Gesiane Ferreira Bezerra2 Rafael Silva da Câmara3 Valdete Honorato dos Santos4 Eliane Ferreira da Silva5
Resumo: Apresenta uma rede de conhecimento digital como método para formar as bibliotecas escolares digitais, na qual as novas tecnologias surgem como dispositivos que o profissional da informação precisa conhecer e saber utilizar. Aborda a necessidade de se criar espaços para mostrar a riqueza da diversidade, resgatar e prestigiar a multiplicidade existente. Enfoca o ambiente da Internet como um espaço criativo, ou seja, uma ferramenta pela qual o indivíduo age e interage com seus pares, reciclando seu conhecimento. Baseado em um artigo sobre a metodologia para a construção da rede de bibliotecas escolares digitais. Analisa o uso da Internet como fonte de pesquisa, trazendo esta rede para a sala de aula, permitindo que essa interação entre computadores e alunos aconteça com um único propósito, ensino-aprendizagem. Constata que a biblioteca escolar digital na Internet quer proporcionar as escolas, estímulos e participações mais eficazes entre os alunos e os professores, onde poderão usar não somente a sua própria escola como fonte de aprendizado, mas também as outras escolas participantes da rede, formando assim, uma organização extensiva de bibliotecas escolares distribuídas através da Internet.
Palavras – chave: Biblioteca escolar digital. Redes de conhecimento. Internet.
Introdução
As novas tecnologias provenientes da área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), cada vez mais desenvolvidas, podem tanto auxiliar como também dificultar o acesso e disseminação da informação digital on-line. Pois são dispositivos que o profissional bibliotecário precisa conhecer e utilizar, para que desse modo, ele saiba como preservar a propriedade intelectual, os direitos autorais de licenciamento e uso, e de copyright.
1Artigo apresentado ao XVI Seminário de Pesquisa do Centro de Ciências Sociais Aplicadas, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte no ano de 2010.
2Acadêmica do curso de Biblioteconomia/Universidade Federal do Rio Grande do Norte/
E-mail: gesianefb@hotmail.com
3 Acadêmico do curso de Biblioteconomia/Universidade Federal do Rio Grande do Norte/
E-mail: rafaelufrnbib@gmail.com
4Acadêmica do curso de Biblioteconomia/Universidade Federal do Rio Grande do Norte/
E-mail: valdetehonorato@gmail.com
5Professora do Departamento de Biblioteconomia/Universidade Federal do Rio Grande do Norte/
Nesse sentido, a utilização do computador, nas mais diversas categorias de atividade constitui atualmente um dos aspectos mais marcantes de mudanças que ocorrem no mundo. Não sendo suficiente o domínio apenas da informação, mas também o uso pleno da tecnologia para que assim se possa garantir o desempenho profissional neste novo sistema produtivo que está a cada dia mais globalizado e informatizado.
Desse modo, o acesso à informação é indispensável nos dias atuais, pois os problemas educacionais e econômicos requerem respeito para a comunidade e sua cultura. Sendo necessária a criação de espaços para mostrar a riqueza da diversidade, resgatar e prestigiar a multiplicidade existente. E é nesse ambiente que a Internet torna-se um espaço criativo, ferramenta pela qual o indivíduo age e interage com seus pares, recicla seu conhecimento e libera sua expressão.
Nesse contexto, tentando encontrar um meio que diminuísse a lacuna existente entre o profissional da informação, a biblioteca escolar e a escola, surge uma metodologia para o desenvolvimento de uma rede de conhecimento digital, ou seja, as bibliotecas escolares digitais. Este será o enfoque desta abordagem teórica que se segue.
Rede de conhecimento digital
Em redes de bibliotecas a definição de “rede” enfatiza no “tipo especial de colaboração bibliotecária para o desenvolvimento centralizado de serviços e programas cooperativos, incluindo a utilização de computadores e telecomunicações” (SANTOS; RIBEIRO, 2003 apud SANTOS; AMARAL, 2006).
De certo modo, a rede pode ser entendida como uma forma de comunicação significativa para o compartilhamento de recursos e serviços, fazendo com que qualquer indivíduo possa economizar tempo em não duplicar algo, com a vantagem de melhorar e avançar no serviço que se quer socializar e não tem como implantar e disseminar no momento.
Nesse sentido, as redes de conhecimento digital são organizações que necessitam do conhecimento e da informação para sobreviver. Ou seja, são espaços de reconhecimento híbridos, no sentido de pulsar fluxos de informação analógicos e digitais, locais e globais, controlados e autônomos, centralizados e descentralizados, certificados e anônimos.
Neste estudo, faz-se necessário refletir e organizar as ideias que irão abranger o funcionamento de uma rede lógica, mental ou de conhecimento, no qual estarão alocados os serviços de uma rede de aprendizagem. Harasim et al. (2005, p. 59) apud Santos e Amaral (2006, p. 63) fazem o seguinte comentário com relação às redes de aprendizagem:
As redes de aprendizagem lançam mão de uma variedade de modelos, projetos e abordagens com o objetivo de estruturar e encadear o processo de aprendizagem e proporcionar apoio ao aluno sempre que necessário. Em vez de tratar o professor como figura central do ensino, a maioria dos modelos de rede enfatiza a discussão e a interação entre os estudantes e o acesso a recursos on-line.
teleaprendiz e estuda através de várias estratégias adequadas ao meio. O aprendiz on-line lê mensagens, questiona, obtém esclarecimentos, reflete sobre o tema, responde a perguntas e aprofunda-se no assunto a fim de dominar a tarefa de aprendizagem.
E é através desse conceito, que a biblioteca escolar digital na Internet quer proporcionar as escolas, estímulos e participações mais eficazes entre os alunos e os professores. Eles poderão usar não somente a sua própria escola como fonte de aprendizado, mas também as outras escolas participantes da rede, formando assim, uma organização extensiva de bibliotecas escolares distribuídas através da Internet. Consubstancia-se assim, a possibilidade de, com o uso do computador e da Internet, alcançar a formação da rede de conhecimento digital. Ela torna-se uma realidade por meio da união de escolas organizando, catalogando, classificando e indexando os trabalhos produzidos em sala de aula, bem como outros suportes bibliográficos e audiovisuais. Incluindo os participantes dessa rede, digitalmente integrantes de uma biblioteca digital.
Mas afinal, o que é uma Biblioteca Digital? Na seqüência, este conceito será revisitado para lançar os fundamentos para uma abordagem da Biblioteca Escolar Digital.
Biblioteca Digital
As bibliotecas de certa forma são dependentes da tecnologia da informação e por isso sempre acompanharam os novos paradigmas tecnológicos. Segundo (LANDONI et al,1993; apud MARCHIORI,1997; MACHADO et al, 1999; PEREIRA & RITINA,1999; apud OHIRA; PRADO, 2002, p. 61), a história e a evolução das bibliotecas pode ser dividida em três momentos característicos.
Primeiramente, com seu formato tradicional e espaço físico delimitado com serviços e produtos em que as bibliotecas sofreram a primeira revolução através da introdução dos catálogos em fichas e o abandono dos catálogos em livro.
Em seguida, a biblioteca passou a aliar os seus serviços e afins ao uso dos computadores e sua tecnologia como primeiro passo rumo à biblioteca eletrônica. Assim, compreendeu a biblioteca moderna e automatizada com computadores usados em serviços de catalogação, indexação e organização do acervo. A recuperação e a disseminação da informação também foram permitidas com o acesso on-line aos bancos de dados através das redes de telecomunicações.
Com o surgimento da Internet, a biblioteca deixa de ser apenas um espaço físico, pois ganha um novo espaço: o ciberespaço. Esse novo suporte torna-se uma nova estratégia para acessar, pesquisar e resgatar informações onde o conteúdo completo dos documentos fica disponível on-line. Assim, a biblioteca eletrônica marca o terceiro momento dessa evolução em que pode ser caracterizada pela contemporaneidade da biblioteca ao utilizar a informação em suportes digitais, com o advento do suporte em CD-ROM e da biblioteca digital.
e espaço, visto que possui uma coleção de documentos digitais, e seu uso é permitido por meio de redes de computadores, compartilhando a informação instantaneamente e com facilidade. Pois “Um dos principais objetivos das bibliotecas digitais é fazer com que a biblioteca vá até o seu usuário, ao invés deste ter que se deslocar até ela” (FERNANDES et al., 2004 apud AMARAL; SANTOS, 2006, p.62).
Desse modo, as bibliotecas na Internet buscam prover o acesso intelectual a grandes coleções de informação digital, de modo que elas compõem a modalidade mais eficaz e eficiente de repositórios de informação. De maneira que uma rede de conhecimento digital pode contribuir a sua maneira na construção de bibliotecas escolares digitais.
Biblioteca Escolar Digital (BED)
Sendo a biblioteca um espaço de aprendizagem permanente, é preciso que o usuário usufrua os serviços oferecidos e desenvolvidos por ela, já que a biblioteca escolar é organizada para integrar-se com a sala de aula e no deintegrar-senvolvimento do currículo escolar. Desta forma, em harmonia com o que diz o manifesto da UNESCO sobre biblioteca escolar:
Biblioteca é a porta de entrada para o conhecimento, fornece as condições básicas para o aprendizado permanente, autonomia das decisões e para o desenvolvimento cultural dos indivíduos e dos grupos sociais. (UNESCO, 1976 apud PIMENTEL, G.; BERNARDES, L.; SANTANA, M.; 2007, p.25)
Assim, a biblioteca escolar funciona como um centro de recursos educativos, que se unem com a metodologia de ensino-aprendizagem, já que é um espaço aberto para o conhecimento.
Com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação criaram-se novas formas educativas. Entretanto, para que essas novas tecnologias sejam de fato educativas, é preciso que estejam vinculadas a um conjunto de intenções, a uma prática que tenha como função a construção de uma ação educativa.
Deste modo, a biblioteca escolar digital tenta resgatar o uso da Internet como fonte de pesquisa, trazendo esta rede para a sala de aula, permitindo que essa interação entre computadores e alunos aconteça com um único propósito: a construção de textos e outros materiais didáticos, a partir dos trabalhos dos alunos, onde os mesmos farão a inserção de dados, aprenderão a processar os documentos de forma a resgatar a informação. Pois uma das principais características da biblioteca escolar digital é oferecer a possibilidade de tornar os estudantes autônomos em relação ao conhecimento e a seu aprendizado, tendo como facilitadores o bibliotecário-pesquisador e o professor responsável pela classe selecionada.
É possível o acesso universal em qualquer lugar que tenha computadores disponíveis conectados a Web, o que permite a qualquer pessoa ler, estudar, aprender e interagir com um universo literário.
Permite, aos leitores de todo o mundo, o acesso direto (ou através de download) a livros no formato eletrônico.
Acesso 24(vinte e quatro) horas por dia, 07(sete) dias por semana, 365(trezentos e sessenta e cinco) dias por ano, além de permitir o acesso à distância;
Atende mais usuários com menos livros;
Permite adicionar mais títulos ao acervo já criado, sem a necessidade de investimentos em espaço físico, infra estrutura ou despesa operacional com funcionários;
Desempenha um papel importante na preservação dos documentos; e
Facilita o acesso a pessoas com deficiência.
E ainda, pode-se ver também os métodos de ensino através de uma BEDnet, cujo objetivo é ensinar os alunos a publicar e construir o acervo digital escolar, através de seus trabalhos apresentados em sala de aula, focalizando a importância da transição do acervo tradicional para o acervo digital, com o ensino mediado pelo computador, desse modo faz parte:
Ensinar os alunos a utilizar técnicas normativas bibliográficas;
Instruir os alunos de forma correta na realização das pesquisas bibliográficas através das bases de dados;
Ensinar técnicas de indexação dos trabalhos aos alunos e construção do Tesauro com sua própria linguagem;
Operar com os suportes e softwares;
Desenvolver uma metodologia para criação da BED, mediado pelo computador;
Preservar a memória, tradicional ou eletrônica, ou outro tipo de suporte.
Esta metodologia envolve a integração de pessoas, tais como, o bibliotecário, professores e alunos sobre a questão das novas tecnologias para a criação da biblioteca escolar digital e o desenvolvimento de uma nova forma de ensino em sala de aula. Sendo assim, a seguir veremos algumas estratégias básicas para o desenvolvimento de Bibliotecas escolares digitais.
Estratégias para desenvolver BED´s: Metodologia Básica
Implantação de uma Biblioteca Digital de pequeno porte; Instalação e a interoperabilidade da Biblioteca Digital;
A instalação onde será planejada a bibliotecas digital deverá estar envolvida com o maquinário (hardware) que possibilite o acesso e possa estar adequada para as devidas instalações em rede e passível de interoperabilidade do sistema via Internet.
Seleção e escolha dos documentos disponíveis para disponibilização;
Os documentos bibliográficos a serem disponibilizados na BD deverão previamente ter, a autorização dos devidos autores, por causa dos direitos autorais. Os documentos institucionais que não demanda estar condicionados aos direitos autorais poderá ser os primeiros a serem selecionados.
Recursos materiais/equipamentos;
Quanto aos recursos materiais necessários para o bom funcionamento da biblioteca digital, serão necessários à aquisição do software Adobe5 Acrobat Writer (para assegurar
a integridade dos documentos disponibilizados no site das BEDnet), instalação de programas, tais como: Wordpad6 para editor de texto; Paint7 Brush para aplicação de
desenhos; Composer/Netscape8 editor para linguagem HTML9 na elaboração de páginas. E ainda, um scanner10 de boa resolução para manipulação de documentos em OCR11, e computador.
Recursos humanos.
Para que os serviços da biblioteca digital sejam disponibilizados de forma adequada, ou seja, dentro dos padrões técnico-biblioteconômicos são necessários no mínimo um bibliotecário e um auxiliar para o funcionamento da BD, desde que inicialmente, o volume
5É um software desenvolvido pela empresa Adobe Systems, que permite a conversão de documentos de diversos
formatos em um arquivo de formato PDF (Portable Document Format). O Software Adobe Acrobat proporciona a capacidade de converter o documento de maneira fiel ao original independente do seu conteúdo. Para visualizar estes tipos de documentos a Adobe disponibiliza gratuitamente o software para leitura (Adobe Reader) independente do sistema operacional e dispositivo (hardware).
6 é um aplicativo do Microsoft Windows que vem junto na instalação deste. Utiliza-se o aplicativo para edição de
textos. Trata-se de um editor de textos com formatação complexa. Com o WordPad, é possível criar e editar documentos de texto simples ou documentos com formatação e elementos gráficos complexos. Também é possível vincular ou incorporar informações de outros documentos a um documento do WordPad.
7 Software utilizado para a criação de desenhos simples e também para a edição de imagens. O programa é incluso,
como um acessório, no sistema operacional Windows, da Microsoft, e em suas primeiras versões era conhecido como Paintbrush. Seu arquivo executável no sistema operacional é o mspaint.exe.
8 Trata-se de um software aplicativo editor de páginas web em linguagem HTML, criado pela empresa Netscape
Communications Corporation em 1997.
9 Hypertext Markup Language, ‘linguagem de marcação de hipertexto’ - Sigla que designa uma linguagem padrão
para a escrita e formatação de documentos em hipertexto, us. na web da Internet.
10 Trata-se de qualquer aparelho Periférico que realiza a transformação de imagens em dados digitais.
11 OCR (Optical Character Recognition) - Identificação de Sinais Óticos, identificação de símbolos em um arquivo
dos documentos não seja tão grande, a ponto de possibilitar a inclusão de mais uma pessoa para auxiliar no revezamento do processamento digital dos documentos.
Através destes dados, o aluno com o auxilio do professor e do bibliotecário, poderá acompanhar todo o processamento e saberá como é realizada uma das tarefas consideradas importantes para o funcionamento e a estrutura da BED, sendo eles: a catalogação, a classificação, a indexação e a normalização.
Considerações Finais
A sociedade encontra-se em constante mudança e nesse paradigma a biblioteca escolar encontra certas dificuldades em se adaptar em tempo útil às transformações que ocorrem, enfrentando grandes obstáculos ao desenvolvimento de atividades que promovam e estimulem a criação de novos leitores. Pois com a presença constante das tecnologias de informação nos mais variados ambientes, o homem passa a contar com uma diversidade de espaços educacionais e a educação passa a ter sua abordagem ampliada, ultrapassando os seus limites tradicionais, visando à formação integral do indivíduo.
A sala de aula deixa de ser o único espaço de educação, passando a considerar relevante a variedade e a quantidade de informações recebidas pelas crianças, advindas das mídias, mesmo antes delas chegarem ao ambiente escolar, e que continuarão a adquiri-las, durante toda a vida. Sendo assim, pode-se dizer que a construção e implantação da biblioteca escolar digital (BED), por parte do bibliotecário como profissional da informação, pode funcionar como ferramenta de ensino adicional.
Em união com isto, os alunos apoiados pela educação mediada por educadores e bibliotecários com recursos tecnológicos estarão aptos a alcançar uma maior produtividade com qualidade em suas atividades. Pois a respeito disso foram comparados mediante pesquisa com os que usam apenas os métodos tradicionais.
Nesse sentido, a interação do aluno (usuário), com o ambiente computadorizado das bibliotecas, acontece quando o mesmo entende o funcionamento da máquina e do software a ser utilizado. Assim, as BEDs se mostram como um projeto social que se faz necessário para a complementação do ensino e que pode ser construído por meio do compartilhamento de saberes e união dos conhecimentos técnicos e teóricos dos bibliotecários, professores e alunos. Logo o uso da informática nas bibliotecas digitais não se limita apenas à criação de catálogos ou de portais de acesso, mas também abrange a armazenagem e pesquisa, além de disponibilizar informação em um formato sempre legível, os próprios documentos.
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