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Automação industrial e cultura técnica: o caso do petróleo brasileiro S/A - PETROBRÁS

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(1)

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

"AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL E CULTURA TÉCNICA.

O CASO DA PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS."

ERALDY KENNEDY DE SOUSA CHAGAS

(2)

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

E

"AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL E CULTURA TÉCNICA. O CASO DA PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS."

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR

,/

ERALDY KENNEDY DE SOUSA CHAGAS 199709 832

T/EBAP C433a

11111111111111111111111111111

1000078789

APROVADA EM 25/07/1997

PELA COMISSÃO EXAMINADORA

(3)

Resumo da Dissertação apresentada à EBAPIFGV como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Mestre em Administração Pública.

"AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL E CULTURA TÉCNICA. O CASO DA PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS."

Eraldy Kennedy de Sousa Chagas Julho, 1997

Orientador: Fernando Guilherme T enório Programa: Administração Pública

A PETROBRAS, conhecedora das mudanças ocorridas no ambiente de negócios durante a década de 90, esforça-se em aproveitar as oportunidades surgidas ou aquelas que ainda estão por aparecer no setor petroleiro. Tal esforço traduziu-se na formulação do Plano Estratégico do Sistema PETROBRAS 199212001. Este plano define objetivos e estratégias decenais. Inserida no Plano Estratégico, está a questão da automação da companhia, considerada de suma importância para o seu desempenho no setor. Dentre os 14 Projetos Estratégicos do Plano temos o Projeto Estratégico de Automação (PEA), e para a implementação de seus objetivos é fundamental o desempenho dos funcionários neste Projeto. O desempenho do quadro funcional irá influenciar decisivamente o caminho a ser percorrido pela empresa rumo à modernidade, em um ambiente de negócios altamente renovado pela tecnologia de base microeletrônica. Uma das variáveis

,

que permitirá ou não a efetividade da PETROBRAS está relacionada à sua Cultura Técnica, ou seja, ao conjuntod,e conhecimentos que os agentes técnicos da Companhia

.,.~ I-r '\ ..

(4)

Sumary ofthe thesis presented to EBAPIFGV, as part ofthe requirements for the degree ofMaster in Public Administration.

"INDUSTRIAL AUTOMATION AND TECHNIC CUL TURE.

THE CASE OF THE PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS."

EraIdy Kennedy de Sousa Chagas July, 1997

Director ofthesis: Fernando Guilherme Tenório Program: Public Administration

(5)

DEDICATÓRIA ESPECIAL

A fé que tenho em DEUS tornou possível,

ao longo da minha vida,

enxergar coisas que os meus olhos não viam.

Tudo o que sou, tudo o que tenho e tudo o que aspiro,

têm brotado em minha vida por intermédio do seu amor e da sua graça.

Portanto, dedico ao SENHOR a minha sincera gratidão

(6)

DEDICATÓRIA

Aos meus paiS, João Clímaco das Chagas (in memoriam) e Elisabete de Sousa Chagas, pelo exemplo de vida e abnegação na criação de seus três filhos: Késia, Kennedy e Júnior.

À amada Ilana: esposa, amiga e adjutora de todas as horas.

Às minhas queridas filhas Liana Rebeca e Anna Beatrice: dons de DEUS que me trazem alegria e felicidade contínuas.

(7)

AGRADECIMENTOS

- À Petróleo Brasileiro

SI

A - PETROBRAS, pela permissão para o afastamento necessário à realização do Curso.

- À Escola Brasileira de Administração Pública - EBAP da Fundação Getúlio Vargas - FGV, pelo muito que me ensinou e pelo muito que eu aprendi, tanto em sala de aula quanto fora dela.

- Meu particular agradecimento ao Prof. Df. Fernando Guilherme Tenório -verdadeiro mestre- que, através de sua orientação segura, seus conselhos francos e objetivos, e seu apoio integral ao longo de todo o Curso de Mestrado proporcionaram as condições necessárias à consecução deste estudo.

- Aos ilustres professores Valéria de Souza e Rogério Aragão Bastos do Valle por tão gentilmente aceitarem o nosso convite para compor a Banca Examinadora, assim como pelas contribuições de melhorias para o presente trabalho .

- Aos colegas da PETROBRAS e da FGV que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização do Mestrado.

- Aos parentes e amigos, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte, representados aqui por Elisabete, Késia, Clarissa, Ana Luísa, Tomé e Júnior, pelo apoio e orações em nosso favor no transcorrer do Curso.

(8)

ÍNDICE

Página

RESUMO ... . 11

ABSTRACT ... ... . 111

DEDICA TÓRIA ESPECIAL ... . IV DEDICATÓRIA ... ... . V AGRADECIMENTOS ... . VI ÍNDICE ... . VIl LISTA DE ANEXOS ... . IX LISTA DE QUADROS ... ... . X LISTA DE TABELAS ... . Xl LISTA DE GRÁFICOS ... . XIl INTRODUÇÃO ... . 1

CAPÍTULO I - METODOLOGIA Objetivos do estudo ... 5

Delimitação do estudo ... 5

Suposições... ... 6

Relevância do estudo ... 6

Definição de termos ... 8

Tipo de pesquisa ... 8

Universo e amostra... 10

Seleção dos sujeitos... 11

Coleta dos dados... 12

Tratamento dos dados coletados ... 13

(9)

CAPÍTULO 11 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Reflexão sobre a técnica... 16

i) Paradigma do determinismo técnico da sociedade... 16

ii) Paradigma do determinismo social da técnica... 17

iii) Paradigma habermasiano ... 18

Diferença entre cultura organizacional e cultura técnica... 20

Tecnoburocracia e cultura técnica ... 25

Desenvolvimento da tecnologia de automação industrial... 34

Automação industrial na PETROBRAS ... 51

CAPÍTULO

m -

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS 3.1 ) Variável características internas da PETROBRAS ... 56

3.2) Variável paradigmas tecnológicos internacionais ... 67

3.3) Variável características sociais de cada país ... ... 72

CONCLUSÕES... ... ... ... ... ... ... ... .... 74

RECOMENDAÇÕES ... ... ... ... ... ... ... ... ... 79

BIBLIOGRAFIA... 82

(10)

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO PARA A ENTREVISTA ESTRUTURADA. 89

ANEXO 2 - COMENTÁRIOS ÀS QUESTÕES ABERTAS ... 94

ANEXO 3 - ENTREVISTAS ESTRUTURADAS ... 104

ANEXO 4 - DADOS ESTATÍSTICOS DA PESQUISA DE CAMPO ... 147

(11)

LISTA DE QUADROS

QUADRO N° 1: TRIPÉ DA MODERNIZAÇÃO INDUSTRIAL ... 26 QUADRO N° 2: MODELO BUROCRÁTICO WEBERIANO ... 30 QUADRO N° 3: ESTRUTURA FUNCIONAL DE SISTEMAS DE

INFORMAÇÃO E CONTROLE INTEGRADO .... ... ... 38 QUADRO N° 4: COMPARAÇÃO DAS RELAÇÕES INDUSTRIAIS

ENTRE O SISTEMA FORDISTA E O FLEXÍVEL. ... 42 QUADRO N° 5: CONFRONTO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS

DOS ROBÔS, DO TRABALHO MANUAL E DOS

SISTEMAS AUTOMÁTICOS RÍGIDOS... ... ... 44 QUADRO N°6: ORGANOGRAMA BÁSICO DA PETROBRAS

EM 1995... 54 QUADRO N°7: COMPARAÇÃO ENTRE AS VANTAGENS TÉCNICAS

DA UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA DE CONTROLE DE PROCESSO POR MEIO DIGITAL. ... ... ... 64 QUADRO N°S: COMPARAÇÃO ENTRE O MODELO DE ESTADO

(12)

LISTA DE TABELAS

TABELA N° 1 - ESTÁGIO DA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL E

PREVISÃO PARA 1997 o o o o o o o o o 0 0 0 o . . o o o 0 0 0 o . . o 0 0 o o o 0 0 0 o o . . o o . . 0 0 o o 0 0 55

TABELA 2 - RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO NA

PETROBRAS - ÍNDICE GERAL o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 58

TABELA 3 - RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO NA

PETROBRAS - ESTRATIFICAÇÃO POR

ÁREA PESQUISADA o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o 63

TABELA N° 4 - RESULTADO DO DESENVOLVIMENTO DE

(13)

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO N° 1: CATEGORIA IMPACTO NA AÇÃO GERENCIAL ... 59

GRÁFICO N° 2: CATEGORIA IMPACTO DA TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO NA FORÇA DE TRABALHO... ... 60

GRÁFICO N° 3: CATEGORIA IMPACTO NA GESTÃO DE

RECURSOS HUMANOS ... 61

(14)

A PETROBRAS, conhecedora das mudanças ocorridas no ambiente de negócios durante a década de 90, esforça-se em aproveitar as oportunidades surgidas ou aquelas que ainda estão por aparecer no setor petroleiro. Tal esforço traduziu-se na formulação do Plano Estratégico do Sistema PETROBRAS 199212001. Este plano define objetivos e estratégias decenais e baseia-se na consciência de que o mercado tende à globalização, competição acirrada, desenvolvimento tecnológico e uma exigência cada vez maior de seus consumidores.

Inserida no Plano Estratégico, está a questão da automação da companhia, considerada de suma importância para o seu desempenho no setor. Dentre os 14 Projetos Estratégicos do Planol, temos o Projeto Estratégico de Automação

(PEA).

(15)

Os objetivos do PEA são os seguintes:2

a) solucionar os problemas emergenciais ou crônicos afetos à

automação, que dificultam a implantação das estratégias empresariais e reduzem as possibilidades de atendimento dos objetivos de longo prazo da companhia;

b) desenvolver e consolidar o conhecimento e a experiência na introdução e utilização da automação, de forma integrada em toda a companhia;

c) promover inovações que possibilitem uma transformação da companhia no sentido de um salto qualitativo nos próximos dez anos, oferecendo assim condições de maior competitividade.

Para a implementação destes objetivos é fundamental o desempenho dos funcionários neste Projeto. O desempenho do quadro funcional irá influenciar decisivamente o caminho a ser percorrido pela empresa rumo à modernidade, em um ambiente de negócios altamente renovado pela tecnologia de base microeletrônica.

Uma das variáveis que permitirá ou não a efetividade da PETROBRAS está relacionado à sua cultura técnica, ou seja, ao conjunto de conhecimentos que os agentes técnicos da companhia utilizam no processo de tomada de decisão e

c Conforme PETROBRAS. "Projeto Estratégico de Automação: Relatório do Grupo de Trabalho."

(16)

que depende dos paradigmas3 tecnológicos internacionais, das normas internas da empresa e das características societais brasileiras.

Investigar criticamente a situação do Projeto Estratégico de Automação da maior empresa da América Latina, por meio da identificação da cultura técnica predominante, será o foco de estudo ora proposto. Este não é um tema que diz respeito somente aos engenheiros e técnicos diretamente envolvidos com o PEA, mas a todos aqueles que fazem a empresa, como também a todos os estudiosos do tema.

Na atualidade, a microeletrônica tem demonstrado ser uma das bases do novo paradigma técnico-organizacionaI4, provocando profundas transformações no mundo do trabalho.

Entretanto, a tecnologia de base microeletrônica parece trazer no seu interior, dialeticamente, uma carga de conflitos para a própria modernidade. Esta, no dizer de Giddens5, é um "fenômeno de dois gumes". Seu lado mais sombrio se daria, entre outras coisas, na força destrutiva de larga escala em relação ao melO ambiente material, no uso arbitrário do poder político (felizmente restrito hoje a umas poucas nações), bem como através do desemprego tecnológico.

3 A idéia de paradigma que surge aqui nos remete a uma expressão utilizada em Kuhn, Thomas. "A estrutura

das revoluções científicas." 3 a ed. São Paulo: Perspectiva, 1992. O autor considera que "'paradigmas' são as

realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência"(p.13). Para o autor, os paradigmas apresentam duas características básicas: i) são suficientemente inovadores, capazes de atrair adeptos de outros tipos de atividade científica; e ii) são suficientemente abertos, de tal modo que quaisquer problemas possam ser resolvidos por seus adeptos (passim).

4 Os outros elementos deste novo paradigma são a globalização da economia e a valorização da cidadania,

conforme depreendemos de Theotonio dos Santos em "Economia mundial: integração regional e desenvolvimento sustentável. As novas tendências da economia mundial e a integração latino-americana."

Petropólis: Vozes, 1993.

5 Ver Giddens, Anthony. "As conseqüências da modernidade." São Paulo: Editora Universidade Estadual

(17)

Ressalte-se que, neste novo cenário paradigmático, intensivo em informações, todos os setores das empresas tiveram seu papel mudado. Como exemplo, podemos citar o dos Recursos Humanos (RH): em verdade, tudo indica que a automação está provocando a descentralização da área de RH: os funcionários estão saindo dos escritórios para trabalhar dentro das áreas operacionais. Atividades como treinamento, salários, carreira, tendem a ficar sob a responsabilidade das chefias imediatas, ficando o pessoal de RH com a função de elaborar políticas e diretrizes para a área ou atuando como um consultor interno da organização.

É dentro deste contexto, sobretudo no âmbito das empresas estatais, que força os seus dirigentes a reverem suas práticas administrativas muitas vezes obsoletas face à necessidade crescente de maiores índices de produtividade e de melhoria da qualidade de seus produtos e serviços, que buscou-se resposta para a seguinte questão:

Até que ponto a cultura técnica predominante na PETROBRAS

está presente na implantação das novas tecnologias de base

(18)

CAPÍTULO I - METODOLOGIA

Objetivos do estudo

o

objetivo geral do trabalho foi verificar o grau de influência da cultura técnica sobre o Projeto Estratégico de Automação da PETROBRAS e suas

implicações institucionais.

Pretendeu-se ainda atingir os seguintes objetivos intermediários para se chegar ao objetivo geral:

a) analisar os impactos da automação sobre a força de trabalho e sobre a efici ência op eraci o nal;

b) identificar qual a metodologia de incorporação das novas tecnologias de base microeletrônica.

Delimitação do estudo

A pesquisa, não pretendeu abordar todos os campos da automação na PETROBRAS; ficou restrita às atividades industriais de produção e de refino

6 Para efeito da pesquisa de campo, foi escolhida uma unidade industrial de refino (Refinaria Duque de Caxias)

(19)

No que concerne ao horizonte temporal, a análise esteve centrada no período de 1992-1996, que abrange a criação, formulação e promulgação do Plano Estratégico do Sistema PETROBRAS 1992/2001 do qual o PEA faz parte.

Procuramos, através do mapeamento do fenômeno estudado, estabelecer e privilegiar correlações entre a variável cultura técnica com a variável

automação, partindo do pressuposto que esse projeto representa mais um sucesso da maior empresa nacional7, a PETROBRAS.

Suposições

- A PETROBRAS é urna empresa de sucesso;

- A cultura técnica atua corno fonte significativa do sucesso da

PETROBRAS, em seu Projeto Estratégico de Automação.

Relevância do estudo

A PETROBRAS tem passado ao longo dos seus 43 anos de existência (1953-1996) por inúmeros processos de mudanças de caráter organizacional. Particularmente hoje, está em curso o Plano Estratégico Decenal do Sistema PETROBRAS com seus respectivos desdobramentos, dentre eles o Projeto

7 Conforme "As 500 maiores empresas do Brasil"'. In: Conjuntura Econômica. Rio de Janeiro: FGV/IBRE,

(20)

Estratégico de Automação e a implantação do Programa de Qualidade e Produtividade em toda a companhia.

A trajetória da PETROBRAS no contexto nacional tem sido relevante principalmente pela sua qualidade: verticalmente integrada, conglomerada e internacionalizada8. Ela gera cerca de 42.500 empregos diretos e 2 milhões de empregos indiretos. Da sua fundação (1953) até dezembrol1994 gerou uma economIa da ordem de US$ 210 bilhões em divisas; investiu e reinvestiu US$ 80 bilhões no País (todas as empresas estrangeiras juntas, em toda a sua existência no Brasil, em todos os segmentos, investiram cerca de US$ 73 bilhões)9; e, sem dúvida, tem sido um fator decisivo para o desenvolvimento da indústria nacional.

Ressalte-se em todo o mundo uma ampla mobilização das empresas para ganhar ou manter posições competitivas de mercado, assim como a ação dos Estados Nacionais na formulação e implementação de políticas públicas que objetivem garantir a competitividade de seus sistemas econômicos, em virtude das exigências da globalização da economia.

Sendo aSSIm entendemos que um estudo acadêmico desta natureza focando a atuação do Projeto Estratégico de Automação da PETROBRAS e suas implicações institucionais contribuiu, não só para a própria PETROBRAS, como um trabalho de reflexão para os seus dirigentes e corpo técnico, como também poderá suscitar novas discussões, despertar interesses de outros

8 Ver Contreras, Edelmira deI Carmem Alveal. "Os desbravadores: a PETROBRAS e a construção do Brasil

industrial." Rio de Janeiro: Relume-Dumará/ANPOCS. 1994. CapA.

9 Conforme AEPET. "Petrobras: o que as pessoas querem saber." 3a ed. Rio de Janeiro, AEPET. 1995.

(21)

pesquisadores visando o alargamento da fronteira científica sobre o tema, contribuindo assim, para o delineamento de diretrizes futuras e de metodologia de tratamento dos impactos da automação sobre a força de trabalho e sobre a eficiência operacional.

Definição de termos

*

AUTOMAÇÃO FLEXíVEL: uso de programação numérica e métodos computacionais para comandar máquinas e equipamentos.

*

VALORES: podem ser entendidos como o conjunto de crenças preferenciais, estilos marcantes de

organização.

ação e grandes metas de uma

*

CULTURA: o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e de outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade.

*

CULTURA TÉCNICA: é o "reservatório de saber" partilhado intersubjetivamente pelos agentes técnicos de uma organização, ao qual remetem os enunciados técnicos, por ocasião de uma tomada de decisão

Tipo de pesquisa

(22)

1 - QUANTO AOS FINS:

1.1 DESCRITIVA: tendo em vista que se destinou a apresentar as

características de um fenômeno, norteando-se por quatro aspectos básicos: a descrição, o registro, a análise e a interpretação desse fenômeno (automação industrial e suas implicações institucionais), objetivando o seu funcionamento no presente.

1.2 EXPLICATIVA: tendo em vista que procurou-se tornar claro a influência da variável cultura técnica na implantação do Projeto Estratégico de Automação da PETROBRAS.

2 - QUANTO AOS MEIOS:

2.1 BIBLIOGRAFICA: tendo em vista o estudo sistemático que foi

desenvolvido através de livros, teses, dissertações e jurisprudência concernentes ao tema.

(23)

pesquisados contribuíram, com certeza, para explicitar fatos, atributos, opiniões, comportamentos e tendências registrados na empresa, além de comunicarem resultados alcançados em relação à performance empresarial.

2.3 ESTUDO DE CASO: tendo em vista que a implantação do Projeto

Estratégico de Automação da PETROBRAS se constitui em um "caso crítico" no nosso País, dada sua envergadura qualitativa e quantitativa. Ademais, "Por sua flexibilidade, o Estudo de Caso é recomendável nas fases iniciais de uma investigação sobre temas complexos, para a construção de hipóteses ou reformulação do problema"lo.

2.4 DE CAMPO: tendo em vista as investigações empíricas que foram

realizadas em algumas unidades 11 da PETROBRAS onde a automação

industrial foi implantada, bem como com agentes sociais que conduziram e/ou foram influenciados pelo fenômeno.

Universo e amostra

Os critérios de seleção da empresa foram, dentre outros fatores:

a) a PETROBRAS possuir um Projeto de Automação em fase de plena implantação;

10 Ver Gil, Antonio Carlos. "Métodos e técnicas de pesquisa social." 4a ed. São Paulo: Atlas, 1994. p.79. 11 Uma unidade industrial de refino (Refinaria Duque de Caxias), uma unidade de produção (plataforma de

(24)

b) seu desempenho econômico-financeiro e a qualidade dos serVIços e métodos de trabalho serem reconhecidos, em sua grande malOna, como fatores do seu sucesso empresarial;

c) tamanho da organização.

Quanto ao tamanho da amostra:

a) responderam ao questionário-padrão: 13,6 % dos empregados do DEPIN-SEDE (34 respondentes), que desde agosto de 1996 passou a se chamar Segmento ABAST -REF; 5,25 % do E&P-SEDE (63 respondentes); 30,1 % da força de trabalho da REDUC que era representativa para o objeto da nossa pesquisa (66 respondentes), e; 24,0 % dos empregados das plataformas de PARGO lA-IB (36 respondentes).

b) foram ainda realizadas entrevistas estruturadas com 8 (oito) técnicos da companhia, desde gerentes da área de automação até empregados do chão-de-fábrica.

Seleção dos sujeitos

(25)

técnico-operacional até o nível de superintendência e que tinham efetivamente se envolvido em alguma fase da implantação do PEA 12.

Coleta dos dados

Os dados foram coletados de acordo com os seguintes procedimentos:

a) através da pesqUIsa bibliográfica foram coletados os dados geraIs inerentes ao tema em dicionários, dissertações, JornaIS, .

.

revistas especializadas ou não, livros e teses. No campo teórico, pesquisamos contribuições de autores sobre automação industrial, tecnoburocracia estatal, cultura técnica e outros assuntos afetos ao tema da presente pesquisa, que foram obtidos em bibliotecas de instituições como a Fundação, Getúlio Vargas-FGV;

b) atraves da pesquTsa documental procuramos levantar diretrizes e programas do Governo Federal com o objetivo de identificar e estudar as políticas governamentais que regem o tema "automação industrial" no País. Foram feitos ainda levantamentos e análises em arquivos internos da PETROBRAS;

c) na pesquisa de campo foram feitas entrevistas estruturadas e semI-estruturadas. Na entrevista estruturada, utilizamos um questionário-padrão (diretos e/ou por correspondência), conforme mostrado no Anexo I. Vale ressaltar que, a aplicação do questionário na entrevista

(26)

estruturada teve por objetivo levantar informações qualitativas mais detalhadas, que pudessem ser comparadas com aquelas coletadas através das duas etapas anteriores. Foi levada em consideração, ao se propor a utilização de questionários, algumas das vantagens apresentadas por Richardson 13:

i) o questionário permite obter informações de um grande número de pessoas em tempo relativamente curto;

ii) permite abranger área geográfica ampla, sem necessitar treinamento demorado para o pessoal que o aplica;

iii) o questionário anônimo permite maior liberdade para expressar opiniões; e,

iv) o fato de ter tempo para responder o questionário pode proporcionar respostas mais refletidas.

Outrossim, a entrevista semi-estruturada fez uso de um roteiro previamente estabelecido, onde foi solicitado aos participantes maIOres informações a respeito do tema pesquisado, quando o andamento do estudo apontou a necessidade.

Tratamento dos dados coletados

Os dados coletados receberam um tratamento qualitativo, de forma a comparar as diferentes percepções de autores, gerentes, superVIsores e técnicos do chão-de-fábrica a respeito do assunto pesquisado, aSSIm como tentou-se descobrir qual a relação existente entre a cultura técnica, no processo de implantação do PEA, e o sucesso empresarial da PETROBRAS, e

(27)

como a organização enxerga essa possível influência. Outrossim, buscou-se fazer uma análise histórico-comparativa dos dados obtidos, no sentido de se identificar quais os vetores que provocaram essa possível situação-problema, procurando descobrir quais seus impactos sobre a força de trabalho e sobre a eficiência operacional.

Os dados coletados receberam também um tratamento quantitativo, já que tentou-se identificar em quantas áreas e unidades da empresa o problema é vivenciado.

Limitações do método

a) a pesqUIsa documental tornou-se, em alguns momentos, limitada por causa das dificuldades de se conseguIr autorização por parte das autoridades competentes para uma averigüação mais acurada de documentos internos da PETROBRAS;

b) uma segunda limitação está relacionada com a dispersão geográfica das unidades industriais da PETROBRAS, pois limitou uma pesquisa de campo mais abrangente;

(28)

d) O método de estudo de caso, em que pese seus pontos positivos, nem sempre

permite que sejam feitas generalizações com outras empresas estatais ou privadas que estejam vivenciando um processo de implantação de automação dos seus meios de produção, entretanto, como a pesqUIsa foi acompanhada de estudos teóricos reflexivos sobre o assunto em tela, pudemos estabelecer comparações, conferir suposições e inferir conclusões;

e) finalmente, uma quinta limitação foram os dados empíricos que foram levantados através dos questionários, o que em poucos momentos tornou vagas algumas respostas. Além do mais, todo modelo numérico tem suas próprias limitações.

(29)

CAPÍTULO 11 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Reflexão sobre a técnica

o

taylorismo, através do modelo do Homo Economicus, aSSim como o fordismo, remou durante muito tempo na indústria como sinônimo de racionalidade. Entretanto, o avanço da automação no chão-de-fábrica começou a balançar alguns dos alicerces clássicos da chamada escola de Administração Científica 14, tais como: cooperação, comunicação e qualificação dos operários. Ou seja, a automação exigiu uma nova cultura técnica.

O professor Rogério Vallel5, através de uma sucinta revisão histórica das

reflexões maiS contemporâneas sobre a técnica, propõe uma sistematização da mesma em três grandes momentos, cada qual originando um paradigma específico na sociologia industrial:

i) PARADIGMA DO DETERMINISMO TÉCNICO DA SOCIEDADE:

defendida pelos fundadores da sociologia do trabalho francesa, nos anos 50, e ressurgida nos dias atuais pelas mãos dos economistas neoliberais, preconizava

14 Segundo Zuboff, Shoshana em "Automatizar/Informatizar: as duas faces da tecnologia inteligente ". In:

Revista de Administração de Empresas. São Paulo: FGV, 34(6):83, Nov./Dez. 1994; "quando uma tecnologia inteligente cria (ou proporciona um novo acesso a informações, e essas informações tomam-se disponíveis aos que estão na produção, a lógica essencial do taylorismo é despedaçada. Pela primeira vez a tecnologia devolve aos trabalhadores o que ela havia tirado e muito mais ainda". Um outro texto bastante elucidativo é Lipietz, Alain e Leborgn, Danü~le em "O pósfordismo e seu espaço." São Paulo: Espaço e Debates. Revista de Estudos Regionais, Ano VIII, nO 8, 1988.

15 Conforme Valle, Rogério. "Informática e Uma Nova Compreensão do Significado Social da Técnica". In:

(30)

que o progresso técnico nos traria a inevitabilidade do socialismo, pOIS ele terminaria propondo o fim de um sistema econômico (capitalismo) que opOrIa o capital ao trabalho assalariado. Marta Harnecker (1973), citando Benjamin Bettelheim, parece confirmar esta idéia 16.

ii) PARADIGMA DO DETERMINISMO SOCIAL DA TÉCNICA:

representando o oposto do paradigma anterior, seus idealizadores defendiam a tese de que o capitalismo fabricou a técnica para servi-lo a seu bel-prazerl7. A

sociedade tecnológica, representada em sua essência pelo sistema capitalista, serIa um sistema de dominação que já opera a partir da concepção dos conceitos, bem como na própria elaboração das técnicas.

Para Harry Braverman 18, a separação que o capitalismo provocou entre o trabalho mental (técnico) e o trabalho manual faz com que as unidades de produção operem com a mão, vigiada, corrigida e controlada por um cérebro distante. Desta forma, Nadya Castro e Antônio Guimarães citam a taxonomia 19 criada por R. Edwards para os tipos básicos de controle relacionados com o modo de produção capitalista.

16 "À medida que avança o desenvolvimento das forças produtivas, e que matura seu caráter social, unidades de

produção que antes constituíam parte da divisão da produção social passam a depender cada vez mais uma das outras, de tal modo que as relações entre elas não podem ser deixadas ao azar do mercado uma vez terminadas as operações de produção. ( ... ) 'passam a ser células de uma divisão técnica do trabalho"'. Ver Hanecker, Marta. "Conceitos elementais do materialismo histórico ". São Paulo: _ , 1973. p.36. e, ainda, Habermas. JÜrgen. "Para a reconstrução do materialismo histórico". 2 a ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.

17 "O progresso técnico, levado a todo um sistema de dominação e coordenação. cria formas de vida (e de

poder) que parece reconciliar as forças que se opõem ao sistema e rejeitar ou refutar todo protesto em nome das perspectivas históricas de liberdade de labuta e de dominação" (Marcuse, Herbert, Op. Cit .. 1978, p. 15-16).

18 Conforme Braverman, Harry. "Trabalho e capital monopolista: a degradação do trabalho no século XX."

3 a ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.

19 "i) a coerção personalizada (controle simples); ii) o controle técnico, 'quando a própria maquinaria dirige o

processo de trabalho. impondo o seu ritmo'; e. finalmente. iii) o controle burocrático. embutido nas relações sociais nos locais de trabalho e na estrutura social da grande empresa". Ver Castro, Nadya A. e Guimarães, Antônio S. A. "Além de Braverman, depois de Burawoy: vertentes analíticas na sociologia do trabalho". In:

(31)

Entretanto, críticas20 surgIram contra esta visão da técnica, pOIS a automação industrial provocou uma redução no controle sobre o trabalhador, ou seja, ocorreu uma tendência a ele ser menos controlado do que na linha de montagem fordista, assim como nem sempre é fácil direcionar a técnica para onde realmente se deseja. Pelo menos, essas duas observações já contradizem o que o paradigma do determinismo social da técnica previa.

iii) PARADIGMA HABERMASIANO:

Segundo Valle2\ Jürgen Habermas22 defende um outro modelo de racionalidade

técnica, baseado no conceito de cultura técnica, isto é, ele buscou uma terceira alternativa23, contrariando tanto as teses positivistas de uma "neutralidade da ciência" quanto a "fusão entre técnica e dominação social" de Herbert Marcuse.

De acordo com Valle, quando a técnica sai de seu habitat natural (mundo do trabalho) pretendendo substituir a racionalização social no campo desta

(por exemplo, nas organizações), é quando se torna nociva à emancipação de

20 "Esta segunda abordagem pode ser bem representada através dos alemães H. Kern e M. Schumann que, num

livro muito comentado (1984), abandonam a tese da 'polarização das qualificações' que eles mesmos haviam desenvolvido nos anos 70." Citado por Rogério Valle em "Automação e racionalidade técnica". In: Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo: n° 17, p. 54, out. 1991.

21 Id., Ibid., p.53.

22 O filósofo Habermas procurou desenvolver bases filosóficas inovadoras para tentar reconstruir a teoria

crítica. Sua ligação à Escola de Frankfurt deve-se à análise critica da sociedade que era comum aos estudiosos

daquela Academia. Em uma conferência em junho de 1981, em Stutgart, que visava comparar os chamados métodos de fundamentação transcendentais e dialéticos, revela os pontos centrais dessas bases filosóficas inovadoras, conforme Habermas, Jüngen em "Consciência moral e agir comunicativo." Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989. Um outro texto muito elucidativo é Habermas, JÜngen. "O discurso filosófico da

modernidade." Lisboa: Nova Enciclopédia, 1990; onde o autor procura reconstruir, passo a passo, o discurso

filosófico da modernidade.

23 "Segundo Habermas, a evolução da técnica não segue nenhum projeto político, seja conservador ou

(32)

uma sociedade. Parece que isto tem ocorrido na história do capitalismo: "a técnica e a ciência substituíram a religião e a metafísica na função de legitimação da ordem social; viraram portanto ideologias,,24.

Ao nos depararmos com uma situação dessa natureza, Valle (1993, p.4) propõe "empenhar-nos para que os 'donos do poder' parem de justificar 'tecnicamente' aquelas decisões que só dizem respeito à esfera das interações sociais" .

Entretanto, segundo Valle (1996), apesar de Habermas ter procurado uma visão filosófica da técnica que não é, a priori, nem otimista (marxismo) nem pessimista (Escola de Frankfurt), ele não conseguiu dissociar-se de um postulado dualista25:

Nos dois primeiros momentos, um lado devora o outro: ou é a vida sóciocultural que não demarca nada, porque todas as determinações vêm da técnica, ou o contrário. Na proposta de Habermas, nenhum dos lados devora o outro (ao menos legitimamente), mas tampouco se relacionam: indiferença mútua e distância infinita entre ambos. O que é isto senão outra forma de dualismo? (p.50).

Claro está, pOIS, que a técnica está intimamente relacionada com a cultura de uma empresa. Desta forma, analisaremos a seguir, primeiramente, a diferenciação existente entre cultura organizacional e cultura técnica visando a uma melhor compreensão desta última, para em seguida aprofundarmos a

24 Encontramos uma argumentação cristalina sobre técnica e ciência como ideologia na obra de Michael Lõwy

intitulada "As aventuras de Karl Alarx contra o Barão de Münchhausen: marxismo e positivismo na

sociologia do conhecimento." Saed. São Paulo: Cortez Editora, 1994.

25Cr. Valle, Rogério, em "A evolução dos paradigmas sociológicos sobre as técnicas industriais e o conceito

de Cultura Técnica." In: PROENÇA Adriano et alli. Estratégias empresariais na indústria brasileira:

(33)

discussão teórica de como a cultura técnica -nosso objeto de estudo-influencia a atuação dos tecnoburocratas.

Diferença entre cultura organizacional e cultura técnica

A gestão empresarial contemporânea não está baseada apenas nos aspectos tecnológico ou financeiro das organizações, mas também numa noção que Incorpora o conhecimento do passado como um processo de integração da cultura da empresa, principalmente em relação às estratégias corporativas

adotadas na obtenção de novos e melhores resultados econômicos. A implantação do Projeto Estratégico de Automação da PETROBRAS parece não fugir a esta regra.

Sob o ponto de vista antropológic026, podemos afirmar que todo processo cultural é dialético, existindo uma interação complexa e recíproca entre regras e o grupo que as realiza na sua prática social. Desta forma, podemos afirmar que os empregados envolvidos no PEA, ao tempo em que operacionalizam as regras e planos do Projeto, também vivenciam essas mesmas regras.

26 O antropólogo Roberto DaMatta enxerga a cultura como uma tradição "iva, conscientemente elaborada por

um grupo social, que passa de geração para geração, permitindo individualizar ou tornar singular e única uma dada comunidade relativamente às outras (constituídas de pessoas da mesma espécie). Ver DaMatta, Roberto.

"Relativizando: uma introdução à antropologia social". 4a ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1993. p.48. Ainda,

Maria das Graças de Pinho Tavares apresenta-nos o que seria um consenso dos antropólogos sobre o que é

cultura: "a) a cultura é parte da biologia do homem; b) a biologia da espécie humana é produto da cultura; c) a

cultura não é transmitida geneticamente. mas socialmente através da aprendizagem; d) a capacidade de aprender, desenvolver e criar cultura é transmitida hereditariamente; e) a cultura é o mecanismo adaptativo por excelência da espécie humana, responsável por sua sobrevivência, desenvolvimento e evolução: f) a cultura é socialmente produzida: embora os indivíduos sejam os portadores da cultura, tal comportamento só é possível num processo conjunto, coletivo; e g) a interação com o meio ambiente, na espécie humana, é feita através do aparato cultural. Ver Tavares, Maria G. P. "Cultura organizacional: uma abordagem antropológica da

(34)

Ainda numa visão antropológica, Edgard Schein27 (1989) define formalmente cultura como sendo:

A pattem of shared basic assumptions that the group leamed as it solved its problems of externaI adaptation and internaI integration, that has worked well enough to be cOllsidered valid and, therefore, to be taught to new members as the correct way to perceive, think, and feel in relation to those probleml8 (p.12).

Já sob o ponto de vista organizacional, ao aplicarmos o conceito de cultura no campo das organizações empresariais, segundo a visão sistêmica, temos que considerá-la como um subsistema em interação com um sistema maior e maIS abrangente; e, segundo a ótica marxista, podemos considerar a organização (estrutura) como constituída de partes (uma delas, a cultura) que, ao longo do desenvolvimento do todo, se descobrem, se diferenciam e, de uma forma dialética, ganham autonomia umas sobre as outras, mantendo a integração e a totalidade sem fazer soma ou reunião entre si, mas pela reciprocidade instituída entre elas29.

Numa terceira vertente interpretativa, a visão sociológica30 da cultura busca compreender a elaboração dos símbolos, enxergando a mesma como uma variável independente, seja ela externa (quando trazida pelos membros para o

27 Conforme Schein, Edgard H. em "Organizational cu/ture and leadership." 2nd ed. San Francisco:

Jossey-Bass Publishers, 1989. p.12.

28 Numa tradução IhTe, definiríamos cultura como: um modelo de suposições básicas desenvolvidas por um

determinado grupo, na medida em que ele resolve seus problemas de adaptação externa e integração interna, que tem servido bem o bastante para ser considerado válido e, portanto, para ser mostrado e ensinado aos novos membros como o meio correto de perceber, pensar e se sentir em relação àqueles problemas.

29 Conforme Viet, Jean. "}vfétodos estruturalistas nas ciências sociais." Rio de Janeiro: Edições Tempo

Brasileiro LIDA, 1967. P.13-27.

30 Ver Tomei, Patrícia A. e Braustein, Marcelo L. "Cultura organizacional e privatização: a dimensão

humana." São Paulo: Makron Books, 1993. p.13.: assim como um instigante levantamento bibliográfico,

(35)

ambiente organizacional) ou interna (quando produz artefatos culturais consistentes com as variáveis de estrutura, tecnologia e estilo de liderança) à

organização.

Segundo podemos apreender das palavras de Anthony Giddens (1991), cultura e modernidade possuem uma correlação muito próxima: "Em todas as

culturas, as práticas sociais são rotineiramente alteradas à luz de descobertas sucessivas que passam a informá-las" (p.45). Desta forma, podemos inferir que a introdução de novas tecnologias (como, por exemplo, a automação) não apenas é influenciada pela cultura de uma organização mas, de uma forma

fl . . fl ., I ~l re eXlva, parece In uenCla- ao .

Almir Freitas Filho e Margareth Martins32, citando Jean-Pierre Davizet,

revelam que a cultura de uma empresa, compõe-se de uma síntese de:

i) cultura técnica (que será definida mais adiante);

ii) cultura organizacional (divisões administrativas segundo princípios de gestão orçamentária, seleção de dirigentes segundo sua capacidade de obter resultados); e,

iii) cultura econômica (exigências de rentabilidade e abertura de oportunidades para o futuro).

31 A propósito, Berman nos remete sugestivamente à clássica discussão entre cultura, modernismo, marxismo e

as contradições do capitalismo. Ver Berman, Marshall. "Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da

modernidade." São Paulo: Companhia das Letras, 1986. p.85-125.

32 "A empresa, como organização, é cultura, no sentido de que uma população estudada pelos antropólogos é

(36)

Esta subdivisão da cultura de uma empresa parece se coadunar com uma das definições de flexi bilização dada por Eloise Dellagnelo (1993), citada por Fernando Guilherme Tenório (1993 )33. À cultura técnica corresponderia a

flexibilização técnica; à cultura organizacional corresponderia a flexibilização social; e, à cultura econômica corresponderia a flexibilização

econômica.

Ressalte-se que as empresas buscam, em seu passado e em sua cultura, os elementos (identidade e diferenciação) que balizarão as transformações do presente. Quando uma empresa toma consciência do papel fundamental de sua cultura, temos como corolário que a definição e escolha das estratégias que

melhor se adeqüam a seus objetivos fluem com grande naturalidade34.

A cultura organizacional reflete a "maneira de ser" administrativa da organização, de seus valores e estilos de gestão que estão institucionalizados (formal e informalmente) na sua estrutura organizacional. Já a cultura técnica é identificada de forma distinta da cultura organizacional, estando seu conceito profundamente atrelado ao processo decisório da organização.

33 Fernando Guilherme Tenório no seu trabalho intitulado "A Flexibilização da Produção Significa a

Democratização do Processo de Produção?". Rio de Janeiro: EBAPIFGV, dez./1993, mimeo., mostra uma

das definições parajlexibilização dadas por Dellagnelo (1993), a qual divide-se em: "i) flexibilização técnica: capacidade de regulação da produção dependente dos fatores técnicos que orientam a organização; ii) flexibilização social: o grau de flexibilização na gestão dos homens, compatível com as exigências da organização técnica e econômica da produção; e, iii) flexibilização econômica: o grau de adaptação ou a flexibilidade de evolução e de reação do sistema produtivo da empresa face ao desafio da concorrência e as bruscas oscilações da demanda".

34 Obviamente, não desprezamos a influência de outras variáveis sobre as organizações empresariais, tais como:

"o papel novo e radicalmente distinto que o conhecimento científico ocupa na organização das atividades produtivas", conforme preceitua Theotonio dos Santos em "Economia mundial: integração regional e desenvolvimento sustentável. As novas tendências da economia mundial e a integração latino-americana."

(37)

o

professor Rogério Valle (1993) define cultura técnica como:

o

"pano-de-fundo" das decisões técnicas dentro da empresa, seja a nível de engenharia, seja das oficinas. Ela é o "reservatório de saber" partilhado intersubjetivamente pelos agentes técnicos de uma organização, ao qual remetem os enunciados técnicos, por ocasião de uma tomada de decisão (p.6).

o

autor afirma ainda que existem três variáveis que estão intrinsecamente imbricadas à cultura técnica: os paradigmas tecnológicos internacionais, as características internas de uma empresa e as características sociais de cada país. Portanto, ao pretendermos estudar a influência da cultura técnica sobre o Projeto Estratégico de Automação da PETROBRAS, é imprescindível uma pesquisa minuciosa dessas três variáveis.

As decisões técnicas35 seriam aquelas ligadas aos projetos de produtos, aos métodos de planejamento e controle da produção, às decisões cotidianas no chão-de-fábrica, ou mesmo decisões que integrem esses processos decisórios.

De acordo com Valle36 o Brasil está necessitando de uma ampla difusão de uma cultura técnica baseada na informática, que agregue mais atores sociais ao processo de tomada de decisões, pois a utilização crescente das novas tecnologias de base microeletrônica, sem o conseqüente enSInO a todas as camadas SOCIaIS de como utilizar essa tecnologia, só tende a aumentar o fISCO

3505 agentes técnicos envolvidos no processo de decisões técnicas seriam: a) um indivíduo ou um grupo

tomador da decisão; b) os assistentes técnicos dos decisores; c) os executores da decisão (normalmente os operários da própria fábrica, contudo podem ser externos: d) fornecedores, terceirizados, inspetores etc.); e) implicados: usuários, vizinhos da fábrica; e, f) o poder público, como legítimo representante do "bem comum". ConformeValle, Rogério em "A crise do tay/orismo". In: Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro: 27(4):9, Out./Dez. 1993.

(38)

da exclusão social. Na verdade isto já vem ocorrendo com uma boa parcela da população: velhos, sem-tetos, não-alfabetizados, trabalhadores de pouca instrução formal, certas parcelas de estrangeiros etc.

Mas como construir esta cultura técnica de que o Brasil37 tanto necessita? Rogério Valle (p.69) responde: "trata-se de propor uma capacitação técnica coletiva, isto é, um novo grau de Cultura Técnica. ( ... ) A nosso ver, só há uma solução para todas estas reorientações dos atores sociais envolvidos com a modernização industrial: uma cooperação crescente entre eles, pelo menos a médio prazo."

Em conformidade com Rogério Valle (1995, p.21-22), a modernização industrial brasileira passaria, além da introdução de uma nova cultura técnica, pelo progresso técnico (por exemplo, a informatização da produção) e, ainda, pela visão estratégica dos agentes produtivos. Poderíamos falar, portanto, de três dimensões da modernização industrial, conforme mostrado no Quadro

(39)

UADRO N° 1: TRIPÉ DA MODERNIZA ÃO INDUSTRIAL

MODERNIZAÇÃO INDUSTRIAL

Cultura técnica

Visão estratégica da

Produção

Informatização

FONTE: VALLE, Rogério . Modernizaçdo industrial sem exc/usdo social: exigências

institucionais e culturais . Rio de Janeiro : COPPE,1995 . mimeo. p.22 .

(40)

Uma das três variáveis que formam a cultura técnica, conforme definidas anteriormente, são as características sociais do país. Por ser a PETROBRAS uma empresa estatal desde o seu nascimento, fizemos uso de um modelo de Estado -o tecnoburocrático-capitalista dependente-, que será explicitado mais adiante, para podermos contextualizar a ação dos tecnoburocratas daquela estatal no contexto histórico de formação do Estado brasileiro, e identificarmos quais as características sociais do Brasil que mais influenciaram a cultura técnica predominante na empresa.

Tecnoburocracia e cultura técnica

Tecnoburocracia é uma expressão utilizada pelo professor Bresser Pereira (1981, p.18), derivada dos vocábulos tecnocracia e principalmente burocracia, para designar, segundo seu entendimento, uma nova classe social:

(41)

A burocracia não é um fenômeno novo que tenha surgido somente a partir de Max Weber. Em forma rudimentar, já existia desde o antigo Egito e o Império Romano. Entretanto, em seu trabalho, Weber descreveu as organizações burocráticas de uma perspectiva dimensional, isto é, enumerou uma série de atributos organizacionais (divisão do trabalho, hierarquia de autoridade, normas extensivas, etc.) que constituem a forma burocrática da organização. Dele descenderam grandes especialistas que demonstraram a medida de sua influência para o estudo da Teoria das Organizações.

Neste sentido, inicialmente situamos a burocracia no contexto histórico em que começou a ser investigada cientificamente por Max Weber, resgatando sinteticamente seu Modelo Burocrático de Organização.

Max Weber, um sociólogo alemão que VIveu no período de 1864 a 1920, é considerado por muitos estudiosos como o criador da Sociologia da Burocracia, ou mesmo o pnmeIro teórico das organizações. Através da tradução de alguns de seus livros para a língua inglesa, a partir de 1930, tomou corpo nos Estados Unidos da América a Teoria da Burocracia em Administração.

(42)

Para ele, a burocracia38 funciona como uma instituição social que coordena as atividades de quase todas as organizações humanas, tendo sido uma invenção social aperfeiçoada durante a Revolução Industrial, com o objetivo primordial de organizar e dirigir as ações de uma empresa da melhor forma possível, assim como, o seu aparecimento, a exemplo do capitalismo, foi conseqüência da economia monetária, do suprimento de mão-de-obra, do aparecimento do Estado-nação centralizado e da ética protestante.

Delorenzo Neto (1986,p.21) assevera que Max Weber desenvolveu a Teoria Clássica dos Sistemas Sociais apresentando uma análise funcional, isto é, explicou a burocracia mostrando como cada um dos seus elementos contribui com sua persistência e efetividade em suas atividades.

Já Guerreiro Ramos (1989, p.6) afirma que o funcionalismo qualificado de Max Weber tem sido mal compreendido por alguns de seus intérpretes, como por exemplo, Talcott Parsons, que mostra quase nenhuma ambigüidade moral em relação à racionalidade imanente ao sistema de mercado.

Por sua vez, James March e Herbert Simon (1981, p.63-4) consideram que, em certo sentido, Weber enquadra-se mais na Teoria Clássica, principalmente devido o seu cuidado em "verificar os resultados da organização da burocracia

38 Outras visões a respeito da burocracia poderiam ser: i) CONSERVADORA: "Ela é a representante de uma

(43)

na realização dos seus objetivos, sobretudo no que se refere aos objetivos da autoridade política" .

Sinteticamente, conforme apresenta ldalberto Chiavenato (l979, v.2, p . 19), a organização burocrática weberiana seria :

QUADRO N° 2: Modelo Burocrático Weberiano

Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral da administração. 2 a ed .

São Paulo: McGraw-Hill , 1979 , v.2 , p .9 .

Por sua vez, o fenômeno da burocracia está intimamente ligado ao surgimento do Estado moderno. No presente trabalho, conforme comentado anteriormente, faremos uso de um modelo de Estado apresentado por Bresser Pereira (1981), segundo o qual, no nosso entendimento, o Brasil se encaixaria

muito bem .

Segundo o professor Bresser, as condições que favoreceram o surgimento do Estado tecnoburocrático-capitalista dependente foram :

(44)

q Ter por fator determinante o "Efeito de Demonstração", que foi uma doutrina cunhada por economistas liberais dos países centrais, a qual instava os países do terceiro mundo a tentar repetir os mesmos passos seguidos por aquelas nações rumo ao desenvolvimento econômico;

q Ser o produto de uma nova coalização das classes sociais;

q Representar o produto de redefinição das relações de dependência diante dos países hegemônicos (centrais); e,

q Corresponder no plano econômico ao modelo de subdesenvolvimento industrializado (p. 91).

Ainda segundo Bresser Pereira, as situações distintas de subdesenvolvimento em que emergiram Estados tecnoburocráticos foram:

1 )o- Países latino-americanos independentes, no século passado, que

passaram pelas fases do Estado Oligárquico-Mercantil e Populista (dentre eles, o Brasil);

2 )o- Países independentes após a Segunda Guerra, com certo

estágio de desenvolvimento local;

3 y Países independentes nessa época, sem passar pela formação da burguesia local (p.92).

As funções básicas do Estado tecnoburocrático-capitalista dependente, segundo Bresser (p.101-120) seriam:

1 a) Facilitar a acumulação capitalista através do aumento do excedente (mais-valia ou poupança);

(45)

3 a) Ser um Estado planejador;

4 a) Assumir um papel direto na produção.

Ao Estado tecnoburocrático-capitalista dependente corresponderia uma determinada tecnoburocracia, em que sua ideologia preconiza que todos os objetivos políticos que o homem pretenda alcançar, dependem do desenvolvimento econômico.

Poderíamos resumir seus pressupostos, segundo Bresser (p.154-15 8), em: » Legitimidade: pressupõe o monopólio da competência técnica e

organizacional;

» Religião: sua ideologia é o racionalismo econômico ou eficientismo; » Aplicação: desenvolvimentismo;

» Desdobramentos:

1 o Perspectiva modernizante;

2 o Perspectiva empresarialista ou administrativa;

3 o Perspectiva comunicativa;

4 o Perspectiva da segurança;

5 o Estatismo;

60

Nacionalismo; 7 o Autoritarismo.

(46)

modelo de Estado tecnoburocrático-capitalista dependente, conforme definidas no parágrafo anterior, pois verifica-se uma nítida relação com o conceito de cultura técnica, uma vez que sua ideologia está fundamentada na competência técnica e no eficientismo, ou seja, no processo de tomada de decisão o tecnoburocrata estatal se reporta ao "reservatório de saber" técnico adquirido ao longo da sua vida funcional, e que também é partilhado por seus pares.

(47)

Desenvolvimento da tecnologia de automação industrial

As atividades produtivas industriais tiveram seu pnmeuo grande salto, através da invenção da máquina a vapor, por James Watt, em 1770. Posteriormente, com o avanço das pesqUIsas tecnológicas e a competição comercial entre as nações maIS desenvolvidas, no século passado, a comunidade científica procurou produzir novos engenhos que proporcIOnassem vantagens competitivas aos processos de transformação dos produtos por elas fabricados.

Aquelas pesqUIsas proporcIOnaram, dentre outras invenções, os motores de combustão interna e a utilização da força das águas de forma não apenas mecânica, mas principalmente por melO da transformação do seu potencial em eletricidade. Estes dois degraus tecnológicos auxiliaram na criação de inúmeros mecanIsmos industriais, bem como um substancial crescimento da produtividade das nações maIS desenvolvidas do século passado, notadamente da Inglaterra.

Como conseqüência do desenvolvimento industrial, apareceu com maIOr clareza perante a sociedade civil o conflito entre o capital e o trabalho, conforme exposado nos estudos de Karl Marx.

(48)

passando pelos reguladores, pela instrumentação pneumática e hidráulica e, no presente século, com as grandes guerras mundiais, a utilização eletrônica de base analógica em larga escala. Já nas últimas três décadas, assistimos a introdução maciça da instrumentação eletrônica de base digital.

No ambiente das indústrias de processo, como é o caso das refinarias da PETROBRAS, a introdução da instrumentação eletrônica viabilizou o posicionamento de salas de controle de processos distantes das plantas industriais39, com o chamado Centro Integrado de Controle (CIC), que recebe os dados das variáveis de processo das várias unidades de controle espalhadas nas plantas, interligando-as. Isto é o que convenciou-se denominar de "controle distribuído".

Vale salientar que as informações do processo trafegam na forma binária, ou melhor, na forma de dígitos eletrônicos (digital), o que amplia a confiabilidade40 dos sistemas e possibilita trabalhar mais próximo dos limites operacIOnaIs.

Segundo Gomide e Andrade (1986) a primeira utilização de computadores digitais na indústria de processo ocorreu em 1959, em uma unidade de polimerização catalítica de uma refinaria da Texaco, nos Estados Unidos.

39 Constatamos esta assertiva quando da realização da pesquisa de campo, na Refinaria de Duque de Caxias

(REDUC) da PETROBRAS.

40 Conforme Teixeira, Francisco Lima

c.,

em "Difusão da tecnologia de base microeletrônica na indústria de

processo contínuo." In: Revista de Administração de Empresas. Rio de Janeiro: FGV, 32(5):19, Nov./Dez.

(49)

Entretanto, neste caso, o computador ainda operava apenas como um supervisor de processo, municiando os operadores de dados.

Conforme os autores, o marco histórico do controle direto do processo pelo computador deu-se em 1962, numa planta da Imperial Chemical Industries (lCI), aparecendo então o Controle Digital Direto em que a

tecnologia digital substituiu a analógica.

Uma outra etapa não menos importante no avanço da automação industrial ocorreu em 1972, com a invenção do microprocessador ou chip, que proporcionou a difusão da automação em todos os setores das indústrias, tanto os produtivos quanto os de gestão de negócios.

A utilização do computador em todas as áreas de uma indústria, seja a nível de gestão administrativa, seja a nível do processamento ou mesmo das máquinas, resultou no que se chama Manufatura Integrada por Computador ou, do idioma inglês, Computer Integrated Manufacturing (CIM).

A diminuição no preço dos chips (microprocessadores) nos dias atuais, a utilização de linguagens de programação de alto nível, o desenvolvimento e integração de interfaces, memórias e periféricos, a descoberta de novas técnicas e metodologias de modelagens, o aperfeiçoamento dos chamados softwares avançados (também chamados inteligentes), e o incremento dos

(50)

Gomide e Andrade asseveram que:

A tecnologia fundamental, o elemento que conecta as partes em um todo, são os Sistemas de Informação e Controle Integrado, onde a palavra controle é aqui considerada em um contexto mais amplo, para representar todos os aspectos de decisão associados à operação de uma indústria, indo do controle de processos ou de máquinas, à gestão e administração. Sistemas de Informação e Controle Integrado -SICI- são redes interconectadas de sistemas de controle e de informação baseados em computadores. Os sistemas individuais ou de subsistemas que compõem a rede, compartilham dados e informação uns com os outros através de vias de comunicação de alta velocidade. Eles executam tarefas de acordo com uma hierarquia funcional multinível, (. .. ). Tais sistemas são os que proporcionam a Automação Industrial Integrada e Informatizada (p. 12).

Através do Quadro N° 3, apresentamos de forma esquemática a estrutura funcional dos Sistemas de Informação e Controle Integrado, ou seja, como ocorre a relação espaço-tempo em cada nível estrutural de uma unidade industrial que utiliza tecnologia de base microeletrônica.

(51)

Quadro N° 3 - Estrutura Funcional de

Sistemas de Informaçio e Controle Integrado

NíVEIS O SCOPO

~

GERENCIAMENTO

GestJoda Operaçaoda companhia companhia

( ~

5

J1.nA

WCRATIVIDADE

~

Gerenciamento da Operação da

PLANEJAMENTO fábrica, usina, etc. fábrica, usina,

l

~ etc

4 CONTROLE DA

I

PRODlJll VWAUr..

EJ--.

Gerenciamento do üperaçJo das

COORDENAÇÃO processo áreas

l

]H

3

6j

I

Supervisão do Operaçao das

SUPERVISÃO processo unidades

2 I II

I

FíSICO

Controle de processo Operaçaodo

(

1...

CONTROLE ou de máquinas processo

DIGITAL DIRETO

1

ESCA DE TEMPO

Anos e meses

Meses e

semanas

Semanas e dias

Horas e minutos

Minutos e segundos

FONTE: GOMIDE, F.A. de Campos et ANDRADE NETTO, M.L. Introduçiio à automaçiio industrial

informatizada. Campinas: UNICAMP, 1986. p.13.

o

comportamento dos processos industriais sofrem perturbações

não-controláveis (como, por exemplo, variações das

mudanças políticas,

econômicas e sociais, nas condições ambientais do processamento, dos ruídos

internos e externos , nas características do material, das falhas dos sensores e

(52)

controladas para que se garanta uma operação maIS segura, confiável e rentável, e um produto com uma qualidade superIor. De acordo com o entendimento de Gomide e Andrade (1986), "o computador digital é um elemento altamente qualificado para o tratamento do fluxo de informação" (p.27).

Segundo os autores isto decorreria das características peculiares do computador digital: velocidade de processamento e armazenamento de dados, da capacidade de tomar decisões quando programado adeqüadamente e, ainda, da sua singular utilidade para auxiliar o homem no processo decisóri041. Aquelas perturbações não-controláveis, no entanto, poderiam ser compensadas ou minimizadas através do uso de variáveis de controle (freqüências de ocorrências, amplitudes de variáveis, origens etc.). Conforme os autores, "esta é a 'razão de ser' principal da Automação Industrial Integrada e da implementação de Sistemas de Informação e Controle Integrado" (p.28).

Angelo Dina (1987) define automação como "a elaboração automática em tempo real da maior parte das informações relativas ao processo produtivo" (p.13). Por elaboração automática entenda-se que, se antes a informação

41 Como um paralelo à indústria de processamento, objeto de estudo da presente pesquisa, gostaríamos de citar

as três categorias fundamentais do que é informação para o processo produtivo de usinagem mecânica. Dina, Angelo, em "A fábrica automática e a organização do trabalho." Petropólis: VOZESIIBASE, 1987. p.13.

Imagem

TABELA  N° 1:  estágio  da  automação  industrial  e  previsão  para  1997
TABELA N°  3  RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO NA PETROBRAS  ESTRATIFICAÇÃO POR ÁREA PESQUISADA

Referências

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