IVANILDO COELHO DE HOLANDA
[AAfA~MA NACHO~AL
DE ESCOLAS DA
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MA [STMD@
~llSu@~ll[ODissertação apresentada ao
Depar-tamento de Administração de Sistemas
Educacionais do Instituto de Estudos
Avançados em Educação (IESAE), como
requisito parcial para obtenção do
ti tulo de MESTRE 1m EDUCAÇÃO
RIO DE JANEIRO
FUNDAÇÃO
GETÓLIO VARGAS
1977
ri
I•
•
•
A Eliane, esposa querida, aos
nossos filhos Eugênio, Maurus
e Liliane, pelo grande estimu
lo e apoio •
IA Felipe Tiago Gomes, superi~
tendente nacional da CNEC,
quando ela completa seus 35
(trinta e cinco) anos de exis
tência.
A José Rafael de Menezes, um
daqueles que, juntos a Felipe
Tiago Gomes, criaram a CNEC
•
•
•
NOSSOS AGRADECIMENTOS
a MARIA JULIETA COSTA CALAZANS, orientadora acadêmica, pe lo que recebemos durante o curSOi
a LUIZ ANTONIO CONSTANT RODRIGUES DA CUNHA,orientador des ta dissertação, pelo apoio e confiança;
a OSMAR FÂVERO e JOLIA AZEVEDO, examinadores, pela lise, critica e sugestões apresentadas;
a C~LIA, LOCIA, ESTELA, GAUD~NCIO e DARCY pelo que
para nós na escolha e elaboraç~o deste trabalho;
a WILSON CARDOSO, assessor de planejamento da CNEC nal, de cujos trabalhos muito nos servimos;
~
ana
foram
nacio
a MARIA DE LOURDES HENRIQUES, assessora pedagógica daCNEC nacional, pela presteza com que sempre nos atendeu;
a LUCINETE JORD~O BATISTA DE OLIVEIRA, Administradora es ta dual da CNEC em Pernambuco, pelo material fprnecidoi
a ANTONIO BATBOSA DE LUCENA, Diretor da Escola da Comuni dade de Taquaritinga do Norte-Pe., pela colaboração e incentivos dele recebidos;
a ANTONIO MARIA AMAZONAS MAC DOWELL e PAULO PIRES, Pró-Rei tor e Assessor de Pós-Graduação e Pesquisa da UFPb,res pectivamente, pelo que nos proporcionaram para que este trabalho fosse elaborado;
a UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARA!BA (UFPb) - João Pessoa-Pb.
a UNIVERSIDADE REGIONAL DO NORDESTE (URNe) - C. Grande-Pb.
a SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA DO ESTADO DA PARA!BA .
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CARPANnA NACIONAL
DE
ESCOLAS DA CO"DNIDADE
CC N E [)
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UM ESTUDO HISTORICO
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RESUMO
Trata··se t neste estudo, a Campanha Nacional de Esco
las da Comunidade (CNEC) corno um todo que visa colaborar na
oferta de educação no Brasil, inserindo-se num complexo meio
politico e social, buscando nele o concurso das instituições
governamentais que a regulam em nivel nacional, estadual e
municipal e procurando penetrar nas comunidades a fim de ob
ter os recursos humanos, materiais e financeiros que possam
garantir a sua sobrevivência e conservaçao.
Nesta perspectiva o trabalho realiza~set' através de
etapas históricas, ou da ev:olução do seu processo de existên
cia, ou do processo de sua construção, ou, ainda, da elabor~
ção continua de seus conceitos, desde os seus primórdios até
o principio desta década, com a promulgação da Lein95.692/7L
Na primeira fase que compreende os anos de 1943 a
1952, consideram-se as caracterlsticas políticas,
econômico-sociais e educacionais da época em que surgiu a CNEC, proc~
rando-se descobrir influências sofridas, fatores
na formação dos tipos de relação com o ambiente e
que lhe são atribuídas.
atuantes
funções
A segunda fase que vai de 1953 a 1971,compreendedois
periodos: de 1953 a 1961 e de 1962 a 1971. Ambos se carac
terizam pelo aumento do número de estabelecimentos da CNEC,
num crescimento conlnuo e acelerado, o que vai implicar p~
ra ela na busca de urna estrutura 'capaz de atender às nec~ssi
dades que se criam com este crescimento. Estas necessidades
parecem satisfazer-se à medida que ela procura os meios nao
só na organização estrutural constante com vistas aos tipos
de relações internas, mas também na busca de relações, cada
vez mais definidas, com seu ambiente externo. Tenta-se elu
cidar ambos estes fatos.
Estuda-se, a seguirf a CNEC face à Lei n9 5.692/7l,in
~----"
.. _. __ .,,-_ . .I
!
I
•
,
manda local, através de cursos que compreendem as funções
de suplência, de suprimento, de complementação, etc., cursos
estes já ministrados com a criação de Centros Comunitários.
Os últimos capitulos deste trabalho visam caracteri
zar a CNEC como organização, através de todas as partes e
sub-partes que a constituem e, com isto, apresentar as fun
çoes executivas mantenedoras de um esforço cooperativo quep~
rece também caracterizá-la, o qual se assegura através de
las com a formulação e definição dos seus propósitos por
meio de um sistema de comunicação que demanda recursos h uma
nos, financeiros e materiais.
Além disto, para alcançar os seus objetivos, a CNEC
mantêm certos tipos de relações não so com a comunidade, mas
também com o Estado. Estas relações são estudadas, como es
tudadas são também as funções atribuldas à CNEC e estas par~
cem ser confirmadas com os papéis que lhe são atribuldos. E,
em face da progressividade de implantação da Lei n9 5.692/71,
a CNEC parece ter assegurado, entre outras, o exerclcio das
funções complementar e supletiva nos sistemas de ensino reg~
•
,
li,
•
REsUMe
Dans ce travail nous abordons la "Campanha Nacional
de
Escolas da Comunidade" - Campagne Nationale d'gcoles Commu nautaires (CNEC) - prise comme un tout, dont l'objectif estde oollaborer
à
l'offre en ce qui concerne l'éducation au Brésil, en s'insérant dans un milieu politique et social, en y
cherchant le concours des institutions gouvernamentales qui
la reglementent au niveau national, départamental et municipal;
elle se propose de pénétrer dans les communautés pour en obte
nir les ressources humaines, matérielles et financieres qui
puissent assurer sa survivance et sa conservation.
Dans cette perspective, le travail se réalise tout
le long d'étapes historiques, soit en suivan~ l'évolution du
processus d'existence ou de construction de la CNEC soit en
étudiant l'élaboration continue de ses concepts, des les
ori-gines jusqu'au commencement de cette décade, par la
promulga-tion
de
la Loi n9 5.692/71.Dans la premiere phase qui comprend les années de
1943
à
1952, nous considé,rons les caractéristiquesques, socio-économiques et éducationnelles de l'époque
laquelle a surgi la CNEC, en cherchant
à
découvrir les
politi-dans
in-fluences qu'elle a subies, les facteurs qui agissent sur la
formation des types de relation avec le milieu et les
fonc-tions qui lui sont attribuées.
La deuxieme phase, qui va de 1953
à
1971, comprenddeux périodes: de 1953
à
1961 et de 1962à
1971. Toutes lesdeux se caractérisent par l'augmentation du nombre
d'établis-sements de la CNEC, suivant un accroissement continu et
accé-léré, cequ±-va impliquer la recheréhed'une structure
capa-ble de satisfaire aux besoins provoqués par cette augmentatian.
Ces besoins semblent se satisfaire
à
mesure que la CNECcher-che les ressources non seulement dans l'organisation
structu-rale et permanente orientée vers les types de relations inteE
nes, mais aussi par la recherche de relations, de plus en plus
définies, avec son milieu. Nous essayons d'élucider ces deux
faits.
•
•
,
1
•
~--temes de "Ensino Supletivo", eornrne réponse
à
la demande loeale
au moyen de eours qui remplissent les fonetions de suppléanee,
d'appoint, de eomplément, ete.
O'ailleurs, ees cours sont
dé-jà offerts par la eréation de Centres Cornrnunautaires.
Les derniers ehapitres de ee travail visent
à
earae-tériser la CNEC eornrne une organisation. Cette earaetérisation
a été faite par l'étude de toutes les eomposantes et
sous-eo~posantes qui eonstituent. Ainsi done, nous présentonsles fone
tions exéeutives qui maintiennent l'éffort eoopératif qui sem
ble aussi la earaetériser. Cet effort est assuré par ees
rnê-mes fonetions
à
travers la formulation et la définition
de
leurs intentions, au moyen d'un systeme de eornrnunieation qui
exige des ressourees hurnaines, finaneieres et matérielles.
En outre, pour atteindre ses objeetifs, la CNEC main
tient eertains types de relations, non seulement avee la
eom-munauté, mais aussi avee
l'~tat.Nous étudions ees relations
ainsi que les fonetions attribuées
à
la CNEC, et eelles-ei sem
blent être eonfirmées par les rôles qui lui sont
attribués.
Considérant les progres de l'implantationde la Loi n95.692/7l,
la CNEC sernble avoir" assuré, entre autres ehoses,
l'exereiee
•
•
t
•
•
íNDICE
PÁG.
INTRODUÇ1\O
cAPiTULO 1 A CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE(CNEC) 1
1.1 Antecedentes 6
1.2 Origem da CNEC e Primeira fase de sua evolução
(1943-1952 17
CAP!TULO 2 SEGUNDA FASE DE EVOLUÇÃO DA CNEC (1953-1971) 30
2.1 Considerações Preliminares 30
2.1.1 Exigências do seu crescimento 32
2.1.2 As Escolas da Comunidade 45
CAPiTULO 3 A CNEC E A LEI N9 5.692/71 55
3.1 Nos Sistemas Regulares de Ensino de Primeiro e
Segundo Graus 61
3.2 A CNEC e o Ensino Supletivo 68
CAPiTULO 4 A ORGANIZAÇÃO E RECURSOS DA CNEC
4.1 Sua Organização
4.1.1 Setor Local 4.1.2 Secção Estadual
4.1.3 Organização Nacional
4.2 Seus Recursos
4.2.1 Recursos Humanos 4.2.2 Recursos Financeiros 4.2.3 Recursos Materiais
CAPiTULO 5 RELAÇÕES E FUNÇÕES DA CNEC
5.1 Relações com as Comunidades
5.2 Re1a
x
ões com o EstadQ5.3 Funçoes da CNEC
CONSIDERAÇÕES FINAIS
BIBLIOGRAFIA
74
74
77 79 80
84
.85 91 95
99
99 101 103
111
119
•
•
•
i
Nosso trabalho pretende ser um estudo histórico sobre a
Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC). Trata-se de
um assunto muito pouco explorado no universo de estudos educa
cionais brasileiros. Revestiu-se de maior importância para nós
quando, visando atender o nosso principal objetivo, fizemos ob
jeto de nosso estudo a CNEC à qual estivemos funcional e afeti
vamente ligado, durante mais de dez anos, na criação e direção
de um Ginásio, numa pequena cidade do interior de Pernambuco,
Taquari tinga do Norte, onde nascemos. Esta experiência para nós
teria sido o verdadeiro terna do nosso estudo. No entanto, con
vencemo-nos de que deveriamos partir da CNEC, delimitando o nos
so assunto a uma análise de sua origem e evolução histórica até
chegarmos a um ponto em que pudéssemos definir as suas funções
face aos objetivos da educação nacional. Esta definição esper~
mos encontrá-la tão logo atinjamos o ponto de encontro dos seus
objetivos com os dispositivos da Lei n9 5.692 de 11 de agosto
de 1971.
Este trabalho tem, também, um objetivo que se tornou mais
importante para nós que
ê
ser urna prática daquela atitude cientiiica que nos
ê
exigida como educador. Esta atitude se nos afigura comouma
ruptura, corno um corte com qualquer que seja a atitude a que chamaríamos de natural. Com efeito, aqueles fatos multicores e vários da nossa percepção comum, devem ser
substituidos por um universo de quantidades abstratas; onde nos
sa percepçao imédiata vê seres, somos conduzidos a relações com
outras coisas.
PareCê-nos
que o espirito cientifico exige denós uma verdadei.t'à
conVersão
mental pela qual o nosso "eu" des ce daquela posi~àªvrivilegiãda
que ocupa em nosso conhecimento e passa a ser um Bhjétb e~pli~âvel por suas relações com os outros objetos.
t
tifflàí'êfisxãd s.rtti-ca
sobre nós mesmo que nos leva a perceberqué
vI
verosnab'
ã:pé'rias
projetando
sobre o mundo-•
•
...
•
2
as nossas disposições pessoais, mas tudo o que recebemos da fa
mília que nos deu origem, do meio em que vivemos, de uma cultu
ra que adquirimos, em suma, de todos os mitos que recebemos de
uma tradição. E esta atitude faz-nos entender que o grande obs
táculo para conseguirmos o conhecimento somos nós mesmos que es
tamos habituados a ver o mundo como somos e nao como ele é. Ba
chelard diz-nos, num trabalho seu, que "o espírito científico
se formou contra o arrebatamento natural, contra o fato colori
do e diverso". Para ele "o espírito cientIfico se deve formar,
reformando-se." 1 Certo
é
que esta formação não se verifica "exabrupto" ou que o espiri to científico não se consti tuiu de uma
so vez. E
é
isto que nos leva a apresentar um trabalho que,não sendo ainda fruto de um espírito ou de uma mentalidade cien
tífica, é, no entanto, mais do que o cumprimento de uma tarefa,
fruto do esforço, no desejo de adquirir aquele instrumental te~
rico necessário
à
realização da pesquisa no campo da educação,familiarizando-nos com o discurso da ciência, sua verdade inter
na e seus limites.
Procuraremos desenvolver o nosso estudo em cinco
los. Do Capitulo 1 faremos o principal objeto a origem e
meira fase de evolução de um movimento cujos objetivos e
capít~
pr! fun
çoes, a par das características políticas, econ6mico-sociais e
educacionais da época, nos conduzem a olhá-lo numa perspectiva
de "entusiasmo pela educação" aurido das idéias de Miguel Couto
para quem "no Brasil só há um problema nacional
do povo."
a
educaçãoEsta parte se estende de 1943·ao ano de 1952 quando a
CNEC, quase completando
°
seu primeiro decênio,constituiu-se ummovimento de base ddrnunitária •
No Capituld 2 do nosso estudo consideraremos um movimen
•
•
to que se expandiu, evoluiu, cresceu e, com isto, criaram-se ne
cessidades para cujas satisfações buscou os meios não só nareor
ganização estrutural quase constante, com vistas aos tipos de
relações internas, mas também nas relações cada vez mais defin~
das com o seu ambiente externo. Procuraremos elucidar ambos es
tes fatos, através de informações sobre o processo do seu cres
cimento e de atendimento das necessidades dele decorrentes. Es
te Capítulo que compreenderá o período que vai de 1953 até 1971p
será dividido em duas partes. A primeira das quais compreende
as exigências que o crescimento da CNEC lhe impôs; a segunda se
volta para as escolas da comunidade criadas pela Campanha,visag
do uma demonstração do empenho desta na consecução dos meios p~
ra que elas possam atend8r as reais necessidades locais ou re
gionais, acatando, assim, os requisitos de um período de mudan
ças. A primeira parte que vai de 1953 a 1962 é um período em
que a CNEC procura firmar-se como organização de ensino chega~
do, através de diversos passos,
à
constituição de uma estrutura,,
tanto quanto possIvel, capaz de atender as necessidades de suas
escolas. A segunda parte, não deixando de lado o processo de
sua evolução, preocupa-se com o fato de que esta evolução venha
em abono do que caqa comunidade necessita.
o
Capitulo 3 coloca a CNEC, faceà
Lei n9 5,692/71, em um duplo aparelho educaCional-escolar que compreende os sistemasdo ensino regular e do ensino supletivo. Levando em considera
çao a sua característica de campanha cujo objetivo é promover a
educação e que tem como meta prioritária a criação de ginásios
no interior do Pais, procuraremo1s, pelo confronto da sua si tua
çao face aos dispositiVOS legais, constatar que tal situação
nao sofrerá solução de êóntinuidade. Destarte nos prenderemos,
de um lado,
à
CNEC inteçrâda nos sistemas regulares de ensinode 19 e 29 Graus; ds 6titfb;
ã
CNÉC que se iniciou no sistema de ensino supletivo, prbdu:tàridoatender a demanda local através decursos que desenvóivâm âs f'Wl\,ões de suplência, de suprimento, de complementaç~oí ~td., êursbS ministrados em seus Centros Co munitários.
•
.,
•
4
o
Capítulo 4 destina-se a caracterizar a CNEC
enquanto
organização, através do estudo de todas as partes e
sub-partes
que a constituem.
Desta forma pretendemos também,
focalizando
a sua estrutura, apresentar, de modo particular, as funções
ex~cutivas mantenedoras de um esforço cooperativo que também
par~ce caracterizá-la. Este esforço cooperativo deve ser assegura
do por tais funções desde que se promovam, na organização, a for
mulação e definição dos seus propósitos, a garantia do
esforço
cooperativo com vistas à consecução dos seus propósitos o
que,
para se obter com pleno êxito, leva à necessidade de um sistema
de comunicação.
Por isto a CNEC não pode prescindir de recursos
os quais, neste capítulo, serão apresentados nas
categorias de
recursos humanos, recursos financeiros e recursos materiais.
A Campanha Nacional de Escolas da Comunidade se
propôs
criar escolas nas comunidades do interior do Pais. Mas,
para
que possa alcançar os seus propósitos, ela teve de manter
cer
tos tipos de relação não só com as comunidades, mas também com
o Estado.
O objetivo do CapItulo 5, em suas primeira e segunda
pa.rtes, é analisar as· relações entre eles. Quanto às
comunida
des, o principal elemento de nossa consideração é o fato de que
a CNEC necessita de sua ajuda financeira para manutenção de suas
escolas, embora tenhamos também presentes recursos humanos e ma
teriais que existem nelas disponíveis.
Quanto ao Estado,
p~rém, além da ajuda financeira, a CNEC não pode prescindir
de
urna legislação que lhe é imposta e sem a qual não poderia exis
tir nem organizar as suas escolas.
Assim, se nos voltamos ;para.
I
a.Lei n9. 5692/71 e consideramos o caráter progressivo de sua im
plantação, constatamos que as soluçQes para os problemas
dela
decorrentes virão, sob formas diversificadas, ao correr dos anos,
de acordo com as possibilidades e peculiaridades locais.
Este
fato vem assegurar
ã
CNEC o exercício de suas legitimas funções,
dentre as quais
se
dsstaça a complementar ou supletiva, nos sis
temas de ensirlo
fegulàr
e supletivo. Estas funções se
consti
tuem objeto de
hdsSb estudo
GOmourna terceira parte do Capítulo
5.
são funções que
lhe
àtributmos e que se confirmam com os
p~•
1
.,
•
do, através de pareceres e de promulgações de Leis. Por
apresentaremos, nesta parte do capítulo a transcrição de
elementos de confirmação.
isto
tais
Para a elaboração deste trabalho e como fonte de nossos
estudos servimo-nos dos relatórios, histórias da organização,b~
letins, artigos de revistas e jornais, referências feitas a ela
em livros de alguns autores, entrevistas informais e consultas
"
•
.,
•
CAPiTULO
1 --
CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE (CNEC)
1.1 Antecedentes
Pretendemos examinar o contexto político, econômico, so
cial e educacional da época em que surgiu a CNEC,procurando des
cobrir influências sofridas, fatores atuantes na formação dos
tipos de relação com o ambiente e funções que lhe são atribui
das.
A CNEC nasceu em 1943. ' O Brasil se achava no período do
Estado Novo, portanto, sob uma ditadura cuja ideologia encerra
va, se bem que não constituisse um "sistema de pensamento tot~
litário", alguns princípios tais como nacionalismo, integração
nacional, centralização, hierarquia e outros. Constituiu-se um
regime de perda das liberdades públicas, de governo autoritário
e unitário.
Quanto ao aspecto econômico, apesar de encontrarmos quem
nao atribua ao Governo um papel preponderante no progresso eco
nômico do País, durante o Estado Novo, observamos, de outro la
do, que o seu empenho se voltou para apoiar o setor exportador
que, a par de seus rendimentos, favorecia a importação da maqu!
naria e matérias primas necessárias ao desenvolvimento das in
dústrias.
"Um executivo forte exprimia, assim, a salvação da agricultura e o patrocínio da industrializa ção retirando o PaLs daquela situação de depres são em que se encontrava a agricultura e a viabi lidade de industrialização. Por isto se afirma que o Es tado Novo ,.se desenvolveu a tendendo aos interesses de dois setores da burguesia: o agra rio e o industrial.,,2
2 SILVA, Marinetedos Santos. Educaçio BrasileirA no Estado No vo (1937-1945) Niter~i. Universidade Federal Fluminense. Ini
•
..
•
Diante da conjuntura econômica e polÍtica do mundo,o Br~
sil teria de passar de simples produtor de matérias primas epo~
cos produtos agrlcolas, a um país de indústrias e policultura.
Com a expansao dos centros industriais e comerciais, s~
giu a expansão dos centros urbanos, o aperfeiçoamento técnico e
a mobilização social, verificando-se, com isto, novas condições
de vida. Ampliaram-se] nas cidades, as classes operárias e para
elas acorreram as populações rurais, num enorme êxodo.
Enquanto isto, uma nova classe, representando um estado
intermediário da estratificação social, veio aparecendo tanto
pela descida de participantes da classe superior, como pela as
censão de algumas camadas do proletariado. Os que a ela perteg
ciam, gozavam de certa influência e eram capazes ainda de obter
medidas de caráter público em seu benefício. 3
Desta situação de transformações econômico-sociais e p~
líticas proveio a política educacional brasileira neste perí~
do. Antes de tudo, a leitura dos documentos que se referem
à
educação no Estado Novo, pela necessidade do nosso trabalho,
foi orientada de maneira especial para o grau de ensino que nos
interessava particularmente: o ensino médio. No entanto, isto não impediu que; considerada de maneira geral, a educação, neste
períod~ fosse vista como o reflexo das transformações que se operavam no Brasil, especialmente a partir de 1930, visando ateg
der, porém, às circunstâncias de um processo de industrializa
I
ção desencadeado e a instalação de um estado autoritário. Dai
porque
3
"as diretri~es ideológicas que nortearam a poli:
tica educâcldtiá1 do Estado Novo se consubstancia
vam na exaltá~~o dá n~cionalidade, nas crrticas
taçao de Mêstfad~
em
~istõria. Mimeografada) .MOREIRA, J. RbBert:~~ Aspectos lítuais da situaçao
nal e cultural em PêfriâfubUc~.
gducaçio
e Ci~nclasRio de Janeiro~ CBPE, I (3'~2i~75i de~. 1946.
SQciais:-lo
•
•
8
ao liberalismo, no anti-comunismo, na ção do ensino profissional."'+
valoriza
Para os condutores do Estado Novo, a educação haveria de
trazer a solução aos problemas nacionais. Aliás esta idéia já
vem do período da abolição da escravatura com inspiração nas
idéias dos filósofos iluministas.
"Tais idéias permitiram que se acreditasse que a
educação formal viria solucionar todos os probl~
mas de ordem econômica e política. Dessa forma,
a maior parte dos educadores brasileiros caracte
rizava-se por uma fe inabalável no poder trans
formador da escola."s .
A Reforma Capanema, em 1942, compreendeu o ensino secun
dário e o ensino técnico industrial. Aquele apresenta-se com
'+ SILVA, M.S. Opus Cit., p. 19.
5 Ibidem, p. 38-59.
Vanilda Pereira Paiva em seu livro "Educação Popular e Educa
ção de Adultos, publicado pela Ediç~es Loyola de são Paulo, e~
1973, pp. 24-46, fazendo uma interpretação dos movimentos de
Educação Popular, afirma que uma perspectiva externa do movi
mento ou mesmo do sistema educativo, traduzida pelo "entusias
mo pela educação", privilegia a função dos sistemas ou movi
mentos educativos dentro da sociedade, suas conseqUincias em
t e r mo s d e v i da p o 1
t
t i c a , S· o c i a 1 e e c o n ô m i c a do P a í s. Uma p e r spectiva interna, trQduzida pelo "otimismo pedagógico" leva-;
porem, em consideração IIOS aspectos metodológicos, administra
tivos e técnicos dQ educação enquanto processo de aprendizi
gem, de transmissão de conhecimentos de uma geraçio a outri
geração". Na perspectiva externa a educação e considerada"co
mo instrumenttl de àscensão social,", como um "fator capaz de
contribuir pàfà tj ptogresso do País", como "demonstração de
um nacionaliSino" que 1eva ã luta contra o analfabetismo, por
isto se catà~tett~à por preocupaç;es eminentemente quantitati
vaso Enfim ilô etitusiàsmo pela educação como fator capaz de
solucionar todos oS demais problemas da naçio. Por isto a
educação passa à.ser o principal problema nacional que, resol
vido, conduitti
a
solu~ão de todos os demais. O maior teórIco desta pósiçao foi~ inegavelmente, Miguel Couto (. .. )"0 eu
tusiasmo p~ia edti~açid recrudesce ou ressurge entre setorei
políticos, nd fina1 dá Ségunda Guerra Mundial. Os ideais da
democracia liBeral, foftaiee:ido8j revigoraram a crença de que, atraves da educação, se construiria uma sociedade democrática
..
•
..
características elitistas, voltando-se para lia formação de peE.
sonalidades condutoras". Este confirma a ênfase que lhe foi d~
da como resultado do processo de industrialização, sendo alvo
de reformas e regulamentações visando à classe operária. Dentro
desta reforma foi criado ainda .0 Serviço Nacional de Aprendiz~
gem Industrial (SENAI).6
No entanto, não houve benefício para a classe operária
como um todo, nem para os que foram encaminhados ao ensino in
dustrial. Os únicos beneficiários parecem ter sido mesmo os in
dustriais, uma vez que tais cursos, aliados a outros
vieram corroborar as diferenças sociais.
fatores,
Apesar do que observamos com relação às intenções e rea
lizações da Reforma Capanema sob todos os ângulos, em todos os
graus e ramos, a sua vigência alcançou dois decênios, ultrapa~
sando o período de redemocratização do País.
Prendemo-nos apenas a alguns aspectos que nos
ram a atenção, sem precisarmos de aprofundar em seus
despert~
estudos.
Foram-nos conduzindo
â
constatação de que o ensino médio, esp~cialmente o ensino secundário, permanecia um privilégio de po~
coso
Mesmo assim, instala-se, no País, um processo de mudança
incontrolável de certa forma, ocasionando um fen8meno de aces
so à educação com o crescimento, das oportunidades,especialmen~e
na escola secundáriá. ~ verdade que, considerando a legisl~
çao, nao vamos encontrar a universãlização da escola secundária
como obrigação do Estado. O que se acha estabelecido se res
tringe aos desfavoreCidos economicamente (e que apresentam con
6
Decreto-Lei n9 4.i44 de 09/04/1942
-
Lei Orgânica do Ensino Se cundário .Decreto-Lei n. · 0 4,073
dê
30/01/1942-
Lei Org~nica do EnsinoIndustrial.
,
•
•
•
10
dições de continuar seus estudos). 7
Encontramos aqui a razao de o ensino secundário brasilei
ro estar, praticamente todo, entregue à iniciativa privada e a
explicação do fato de, ainda na década de 40, os estados mante
rem apenas um ginâsio pUblico em suas capitais, corno o Ginásio
Pernambucano em Recife-PE.
Deste modo, dado o pauperisrno da população e a predom!
nância das escolas particulares sobre as pUblicas, foi fácil con
cluir-se, que aqueles de menor poder aquisitivo ficaram exclui
dos da escola média de qualquer tipo, profissionalizante ou aca
dêmica. A escola paga não era aberta a todos. O proletariado
e as camadas de baixo poder aquisitivo cujas condições de vida,
não só em Pernambuco, mas em todo o Brasil, eram as mais prec~
rias possível i:· mal conseguiam ter o necessário para atender às
exigências mais imediatas de manutenção. Pagar escola era coi
sa que estava inteiramente fora do seu alcance, bem como de grag
de parte da própria classe intermediária. E se os estados, co
mo os municípios, ainda não atendiam a todas as necessidades do
ensino primário ou elementar, não era de se esperar que pude~
sem resolver o problema da demanda total do ensino médio. Logo,
"educação democrática, para todos, que desenvolva em cada indi
víduo o conhecimento, os interesses, os ideais, os hábitos e p~
deres que lhe formarão a personalidade para uma sociedade justa
e equânime", 6 nao era realizável em Pernambuco, como nao o era
nos demais Estados.
Há, portanto, nitidamente exposto o quadro da
de uma época que ninguém nega, nem procura esconder.
situação
Para comprovar O que dizemos, J. Roberto Moreira nos
7 O parêntese
ê
litisso, Fdi àtt'escido levando-se emconsideração,principalmerit~i.a~ ~olidiç~~s intelectuais exigidas atrav~s do
Exame de Admissáb~
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apresenta o seguinte quadro, já na década de 50:
"Com mais de 220.000 crianças matriculadas nas escolas primirias comuns, o Estado de Pernambuco não tinha, porem, mais de 34.000 alunos, cerca de 27.000 se achavam nas escolas secundirias aca dimicas, de finalidade seletiva mais que formad~
ra, como preparatórias que são para o ingress~
nos cursos superiores. Outro fato que confirma a situação que vimos descrevendo e que não foge
i regra brasileira, e o de que apenas 4.000 alu nos se matricularam em estabelecimentos públicos de ensino secundirio acadêmico e cerca de 23.000 em estabelecimentos particulares, isto
e,
pagos, embora a maioria deles conte com subvenções esta duais e municipais que permitem baratear um po~co o preço cobrado."9
Os estudantes de Pernambuco 1 o parece que, sofrendo as in
fluências da ideologia da época, inclusive no Estado Novo, en
quanto a educação era vista como meio de trazer soluções aos
problemas nacionais, compreenderam a profundidade do problema
convencidos de que também eles, a exemplo dos estudantes peru~
nos, poderiam colaborar na sua solução, criando algo que sign!
ficasse ou que fosse, de fato, conjugação de esforços do povo e
do Estado para promover educação para todos. Sabendo do que se
passava no Brasil, e, de modo particular no Nordeste, sobretudo
no setor da educação secundária, viram-na nas mãos dos partic~
lares, impossibilitando de estudar os que nao dispunham de di
nheiro, ao mesmo tempo em que se conscientizaram da necessidade
de providências que atendessem a demanda que crescia.
ram:
Eles mesmos hoS levaram a esta conclusão quando escreve
"Filósofos, sociólogos e outros homens de cultu
ra afirma~a~ nid ser justa ~ão tremenda desi
gualdade:
ds
ftlhqs dos ricos podiam libertar-a;9
MOREIRA, :LR: Opus c i t . , p. 65.
10 Como veremos sd ttütaf da origem da CNEC, ela foi criada por
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t
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12
da ignorância; os pobres estavam condenados a permanecer na infra-estrutura social. Eram pá rias sociais que apenas tinham o direito, quando possuidores do curso primário, de fazer as con tas dos donos dos botequins e armazens,passar jo go de bicho e votar nos chefes políticos, como eleitores de cabresto."ll
Há outros acontecimentos que, de certo, influiram viva mente no espírito daqueles jovens a ponto de se lançarem na
campanha que idealizaram. Invocando o seu testemunho, trans
crevemos um deles:
"Estávamos em plena Segunda Guerra. Os estudan tes gritavam por liberdade aproveitando comícios contra a Alemanha, Japio e Itália. O Recife, is escuras, por medidas de segurança, era a cidade que mais sofria as consequincias da ditadura. Aqueles jovens presenciavam o choque de idéias e também dele participavam ... 12
Dentre todos os fatos analisados há um que considera
mos bastante importante porque nele nos parece serem encontr~
das as raízes da CNEC. ~ o fato da pobreza que envolvia aque
le grupo de estudante~, especialmente o seu idealizador. Po breza porque ':não tiveram dinheiro fácil para estudar", "pass~
ram fome para fazer um curso ginasial", não tiveram dinheiro
para comprar o par de sapatos a não ser "quando os velhos, de
tão estragados, n~d podiam ser usados". E mais: "... lhes re voltava ver tantds jovens desejosos de outros horizontes cul
turais e proihidos
de
àlêíançá~~os, por falta de recursos. ,,1311 GOMES, Fe1i~~ tfagd,
niatBria da
CHEC. Rio de Janeiro. 29de Julho pubiità~a~ •• 1965.p. 18.
12 Ibidem, pó
18.
Ogtlfo
ê
nosso.Marinete dd~ ~jntd~ Silva. e~ seu trabalho já citado, i p~ gina 66, cónclui qu~ "a Segunda Guerra Mundial dentro do quadro educacional btas1leiro, funcionou como um freio das veleidades ideoiógicas do Estado Novo. O fato do Brasil abandonar ti
sua
,ineutr~Hidâde" e juntar-se aos a1iados,c;riou uma situaçio p~~~db*â1 i hf~el pblltico e ideol5gico. A so luçio viria emi94s
edma
queda de Vargas e a volta i libe tal democràeia."•
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13
t; o fato .existencial que, impedindo-os de se aprofundar
em seus estudos, lhes permitia, no entanto, ir obtendor através
de informações diversas, uma cultura dinâmica na qual se apoi~
va o seu empirismo audacioso. 14 Conhecedores de uma realidade
que não só era a dos outros, mas a sua própria, aqueles estudan
tes dispuseram-se a adquirir para os outros aquilo que, em g~
ral, não tinham recebido: um bom ensino. E isto com um entu
siasmo que lhes foi ditado por um humanitarismo o qual os leva
va a empreender algo no sentido de ajudar na integração das p~
pulações marginalizadas ao sistema social e econômico. E o meio
mais propIcio foi a educação através da CNEC. Depreende-se fa
cilmente o espIri to geral que dominava o grupo através das idéias
iniciais por alguns deles expressas:
1 - "Que adiantava a libertação do mundo se oBra
sil continuava escravo? Daí a resolução da
queles moços em busca de uma liberdade que nao brotasse de trincheiras materiais, mas do fun
cionamento de milhares de escolas."1S
2 - 11 arroj ada obra social. Obra que tem como
finalidade primeira o bem-estar da coletivida
de. Campanha ( . . . ) organizada por moços qu~
têm largo conhecimento da miseria que domina
nossa sociedade pobre ( .. ,), e um núcleo de
trabalho, onde se procura recuperar uma moci
da de que vive ã beira dos mangues do Recife a
morrer de fome (, . . ) rapazes que se criam no
trabalho brutal e desumano de trapiches, sem
ter quem lhes ofereça um livro gratuitamente
para que, no futuro, sejam amenizados os seus
14 A propósito do empirismo audacioso, Jose Rafael de Menezes,
um dos fundadores da CNEC, referindo-se ao seu idealizador e
principal fundador. afirma que "( . . . ) o empirismo dele foi
um empirismo que teve suas audicias. E que teve suas oportu
nidades. Não foi; nunca, um empirismo quixotesco, nem um
empirismo que viesse a desafiar a realidade brasileira. Foi
um empirismo que
se
graduou. Que pode cumprir-s2 no Recife,e depois cumprir-se no Rio de Janeiro, e depois ir assumindo
relações com Ministérios ~ SuStentou-se hoje na modernidade
da Campanha - que
eu
sei que ltlOderniza - sem que ele sobre."(MENEZES, Jos~ Rafael de. As "introjeções" do nordestino.
In: GARCIA, S. ti prêae8tiaad~. Brasília,1976, p. 87-96.
1 5 GOMES, F.T. Opus • 8
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14
sofrimentos."16
3 - "Hã, nos homens, interesse em tudo. Interesse de toda ordem: econômico, político, etc. Mas o nosso interesse pertence a outra categoria - é mais humano - servir aqueles que nos ~ro curam ( •.. ); dar oportunidade; ser úteis."
7-Naquela perspectiva externa de que fala Vanilda Pereira
Paiva, o entusiasmo pela educação parece-nos que, além de pelo
humanitarismo, ele é produzido pelo desejo de ver o Brasil en
grandecido perante o mundo:
"Foi mesmo pensando na participação do Brasil no mundo de após guerra que nós nos reunimos ( •.. ). Como poderia o Brasil falar de compreensão, auxí lio mútuo, cooperação e 'confraternizaçio entre oi povos e na~ões sem ter para mostrar como exemplo a cooperaçao e confraternização no seio do povo brasileiro? ( . . . ). Pois bem, a Campanha do Gina siano Pobre,18 pondo em prática um ideal - tao profundamente humano e social ( . . . ) está preparan do para o Brasil, um lugar de destaque e de mêri to, no mundo de após guerra."19
"Mocidade! Sem cul tura e s em valores nunca tere mos uma grande Pátria. O sangue dos heróis, o t~ mulo dos mártires, a poeira gloriosa dos combatei que vencemos, nio bastam para que sejamos um gran de povo. Ao lado das chaminés fumegantes de noi sas fabricas, ao lado do glorioso Exercito de Ca xias e da Marinha de Tamandare, ao lado de nosso poderio econômico, devemos colocar a educação de nossa juventude."2o
16 NEGROMONTE, Romeu. O valor d~ uma obra social. Boletim da Campanha dó Ginasiano Pobre. Recife. 1 (IV) :2, julho,1944.
1 7
GO ME S, F. T. Opu s c i t. , . p. 4 4 .
18 Este foi o primeiro nome daCNEC. Em 1948 passou a denomi nar-se Campanha Nàcional de Educandarios Gratuitos (CNEG) e~ em 1969, foi adotada a atual denominação Campanha Nacional de Escolas da ComUüidade (CNEC).
19 SENA, Alcides RodriguE!s.~ A Ca.mpanha do Ginasiano Pobre e o Brasil no mundo de após guerra.. Boletim da Campanha do Gina siano Pobre. Recif~. t (tl)ll~2, maio, 1944.
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Os textos da época, na maioria escritos pelos estudantes,
levam-nos sempre ao entusiasmo pela educação vista corno instru
mento de ascenção social, capaz de construir uma sociedade demo
crática e solucionar todos os demais problemas da Nação. Tudo
nos indica que a principal característica da Campanha haveria
de ser entusiasmo pela educação movido pelo espírito humanitá
rio e por um idealismo capaz de levar ao sacrifício. 21 Ter-se-ia de trabalhar quase que em torno de uma "mi stica" que have
ria de trazer o grupo sempre coeso. Deste modo se organizaria
de maneira definida, observando-se nele apenas uma operaçao in
formal que caracterizava o seu esforço. 22 A forma jurídica p~
deria ou não ser empregada, uma vez que se achava na dependê~
cia de fatores como recursos materiais,especialmente os finan
ceiros, recursos humanos, bem corno da extensão, da duração des~
jada, etc. Verificaremos que o próprio grupo sofreu alterações,
sobretudo por ser a CNEC o tipo de organização que era. Uns a
deixaram, segundo podemos colher, por temerem o ambiente do Es
tado Novo i outros porque, sendo pobres, achavam que nao lhes eram adequados os caminhos da aventura, da audácia ou mesmo de
esperanças em que somente se encerrassem as suasi ou ainda ou tros que, amargurados e ressentidos, viveram dentro da CNEC de
origem e que, dominados por ideologias extremistas nela viveram
apenas "a tortura de uma ideologia que não podia se implantar,
nem se ajustar com a realidade brasileira e dentro de nosso gr~
nao encontrava eco. 11 2 3
21 Na capa do Relatório dos Primeiros Dez Anos de Lutas em fa
vor do Ensino Gratuito - Rio
qe
Janeiro, 1953, (Mimeografado~encontramos: "No Brasil só há um problema Nacional - A Edu cação do povo. (Miguel Couto)".
Em alguns exemplares d~ Estatuto da CNEC,em diferente~ anos, lê-se: "Quem não for id,ealista, aqui não entre".
22 No Relatório dos Primeiros Dez Anos de Lutas em favor do En
sino gratuito. Rio de Janeiro, 1953 (Mimeografado),p.l, lê--se: "Resolveram que não seria preciso diretoria: cada qual seria responsável pela Campanha do Ginasiano Pobre, nome es colhido para a organização. Todos lutariam para que o sonh~
se convertesse numa realidade, convencendo a todos que esta vam em marcha um gtupo de jovens que visavam um objetivo ele vado e novo na edtiêáçíio nacional."
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16
De um mo.do ou de outro, o fato
é
que, dos pioneiros, somente o idealizador e principal fundador ficou mesmo a frente
do movimento, conseguindo congregar outros elementos no Brasil
inteiro, "pela facilidade em se comunicar, pela sua energia, p~
la sua teimosia, nao apresentando, porém, urna metodologia, uma
ordem decorrente das exigências legais vigentes".2~ Talvez fos
se a inconsciência de que o que se estava formando se poderia
tornar algo que, junto aos sistemas educacionais, lhes servisse
de suplência ou lhes fosse complementar. A preocupação nos p~
rece ser a de que a CNEC não ha~eria de se tornar uma concorre~
te do Estado nem da iniciativa privada pois, destinando-se ao eg
sino secundário, como fez inicialmente, haveria de penetrar on
de nem esta e nem aquele houvesse chegado.
Deste modo, quando teve de se definir juridicamente e,
nao esquecendo o propósito inicial, percebeu que, de qualquer
maneira, teria de manter um tipo de relação como Estado que
tinha educação como a seu serviço, devendo
"reger-se pelo sistema de diretrizes morais, poli ticas e econSmicas, que formam a base ideo16gic~
da Nação e que, por isto estão sob a guarda,o con trole ou a defesa do Estado.,,25
Observando-se que a legislação do ensino no Estado Novo
permaneceu durante vinte anos, até 1961, com a promulgação da
Lei n9 4.024 de 20.12.61, podemos entender as providências de
elaboração do Estatuto da Campanpa, deixando oficial e legalme~
te expressas as suas finalidades, preocupando-se com os aspec
tos estruturais, destacando SUas operações especIficas com vis
ta à sua meta pd.ôritât'ia, considerando os papéis que as pe~
soas teriam de éÍesempenliar bem como o relacionamento dos grupos
2~ MENEZES, J.Q; O~us tti~~
p.
88-9.25
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entre si. E isto se deu por força de sua evolução da qual sur
giu a necessidade de examinar, nao só as suas relações internas
como de o fazer com relação ao modo pelo qual, de um lado, ten
tou influenciar o ambiente externo, de outro, se deixou por ele
influenciar, sobretudo quando, além de se dispor a cooperar com
o MEC na educação do País em geral e dos estados de maneira mais
específica, se propôs, para isto, receber as suas orientações.
Mediante as necessidades de uma Campanha que nasceu e co
meçou a crescer, especialmente tendo de cumprir as determina
ções legais, podemos ver também uma maneira de amenizar a situa
ção perante os concorrentes, usando de um artifício que envolve
reciprocidade que é o "ajuda-me que te ajudarei". Certamente
não foi da mesma maneira com que procurou agir junto às comuni
dades. Mesmo com a colaboração dada pelo Estado (que, aliás,
nao veio logo) faltavam-lhe ainda meios de garantir a manuten
çao das escolas por ela criadas. O voltar-se para as comunida
des no sentido de garantia daquela manutenção pareceu-nos um
passo importante a fim de que se definisse, de uma vez por to
das, a sua organização.
Os aspectos políticos, econômicos, sociais e educacio
nais de uma época, em um país, penetraram uma região, atingindo,
nos seus variados matizes, um organismo que surgiu numa locali
dade com a pretensão de se estender pelo Pais inteiro.
Por este motivo é que va~os estudar a CNEC em sua origem
e na fase de sua evolução em que objetivamos encontrar, no seu
crescimento, a justificativa de suas necessidades satisfeitas mediante o uso de processos que garantiram também a sua
nuidade.
1.2 --
dri§eM
@Prlmêira Fase
desua
Evoluçãoconti
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18
origem na cidade de Recife, Estado de Pernambuco, no dia 29 de
julho de 1943, quando alguns rapazes pré-universitários se reu
niram no terraço do 29 andar da Casa do Estudante de Pernambuco,
onde moravam, situada no Derbi, bairro residencial daquela cid~
de, para cuidar da fundação de um curso ginasial para o moço p~
bre. Dai o seu nome inicial de Campanha do Ginasiano Pobre.
A inspiração de tal idéia é oriunda da açao de Haya de
la Torre que, no Peru, em 1921, fundara as Universidades Popul~
res, na cidade de Lima, cujos estudantes, à noite, promoviam,
com sucesso, a instrução gratuita a outros cuja pobreza os imp~
dia de assistir às aulas regulares. 26 O conhecimento desta ex periência se deu através da leitura do livro El Drama de Ameri
ca Latina de John Gunther, feita na Biblioteca da Casa dos Estu
dantes de Pernambuco, por Felipe Tiago Gomes que foi o idealiza
dor e principal fundador da CNEC e que é hoje seu Superintende~
te nacional.
Nasceu como uma Campanha, como algo que traz um sentido
de esforço de emergência, a tItulo precário e provisório, tendo
à sua frente jovens estudantes, sem recursos financeiros ou ma
teriais de qualquer espécie, sem contar com relações sociais,
sem dispor do poder político, sem ter mesmo a idéia de como se
organizar para conseguir o que pretendiam, num ambiente de im
provização.
Os relatos de sUa origem e evolução deixaram-nos compreeg
der que o seu principa1
fator
fo't
a coragem e o entusiasmo da .queles jovens que, dafôrça do
seu ~dealismo, extrairam o neces sário para enfrentartodas
as barreiras, os reveses, as incom preensoes. Dà força dó SeU idealismo souberam i r extraindo todas as lições que a experiência vivida, a cada dia, lhes propo!:,
26 GUNTHER,
Jatir.
SI bfâJlUt dê Aaérie4 Latina, (iuside Latiu Ame•
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19
cionava e através das quais obtinham novas forças para a impla~
tação da obra desejada.
Não tendo os recursos necessários, utilizaram os de que
dispunham no momento para fazer crescer o que idealizaram: a p~
lavra fa~ada e a escrita. Esta teve como instrumento de prop~
gaçao o Boletim da Campanha do Ginasiano Pobre (CGP) , órgão de
difusão das idéias da Campanha e que penetrou em todas as Esco
las de Recife, informando os demais estudantes dos quais muitos
se deixaram por'elas influir, tornando-se colaboradores em sua
difusão e na formação do organismo que surgia. Deste modo as
notícias se espalharam pelo Estado de Pernambuco e atravessaram
suas fronteiras. 27 A palavra falada foi utilizada especialme~
te, com a fundação, por eles, do Teatro do Estudante de Pernam
buco. 2B Após as apresentações teatrais, eram levadas ao públ~
co mensagens de esclarecimento do sentido da Campanha e os con
vites de participação e ajuda. Com a palavra falada e escrita
os estudantes foram além: penetraram rádios e jornais, realiza
ram a Primeira Semana de Cultura Nacional de Pernambuco e assim
chegaram diante de intelectuais, de representantes do Estado,de
homens de negócio, do povo em geral, expondo-lhes o significado
da Campanha do Ginasiano Pobre, as dificuldades de levar adian
te a sua idéia e, para que isto ocorresse, a necess:idade de sua
compreensão e apoío. 29
Seu primeiro
passo,
portanto, foi a propaganda que fez27 Felipe Tiago Gêmes. nos narra como tudo se deu, transcreven
do, inclusive,
os
primeiros artigos e notlcias sobre a Campanha publicadôs em jornais de Pernambuco, da Paraíba e de Ala
goas, em seu 1ivto História da CNEG. Rio de Janeiro, 21 de
Julho Publicaçbés,
1965.
2B
o
Teatro do Esttiddhtei nàscido e criado como meio de difusioda idéia "Cenegi§t~jj; esteve na função até 1944, pois já em
abril de 1945l d~vidd àd §eu de8envalvimento, passou a ser um
movimento aufS~ofuo só~ a Drierttaçió dos Diretórios Acad~mi
cos e, posteriç~~ehtei sóti a direçio de Hermílio Borba Filh~
elevou-se âô nível dós me1hú'res do
PaIs"
(CNEG,Relatõrio dosPrimeiros
Hei
Ahbé de ttifas em Favor do Ensino Gratuito. Riode Janeiro, i~sjj;
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20
crescer o rumor em torno do movimento, levando a Campanha do Gi
nasiano Pobre ao conhecimento do público.
o
Sindicato dos Contabilistas de Pernambuco cedeu-lheuma sala para funcionamento do curso de admissão no qual os al~
nos, na maioria operários, assistiam as aulas de pe. Foi ,deste
modo, instalado o Ginásio "Castro Alves" no primeiro andar do
edificio .363, na Rua da Aurora, no Recife, um ano depois de ini
ciado o movimento.
Outro fato que nos pareceu importante no estágio de for
maçao da Campanha foi o trabalho desenvolvido pelos estudantes
para o reconhecimento do Ginásio "Castro Alves" pelo Ministério
da Educação. A sua narração nos indicou as dificuldades pelas
quais passaram os "moços do Recife" na cidade do Rio de Janeiro,
então Distrito Federal, não só pela falta de recursos financei
ros, mas também pelo desconhecimento do que era imposto pela l~
gislação vigente para o reconhecimento da Campanha e para inst~
lação e funcionamento de um ginásio. 3 o Malgrado a nao aprov~
ção do Ginásio "Castro Alves", acreditaIrOs ter havido vantagens
para o desenvolvimento da Campanha pelo conhecimento levado ao
público da sua existência, pela mensagem que os jovens levaram
às autoridades e "pessoas influentes" junto aos Ministérios, e.§.
pecialmente ao Ministério da Educação e, principalmente, pela
experiência adquirida e orientação recebida de como organizar
melhor o seu movimento e o Ginásio por ele mantido. O trabalho
visando o reconhecimento ou autorização para funcionamento do
I
Ginásio "Castro Alves" pelo Ministério da Educação teve duração
de dois anos e meio. Registramos, neste periodo, urna divergê~
cia entre os dirigentes da Campanha, culminando com a cisão dos
3 o GO ME S, F. T. Opu s c i t • j p. 51-6 .
Nesta ocasião ver1ficou~se p~la primeira vez, o aparecimento
de uma Diretoria dá Campanha do Ginasiano Pobre. Constituída
de: três Conselheiros, um Diretor do Departamento Artísti
co, um Diretor do Departamento de Finanças, um Secretário
do
Departamento de Propagandâ; um Diretor e um Relator do Bole
tim da CGP. Dei{ntti~~e o no~s do Ginisio, ao mesmo tempo e~
que foram escolhidos o seu Diretot, um Secretário, um Tesou
reito~ al~m de uma comissão de Sindicância.
11
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grupos. No entanto, ela nao sofreu solução de continuidade. En
tre outras atividades, destaca-se a realização da Segunda Semana
de Cultura que foi mui to aplaudida pelo público e pela impre;~
sa. O grupo remanescente se empenhou num trabalho que teve co
mo objetivo principal a autorização do Ginásio. Desta feita foi
devidamente preparada toda a documentação, de acordo com a Lei,
junto à qual se encontra uma declaração do Diretor do Colégio
(particular) Osvaldo Cruz do Recife que cedera, em turno notuE
no, o prédio do seu Colégio para funcionamento daquele Ginásio.
Finalmente, em 1946, foi obtida, pelos estudantes, a autoriza
ção de funcionamento do primeiro Ginásio, fruto da Campanha do
Ginasiano Pobre. Neste periodo realizou-se a Terceira Semana
Nacional da Cultura da CGP, ocasião em que se mudou o seu nome
para Campanha dos Ginásios Populares, pois este nome lhe empre~
tava a idéia de congregação de esforços do próprio povo pela sua
educação. Pouco tempo depois ela passou a denominar-se Camp~
nha dos Educandários Gratuitos .
A experiência do Ginásio "Castro Alves" fez o grupo des
pertar para uma Campanha de âmbito nacional e a decisão lhe veio
depois do encontro do estudante Felipe Tiago Gomes, em julho de
1947, com Clemente Mariani, então Ministro da Educação, que, ou
vindo a exposição do plano de criação de ginásios gratuitos em
todo país, prometeu incentivo e ajuda ao movimento. 31 Desta for
ma, o ano de 1948
màrcoü
o inIcio de expansão da Campanha.Parece quê
âquelé
grupo, ,ao se empenhar na utilização de certas estratigiá§/dOfi§c1anté
ou inconscientemente,disseminavauma idéia e/ou criava
um modelo
capaz de aplicação não somente em Recife e noEsta66
dePérnambuco,
mas em todos os Estados e territórios doBrâsil
iguaime1iW·
carentes de meios para atendi mento da demàmlâdd
~tis:ifi{j sec'undãrlo~ De que o seu Irovimento repercutira n8§ dtitt'ds êstaOOS: I não SE! tem a menor dúvida. A im31 Campanha ~j6i~~j1 d~ tdu~a~d~rio~ Gratuitos (CNEG). Relat~
rio doa Prini'êi'f&s Df!:it Àlioli dê' Lutas e. Fa"or do Ensino era
•
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22
prensa sempre se manifestou favorável e não encontramos traba
lho escrito que se lhe manifeste contrário. Consta dos relatos,
que houve por parte dos estados a procura de copiar o modelo ou
de o transpor de imediato. Em nenhuma de nossas leituras nem
nos documentos consultados, até hoje, encontramos qualquer ex
pressão que manifeste opinião contrária ~ expansão imediata da Campanha por parte dos que constituiam o grupo. No entanto, es
tá patente que, somente depois de cinco anos de experiência, es
te se manifestou favorável à expansão pela designação de um dos
seus membros como Delegado da Campanha junto às demais Unidades
da Federação. 32
Observam-se nas atitudes do seu Delegado, certas preoc~
paçoes na difusão e expansão do movimento que, certamente, re
presentavam uma atitude de todo grupo pioneiro. 33 Com efeito,
a nova fase no estágio de sua evolução acarretou à Campanha uma série de mudanças até chegar
à
definição de Campanha Nacional. Esta definição implicou num movimento de mudanças de metas, deestrutura, de relações entre a organização e o seu ambiente so
cial, sobretudo com a criação de liames mediante a penetração,
no seu quadro, de novos elementos e a sua penetração em
ambientes.
novos
Não
é
sem razão que, nesta época, Lourenço Filho,Diretor do Departamento Nacional de Educação, recomendou ao representagte da Campanha, a elaboração do seu Estatuto em âmbito nacional.
De acordo com esta recomendação, no período de 17 a 22 de dezem
bro de 1948,
na
rua Barão de são Borja, nQ 237, sede do GinásiO"Castro Alves!' i em Recife-Pe, realizou-se o I Congresso Nacio
nal da Campanha de Educandários Gratuitos. Contou com a preseg
ça de Nelson Chàves; Secretário da Educação e Saúde do Estado
de Pernambuco, de Valdemir Miranda, representante do Ministro
da Educação, além
de
representantes de Pernambuco, Paraíba, Pa32 Este delegâdo foi Felipe fisgo Gomes, conforme CNEG, Relató
rio dos Dez ~tt~~1r~~ AfiO. de Lutas em Favor do Ensino Gra tuito. Rio de Jarieifô; 1993. p. 10. Mimeografado.
33 íbtd~ni;
p.
il:...S.•
•
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lO
•
raná e Bahia. Nesta ocasião foi aprovado o Estatuto da Camp~
nha que passou a se chamar Campanha Nacional de Educandários Gr~
tuiros (CNEG), com sede em Recife, constituída dos seguintes óE
gaos: Congresso Nacional, Diretoria Nacional e Conselho Fiscal
Nacional. Felipe Tiago Gomes permaneceu Delegado da CNEG junto
aos demais Estados, ao Distrito Federal e aos Territórios.
Os seus fins se expressaram nos seguintes itens do Capi
tulo 11, art. 49 do Estatuto:
a) Colaborar com o Ministério da Educação e órgãos com
petentes estaduais e receber dos mesmos a necessária
orientação.
b) Difundir o ensino e fornecer material didático gr~
tuitamente às classes menos favorecidas.
c) Fundar educandários gratuitos em todo território na
cional.
d) Assegurar assist~ncia social aos educandos.
e) PromOver pesquisas de interesses educacionais.
f) Fundar bibliotecas e 'órgãos de caráter
educacional.
cientifico-I
gl Interceder
junto
a qualquer órgão do poder pUblico no sentido deobter
financiamento, verbas para manu tenção dá Campanha.O Congresso
Nacional da
CNEG tornou-se seu órgão sober~no, com atribuiçdes para j;êSOlver todos os negócios sociais, to