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REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
Artigo
original
Qualidade
de
vida
nas
espondiloartrites:
análise
de
uma
grande
coorte
brasileira
夽
Sandra
L.E.
Ribeiro
a,
Elisa
N.
Albuquerque
b,
Adriana
B.
Bortoluzzo
c,
Célio
R.
Gonc¸alves
d,
José
Antonio
Braga
da
Silva
e,
Antonio
Carlos
Ximenes
f,
Manoel
B.
Bértolo
g,
Mauro
Keiserman
h,
Rita
Menin
i,
Thelma
L.
Skare
j,
Sueli
Carneiro
k,
Valderílio
F.
Azevedo
l,
Walber
P.
Vieira
m,
Washington
A.
Bianchi
n,
Rubens
Bonfiglioli
o,
Cristiano
Campanholo
p,
Hellen
M.S.
Carvalho
q,
Izaias
P.
Costa
r,
Angela
L.B.
Pinto
Duarte
s,
Charles
L.
Kohem
t,
Nocy
H.
Leite
u,
Sonia
A.L.
Lima
v,
Eduardo
S.
Meirelles
w,
Ivânio
A.
Pereira
x,
Marcelo
M.
Pinheiro
y,
Elizandra
Polito
z,
Gustavo
G.
Resende
aa,
Francisco
Airton
C.
Rocha
bb,
Mittermayer
B.
Santiago
cc,
Maria
de
Fátima
L.C.
Sauma
dd,
Valéria
Valim
eee
Percival
D.
Sampaio-Barros
d,∗,
do
Registro
Brasileiro
de
Espondiloartrites
aUniversidadeFederaldoAmazonas,Manaus,AM,BrasilbUniversidadedoEstadodoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro,RJ,Brasil
cInstitutoInsperdeEducac¸ãoePesquisa,SãoPaulo,SP,Brasil
dDisciplinadeReumatologia,FaculdadedeMedicina,UniversidadedeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
eUniversidadedeBrasília,Brasília,DF,Brasil
fHospitalGeraldeGoiânia,Goiânia,GO,Brasil
gUniversidadedeCampinas,Campinas,SP,Brasil
hPontifíciaUniversidadeCatólica,PortoAlegre,RS,Brasil
iFaculdadedeMedicinadeSãoJosédoRioPreto,SãoJosédoRioPreto,SP,Brasil
jHospitalEvangélicodeCuritiba,Curitiba,PR,Brasil
kUniversidadeFederaldoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro,RJ,Brasil
lUniversidadeFederaldoParaná,Curitiba,PR,Brasil
mHospitalGeraldeFortaleza,Fortaleza,CE,Brasil
nSantaCasadoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro,RJ,Brasil
oPontifíciaUniversidadeCatólica,Campinas,SP,Brasil
pSantaCasadeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
qHospitaldeBasedoDistritoFederal,Brasília,DF,Brasil
rUniversidadeFederaldoMatoGrossodoSul,CampoGrande,MS,Brasil
sUniversidadeFederaldePernambuco,Recife,PE,Brasil
tUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul,PortoAlegre,RS,Brasil
uFaculdadedeMedicinaSouzaMarques,RiodeJaneiro,RJ,Brasil
夽
AversãoeletrônicadoRegistroBrasileirodeEspondiloartritesémantidaporumadoac¸ãoincondicionaldaWyeth/PfizerBrasil,que nãoinfluencianaanáliseestatísticanemnaredac¸ãodosmanuscritos.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:pdsampaiobarros@uol.com.br(P.D.Sampaio-Barros). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2015.03.003
vHospitaldoServidorPúblicoEstadual,SãoPaulo,SP,Brasil
wInstitutodeOrtopediaeTraumatologia,UniversidadedeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
xUniversidadeFederaldeSantaCatarina,Florianópolis,SC,Brasil
yUniversidadeFederaldeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
zSantaCasadeBeloHorizonte,BeloHorizonte,MG,Brasil
aaUniversidadeFederaldeMinasGerais,BeloHorizonte,MG,Brasil
bbUniversidadeFederaldoCeará,Fortaleza,CE,Brasil
ccEscoladeMedicinaeSaúdePública,Salvador,BA,Brasil
ddUniversidadeFederaldoPará,Belém,PA,Brasil
eeUniversidadeFederaldoEspíritoSanto,Vitória,ES,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem11deabrilde2014 Aceitoem1demarçode2015
On-lineem17dejulhode2015
Palavras-chave:
Espondiloartrite Espondiliteanquilosante Qualidadedevida ASQoL
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Analisarasvariáveisdemográficaseclínicasassociadasàdiminuic¸ãodaqualidade devidaemumagrandecoortebrasileiradepacientescomespondiloartrite(EpA).
Métodos:Foiaplicadoumprotocolodepesquisaúnicoa1.465pacientesbrasileiros classifi-cadoscomotendoEpAdeacordocomoscritériosdoEuropeanSpondyloarthropatiesStudy Group(ESSG),atendidosem29centrosdereferênciaemreumatologiadoBrasil.Foram regis-tradasasvariáveisclínicasedemográficas.Aqualidadedevidafoianalisadapormeiodo questionárioAnkylosingSpondylitisQualityofLife(ASQoL).
Resultados: Apontuac¸ãomédiadoASQoLfoide7,74(+5,39).Aoanalisardoenc¸asespecíficas nogrupodeEpA,aspontuac¸õesdoASQoLnãoapresentaramdiferenc¸aestatisticamente significativa. OsdadosdemográficosmostrarampioresescoresdeASQoLassociados ao gênero feminino(p=0,014)eetnianegra(p<0,001).Quantoaossintomasclínicos,ador naregiãoglútea(p=0,032),adorcervical(p<0,001)eadornoquadril(p=0,001), estive-ramestatisticamenteassociadasapioresescoresnoASQoL.Ousocontínuodefármacos anti-inflamatóriosnãoesteroides(p<0,001)eagentesbiológicos(p=0,044)esteveassociado aescoresmaiselevadosdeASQoL,enquantooutrosmedicamentosnãointerferiramnos escoresdoASQoL.
Conclusão:NestagrandesériedepacientescomEpA,osexofemininoeaetnianegra,bem comosintomaspredominantementeaxiais,estiveramassociadosaumaqualidadedevida reduzida.
©2015ElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.
Quality
of
life
in
spondyloarthritis:
analysis
of
a
large
Brazilian
cohort
Keywords:
Spondyloarthritis Ankylosingspondylitis Qualityoflife
ASQoL
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective:Toanalyzequalityoflifeanddemographicandclinicalvariablesassociatedtoits impairmentinalargeBraziliancohortofpatientswithspondyloarthritis(SpA).
Methods:Acommonprotocolofinvestigationwasappliedto1465Brazilianpatients clas-sifiedasSpAaccordingtotheEuropeanSpondyloarthropatiesStudyGroup(ESSG)criteria, attendedat29referencecentersforRheumatologyinBrazil.Clinicalanddemographic vari-ableswererecorded.QualityoflifewasanalyzedthroughtheAnkylosingSpondylitisQuality ofLife(ASQoL)questionnaire.
Conclusion: InthislargeseriesofpatientswithSpA,femalegenderandAfrican-Brazilian ethnicity,aswellaspredominantaxialsymptoms,wereassociatedwithimpairedquality oflife.
©2015ElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
As espondiloartrites (EpA) compreendem um grupo de doenc¸asinflamatóriascrônicasinter-relacionadasqueincluia espondiliteanquilosante(EA),aartritepsoriática(APs),aEpA associadaadoenc¸asinflamatóriasintestinais(DII),aartrite reativa (ARe), a EpA juvenil e a EpA indiferenciada. Essas doenc¸ascompartilhamvárias característicasclínicas,como ainflamac¸ão das articulac¸ões axiais,a oligoartrite assimé-trica(especialmentedosmembrosinferiores)eaentesite.A EAé umadoenc¸a inflamatóriacrônica que afeta predomi-nantementeacolunavertebral,geralmentecomec¸anaidade adulta jovemecontribui paraum comprometimentofísico importanteeumareduc¸ãonaqualidadedevida(QV)emuma quantidade significativadepacientes.1 Com o advento dos
novoseeficazesagentesparaotratamentodaEAdaúltima década,tornou-senecessárioodesenvolvimentodemétodos quepossamrefletirarealmelhoriadaqualidadedevida des-sespacientes.
Emgeral,aqualidadedevidapodesermedidapordois gruposdeinstrumentos:genéricos,aplicáveisapacientescom condic¸õesvariadas,eespecíficosdeumadeterminadadoenc¸a, para usoemdoenc¸as específicas.1 O instrumentogenérico
maiscomumenteusadoparaavaliaraqualidadedevidaem pacientescomEpAéoMedicalShort-FormHealthSurvey36 (SF-36),2 quemedeaQVrelacionadacoma saúdee
consi-deraoitodomínios(capacidadefuncional,aspectofísico,dor, estadogeraldesaúde,vitalidade,aspectosocial,aspecto emo-cionalesaúdemental).Em2003,foipropostooAnkylosing SpondylitisQualityofLife(ASQoL),3uminstrumento
especí-ficoparaavaliaraqualidadedevidaempacientescomEA;o instrumentocompreende18questõeseamáQVestá associ-adaapontuac¸õesmaiselevadas.OASQoLfoidesenvolvido emcolaborac¸ãocom pacientescom EA. Éviávelesensível aalterac¸õesaolongodotempo.3 OASQoLfoivalidado em
muitospaíses.4-6Comonãoháquestionáriosespecíficos
rela-cionadoscomaqualidadedevidaemoutrasdoenc¸asdogrupo EpA,oASQoLpodeserusadoparaaavaliac¸ãodessespacientes comEpA.
Oobjetivodesteestudoéanalisaraimportânciadas variá-veis demográficas eclínicas na QVemumagrande coorte brasileiradepacientescomespondiloartrite(EpA).
Métodos
Trata-sedeumacoorteprospectiva,observacionale multicên-tricacom1.465pacientesconsecutivoscomEpArecrutadosde 29centrosdereferênciaparticipantesdoRegistroBrasileirode Espondiloartrites(RBE).Todosospacientes,detodasascinco principais áreas geográficas do Brasil, foram classificados
deacordocomoscritériosdoEuropeanSpondylarthropathy Study Group,7 com dados coletadosentre junhode 2006e
dezembro de2009. ORBEépartedogrupoRespondia, que compreendenovepaíseslatino-americanos(Argentina,Brasil, CostaRica,Chile,Equador,México,Peru,UruguaieVenezuela) eosdoispaísesdaPenínsulaIbérica(EspanhaePortugal).
Foiaplicadoumprotocolodepesquisaúnicoa1.465 paci-entescomEpA.Ospacienteseramconsideradoscomotendo EAsepreenchessemoscritériosdeNovaYorkmodificados,8e
artritepsoriática(APs)casopreenchessemoscritériosdeMoll eWright;9opacienteeraconsideradocomotendoartrite
rea-tiva(ARe)sehouvesseapresenc¸adeoligoartriteinflamatória assimétricademembrosinferiores,associadaaentesopatia e/oudorlombarinflamatóriasubsequenteainfecc¸ões entéri-casouurogenitais;10eartriteenteropáticacasoapresentasse
comprometimentoarticularinflamatórioaxiale/ouperiférico associado adoenc¸a inflamatóriaintestinalconfirmada (DII; doenc¸adeCrohnoucoliteulcerativa).
Foramcoletadosdadosdemográficoseclínicos,incluindo otempodedurac¸ãodadoenc¸a,apresenc¸adedornacoluna vertebral,dorouinchac¸onasarticulac¸õesperiféricas, conta-gem dearticulac¸õesdoloridaseedemaciadas, escalavisual analógicaparadordeacordocomopaciente(VASparador) eatividadedadoenc¸adeacordocomopacienteeomédico (EVAde acordocom opacienteemédicoparaatividade da doenc¸a).Oenvolvimentoarticularperiféricofoiavaliadopela contagemde66articulac¸õesdoloridas/edemaciadas. Tam-bémforamavaliadasoutrasvariáveisclínicas,comodactilite, uveíteeHLA-B27,assimcomoousodefármacos.
Aqualidadedevidafoiavaliadapormeiodo questioná-rioASQoL,3quecontém18questões.Cadaumapermiteuma
respostadicotômica“sim/não”,pontuadacomo“1”e“0”, res-pectivamente.Oescoretotalvariade0a18,comaspontuac¸ões maisaltasqueindicamumapiorqualidadedevida.OASQoL foi previamentetraduzido,retrotraduzido,validadoe adap-tadoculturalmenteaoportuguêsdoBrasil.11
Análiseestatística
Asvariáveiscategóricasforamcomparadaspelotestede2 etesteexatodeFisher.Asvariáveiscontínuasforam compa-radaspelotesteAnova.Umvalordep<0,05foiconsiderado significativo e0,05>p>0,10 foi consideradoumatendência estatística.
Resultados
Tabela1–Pontuac¸ãonoASQoL,deacordocomaEpA
N(%) Pontuac¸ãono
ASQoL
p
Média DP
EA 67,6 7,93 5,40 0,205
APs 18,8 7,29 5,38
EI 6,8 7,86 5,14
ARe 3,4 7,48 5,38
Artrite-DII 3,4 6,91 5,13
Total 100 7,74 5,39
ASQoL, Ankylosing Spondylitis Quality of Life; EA, espondilite anquilosante;DII,doenc¸ainflamatóriadointestino;APs,artrite pso-riática;ARe,artritereativa;EI,espondiloartriteindiferenciada.
Tabela2–Pontuac¸ãonoASQoL,deacordocomvariáveis demográficas
N(%) Pontuac¸ãono
ASQoL
p
Média SD
Gênero
Masculino 72,3 7,53 5,40 0,014
Feminino 27,7 8,29 5,34
Etnia
Branca 67,4 7,10 5,40 <0,001
Negra 32,6 8,56 5,33
Exercício
Sim 40,8 6,90 5,29 <0,001
Não 59,2 8,36 5,37
HLA-B27a
Positivo 69,0 7,47 5,56 0,504
Negativo 31,0 7,77 5,39
Antecedentesfamiliares
Sim 18,0 7,80 5,28 0,829
Não 82,0 7,73 5,42
a Dadosdisponíveispara723pacientes.
ASQoLfoide7,74±5,39.Nãohouvesignificânciaestatísticaao secompararemosescoresmédiosdoASQoLentreas diferen-tesdoenc¸asdogrupoEpA,conformemostradonatabela1.
Os escores médios do ASQoL foram maiores no sexo feminino (p=0,014), naqueles com etnia negra (p<0,001) e nos pacientes que não praticavam exercícios (p<0,001). Apresenc¸adeHLA-B27eosantecedentesfamiliaresnão influ-enciaramnosescoresdoASQoL(tabela2).
Apontuac¸ãodoASQoLestevesignificativamente associ-adaadornaregiãoglútea(p=0,032),dorcervical(p<0,001) edornoquadril(p=0,001)(tabela3).Variáveisclínicascomo dorlombarinflamatória,entesite,dactilite,artritedemembro superior, artrite de membro inferior, uveíte, doenc¸a infla-matóriaintestinal,psoríaseeuretritenãoinfluenciaram na pontuac¸ãodoASQoL(tabela3).
Em relac¸ão ao tratamento, os pacientes que tomaram anti-inflamatóriosnãoesteroides(Aine)continuamente apre-sentaram maiores escores no ASQoL (p<0,001). Outros medicamentos,comooscorticosteroides,ometotrexatoea sulfassalazina,nãoinfluenciaramnosescoresdoASQoL.Os
Tabela3–Pontuac¸õesnoASQoL,deacordo comvariáveisclínicas
Pontuac¸ãono ASQoL
p
N(%) Média DP
Lombalgia
Sim 67,6 7,88 5,46 0,158
Não 32,4 7,46 5,24
Dornaregiãoglútea
Sim 33,1 8,18 5,66 0,032
Não 66,9 7,52 5,24
Dorcervical
Sim 30,8 8,64 5,43 <0,001
Não 69,2 7,34 5,33
Dornoquadril
Sim 25,1 8,56 5,49 0,001
Não 74,9 7,46 5,33
Artritedemembrosinferiores
Sim 48,9 7,97 5,40 0,105
Não 51,1 7,52 5,37
Artritedemembrossuperiores
Sim 22,1 8,00 5,39 0,327
Não 77,9 7,67 5,39
Entesite
Sim 27,1 7,73 5,50 0,950
Não 72,9 7,75 5,36
Dactilite
Sim 9,1 7,29 5,58 0,331
Não 90,9 7,79 5,37
Uveíte
Sim 19,1 7,70 5,38 0,888
Não 80,9 7,75 5,40
Psoríase
Sim 17,8 7,36 5,36 0,215
Não 82,2 7,82 5,40
DII
Sim 4,7 6,70 5,54 0,151
Não 95,3 7,79 5,38
Uretrite
Sim 4,4 8,08 5,54 0,622
Não 95,6 7,73 5,42
ASQoL,AnkylosingSpondylitisQualityofLife;DII,doenc¸a inflama-tóriaintestinal.
agentesbiológicos,especialmenteoadalimumabe,estiveram associadosamenoresescoresnoASQoL(p=0,013)(tabela4).
Discussão
Tabela4–Pontuac¸ãonoASQoL,deacordocomo tratamento
N(%) Pontuac¸ãono
ASQoL
p
Média DP
Aine>50%
Sim 35,2 8,65 5,22 <0,001
Não 64,8 7,25 5,43
Ainepordemanda
Sim 24,9 7,68 5,22 0,795
Não 75,1 7,76 5,45
Corticosteroides
Sim 35,4 7,93 5,41 0,324
Não 64,6 7,64 5,39
Metotrexato
Sim 51,7 7,90 5,32 0,252
Não 48,3 7,57 5,47
Sulfassalazina
Sim 44,7 8,02 5,41 0,078
Não 55,3 7,52 5,37
Infliximabe
Sim 15,3 7,20 5,49 0,105
Não 84,7 7,84 5,37
Etanercept
Sim 2,8 9,44 5,82 0,065
Não 97,2 7,69 5,37
Adalimumabe
Sim 2,3 5,70 4,48 0,013
Não 97,7 7,79 5,40
ASQoL, Ankylosing Spondylitis Quality of Life; Aine, anti--inflamatóriosnãoesteroides.
indica que os pacientes analisados tinham uma reduc¸ão
importantenaqualidadedevida.
EnquantoaEpAémaisfrequenteempacientesbrancos,o
escoredoASQoLfoipiorempacientesnegrasnestasériede
casos.Essesdadospodemconfirmarqueasmulheres
geral-mentedemonstrammaiorinsatisfac¸ãocomadoenc¸adoque
os homens. Alguns estudosanalisaram a presenc¸a
associ-adadefibromialgiaeEA,12,13umasituac¸ãoclínicaquepode
possivelmente confundiros resultados relacionados com a qualidadedevida.OutroestudofeitonoBrasil,queavaliou 71pacientescomEA(45,5%dosexomasculinoe54,5%do femi-nino),observouqueafibromialgiaeramaisprevalenteentre asmulheres(3,8:1),oquepodeterinfluenciadonosmaiores escoresdoBASDAI,BASFIeASQoLdospacientescom fibromi-algiaassociada.14Aansiedadeeadepressãotambémpodem
estarenvolvidasnocomprometimentodaqualidadedevida dospacientescomEA.15 Afibromialgia,bemcomo
questio-náriosespecíficosparaaavaliac¸ãodaansiedadeedepressão, nãoforamavaliadosnopresenteestudo.
Aspontuac¸õesmaiselevadasnoASQoLencontradasnos pacientesnegros, queindicamumaQVinferior,podemser explicadaspeloaspectogenéticoepelainfluênciadefatores socioeconômicos,comooacessoaservic¸osdesaúdeea tra-tamentosespecíficos.Esteassuntomereceestudoespecífico
paraaavaliac¸ãodoperfilsocio-econômicodestespacientes comEpA.
Apráticadeexercíciosesteveassociadaamenores esco-resnoASQoL,semelhantementeaoobservadoemumestudo turcoqueanalisou942pacientescomEA.16 Umestudo
bri-tânico recente com 612 pacientes com EA mostrou que o tabagismotemumarelac¸ãodose-dependentecomoaumento daatividadedadoenc¸a,reduc¸ãonacapacidadefuncionalemá qualidadedevida,independentementedaidade,dosexo,do níveldeprivac¸ãoedadurac¸ãodadoenc¸a.17
Emumgrupoemqueumaquantidadeimportantede paci-entesapresentavaacometimentoarticularaxialeperiférico, as pontuac¸õesno ASQoLforam significativamente maiores naquelespacientesqueapresentavamdornaregiãoglútea, dor cervical e dor no quadril. Isso pode refletir o fato de queoASQoLfoidesenvolvido parapacientescomEA,uma doenc¸aemqueocomponenteaxialrepresentaosseus sinto-masprincipais.Tambéméimportantemencionarque18,8% dospacientesestudadostinhamAPs,umadoenc¸acom com-ponenteperiféricopredominante,equetemuminstrumento específicodeavaliac¸ãodaqualidadedevida,oPsoriatic Arth-ritisQualityofLife(PsAQoL).18Noentanto,considerandoque
oPsAQoLnãofoi traduzidonemvalidadoparaoportuguês doBrasilnomomentodacoletadedados,eofatodeque10 das18questõesdoASQoLsãobastantesemelhantesa10das 20perguntasdoPsAQoL,entende-sequeoASQoLpoderiaser usadonessegrupoheterogêneodepacientescomEpA.
Em geral,a aplicabilidadedoASQoL costuma sermuito boa.19 Um estudo recente com 522 pacientes com EA do
CanadáedaAustráliamostrouquefatorescontextuais,como odesamparoeoemprego,tiveramumacontribuic¸ão impor-tanteeindependente paraaqualidadedevida relacionada comasaúdeeexplicam47%davariâncianoASQoL.20
OusocontínuodeAINEesteveassociadoaescoresmais elevados no ASQoL, enquanto o uso de AINE conforme a demanda nãocontribuiu para um prejuízono ASQoL. Isso podeestarassociadoaoaumentodadoredalimitac¸ão fun-cional observado em pacientes que rotineiramente fazem usocontínuodeAINEecontribuir paraumadiminuic¸ãona qualidadedevidadessesindivíduos.Ousodeagentes bioló-gicosesteveassociadoaumamelhorqualidadedevida,como demonstradoemestudosanteriores.21,22
EstagrandesériedepacientesbrasileiroscomEpAmostrou queosexofemininoeaetnianegra,bemcomoaos sinto-maspredominantementeaxiais,estiveramassociadosauma qualidadedevidareduzida.
Conflitos
de
interesse
ODr.Sampaio-Barrosébeneficiáriodeumabolsadepesquisa daFedericoFoundation.Osoutrosautoresdeclaramnãohaver conflitosdeinteresse
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
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