12/11/2015 Análise: As alternativas do procuradorgeral na Lava Jato Política Estadão
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,analiseasalternativasdoprocuradorgeralnalavajatoimp,1645371 1/1
ELOÍSA MACHADO - SUPREMO EM PAUTA
06 Março 2015 | 02h 02
O sigilo processual nos obriga a fazer conjecturas sobre o que motivou o procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, a informar o Supremo Tribunal Federal que não seria passível de investigação a citação ao nome da presidente Dilma Rousseff nos autos da Operação Lava Jato. São duas as alternativas para isso.
A primeira seria não haver indícios de prática criminosa no conjunto das provas da Lava Jato. A investigação e a ação penal só são legitimas se fundadas em uma justa causa; caso contrário, são mera perseguição. Nesta hipótese, nada mais correta do que a atitude de Janot.
A segunda usaria o argumento contrário: haveria provas para uma investigação, mas também motivos para se afastar essa apuração. A Constituição estabelece imunidades e procedimentos específicos para a responsabilização do chefe do Poder Executivo por um crime.
Para ser processado, mediante autorização da Câmara dos Deputados, o ocupante do cargo de presidente da República deve ter cometido crimes de responsabilidade ou comuns, mas sempre vinculados ao exercício de sua função. No primeiro caso, é passível o impeachment no Senado Federal; nas infrações comuns, o julgamento pelo Supremo.
Os eventuais atos criminosos sem vinculação com o cargo de presidente não geram qualquer tipo de responsabilização enquanto perdurar o mandato. Há motivos para que a Constituição estabeleça a imunidade penal do presidente da República em exercício: é uma deferência à vontade eleitoral e uma medida para manter a estabilidade institucional.
Essa estabilidade institucional depende em especial na atual conjuntura da transparência com que estes processos serão conduzidos no Supremo. Nas sombras, tudo pode ser e parecer errado.
Eloísa Machado é professora e coordenadora do Supremo em Pauta da FGV Direito SP