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Análise do gasto energético e composição corporal de adolescentes obesos sedentários e de adolescentes obesos submetidos a treinamento concorrente

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Academic year: 2017

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Karolynne das Neves Bastos

ANÁLISE DO GASTO ENERGÉTICO E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ADOLESCENTES OBESOS SEDENTÁRIOS E SUBMETIDOS A TREINAMENTO

CONCORRENTE

(2)

Karolynne das Neves Bastos

ANÁLISE DO GASTO ENERGÉTICO E COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ADOLESCENTES OBESOS SEDENTÁRIOS E SUBMETIDOS A TREINAMENTO

CONCORRENTE

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia - FCT/UNESP, campus de Presidente Prudente, para obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia

Orientador: Prof. Dr. Ismael Forte Freitas Júnior

(3)

Bastos, Karolynne das Neves.

B329a Análise do gasto energético e composição corporal de adolescentes obesos sedentários e de adolescentes obesos submetidos a treinamento concorrente / Karolynne das Neves Bastos. - Presidente Prudente : [s.n], 2011

66 f.

Orientador: Ismael Forte Freitas Júnior

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia

Inclui bibliografia

1. Fisioterapia. 2. Obesidade infantil. I. Freitas Júnior, Ismael Forte. II. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Tecnologia. III. Título.

CDD 615.8

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(5)

Dedicatória

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Agradecimentos

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pela bolsa concedida (Processo nº 09/04716-5) e aos adolescentes e seus respectivos responsáveis, que colaboraram como sujeitos da pesquisa.

A todos os companheiros do Centro de Estudos e Laboratório de Avaliação e Prescrição da Atividade Motora (CELAPAM) pelo apoio, trabalho em conjunto e por terem me suportado durante o período mais intenso do Projeto Super-Ação e a todos os integrantes do Laboratório de Fisiologia do Exercício (LAFE), pelo espaço compartilhado durante estes dois anos de coleta de dados.

As companheiras e amigas de todas as horas, Viviane, Camila, Loreana, Paula e Vanessa que estiveram ao meu lado em todos os momentos.

Ao meu mais que namorado, Wellington (meu querido Varty), que eu admiro tanto, pelo companheirismo, apoio e co-autorias nesses dois anos de distância em busca de realização de objetivos individuais.

Aos meus pais, Valter e Zélia, e ao meu irmão Guilherme, razões da minha vida, serei eternamente grata pela força e coragem sempre dividida comigo e por estarem sempre ao meu lado, me apoiando em todos os sentidos. Sem eles, eu não chegaria até aqui.

Ao sempre presente, Prof. Ismael, mais que orientador, amigo e parceiro de todas as horas, também serei eternamente grata pela força em todos os momentos. Com certeza, sem ele, talvez este momento não estivesse acontecendo agora.

(7)

Epígrafe

(8)

Sumário

LISTA DE FIGURAS... vi

LISTA DE TABELAS... vii

LISTA DE ABREVIATURAS... viii

RESUMO... ix

ABSTRACT... x

1. INTRODUÇÃO... 1

1.1. Objetivos... 3

2. REVISÃO DE LITERATURA... 4

2.1. Métodos de Avaliação do Gasto Energético... 4

2.2. Componentes do Gasto Energético Diário... 6

2.3. Composição Corporal e Gasto Energético... 10

3. MATERIAIS E MÉTODOS... 14

3.3. Amostra... 14

3.2. Coleta de Dados... 15

3.3. Protocolos de Avaliações do Gasto Energético... 17

3.4. Variáveis de Controle... 20

3.5. Treinamento Concorrente... 21

3.6. Análise Estatística... 23

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO DO GRUPO SEDENTÁRIO... 25

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO DO GRUPO TREINADO... 31

6. CONCLUSÕES... 38

7. REFERÊNCIAS... 39

8. ANEXOS... 45

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido... 47

Avaliação do Gasto Energético durante o Esforço – Protocolo de Esteira... 49

Ficha de Avaliação do Gasto Energético... 51

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LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1. Componentes da massa livre de gordura de alta e baixa atividade

metabólica... 13 2. Gasto energético do grupo sedentário, durante 20 minutos de repouso

e de recuperação... 27 3. Gasto energético do grupo treinado, durante 20 minutos de repouso e

de recuperação... 34

(10)

LISTA DE TABELAS

Tabela Página

4.1. Características gerais do grupo sedentário... 25 4.2. Gasto energético do grupo todo nos quatro períodos de cinco

minutos durante o repouso e a recuperação... 26 4.3. Gasto energético do grupo todo e dos sexos masculino e

feminino durante o repouso e a recuperação... 27 4.4. Gasto energético entre os sexos durante o repouso e a

recuperação ajustados por maturação sexual... 29 4.5. Massa corporal magra de ambos os sexos durante o repouso e a

recuperação ajustados por maturação sexual... 29 4.6. Gasto energético de ambos os sexos durante o repouso e a

recuperação ajustados por maturação sexual e por massa

corporal magra... 30 5.1. Características gerais do grupo treinado... 31 5.2. Gasto energético do grupo todo durante o repouso e a

recuperação pré e pós intervenção... 32 5.3. Gasto energético do grupo todo, durante os períodos de 5

minutos durante o repouso e a recuperação pós intervenção... 34 5.4. Gasto energético absoluto e proporcional a massa corporal

magra do grupo todo, durante o repouso e a recuperação, pré e

pós intervenção... 35 5.5. Gasto energético absoluto e proporcional a massa corporal

magra dos sexos masculino e feminino, durante o repouso e a

recuperação, pré e pós intervenção... 36 5.6. Gasto energético absoluto e proporcional a massa corporal

magra, entre os sexos, durante o repouso e a recuperação, pré e

pós intervenção e ajustados por maturação sexual... 36

(11)

LISTA DE ABREVIATURAS AAM Alta Atividade Metabólica

AG Ácidos Graxos

BAM Baixa Atividade Metabólica

CI Calorimetria Indireta

DMG Desenvolvimento Mamário e Genital

DEXA Dual Energy X-Ray Absorptiometry (Absortiometria de Raios-X de Dupla Energia)

EPOC Excess Post Oxigen Consumption (Excesso de Consumo de Oxigênio Após Exercício)

FC Frequência Cardíaca

GE Gasto Energético

GE ABS Gasto Energético Absoluto

GE PropMCM Gasto Energético Proporcional à Massa Corporal Magra GED Gasto Energético Diário

GET Gasto Energético Total

GS Grupo Sedentário

GT Grupo Treino

IMC Índice de Massa Corporal

MC Massa Corporal

MCM Massa Corporal Magra MG Massa de Gordura MLG Massa Livre de Gordura

PA Pressão Arterial

REC Recuperação REP Repouso TAB Tecido Adiposo Branco TAM Tecido Adiposo Marrom

TC Treinamento Concorrente

TMB Taxa Metabólica Basal TMR Taxa Metabólica de Repouso VCO2 Volume de Gás Carbônico

VO2 Volume de Oxigênio

VO2max Volume Máximo de Oxigênio consumido

vVO2max Velocidade Máxima correspondente ao VO2max

(12)

Resumo

Objetivo: Analisar o gasto energético (GE) e a composição corporal de adolescentes obesos sedentários pré e pós teste de esforço máximo e analisar os resultados de adolescentes obesos submetidos a treinamento concorrente. Metodologia: A amostra foi composta por dois grupos: 1) grupo sedentário (GS), composto por 70 adolescentes (31 meninos e 39 meninas; idade 13,7±1,4 anos); 2) grupo treinado (GT), composto por 16 adolescentes (10 meninos e 6 meninas; idade 14,7±1,0 anos), participantes de um programa para redução de gordura corporal. O Índice de Massa Corporal (IMC) foi usado para classificação da obesidade, segundo Cole et al. (2000). A composição corporal foi analisada pela Absortiometria de Raios-X de Dupla Energia (Dual-energy x-ray absorptiometry - DEXA) para estimativa da massa livre de gordura (MLG) e da massa de gordura (MG). O GE foi calculado a partir da equação de Weir (1949) [(3.941xVO2)+(1.106xVCO2)*1440], utilizando os

valores de volume de oxigênio consumido (VO2) e gás carbônico produzido (VCO2),

mensurados a cada 20 segundos por Calorimetria Indireta (CI) durante 20 minutos, antes (repouso – REP), durante e após (recuperação – REC) esforço máximo realizado em esteira ergométrica, com o sistema MedGraphics VO2000 no GS e no momento pré intervenção do GT, e com o sistema Parvo Medics TrueOne® 2400 no momento pós intervenção do GT. O GT participou de uma intervenção de 40 semanas de treinamento concorrente (TC), com frequência semanal de três vezes e duração de 60 minutos por sessão (aproximadamente 50% do tempo de treino aeróbio e 50% de treino resistido (musculação)). A análise estatística foi realizada no software SPSS versão 17.0 e a significância estatística foi fixada em 5%. Resultados: Em ambos grupos GS e GT, meninos apresentaram GE estatisticamente maior do que as meninas (p<0,05), porém, ao comparar os mesmos dados e ajustá-los por maturação sexual não foram observadas diferenças (p>0,05). Ao comparar o GE de REP com a REC do GS e do GT separadamente por sexo, foram encontradas diferenças significantes em ambos os momentos (p<0,001). No GT, os resultados das comparações do GE absoluto (ABS) e proporcional a massa corporal magra (PropMCM) do grupo todo, durante REP e REC, pré e pós intervenção, apresentaram diferença estatística significante em todos os momentos (p=0,007), porém no pós intervenção a diferença foi significantemente maior (p=0,005). Ainda no GT, observou-se diferença estatística no sexo masculino tanto pré quanto pós intervenção (p<0,05), entretanto, o mesmo comportamento não foi observado no sexo feminino, que apresentou diferença significante somente no pós intervenção (p<0,05). Quando os mesmos dados são ajustados por maturação sexual e os sexos comparados entre si, durante os períodos de REP e REC, houve diferença significante entre os sexos somente no momento pós intervenção (p<0,05), exceto no período de REC (p>0,05). Conclusão: Conclui-se que, em ambos os sexos, o GE aumentou após esforço máximo, tanto pré como pós intervenção com TC de 40 semanas, sendo que o sexo masculino apresentou maiores valores de GE e de MCM, sugerindo que a diferença do GE entre sexos é influenciada pela maior quantidade de MCM nos meninos.

(13)

Abstract

Objective: To analyze the energy expenditure (EE) and body composition of obese sedentary before and after maximal exercise test and analyze the results of obese adolescents undergoing concurrent training. Methods: The sample comprised two groups: 1) sedentary group (SG), composed of 70 adolescents (31 boys and 39 girls, age 13.7 ± 1.4 years), 2) the trained group (TG), composed of 16 adolescents (10 boys and 6 girls, age 14.7 ± 1.0 years) participating in a program to reduce body fat. The Body Mass Index (BMI) was used for classification of obesity according to Cole et al. (2000). Body composition was analyzed by X-ray Absorptiometry Dual Energy (DEXA) to estimate fat-free mass (FFM) and fat mass (FM). EE was calculated from the Weir (1949) equation [(3.941xVO2) + (1.106xVCO2)*1440], using the values of volume of oxygen consumed (VO2) and volume of carbon dioxide produced (VCO2),

measured every 20 seconds Indirect Calorimetry (IC) for 20 minutes before (rest - RES), during and after (recovery - REC) performed maximal treadmill, with the system MedGraphics VO2000 in SG and in the pre intervention TG, and the system Parvo Medics TrueOne ® 2400 after intervention in TG. The TG participated in an intervention of 40 weeks of concurrent training (CT) with three times weekly frequency and duration of 60 minutes per session (approximately 50% of the time of aerobic training and 50% of resistance training (weight training)). Statistical analysis was performed with SPSS version 17.0 and statistical significance was set at 5%. Results: In both groups SG and TG, EE boys were statistically higher than girls (p<0.05), however, when comparing the same data and adjust them for sexual maturation were not significant differences (p>0.05). By comparing EE with RES and REC of SG and TG separately by sex, significant differences were found in both instances (p<0.001). In TG, the results of comparisons of absolute EE (ABS) and proportional to lean body mass (PropLBM) of the whole group, during RES and REC, pre and post intervention showed statistically significant at all time points (p=0.007), but the difference in post intervention was significantly higher (p=0.005). Also in the TG, there was statistical difference in males both pre and post intervention (p<0.05), however, the same pattern was not observed in females, which were significant only in the post intervention (p<0.05). When the same data are adjusted for sexual maturation and sex compared, during periods of RES and REC there was a significant difference between the sexes at the time only after the intervention (p<0.05), except during the REC (p>0.05). Conclusion: We conclude that in both sexes, EE increased after exercise, both pre and post intervention with CT of 40 weeks, and males had higher values of EE and LBM, suggesting that the difference in EE gender is influenced by the largest amount of LBM in boys.

(14)

1. INTRODUÇÃO

A obesidade é uma doença crônica, multifatorial que se tornou, nas últimas décadas, um problema de saúde pública de ordem mundial e vem sendo amplamente estudada pelos diversos efeitos prejudiciais à saúde1,2, que têm afetado tanto indivíduos adultos quanto à população pediátrica1,3,4,5.

Dois fatores são considerados como sendo os principais responsáveis pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que são a elevada ingestão calórica e o hábito de vida sedentário6.

O conhecimento dos hábitos cotidianos, tanto de ingestão alimentar como de prática de atividades físicas, fornece um indicador fidedignos do risco da pessoa acumular gordura em excesso, em função do desequilíbrio entre ingestão e gasto calórico7.

A prática regular de exercício físico pode contribuir de diferentes maneiras para o controle do peso, promovendo adaptações morfológicas e metabólicas, agudas e crônicas9.

Com a adaptação aguda, ocorre o aumento da demanda energética durante o exercício e logo após, no período de recuperação, conhecida como Consumo Excessivo de Oxigênio Após o Exercício (Excess Post Oxigen Consumption – EPOC)10. Esse consumo elevado permanece por um período de tempo (Horton & Hill, 1998), e a sua magnitude vai depender da duração e, principalmente, da intensidade do exercício físico.

Evidências recentes indicam que o EPOC tem pouco efeito no gasto energético diário total de atletas, mas para pessoas com baixo nível de aptidão

(15)

física, o EPOC, pela prática de atividades intensas, pode contribuir para o controle de peso12,7.

No caso das adaptações crônicas, elas ocorrem pelo aumento do potencial oxidativo do músculo, que utiliza os substratos de maneira mais eficiente para produção de ATP13, e promove adaptações que favorecem o metabolismo lipídico14, como aumento das enzimas de ȕ oxidação, como é o caso da lipoproteína lípase e

de outras enzimas responsáveis pela ativação dos ácidos graxos e seu transporte na mitocôndria13. O exercício físico crônico também pode elevar a termogênese em repouso pelo aumento da massa corporal magra15, e isso também pode contribuir

par ao aumento do GE diário.

Em suma, entre as adaptações agudas e as crônicas, estas são as que provocam adaptações com efeitos mais duradouros7 e, por essa razão, são as que mais podem contribuir principalmente no metabolismo lipídico8, que farão com que os programas de controle de peso sejam mais efetivos16,17.

Além dessas adaptações metabólicas e morfológicas que ocorrem com a prática regular de exercícios físicos e que podem contribuir para o controle de peso, pode-se afirmar que um programa dessa natureza terá poucas chances de êxito se não for acompanhado de um controle nutricional e, no caso de crianças e adolescentes, de um acompanhamento psicológico, pelos distúrbios sócio-comportamentais que acompanham os jovens obesos.

Apesar dessa importância da prática de exercícios físicos para promover adaptações que favoreçam o controle de peso, existem poucos estudos que investigaram a influência do treinamento concorrente sobre o metabolismo energético de adolescentes obesos.

(16)

1.1.Objetivos

1.1.1. Analisar o gasto energético e a composição corporal de adolescentes obesos sedentários pré e pós teste de esforço máximo

1.1.2. Analisar o gasto energético e a composição corporal de adolescentes obesos submetidos a treinamento concorrente.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Métodos de Avaliação do Gasto Energético

Os métodos para se estimar o GE envolvem tanto medida direta (calorimetria direta) como também por aproximação indireta da produção de calor (calorimetria indireta)18.

Dentre esses métodos indiretos, são considerados padrão ouro, como a água duplamente marcada e a calorimetria indireta19, que são utilizados para validar outros métodos quantitativos, mas menos precisos e exatos, tais como os sensores de movimentos, as equações preditivas e a monitoração da freqüência cardíaca e métodos qualitativos como os questionários4.

2.1.1| Calorimetria Direta: Requer uma câmara altamente sofisticada, termicamente isolada, que permite a medida do calor liberado pelo organismo, além do vapor de água liberado pela respiração e pela pele. Para a avaliação do GE, o avaliado deve permanecer na câmara por um longo período de tempo, pelo menos 24 horas4.

2.1.2| Água duplamente marcada: Método baseado no princípio de que a produção de gás carbônico (CO2) pode ser estimada a partir da diferença nas taxas de

eliminação de hidrogênio (H) e oxigênio (O2) do corpo. Entre suas vantagens e

desvantagens de aplicação do método, encontra-se a possibilidade de mensurar o GE dos indivíduos em suas atividades cotidianas, sem a necessidade de deslocamento para um laboratório, por outro lado, os custos com o equipamento

(18)

(espectrômetro) e as substâncias utilizadas (isótopos não-radioativos) são extremamente altos4.

2.1.3| Sensores de Movimento: São equipamentos simples e fundamentados na acelerometria. As informações produzidas pelos sensores portáteis permitem verificar a demanda energética em intervalos de tempo muito curtos e acumulada no período de uso do equipamento, com a vantagem de poder avaliar o indivíduo em sua vida cotidiana, por meio do envolvimento de equivalentes energéticos associados ao metabolismo de repouso, estimado pelas características de massa corporal (MC), estatura, idade e sexo4.

2.1.4| Monitor da Frequência Cardíaca: Fornece dados de frequência cardíaca que fica armazenada no receptor para posterior análise em computador, interpretadas e convertidas em valores estimados de VO2 e de GE18.

2.1.5| Calorimetria Indireta: A determinação do GE pela CI ocorre por meio da análise do VO2, VCO2 e, ainda, do quociente respiratório (QR=VO2/VCO2),

apontando assim a quantidade de energia necessária para a realização dos processos metabólicos20,4,21.

2.1.6| Equações preditivas: As equações de predição são métodos rápidos e fáceis, além de terem baixo custo. Por outro lado, requer a estimativa do GE das atividades físicas realizadas durante o dia, o que implica a necessidade dos relatos da

atividade física diária4.

(19)

2.1.7| Questionários: São métodos que procuram quantificar a prática de atividade física e possibilitam também uma estimativa do gasto energético diário (GED) a partir dos relatos de todos os tipos de atividades realizadas durante o dia e da intensidade percebida, com o maior grau de detalhamento possível, assim, é possível fazer o cálculo da energia gasta diariamente4,20.

2.2. Componentes do Gasto Energético Diário

O termo, gasto energético total (GET) ou GED, passou a ser utilizado para definir a taxa metabólica basal ou taxa metabólica de repouso, somada à energia gasta na atividade física e o efeito térmico dos alimentos22. Todos os componentes do GED tendem a ser alterados por diversos fatores, tais como: idade, gênero, composição corporal, fatores genéticos e psicológicos, ação hormonal, estado nutricional, doença, etnia, temperatura ambiente e prática de atividades físicas. Tais fatores podem variar amplamente o GE entre os indivíduos.

2.2.1. Taxa Metabólica Basal (TMB) e Taxa Metabólica de Repouso (TMR)

Por princípio a TMB é o mínimo de energia que o corpo necessita para manter suas funções vitais em funcionamento sem que haja interferência externa como. Dessa forma a medição deve ser feita pela manhã após acordar, atividade física restrita no dia anterior, ambiente termoneutro (§24° a 26°C), jejum de 12 horas e

repouso de 30 min antes do teste23,21. Já a TMR tem menor número de

pré-requisitos para ser mensurada. Ela pode ser medida a qualquer hora do dia após

(20)

quatro horas de refeição e aceita que o indivíduos tenham feito atividades físicas leves anteriormente a essas quatro horas. Portanto, para a determinação do gasto energético diário, a mensuração da TMR é mais amplamente utilizada24. Esta medida tende a ser 10% a 20% maior do que a TMB21 e responde por 60% a 70% do total do GED22,25, representando o principal componente do GET quando se determina a necessidade diária de energia em pessoas sedentárias26.

A TMR está fortemente relacionada com a massa corporal magra (MCM) e diminui com a idade e se deve, em parte, à diminuição da MCM e da atividade do sistema nervoso simpático21.

2.2.2. Efeito Termogênico dos Alimentos (ETA)

O ETA é o aumento no metabolismo basal, provocado pelo consumo alimentar. Deve-se à energia gasta na digestão, absorção, transporte e aproveitamento dos alimentos. Corresponde a cerca de 10% do GED e esse efeito varia de acordo com o substrato energético consumido. Em indivíduos jovens a ingestão de carboidrato aumenta o gasto energético de 5 a 10%, a ingestão de lipídios aumenta 0 a 3% e a de proteína aumenta 20 a 30%27.

No consumo de energia dos nutrientes, uma pequena parte é perdida nas fezes e urina, uma parte é utilizada para necessidades fisiológicas (crescimento, a gravidez ou lactação); uma parte é utilizada na atividade física, e a maioria é usada para os processos metabólicos ou é perdida na produção de calor.

(21)

2.2.3. Energia Gasta com Atividade Física (EGAF)

A EGAF é a energia gasta em atividade física sistemática, mais especificamente, o exercício físico; e em atividade física não sistemática, praticada cotidianamente (atividades do trabalho diário, lazer, transporte do corpo para outros destinos, calafrios e manutenção do controle postural) e, ambas, compreendem de 10% a 30% do GED4 de uma pessoa sedentária

Pode-se observar que a TMR é o componente que mais contribui para o gasto calórico diário, contudo, é durante a atividade física que ocorre a maior variação do gasto calórico por aumentar em até 10 vezes o GE com relação ao repouso, e em função das diferenças dos níveis de atividade física entre os indivíduos, a EGAF pode variar consideravelmente.

A atividade física aumenta o GE não somente durante a sua prática mas também após o seu término21, assim, o exercício ou atividade física, contribui para a manutenção ou redução de peso de várias maneiras. Primeiro, ocorre a termogênese para manutenção da massa corporal magra. Segundo, o GED é aumentado pela contração muscular voluntária, por exemplo durante as atividades no trabalho ou prática de exercícios físicos. Finalmente, o aumento do GED pode ser induzido pelo consumo excessivo de oxigênio após-exercício (Excess post-exercise consumption - EPOC)7.

2.2.3.1. Excesso de Consumo de Oxigênio Pós-Exercício (EPOC)

Atualmente, acredita-se que o emagrecimento acontece pelo gasto calórico total da atividade, no qual inclui a realização do exercício e a sua recuperação.

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Assim, passou-se a dar mais importância à intensidade e duração do esforço físico, por aumentar o gasto energético tanto durante como na recuperação do organismo após o esforço, contribuindo para um maior gasto calórico durante as 24 horas do dia para o indivíduo, facilitando a perda de peso.

O EPOC consiste de um componente rápido e um componente prolongado, que se subdivide em lento e ultralento. O componente rápido decai a partir de 10 segundos a 1 hora após o término do esforço físico. O componente lento se prolonga por várias horas; e o ultralento, pode durar até 48 horas após o esforço físico7,27.

Os mecanismos responsáveis pelo componente rápido são a restauração na concentração de fosfatos de alta energia (adenosina trifosfato (ATP) e creatina fosfato (CP), que são depletados durante o esforço; e a restauração da oxihemoglobina e oximioglobina, pois parte do oxigênio utilizado no início do exercício é o oxigênio ligado a mioglobina e a hemoglobina27.

Durante a fase prolongada, os mecanismos responsáveis são o aumento da temperatura corporal, pois aumenta as atividades enzimáticas para o retorno da homeostase; a estimulação simpática, que se altera em função dos processos metabólicos e bioquímicos estimulados durante o exercício, como o aumento da concentração plasmática de catecolaminas (epinefrina e norepinefrina). Esta estimulação simpática provoca a glicogenólise, glicólise e lipólise, influenciam a liberação de outros hormônios e modulam o tônus vascular, a remoção de lactato durante a primeira hora após o exercício e, finalmente, a alteração no substrato energético, onde a fonte de energia durante o exercício fornecida pela glicose se altera para os lipídios durante o EPOC. Esta modificação no predomínio do substrato

(23)

oxidado pode contribuir com cerca de 10% a 15% do EPOC27,28.

Com relação ao componente ultralento, ainda não existe um consenso sobre a sua duração. Este componente pode ocorrer apenas quando há um extenso distúrbio à homeostase, como sessões intensas de exercício contra-resistência (ECR) que pode aumentar a TMR em até 20% após o esforço27,28.

Um dos aspectos consensuais refere-se à aceitação de que o EPOC decorre de uma combinação de diversas variáveis do treinamento e que pode influenciar tanto a magnitude quanto a sua duração de seus componentes rápido, lento e ultralento, são: a intensidade dos exercícios, o número de séries, o tempo de intervalo de recuperação entre séries, a velocidade de execução dos movimentos, o método de treinamento e a sequência dos exercícios27,28,12.

2.3. Composição Corporal e Gasto Energético

Já está bem documentado que a composição corporal exerce um efeito importante sobre o metabolismo energético20.

A MC engloba tecidos corporais com diversas atividades metabólicas, como a gordura corporal e o tecido ósseo que apresentam consumo de oxigênio desprezível, e a massa livre de gordura (MLG), componente da MC responsável pelo maior consumo de oxigênio20.

Os componentes extracelulares possuem baixa atividade metabólica (BAM) e a massa intracelular, também chamada de massa celular ativa, que, em um indivíduo adulto e saudável, corresponde entre 50 a 60% da massa livre de gordura(MLG), é responsável pela maior parte do metabolismo energético e

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compreende os componentes celulares das vísceras, cérebro, sangue e, principalmente, massa muscular. Todos esses apresentam gasto energético diferentes e com grande variação entre si20,29.

2.3.1. Tecido Adiposo

Todas as patologias relacionadas à obesidade decorrem da interação de diversos fatores, como à predisposição genética, distúrbios psicológicos e disfunções morfológicas, metabólicas ou bioquímicas e funcionais do organismo. Contudo, o que mais explica a maior prevalência dessas desordens em indivíduos obesos é o fato de possuírem maior quantidade de tecido adiposo, ao qual, são atribuídas diferentes funções, entre elas o potencial de sintetizar e secretar proteínas com importantes efeitos biológicos mais conhecidas como adipocinas30.

Dentre as adipocinas secretadas pelo tecido adiposo encontram-se a adiponectina, a resistina e a leptina4. Em relação a esta última, ela é transportada na circulação e liga-se a receptores hipotalâmicos que sinalizam, em última instância, a ingestão de alimentos e a atividade simpática. Assim, o aumento da adiposidade e, portanto, maior secreção de leptina, direcionaria o organismo a aumentar seu gasto de energia e diminuir os mecanismos relacionados à fome.

Entretanto, o que se pode constatar em indivíduos, principalmente obesos, é que as concentrações plasmáticas de leptina geralmente apresentam-se elevadas na mesma proporção do tecido adiposo, e que os mecanismos esperados de regulação do GE não ocorrem4,31,12.

Outra função do tecido adiposo é a hidrólise de triacilglicerol e a subseqüente

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liberação de ácidos graxos (AG) não-esterificados e glicerol.

Os AG não-esterificados, provenientes do tecido adiposo e do músculo esquelético, são fontes significativas de energia durante o exercício aeróbio e, para aumentar sua disponibilidade para o músculo, é necessária a integração de eventos neurais, hormonais, circulatórios e musculares32. Dessa forma, a oxidação desse composto pode liberar grande quantidade de energia que confere a esse tecido a importância de maior reserva de fonte energética no corpo humano, pois o uso de lipídios como fonte de energia, preserva o glicogênio muscular33.

Existem dois tipos de tecido adiposo nos mamíferos, o tecido adiposo branco (TAB) e o tecido adiposo marrom (TAM). Este último, embora exista em pequena quantidade em humanos adultos, apresenta um importante papel na regulação do GE, pois desempenha função termogênica por ser especializado na produção de calor, participando ativamente na regulação da temperatura corporal34.

2.3.2. Massa Livre de Gordura (MLG)

A MLG é composta por músculos, órgãos, ossos, sangue e água. Estes, por sua vez, apresentam gastos energéticos distintos e se dividem em dois grupos, os tecidos e órgãos de alta atividade metabólica (AAM) e os tecidos de BAM (Figura 1). A MLG constitui o compartimento corporal com maior atividade metabólica e, por essa razão, é considerada um importante determinante do gasto energético, explicando 73% da TMR e 80% do GET21,29.

(26)

Figura 1| Componentes da MLG de alta e baixa atividade metabólica. (Adaptado29)

Com a obesidade, o tecido muscular tem sua capacidade oxidativa reduzida, que é uma característica metabólica associada com o ganho de peso9. Relacionado a esse processo, e devido à existência em menor quantidade do TAM em humanos adultos, o tecido muscular tem recebido maior atenção por desempenhar papel significativo para o gasto de energia34.

(27)

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Amostra

Para análise do GE pré intervenção, a amostra foi formada por 70 adolescentes obesos e sedentários (31 meninos e 39 meninas), com idade entre 12 e 15 (13,7±1,4) anos. Para efeito do presente estudo esse grupo foi denominado Grupo Sedentário (GS).

Para análise do GE pós período de intervenção, a amostra do presente estudo foi formada por 16 adolescentes obesos (10 meninos e 6 meninas), com idade entre 12 e 16 anos (13,9±1,0). Para efeito do presente estudo esse grupo foi denominado Grupo Treinado (GT).

Todos os avaliados dos grupos GS e GT eram participantes de um Programa para redução de gordura corporal, que é desenvolvido pelo Centro de Estudos e Laboratório de Avaliação e Prescrição de Atividades Motoras (CELAPAM), do Departamento de Educação Física, da Universidade Estadual Paulista-UNESP, Campus de Presidente Prudente-SP (FCT/UNESP).

3.1.1. Critérios de Inclusão

Foram critérios de inclusão da presente pesquisa: (a) ser classificado obeso pelo Índice de Massa Corporal (IMC), seguindo critério publicado por Cole et al. (2000)35; (b) ter entre 12 e 15 anos completos na data da avaliação; (c) não apresentar nenhum problema de ordem clínica que impedisse a prática de exercícios

(28)

físicos e (d) os pais ou responsáveis legais assinarem o termo de consentimento formal. Foram excluídos do programa aqueles que apresentaram três faltas consecutivas ou quatro não consecutivas durante o tempo de intervenção.

A presente pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa da FCT/UNESP (Protocolo nº 087/2006).

3.2. Coleta de dados

3.2.1. Triagem e avaliações iniciais

A triagem inicial foi composta de mensuração da MC e da estatura, para classificação do estado nutricional, por meio do IMC, seguindo os valores de referência de Cole e cols (2000)35. Em seguida os jovens foram submetidos à avaliação da composição corporal pelo DEXA, da TMR e do GE por meio de teste de esforço máximo.

3.2.2. Desenvolvimento das avaliações

Os dados desse grupo foram coletados no Centro de Estudos e Laboratório de Avaliação e Prescrição de Atividades Motoras (CELAPAM) e no Laboratório de Fisiologia do Exercício (LAFE), ambos do Departamento de Educação Física da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus de Presidente Prudente – SP (FCT/UNESP).

(29)

3.2.3. Avaliação da Composição Corporal

O peso corporal foi aferido em uma balança digital, marca Filizola, com capacidade para 180 kg e com precisão de 0,1 kg. A estatura foi mensurada em um estadiômetro de parede com precisão de 0,1 cm. Ambas as medidas foram feitas seguindo descrição publicada por Freitas Jr. e cols (2008)36 e os avaliados deveriam estar vestindo shorts e camiseta.

A avaliação da composição corporal pelo Absortiometria de Raios-X de Dupla Energia (Dual-energy x-ray absorptiometry – DEXA). O equipamento utilizado é marca Lunar, modelo DPX-NT, software 4.7. Esta técnica é considerada padrão de referência em termos de mensuração da composição corporal, com a vantagem de permitir que a avaliação seja efetuada tanto de corpo inteiro, como por segmento corporal.

Os resultados da composição corporal feitos pelo DEXA permitiram a estimativa com elevado grau de precisão das variáveis: MLG e massa de gordura (MG), em quilogramas (kg) e em porcentagem do peso corporal (%). O exame tem a duração de aproximadamente 15 minutos. A medida é simples e não necessita de auxílio do avaliado, exceto que o mesmo deve permanecer posicionado em decúbito dorsal, sem se movimentar no aparelho durante a realização do exame. Os resultados são transmitidos ao computador que está interligado ao aparelho e os dados são posteriormente analisados37.

(30)

3.3. Protocolos de Avaliações do Gasto Energético

3.3.1. Avaliação durante o repouso (Taxa metabólica de repouso – TMR)

Os participantes foram previamente instruídos a não realizar exercícios físicos, ingerir café ou chá preto por, pelo menos, 24 horas antes do teste e, no dia da avaliação, deveriam fazer refeições leves e estar no mínimo 4 horas em jejum.

Anteriormente ao início de cada avaliação da TMR, os participantes foram familiarizados com o equipamento e os procedimentos.

Para avaliação das trocas respiratórias, foi colocada uma máscara de silicone, modelo Vip 75TM Series 7500 (marca Hans Rudolph Inc., Oro-Nasal Niv Mask, Canadá, USA), foi ajustada. Os participantes permaneceram em decúbito dorsal, em ambiente termo-neutro (23-24°C), onde se mantiveram em silêncio, confortavelmente, sem se mexer e sem dormir. A TMR foi mensurada durante 30 minutos, sendo que os 10 minutos iniciais foram desprezados para garantir a homogeneidade dos dados38. Na avaliação do GS e na avaliação pré intervenção do GT, foi utilizado pneumotacógrafo de baixo fluxo (2 até 30 l/min).

3.3.2. Avaliação durante esforço máximo

Após avaliação da TMR, os participantes realizaram um teste de esforço máximo, progressivo e contínuo em esteira ergométrica modelo ATL (marca Inbrasport, BR), para usuários de até 180 Kg, com 0 a 26% de inclinação e velocidade de até 24km/h.

(31)

O teste de esforço iniciou com velocidade de 3,5 km/h, durante 1 minuto a uma inclinação de 1%. A velocidade foi aumentada em 0,5 km/h a cada minuto, mantendo-se a inclinação em 1%, até a exaustão do avaliado, respeitando um período máximo de 12 minutos de teste39,40. Durante todo o teste de esforço máximo, os participantes utilizaram a máscara de silicone com pneumotacógrafo de médio fluxo (10 até 120 l/min) na avaliação do GS e na avaliação pré intervenção do GT.

3.3.3. Avaliação pós esforço máximo (recuperação)

Após teste de esforço máximo, a máscara de silicone foi reajustada com pneumotacógrafo de baixo fluxo (2 até 30 l/min) na avaliação do GS e na avaliação pré intervenção do GT, para captação dos gases durante a recuperação. O consumo de oxigênio foi mensurado durante 30 minutos, seguindo o mesmo protocolo de avaliação da TMR, sendo que os 10 minutos finais foram desprezados para garantir maior homogeneidade dos dados38.

3.3.4. Captação e Análise dos Gases Respiratórios

A análise das trocas respiratórias do GS foi realizada pelo sistema MedGraphics VO2000 (St. Paul, MN, USA) acoplado a um computador com software específico (Aerograph, versão 4.3) na avaliação do GS e na avaliação pré intervenção do GT, para estimativa de GE, por meio de registros dos gases respiratórios inspirado (oxigênio – O2) e expirado (gás carbônico – CO2), que foram

(32)

coletados a cada 20 segundos. A medida direta de trocas gasosas ou CI é o método mais utilizado para a estimativa do GE em atividades físicas, demonstrando acurácia entre -2% e 4%41.

Na avaliação do GE do GT no momento pós intervenção, as análises das trocas respiratórias foram feitas pelo sistema Parvo Medics TrueOne® 2400 (Metabolic Measurement System – USA) acoplado a um computador com software específico (OUSW versão 4.3 – 20070713) para estimativa de GE, por meio de registros dos gases respiratórios inspirado (oxigênio – O2) e expirado (gás carbônico

– CO2), que também foram coletados a cada 20 segundos.

Em função da utilização do sistema Parvo Medics TrueOne® 2400 na avaliação pós intervenção, não foi necessário a troca do pneumotacógrafo de baixo fluxo para o de médio fluxo.

3.3.5. Cálculo do Gasto Energético

A equação de Weir (1949)42 [((3,941*VO2)+(1,106*VCO2)] foi utilizada para

calcular o GE, a partir dos valores médios de volume de oxigênio consumido (VO2

L/min) e volume de gás carbônico produzido (VCO2 L/min), multiplicando essa

fórmula por 1440 minutos, ou seja, extrapolando os resultados dessa avaliação para um período de 24 horas [((3,941*VO2)+(1,106*VCO2)*1440].

(33)

3.4. Variáveis de Controle

3.4.1. Frequência Cardíaca (FC)

A FC foi mensurada durante todo o período de avaliação do GE, com o equipamento de marca Polar - Heart Rate Monitor, modelo S810, Finland.

3.4.2. Pressão Arterial (PA)

A PA foi mensurada a cada cinco minutos durante os períodos de repouso e de recuperação, utilizando aparelho oscilométrico Omron (modelo HEM-742), previamente validado para adolescentes43 e manguitos de tamanho 9 cm×18 cm

para adolescentes obesos, de acordo com os critérios propostos pela Sociedade Americana do Coração44.

3.4.3. Maturação Sexual

Como o período da adolescência é caracterizado por profundas modificações biológicas, foi realizada a avaliação da maturação sexual (pêlos pubianos para ambos os sexos, desenvolvimento mamário para as moças e desenvolvimento dos genitais para os rapazes), segundo os critérios de Tanner descrito em Marshall & Tanner (1969, 1970)45,46. A idade da menarca também foi informada no caso das moças. Tais informações foram fornecidas pelos próprios avaliados que foram orientados a responder conforme modelo dos estágios maturacionais de Tanner.

(34)

Para melhor confiabilidade dos dados, após preencher a ficha de resposta, os avaliados foram orientados a colocar sua própria ficha em uma caixa lacrada. Para que não houvesse constrangimento por ocasião das explicações quanto à forma de preencher a ficha de respostas, todas as explicações foram fornecidas por avaliadores de mesmo sexo dos avaliados. Após as explicações, os avaliados permaneceram sozinhos até completarem o preenchimento da ficha (identificada por código que só o responsável pela pesquisa tem conhecimento) e a colocação da mesma na caixa. Somente o pesquisador responsável pelo estudo teve acesso às respostas.

3.5. Treinamento Concorrente

O programa de intervenção com exercícios físicos foi fundamentado no treinamento concorrente (TC) com frequência semanal de três vezes e duração de 60 minutos por sessão (aproximadamente 50% do tempo de treino aeróbio e 50% de treino resistido (musculação))47,48, durante 40 semanas. Foram realizados exercícios de alongamento no início e no final do treino e os participantes foram orientados a ingerir água e trajar roupas adequadas durante as práticas.

No início da intervenção houve um período de quatro semanas de adaptação neuro-muscular e cardiovascular. Neste período os participantes foram encorajados a realizar as atividades na intensidade 13-14 da escala de percepção subjetiva de esforço de Borg49.

(35)

3.5.1. Treino Aeróbio

O treino aeróbio consistiu de caminhada e corrida em uma pista de atletismo oficial de 400m de extensão. A intensidade de esforço foi monitorada por meio de monitor de freqüência cardíaca (marca Polar® S810) colocado, aleatoriamente, em quatro indivíduos a cada sessão. O equipamento foi ajustado para que se tivesse garantia de que os participantes permanecessem na zona aeróbia de treino (65 a 85% do VO2pico), para isso foi utilizada a freqüência cardíaca encontrada na mesma

intensidade durante a realização do teste de esforço máximo realizado na avaliação do GE.

Após o período de adaptação, o treino foi dividido em duas etapas, cada uma com duração de 2 meses e intensidades variando de 65 a 75% e 75 a 85% do VO2pico, respectivamente.

3.5.2. Treino Resistido

O treino resistido foi realizado em forma de circuito na academia de musculação da própria FCT/UNESP, Campus Presidente Prudente.

Após o período de adaptação foi realizado teste de predição de uma repetição máxima (1RM), segundo Baechle (1992)50. A partir do teste de carga

máxima, o treino foi iniciado com a intensidade de 40% e acrescido de 5% a cada mês, totalizando uma intensidade final de 55%. No segundo e terceiro mês, o treino foi realizado com uma série de 20 repetições e no quarto e quinto mês, o treino consistiu de uma série de 15 repetições para cada exercício.

(36)

Foi adotado a seguinte ordem para os exercícios do treino resistido: leg press 45°, remada baixa, supino, agachamento rack, puxada vertical alta na frente, flexora, rosca direta, voador, tríceps francesa, extensora, abdominal reto e extensão de tronco deitado47,48.

3.6. Análise Estatística

Inicialmente foi realizado o teste Kolmogorov-Smirnov para verificar se caracterizava-se no modelo gaussiano de distribuição. Essa análise permitiu utilizar a estatística paramétrica para as comparações, exceto aqueles realizadas pela ANOVA nas sub-divisões de tempo de REP e REC, que foi feita pela estatística não paramétrica. Os resultados estão expressos em média e desvio padrão quando a distribuição paramétrica e mediana e intervalo de confiança de 95% quando a distribuição não paramétrica.

Os períodos REP e REC de 20 minutos foram sub-divididos em quatro de cinco minutos cada (T1=0 a 5’; T2=5’20” a 10’; T3=10’20” a 15’ e T4=15’20” a 20’) e as comparações ente os quatro períodos foi feita a partir da análise de variância (Anova One-way). O teste t de Student para amostras independentes foi utilizado para as comparações do GE entre sexo feminino e masculino. O teste t de Student pareado foi utilizado para comparações entre os períodos REP e REC. A análise de co-variância (ANCOVA) também foi utilizada para comparação do GE entre os sexos em cada período de tempo de REP e REC e os dados foram ajustados somente pela pela maturação sexual (desenvolvimento mamário e genital – DMG) e a dois fatores (DMG e massa corporal magra – MCM). Em todas as análises utilizou-se o nível de

(37)

significância de 5% (p<0,05) e o software utilizado foi o Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 17.0.

(38)

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO DO GS

Para melhor entendimento dos resultados, nesse capítulo serão apresentados somente os dados do GS.

O objetivo do presente estudo foi analisar o GE de adolescentes obesos sedentários pré e pós teste de esforço máximo. Para avaliar o período pré teste de esforço máximo e a fase de recuperação pós teste, o mesmo foi realizado em esteira ergométrica. Este teste é o mais indicado, por atingir elevado GE em menor FC, em menor período de tempo e com a menor produção de lactato sanguíneo quando comparado ao cicloergometro51.

A Tabela 4.1 apresenta as características gerais do GS. Exceto para o percentual de gordura corporal (GC%), as demais variáveis apresentam valores de médias estatisticamente maiores para o grupo masculino.

Tabela 4.1. Características gerais do Grupo Sedentário (n=70)

Variáveis M ± DP Masculino (n=31) M ± DP Feminino (n=39) M ± DP Idade (anos) 13,7±1,4 13,6±1,3 13,6±2,0 Estatura (cm) 161,2±7,4 163,9±7,8 159,1±6,5

MC (kg) 80,5±15,2 87,0±16,7 75,3±11,7

GC (%) 45,5±5,3 44,3±5,8 46,4±4,8

MG (kg) 36,2±9,2 38,2±10,4 34,6±7,9

MCM (kg) 40,5±7,9 45,0±8,7 36,9±4,8

VO2_REP (L/min) 0,25±0,09 0,28±0,09 0,22±0,09 VCO2_REP (L/min) 0,18±0,06 0,21±0,06 0,16±0,06 VO2_REC (L/min) 0,29±0,06 0,32±0,07 0,27±0,04 VCO2_REC (L/min) 0,28±0,06 0,30±0,07 0,26±0,04

M= Média; DP= Desvio Padrão; MC= Massa Corporal; GC= Gordura Corporal; MG= Massa Gorda; MCM= Massa Corporal Magra; VO2_REP= Volume de Oxigênio durante REP; VCO2_REP= Volume de Gás Carbônico durante REP; VO2_REC= Volume de Oxigênio durante REC; VCO2_REC= Volume de Gás Carbônico durante REC

A medida de GE tanto no período de REP como na REC foi feita durante 20 minutos, descartando-se os 10 primeiros minutos no REP e os últimos 10 minutos na

(39)

REC. Este tempo foi dividido em quatro períodos de cinco minutos e foram feitas comparações estatísticas. No caso das comparações nos quatro períodos de cinco minutos durante o REP, houve diferença significante entre períodos T2 e T3 (p<0,001). No caso da REC, foram identificadas diferenças estatísticas entre os quatro momentos: T1>T2>T3>T4 (p<0,001) (Tabela 4.2). Os resultados indicam que essas diferenças foram decrescendo conforme aumento do tempo de recuperação.

Tabela 4.2. Gasto energético (kcal/24h) do grupo todo nos quatro períodos de 5 minutos durante o repouso e a recuperação

TEMPO REP REC Dif%

REPxREC

M ± DP (IC) M ± DP (IC)

T1 1650,0±43,8ab (1625,7-1674,3) 2382,2±240,7a (2248,9-2515,5) 44,4

T2 1672,3±46,4a (1646,6-1698,0) 2016,0±70,1bef (1977,1-2054,8) 20,6

T3 1629,0±44,7b (1604,2-1653,8) 1928,7±52,8cefg (1899,5-1957,9) 18,4

T4 1656,0±49,1ab (1626,6-1684,3) 1896,2±38,9dg (1873,7-1918,7) 14,6

f 2,264 43,37** p 0,091 0,001 **p>0,001; M= Média; DP= Desvio Padrão; IC= Intervalo de confiança de 95%. Dif%REPxREC= diferença percentual entre os respectivos tempos de repouso e recuperação. Letras sobrescritas diferentes indicam diferenças estatísticas entre os tempos

Neste estudo, a diferença percentual decrescente do GE durante a REC, está em concordância com os achados de Borsheim & Bahr (2003)52, pois está bem

descrito que indivíduos treinados apresentam queda no consumo de oxigênio com o passar do tempo pós exercício.

Na maioria das vezes, pessoas com sobrepeso ou obesidade, além de apresentarem baixos níveis de aptidão física, exercitam-se por menor tempo a uma intensidade que produza um EPOC maior12. Tal fato foi observado no presente

estudo, onde foi possível identificar a existência de EPOC que foi estatisticamente significante em relação ao GE durante o REP.

(40)

Ao se extrapolar os valores de GE para 24 horas, foram observadas diferenças entre REP e REC tanto no grupo todo como por sexo (p<0,001) (Tabela 4.3), pois os valores não retornaram aos valores iniciais obtidos em REP27 (Figura 2).

Tabela 4.3. Gasto energético (kcal/24h) do grupo todo e dos sexos masculino e feminino durante o repouso e a recuperação

REP M ± DP

REC

M ± DP t p

Total 1669,4±626,8 2051,1±435,5 5,98** 0,001

Feminino 1464,7±607,7 1877,1±252,0 4,12** 0,001

Masculino 1897,2±581,0 2249,8±527,5 4,37** 0,001

**p>0,001; M= Média; DP= Desvio Padrão

Figura 2| Gasto Energético do GS, durante 20 minutos de REP e REC.

O EPOC é relativamente curto após exercícios de intensidade e duração moderada, até 70% do VO2máx e/ou menor que 60 minutos de duração, visto que

magnitude do EPOC após o exercício aeróbio depende da intensidade e duração do

(41)

exercício12.

A razão para a relativa demora na recuperação do consumo de oxigênio aos níveis de repouso está relacionada, dentre outros fatores, à elevada ventilação pulmonar e elevado fluxo sanguíneo para restauração dos estoques de oxigênio dos músculos e do sangue. Além disso, ainda que indivíduos não treinados utilizem menor quantidade de gordura durante a recuperação, a oxidação de lipídios pós exercício também está associada com o aumento do turnover dos ácidos graxos livres e, simultaneamente, o aumento do turnover de proteína que também contribui para aumentar o EPOC12.

Em estudo realizado por Bracco e colaboradores (2002)53, que utilizaram acelerômetros uniaxiais em adolescentes obesos, foi verificado apresentaram maior GE do que escolares eutróficos, mesmo com menor nível de aptidão física, significando que indivíduos obesos apresentam demanda energética maior para o deslocamento corporal em uma dada distância quando comparados aos eutróficos. Na Tabela 4.4 são apresentados os valores médios de GE durante REP e REC entre os sexos ajustados por maturação sexual. A análise de covariância indicou diferenças entre sexos nos dois períodos, porém, o período de REC apresenta maior diferença (p<0,001).

(42)

Tabela 4.4. Gasto energético (kcal/24h) entre os sexos durante o repouso e a recuperação, ajustados por maturação sexual

Feminino M ± DP

(IC)

Masculino M ± DP

(IC)

f P

REP 1497,2±632,5 (1284,1-1710,5)

1897,2±581,0

(1673,6-2120,7) 6,51* 0,013

REC 1839,6±69,4 (1700,8-1978,5)

2272,7±72,8

(2127,2-2418,3) 18,01** 0,001

*p<0,05; **p>0,001; DMG= 3,51; M= Média; DP= Desvio Padrão; IC= Intervalo de confiança de 95%

Na Tabela 4.5 são apresentados os valores médios de MCM durante REP e REC entre os sexos ajustados por maturação sexual, onde também se observa diferença (p<0,001).

Tabela 4.5. Massa corporal magra (kg) de ambos os sexos durante o repouso e a recuperação, ajustados por maturação sexual

Feminino M ± DP

(IC)

Masculino M ± DP

(IC)

f P

REP- REC 35,8±1,1 (33,5-38,0)

45,3±1,2

(42,9-47,6) 33,53** 0,001

**p<0,001; DMG=3,51; M= Média; DP= Desvio Padrão; IC= Intervalo de confiança de 95%

Na Tabela 4.6 são apresentados os valores médios de GE durante REP e REC ajustados por maturação sexual e MCM. Os resultados revelaram que não foram observadas diferenças estatísticas para ambos os sexos.

(43)

Tabela 4.6. Gasto energético (kcal/24h) de ambos os sexos durante o repouso e a recuperação ajustados por maturação sexual e massa corporal magra (kg)

Feminino M ± DP

(IC)

Masculino M ± DP

(IC)

f P

REP 1657,7±112,3 (1433,1-1882,3)

1897,2±118,9

(1483,4-1959,1) 0,12 0,728

REC 2051,3±52,0 (1947,3-2155,3)

2040,6±55,1

(1930,5-2150,7) 0,01 0,900

p>0,05; DMG=3,51; MCM= 40,3; M= Média; DP= Desvio Padrão; IC= Intervalo de confiança de 95%

Esse ajuste por maturação e por massa corporal magra possibilitou analisar o GE nos momentos REP e REC, sem que houvesse interferência tanto dos fatores hormonais que estão alterados durante a adolescência, como da quantidade de massa corporal magra que é um tecido de alta atividade metabólica. A comparação simples do GE entre os sexos fornece um resultado absoluto e a comparação ajustada pela maturação sexual e pela MCM possibilita que a análise seja feita sem que haja diferença nesses fatores. O fato de não ter sido encontrada diferença estatística entre os sexos após feito o ajustamento, indica que esses dois fatores são responsáveis pelo maior GE no grupo masculino, que possui maior MCM que o grupo feminino. Indica também que a atividade metabólica muscular de ambos os sexos é semelhante, o que diferencia é a maior quantidade de MCM do grupo masculino.

(44)

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO DO GT

Para melhor entendimento dos resultados, nesse capítulo serão apresentados somente os dados do GT. A Tabela 5.1 apresenta as características gerais do GT. Na avaliação pré intervenção, o grupo masculino apresenta valores estatisticamente maiores, exceto para as variáveis percentual de gordura corporal (GC%), frequência cardíaca máxima (FCmáx), volume de oxigênio consumido durante REP (VO2_REP),

quociente respiratório (QR) e velocidade máxima correspondente ao VO2máx

(vVO2máx). Na avaliação pós intervenção, essas variáveis apresentam o mesmo

comportamento, exceto VO2_REP e vVO2máx, que também passam a apresentar

valores estatisticamente maiores no grupo masculino. Além disso, é possível observar melhora na maioria das variáveis no pós intervenção em ambos os sexos, exceto para as variáveis FCmáx e MCM no grupo feminino, que não sofreram alteração.

Tabela 5.1. Características gerais do grupo treinado (n=16: mas=10; fem=6)

Variáveis Mas Fem Mas Fem PRÉ M ± DP PÓS M ± DP

Idade (anos) 13,8±1,1 13,8±1,0 14,6±1,1 14,6±1,0 Estatura (cm) 162,3±7,8 157,5±4,6 165,6±8,3 159,2±5,9 MCT (kg) 82,5±9,9 73,8±8,0 81,6±5,8 67,5±3,5

GC (%) 42,6±6,1 45,1±2,8 38,6±5,4 40,6±3,4

MG (kg) 34,5±6,8 32,9±5,6 31,2±3,9 27,3±3,2

MCM (kg) 43,9±6,7 37,2±2,7 47,2±6,3 37,2±2,0

FCmáx (bpm) 182±11 192±9 190±17 192±6

VO2_REP (L/min) 0,27±0,08 0,27±0,09 0,30±0,03 0,21±0,03 VCO2_REP (L/min) 0,21±0,07 0,19±0,06 0,27±0,03 0,18±0,03 VO2_REC (L/min) 0,31±0,07 0,27±0,03 0,44±0,05 0,32±0,06 VCO2_REC (L/min) 0,31±0,07 0,26±0,06 0,47±0,08 0,36±0,09 VO2máx (ml/kg/min) 32,31±7,71 31,54±2,55 36,57±7,31 33,25±3,01

QR 1,18±0,31 1,63±0,56 1,13±0,13 1,16±0,06

vVO2máx (km/h) 8,2±0,8 8,3±0,6 9,1±1,0 8,8±0,5

M= Média; DP= Desvio Padrão; MC= Massa Corporal; GC= Gordura Corporal; MG= Massa Gorda; MCM= Massa Corporal Magra; FCmáx= Frequência Cardíaca máxima durante esforço; VO2_REP= Volume de Oxigênio durante REP; VCO2_REP= Volume de Gás Carbônico durante REP; VO2_REC= Volume de Oxigênio durante REC; VCO2_REC= Volume de Gás Carbônico durante REC; VO2máx= Volume de Oxigênio máximo consumido durante esforço; QR= Quociente Respiratório durante esforço; vVO2máx= velocidade máxima correspondente ao VO2máx

(45)

O GT apresentou melhora nas principais variáveis relacionadas à composição corporal, como redução de 8,5% no %GC e aumento de 3,2kg de MCM no grupo masculino, indicando que o TC é efetivo para a redução da MC de meninos obesos por meio da diminuição da quantidade de gordura corporal.

De acordo com os resultados apresentados na tabela 5.1, observa-se que o grupo feminino mostrou uma redução no consumo de oxigênio durante o repouso (VO2_REP) do momento pré intervenção, enquanto que o grupo masculino mostrou

um aumento. Resultado semelhante foi encontrado no estudo realizado por Foshini et al. (2010)54, em 32 adolescentes obesos submetidos a treinamento concorrente

sub-dividido em periodização linear e periodização ondulatória diária (que não foi realizado no presente estudo). Uma possível explicação para essa diferença do grupo masculino para o grupo feminino, pode ser a magnitude dos estímulos, que pode ter tido maior influência sobre a homeostase dos meninos, aumentando o GE e o EPOC em função da maior quantidade de MCM.

Ao comparar as médias do GE durante os 20 minutos do grupo todo, nota-se diferença de REP com REC, pré e pós intervenção (p<0,001) (Tabela 5.2).

Tabela 5.2. Gasto energético (kcal/24h) do grupo todo durante o repouso e a recuperação, pré e pós intervenção

REP M ± DP

REC

M ± DP F p

PRÉ 1651,8±47,5 2058,5±233,4 41,11** 0,001 PÓS 1824,7±59,8 2249,8±469,0 12,81** 0,001

**p>0,001; M= Média; DP= Desvio Padrão

(46)

A medida de GE tanto no período de REP como na REC foi feita durante 20 minutos, descartando-se os 10 primeiros minutos no REP e os últimos 10 minutos na REC. No caso das comparações durante REP, não houve diferença estatística entre os tempos (p>0,05). No caso da REC, foram identificadas diferenças entre os quatro momentos: T1>T2>T3>T4 (p<0,001) (Tabela 5.3). Os resultados indicam que essas diferenças foram decrescendo conforme aumento do tempo de recuperação.

Observa-se que nos últimos 5 minutos de recuperação pós intervenção, os valores de consumo de oxigênio retornam aos valores de repouso, indicando possíveis adaptações metabólicas em função do TC e que neste momento seria necessário novos ajustes na intensidade e volume de treino (Figura 3).

A razão para este fato pode ser a melhora nas variáveis VO2máx relativo,

vVO2máx em ambos os sexos e FCmáx no sexo masculino, indicando melhora da

capacidade cardiorrespiratória, da eficiência de movimento55 e diminuição do QR, indicando melhora no metabolismo dos substratos durante o esforço. Segundo Sung e cols (2002)56, isso se deve as características fisiológicas do exercício físico, que melhoram a capacidade do tecido muscular em realizar a oxidação dos ácidos graxos e estimulam a atividade da enzima lípase no músculo, contribuindo assim para a diminuição das lipoproteínas e lipídios plasmáticos, inclusive em indivíduos jovens. Essa pode ser a explicação para a diferença significativa encontrada quando o GE foi analisado PropMCM no grupo feminino (Tabelas 5.5 e 5.6) , mesmo sem aumento MCM (kg) após 40 semanas de intervenção. Em estudo realizado por Sothern e cols (2000)57, que analisou os efeitos de 10 semanas de treinamento de força em pré-adolescentes obesos, também houve redução significativa do %GC e nenhuma alteração na MCM no grupo todo.

(47)

Tabela 5.3. Gasto energético (kcal/24h) do grupo todo nos quatro períodos de 5 minutos durante repouso e recuperação, pós intervenção

TEMPO REP REC Dif%

REPxREC

M ± DP (IC) M ± DP (IC)

T1 1837,5±46,1 (1812,0-1863,0) 2899,6±487,0bcd (2629,9-3169,3) 58,0

T2 1828,3±46,7 (1802,4-1854,2) 2190,0±100,3acd

(2134,5-2245,6) 19,8

T3 1812,6±80,3 (1768,1-1857,1) 2001,2±76,7ab (1958,8-2043,7) 10,6

T4 1820,2±62,9 (1783,9-1856,5) 1883,9±44,7ab (1858,1-1909,8) 3,63 F 0,46 47,18**

P 0,707 0,001

**p>0,001; M= Média; DP= Desvio Padrão; IC= Intervalo de confiança de 95%. Dif%REPxREC= diferença percentual entre os respectivos tempos de repouso e recuperação. Letras sobrescritas diferentes indicam diferenças estatísticas entre os tempos

Figura 3| Gasto Energético do GT, durante 20 minutos de REP e REC.

A Tabela 5.4 apresenta os resultados das comparações do GE absoluto (ABS) e proporcional a MCM (PropMCM) do grupo todo, durante REP e REC, pré e pós intervenção. Nota-se que há diferença estatística significante em todos os momentos, porém no pós intervenção a diferença estatística foi significantemente maior (p<0,001).

(48)

Essa maior diferença no GE tanto em termos absolutos como proporcionais à MCM após intervenção de 40 semanas, revela maior atividade metabólica muscular após esforço máximo.

Tabela 5.4. Gasto energético (kcal/24h) absoluto e proporcional a massa corporal magra do grupo todo durante repouso e recuperação, pré e pós intervenção

PRÉ PÓS

GE ABS M ± DP

GE PropMCM M ± DP

GE ABS M ± DP

GE PropMCM M ± DP

REP 1810,1±545,4 436,7±116,7 1858,3±408,1 426,3±59,2 REC 2118,3±449,8 509,3±54,0 2885,3±605,0 662,5±87,4

Z 2,33* 2,38* 3,52**

P 0,020 0,017 0,001

*p<0,05; **p<0,001; M= Média; DP= Desvio Padrão; ABS= Absoluto; PropMCM= Proporcional a Massa Corporal Magra

A seguir são apresentados os resultados das comparações do GE ABS e PropMCM dos sexos masculino e feminino, durante REP e REC, pré e pós intervenção. O cálculo do GE PropMCM foi feito a partir do GE ABS dividido pela MCM (kg), divido por 10. É possível observar diferença estatística no sexo masculino tanto pré quanto pós intervenção (p<0,05), entretanto, o mesmo comportamento não é observado no sexo feminino, que apresenta diferença significante somente no momento pós intervenção (p<0,05) (Tabela 5.5). Quando os mesmos dados são ajustados por maturação sexual e os sexos comparados entre si, durante os períodos de REP e REC, nota-se que há diferença significativa entre os sexos somente no momento pós intervenção (p<0,05), exceto no período de REC (p>0,05) (Tabela 5.6).

(49)

Tabela 5.5. Gasto energético (kcal/24h) absoluto e proporcional a massa corporal magra dos sexos masculino e feminino, durante o repouso e a recuperação, pré e pós intervenção

PRÉ PÓS

GE ABS M ± DP

GE PropMCM M ± DP

GE ABS M ± DP

GE PropMCM M ± DP

Mas Fem Mas Fem Mas Fem Mas Fem

REP 1824,7 ±531,7 1785,9 ±618,5 413,0 ±93,5 476,2 ±148,7 2118,8 ±228,3 1424,1 ±209,3 453,2 ±51,3 381,5 ±43,7 REC 2238,4

±503,6 1918,0 ±271,1 505,5 ±52,8 515,7 ±60,4 3214,6 ±397,9 2336,5 ±484,5 685,5 ±66,5 624,3 ±110,1

Z 2,70* 0,31 2,70* 0,52 2,80* 2,20* 2,80* 2,20* P 0,007 0,753 0,007 0,600 0,005 0,028 0,005 0,028 *p<0,05; M= Média; DP= Desvio Padrão; ABS= Absoluto; PropMCM= Proporcional a Massa Corporal Magra

Tabela 5.6. Gasto energético (kcal/24h) absoluto e proporcional a massa corporal magra entre os sexos, durante o repouso e a recuperação, pré e pós intervenção e ajustados por maturação sexual

PRÉa PÓSb

GE ABS M ± DP

GE PropMCM M ± DP

GE ABS M ± DP

GE PropMCM M ± DP

REP REC REP REC REP REC REP REC

Mas 1796,7 ±183,4 2254,7 ±143,0 403,8 ±36,2 505,8 ±18,5 2117,1 ±72,1 3216,0 ±141,3 453,6 ±15,8 686,9 ±26,5 Fem 1832,3

±239,4 1890,8 ±186,7 491,5 ±47,2 515,1 ±24,2 1427,1 ±93,1 2334,3 ±182,6 380,8 ±20,5 621,8 ±34,3

F 0,01 2,30 2,08 0,09 34,21** 14,53* 7,86* 2,25 P 0,910 0,153 0,172 0,769 0,001 0,002 0,015 0,158 *p<0,05; **p<0,001; a) DMG=3,44; b) DMG=3,75; M= Média; DP= Desvio Padrão; ABS= Absoluto; PropMCM= Proporcional a Massa Corporal Magra

(50)

Apesar de os resultados obtidos apresentarem avanço no conhecimento existente principalmente no tocante aos efeitos do treinamento concorrente como proposta para redução da gordura corporal e da possibilidade de aplicação desse modelo de treino em adolescentes, algumas limitações devem ser citadas. O pequeno tamanho amostral pós intervenção e o fato de terem sido utilizados dois equipamentos diferentes nas avaliações do gasto energético pré e pós intervenção, são as principais limitações. Entretanto os resultados podem ser considerados promissores e sugerem que novos estudos dessa natureza devam ser realizados, procurando diminuir essas limitações metodológicas.

(51)

6. CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos conclui-se que

1) adolescentes obesos sedentários submetidos a esforço máximo, não retornam o gasto energético aos níveis de repouso mesmo depois de 20 minutos de terminado o esforço máximo;

2) o gasto energético tanto em repouso como na recuperação é maior no grupo do sexo masculino em função desse grupo apresentar maior quantidade de massa corporal magra, e esse maior valor é independe do estágio de maturação sexual;

3) o gasto energético, de ambos os sexos, apresentaram aumento após esforço máximo, depois de os adolescentes terem sido submetidos a treinamento concorrente de quarenta semanas para diminuição da gordura corporal, sendo que o sexo masculino apresentou valores maiores tanto de gasto energético como de massa corporal magra, sugerindo que a diferença do GE entre sexos é influenciada pela quantidade de MCM.

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7. REFERÊNCIAS

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2. Sinha A, Kling S. A review of adolescent obesity: prevalence, etiology, and treatment. Obesity surgery. 2009 Jan;19(1):113-20.

3. Brown T, Summerbell C. Systematic review of school-based interventions that focus on changing dietary intake and physical activity levels to prevent childhood obesity: an update to the obesity guidance produced by the National Institute for Health and Clinical Excellence. Obes Rev. 2009 Jan;10(1):110-41.

4. Melo CM, Tirapegui J, Ribeiro SM. Gasto energético corporal: conceitos, formas de avaliação e sua relação com a obesidade. Arq Bras Endocrinol Metab. 2008 Abr;52(3):452-64.

5. Singhal A, et al. Programming of lean body mass: a link between birth weight, obesity, and cardiovascular disease?. Am J Clin Nutr. 2003;77(3):726-30.

6. Freitas Jr IF, Rosa CSC, Codogno JS, Bueno DR, Buonani C, Conterato I, et al. Capacidade cardiorrespiratória e distribuição de gordura corporal de mulheres com 50 anos ou mais. Rev. esc. enferm. USP. 2010 Jun;44(2):395-400.

7. Ohkawara K, Tanaka S, Ishikawa-Takata K, Tabata I. Twenty-four–hour analysis of elevated energy expenditure after physical activity in a metabolic chamber: models of daily total energy expenditure. The American journal of clinical nutrition. 2008 May;87(5):1268-76.

8. Pereira LO, Francischi RP, Lancha Jr AH. Obesidade: hábitos nutricionais, sedentarismo e resistência à insulina. Arq Bras Endocrinol Metab. 2003 Abr;47(2).

9. Menshikova EV, Ritov VB, Ferrell RE, Azuma K, Goodpaster BH, Kelley DE. Characteristics of skeletal muscle mitochondrial biogenesis induced by moderate-intensity exercise and weight loss in obesity. J Appl Physiol. 2007 Jul;103(1):21-27.

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