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O consumo de drogas entre os estudantes adolescentes.

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Academic year: 2017

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o

CONSUMO DE DROGAS ENTRE OS ESTUDANTES ADOLESCENTES

DRUG A�UÇE AMONG -ROM THE ÇEJENTH AND EIGHTH ÇERIEÇ ITUDENTÇ IN THE ClN O- AL-ENAÇ

Denis da Silva Moreira 1

R ESUMO: Este tra b a l h o d e p e s q u i s a a borda os a s pectos rel a c i o n a d o s a o c O l s u m o d e drog a s e n t re os estu d a n tes d e 7" e 8° séri e s , n a faixa etária d e

1 2 a 1 5 a n o s , d a s e s c o l a s p ú b l i c a s e p a rti c u l a res d a c i d a d e de A l fe n a s , n o a n o de 1 993. A s d ro g a s m a i s ofereci d a s e m a i s u s a d a s fora m os solventes voláteis o u i n a l a ntes, s e g u i d o s d a m a c o n h a . O l o c a l o n d e a oferta é m a i s fre q ü e n t e sõo o s l u g a r e s p ú b l i c o s ( g i n á s i o s d e show, bares, c a s a d e jogos, parq u e s e o u tros ) . C o n statou-se que 5,5% dos e n tre vistados j á fizera m u s o d e droga s , sendo m otivados pela c u riosi d a d e e i n f l u ê n c i a d o s a mi g o s . Prati c a m e n te t o d o s os estu d a n tes já rec e be ra m , através d a fa m í l i a e/ou escola , orientação so bre drog a s . A escola é a i nstituição q u e possui a m a i o r c l i e n te l a d e ris c o à s d rog a s , o u sej a , c ria n ç a s , a d o l e s c e ntes e j o v e n s e p o r s e r u m a d a s responsáveis n a e d u c a ç ã o e e m passar C U ltura é a q u e p o s s u i maioras c o n dições d e exe c u t a r u m progra m a d e preve n ç ã o à s droga s .

U N ITERMOS: Droga s - Estu d a ntes - Esc o l a

INTRODUÇÃO

A droga é tão antiga como a própria humanidade. Gallo ( 1 984) descreve que, no Oriente , o homem extraía o ópio da cápsula da papoula ( Papaver somniferum ) . Heródoto conta q u e o s Citas s e embriagavam com o s vapores das sementes do cânhamo que eram lançadas sobre pedras aquecidas, o que demonstrava na antig üidade já existir o vício da maconha. A planta , sagrada para os I ndus, também era tida como divina por certas tribos africanas, donde vieram as sementes para o Brasil, nas tangas do escravos. Desde então surgiu o uso das drogas, por várias razões ligado às cultu ras dos povos: rituais religiosos, comemorações e busca do prazer.

Para Charbonneau ( 1 983), todos precisam enfrentar uma nova luta que as gerações anteriores não conheceram: a luta contra a droga. Há mais ou menos 20 anos que a droga se tornou um mal generalizado que se impõe em todos os países, em todos os meios, em todas as classes sociais. "Já não é mais o jovem que procura o tóxico, tentando aliviar a carga de suas angústias existenciais; é o tóxico que chega ao jovem, angustiado ou não , e lhe é oferecido como um produto, um simples produto de consumo, que enriquece governos, grupos

I Enfermeiro do Departamento de Enfermagem e Obstetrícia da Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas. Enfermeiro do Hospital Universitário Alzira Velano .

(2)

poderosos, policiais de todos os n íveis e os traficantes profissionais, deixando um saldo trágico de paranóicos e motos-vivos entre os consumidores, as únicas vítimas reais dessa rendosa multinacional" . Assim tornou-se impossível não se perceber a questão das drogas. É , antes de tudo, um problema social.

Segu ndo

Murad

(1 972), é significante o dado de que váris indivíduos que abusam das drogas têm sua primeira experiência na época da puberdade. É a época em que há o desaparecimento dos Jaços familiares, a diminuição da autoridade paterna, a maturação sexual e o aumento da responsabilidade pessoal. Cercado pela ansiedade, frustração, edo do fracasso, além de conflitos internos e dúvidas atrozes, o adolescente talvez julgue que as "drogas" possam ajudá-lo a melhorar as suas amizades, facilitar a sua conversação, aumentar sua percepção, produzir alívio e fuga.

A droga deixou de ser um fenômeno de marginalização para passar a ser um fenômeno de cultura e, por isso, a juventude é a primeira a ser atingida. O seu primeiro contato com a comunidade humana fora da família é a escola. É nela que adquire a sua cultura , através dos educadores, dos colegas, da comunidade escolar no seu sentido mais amplo. Por causa disso estamos frente a uma situação da qual devemos nos tornar muito conscientes,

Charbonneau

( 1 987). As drogas começaram a circular pelas escolas do país por volta da década de 60, mas a situação hoje é dramática. N unca foi tão fácil comprar drogas nos colégios, nunca foi tão ampla a rede de traficantes entre os estudantes e nunca foi tão d ifícil controlar esse tipo de comércio, afirma o delegado Abílio Pereira (VEJA, 1 99 1 ).

Para

Vizzolto

( 1 987), a escola é a instituição que retém a clientela de maior risco frente às drogas, ou seja, crianças, adolescentes e jovens. Potanto, para

Charbonneau

( 1 983), "é na escola que se deve estabelecer uma politica preventiva que faça com que o jovem vulnerável seja capaz de fazer uma opção consciente".

Não se trata, pois, de um discurso proibitivo, nem permissivo, mas informativo e sério, de forma objetiva, não com a finalidade de criar pânico, nem identificar num discurso comum todas as drogas, mas, conforme

Murad

( 1 985), a campanha deve ser educativa e em bases fundamentadas para um bom esclarecimento. As informações podem ter um cunho popular, mas os fundamentos devem ser estritamente científicos.

Farias

(1 992) comenta que nas últimas décadas se tem observado a preocupaão de grande númeo de países em realizar estudos sobre o consumo de dogas na população, objetivando implementar políticas públicas sobre a questão.

Assim, a presente pesquisa justifica-se por não existirem estudos sobre o consumo de d rogas pelos estudantes de 1 ° Grau na cidade de Alenas. Esta informação é necessária pelo fato de Alfenas ser uma cidade que possui um

número significativo de estudantes.

(3)

OBJETIVOS

Esta pesquisa tem como objetivos:

- estudar o consumo de drogas entre os estudantes de r e Sa séries, matriculados regularmente nas escolas da cidade de Alfenas,

- identificar os tipos de drogas mais utilizadas pelos estudantes da referida pesqu isa,

- verificar se estes estudantes recebem alguma orientação e qual é a fonte dessa orientação,

- comparar os resultados obtidos com outros trabalhos similares realizados em n ível nacional e internacional.

MATERIAL E MÉTODO

MATERIAL

POP U LAçÃO E AMOSTRA

A população compreende 1 044 estudantes matriculados nas 7a. e Sa. séries das seis escolas de 1 °Grau da cidade de Alfenas, com idade entre 1 2 e 34 anos.

Utilizou-se uma amostragem não probabilística, tipo intencional, que se constituiu de 774 estudantes de r. e Sa. séries, na faixa etária de doze (1 2) a quinze ( 1 5) anos. A definição da faixa etária baseou-se em várias bibliografias que indicavam significativa a utilização de d rogas na adolescência

Sanches

( 1 9S2), afirmando ser grande o consumo de tóxicos na escola e seus índices aumentarem dia a dia.

MÉTODO

INSTRUMENTO DE MEDIDA

O questionário utilizado foi constituído por questões estruturadas. Na construção elaboração deste instrumento de medida, "a priori" montou-se uma entrevista não estruturada, não dirigida, com a participação dez( 1 0) estudantes de r. e Sa. séries, visando conhecer o universo a ser pesquisado. Posteriormente, foram realizadas quatro (4) entrevistas (exploratórias) com questões semi-estruturadas, verificando-se se havia compreensão e clareza na aplicação do instrumento elaborado. o

COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada em seis (6) escolas da cidade de Alfenas entre os estudantes de 7° e SO séries no seu período de aula, tanto diurno quanto noturno, nos dias 22, 23 e 24 de março de 1 993.

(4)

Os dados foram colhidos pelo autor da pesqu isa · auxiliado por uma professora. Após uma breve explicação sobre o preenchimento dos questionários e informar que estes seriam sigilosos, cada estudante em média, usou

1 0

minutos para responder ao questionário.

Durante a aplicação dos questionários, não houve o surgimento de dúvidas em relação à compreensão do instrumento de medida.

A tabulação foi realizada manualmente. Os dados apresentados de acordo com os resultados foram descritos e analisados estatisticamente ao n ível de

5%

de probabilidade através do teste X2 (Qui-Quadrado).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após uma análise detalhada dos

774

questionários, chegou-se aos seguintes resultados.

Entre os estudantes das escolas públicas entrevistados, cerca de 1 8% responderam que já lhe ofereceram drogas, mas

82%

afirmaram que não. Nas escolas paticulares,

22%

responderam que já lhe ofereceram drogas e

78%

dos respondentes disseram que n unca lhe ofertaram algum tipo de drogas(TAB. 1 ).

Analisada estatisticamente, observa-se que a oferta de drogas é a mesma para os estudantes das escolas públicas como para os das escolas paticulares.

TABELA 1 - PROPORÇÃO DE OFERTA DE DROGAS ENTRE OS ESTUDANTES DE

78 E 88 SÉRIES DO 1° GRAU, COM IDADE ENTRE 1 2 A 1 5 ANOS, ALFENAS - MG. - 1 993.

SS

.�

..

FM PIS PTIUS

F % F %

SM 101 18,0 47 22,0 �.

Ao 9 2,0 17 78,0

TTL 0 10,0 214 100,0 .�

Questionando-se sobre quais drogas foram ofetadas aos estudantes, obteve-se que os solventes voláteis ou inalantes vêm em primeiro lugar com

67,6%

das ofetas, a maconha com

28%,

a cocaína em terceiro com

3,6%

e

duas substâncias curiosas como a semente de guaraná

0,4%

e uma substância denominada de censo,

0,4% ,

não sendo possível identificar esta droga.

A TABEA

2

evidencia que o local de ofeta de drogas não é

signiicativamente diferente nas escolas públicas e paticulares.

(5)

TABELA 2 - DISTRIBUiÇÃO DOS LOCAIS ONDE FORAM OFERTADAS AS DROGAS AOS ESTUDANTES DE 78 E 88 SÉRIES, COM IDADE ENTRE 1 2 A 1 5 ANOS. ALFENAS - MG - 1 993.

ESCOS

PLIS PICUS .

LIS A OFTA

DE S

:

F % F %

ASA E AMO 16 12,8 05 1 0,0

ESA 6 4,8 01 02,0

FESTA 0 24,0 1 1 2,0

"

LUGAR PÚBLO 73 8,4 33 6,0

TOTL 125 100,0 0 1 00,0 I

< I

Segu ndo os resultados da presente pesqu isa, a escola foi o último local onde

-estudantes receberam ofetas de drogas. Constatou-se que a maior ofeta de drogas foi nos lugares públicos (ginásios de show, bares, casa de jogos. parques etc). Para

5anchez ( 1 982),

tal compotamento justifica-se pelo receio de o aluno ser pego em flagrante por algum vigilante ou professor. Isso implicaria no conhecimento dos pais, eventualmente no da comunidade e nas conseqüências que daí pudessem advir. Uma outra suposição seria a de que fora da escola o aluno se sente mais estimulado ao uso da droga e que esses ambientes são propiciadores de uma atmosfera mais adequada e predisponente ao consumo que o ambiente escolar.

A TABEA 3 mostra que 5% dos estudantes da escolas públicas responderam que já usaram algum tipo de droga. No caso das escolas paticulares,

7%

dos entrevistados disseram que já usaram algum tipo de droga. Comparando a proporção de estudantes que usaram drogas, verificou-se que é

a mesma tanto nas escolas públicas como nas paticulares.

TABELA 3 -PERCENTUAL DE ESCOLARES DE 78 E 88 SÉRIES, NA FAIXA ETÁRIA

DE 1 2 A 1 5 ANOS, QUE JÁ USARAM DROGAS, ALFENAS - MG. -1 993.

(6)

Farias (1 992) cita um estudo voltado para o consumo de drogas por estudantes realizado por Murad em 1 979 na cidade de Belo Horizonte e em mais nove cidades do Estado de Minas Gerais, o qual se restringiu a indagar aos estudantes se eles usam ou já haviam usado drogas - o que, no entender de Morgado (apud Farias, 1 992), limitou o alcance do estudo. Todavia a informação de "usa ou já usou drogas", por um grupo populacional, é importante porque permite calcular as taxas de prevalência de drogas vigentes na época do estudo. A amostra desse estudo constou de 1 664 estudantes secundaristas. Concluiu-se que, aproximadamente, 1 6% dos alunos usavam ou já haviam usado drogas e que 84% nunca usaram.

Outro estudo importante no que diz respeito ao consumo de drogas por estudantes é o relatório de Costa et al.(apud Farias 1 992) que realizaram um inquérito epidemiológico entre 433.360 escolares da região metropolitana de São Paulo, verificando-se que no global as taxas de consumo são baixas. Embora as percentagens de uso de drogas ilícitas constantes nestes estudos não sejam elevadas, elas são importantes, especialmente porque um número significativo de escolares consome ou já consumiu, de forma habitual, cocaína , alucinógenos e narcóticos. Quanto a essa constatação, Morgado (apud Farias, 1 993) comenta que esses n íveis de consumo estão muito aquém dos obsevados entre os estudantes da mesma faixa etária dos Estados Unidos, Canadá e países europeus.

Segundo o National I nstitute On Drug Abuse (apud Wordaki, 1 990), 70 milhões de americanos, ou 37% do total da população americana com idade de 1 2 anos ou mais, já usaram maconha, cocaína ou outra droga ilícita em algum momento de suas vidas. Vinte e três milhões, ou 1 2%, eram usuários correntes, isto é, haviam usado uma droga ilegal dentro dos últimos 30 dias.

Para Oielman et al.(1 991 ), um método com o qual se tem que lidar no caso dos não envolvidos com a literatura da pesquisa é o da validade do relato do adolescente quanto ao seu próprio uso. A literatura neste campo pode ser sumarizada pelo comentário geral que o relato do próprio adolescente é satisfatório no que diz respeito à confiabilidade e validade, uma vez que o pesquisador garanta aos alunos que suas respostas serão confidenciais (não necessariamente anônimas).

Quanto aos tipos de drogas mais usados pelos 43 estudantes da presente pesquisa, constatou-se que os solventes voláteis ou inalantes vêm em primeiro lugar, cerca de 72,8%. Os que usaram maconha compreendiam 1 8,2%; 3,6% já usaram cocaína; 1 ,8% fez uso de crack; 1 ,8% de "Iiquid paper" (um dado curioso) e 1 ,8 utilizou censo (droga não identificada).

Segundo o M I NISTÉRIO DA SAÚ DE ( 1 99 1 ), os estudantes brasileiros apresentaram surpreendente homogeneidade, de Norte a Sul do país, no tocante ao tipo de substância psicoativa preferida. Dados levantados por diferentes cidades e em duas pesquisas mais amplas abrangendo cerca de 47.000 estudantes de 1 7 cidades do Brasil, em escolas públicas e paticulares, apontaram que as drogas mais utilizadas (exceto álcool e tabaco) são os

(7)

solventes voláteis ou inalantes ( 1 7% dos escolares já os experimentaram de acordo com inquérito realizado em 1 989). Nos Estados Unidos, no mesmo ano, o consumo freqüente de maconha e cocaína atingiu as taxas de 6,8% e 0,9%, respectivamente, enquanto no Brasil as taxas correspondentes foram 0,5% e 0, 1 %, ou seja, o consumo entre os estudantes brasileíros é dez vezes menor, aproximadamente, que entre os estudantes americanos.

Conforme TABELA 4, ao se questionar sobre o motivo que levou os entrevistados a usar drogas, constatou-se que 46,8% foi por curiosidade, 42,5% através da influência de amigos, 8,5% em conseqüência de problemas familiares, 2,2% outros motivos (curtir o show), o que corresponde a apenas 1 estudante, enquanto nenhum respondeu que foi por causa de problemas sócio­ econômicos. Analisando-se as escolas separadamente, verificou-se que os estudantes das escolas públicas, cerca de 5 1 ,8%, afirmaram que foi a influência de amigos que os levou a usar drogas; entretanto os estudantes das escolas particulares responderam que o motivo pelo qual usaram drogas foi a curiosidade, o que corresponde a 66,7% das respostas.

TABELA 4 - DISTRIBUiÇÃO DA FREQÜÊNCIA DOS MOTIVOS QUE LEVARAM OS

ESCOLARES DE 7a E 8 a SÉRIES, ENTRE 1 2 E 1 5 ANOS DE IDADE, A FZEREM USO DE DROGAS, ALFENAS - MG. 1 993.

I SS

MOVS PÚE51S P'ncuS PUB.+ PlC.

I F % F % F %

CURIS IDDE 1 0 34,5 1 2 66,7 22 46,8

INFLU�NCIA DE IGS 1 5 51 ,8 05 27,8 20 42,5

PROBLE� FlL�ES 03 1 0,3 01 05,5 04 08,5

PRB.SCI-ECONOlCOS - - -

-OUROS 01 034 - - 01 02,2

TTL 29 1 00 ,0 1 8 1 00,0 47 1 00,0

Murad

( 1 982) realizou duas pesquisas sobre o abuso de drogas entre jovens

- uma no curso secundário e outra no curso superior - aplicando 2230 questionários, obtendo, como resposta à perg unta sobre os motivos do uso de drogas, a curiosidade em primeiro lugar (42% no primeiro caso e 52% no segundo, entre os usuários). Os jovens são, por sua própria natureza, pelo período que atravessam (a adolescência), curiosos. É um período de transição muito difícil, cheio de interrogações, no qual eles tendem a experimentar "tudo" que lhe vem à mão. É o período no qual ele começa a se auto afirmar, através de experiências vividas positivamente ou, muitas vezes, não tão gratificantes.

Murad

( 1 982) verificou que, em mais de 80% dos casos, os jovens usuários têm problemas familiares graves: pais separados ou agressivos um com outro. ou com os filhos; a falta de diálogo dentro de casa; falta de apoio familiar e/ou compreensão; rivalidade entre irmãos; falta de carinho; ausência de amor; pais

(8)

que trabalham fora de casa o dia inteiro. Um especialista já escreveu ceta vez que "alguns jovens buscam nas drogas a mãe ou o pai que n unca tiveram".

Embora o jovem passe por todos esses problemas, estes não constituem o principal motivo que levam os estudantes entrevistados a fazer uso de drogas,

como pode ser verificado através da TABELA 4.

"Curiosidade" e "influência dos amigos", de maneira geral, não tem diferença.

No entanto, verifica-se que, separadamente, entre as escolas, isso não é constatado, pois entre os estudantes das escolas públicas sobressai o percentual de influência dos amigos e, nas particulares, caracteriza-se a curiosidade.

Para

Murad

(1 985), o adolescente tem grande desejo de se relacionar e de ser aceito por pessoas de sua própria idade. Para um ceto número de jovens, uma das razões mais impotantes para experimentar drogas é a necessidade de petencer a um grupo, ou de se impor nele. Se uma turma extremamente popular usa drogas, o adolescente, visando a sua aceitação pelo grupo, será fortemente tentado a fazer o mesmo.

Quando se questionou se os estudantes receberam alguma orientação sobre drogas, segundo a TABEA 5, 98,8% dos entrevistados das escolas públicas responderam que sim e apenas 1 ,2% não; entre as escolas paticulares, 96,3% dos estudantes disseram que já haviam recebido orientação sobre drogas e simplesmente 3,7% nunca receberam orientação.

TABELA 5 -FREQÜÊNCIA DE ALUNOS DE 7a E 8a SÉRIES, NA FAIXA ETÁRIA DE 1 2

A 1 5 ANOS, QUE JÁ RECEBERAM ORIENTAÇÃO SOBRE DROGAS,

ALFENAS - MG -1 993.

S

DO ps P.S

F % F %

SIM 553 98,8 206 I 96,3

No 007 01 ,2 08 03,7

TL 560 1 00,0 214 1 00,0

-. .

Entretanto convém ressaltar que atraves das pesquisas exploratonas realizadas anteriormente constatou-se que as orientações eram esporádicas.

O resu ltado sobre a fonte de orientação sobre drogas é evidenciado na TABELA

6.

(9)

TABELA 6 - DISTRIBUiÇÃO DAS FONTES DE ORIENTAÇÃO SOBRE DROGAS

RECEBIDAS PELOS ALUNOS DE 7 8 E 88 SÉRIES, COM IDADE

ENTRE 1 2 E 1 5 ANOS ALFENAS - MG - 1 993 !

SS

E E Ço PS PLS

F % F %

FLRES 352 26,81 ' 175 38,7

ELlSo 278 21 ,20 1 28 28,3

ESCA 519 39,50 10 222

O 1 64 1 2,50 49 10,8

TL 1 31 3 1 00,00 2 1 00,0

Conforme

Wordaki ( 1 990),

o comportamento dos pais a respeito de drogas exerce uma influência importante. A família é a "influência crucial nos valores e compotamento das crianças". Em casa, jovens podem encontrar estrutura e orientação dos entes q ueridos que realmente se preocupam com eles. Expectativas claras sobre consumo de drogas podem ser comunicadas. Crianças mais jovens são especialmente vulneráveis ás pressões e precisam de um lugar confotável e segurança para ajudar no domínio de suas ansiedades e frustrações.

A ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE A SALUD

( 1 993)

aleta os pais sobre tudo, em especial tomar tempo para falar com os filhos, especialmente se eles se interessarem pelo tema. "Dê-lhes a confiança de saber que você se preocupa e os ajudará se tiver algum problema. Tuqo isto é impotante porque os jovens que possuem boas relações com seus pais têm menor' probabilidade de querer usar drogas", recomenda a publicação.

Para

Zago ( 1 988),

as campanhas antidrogas através da mídia podem parecer uma dupla mensagem, já que, ao mesmo tempo, todos sabem do poder que os meios de comunicação de massa, a televisão por exemplo, ' têm para aliCiar as pessoas no que se refere às outras adicções de bebidas, cigarros, medicamentos etc. O mais' doloroso é perceber que geralmente o questionamento sobre drogas, através da m ídia, sempre tem como pano de fundo outras intenções, como, por exemplo, a campanha política. A informação contra as drogas veiculada pelos meios de comunicação é muito arriscada, uma vez que pode ser confundida com campanha antidrogadicto, o que, em vez de solucionar, agravaria ainda mais o problema.

A escola é u ma instituição social que promove, além da instrução, a educação de crianças e jovens. Para

Murad ( 1 985),

atribuem-se à escola responsabilidades impotantes sob o ponto de vista social, como, por exemplo, educação sobre sexo, trânsito, ecologia e agora tem-se-Ihe cobrado a solução do problema da droga entre os jovens. S6 que, antes que os professores

(10)

possam ensinar, eles necessitam saber muitos fatos a respeito das drogas e dos

adolescentes. Aliado a isso,

Zago

(1 988) comenta que, no 1 ° e 2° Graus, a

preocupação é apenas com um programa didático meramente informativo. Com uma formação deficiente e pouco motivado no seu trabalho, o professor se sente como num campo minado ao discutir assuntos que colocam em jogo a formação do aluno. Desse modo, evitando falar de drogas, e despreparado para isso, o professor se esquiva de pisar num terreno desconhecido.

A orientação sobre drogas, recebida através de um amigo, ficou em último lugar, talvez porque a maioria dos amigos em vez de orientar, esclarecer, induzem o colega a usar drogas, o que foi evidenciado pela TABELA 6.

É curioso notar que houve uma diferença nas respostas em relação à

principal fonte de orientação recebida pelos estudantes. A resposta dos entrevistados das escolas públicas citou a escola como a principal fonte de orientação; por outro lado, nas escolas particulares, os familiares foram tidos como principais orientadores. Seria importante a realização de outros estudos para constatar o porquê desta diferença.

Apesar de todos esses problemas, ainda não se encontrou um substituto da Escola no seu papel de promotora da educação, afirma

Vizzolto

( 1 987), e ela é a que possui melhores condições para sistematizar a informação, segundo os diferentes graus de ensino, de interesse e maturidade dos alunos. No currículo ficam asseguradas a ação informativa, a assiduidade, a continuidade, sendo necessário que o professor em suas aulas proceda de maneira democrática, despido de preconceitos, falso moralismo e com uma postura científica. A escola é também a instituição que possui maiores condições de executar um programa de prevenção, pois retém a clientela de maior risco, ou seja, crianças, adolescentes e jovens.

Acredita-se que no conteto de qualquer orientação, e

Murad

( 1 985) confirma isso, é importante ensinar, também, aos jovens a gostarem de si mesmos e a se relacionarem construtivamente com outros jovens, a aprenderem a tomar decisões, a resolverem seus problemas, dentre eles, o uso de drogas.

CONCLUSÃO

o presente trabalho permite as seguintes conclusões:

- a taxa de consumo de drogas entre os estudantes na faixa etária estudada é

baixa, (5, 5 % ) em comparação com outros estudos. Embora esse percentual não seja expressivo, é alarmante, é preocupante, visto ter-se encontrado entre eles usuários

de cocaína e até crack, drogas consideradas pesadas.

- as drogas a que esses estudantes têm mais acesso são os solventes voláteis ou inalantes e, em segundo lugar, a maconha. A motivação para usar as drogas

analisadas foi atribuída à inluência dos amigos e à curiosidade.

(11)

- apesar de todos os problemas por que passam as escolas e as fam ílias brasileiras, elas continuam sendo os meios mais comuns pelos quais os estudantes recebem orientações sobre d rogas.

- conforme vários estudos, a faixa etária dos estudantes que se tornam usuários

de drogas é cada vez menor; sendo assim , não existe uma faixa etária ideal par! se

começar a dar orientações sobre d rogas. Esta i nformação deve ocorrer o quanto

antes, o mais cedo possível; adequando o n ível de conhecimento à maturidade das

crianças.

Um dado animador da pesq uisa: é a baixa prevalência do uso de drogas entre jovens estudantes ( 1 2 a 1 5 anos de idade), o que permite uma conclusão promissora : este é o momento propício para que órgãos responsáveis pela saúde pública no município comecem a desenvolver um programa de prevenção de drgas entre tal população.

ABSTRACT: The present paper deals with aspects o n drug abuse

among 1 2- 1 5 year old students from the seventh and eighth series from public and private schools in Alfenas in 1 993. The most offered and used drugs were the volatile solvents or inhalants followed by marijuana. Drugs are more frequently offered at public places (gymnasia, bars, video game houses, amusement parks, etc.) . If

was found that 5.5% of the inferviewed sfudents had already used drugs u nder the influence of friends or out of curiosify. Practically, ali students had been informed about qrugs either at home and/or at school. As school has the greatest clientele u n der the risk of dru g abuse, t h a t i s , children, adolescents and youngsters, and a s it is responsible for education and culture communication , it is the most capable one to carry out a drug prevention program o

KEYWOR DS: Drugs - Students - School.

(12)

ANEXO

PESQUISA SOBRE DROGAS - PET/ENFERMAGEM

Sua resposta é m uito im potante para real ização desta pesquisa VOCÊ NÃO SERÁ IDENTIFICADO

SEXO __ I DADE: __ ESTADO CIVIL: _____ _

QUESTIONÁRIO

01 -JÁ LHE OFERECERAM ALGUM TIPO DE DROGA ?

( ) Sim ( ) Não

02 - CASO A RESPOSTA SEJA AFIRMA lVA, CITE QUAL (OU QUAIS) ?

03 - MARQUE COM UM X O LOCAL ONDE LHE OFERECERAM A DROGA:

) Casa de amigo ) Escola

) Festa

) Lugar público (ginásios de show, bares, casa de jogos, parque etc.)

04 -VOCÊ CONHECE ALGUM COLEGA NA · ESCOLA QUE UTILIA OU

UTILIA VA DROGAS?

( ) Sim ( ) Não

05 - MARQUE COM UM X OS SINTOMAS APRESENTADOS POR PESSOAS

QUE UTILIAM DROGAS:

5 9 2

( ) Boca seca ( ) Riso e choro fácil ( ) Fala enrolada ) Tremor

( ) Olhos vermelhos ( ) Nariz escorrendo

( ) Sonolência ( ) Tagarelice

( ) Não prestar atenção a nada ( ) Dificuldade de pensar claramente

) Alucinação (auditiva, visual etátil)

(13)

06 - VOCÊ JÁ USOU QUALQUER TIPO DE DROGA ?

( ) Sim ( ) Não

07 - CASO A RESPOSTA ANTERIOR TENHA SIDO AFIRMA TIVA, ESCREVA

O(S) NOME(S) DA(S) DROGA(S):

08 - CASO A RESPOSTA N° 6 TENHA SIDO AFIRMA TIVA, MARQUE COM

UM X O(S) MOTIVO(S) QUE O LEVOU A TAL A ITUDE:

( ) Curiosidade ( ) Problemas familiares

( ) I nfluência dos amigos ( ) Problemas sócio econômicos

09 - VOCÊ JÁ RECEBEU ALGUMA ORIENTAÇÃO SOBRE DROGAS ?

( ) Sim ( ) Não

1 0 - CASO AFIRMA TIVO, MARQUE COM UM X ONDE VOCÊ OBTEVE ESTA

ORIENTAÇÃO.

( ) Familiares ( ) Escola ( ) Televisão ( ) Amigo

OBRIGADO PELAS RESPOSTAS

(14)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 . CHARBONNEAU , P. E. A escola e combate as drogas. I n :

Drogas ameaça

ao futuro.

Federação do Comércio do Estado de São Paulo, 1 987.

2. CHARBONNEAU , P. E. et aI.

Pais, filhos e tóxicos.

São Paulo: Almed, 1 983.88 p.

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Imagem

TABELA  1  - PROPORÇÃO  DE OFERTA  DE DROGAS  ENTRE OS  ESTUDANTES  DE  78  E  88  SÉRIES  DO  1°  GRAU,  COM  IDADE  ENTRE  1 2   A  1 5   ANOS,  ALFENAS - MG
TABELA 2  - DISTRIBUiÇÃO  DOS  LOCAIS ONDE FORAM OFERTADAS AS  DROGAS  AOS  ESTUDANTES  DE  78  E  88  SÉRIES,  COM  IDADE  ENTRE  1 2   A  1 5   ANOS
TABELA  4  - DISTRIBUiÇÃO  DA FREQÜÊNCIA  DOS  MOTIVOS  QUE  LEVARAM  OS  ESCOLARES  DE 7a E  8 a  SÉRIES,  ENTRE  1 2  E  1 5  ANOS  DE IDADE, A  FZEREM USO DE  DROGAS, ALFENAS - MG
TABELA 5  - FREQÜÊNCIA DE ALUNOS DE  7a  E  8a  SÉRIES, NA FAIXA ETÁRIA DE 1 2   A  1 5   ANOS,  QUE  JÁ  RECEBERAM  ORIENTAÇÃO  SOBRE  DROGAS,  ALFENAS - MG  - 1 993
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Referências

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