 3 4 7 c a s o s d e d o e n ç a s c e r e b r o v a s c u l a r e s i s q u ê m i c a s i n t e r n a d o s n a U n i d a d e d e N e u r o l o g i a C l í n i c a d o H N S G (20). P a r a o p r e s e n t e e s t u d o f o r a m d e t e r m i n a d o s p r e v i a m e n t e p a r â m e t r o s p a r a a e s c o l h a d e u m g r u p o d e p a c i e n t e s d i a b é t i c o s e o u t r o d e p a c i e n t e s n ã o d i a b é t i c o s c o m i d a d e , s e x o e p r e s s ã o a r t e r i a l s e m e l h a n t e s . P r e e n c h i d o s e s t e s c r i t é r i o s o s p a c i e n t e s f o r a m r e t i r a d o s s u c e s s i v a m e n t e d o g r u p o g e r a l d e 3 4 7 c a s o s . O g r u p o d i a b é t i c o f o i e s c o l h i d o b a s e a d o n u m d i a g n ó s t i c o m é d i c o a n t e r i o r o u p e l o a c h a d o d e d u a s o u m a i s g l i c e m i a s d e j e j u m a c i m a d e 1 4 0 m g / d l d u r a n t e a h o s p i t a l i z a ç ã o . T o d o s o s p a c i e n t e s a d m i t i d o s a o e s t u d o t i v e r a m r o t i n e i r a m e n t e r e a l i z a d o s h e m o g r a m a , V H S , c r e a t i n i n a , g l i c e m i a , s o r o l o g i a p a r a l u e s , r a i o s X d e t ó r a x , e l e t r o c a r d i o g r a m a , t o m o g r a f i a a x i a l c o m p u t a d o r i z a d a e q u a n d o n e c e s s á r i o o u t r o s p r o c e d i m e n t o s d i a g n ó s t i c o s t a i s c o m o e l e t r o c a r d i o g r a f i a d i n â m i c a , e l e t r e n c e f a l o g r a f i a , a n g i o g r a f i a o u e c o c a r -d i o g r a f i a .

A p r e s s ã o a r t e r i a l f o i c o n s i d e r a d a n o r m a l q u a n d o n í v e i s m e n o r e s d o q u e 1 6 0 / 9 0 m m H g f o s s e m r e p e t i d a m e n t e e n c o n t r a d o s e m p a c i e n t e s a b a i x o d e 5 0 a n o s e, n o s a c i m a d e 5 0 a n o s , n í v e i s a b a i x o d e 1 6 0 / 9 5 m m H g . O s p a c i e n t e s q u e t i n h a m c i f r a s t e n s i o n a i s a c i m a d o s n í v e i s c o n s i d e r a d o s n o r m a i s o u q u e j á e s t a v a m s o b t r a t a m e n t o a n t i - h i p e r t e n s i v o e r a m c o n s i d e r a d o s h i p e r t e n s o s . D o e n ç a c a r d í a c a e m b o l í g e n a f o i d e f i n i d a d e a c o r d o c o m o s c r i t é r i o s d e e s t u d o p r o s p e c t i v o (13,20). A a v a l i a ç ã o d o p r o g n ó s t i c o b a s e o u - s e e m n ú m e r o d e i n t e r n a m e n t o s , t e m p o d e i n t e r n a ç ã o , c o m p l i c a ç õ e s d u r a n t e a i n t e r n a ç ã o , c o n d i ç ã o c l í n i c a n o m o m e n t o d a a l t a h o s p i t a l a r e a o f i m d o t e m p o d e s e g u i m e n t o . P e l a a v a l i a ç ã o c l í n i c a n o m o m e n t o d a a l t a h o s p i t a l a r o s p a c i e n t e s f o r a m c l a s s i f i c a d o s e m f u n c i o n a i s e n ã o f u n c i o n a i s , d e a c o r d o c o m a r e c u p e r a ç ã o d o d é f i c i t m o t o r e / o u d e f u n ç õ e s c o r t i c a i s . F u n c i o n a i s e r a m o s p a c i e n t e s q u e t i v e r a m r e t o r n o à s s u a s f u n ç õ e s p r o f i s s i o n a i s o u d o m é s t i c a s , t o r n a n d o - s e i n d e p e n d e n t e s ; n ã o f u n c i o n a i s e r a m a q u e l e s q u e t i v e r a m p e r m a n ê n c i a d e d é f i c i t m o t o r e / o u d e f u n ç õ e s c o r t i c a i s t o r n a n d o - s e d e p e n d e n t e s . O s r e s u l t a d o s f o r a m c a l c u l a d o s e s t a t i s t i c a m e n t e u t i l i z a n d o o t e s t e t d e S t u d e n t e o t e s t e d o q u i - q u a d r a d o .

R E S U L T A D O S

F o r a m e s t u d a d o s 3 6 p a c i e n t e s d i a b é t i c o s e 3 6 n ã o d i a b é t i c o s . O s p a c i e n t e s d i a b é t i c o s d o s e x o f e m i n i n o ( 2 2 ) t i v e r a m i d a d e d e 6 5 ± 1 1 a n o s ( m é d i a ± d e s v i o p a d r ã o ) e o s d o s e x o m a s c u l i n o ( 1 4 ) 6 1 ± 7 a n o s . O s p a c i e n t e s n ã o d i a b é t i c o s d o s e x o f e m i n i n o ( 2 2 ) t i v e r a m u m a i d a d e d e 6 5 ± 1 0 a n o s e o s d o s e x o m a s c u l i n o ( 1 4 ) 6 1 ± 7 a n o s .

N o g r u p o d e d i a b é t i c o s 2 9 ( 8 1 % ) t i n h a m d i a g n ó s t i c o p r é v i o d e d i a b e t e s m e l l i t u s e 7 ( 1 9 % ) f o r a m d i a g n o s t i c a d o s d u r a n t e a i n t e r n a ç ã o . A g l i c e m i a v a r i o u d e 8 2 a 6 2 5 m g / d l ( m é d i a 2 8 0 m g / d l ) . O t e m p o m é d i o d e h i s t ó r i a d e d i a b e t e s m e l l i t u s d i a g n o s t i c a d o f o i 6 , 6 ± 9 , 6 ( m é d i a ± d e s v i o p a d r ã o ) , v a r i a n d o d e 0 a 4 0 a n o s . O n ú m e r o e p o r c e n t a g e m d e p a c i e n t e s c o m d i v e r s o s g r a u s d e h i p e r t e n s ã o a r t e r i a l no3 g r u p o s d e d i a b é t i c o s e n ã o d i a b é -t i c o s e s -t ã o d e m o n s -t r a d o s n a -t a b e l a 1. O -t i p o e o r i g e m d o i n f a r -t o n o s d o i s g r u p o s e s -t ã o d e m o n s t r a d o s n a t a b e l a 2 . F o i o b s e r v a d a d i f e r e n ç a e s t a t i s t i c a m e n t e s i g n i f i c a n t e q u a n t o a o m a i o r c o m p r o m e t i m e n t o d o s i s t e m a v e r t e b r o b a s i l a r n o g r u p o d e p a c i e n t e s d i a b é t i c o s .

(3)

G r u p o D i a b é t i c o G r u p o n ã o D i a b é t i c o G r a u N ú m e r o d e p a c i e n t e s

%

N ú m e r o d e p a c i e n t e s

%

N o r m a l 1 0 2 8 8 2 2

L e v e 1 7 4 7 2 0 5 6

M o d e r a d a 5 1 4 1 3

S e v e r a 4 1 1 7 1 9

Tabela 1 Número e porcentagem de pacientes com pressão arterial normal, hipertensão arterial leve (diastólica menor que lOkmmHg), moderada (menor que 120mmHg) e severa (igual ou maior que 120mmHg) em

cerebrovascular aguda isquémica.

36 pacientes diabéticos e não diabéticos com doença

I n f a r t o G r u p o

Tipo de Infarto Grupo Diabético Grupo não Diabético

T r o m b ó t i c o 1 6 2 0

E m b ó l i c o ( c a r d i o g ê n i c o ) 6 1 0

T r o m b o e m b ó l i c o •— c a r ó t i d a 2 3

— v e r t e b r o b a s i l a r 1 1 3 *

V a s c u l i t e 1 0

Origem do Infarto Grupo Diabético Grupo não Diabético

C a r d í a c a 6 1 0

A r t é r i a s c e r e b r a i s 1 7 2 0

C a r ó t i d a 2 3

S i s t e m a v e r t e b r o b a s i l a r 1 1 3 *

Tabela 2 — Tipo e origem do infarto cerebral nos 36 pacientes diabéticos e 36 não diabéticos com doença cerebrovascular isquêmica (*p<^0,01).

d i a b é t i c o s ( p < 0 , 0 1 ) . C o m p l i c a ç õ e s c a r d i o v a s c u l a r e s o c o r r e r a m 4 v e z e s n o g r u p o d e d i a b é t i c o s e 2 n o g r u p o d e n ã o d i a b é t i c o s ( p ] > 0 , 0 5 ) . C o m p l i c a ç õ e s m e t a b ó l i c a s , r e s p e c t i v a m e n t e e m 3 e 2 o c a s i õ e s , g a s t r o i n t e s t i n a i s e m 5 e p s i q u i á t r i c a s e m 4 n o g r u p o d e d i a b é t i c o s .

(4)

C O M E N T A R I O S

A maioria das publicações registra o diabetes mellitus como fator de risco em

doença cerebrovascular tanto isquémica quanto hemorrágica 1.4,8,11,12.

A

natureza

prospectiva deste estudo e o fato da população diabética ter tido um grupo controle

com idade, sexo e níveis tensionais semelhantes torna a interpretação dos resultados

mais segura e objetiva.

A maior incidência encontrada de pacientes do sexo feminino com doença

cerebrovascular isquémica e diabetes mellitus pode refletir risco aumentado de

compli-cações vasculares entre pacientes do sexo feminino com diabetes, já que tanto no

estudo prospectivo do Hospital Nossa Senhora das Graças 20 como em outros estudos

da literatura 18 a frequência de doença cerebrovascular isquémica é um pouco maior

no sexo masculino do que no feminino. No estudo populacional de Rochester 1 5 a

frequência de doença cerebrovascular como causa de óbito em pacientes diabéticos foi

pouco maior em mulheres que em homens. O achado de ocorrer o tromboembolismo

vertebrobasilar com maior frequência no grupo de diabéticos foi inesperado. Uma

explicação fisiopatológica é difícil, mas implicações clínicas claras existem devido

a maior indicação de anticoagulação a longo prazo nesta localização de doença

vas-cular. A morbidade no grupo diabético foi maior, como demonstrado pelo maior

tempo de internação, maior número de complicações, maior mortalidade e maior

número de óbitos ao fim do seguimento. É interessante notar, no entanto, que os

pacientes que sobreviveram ao evento inicial recuperaram o déficit neurológico de

modo semelhante aos não diabéticos. A s complicações infecciosas durante o

inter-namento ocorreram mais frequentemente no grupo de diabéticos enquanto a frequência

de complicações metabólicas e vasculares foi semelhante nos dois grupos.

Estudos experimentais de isquemia cerebral 3 mostram que a hiperglicemia

aumenta a severidade do dano cerebral isquémico. Estes resultados possivelmente

possam ser relacionados a uma contribuição desfavorável em doenças

cerebrovas-culares4>i6. Estudo realizado para investigar a influência da hiperglicemia na evolução

de doença cerebrovascular e de ataques isquémicos transitórios pela medida da

hemo-globina glicosilada permitiu concluir que a hiperglicemia geralmente precede estes

eventos e habitualmente não é reconhecida 1 7 . Complicações sistêmicas do diabetes

como a angiopatia proliferativa dos pequenos vasos cerebrais e a aterosclerose cerebral

severa 6 , 1 6 influenciam o fluxo sanguíneo colateral da zona peri-isquêmica e podem

contribuir para resultados neurológicos mais sombrios, assim como para a observação

neste estudo da maior frequência de infartos em região de alto risco como o tronco

cerebral, irrigado primariamente por artérias perfurantes.

Neste estudo em metade dos pacientes diabéticos e em um quarto dos não

diabéticos ocorreu o óbito durante o internamento ou no ano subsequente. Este

achado indica claramente uma atitude tanto do médico quanto dos familiares com

relação ao prognóstico do evento vascular. O primeiro episódio de doença

cerebro-vascular, sua recorrência, miocardiopatia isquémica e complicações infecciosas,

princi-palmente pulmonares, contribuem de maneira isolada ou associada como principais

causas de morte tanto em pacientes diabéticos como em não diabéticos 1. A falta de

diferença entre os dois grupos no tocante ao tempo de seguimento demonstra que

ambos receberam o mesmo tipo de atendimento ambulatorial ou institucional após o

evento vascular e que os grupos são de perfil psico-social semelhante. Estes fatores,

determinantes da aderência ao tratamento médico em geral, enfatizam a significação

dos resultados aqui apresentados. Da mesma maneira, a análise detalhada do

trata-mento farmacológico empregado nos dois grupos não mostrou diferenças, novamente

indicando semelhanças importantes tanto nas características do atendimento, quanto

nas dos grupos, quantificadas também pelo número de pacientes que receberam

anti-coagulação oral, esquema terapêutico que exige pacientes com características

psico-sociais e geográficas especiais.

(5)

R E F E R Ê N C I A S

1. A s p l u n d K , H ä g g E , H e l m e r s C , L i t h n e r F , S t r a n d T , W e s t e r P O — T h e n a t u r a l h i s t o r y o f s t r o k e i n d i a b e t i c p a t i e n t s . A c t a M e d S c a n d 2 0 7 : 4 1 7 , 1 9 8 0 .

2 . C a p l a n L R , D ' C r u z I , H i e r B D , R e d d y H , S h a h S — A t r i a l s i z e , a t r i a l f i b r i l l a t i o n a n d s t r o k e . A n n N e u r o l 1 9 : 1 5 8 , 1 9 8 6 .

3 . C o u r t e n - M y e r s G M , Y a m a g u c h i S , W a g n e r K R , T i n g P , M y e r s R E — B r a i n i n j u r y f r o m m a r k e d h i p o x i a i n c a t s : r o l e o f h y p o t e n s i o n a n d h y p e r g l y c e m i a . S t r o k e 1 6 : 1 0 1 6 , 1 9 8 5 .

4 . C o x N H , L o r a i n s J W — T h e p r o g n o s t i c v a l u e o f b l o o d g l u c o s e a n d g l y c o s y l a t e d h a e m o -g l o b i n e s t i m a t i o n i n p a t i e n t s w i t h s t r o k e . P o s t -g r a d M e d J 6 2 : 7 , 1 9 8 6 .

5 . F u l l e r J H , S h i p l e y M J , R o s e G , J a r r e t t R J , K e e n H — M o r t a l i t y f r o m c o r o n a r y h e a r t d i s e a s e a n d s t r o k e i n r e l a t i o n t o d e g r e e o f g l y c a e m i a : t h e W h i t e h a l l s t u d y . B r M e d J 2 8 7 : 8 6 7 , 1 9 8 3 .

6. G a r c i a M J , M a c N a m a r a P M , G o r d o n T , K a n n e l l W B — M o r b i d i t y a n d m o r t a l i t y i n d i a b e t i c s i n t h e F r a m i n g h a m p o p u l a t i o n . D i a b e t e s 2 3 : 1 0 5 , 1 9 7 4 .

7 . H a r t R G , C o u l l B M , H a r t D — E a r l y r e c u r r e n t e m b o l i s m a s s o c i a t e d w i t h n o n v a l v u l a r a t r i a l f i b r i l l a t i o n : a r e t r o s p e c t i v e s t u d y . S t r o k e 1 4 : 6 8 8 , 1 9 8 3 .

8. H e r m a n B , L e y t e n A C M , V a n L u u k J H , F r e n k e n C W G M , O p D e C o u l A A W , S c h u l t e B P M — A n e v a l u a t i o n o f r i s k f a c t o r s f o r s t r o k e i n a D u t c h c o m m u n i t y . S t r o k e 1 3 : 3 3 4 , 1 9 8 2 .

9. K a g a n A , P o p p e r J S , R h o a d s G G , Y a n o K — D i e t a r y a n d o t h e r r i s k f a c t o r s f o r s t r o k e i n H a w a i i a n J a p a n e s e m e n . S t r o k e 1 6 : 3 9 0 , 1 9 8 5 .

1 0 . K a g a n A , P o p p e r J S , R h o a d s G G — F a c t o r s r e l a t e d t o s t r o k e i n c i d e n c e i n H a w a i i J a p a n e s e m e n : t h e H o n o l u l u h e a r t s t u d y . S t r o k e 1 1 : 1 4 , 1 9 8 0 .

1 1 . K u l l e r L H , D o r m a n J S , W o l f P A — C e r e b r o v a s c u l a r d i s e a s e a n d d i a b e t e s . I n U n i t e d S t a t e s D e p a r t m e n t o f H e a l t h a n d H u m a n S e r v i c e s : D i a b e t e s i n A m e r i c a . W a s h i n g t o n , 1 9 8 5 , c a p 1 8 , p g 1.

1 2 . L a v y S , M e l a m e d E , C a h a n e E , C a r m o n A — H y p e r t e n s i o n a n d d i a b e t e s a s r i s k f a c t o r s i n s t r o k e p a t i e n t s . S t r o k e 4 : 7 5 1 , 1 9 7 3 .

1 3 . M o h r J P , C a p l a n L R , M e l s k i J W , G o l d s t e i n R J , D u n c a n G W , K i s t l e r J P , P e s s i n M S , B l e i c h H L — T h e H a r v a r d c o o p e r a t i v e s t r o k e r e g i s t r y : a p r o s p e c t i v e r e g i s t r y . N e u -r o l o g y 2 8 : 7 5 4 , 1 9 7 8 .

1 4 . O l i v a r e s L , C a t a ñ e d a E , G r i f é A , A l t e r M — R i s k f a c t o r s i n s t r o k e : a c l i n i c a l s t u d y i n M e x i c a n p a t i e n t s . S t r o k e 4 : 7 7 3 , 1 9 7 3 .

1 5 . P a l u m b o P J , E l v e b a c k L R , C h u - P i n C h u M S , C o n n o l l y D C , K u r l a n d L T — D i a b e t e s m e l l i t u s : i n c i d e n c e , p r e v a l e n c e , s u r v i r o r s h i p a n d c a u s e s o f d e a t h i n R o c h e s t e r , M i n n e s o -t a , 1 9 4 5 - 1 9 7 0 . D i a b e -t e s 2 5 : 5 6 6 , 1 9 7 9 .

1 6 . P u l s i n e l l i W A , L e v y D E , S i g s b e e B , S c h e r e r P , P l u m F — I n c r e a s e d d a m a g e a f t e r i s c h e m i c s t r o k e i n p a t i e n t s w i t h h y p e r g l y c e m i a w i t h o r w i t h o u t e s t a b l i s h e d d i a b e t e s m e l l i t u s . A m J M e d 7 4 : 5 4 0 , 1 9 8 3 .

1 7 . R i d d l e M C , H a r t J — H y p e r g l y c e m i a , r e c o g n i z e d a n d u n r e c o g n i z e d , a s a r i s k f a c t o r f o r s t r o k e a n d t r a n s i e n t i s c h e m i c a t t a c k s . S t r o k e 1 3 : 3 5 6 , 1 9 8 2 .

1 8 . S a l o n e n J T , P e k k a P u s k a M P H , J a a k k o T u o m i l e h t o M A , K a v a H o m a n M A — R e l a t i o n o f b l o o d p r e s s u r e , s e r u m l i p i d s a n d s m o k i n g t o t h e r i s k o f c e r e b r a l s t r o k e : a l o n g i t u d i n a l s t u d y i n E a s t e r n F i n l a n d . S t r o k e 1 3 : 3 2 7 , 1 9 8 2 .

1 9 . S h e r m a n D G , G o l d m a n L , W h i t i n g R B , J u r g e n s e n K , K a s t e M , E a s t o n J D — T r o m b o - ¬ e m b o l i s m i n p a t i e n t s w i t h a t r i a l f i b r i l l a t i o n . A r c h N e u r o l 4 1 : 7 0 8 , 1 9 8 4 .

2 0 . T s o - L i n C , B i t t e n c o u r t P R M , G o r z A M , M a z e r S — D o e n ç a c é r e b r o v a s c u l a r i s q u ê m i c a : e s t u d o p r o s p e c t i v o d e 3 4 7 c a s o s n u m h o s p i t a l g e r a l . T e m a L i v r e . 12o

C o n g r e s s o B r a s i l e i r o d e N e u r o l o g i a , 1 9 8 6 .

Referências

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