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Alguns aspectos socioeconômicos relacionados a parasitoses intestinais e avaliação de uma intervenção educativa em escolares de Estiva Gerbi, SP.

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Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 3 8 ( 5 ) :4 0 2 -4 0 5 , set-out, 2 0 0 5

ARTIGO/ARTICLE

Alguns aspectos socioeconômicos relacionados a parasitoses

intestinais e avaliação de uma intervenção educativa

em escolares de Estiva Gerbi, SP

Some socioeconomic aspects related to intestinal parasitosis

and evaluation of an educational intervention in scholars

from Estiva Gerbi, SP

Glauco Rogério Ferreira

1

e Carlos Fernando Salgueirosa Andrade

2

RESUMO

Ve ri f i c o u - se e n tre o s e sc o la re s a te n d i d o s p e la Se c re ta ri a Mu n i c i p a l d e Ed u c a ç ã o d e Esti va Ge rb i - SP, a p re va lê n c i a d e 1 1 ,5 % d e e n te ro p a ra si ta s, q u e p u d e ra m se r re la c i o n a d o s a a sp e c to s so c i o e c o n ô m i c o s. Re a li zo u - se e n tã o u m a o f i c i n a de tra b a lho so b re pa ra sita s in te stin a is n o se n tido de in fo rm a r e disc u tir so b re e sta q u e stã o , c o m ple m e n ta n do o tra ta m e n to m é d i c o . Em e sp e c i a l, f o i e n vo lvi d a a Esc o la Ala í d e R. Ba ti sta q u e a te n d e c ri a n ç a s a té 4 a n o s d e i d a d e , e q u e h a vi a m o stra d o a m a i o r ( 2 3 ,5 %) ta x a d e p a ra si ti sm o . Um a a va li a ç ã o d o i s a n o s a p ó s a o f i c i n a d e tra b a lh o m o stro u q u e a p re va lê n c i a d e e n te ro p a ra si ta s n o s e sc o la re s tra ta d o s f o i re d u zi d a , e e ra d e 6 ,6 %. Na e sc o la c o m o u m to d o , d e vi d o a o i n gre sso d e n o vo s e stu d a n te s, a p re va lê n c i a e ra a i n d a d e 2 3 ,3 %. Co n c lu i u - se q u e a ti tu d e s e d u c a ti va s sã o vá li d a s, m a s p re c i sa m se r i n te gra d a s a u m p ro c e sso c o n tí n u o d e e d u c a ç ã o e c o n tro le d a s e n te ro p a ra si to se s.

Pal avr as-chave s: En te ro p a ra si to se s. Of i c i n a d e tra b a lh o . Pre va lê n c i a . Estu d a n te s.

ABSTRACT

Am o n g th e stu d e n ts a tte n d e d b y th e Ci ty Ed u c a ti o n Se c re ta ry o f Esti va Ge rb i , 1 1 .5 % p re se n te d e n te ro p a ra si te s. Th i s p re va le n c e c o u ld b e re la te d to so c i o e c o n o m i c a sp e c ts. Ac c o rd i n gly we c o n d u c te d a wo rk sh o p o n i n te sti n a l p a ra si te s wi th th e o b je c ti ve o f i n f o rm i n g a n d d i sc u ssi n g re la te d a sp e c ts i n c o m b i n a ti o n wi th m e d i c a l tre a tm e n t. Stu d e n ts we re e va lu a te d f ro m th e Ala í d e R. Ba ti sta Sc h o o l, wh i c h a tte n d s c h i ld re n u p to 4 ye a rs o ld a n d h a d th e h i gh e st ( 2 3 .5 %) le ve l o f p a ra si ti sm . Re e va lu a ti o n two ye a rs a f te r th e wo rk sh o p sh o we d th a t th e p re va le n c e o f e n te ro p a ra si te s i n th e tre a te d stu d e n ts h a d d e c re a se d to 6 .6 %, b u t c o n si d e ri n g th e sc h o o l a s a wh o le th e p re va le n c e wa s sti ll 2 3 .3 %, d u e to th e e n ro lli n g o f n e w stu d e n ts. It wa s c o n c lu d e d th a t e d u c a ti o n a l p ro gra m s a re o n ly e f f e c ti ve wh e n i n te gra te d to a c o m p le te a n d c o n ti n u o u s p ro c e ss o f e d u c a ti o n , c o n tro l a n d e ra d i c a ti o n o f e n te ro p a ra si to si s.

Ke y-words: En te ro p a ra si to si s. Wo rk sh o p . Pre va le n c e . Stu d e n ts.

1 . Departamento de Parasito lo gia do Instituto de B io lo gia da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP. 2 . Departamento de Zo o lo gia do Instituto de B io lo gia da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP.

En de r e ço par a cor r e spon dê n ci a: Dr. Glauc o Ro gério Ferreira. R. Paula B ueno 6 7 2 , Centro , 1 3 8 4 0 -0 4 0 Mo j i Guaç u, SP. Tel: 5 5 1 9 3 8 6 1 -7 7 9 3 .

e-mail: glauc o rf@ terra.c o m.br, c feandra@ unic amp.br Rec ebido para public aç ão em 2 7 /6 /2 0 0 4

Ac eito em 6 /6 /2 0 0 5

O parasitismo intestinal ainda se constitui um dos mais sérios problemas de Saúde Pública no Brasil, principalmente pela sua correlação com o grau de desnutrição das populações, afetando especialmente o desenvolvimento físico, psicossomático e social de escolares.

Segundo Santos c ols1 4, embora haja uma vasta literatura

so b r e a impo r tânc ia das e nte r o par asito se s par a a Saúde

Púb lic a, e espec ialmente, em r elaç ão a esc o lar es, po uc a a te n ç ã o te m s ido da da a o a s s un to , n o s pr o gr a m a s de formaç ão de educ adores.

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Fer r eir a GR e Andr ade CFS

MATERIAL E MÉTODOS

A entrega dos coletores de fezes foi acompanhada de uma ficha padrão para preenchimento pelos pais ou responsáveis, para o levantamento dos aspectos socioeconômicos dos alunos e suas famílias. Para determinar a existênc ia de relaç ão de dependência entre o parasitismo e os aspectos sócios ambientais foi utilizado o teste do

χ

2, para o nível de significância de 5 %.

O presente projeto foi autorizado pelo Comitê de Ética em Pe sq uisa Mé dic a da Unive r sidade Estadual de Campinas ( processo nº 4 7 0 /0 1 ) , e teve prévia autorização dos pais ou responsáveis pelos escolares envolvidos.

No período de estudo, que foi de 2 0 0 0 a 2 0 0 2 , a Prefeitura Munic ipal de Estiva Gerbi atendia em sua rede de ensino em torno de 1 .0 0 0 esc olares que variavam de 0 a 7 anos de idade, distr ib uído s e m 8 e sc o las, se ndo 2 c r e c he s, 4 Esc o las Munic ipais de Ensino Infantil ( EMEIs) , uma Esc ola Munic ipal de Ensino Fundamental ( EMEF) e a Associação de Pais e Amigos dos Exc epc ionais ( APAE) . No ano de 2 0 0 0 , após realizaç ão do le vantame nto par asito ló gic o , as c r ianç as po sitivas fo r am enc aminhadas ao posto de saúde munic ipal para tratamento. Em seguida, foi estruturada uma ofic ina de trabalho para os pais e alunos das EMEIs, c rec hes e da EMEF. Nessa ofic ina de trabalho foram apresentados c onhec imentos sobre os vários tipos de parasitas e c omensais c omumente enc ontrados, sobre os c ic los biológic os dos mesmos, as formas de transmissão e métodos de profilaxia.

Os participantes foram convidados a seguir ao pátio do Centro Cultural, onde foram aplicadas duas dinâmicas: 1 . lavagem de verduras e 2 . lavagem das mãos.

A dinâmica de lavagem de verduras foi montada de forma a se poder verificar a eficácia na remoção de um marcador invisível ( tinta invisível fluorescente Meyerman) . A verdura escolhida foi a couve-manteiga, por ser encontrada na maioria das residências que possuem horta, pela alta taxa de consumo da população e ainda por ser resistente à lavagem e fácil marcação com tinta fluorescente. Usou-se nessa avaliação água sanitária ( teor de cloro de 2% a 2,5%) , vasilha, colher de café e lâmpada de luz negra.

Comparou-se então os resultados obtidos entre a lavagem demonstrada por eles e pelo proc edimento indic ado c omo correto. Essa comparação foi feita expondo-se as verduras à lâmpada de luz negra, que evidenc ia os c ontrastes da tinta fluorescente invisível à luz natural.

A dinâmica de lavagem das mãos foi realizada da seguinte maneira: 1. As pessoas que participaram receberam uma aplicação de tinta hidrossolúvel guache preta nas mãos; 2. Em seguida, tiveram os olhos vendados e foram colocados à frente de uma torneira com água corrente e sabão para lavarem as mãos. Depois que as pessoas lavaram as mãos, foram retiradas as vendas para que avaliassem se foram bem lavadas. A avaliação foi determinada em três graus: mãos b e m, m e dia na m e nte e m a l lavadas. Depois foi aplicado um questionário para avaliar os conhecimentos específicos adquiridos.

No ano de 2 0 0 2 , foi decidido pela Administração Municipal de Estiva Gerbi que o segundo exame coprológico, seria realizado

nas crianças da CECI Alaíde R. Batista, devido a maior taxa de parasitismo encontrada. A CECI Alaíde R. Batista atende em torno de 6 0 escolares que estão na faixa etária dos 0 a 6 anos de idade, vindas de todos os bairros da cidade, variando, portanto, quanto aos níveis sociais.

Os métodos adotados para os exames c oprológic os foram: o método direto, sedimentaç ão espontânea, Ritc hie e de Faust e c olaboradores.

RESULTADOS

A amostra dos esc olares no presente inquérito foi de 9 3 0 alunos. Destes, 9 6 ,7 % atenderam à solic itaç ão de c olheita de material para exame de fezes. Para os totais realizados, apenas 1 1 ,5 % apresentaram positividade para pelo menos um parasita ou c omensal intestinal.

Verific amos no CECI Alaíde R. B atista a maior taxa de parasitismo, c om 2 3 ,5 % dos esc olares infec tados, seguindo gradativamente menores valores nas outras escolas, pela ordem: EMEI Alzira Oliveira Correa ( 1 5 ,7 %) ; EMEI Maria de Lourdes S. Abreu ( 1 4 ,7 %) ; APAE ( 1 2 ,8 %) ; Esc ola Munic ipal de Ensino Fundamental ( EMEF) Adélia Caleffi Gerbi ( 1 2 ,1 % ) ; Casa da Criança Adélia Caleffi Gerbi ( 6 ,1 %) , EMEI Milton Franco de Faria ( 4 ,1 %) e EMEI João Francisco de Lima ( 2 ,6 %) .

Entre os estudantes, a maior intensidade de parasitismo ve r ific a da fo i r e pr e s e nta da pe lo pr o to zo á r io c o m e ns a l Enta m o e b a co li, com 4 7 escolares parasitados ( prevalência = 5,2%) . E em seguida, ocorreu o protozoário Gia rdia duo de na lis, c om 4 5 ( 5 % ) esc olares parasitados. Pela ordem, aparec eu ainda o helminto Asc a ri s lu m b ri c o i d e s, c o m 1 4 ( 1 ,5 % ) escolares parasitados, e o protozoário comensal Endo lim a x n a n a , c o m 8 ( 0 , 8 % ) e sc o lar e s par asitado s. Os de m ais representam a menor parte do parasitismo intestinal, revelando c ontudo a presenç a de um amplo espec tro de parasitoses inte stinais. Assim, apar e c e m nas amo str as o s he lminto s Ente ro b ius ve rm icula ris ( 0 ,2 %) , Hym e no le pis na na, ( 0 ,1 %) , Trichuris trichiura ( 0 ,1 %) e os ancilostomatídeos: os helmintos Ancylo sto m a duo de na lis e Ne ca to r a m e rica nus, ambos com provável incidência na região, mas indistinguíveis no exame de fezes e com equivalência clínica e epidemiológica ( 0 ,1 %) . Os resultados foram agrupados para as diversas escolas e em relação ao número de casos positivos.

O poliparasitismo apresentou 1 2 ,5 % de freqüênc ia c om relação ao número de casos positivos. Oito ( 7 ,2 %) escolares apresentavam dois parasitas ou comensais simultaneamente, três ( 2 ,7 %) escolares apresentavam três parasitas/comensais e um ( 0,9%) escolar apresentava quatro parasitas/comensais. O número médio de espécies presentes por escolares foi de 1,1 parasita por escolar contaminado, e tal fato não indica que o poliparasitismo seja freqüente, como foi verificado. Tais valores diferem dos apresentados para algumas cidades do Brasil, e do Estado de São Paulo1, respectivamente com 49% e 65,2% de monoparasitismo e

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Fo r am analisado s 8 5 0 q ue stio nár io s, r e lativo s a 9 0 0 escolares, uma vez que foi levado em consideração apenas um questionário por família.

Os resultados da avaliação das condições socioeconômicas e culturais mostraram que quanto à Lo ca liza çã o da re sidê ncia,

Azona rural do município era habitada por 1 5 ,4 %. Ao aplicar o teste

χ

2 notou-se uma diferença significativa ( p= 0 ,0 0 0 0 1 ) para

uma maior ocorrência de enteroparasitas entre os residentes na zona rural. Isto pode ser explic ado devido à situaç ão mais prec ária do saneamento básic o enc ontrado na maioria das residências rurais do município.

Para as variáveis m a te ri a l d e c o n stru ç ã o, m a te ri a l d e re ve sti m e n to, n ú m e ro d e c ô m o d o s, á gu a s e re se rva tó ri o s, á gu a s se rvi d a s e a n i m a i s d o m é sti c o s, não se obteve uma diferenç a estatístic as signific ativa.

Para a questão lo ca liza çã o da priva da, verificou-se que na maioria ( 7 3 ,9 %) das casas a privada era dentro da residência, sendo que 9 7 ,8 % destas possuía descarga, ou seja quase a sua totalidade. Também foi observada uma diferença significativa ( p= 0 ,0 0 8 ) para a localização dos banheiros nas residências, sendo maior o número de casos positivos para enteroparasitas quando os banheiros eram loc alizados fora das residênc ias. Par a Chie ffi c o ls3, algumas c o ndiç õ e s de pr o misc uidade

pr o po r c io na da s po r b a nhe ir o s e do r m itó r io s c o le tivo s favoreceram a transmissão de T. trichiurus e H. na na , e ainda, o enc ontro de ovos de Asc a ri s lu m b ri c ó i de s, Ta e n i a sp e ancilostomatídeos nos banheiros coletivos de um orfanato em Londrina, PR aonde foi feito o estudo.

A maioria ( 8 6 ,7 %) das casas possuía ca ixa d’á gua, e apenas uma pequena ( 1 3 %) parcela utilizava ligação direta da rede pública de abastecimento. Em 9 8 ,6 % das residências, a caixa d’água era mantida tampada. Uma proporção de 1 ,4 % não sabia informar se a mesma estava tampada, servindo nesse último caso c omo possível c riadouro de mosquitos, e estando sujeitas a albergar outros animais e insetos. Para essa variável ( possuir ca ixa d’á gua) obteve-se uma diferença significativa ( p= 0 ,0 1 ) , com mais casos de escolares positivos para as residências sem c aixa d’água, e aquelas c ujos moradores entrevistados não sabiam se a caixa era mantida tampada.

A maior incidência de a nim a is sina ntró pico s relatada nos questionários foi para dípteros ( mosquitos) com freqüência de 742 ( 82,4%) casos relatados, e talvez este fato se deva à existência de dois córregos e um pequeno rio que atravessam o município em toda sua extensão, facilitando a reprodução destes insetos. As baratas constituem um tormento para a população local, pois c onforme c itado, oc orreram em 7 0 ,1 % das residênc ias do município. As moscas domésticas ocorreram em 6 0 ,7 % das casas sendo outro animal a ser levado em consideração. Tais animais sinantrópicos representam um sério risco à população, pois servem de vetores mecânicos dos enteroparasitas, devido aos seus hábitos. Obteve-se uma diferença significativa ( p= 0 ,0 0 0 6 ) para a nim a is sina ntró pico s com relação ao número de casos positivos para parasitas intestinais.

Das 2 0 0 pessoas que c omparec eram a ofic ina de trabalho, no ano 2 0 0 0 , 4 0 % partic iparam voluntariamente da dinâmic a

de Lavagem de Verduras. Dos 4 0 % , apenas 6 ,2 % lavaram as verduras satisfatoriamente, mas sem as c oloc ar na soluç ão de sinfe c tante que e stava dispo níve l, r e sultando ainda na folhas lavadas algum c ontraste da tinta invisível fluoresc ente na presenç a da luz negra. Após terem aprendido a maneira c orreta de lavagem e desc ontaminaç ão, todos c onstataram a e fic ác ia do mé to do : 1 5 % apr e se ntar am uma lavage m de q u a l i d a d e Mé d i a ( q u a n ti d a d e m í n i m a d o m a r c a d o r fluo r e s c e n te ) e 8 5 % de m o n s tr a r a m um a la va ge m B o a ( ausênc ia do marc ador fluoresc ente) das verduras.

Na din â m ic a da La va ge m da s Mã o s , pa r tic ipa r a m voluntariamente 5 0 pessoas, obtendo-se os seguintes resultados: 4 6 % praticaram uma b o a lavagem das mãos; 3 0 % fizeram uma lavagem m e dia na de mãos; e 2 4 % tiveram mãos m a llavadas. Consideramos esse último valor elevado, aproveitando para a demonstração da necessidade de se lavar adequadamente as mãos com sabão e água corrente. A discussão é baseada em Campos1, e sua indic aç ão de que a higiene das mãos é um

importante fator que predispõe as pessoas, princ ipalmente c rianç as, à infec ç ão por enteroparasitas. E justific a-se esta dinâmica, de valorização da higidez das mãos, no sentido do trabalho de Pedrazzani cols1 1, que interpõem a importância de

práticas educativas como melhores fomentadoras de informações e capacitação formadora de opiniões.

Dos 2 0 0 participantes da oficina de trabalho, 7 5 % ( 1 5 0 escolares e pais/responsáveis) responderam ao questionário de c o nhec imento s so br e as par asito ses, o nde fo r am o btido s r e s ulta do s s ign ific a tivo s , n o ta n do - s e q ue h o uve a m pla assimilaç ão dos c onhec imentos e mudanç as nos hábitos e conceitos apontados anteriormente.

DISCUSSÃO

O resultado dos exames coprológicos em 2002 indicou que as crianças da CECI Alaíde R. Batista apresentavam uma taxa de parasitismo de 23,3%, sendo maior o número de casos positivos para o c omensal E. c o li ( prevalênc ia de 1 3 ,3 % ) , seguido da G. duo de na lis ( 10%) e de A.Lum brico ide s ( 6,6%) . No trabalho anteriormente realizado no ano 2000 a taxa geral de parasitismo era praticamente a mesma ( 23,5%) , no entanto E. co li tinha uma prevalência menor ( 6,9%) , G. duo de na lis era também menos comum ( 14,7% de prevalência) e A. lum brico ide s com 5,8%.

Desde a avaliação no trabalho anteriormente realizado, a CECI Alaíde Batista mudou sua sede que estava localizada em área central da cidade para um bairro recém criado em 2 0 0 1 onde não haviam vias asfaltadas. Esta mudança de localização e a contínua troca de funcionários parecem ter sido importantes fatores para a manutenção das taxas de parasitismo nas crianças. Franc o & Cordeiro6, por exemplo, relatam que atendentes

inexperientes colocam os escolares em riscos de infecção sendo um fator decisivo para a manutenção das taxas de parasitismo. Coelho cols2, analisaram a presença de ovos e larvas de helmintos

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transmissão das enteroparasitoses, principalmente em sanitários coletivos, como o caso de escolas e creches. No que diz respeito à rotatividade de funcionários, isto se resolveria a partir da efetivação do quadro dos mesmos, e posterior treinamento, diminuindo-se os riscos de infecção. Com a mudança da CECI Alaíde R. Batista para sede própria foi ainda ampliado o número de vagas, que antes era de 30 escolares, passou para 60 escolares. Machado c ols1 0, avaliaram a prevalênc ia de parasitoses intestinais em

esc olares da rede públic a e privada, e observaram que as freqüências foram semelhantes entre as creches, porém maiores nas escolas públicas em relação às particulares, apontando os indic adores de nível soc ioec onômic o, de esc olaridade e de saneamento como determinantes para adquirir as parasitoses intestinais. No presente estudo, das crianças que se apresentaram positivas apenas 6,6% ( 4 escolares) eram crianças que já eram atendidas pela CECI, configurando portanto casos de reinfecção. Estes 4 escolares pertencem à mesma família, sendo sua reinfecção possivelmente originada de outros membros parasitados daquela residência. Moretti co ls1 2 já indicaram que as enteroparasitoses

têm sua transmissão facilitada quando há o contato pessoa-pessoa, como também o uso de quartos e banheiros coletivos propiciam a transmissão dos parasitos intestinais.

Os outros escolares positivos começaram a ser atendidos pela CECI no ano de 2 0 0 2 , portanto, os pais responsáveis não participaram da oficina de trabalho realizado em junho de 2 0 0 1 de m o n s tr a n do a im po r tâ n c ia da in c lus ã o de pr á tic a s educacionais em saúde com a participação ativa dos envolvidos.

Conc luiu-se que esc olares de Estiva Gerbi apresentavam per c entuais e diver sidade de par asitismo c o mpar áveis às demais regiões de interior do Estado de São Paulo4 5 6 7 1 3 1 5.

A situação ímpar do município apresentar boas condições de saneamento nos mostra que ainda assim são encontradas parasitoses, devido à falta de orientação e higiene por parte da po pula ç ã o . Há ne c e ssida de de de dic a r m a is a te nç ã o e planejamento estratégic o do s dirigentes para c aptaç ão de r ec ur so s financ eir o s a fim de implementar as aç õ es que viabilizem o controle das parasitoses no município.

Indic a- se q ue as pr átic as e duc ac io nais q uando b e m aplic adas levam as pessoas a adquirirem os c onhec imentos para prevenção de parasitoses, alcançando objetivos propostos e e vide nc iando o valo r da o r ie ntaç ão pe dagó gic a par a a c onsc ientizaç ão da populaç ão.

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