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Interação sexual: perspectiva etológica do dimorfismo sexual humano

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Academic year: 2017

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(1)

FUNDAÇÃO GETúLIO VARGAS

INTERAÇÃO SEXUAL:

PERSPECTIVA ETOLÓGICA DO DIMORFISMO SEXUAL HU!1ANO

ARAGUARI CHALAR VA SILVA

FGV/ISOP/CPGPA

(2)

CENTRO DE Pl>S-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA APLICADA INSTITUTO DE SELEÇÃO E ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

INTERAÇÃO SEXUAL:

PERS PECTI VA ETOLl>GICA DO DIMORFISMO SEXUAL HUMANO

Por

ARAGUARI ·CHALAR VA SILVA

Dissertação submetida corno requisito parcial para a obtenção do grau de

MESTRE EM PSICOLOGIA APLICADA

(3)

Sinceros Agradecimentos

(4)

S U M Â R I O

A interação sexual no sentido de ação conjunta ou re cíproca supõe a existência de parceiros dimorfic amente carac-terizados a partir da estrutura ' cromossomial ,

x-x

ou X-Y . A diferenciação do se xo, entretanto, não depende apenas da condi ção cromossomial, podendo mesmo ser invertida quando a açao hormonal for alterada.

Os dados disponíveis apontam os andrógenos como um dos principais agentes de diferenciação, afetando o organismo

"básico" feminino num sentido masculinizante.

 medida que se progride na escala animal, contudo , os aspectos estritamente biológicos perdem em i mportância e as condições ambientais aos poucos se impõem . Nos pri matas su periores, caso não se estabeleçam condições adequadas deapre~

dizagem, o desenvolvimento sexual não se completa e a cópula se torna inviável. No ser humano, além dessa aprendizagem, f~ tores socio-culturais respondem pelo comportamento considera-do masculino ou feminino que supostamente será e xib iconsidera-do por cada parceiro da interação.

(5)

momento adequado, a interação sexual tende a uma progressiva intensificação e genitalização, que, nas sociedades de tradi-ção judaico-cristã se reflete numa sequência, mais ou menos previsível, envolvendo carícias gerais, beijos, acariciamento de seios e genitais até a união genito-genital

(6)

SUMMARY

Sexual intercorirse, in a sense of a I MutualAction" demands the existence of partnersdimorphically characterized since the chromossomial structure

x-x

or X-Y. Sexual differentiation, however, doens't depend only on the chromossomial condition and can even be inverted when the hormonal action is changed.

The available data show the androgen as one 0f the main agents of this dif f erentiat i on, work ing on t h e "ba sic female organism in a masculinizing way.

11

As long as we advance in the an imal sc a l e , the s t ric t biologial aspe cts loos e in imp ort ance as t he e viro nemen ta l conditions sup erimpose.

In higher prima t es, ifthe prope r condit ions of learning are not found, sexual developme nt fail to compl ete and copulation becomes impossibl e . In huma n b e in g s, b ey ond t h is

learning needs, socio-cultural factors ans wer for the considered masculine or feminine behavior that will be by each partner in interaction.

so s h own

(7)

oportunity, sexual interaction will grow to a progressive

genitalization that in the judeo-christian tradition societies

will reflect in a probable sequence, from general petting

kisses, breast and genital caressing until the genito-genital

union.

The meaning and the style in wich each culture

develops the physical contacts o f se x ual interaction may

present a so great variety that t h is diversity has already

been pointed as a typical human asquisition.

So, contrary to the way pointed by the ideal of

abstinence, is that capacity of search ing and mantaining the

pleasure beyond the simple sexual-organic activity, that, in

(8)

I

N D I C E

AGRADECIMENTO . • . • • . • • • • • • • • • • • • . • • • • . • . • • . • • . i v

SUMÁRIO . . . • . • . • • . . • • • • • • . . • • . • • • . . • • • • • • • • v

SUMMARY vii CAP!TULO I INTRODUÇÃO . • • . • . . • • • . • • • . . . • • • • • . • . . . • . . . . • • • . . • • . • • • . . 01

1. Â Guisa de Explicação: Porque o terna .•.•...••.••.•••••• 01

2. Â Guisa de Explicação: Porque o titulo r • • • • • • • • • • • • • • • • • 04 CAP!TULO 11 OS PARCEIROS: ORIGENS ••..••.•••.••••.•••••••••••••..••.••• 08

1. A G~nese da Estr utura . . . • • . . • . . • • . . • • . . . • ~ .•..•.•..•. 08

2. A Aprendizagem e o "Elogio da Inoc~ncia . . . • . • . . . 26

3. Masculino ou Feminino: A G~nese de u m Tipo . . • . . . 35

CAPITULO 111 OS PARCEIROS: A INTENÇÃO E O ATO • • • . • • • . • . . . • • . . . 49

1. A periodicidade Sexual . . . 49

2. Dotes Fisicos: Um Conceito Sexual de Beleza • • • . . . • 54

3. Entre a Intenção e o Ato: O Convite ••..•.•..••.••.•.•.• 72

4. Entre a Intenção e o Ato: A Ocasião . . . • . • • • • . . . • . • • . 77

5. O Conteúdo da Interação • . • . • • • • . . . • . . • . . . • . • . . . • • . . . • 81

5.1 - Carícias: Quanto e por que . • . . . • . . . 81

5.2 - Carícias: Corno e o que • . . • . • . • . • . . . • . . . • . • 88

5.3 - A Mais Genital das Carícias: Cópula .•....••••••.. 100

(9)

INTROÇÃO

1. Â GUIS A DE EXPLICAÇÃO: POR QUE O TEMA.

Por certo nenhuma outra área do conhecimento foi tão ostensivamente marginalizada pela pesquisa científica quanto o comportamento se xu al. O preconceito e a pressao co~ trária tem sido a tônica da reação às tentativas que se fize-ram, de tal modo que se operou, nessa área, uma espécie de "seleção natural": OSO fortes e mui to competentes sobreviveram e deixaram após si um lastro inestimável de info rmação.

Não foi por acaso que, em 1937, Karl Menninger ve-rificava que num dos principais textos de medicina n a o havia a mais leve referência à "frigidez", embor a o utra s r ef erê n cias, como "perturbações no a nd a r" ocup ass em q u a s e uma pág ina.

1

Isso levou Brown a proceder um cuidadoso le v ant amento de tí-tulos °na "Psychological Abstracts" e verific a rque no período de 1928 a 1963 aparecem cerca de trinta referênc ias a "orgas-mo feminino", ou seja, durante esse período de 35 anos houve menos de um trabalho por ano tratando do assunto, em média.

Esses resultados se aproximam dos de Kinsey, que revendo a literatura americana a respeito, encon t rou dezenove estudos entre 1915 e 1947. Uma média de um a c a da vinte meses durante trinta e dois anos. 2

(10)

2.

A história da pesquisa sexual esta pontilhada de

-grandes figuras e nao menores injustiças. Havelock Ellis te-ve de editar seus "Estudos de Psicologis Sexual" nos Estados Unidos e na França, antes que na Inglaterra, seu pais natal.

o

texto era forte demais para a moral vitoriana. E " forte " aqui signif ica apenas "realista" demais para 1895.

Também Kinsey, quando desenvolvia a pesquisa, en-frentou sérias dificuldades sociais. Membros conservadoresda Faculdade pediram a cessação dos trabalhos e muitos não mais dirigiram a palavra a ele. Por felicidade, o bom senso pred~

minou, e o apoio universitário persistiu. A seriedade do tra balho venceu o preconceito.

Mais recentemente, quando William H.Master voltou o interesse para a pesquisa sexual, após a graduação em Med! cina, recebeu de G.W.Corner, seu professor, os seguintes con selhos:3

1. Esperar até completar ao menos quarenta anos antes de se empenhar na pesquisa sexual.

2. Grangear reputação científica em alguma outra área científica, e

3. Aguardar até que se assegurasse o apoio de uma escola médica ou universidade.

Aconteceu afinal que o respeito da comunidade ci-entífica, no que se referiu a sexo, foi mais às pessoas do que ao tema. Tão grandes foram as demonstrações de

(11)

de e o rigor com . que se avaliaram as obras que os homens fo-ram admirados, não tanto o assBnto.

Os desbravadores nos deixaram o legado da inicia-tiva, e esse legado não pode pesar como âncora em nosso pés. Trabalhos menores parecem necessários para que se considere " sexo" como tema de estudos e discussões, sedimentando a senda aberta e impedindo que se encontrem apenas estudos oca

.:1 sionais. H.Ellis, em 1895 havia visto

isso:-( ••• ) -i.i Itel.de au.x ge.ne.ltat-i.oYl..6 nu.tu.lte.6 c.c mm e pltObiéine

pMnc.-i.pai a lte.6ou.dlte, ie pltobieme .6 exu.ei , avec. ie.6

q u.e.6 t-i.o n.6 de Itac.e q u.-i. .6 ' Y Itattac.hent. La .6 e xu.ai-i.t

e.

e.6t a ia Itac.-i.ne mê.me de ia v-i.e et nOlL!l lI' ho 11 o lteJtO Yl..6

ia v-i."e qu.'au.tant qu.e Yl.ou..6 .6au.ltoYl..6 c.O llllilen..t c.olllpJtendlte

ia .6exu.ai-i.te.. T ei e.6t du. mo-i.Yl..6 1Il011 av-i..6.

Acatando o conselho de Ellis, e pela propria for-ma, afinal, este trabalho não é mais do que Q~ tributo

à

co-ragem seri edade e consciência de futuro daq"e:es que com ainda menor compreensao publica conseguir a~ ~a~to mais .

Aqui visamos apenas o te ma sexual como compo r ta -mento normal e comum do primata "homem" , este_ c.endo

'conside-rações sobr~ a conduta de outros primatas ape~as no que pode elucidar o caso humano. Mas haveria muitos outros enfoques possíveis, e sem dúvida nao menos importantes. De qualquer modo, o tributo se estende a todos. Mais a mplo fos se o traba lho e mais nome s haveria a c i tar e mais exemplo s a seguir.

Em suma, a todos os que, em sexo, descreveram o que realmente somos e o que fazemos e assi m nos permitiram

(12)

4.

imaginar o que poderiamos ser e fazer, dedicamos este traba-lho que, se não lhes faz justiça às ob~as, ao menos

que seus esforços não foram nem serão esquecidos.

2. Â GUISA DE EXPLICAÇÃO : POR QUE O TíTULO .

atesta

. O têrmo "interação" significa, no dizer de A.Buar que de Hollanda Ferreira.5

Aç.ão que. .6e. e.xe.fl.c.e. mutua.me.nte. e.ntILe. dUM ou

mcU...6

c.o.<--6a..6 ou e.ntfl.e. dUM OLt ma..<--6 pe..6.6oa..6; a.ç.ão lte.C.Zpfl.E.

c.a..

No sentido que aqui se pretende, "Interação Se-xual" guarda esse sentido, configurando a ação conjunta de parceiros num episódio de mútua estimulação e excitação.

Outras foramas, a rigor, poderiam ser usadas para configurar esse sentido, como é o caso de "Coito", cujo sig-nificado, segundo Albert Ellis6 se aproxima do de Interação Sexual

Coition i.6 the. pfl.oc.e..6.6 a.nd c.oitu.6 the. .6pe.c.iéic. a.c.L

The. wOfl.d.6 a.fl.e. de.fl.ive.d 6fl.om the. La.tin, c.oitio, ma.de.

u.p a6c.o-,toge.the.fl., a.nd - ifl.e., to go.

Te.c.hnic.allq

the.fl.e.60fLe., coitu.6 doe..6 not c.on.6i.6t me.fl.e.lq 06 pe.nile.

- va.ginal c.opulation, but anq c.oming toge.the.fl.

06

two .6e.x pafl.tne.fl..6 .60 .that the. ge.nita l.6 06 Olte.

aJte.

.6u66ic.ie.ntlq .6timula.te.d bq the. bodq 06 the. othe.fl. .

Entretanto , em que pese u orígem do termo, assin~

lada por Ellis , o uso corrente da expressão "coito" tende a

5. A.B. de Holland Ferreira - Novo Dicionário da Língua Por-tuguesa , pag o

(13)

indicar, limitadamente, a relação genital, especialmente mas cúlina, corno aparece em English e Engltsh.7

The

inthodu~tion

the maie

~ex

ohgan into

the

body

anotheh, genehaiiy with

ohga~m.

Também ê esse o sentido que se encontra em A. Buarque de Hollanda Ferreira8, que entende "coito" como sep-do

Bastante contudente, também, é a opinjão de Kinsey9 e colaboradores quanto ao uso e significado de "coi to" e "cópula":

fi têhmino

"~oito" ~e

heóiehe a ia uniôn de

lo~

9

enitaie~ mM ~uiino~ ~o

n

io~ óemenino~.

f.t

têhmi-no

"~ôpu ia ",

Quando

~e.

utiliza

~.<.n mod'<'ó'<'~aiôl1

,

~e. api .<. ~a ~o m o ~ .<.nô n .<.mo

de

~o'<' to

l ... ).

Ve~d e e~ ­

te punto de

v'<'~ t a, e~ po~~ibie

Que tengan

~ôpu ia~ do~ '<'I'l.d.<.v'<'duo~

dei

m.<.~mo ~

e.xo ,

a~J.,.<. ~cmo

de.

~

e.xo

o pu e~to ;

pe.hO e.i

~o.<.to ~

aio pue.de. phO

dU~.<.h - t :' e. e.n

-the.

ind.<.viduo~

de

d'<' ~tinto ~e.xo.

Preferimos, pois, a idéia de "I nteração Sexual "

por seu sentido predominante de ação conjunta, capaz de abra~ ger nao só o coito em si, mas também em todo o jogo de apro-ximação sexual e variações não genitais, desde que comparti-lhadas.

A perspectiva etológica (no sentido da etologia humana, de EibesfeldtlO) nos permitirá estender as considera

7. H.B.English e A.C.English - A Comprehen sive Dictionary of psychological and Psychoanaly tical Therms, pago

8. A.B.de HollandaFerreira - Op. cit., pago

(14)

6.

çoes sobre o comportamento em interação num sentido verti cal, tomando outras espécies (primatas, na maioria das vezes) e explorando o aspecto da provável base de evolução biológi-ca. Também essa perspectiva se fará útil num sentido horizog tal, em que diferentes culturas serão comparadas em suas se-' melhanças e contrastes. A etologia nos permite, dessa forma, uma postura bio-social como quadro de referência do estudo.

Deve-se ressaltar, também, que apenas a relação entre indivíduos ' morfológicamente diferenciados será objeto de consideração. A sexualidade humana pode assumir as mais variadas formas de expressão, desde o indivíduo para consigo mesmo até a atividade dirigida a um parceiro do mesmo sexo ou de sexo oposto, passando por toda a gama de variantes a que classicru'1lente se chamou "desvios sexuais" ou "perversões sexuais"ll, onde o objeto da se xuali dade não

é

o considerado normal.

Limitamo-nos, aqui, . a enfocar a expressa0 se-xual no sentido de interação entre indivíduos dimórficos constituidos como indivíduos-padrão de cada sexo (ou normais .

,

se preferir assim).

A base do processo de diferenciação nos importará bastante na medida em que fundamenta o comportamento (ou os

limites dele) em cada parceiro. Essa difere n ciação bio-so cial, fonte de todo o processo que se segu i rá, caracteriza, em primeira instância, o que quer que se possa chamar de in-teração.

(15)

Assim temos, pois,

INTERAÇÃO SEXUAL:

Perspectiva Etológica do Dimorfismo Sexual Humano

(16)

8.

CAPITULO 11

OS PARCEIROS: ORIGENS

1. A G~N E SE DA ESTRUTURA

A idéia de Interação Sexual supoe, pois, a existên

cia de parceiros que se integram e complementam numa atividade

biossocial comum.

Diferenciados em machos e fêmeas desde o momento da

concepçao, os mamíferos, em geral, refletem a composição nucl~

ar de suas células. Ao longo de todo o desenvolvimento as mi

núsculas porções, a que nos habituamos chamar cromossomas, ten

derão a fazer valer sua determinação: em termos de sexo, impor

o diformismo.

Representado por X e Y, um par de cromossomas carac

terizará a fêmea homozigota (XX) ou o macho heterozigoto (XY).

Essa determinação pressupõe rumos diferenciados de Qesenvolvi

mento físico e comportamental, mas estará apenas ao nível de

"predisposição"l.

Da predisposição cromossomial à caracterização ofi

cial do sexo nem sempre os caminhos foram curtos. Até 1949 o

sexo 'bficiay'era apenas a aparência do sexo.

Nessa data, Barr e colabor ad ores puderam verificar

que as células das fêmeas apresentavam, no núcleo, uma pequena

massa de cromatina, ausente nas células dos machos , caracteri

zando-se o "sexo celular", perceptível ao exame microscõpico2.

(17)

A pequena massa, batizada "Cromatina Sexual"ou "Cor púsculo de Barril trouxe a certeza do sexo nuclear e possibil! tou a revisão de-critérios de anomalias, corrigindo diagnóst! cos e revendo conceitos de hermafroditismo.

Nem para todos os casos, entretanto, a caracteriza çao nuclear se provou adequada, uma vez que a evidencia de ma chos cromatino-positivos e fêmas croma tino-negativas sugeriria, ao menos em certos momentos, a insuficiência do critério 3.

Na chamada Síndrome de Turne r, por exemplo, onde a constituição cromossomial

x-o

indica um espaço vazio, um único cromossoma substitui o par. Nesse quadro o sinal de cromatina é negativo, sugerindo o macho, enquanto a inspeção anatômica revela a fêmea.

o

oposto ocorre na síndrome de Klinefelter, onde a constituição XXY (ou mesmo XXXy ) sugere a bissexualidade cro mossomial, enquanto o resultado cromatino-positivo sugere a fê mea e a inspeção anatômica nos indica o macho.

A dicotomia da cromatina é, pois, passível de falha mesmo na revelação do conteúdo genético, e, ainda que considere mos um padrão genético definido, as condições gerais de desen volvimento se farão ouvir.

o

meio bioquímico onde as células se desenvolvem PQ

derá fornecer todo o material e condições para a ple~a expre~

são das tendências celulares. Poderâ ou não. Caso isso ocorra, como parece ser usual, o genético será o rumo, caso nao, supo~

do que o desenvolvimento seja viâvel, o meio poderá impor dis cordânci a e ntr e a pred is posição e a realic3de .

(18)

---- ---~-- ~-- ---~~~ ---- .

-10.

Nesse sentido , a condição hormonal se prova de impoE

4

t ânc ia máxima, dado que, como sugere Caspari

"! . . .

J the. c.hJtomo-6-6omal -6e.x- de.:te.Jtm).Júng me.c.ha.nÚlm

c.ontJtol pJt~maJt~ly only the. d~nne.Jte.nt~at~on

on

the.

9 o nad, and the. othe.Jt -6 e.xua1. c.haJtac.te.Jt-6 ( •.• J aJte.

c.oVl.tJtole.d by the. -6 e.x hOJtmone.-6 -6e.c.Jte.te.d by the. gonaM and d~-6tJt~bu te. d ~VI. the. bl ood -6tJte.am".

" I VI. o th e.Jt wo Jtd-6, th e. ho Jtm o nal c.o ntJto 1 me.c.ha.nÚlm

on

-6e.xual be.hav~oJt ha-6 be.e.n -6upe.Jt~mpo-6e.d on the.

ge.ne.t~c. c.ontJt ol me.c.han~-6m".

Sugere-se, assim, que alterações hormonais que mime tizem a existência de um tipo de gônada, ou mesmo que blo queiem a expressão da gônada existente, terão efeito organiz~

dor semelhante à alteração gonádica (ou genética, retroagindo um passo mais) .

Testando tal idéia, Young utilizou injeções de tes tosterona em fêmeas recem nascidas de ratos e porcos da guiné, escrevendo. quanto a ·estas últimas 5

"The. ~Vl.je.c.t~on-6 -6taJtte.d on the. twe.l1tlj-SCullth

day we.Jte. e.-6pe.c.~ally e.66e. c. t~ve. , and at b~ Jt:th t he. e.xte.Jtnal

9

e. ' 1~tal~a

06

the. male.-6 and ~ e.male.-6 (i.' e..'le. .!J o

ne.aJtly ~de.nt~c.al tha.:t the.~Jt app e. aJtal'lc.e. c.ou ld 110.:t be. de.pe.nde.d on 60Jt ~d e.nt~ó~ c.a .:t ~ on

06

.:the. 9e.He..:t~C. -6e.x

on

the. ~nd~v~dual".

Os dados de Young, . apontam que, corno sugerido por Caspari, o meio hormonal exerce influência decisiva na ex pressão da sexualidade anatômica. Revelou-se, também que essa influência é essencialmente unidirecional, no sentido de dife renciação masculinizante, ou, para guardar a imagem de Money6 que lia natureza seguiu o princípiO de tentar fazer Eva antes de Adão".

4. Cas p ari, E.W.-The Evolutionary Importance of Sexual Proces s e s a nd of , Se xu o l Bch avior , pag o 46 .

5. K. C .Youn g - The Orga nizati o n of Sexua l Be h a vior by Hormo nal Act i on ... , p ag o ~ l .

(19)

Na ausência de açao hormonal ~specifica, o desenvoI vimento se dará no sentido básico, feminino.

Idênticos resultados foram os de Jost, relatado por MOney7, castrando embriões de coelho "in utero", sem destruir sua viabilidade. Foi possivel verificar que os embriões castr~

dos no vigésimo primeiro dia uterino se desenvolviam anatomica mente como fêmeas, indistintas estas das outras da mesma ninha da.

As conclusões de Jost de que a ausência de testi cuIos no feto resulta em feminização, complemantadas pelos da dos de Young de que fêmeas sujeitas a testosterona se desenv ol vem como machos, enunciam, de modo claro, a organização básica no sentido feminino e o papel reorganizador de um grupo de hor mônios conhecidos como "andrógenos", entre os quais a testoste rona.

Nos seres humanos, a açao dos andrógenos se fará s e~ tir entre a sexta e a décima segunda semana uterina, indu z i nd o o 'desenvolvimento dos chamados "condutos de Wolff", que se transformarão nas estruturas sexuais internas do homem, for ~a n do a próstata, vesiculas seminais, etc. A ausência do fator andrógeno r 'esultará no desenvolvimento dos "condutos de Müller,' dando origem a trompas de falópio, útero e a parte profunda da

8 vagina

Isto implica em que a diferenciaç ã o interna t aRb é m dos seres humanos reflete o fator andrógeno, o qual, por sua vez, em que pese a tradição, exerce sua quimica sobre a co ste

la de Eva.

(20)

12.

E nem só na forma da costela essa química se faz sen tir. A própria exp'ressão ativa da sexualidade - o comportamen-to sexual - é em parte frucomportamen-to e reflexo dos hormônios. Isso fi

9 cou evidenciado inicialmente nos trabalhos de Young e reforç~

do em recente revisão de Gerall 10. Nesses trabalhos,fêmeas de ratos e porcos da guiné injetadas com testosterona durante o desenvolvimento apresentaram drástica redução em comportameE, tos tipicamente femininos (como lordose, por exemplo) e aumen to de padrões masculinos como tentativas de montada.

Foi também notável, nesses estudos, que machos cas trados ao nascer e injetados com estradiol passassem a exibir lordose e apresentação para montada .

Desses dados pode ficar a impressão, sem dúvida eng~ nosa, de uma espécie de dicotomia, baseada no efeito específ~

co de andrógenos e estrógenos, os primeiros cond u zindo ao ma cho, os últimos, a fêmea .

Na verdade os andrógenos nao sao exclusivamente mas culinos, nem os estrógenos femininos, corn o enfatiza Moneyll . A diferença hormonal entre os sexos é fund amen talmente de equil! brio. ~ a proporção realtiva de cada hormônio, antes que sua existência, o que influencia o sexo. E além do mais , bioquim~

camente os hormônios sexuais são bem semelhantes, podendo mes mo ser alterados no corpo, transformados uns em outros.

Tanto o equilíbrio é essencial, que macacas privadas do suprimento hormonal dos ovários e córtex adrenal nao recup~

9. W.C.Young - The Organization of Sexual Behavior by Hormo nal Action ... ,pago 91.

10. A.A . Gerall - Influ e nce Of Perinat a l Androge n on Reproduc -tive Capaclty, pag o 3- 4 .

(21)

ram a sexualidade normal a menos que pequenas quantidades de andrógenos sejam fornecidas, ao passo que parte consideráveldo repertório sexual do macho depende de peque nas porções de es tradiol 12

Sugere-se, pois, em função da definição do sexo ana tômico por esse sutil equilíbrio, que uma espécie de indefini ção sexual apresenta-se característica de certo ponto do desen volvimento, admitindo-se, com relativa fle xibilidad e a trans 13 formação de um em outro sexo . Isso é o que nos sugere Gerall em recente revisão:

"Mammalian. pe.l1..iphe.l1..al ol1..gan..6 de..6ti lle. d :to pal1..ti

c.ipate. in. l1..e.pl1..oduc.tiol1 al1..e. vie.we.d a.6

p::.."s~;'í:;j

tluwugn

a .6tag e. dUl1..in.g wic.h the.y pO.6.6e..6.6

bi.6.6 e.xu~i ~o te.n.tia

lity. In. ab.6e.n.c.e.

Oó hOl1..mon.al in.ólue.n.c.e..ó :t; e...!Ie. ol1..galu

te.nd to de.ve.lop into

óe.male. .õtl1..uc.tul1..e..ó

l1..e.g al1..dle..õ.õ

o

Ó 9

e.n e.ti

c. .6

e.x " •

Resta, assim, claramente situada, c o~sid erável prox! midade entre os sex os, enquanto que a for m ac~ 2 c~ltural n os en

. >

-sina a supor fronteiras nítidas. Não há limite s intransponi veis ou barreiras definitivas entre os sexos, co~o fica eviden te pelos diversos níveis de quadros de inte rsexo ou hermafrodi tismo.

Ao nivel genético, aparenteme nte a dicot omia macho-fêmea é suposta na constituição genotípica XX ou XY . A realida de, entretanto, comporta constituições virtuaL~ent e indefini das . Tal é o caso da Síndrome de Turner (co nstituição XO) e da Sindrome de Klinefelter (constituiç ã o XXY ou XXXY) . No prime! ro caso , a constituição XO não determina a forcação de qualquer

.

(22)

14.

tipo de gônada, ocorrendo desenvolvimento genital feminino em função da ausência de andrógenos. Evidentemente, como apontou

Gad~aille14,

esse quadro implica em assexualidade genética,

g~

nádica e hormonal por extensão, e o desenvolvimento feminino corrobora o suposto papel organizador dos andrógenos.

Já na Síndrome de Klinefelter o indivíduo tem genet~

camente ambas as características, mas apresentando o Y, terá testículos (embora estéril) e desenvolvimento masculino com al

15 ter ações físicas apenas moderadas

Quando lidamos com indivíduos cromossomialmente defi nidos, ainda assim podemos encontrar casos em que a estrita di cotomização sexual é inaplicável .

16

No caso feminino, como nos conta Ehrhardt ,uma con dição típica nos mostra a ação hormonal.

Nos anos 50 , principalmente, utilizou-se tratamento

à base de dro gas progestínicas em casos de ameaça de aborto . 17

Não se sabia, então que, como nos diz Money , em algumas mu lheres a progestina é metabolizada em andrógeno que cruza a placenta e, se o feto for fêmea terá masculinizada a genitália externa.

14. W. J. Gadpaill e - The Cyc1es of Sex, pag o 35. 15. J. Money - Hermaphroditism, pag o 475.

16. A.A . Ehrhardt - Maternal~sm in Fetal Hormonal and Related yndromes I • p.:1g . 10.1 .

(23)

Fig. 1

Genitãlia infantil feminina mas-culinizada pela administração de progesEínicos

ã

mãe, durante a gestaçao.

Foto: L.Wilkins, apud J.L.Hampson,

Op. Cit., pago 111.

Outro exemplo claro da açao hormonal num organismo humano geneticamente definido é a Síndrome Adrenogenital,tran~

mitida por um traço genético recessivo. A fonte de androginiza çao, neste caso e a hiperatividade das glândulas adrenais do feto XX, condição que, se nao corrigida, continuará ao longo d a Vl ' d 18 a . N essas pessoas, as g an u as adrenais que 1- d 1 deveriam produzir cortisona, por funcionamento alterado, lançam na cor rente sanguínea hormônio masculinizante, corno nos diz Money19 . O resultado é urna profunda masculinização, eventualmente tão séria que se torna absurdo pensar em recondicionamento sexual . Um desses casos, relatado por Money, revelava constituição g~ nital quase perfeita (não pode haver testículos) e casou-se ,c ~ mo homem, aos 19 anos e, segundo o relato, sua única dificulda de foi a procriação,

18. A.A. Ehrhardt - Op. Cit., pago 104.

(24)

16.

No caso masculino há condição equivalente, represe~

tada pela síndrome de Insensibilidade a Andrógenos. Neste qu~ dro, as células do corpo são incapazes g~ ~~agir à presença de andrógenos, resultando numa mulher bem ~a.racter izada, mas gen~ ticamente XY. Não havendo a descida dos 'testículos, a

cia genital pode ser de genitália feminina normal com clítoris ligeiramente aumentado. De dez casos desse tipo examinados por

20

Ehrhardt , quatro estavam casadas e pretendiam adotar filhos.

~ 21

As dez eram tipicamente femininas. Ja Maccoby relata, a paE tir dos trabalhos de Imperato-McGinley (1974), a observação de 24 casos na República Dominicana que, apresentando esta síndro me, foram criadas como meninas até a puberdade, quando surgiu barba , a voz se tornou m~is grave e a genitália se masculini zou. O relato diz que tais pessoas casaram-se como homens e procriaram sem problemas maiores .

Fig. 2

Síndrome Adrenogenital numa mulher, antes do tratamento com cortisona , aos 23 anos. A conformação masculi-na deve-se apemasculi-nas à ação hormonal. Foto: A.A.Ehrhardt, Op. Cit . , pago

lll.

20. A.A.Ehrhardt - Op. Cit., pago 111.

(25)

Fig. 3

Síndrome de Insensibilidade a Andrógenos numa ~ulher com constituição X-Y. Note _

s~ a ~rrelevancia da condição cromosso _

m~al, como fator isolado, na caracteriza

çao morfológica.

Foto: A.A.Ehrhardt, Op. C· ü . , pago 113.

De qualquer modo, é a evidência da tremenda importâ~

cia dos hormônios na caracterização sexual o que nos deve tor nar cuidadosos com quaisquer condições que impliquem em altera çao do contexto bioquímico geneticamente previsto, como foi o caso das drogas progestínicas e, sem querer com isso tirar o sono a quem merece, talvez seja o caso de algumas pílulas de dormir.

Ao menos, cuidado é o que merecem os recentes dados 22

de Gorski, relatados por Money I que mostrou que os efeitos da injeção de andrógenos podem ser anulados se, ao mesmo temp~

(26)

18 .

As consequências do uso sistemático de tais drogas ainda nao foram estabelecidas para o ser humano, e talvez não sejam tão anatomicamente drásticas quanto o total bloqueio dos andróg~

nos. Mas, a esse respeito, nem só o drástico importa.

E nem toda descaracterização sexual precisa de me didas radicais. Geral123 descreveu os efeitos de pequenas

qua~

tidades, não masculinizantes, de andrógenos injetadas em fê meas de ratos. Observou-se, entre outras coisas, desaparec im e~

to de estro, ritmo hormonal tônico ao invés de fásico e altera çao na típica resposta lordótica.

A transformação do padrão cíclico da fêmea, assi m co mo as alterações comportamentais, parecem dever"-se ao pad rão de atividade do Sistema Nervoso, organizado desde cedo e m fun ção dos andrógenos pré-natais. Essas modific a ções decor rem do estabelecimento ou não de uma ati v id ade cíclica d a pi tuitária anterior.

Observar que a implantação de testículos pr odu z ia e~ tro contínuo, ao passo que a castraç ã o result a va e m muda~ ç a s cíclicas em ratos, levou pesquisadores como Harris e Levi ne,

24

segundo Young , a comparar as secreçoes de gonadotrop inas d e~ ses animais, concluindo eles que tanto o macho quanto a fêm ea nascem com o sistema nervoso diferenciado, capaz de produ zir hormônios gonadotrópicos de modo cíclico ou tônico, de p end endo da ação da testosterona.

O efei t .o dos andrógenos, neste caso, se faz sobr e a organização do hipotálamo, que exerce controle sobre a g lând ula 23. A . A. Ge rall - Op . Cit ., pag o 3- 5.

(27)

pituitaria (hipófise) a qual, por sua vez, estimula os ovarios ou testículos a próduzir os hormônios sexuais apropriados. Con trolando a elaboração de gonadotropinas de modo cíclico ou ací clico, o hipotalamo faz prevalecer ' seu próprio modo de organ~

- 25 _ _

zaçao ,ficando quiescente ate a puberdade, quando ditara o ri trno sexual.

E tal é a importância dos hormônios da pituitária, que a extirpação dela no animal jovem, resulta no nao desenvol vimento das gônadas, ao passo que a administração de extrato dessa glândula podera induzir puberdade precoce, corno mostram Ford e Beach26.

o

atraso no aparecimento da puberdade pode bem ser ilustrado por um tipo de distúrbio inicialmente observado por Franz Kallman, em que ocorre um sinal clínico evidente: a au sência ou extrema redução do olfato. Nesse ti p o de caso a fa lha se deve à incapacidade das células do h ipotal amo p a ra se cretar os hormônios que representam a base do funcionamento da pituitaria. Incapacitada, assim , de funcionar,a pituitária não enviaria os hormônios (gonadotropinas) capazes de ativar as g~ nadas para a secreçao de seus hormônios especificos, corno rela

27 ta Money

Esse quadro, denominado Sindrome de Kallman , implica na impo ss ibilidade de desenvolvimento do di morfismo sexual a partir da puberdade, por inexistir o agente que sinalizaria aos ovários ou testículos o tempo de despertar para a função dife renciadora a ser cumprida.

25. W.J.Gadpaill e - The Cycles of Sex, pag o 32.

(28)

20.

No caso da fêmea, essa função diferenciadora ~

sera exercida, basicamente, pelos esteroides ovarianos - estrogênio e progesterona - que respondem pelo aparecimento dos caracte res sexuais secundários, como busto e desenvolvimento do in tróito vaginal, e interagindo com os andrógenos da cortex adre nal, estimulam o crescimento de pelos pubeanos e axilares. Da açao desses hormônios resultará também o ritmo menstrual, em decorrência da descamação do endométrio uterino quando da redu

28 ção do nível de estrogênio, progesterona ou ambos .

No caso do macho, os testículos produzirão principal mente testosterona e também um hormônio destinado a atuar so bre a secreção de gonadotropina, conhecido como inibina. Além disso, discute-se um possível potencial ambivalente dos testí culos, que fabricariam, ao mesmo tempo, pequenas quantidades de estrógenos. Não há, entretanto unanimidade a esse respe!. to, considerando alguns que os es t r óge nos d e correm de d eg rad ~

d d - ~. 29 f

çao os an rogenos no proprlo corp o . De qualquer orma, sao esses estrógenos, quer produzidos nos testículos ou por degr~

dação,que respondem pela aparênci a feminina adulta que se

ob-- 30

serva nos casos de insensibilidade a androgenos

Em especial no caso humano, ao se enfocar o dimorfis mo condicionado por fatores hormonais, aparecem notavalmente definidos dois momentos de atuação. O primeiro, decorrente da ação dos andrógenos pré-natais e determinando o desenvolvimen to das estruturas Müllerianas ou Wolffianas, caracterizaç ã o g~ nital externa e ação tônica ou fásica de hipófise; o segundo, 28. H.S.Kup perman - Hormones, Se x, pa go 496.

(29)

na puberdade, representado pela entrada em açao do ritmo hipQ fisário previamente marcado e pela ação diferenciadora dos hor mônios testiculares ou ovarianos, despe rtados pela hipófise, caracterizando a aparência sexual adulta. Entre esses dois mo mentos, a diferença de condição hormonal é praticamente nenhu

31

ma, corno aponta Maccoby ,urna vez que após três meses do nas cimento, o nível de andrógenos do menino cai a ponto igual ao da menina.

Ao que parece, as evidências suge rem que para o ser humano, e em parte também para os primatas, os hormônios exer cem importante papel na organização física, ma s, quanto

à

de terminação do comportamento sua importânc ia se revela reduzida quando em comparação com espécies sub-primatas. Ao menos isso

~

e o que se depreende dos resultados dos experimentos de castr~

çao e mesmo do uso da função sexual e m sentido n ã o reprodutivo, e pois independente do estro, que pa s sa a existir entre os pr~ matas.

Nos experimentos de castração se ~ :ê cresce:lte independ ê!!. cia,ao longo da escala animal, quanto à peristência da reaçao sexual urna vez eliminadas as fontes hormonais.

Como relatam Ford e Beach32, a ovariectomia elimina a resposta sexual em ratas, coelhas, porcas da guiné, gatas, éguas e em vacas. Já na cimpanzé adulta, a ovariectomia elimi na os ciclos de resposta sexual e reduz e m mu ito os contatos coitais, mas isso é também devido à perd a d o va lor de exitante sexual para o macho. Ocasionalmente , mes o com a fêmea ovariec 31. E . E. Ma ccoby - Sex diff~rentiation d~ri~~ C~i ldhood , pag . 4. 32 . C.S.Ford e F . A. Beach - Pat terns of Sexual Be~av ior , pag o

(30)

22.

tomizada, a cópula ocorrera, demonstrando que, embora relevan te, essa condição não tem o mesmo nível de importância que p~ ra os sub-primatas .

Para a fêmea humana, entretanto , a condição de ova riectomizada, embora tenha consequências físicas, não parec~

implicar em qualquer redução ponderável da atividade sexual.Ao menos isso é o que emerge das observações desde H. Ellis33, que tende a atribuir qualquer redução nos desejos sexuais a mera sugestão, havendo mesmo casos que reportam aumento nesses dese jos em função da perda do risco de gravidez.

Não se pode supor, contudo, que nao haja conseque!:. cia alguma, urna vez que a redução dos hormônios ovarianos re sultará em aumento da secreçao de gonadotropinas o que poderá produzir sensaçoes de ondas de calor, nervosis mo , insônia , pal

33 pitações, vertigens, etc.

Para os primatas, o tratamento com estrógenos recup~

ra tanto o nível de exitação sexual da fêmea quanto o valor de

. 34

exitante para o macho, corno aponta Larsson , uma vez que re cupera a coloração vermelha da "pele sexual" ao redor da vagi na. Já no caso humano, nao há qualquer evidência de alteração derivada do tratamento com estrógenos, o que nao seria mesmo de se esperar uma vez que não se evidencia na mulher qualquer flutuação erótica séria durante a redução desses hormônios no ciclo ovulatório normal35. Também as evidências de capacidade orgásmica anterior à puberdade (onde se inicia a ação desses

33. H.Ellis - L ' Impulsion Sexuelle, pag o 14-15.

34 . K. Larsson - Sexual Behavior: 'I11e result of 2nd Interaction , pag . 47 35. C . S . Ford c F . A. Bcach - Op . Cit . p ~g . 225 .

(31)

---hormônios) parecem indicar que ao menos a gratificação orgásm!

. d d . - h 36

ca ln epen e da condlçao ormonal .

No macho, a castração pré-puberal tende a produzir efeitos claros quanto

à

redução da agressividade e evidentemeg te não surgem as características de puberdade. Se a castração

&

efetuada após o animal ter . atingido a compleição adulta, en tretanto, os efeitos visíveis serão mínimos, podendo mesmo pe~ sistir o ritmo sexual normal por longo período, mas tendendo a haver, afinal, redução na capacidade sexual. Quanto aos chim

37

panzés, a observação de Ford e Beach reporta eloquentementea relativa independência hormonal dos primatas. Um chimpanzé ca~ trado na infância, desenvolveu-se normalmente, com atividade masturbatória e jogos sexuais normais, estabelecendo mesmo ati vidade heterossexual mais frequente que os animais normais, em bora sem ejaculação.

Também no homem a importância dos hormônios para o desempenho sexual parece bem reduzida, mesmo quando a castra ção é executada na infância. H.Ellis38 descreve vários casos de eunucos que mantiveram capacidade sexual, e, entre eles, o caso relatado por Marie, de um eunuco demente,

"aont .te. pê.n-LéJ e.t .te. éJc.Jtotum ava-Le.nt êtê.

e.n.te.-Vê6 d~6

.t'e.n6anc.e., ma-LéJ qU-L ava-Lt de.6

dê.~-LJt6

6e.XUe..t6

·6Jtêque.lttéJ

e.t -Lnte.néJe.éJ, ave.c. ê.jac.u.tat-Lolt de. muc.oéJilú".

Evidentemente a cópula se torna impossível no caso de excisão do penis, mas mesmo castração tão drástica não anu la a capacidade sexual masculina, deixando, assim como no caso

36. H. Ellis - Op . Ci t., pac:r-. . 18

(32)

- - - - --- ~~ --- ----

-24 .

feminino, aos aspectos ambientais a maior parcela de respons~ bilidade pela condtita sexualizada.

Mais recentemente, urna outra forma de açao hormonal tem sido considerada em suas possibilidades quanto aos prirn~

tas. Esse modo de ação se refere a secreções cuja função pr! mordial não seria produzir alterações orgânicas no produtor, mas sim em outro organismo da mesma espécie capaz de captá-las.

Esse modo hormonal, originalmente designado corno "ec to-hormônio" (literalmente, "hormônio-externo"), foi . rebatiza do por Karlson e Luscher corno "ferormônio" (literalmente "exi tação transferida"; de "pherein", tranferir e "hormon", exi tar) , segundo a recente revisão de M.J.Rogel (1978)39 , que as sim o definiu:

"Ph eh..oh..moYl.e.6 ah..e d e6 iYl. e d a.6 .6LLb~ -tal1 c.e.6 t(,'hic.h Me

.6ec.h..e:t e d :to :the ou:t.6ide by aYl. iYl.di viduai. aYl.d h..ec.uved

bU a .6ec.oYl.d iYl.dividual 06 :the .6ame Jr ec.ie .6 , in whic.h :they h..elea.6e a .6p e c.i6ic. h..eae::tion , 5c .':. c.xa~ i;p .te , a d e6iYl.i:te beh avioh.. Oh.. developmen:ta-é

:.' ,"' CC.e. -H" .

Aparentemente, embora definitival1'. ente demonstrado a-penas em insetos, o conceito de ferormônios t em possibilidades quanto aos mamíferos, corno no caso da pseudo-gravidez que se desenvolve em fêmeas de camundongo que vivem em grupos, na au sência de machos. Aí Bruce determinou um fator olfativo corno

40

responsável, como relata Larsson , e a presença de um macho, mesmo se confinado, recupera os ciclos das fê meas em poucos

dias.

Também em ratos se observou que a interrupção da gr~ videz, que se produz ao expor uma fêmea recem cobe rt a a um 39 . M.J . Rogel - A Critic a I J;:valúation of t::e P ssibility of P.iger

Primate Reproductive an:i Sex.lal P:lerormones , pag . 810 .

(33)

macho diferente, decorre de fator olfativo, caracterizável, como ferormônio.

Entre os primatas, a existência de tal mecanismo foi defendida por Michael et al., cujos trabalhos relatados por Roge14l, pareceram demonstrar que a maior densidade de cópulas no período da ovulação, entre os ·Rhesus, se deve

à

condição e~ dócrina da fêmea. A idéia é de que a maior quantidade de estr~

gênio, nessa fase, resultaria no avermelhamento da pele sexual (ao redor da vagina) e em odores específicos das secreções va ginais.

A condição hormonal da fêmea seria, assim, dada a co nhecer ao macho, estimulando o comportamento sexual deste.

A análise das secreções vaginais por cromatografia de gases revelou, em fêmeas ov ariectomizadas e tratadas com es trogênio, um bom número de ácidos graxos de cadeia curta, cuja mistura artificial pareceu produzir os mesmos efeitos da secre

42

çao original. Apesar disso, como informa Rogel , a s tentati vas de replicação desses resultados não tem logrado êxito,de~

pertando boa dose de críticas e reservas.

~ interessante notar que o mesmo método de cromato grafia revelou que a secreção vaginal da mulher tem odor 11 com plexo, altamente individual e composto de vários mini-odores", segundo a mesma autora (pag. 825), mas também não foi possível evidenciar qualquer sensibilidade masculina especialmente lig~ da a variações desse odor.

(34)

26.

Alguns detalhes mantém ainda a perspectiva de que aI go a mais possa aparecer ,como por exemplo, o relato de Rus

43

sell ,de que, apesar da limitada capacidade olfativa dos su jeitos humanos, eles são capazes de distinguir, pelo olfato, uma camisa que tenham usado por 24 horas das usadas por um ho mem ou mulher estranhos. E mais, conseguem distinguir a do ho mem e a da mulher.

Também a sincronização de ciclo menstrual de 'moças que vivem juntas, no período aproximado de um ano, observada por McClintock, parece dever-se essencialmente a um fator olfa t . lVO, como mos ram t S · t Wl z e Th ompson 4 4 , o que se aproxLma . bas tante da idéia de ferormônios.

Na verdade, cabe apenas aguardar que, com tempo e trabalho, amadureçam os frutos de uma árvore ainda nova demais para produzir resultados solidamente confiáveis.

2. A APRENDIZAGEH E O "ELOGIO DA INOCt; NCIA"

A

medida em que se sobe na escala animal, até atin g ir os primatas, o controle do comportamento sexual tende a ser crescentemente externo. Aos fatores estritamente biológicos,se impõem os sociais e a aprendizagem complementa a definição g~ nético-hormonal do sexotipo, preparando o jovem imaturo, ou co

45

mo nos dizem Ford e Beach ,verifica-se progressiva emancip~ ção da dominância endócrina.

Enquanto que, nas espécies sub-primatas , o animal i-maturo não apresenta qualquer padrão sexu a l característico do

43. M.J.Russe l - Hum a n Olfactory Comnu nic ation , pag o 44. M.J. Rogel - Op . Cit . , pag o 820

(35)

adulto, entre os primatas verdadeiros "ensaios" da futura ati vidade sexual podem ser verificados. Revela-se aí, a

cia de urna ação sexual pré-puberal na ausência das

existên condições hormonais desenc adeantes do estro, e decorrente menos de condi çoes bioquímicas do que de condições sociais.

Para os primatas a ausência do necessário desenvolvi mento social tenderá a ter efeitos incapacitantes corno indica ram os trabalhos de Harlow46 com macacos Rhesus. Nesses traba lhos, Harlow comparou o desempenho sexual de Rhesus machos e fêmeas criados em laboratório em condições de isolamento so-cial - inclusive da própria mãe - com o de outros Rhesus cujo desenvolvimento se deu em condições selvag ens, tendo sido caE turados ainda jovens.

Relatando seus próprios dados e os de William Mason, Harlow nos mostra claramente o resultado da restrição social. As fêmeas criad as no laboratório se apresentaram para a cópula significativamente menos do que as selvagens, algumas até evi tando completamente os machos, e outr as tratando-os como sim pIes objeto de curiosidade. Das 18 fêmeas de laboratório utili zadas, apenas 4 puderam ser inseminadas, sendo que três delas, ao receber o peso do macho, na montada, não resistiram, caindo ao chão.

Entre os machos, os resultados nao foram, em nada, melhores. De 12 animais nascidos no laboratório, nenhum conse guiu postura normal para a montada, que envolve preensão com as mãos nas nádegas da fêmea e com os pés nas pernas dela. Os

(36)

28.

animais de laboratório, apesar de evidentemente excitados, nao conseguem estabelecer essa posição, tomando a fêmea pelos om bros e friccionando-se contra as costas ela, ou tentanto monta da lateral, ou mesmo exigindo respostas inadequadas corno mas turbação ou apresentação corno fêmea.

a

c

b

d

Fig. 4

Posturas sexuais em macacos Rhesus. (a) e (b) posturas normais, (c) e (d) em ani -mais criados em isolamento.

Foto: H.F.Harlow, Op. Cito pago 250.

Resultados similares aos de Harlow e Mason, foram descri tos por Ford e Beach com rel'ação a chimpanzés. Observou-se a incapacidade dos animais criados em isolamento,

exigindo-, 47 '

se, segundo esses autores ,meses ou mesmo anos de prática e experiência para que a atividade sexual dos machos atingisse a máxima eficiência coital.

(37)

comportamento copulatório chegou a ocorr er e em vários pares o acasalamento trouxe apenas agressão, até mesmo mortal, ao pas so que uma fêmea mais jovem,

à

qual os machos inexperientes p~ dess em ter acesso e retomar o " desenvolvimento impedido pela restrição social, funcionava como "psicoterapeuta", acelerando

- 4 8 , I' - ' b

-a "recuper-aç-ao destes . A lffip lCqçaO de tals o servaçoes para o tratamento de disfunções sociais humanas parece evidente, co mo sugere Jensen.

Dessa forma, o comportamento sexual dos primatas se revela resultante, em boa parte, da aquisição de padrões de conduta durante o desenvolvimento socio-sexual, evidenciando-se, talvez, o que Eibesfeldt49 chamou de "disposição inata

p~

ra aprender", exigindo-se, obviamente, que o meio f orneça os fundamentos do aprendido.

No que tan ge a sexo, o p er íodo crítico

ce

aquisição parece situar-se em níveis bem baixos de idade , ~~a~do começam os "ensaios comport amentais " que resultarão na necessária base de experiência sexual.

Práticas autoeróticas, homossexuais e heter ossexuais foram observadas desde cedo durante o desenvolv iment o de chim panzés. Tentativas de montada e copula, observ adas por Ford e

50

Beach ,antecipam a prática pós-puberal, testando diferentes posições e ocasionalmente cons eguindo penetração . O repertório sexual se amplia, com a diversidade das tentativas de montada e com jogos sexuais, onde os machos estimul am , manua l e oral

(38)

30.

mente, a genitália feminina, enquanto as fêmeas manipulam o p~ nis de seus parceiros imaturos.

Esses jogos sexuais originam o fundamento prático a ser mobilizado nas ocasiões de cópula pós-puberal, e represen tam a distinção entre os animais criados em isolamento social e os criados em ambiente natural.

A riqueza de estímulos ambientais e possibilidade des ses ensaios antecipatórios desempenham, pois, papel decisivo no estabelecimento da conduta sexual dos primatas, e nao se deve esperar coisa diferente quanto ao ser humano.

Para este último, com a caracteristica complexidades~

cial que lhe é peculiar, a aprendizagem tem relevância ainda maior, mas justamente em função da organização social, as coi

sas nem sempre ocorrem como biologicamente deveriam.

A se aceitar a evidênci a de q ue a experiência ju v~ nil é condição essencial para a boa p rá t ica se x u a l, certos con ceitos, além de necessitar de urgente revisão, fazem pensar em como os desajustes socio-sexuais não tem uma incidência ainda maior do que a efetivamente encontrada. t bem sintomática, a es se respeito, a opinião , hoje ainda defendida, do relatório da minoria da Comissão de Obscenidade e Pornografia, dos

Unidos, relatada por Athanasiou5l

Estados

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06 a W/LO.t e. gen e. Jt.at -<" o l1 06 yOtLng c. f -<...td ,'t e.l'l !p . 670) ".

(39)

Enquanto por um lado se pode mostrar a extrema rele vância da prática sexual para os primatas e para o ser humano,

52

corno clara e taxativamente estabelecem Ford e Beach ,por ou tro, temos diante dos olhos uma sociedade que até certo ponto se funda na ausência dessa prática, corno sugere o texto acima. A ignorância sexual, o desconhecimento da existência, signif! cado, possibilidades e variações da cópula e ademais de todo tipo de interação sexual é o que se chama "inocência". O elo gio da "inocência" é, pois, o elogio da "ignorância",e parece fundamental compatibilizar essa tradição social com a necessi dade de aprendizagem para entender como as disfunções socio-sexuais não tem taxas assustadoramente maiores. Essa compatib! lização se evidencia nos dados de Kinsey e colaboradores, que em principio ratificam a visão de Ford e Beach, indicando que a aprendizagem

é

realmente fundamental e que ela efetivamente ocorre, em que pese todo tipo de cuid ado e restrição social . A curiosidade e a capacidade de transgredir c umprem seu papel .

A relevância da prática e aprendizagem se evidencia desde o desenvolvimento de atividades autoeróticas (socialmen te condenadas), que representam a forma mais comum de obtenção dos primeiros orgasmos, tanto para meninos quanto para meni

53

nas , e que dependem, de modo geral, da observação ou indução a partir de outras pessoas para completo desenvolvimento das "técnicas,,54 .

A mesma experiência que Ford e Beach observar~ . ser necessária para o correto desenvolvimento de um primata, efeti

52. C.S . Ford e F .A. Beach - Op. Cit., pag o 195

53 . A.C . Kinsey et al -Conducta Sexual de la :-:ujer - pag s . 99 - 100 . 54. A. C. Kinsey e t a l-S exua l Behav ior in t:-: e ~· .. : .. : ~2:1 :-:.:üe , pa::r . 17 O •

(40)

32.

vamente tende a ocorrer quanto ao ser humano, a menos que ' ativamente : reprimida.

Atividades autoeróticas, homossexuais e heterosse xuais sao tipicamente parte dos jogos infantis humanos, com qua

. . d- . 55 fI d d . - d

SE! a mesma lncl encla e camu a as em ramatlzaçoes e condi

çoes socialmente ' aceitáveis como brincadeirás de ' "papai e mamãe" e de "médico", como ficou evidente com os trabalhos de Kinsey.

A restrição oficial, se em parte limita as ocasiões sexuais em função da vigilância, em parte ocasiona curiosidade quanto a comparações genitais56, dando origem a atividades

het~

rossexuais onde a penetração e raramente obtida, resumindo-se a intercurso femoral ou simples aposição genital .

Apesar do elogio social da "inocência", os dados de Kinsey foram claros, como revelam os gráficos abaix o:

Tipo de atividade sex u a l p r e- a do les c ente

80 ~--4---~-- -- ~---+ ---- ~~~ ----r----r --~

HETE ROSE XUAL

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20 ~~~~ ---4----4----+----+----+----+----r ---1

6 7 , 8 9 10

"

12 14 idade

Fig. 5

Reproduzido de A.C.Kinsey et aI., Sexual Behavior in The Human Nale, pago

171.

55 . A. C . l\insey et aI - Conduta Sexual de l a . íujer , . 3g . 10 0 e tam , bém , Sex u a l 8ehavior in th e Human !ale , ?29 . 168 170 .

(41)

60r----.---r----~--__,

EXPER1ENC1A '

50r----t---r----~--~

Cualquier

°5~~6- 7 8 9 10 11 12 13

EDAD

. - lncidencia acumulativa' experiencia preadolescenfe socio: '

sexual.

Fig. 6

Incidência de jogos eróticos até

ado~esc~nc~a. Note-se a virtual

equ~valenc~a da atividade homo e heterossexual.

Reproduzido de A.C.Kinsey et aI. Conducta Sexual de la Mujer pago 98.

- Note-se, em ambos os casos o equilíbrio de experiência homo e heterossexual, em que pese a restrição a esta última.

A exaltação da inocência, como se ve, e antes u ma a-tividade social do que uma realidade prática, desde que o co nhecimento acaba por existir e a prática tende a se i mpor, mes mo que nao de modo socialmente sancionado. Quando se constata, como Kinsey que a despeito de todos os cuidados 60 % das meni nas viram os órgãos sexuais masculinos entre 2 e 5 anos e 90 % d I e as t erao t l o essa experlencla ate a a o escenCla - ' d . - . - d I - . 58 , eVl en ' d cia-se o caráter meramente ideal da proposta de "inocência". A ' final esse ideal condena alguns indivíduos a "passar p e lo pr2,

cesso essencial de aprendizagem depois da idade adulta ser a -tingida" como dizem Ford e Beach59.

(42)

34.,

Apenas há que considerar que a idealização social es tá bem longe da realidade e, ou conviver com os contrastes des se fato, ou adequar os ideais à realidade, já que o contrário, além de extremamente arriscado, nao se provou, até o momento, eficiente.

Esse contraste, com o qual na prática a sociedade tem convivido, é bem explicitado pelos dados de Athanasiou60 sobre a fonte ideal e real de informações sexuais:

Agente Fonte Preferida Fonte Real

Pais 48,8 % 12,1%

Escola 22,7 2,8

Igreja 1,1 0,5

Amigos e Colegas 4,5 53,6

Livros 14,0 18,6

Pornografia -x- 3,6

Outros 8,9 8,8

Dessa forma, se bem que nao do modo e pelos canais so cialmente recomendados, a aprendizagem sexual tende a ocorrer, assegurando, ao menos a boa parte dos jovens, meios de informa ção que apesar de pouco confiáveis às vezes, suprem o vazio da ação social. A esses meios pouco ortodoxos cabe a fundamental tarefa de complementar a definição genético-hormonal com o que se faça necessário em termos de aprendizag em .

(43)

3. MASCULINO OU FEMININO: A G~NESE DE UM TIPO

são fatores cruciais, sem dúvida, o acúmulo de exp~

riência sexual e um desenvolvimento coerente e uniforme para a c~ racterização sexual de primatas e humanos. Muito faltará, entr~

tanto, para que dessa definição anatomica e prática se alcance a expressa0 social de "masculinid'ade" ou "feminilidade", carac terísticas que, atingindo expressão máxima no ser humano, refle tem um padrão social complexo a que se chamou "cultura". E como

61 nos diz Ford :

"tluman .6e.xuaf be.havioll.. 6ind.6 e.xpJte..6.6,[on

wi:thin

the. conte.xt

06

cuftuJte., the. patte.Jtne.d way.6 06

fiving

that chaJtacte.Jtize. .6oc,[af f,[fie.. Th e. .6e. f,[S e. -p atte.Jtn.6 a.Jte.

the. he.Jtitage. fiJtom thou.6and.6 upon thou.6a nd.6

o~

ge.n e.Jt a

t,[on.6

ofi

e.xpe.Jt,[e.nce. ,[n e.x,[.6t,[ng and .6uJtv,[v,[ng".

-Transcende-se, assim, a simples caracterização bioló gica e a capacitação por experiência. Comportamentos típicos "masculinos" e "femininos" s e rão selecion ad os a par t ir da hi stó ria de sobrevivência e adaptação de cada grupo, i n corporando ao "modo de existir" social os fragmentos dessa memór ia grupal.

Acreditava-se privilégio humano essa for ma de organ~

zaçao. Só recentemente, em função dos trabalhos de J . van Lawick-Goodall e Sugiyama, entre outros62 , foi possível identificar en tre primatas um modo de organização social em que a história da comunidade interfere no "modus aeducandi" .

Eibesfeldt descreveu a incorporação de hábitos soei ais num grupo de macacos japoneses, onde a p a rtir da experiê~

cia de um membro, todos passaram a lavar as batatas em água dOCle 61. C.S.For d - Cul t ur e a nd Sex , pag o 306

(44)

36.

ou salgada e, mais tarde, 11 intencionalmente " temperar as bata tas com sal, mergulhando-as em água do mar antes de cada mordi

63'

da . Esse exemplo mostra como a incorporação de hábitos pode conduzir todo um grupo a comportamentos diferenciados em fun ção das características do ambiente e das experiências part! cul ares a gue esteja sujeito.

No que tange

à

diferenciação sexual, foi possível constatar uma forma de ação socio-educacional que ativamente acentua o dimorfismo biológico, impondo padrões de comportame~

to sexualmente diferenciados em ocasiões não sexuais.

64

Jensen observou, tanto em macacos asiáticos quanto em Rhesus, que o comportamento das mães em relação a filhos ma chos ou fêmeas tende a amplificar as diferenças que

mente já existam, situando que:

eventual

"I n .:the. e. afl...ty we.e. lu , 06 Lt6e. 1110.:the.fl.. /~ and the...i..fl..

ma.te. ..i..n6 ant.6 .6 howe.d gfl.. e.a.:te.fl.. ma.:t e.fl..na.t ..i..nde.pe.nde.nc.e.;

mo.:the.fl...6 be. c. al11e. ..i..nc.fl..e.a.6..i..ng.ty pun..i...:t..i..ve.

06

the...i..fl.. l11a.te.

..i..n6an.:t.6 , and c.afl..fl....i..e.d .:the.m , c.fl..ad .te.d .:the.m and fl..e..:ta..i..ne.d

.:t h e.m .t e..6.6 .:t h a I'l .:t h e. lj d..i.. d

6

e. m a.t e..6 " •

"Th e. d..i..6 6e.fl..e.nc.e..6 ..i..n ma.:t e.fl..na.t be.hav..i.. ofl.. .6 ugg e..6.:t.6

.:tha.:t .:the. mo.:the.fl.. p.tay.6 a fl..o.te.

06

..i..n.6.:t..i..g atofl.. 06 .:the.

gfl..e.a.:te.fl.. ..i..nd e.pe. 11d e.n c. e. wh..i..c.h ..i...6 .:typ..i..c.af 06 ma.te..6 ".

Estabelece-se, pois, uma dicotomização social, cujo critério é, desde o princípio , o sexo do nascimento. Já em fun ção desse quadro se percebe que a plena expressão de machos e fêmeas virá orientada pelo molde educacional, r epres entando u-ma transposição da característica biológica para o modo de

a-tu ação social.

(45)

Constatar essa forma de organização entre primatas e sub-humanos parece ter sido de fundamental importância para a compreensao das cultur.as humanas onde o dimorfismo sexual

é

va lorizado (como nas culturas ocidentais de raízes européiasL em contraste com aquelas que virtualmente ignoram tais diferenças (como as Arapesh e os Mundugurnor65). Muito embora a discussão desse aspecto fuja aos objetivos imediatos do presente trabalho, a se aceitar a visão de M.Mead, a diferenciação dos sexos pode trazer, em consequência, o enriquecimento de alternativas soei ais66, mas está longe de ser biologicamente determinada.

A indeterminação das características socio-sexuais no ser humano foi tão nitidamente observada a ponto de Hampson 67 se referir a uma espécie de "neutralidade sexual" ao nascimen to, ocorrendo a diferenciação apenas nos primeiros anos de de senvolvimento.

E

é

exatamente essa dife ren cia ção , que se faz por in corporação de valores e modos de ação socialmente selecionados e prescritos como afeitos a um ou a outro sex o o que se conven cionou chamar "papel de gênero", assim definido por Money68

"Gende~ ~ole i~ de6ined a~ all tho~e thing~ that a pe~~on ~ay~ o~ doe~ to di~e lo ~e him~el6 o~ he~ ~el 6

a~ having the ~tatu~ 06 boy o~ man, gi~l o~ wo m~n,~e!

peetively".

Urna rápida inspeção da genitália momentos após o nas - cimento será o ponto de início da atuação social dicotomizante, que culminará na auto-imagem masculina ou feminina. O critério

65. M.Mead - Se x o y Tempe ramento, pago 219 66. M.Mead - Op. Cit . , pago 241-244

Referências

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