Algumas Considera~oes Sobre Ensino e Aprendizagem
na Disiplina Laboratorio de Eletromagnetismo
ConsiderationsAboutLearningandTeahingintheEletromagnetismLaboratory
J.Humberto Dias daSilva
FauldadedeCi^enias,Departamentode Fsia
UniversidadeEstadual Paulista,CEP17033-360, Bauru,SP
Reebidoem8demaio,2002. Aeitoem26desetembro,2002.
Baseados por um lado em avanos oneituais reentes das pesquisas em ensino de i^enias, e
por outro emnossa experi^eniadoente, propomosalgumas reex~oes sobreas pratias de ensino
e aprendizagem na disiplina Laboratorio de Eletromagnetismo. Apresentamos e interpretamos
resultadoseomentariosdosestudantes,osquaisforneeramelementosparaaanalisedaefetividade
depropostasdenovoenfoqueparaestadisiplina.
Basedonreentresearhinsieneeduation,andonteahingexperiene,weanalyzethelearning
andteahingproessintheEletromagnetismlaboratoryforundergraduatephysisstudents.Data
andreasoningobtainedfromtheanswersofsomegroupsofstudentsare usedtohelptheanalysis
oftheeetivenessofthehangesproposedinthisphysislaboratory.
I Introdu~ao
Professores e pesquisadores da area de ensino de
i^enias geralmente imputam grande import^ania ao
espaodeaprendizadodefsiaoorridonasdisiplinas
experimentais [1,2,3℄. Aparentemente tambem existe
um onsenso entre doentes e estudantes de que deve
haver mudanas na maneira tradiional de se
enfo-ar estas disiplinas [1,4-7℄. Apesar disto ha relatos
de que esta import^ania delarada algumas vezes e
mais quest~ao de postura que de pratia efetiva [5,8℄,
etambemhaobserva~oesrtiasarespeitodoreal
be-nefioqueestasdisiplinaspossam trazeraoproesso
deaprendizadodosestudantes [9℄.
A disiplina Laboratorio de Eletromagnetismoe a
primeiradisiplinaexperimentaldaparteespeaque
os estudantes dosursos deFsia realizam. Nela,em
prinpio, os estudantes t^em espao propio para
re-alizar experimentos um pouo mais detalhados sobre
o EletromagnetismoClassio. Os experimentos
geral-mente apresentamummaiorgraudeomplexidadeem
rela~ao aosexperimentos dasdisiplinasbasias. Esta
esolha de maior omplexidade neste ponto do urso
baseia-se na hipotese, nem sempre orreta, de que o
grau de maturidade e entendimento do estudante
po-dem alanar esta omplexidade [6,10℄. Esta e uma
quest~ao que meree uidado, pois orremoso riso de
oloaroestudante em umemaranhadoexperimental,
profundo sobre os oneitos que queremos trabalhar.
Istoeespeialmente valido quando tratamos das
tur-mas dos ursos de Lieniatura em Fsia, pois alem
dese defrontarem omquest~oes relativasao onteudo
espeo, estes estudantes tambem est~ao viveniando
proedimentospratiosdeensinoemdisiplinas
experi-mentais. A tend^enia dereproduzirestes
proedimen-tos pratiosposteriormente om seusfuturos alunose
grande.
Baseados por um lado em avanos oneituais
re-entes das pesquisas em ensino de i^enias, e por
ou-troem nossaexperi^eniadoente junto aosestudantes
doCursodeLieniaturaemFsiadaUnesp-Bauru,
onvidamosdoentes eestudantes de Lieniatura em
Fsia, para reetirmos sobre alguns aspetos
relaio-nadosaosproessosdeensinoeaprendizagemna
disi-plinaLaboratoriodeEletromagnetismo,tentando
ana-lisaroquepoderiasermudadonestaspratiasparaque
hajamelhoraproxima~aoentreseusobjetivosde
apren-dizagemeosresultadospratiosobservados.
II Repensando alguns aspetos
Nas pesquisas realizadas durante as tr^es ultimas
deadassobreoaprendizadodei^enias pode-senotar
onsensosobre pontosimportantespertinentes ao
mento oneitual, em vez de simplesaresimo de
no-vas informa~oes [11℄, ou de simples substitui~oes de
onep~oes existentes por novas [12℄.
Desenvolvimen-tos mais reentes [2,5℄onsistem em resgataralgumas
propostaspioneirassobreotema[3℄dandoumenfoque
investigativoaspratiasdelaboratorio.
Estaspesquisas apresentamfortesimplia~oespara
aspratiasemsaladeaulapormudaremaonep~ao,
adotadamuitasvezes,dequeaspratiasdelaboratorio
devam ser merasilustra~oes dateoria. Quando
abor-dados por este prisma os experimentos realizados
ad-quirem umaorienta~aorgidaedogmatia[2℄,naqual
oriteriode verdade eporexel^enia odaautoridade
da teoria, do doente, e do livro-texto. Segundo este
ponto devista osexperimentoss~ao usadospara
veri-ar se existe oun~ao uma onord^ania dosresultados
om a teoria, e, n~ao raro, quando existe a negativa,
arma-se queoexperimento deveserrepetido ateque
seonsigaoresultado\adequado".
Em ontraposi~ao a algumas propostas de que os
experimentos neste nvel devam neessariamente
im-pliar em um alto grau de omplexidade, observamos
que, neste aso, a probabilidade de termos um
enfo-queteniistadoproblemaapresentadoegrande,
on-formeapontadoporSalinas[2℄,Sebastia[4℄eWhite[9℄.
Osobjetivosdesta disiplinan~aos~ao prioritariamente
tenios. PreferimosapropostadeNedelsky[3℄deque
afun~aoentraldoslaboratoriosdefsiaedarao
estu-danteaoportunidadedeexplorarosvariosaspetosda
rela~aoentreadesri~aofsiadarealidadeeapropria
realidade, aresidadosaspetosmotivaionaisanvel
deexperi^eniapessoaledetrabalhoemgrupos[8,9,10℄.
Quandoosexperimentoss~aodemasiadamente
om-plexos n~ao ha tempo para o estudante reetir e
ana-lisar em detalhe o problema proposto. Nestes asos
osgruposdeestudantes aabampassando diretamente
a exeu~ao do experimento, a qual e geralmente
des-ritaemetapasbemdenidaspeloprofessor,semantes
teruma no~aolaradoseuproposito. Osaspetos
ne-gativos deste tipo de pratia tambem s~ao observados
poroutrospesquisadores[4,6,9℄. Nesteasojarg~oesdo
tipo\o experimento mostrou-se de aordoom a
teo-ria", sem que nenhum espao para levantar hipoteses
tenhasidopropiiado,muitopouoaresentamao
en-tendimento dos estudantes sobre os aspetos fsios e
tambem sobre o aspeto da natureza da i^enia que
estasendo\testada".
Desta maneira, podemos onsiderar que os
prini-paisquesitosparaesolherosproblemasexperimentais
aseremabordados s~ao aquelesde proporionaro
ade-quado tema e o adequado nvel de hipoteses a serem
testadas, deaordoom oestagio dedesenvolvimento
III Uma proposta baseada no
proesso investigativo
A partir das onsidera~oes sobre osproblemas
levan-tados aima, foi possvel elaborar uma proposta para
adisiplinaLaboratoriodeEletromagnetismodourso
deLieniaturaemFsiadaUnesp-Bauru. Nesta
pro-postaadaexperimentofoidivididoemtr^esetapas. Na
primeira etapa um problema aberto, tema do
experi-mento,eapresentadoaosestudantesamdepromover
sua reex~aosobre o tema. Oresultado dasideias que
surgemduranteestareex~aoeanalisado,emlasseeem
reex~aodoprofessoraposaaula. Nosegundomomento
uma proposta de experimento, elaborada pelo
profes-sorsobreomesmotema,eapresentadaaosestudantes.
Nesta proposta levamos em onsidera~ao, e tentamos
proporomohipoteses,algumasideiaslevantadaspelos
estudantes nomomento anterior. A analise dos
resul-tados, a exposi~ao das disuss~oes, e o fehamento de
algumasonlus~oessobreoexperimentopropostopelo
professor,erealizadaemsala,naultimaetapa.
Nestaproposta,osaspetosdeinvestiga~aodo
tra-balhodelaboratorionosentidopropostoporGilPerez
[5℄s~aoenfatizados. Resumimososprinipaispontosda
propostaem:
i) Proporsitua~oes-problema em vez de experimentos
fehados.
ii)Analisar,aproveitar,evalorizaraspropostasdos
es-tudantes,oloando-asquandopossvelomohipoteses
aseremtestadas.
iii) N~ao menosprezar nesta disiplina o potenial
didatiodeexperimentossemi-quantitativosque
envol-vamaaplia~aopratiadiretadeoneitos,propiiando
terrenoadequado paraodesenvolvimento oneituale
dashabilidadesdosestudantes.
iv)Permitirqueosestudantestenhampropostassobre
amaneiradeenararoproblemafsioedeexeutaros
experimentos.
v) Propiiar oopera~ao e integra~ao dos grupos na
solu~ao dosproblemas apresentadose na analise
ole-tivadosresultadosobtidos.
IV Exemplos de aplia~ao
Para ilustrar, vamos apresentar aqui dois
experimen-tos realizados na disiplinadurante oprimeiro
semes-tre de 2002. Apresentamos os experimentos om
pe-queno grau de orienta~ao propositalmente, para n~ao
inorrer no erro de propor experimentos totalmente
direionados. Sob este ponto de vista vamos
anali-sarquebenefios experimentosquantitativosou
semi-quantitativospodem apresentaraosestudantes.
Noprimeiro exemplo propusemosum experimento
paramedir omomentomagnetiode umabarra
iman-tada. Algunspontossobreaapliabilidadequeo
onhe-imentodomomentomagnetiopossaternootidiano
i-de equipamentossonoros, eas abeas degrava~ao de
taseart~oesmagnetios. Nenhumequipamentoe
tra-zidoaolaboratorio,apenasapequena barrailndria,
objeto da proposta. Assimosestudantes s~ao
onfron-tadosomoproblema,eaposumintervalogeralmente
pequeno dematura~ao,algumas propostasomeama
surgir,edesenadeiamuminteressanteproessode
pro-postasondeosestudantesaabammostrandomuitasde
suas onep~oes arespeito dotema. Estas onep~oes
podemsertrabalhadasnomomentoemques~ao
expres-sasetambemnaaulaseguinte. Nestaetapaaintera~ao
que oorrenosgruposefundamental para oproesso.
A partirdas quest~oes levantadas pelos grupos, o
pro-fessor atento pode expor em sala rios aspetos
asso-iados a historia da i^enia, ao onheimento formal,
e a aplia~oes pratias da disiplina. Algumas vezes
istoedifil derealizarnoinstante emqueasquest~oes
apareem.
E importante queospontos levantados
pe-los grupos tambem sejam onsiderados pelo doente
durante a semana que preede a realiza~ao do
expe-rimento, paraseremretomadosem melhoresondi~oes
naaulaseguinte.
Aspropostasdosestudantespara realiza~aode
ex-perimentos para medir o momento magnetiode uma
barraforaminteressantes. Porexemplo,podemositar
a proposta deuma equipe quesugeriu aoloa~ao da
barrinhaem^anguloomoampodeumgrandeim~aem
formadeU,emumeixoperpendiularaoampo,para
realizarmovimentoosilatorio. Omomentomagnetio
seriadeterminadoapartirdafrequ^eniadeosila~ao.
No esquema, reservamos o segundo par de aulas
para tentar promoveroletivamente uma evolu~aodas
representa~oes anteriormente apresentadas. Isto foi
feitopartindodosoneitosapresentadospelos
estudan-tes,enfatizandonapropostadeexperimentoospontos
queapresentaramoneitosaseremtrabalhados. Uma
das possibilidades e introduzirmos alguns dos
onei-tos omo hipoteses de veria~ao napropostados
ex-perimentos [5℄, de maneiraque amudana oneitual
possasertrabalhadadeformamaisnatural,sem
nees-sariamenteenfoarmosoonitoentrearepresenta~ao
previadoestudanteeooneitoaeitodentrodateoria
estudada. Istopropiiaumaraterdeinvestiga~ao ao
proessodeaprendizagem,nosentidomaisdiretamente
propostoporGilPerez[5℄,masquetambemeapontado
omoaltamente beneoporoutrosautores[2-4,6,9℄.
Propusemosaosestudantesoexperimento
quantita-tivolassiodamedidadomomentomagnetiodeuma
barra usando uma balana de tor~ao e um solenoide.
Neste experimento um ampo magnetio ausado por
orrenteontnuaqueperorreosolenoideprovoaum
pequeno torque na barra, o qual e equilibrado pelo
torque me^anio de uma balana de tor~ao. Com a
devida alibra~ao e a onsidera~ao de fatores omo o
ampomagnetioterrestre, oomprimento (nito) do
solenoide, e a orreta triangula~ao para obten~ao do
^
angulo deequilbrio,oexperimento pode serrealizado
omumerroem tornode2%.
aliza~ao por parte dos estudantes. A prinipal
di-uldade foi identiar orretamente os varios ^angulos
quedevemserusadosnaexeu~aodoexperimento. Ha
^
angulos envolvidos na alibra~ao da balana, entre o
eixo do solenoide e o eixo do im~a, o ^angulo de
de-ex~ao da balana ao apliar o ampo magnetio, e o
^
angulo interno do solenoide, quando onsideramos a
aproxima~ao de solenoide nito. Houve diuldades
tambemnadetermina~aodo^angulo dedeex~aoa
par-tir de triangula~ao do feixe de laser. Com esta
om-plexidade o tempo de duas horas foi esasso para a
realiza~aodo experimento ealgumas equipesoptaram
por retornar em horarios diversos para
omplementa-remoutomaremnovosdados. Umdetalheimportante,
quando o tempo permite, e numerar algumas barras
e pedir para que os varios grupos meam ada uma
delas, identiando-asom asmedidas. Istoe
impor-tanteporpossibilitaraompara~aoentreosdadosdos
variosgrupos,epermitirqueotestedashipotesesseja
feitoomtroadeinforma~oesedebatesintermediados
entre grupos. Assim,osestudantes enontramespao,
inexistentenamaioriadaspropostas,paraexpliarsuas
hipotesesedebatersuasideiasoletivamente. Este
pro-essoerio eontribuidemaneirasigniativaparao
suessodaproposta.
Apesar das propostas e disuss~oes interessantes
oorridas, o resultado da analise neste experimento
muitas vezes se perdeu na omplexidade tenia dos
dados. Porestemotivooptamosaqui poranalisar em
maior detalhe os resultados obtidos no experimento
semi-quantitativo, apresentado a seguir. N~ao
propo-mos om isto o abandono de propostasquantitativas.
Poremeimportante n~ao enfatizar demasiadamente os
aspetosquantitativosdosexperimentosemdetrimento
deoutrosaspetosigualmente importantesrelativosao
aprendizado.
Paraitar umexperimento semi-quantitativo
utili-zado na disiplina, reorremos a determina~ao de
su-perfies equipoteniais e ampos eletrios em
geome-triasdiversas.
Oproblemaoloadofoi: Comoosamposeletrios
podem sermedidos napratia? Queexperimentovo^e
fariaparamedirosamposeletriosemapearas
super-iesequipoteniais?
Vejamosiniialmentealgumaspropostasfeitaspelos
estudantes:
Grupo A - \oloamos um dipolo eletrio
onhe-ido numampoeletrioujomodulodesejamos saber.
Atraves do torque provoado no dipolo, podemos
al-ularo modulo de E. Isto pode ser feito usando uma
balana de tor~ao,de maneiraanaloga ao experimento
anterior".
Comentario: esta proposta india que o
experi-mentosobremomentomagnetiofezpartedabagagem
dosestudantes noexperimentoseguinte. Uma
interes-sante assoia~aoentre omomento magnetiodabarra
eo momento de dipolo eletriofoi realizada, sem que
profes-oneitual,osestudantesn~aopereberamqueelaseria
dedifilrealiza~aopratia,poisn~aosepodemanter
fa-ilmente dipoloseletriosparaserviremde prova,
on-trariamente ao queoorreom osdipolos magnetios.
Alemdissoapropostaaparentementen~aolevaem
on-sidera~aoavaria~aoespaialdoampo,eoonsequente
esforodetomadadedadosqueteriaqueserempregado
para um mapeamento adequado do ampo. Estes
as-petos pratios negativos n~ao diminuem entretanto o
interessedaproposta.
Grupo B - \riar um ampo eletrio uniforme em
umadeterminada regi~ao. Issopode ser feito atraves de
plaas paralelas" (apresentam gura de geometria de
plaasparalelas,eduasargasnegativas oloadasem
planoparaleloasplaas,omlinhasdeampo
orreta-mente desenhadas). \Se oloarmos duas argas
pun-tiformes iguais a uma dist^ania l da plaa arregada
positivamente, havera uma fora exerida pelo ampo
eletrio E nasduas argaseestasreeber~aoumaerta
aelera~ao eveloidadeomo mostraagura".
Ilustra-ram omvetoresF ev oloadosem uma dasargas
negativasedirigidosparaaplaapositiva.
Comentario: notamos que duas argas foram
uti-lizadas, provavelmente para denotar a onst^ania do
ampo. Observamosqueaquitambemaonst^aniado
ampo foi assumida. N~ao expliitaram omo as
gran-dezasmenionadasseriammedidas.
GrupoC-Apresentamumaguraondeaparte
ex-ternadaesferadeumgeradorVandeGraaeligadaa
umaplaaplanaqueseenontranumaubaomoleoe
gr~aos defarinha. Existeoutra plaaparalelanauba,
porem nada esta onetado aesta. As plaas est~ao a
uma dist^ania maiorqueseuomprimento. Linhasde
ampo(n~aouniforme)foramdesenhadasorretamente,
poremasequipoteniaisforamdesenhadasomolinhas
paralelasasplaas. \liga-se opositivo do Vande
Gra-aemumdoseletrodos. Basiamenteomistopode-se
veraslinhasde ampo,eassim, jaepossvelimaginar
assuperfies equipoteniais sabendo-sequeasmesmas
s~ao perpendiulares aslinhas doampoeletrio.
Pode-mos pereber que o ampo eletrio e mais intenso na
regi~ao onde ha maior onentra~ao dos gr~aos de
fari-nha, ou seja, proximo aos eletrodos. Nisso tudo
on-siderando que osgr~aos de farinha n~ao adquirem arga
no ontato om olquido (oleo). Uma possvel medida
paraoampoeletrioseria tirarumafotoda forma~ao
daslinhasde ampoeontarosgr~aosdefarinha numa
determinadaregi~ao,eomissoalularadensidadepor
entmetro ubio. Amesmadeveradiminuiramedida
quenos afastamos dasplaas".
Comentario: os estudantes utilizaram um
experi-mentodemonstrativoapresentadoaelesnolaboratorio
basio (Laboratoriode Fsia GeralIV), e
aresenta-ramointeressanteproessodefotografaremedira
den-sidadedegr~aosparaestimarovalordoampo. A
pro-postaeinteressanteosuienteparapossvelutiliza~ao
omo hipotese a ser investigada no experimento
pro-posto pelo professor. Infelizmente n~ao dispomos dos
ompara~ao entre os valores de ampo determinados
desta maneira e os valores medidos no experimento.
Nota-seaontradi~aoentreaarma~aodequeas
equi-poteniaisdeveriamserperpendiularesaoampoom
odesenhodasequipoteniaisparalelasasplaas. Esta
foi umadasraraspropostasquelevaram emonta
va-ria~oesespaiaisdoampo,enquantonosoutrosgrupos
foi observada uma tend^enia lara den~ao selevarem
ontaestaspossveisvaria~oesespaiais.
Naaula seguinte, orrespondente a segunda etapa
do experimento, propusemos um experimento para o
mapeamento das superfies equipoteniais utilizando
uma ubaom agua, dois eletrodos deformas a
eso-lher(pelo menostr^espares),umafonteparapolarizar,
eumvoltmetrodigitalparamedirasdiferenasde
po-tenial. Algumasinstru~oesforamdadasparagarantir
um mapeamento adequado das equipoteniais. O
in-tuito era propiiar ondi~oes para que os estudantes
\vissem" o ampo a partir das equipoteniais, tendo
apossibilidadede testarvariosaspetospresentes nas
suasonep~oes. Nasequ^eniaapresentamosalguns
re-sultadosdasinterpreta~oesdosgrupos:
GrupoA -Relataramqueoampodeveria ser
pa-raleloaoeixo queuneuma plaaaumaargairular
pequena (identiada poreles omopuntiforme),
ape-sardeteremaluladooampoutilizandoasdist^anias
perpendiularesasequipoteniais.
Grupo B - Esperavam que as superfies
equipo-teniais para asimula~aode um dipolo fossemesferas
on^entriasomosentrosdospolos.
GrupoC-Utilizaramnadetermina~aodosampos
apenasaslinhasentraisdesimetrianastr^esgeometrias
esolhidas(duasplaas,plaaeponto,doispontos).
Emnossaopini~aooprinipal ponto relaionadoao
onheimento espeo deste experimento foi tratar
om os estudantes o oneito de gradiente, e a
on-sequenteliga~aoentrepotenialeampoeletrio.
Ana-logiasomsitua~oesdemapeamentotopograode
re-levos, levou-os a um melhor entendimento das urvas
equipoteniais,permitindoquealulassemomoduloe
indiassem orretamente a dire~ao e o sentido do
ampo usando as equipoteniais traadas. Antes
desta fase, os estudantes itam a rela~ao E=
-grad (V) no orpo do relatorio, porem pouqussimas
vezesonseguiram indiar, apartir dasequipoteniais
obtidasnapratia,umamaneiradealularE usando
esta rela~ao. Isto quer dizer que o doente que
pro-ponhaqueoampoeletriosejaaluladousandoesta
rela~aoem umroteirode experimento, pormelhor
in-tenionadoqueseja,estaperdendoumagrande
oportu-nidadededeixarqueoestudanteaprofundeseus
onhe-imentos,pensandoeleproprioestamaneiradeenarar
oproblema.
Esteultimoexperimenton~aoapresentaasvantagens
quantitativas do primeiro, e talvez alguns professores
possamaha-losimplesdemaisparaumLaboratoriode
Eletromagnetismodotereiroano. Porememtroado
asuarealiza~aoeumvoltmetro,queatualmentepode
seradquiridoabaixo ustopor umaesolaouque
tal-vez possa serenontrado entre as ferramentas de
tra-balho de um estudante om pai eletriista. O
experi-mento pode ser realizado utilizando-se omo fonte de
tens~aoumabateriade9V,ouumonjuntodepilhasde
lanterna. Atravesdaslinhasequipoteniais
bidimensio-naistraadasoestudantepodedesobrirarela~aoentre
potenialeampoeletrio, exempliandoesteultimo
om uma maneira onreta, ate ent~ao provavelmente
desonheida. Coloados em quest~ao antes do
experi-mento se o ampo eletrio tinha uma exist^enia real
ou seera meraabstra~ao, osestudantes,mesmoneste
grau,aramemsuamaioriaindeisos,eoptaram
mui-tas vezesporonsiderarqueoampoeraapenas uma
entidade\teoria" quen~ao onseguiramosexpressa-lo
deumamaneirapratia.Entreosqueresponderamque
o ampo possua uma exist^enia real, muitos
desre-veramo experimento omargas para testa-lo
\solta-se uma arga om massa onheida e mede-se a
ae-lera~ao". Poremquandoindagadosarespeito deomo
seria possvelsaberseoamposeria onstanteoun~ao
naquelaregi~aodoespao,nenhumfezmen~aoaalguma
maneira de mapear o ampo. Segundo nosso
enten-dimento este experimento, embora semi quantitativo,
apresenta um real valor no ontextoda disiplina por
ilustrar de maneira metodologiamente simples uma
grandeza fsia muito importante para a forma~ao do
estudante.
V Comentarios dos estudantes
sobre a proposta
Durante odesenvolvimentodadisiplinaosestudantes
zeram varios omentarios sobre as modia~oes
pro-postas para a disiplina. Com o intuito de entender
omo a proposta foi reebida pelos estudantes,
apre-sentamosaquialgunspontos queonsideramos
impor-tantesemseusomentarios.
Aoonheerapropostadadisiplinaenosprimeiros
experimentos houveduvidasquanto ao que se
preten-dia que fosse relatado, e quanto ao riterio que seria
usado nas orre~oes dos trabalhos, em alus~ao lara a
preoupa~ao om rela~ao aos riterios de avalia~ao a
seremadotados.
Durante a realiza~ao dos primeiros experimentos
houve um desonforto iniial em rela~ao aos
proedi-mentos aseremutilizados nosexperimentos propostos
pelo professor, pois apesar de que os objetivos, e ate
ertopontoosmeanismosprinipais aserem
onside-rados foram estabeleidos, outros pontos foram
deixa-dosemabertonoexperimento,entreelesametodologia
deaquisi~aoeinterpreta~aodosdados.
Estasdiuldadesiniiaisforamsuperadasdurante
o deorrer do semestre, e em nosso entender
on-triburam para desenvolveruma maiorautonomia dos
estudantesfrente asitua~oesexperimentais. Conforme
iniiaiseosavanos daautonomiaobservados, podem
seratribudosemparteamelhorestrutura~aodos
gru-posomodeorrerdotempodeintera~ao. Estamelhor
estrutura~aopodeauxiliarnoestabeleimentodea~oes
ooperativasque ontribuem para asupera~ao das
di-uldadespratias.
A possibilidade deaproveitarmelhorsuasproprias
ideias foram pontos importantes sobre os quais os
es-tudantes zeramomentariosemvariasoportunidades
manifestandolaraaprova~ao. Emnossaavalia~aoeste
eumdosprinipaispontosfavoraveisdaproposta:
pro-piiamotiva~ao eenvolvimentodosestudantesno
sen-tidodeutilizarosonheimentosdisponveispara
abor-darsitua~oespratias. Troas deinforma~oesentreos
membrosde adagrupoeentreosgruposdaturma,e
aintermedia~aodoprofessorforamfavoreidasde
ma-neiranaturalnestadin^amia.
Umadiuldaden~aolaramenteperebidapelos
es-tudantes,masexternadaemseusomentariosemvarias
oasi~oes, foi a de onsiderar a proposta do professor
omosendoaunia \orreta"edetentaravaliar a
va-lidadeou n~aode suapropostapelasemelhana oma
propostadoprofessor. Talposturadosestudanteseum
problemareal deste tipode propostae neessita uma
aten~ao espeial do professor que se prop~oe a
imple-menta-las. Estaeumaonsequ^enianegativade
meto-dologiastradiionalmente oloadaspara o estudante,
equemereeinterven~oesuidadosasdoprofessor.
Apesar da grande import^ania imputada por nos
aspropostas dosestudantes, oenvolvimento posterior
dosgruposomsuaspropriaspropostasn~aofoigrande.
Atribumosistoem parteadiuldademenionadano
paragrafoanterior etambem afailidadedos
estudan-tesemmodiaremsuaspropostasapartirdo
onhei-mentodenovosdados,oudeobje~oesonsistentesque
possamserlevantadassobreseusargumentos.
VI Considera~oes nais
NestaabordagemdoLaboratoriodeEletromagnetismo
os estudantes tiveram a oportunidade de fazer uma
propostade experimento, deanalisar osresultados de
experimento proposto pelo professor, e de fazer uma
analiseomparativaentresuapropostadeexperimento
eaquelepropostopeloprofessor. Entretanto,o
experi-mento realizadoainda n~aoeverdadeiramenteuma
in-vestiga~ao proposta pelo grupo de estudantes, e sim
uma investiga~aodirigida. Apesar distoexiste espao
para quealguns aspetospropostosdiretamente pelos
estudantessejamenfoados: seoexperimentoproposto
pelo professor ontiver hipoteses de veria~ao
relai-onadas aspropostasas representa~oes previas dos
es-tudantes, muitas das quais manifestaram-se na etapa
iniialdeproposi~ao,umdosimportantesobjetivosda
disiplinaseraatingido[3,5℄.
Nesta disiplina e importante termos em onta
omplexi-tempo dediado areex~ao sobre os oneitos e
inter-preta~aodosresultados,podeinfelizmentelevara
pou-osavanosnadire~aodesejada,ousejaaoefetivo
apro-fundamento do entendimento dos oneitos por parte
dosestudantes. Esteeumaspetonegativo,poisalem
doentendimento espeoda disiplinaosestudantes
delieniaturaest~aoviveniandoexemplosdosproesso
de ensino e aprendizagem e dos relaionamentos em
grupo[8,9,10℄apliadosasolu~aodesitua~oespratias
Opapeldosgrupos,oqualjatemsuaimport^ania
em abordagens tradiionais de disiplinas de
labo-ratorio, e fundamental para o suesso deste tipo de
proposta. Aintera~aoentreosmembrosdeadagrupo
e entre gruposfoi espeialmente produtiva durante as
proposi~oesdosestudantes. Nestemomentohouveuma
forteintera~aoentreosmembrosdeadagrupo,euma
abertura muito maior que a normalmente observada
para a media~ao busada junto ao professor. A
me-dia~aodoprofessoroorreuprinipalmentequando
al-gummembropropunhaumexperimentoaogrupoe
ten-tavaexpliarbaseadoemseuentendimentodos
onei-tosfsios.Aspropostasejustiativasgeralmente
au-savamquestionamentos,troaeonfrontodeideiasom
osolegas. Istotambempromoveudemaneiranatural
opapeldoprofessoromo mediadordasdisuss~oes.
A diuldade rotineira de ontarmos om menos
tempodoquegostaramosfoipotenializadanesta
pro-posta. Para tratar da profus~ao de ideias, que oorre
quando deixamos um problema aberto para
onsi-dera~aodosgrupos,eneessarioumintervalodetempo
geralmente n~ao disponvel nas propostas tradiionais.
Paratentarsuperarestadiuldadefoiadotadoo
pro-edimento de deixaruma semana para ada uma das
tr^esetapas: propostas, realiza~ao, e disuss~oes (a
dis-iplina e ofereidaem duas horas semanais). Isto
im-pliaqueummenornumerode experimentospodeser
tratado (em geral 4a5 por semestre!). Poremo fato
de termos realizado menos experimentos n~ao signia
quetenhamosabordadoumnumeromenordesitua~oes
pratias e tratado menos temas experimentais, alias,
tem-se a impress~ao lara de que oorre justamente o
oposto. Pelaspropriasrespostaseatitudesdos
estudan-tes,nospareequeomestaabordagemestamosmais
proximosdosobjetivodolaboratoriodidatio:
promo-veraoportunidadeaoestudantedeonfrontarseus
on-eitossobreafsiaomoresultadodosexperimentos,
ederepartirsuasonep~oesomosoutrosestudantes
eomoprofessor[5,8,9,10℄.
O fato de podermos abranger os itens prinipais
da proposta em maior ou menor grau em ada
expe-rimento, justia a diminui~ao do numero de
experi-mentos que podem ser trabalhados na disiplina pelo
aumento da efetividade em que ada topio e
traba-lhado. Alemdisso,pelariquezadetroadeexperi^enia
que proporionam, podemos dizer que aoinvesde
re-duzir o numero de temas abordados (om a redu~ao
donumerodeexperimentos)onumerodetemas
abor-dados na disiplina e ampliado, pois ha espao para
sedisutiraspetoshistorios,aplia~oeseabrang^enia
dosoneitos.
Longe de representar uma proposta fehada, este
onjunto de ideiaseumonvite adoentese
estudan-tes delieniaturaareetiremsobre oaprendizado no
LaboratoriodeEletromagnetismo.
Agradeimentos
Agradeo aos estudantes do urso de Lieniatura
em Fsia da Unesp - Bauru, e aos Professores
Eli-zabeth Barolli e Fernando Bastos, pelas interessantes
disuss~oes, ao MestreJulio Cesar Ribeiro, ujo
traba-lhodeorienta~aomelevouarepensar minhasproprias
pratias de ensino, e a dois estimados professores de
fsia experimental Jorge Ivan Cisneros e Curt Egon
Hennies, do IFGW - Uniamp, que me propiiaram,
enquanto estudante, o gosto pelas disiplinas
experi-mentais.
Refer^enias
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