AO O LHAR-SE NO ESPE LHO, A E N FE RME IRA NÃO TEM GOSTADO DA IAGEM
QUE Aí vÊ RE F LETI DA
•••Dagr E. Ese
nn
Meyer *
RESUMO
-
A
pa rti r d e u ma pesq u isa rea l izada com docentes de um
C u rso de Graduação de Enfe rmag em, procu ro situa r e a n a l isa r os p r i nc i pais pro blemas q u e permeiam o ensino e a p rática profi ssiona l da enfermei ra (na percepção das depoentes), no sentido de contri bu i r pa ra a reflexão acerca do papel da esco la e de sua r�lação com o co ntexto soci a l onde essa prática se inscreve.ABSTRACT
-
T h i s a rticle u ses data from a research of a faculty fo r a n underg raduation Nu rsi n g Schoo l . I've tried to prove a n d ana lyse t h e ma i n p roblems which i n the teach i ng a n d p rofessiona l p ractice o f the n u rse (as perceived by the professo rs i nterviewed), with the objective of contri buti ng fo r the thi nki ng about the role of socia l context o n which this practice is. situated .1
SITUANDO O TRABALHO
Ese igo
é
pe de
a
disserção de
esdo, inia "Repdndo elaçes e
r
e gêo e de clase no ensino e En
fm", eenda no cso de P6s-a·
9
em duco a Univsidade
Fl
do
Rio de do Sul.**
No conexo de
a
invesigção que dis
cue
oael da fço
l
e aitudinal no
ensno e nf
a
gem e sua vinculção com a
ncesside e nueção e prduço das
eles e r de gêeo e e classe
a
-issão, ese cpíulo, denindo
"O
ensino, a
poisso e eus aenes", eve or objetivo
descr os ços is níidos do quo em
que
s
cenes ouvidas eam a Efeagem
e seu ensino, nes e aenr
a
oblemáica
eecica da esquisá em quesão.
Sua dução na
fa
de igo unda
en-e no pessuposo de que o que se colca
como endo
c
sics, valoes, ddvidas e
coios
qe
cm
a pica edag6gica
esss
dns,
e, e
ea fa, eleir
oer e o fr no coidino da dcência de
nf
a
em, em ouos cusos nesse País.
Aeid-e ese pessuoso, enso que este
euo,
oa
o
esgoe a dicussão sobe
a o
levando,
oe
a
·agem
qe
e onibr
pa enr a elexão
a do so e flio da enfeea.
2
"HÁ U MA BARRE I RA SE PARANDO OS
QUE E N S I NAM A PRÁTICA E OS QUE
PRATI CAM A PRÁTiCA
...
• ..A
coneção de educação e eeeo
poissional que p
e
ipUcia
s
enes
sugee, a eu ver, níida lência do e
eno lieral e do mdelo cicisa de ensino.
O
en
e
no lieal eeia coles
como:
"
•••no
fz
er um efeeo
ains
ituição como não er, a qulide da
assiência não elhora... em
m
hos
pial que eu conheço, na écá em qe
eu cheguei a Cuiabá,
a
ua efer
eira pa
250
leitos. Hoje; em quie
e o paão assisencial, não mdou
absoluene em nada0
••qundo é qe
o efemeo vai eenr ese esio
que é elhor a assisência
1"
(aa)
A
douina lierl unena-se em cinco
pincípios básicos, quais sejam:
oindividualis
.
mo, a igualde, a popiedade, a liede e a
demccia
(UHA
I)
.A
l
us
eles em
muio evidentes nos deoienos.
O
ndividua
lismo, or exeplo, pessue que os ndiví·
duos êm aibutos diversos e é em unção eles
que lcnçm osiçes vanajoas ou não.
e-sue ainda que os ndivíduos em ecoer
voluntimene o cnho que os leva ao su
cesso ou
o
acsso,
à
riquea ou
à
obeza.
• Enfen,
ofsa
lnc o emeno e Enfemagem a Universidade Fl do Maoso
••• Pqaa qliaiva em molds
e
eom
A
Hisóia Oral. Foi deenvolvida no Cuo e Gradção em Enfemagem a T e os s fm coleam Jn.JFev. e 10. As fons de investiação envolveram a osla a duens o co e nesi
-us m
15 dcens do mesmo ..
Pa maioes des ver: MEBR, D. "Repzino es e r
e ao e de cse no jo e enfm". Poo Alere, Facule e Eo a UFRGS, 191."
ne
Mo. ···Almeia,'.
CUNHA
a rena que
om
ese pncípio a dounaiel
nãoó
ceia e jusica a scie
e classes, as fonece os rguenos que 'a leim. Segundo o pincípio da lierdade, caa nivíduo é ão lie qunto o ouo pranr a
detenada posição scial, em vir de e eus lentos e apides.Assm,
o problema pece estr na efer .ea que desemenha a unção. Sua vontade e
sua coagem de enenr desaios (ou a falta els) quase que são deeminantes no que
z
eseio ao seu econhecimento, enquanto cate goia poissional.É
> e a pOlíica de sade do País, a poltica educacional, a situação de blhadora assliada, as exigências do er cdo e bho, o contexto s6cio-econômico doPs,
ec., não ineferissem no "bom" ou"au"
enho da efenneira. Explica-se o"o
de
sucesso" ou "racasso" aravés das esicas individuais dos sujeitos, que in enem do momeno hisórico e do contextocl
onde tal padão se aplica.O
odelo ecnicista de ensino em peeado
a
nfenagem desde sua esuuração enqno
proissão, se considermos a ênfase no fr, a cionalidade, na eiciência e na po die, lém do conrole burcráico (evi eoos
mdliplos fonulrios e is que peecem o dia-a-dia da enfeneira) que êm esdo pesenes tmbém na Enfenagem basileira, bem ntes da exaltação e incopo ração ese delo na educação do paes dos anos-70. so
explica, em pe, a aceiação e a eiciêca com que as escolas de Enfena gem eenvolvem esse ipo de ensino. No crso em questão, soma-se a isso o fato de que ele nerou, desde sua criação, em1976,
o subprojeto "Ensino integrado e ensino progra do do Pojeto10
- Operação Produividde", concebido a ptir de metas desenvolvimentistas que ncederm o "milage econômico" brasi lero, subpojeto ese que se vinculou explici tmeneà
ecnologia educacional, um dos pila es as chs novações educacionais dos nos seenta. *'A
luência ecicista ica mais evidente qundo se analism as foas de organização e condução do ensino. Manifesta-e, em' lguma edida, tabém nos deoimentos, quando eses pontam o "saber fazer" como caracerísica básica da ea."
.•• em que saer aplicr na páica o conheciento que recebeu .•. " (eva)"
••• se a gene conseguir, deno dauni-vesidade, foa-se com coeêca écica, já é m gande avanço .•• "
(Jdlia).
,
O
que esas docenes aponm coo p blemas de ensino na Enfemagem não foges
questões que vêm sendo discutidas em que tdos os rabalhos, conessos,enios,
ec •••• , que efocam, aualmene, a foçãoproissional da enfeneira: a dicotomia e páica; o deslocamento do conexto sci econômico; a não vinculação com o político; a histoicidade; a acriicidade; o ecnicismo (êfa se no fazer); a c
�
nradição que envolve o ef que biologicista dos conteúdos e o discsoa
pestação da assisência ao ser humano nos eus aspectos bio-psic-s6cio-espiritual, a não habi litação da proissional para agr em unção
s
necessidades de saúde da maioia da população; a ausência de um curículo coletivamene discu tido e consuído e que conemple um eil poissional com base em mcos conceitual, feencial e esutural clraene deinidos, ec •••
" .•. eu não vejo como, na nossa prática
diária, vamos desenvolver o senso críi co do aluno, com o tipo de ensino que a gente faz; com o tipo de situação que o aluno vivencia, com o ipo de exeriên cia que ele em; com o tio de lieratura que a gente coloca
à
disposição do alu no. N6s colcmos essencialmene lie ratua écnica pra o aluno, com lieratu ra écnica vcê não desenvolve a críi ca. Vcê nunca ede pra o aluno ana lisr nada, vcê nunca pede pa o alu no avalir nada, você s6 pede pa o aluno identiicar •.. o discurso da sala eaula é écnico, totalmene técnico". (Paula)
"Se você pegar mesmo o plano de en sino, ele é baseado numa sociedade es ruturada e que em ecrsos. Então supõe-se que todas as mulhees faão pré-natal e serão atendidas no hospitl, assim como as crianças, mas a nossa ealidade é oura ... "(aura)
Essas questões todas não são novas na En feagem brasileira e algumas delas nascem juntamente com a implementação do peo curso de Enfenagem no Basil, no Rio de Ja neiro, em
1923.
A
dicotomia ensino/pática p issional foi instiucionalizada quando se pe endeu que as enfeneiras auassem em nível de sadde pública e os esgios cuicules se de envolverm em nível hospialr. De lá pa cá, ela vem sendo repoduzida, assumindodifeen-* GASTALO, D., MEYER, D., BODAS, M. "Esino inegrado: uma revisão hisórico-crítica do modelo implnado o o
ir
a a e aúe o Bsil". 1911978 . Poo Alege, 1990, mimeo.es confoações em unção dos
enos
hisóicos e do conexo scial em que e ins
ceve, mas, nunca foi esolvida. A meu ver, esa
dicoomia em inclusive uma duplá fce,
a
dida em que o que se ensina a nível eórico, não
e
er plicdo nem esmo nos estágios, em
vtude
s
condiçes da ioia dos cmpos
(de estágio) onde esse apenizdo se deen
volve. Já comça nessa insncia a ser avaliada
a "ciaividde"
8
estudane, o que, em ouas
palaas, nda mais é do que "rovisção
diane da fala de maeial adequado" de codo
com os oeios de avalição vigenes. O fosso
exisene ene o ensino e a pática poissional"
a pir daí, é aenas ampliado e assue dife
enes ccerísicas.
Inicia-se com o objeo de rablho que, no
ensino, é aesenado como endo unen
mene o cuidado ao pciene/cliene e, na
práticà, em· sido pedominneene a geência
dos eviços e o conrole e essoal e maerial.
Manifesa-se, na peensão eóica da pesção
da. assiência de Enfeagem em nível bi-psi
c-sci-espritul ao indivíduo, fiia e co
munidade, aavés do "Prcesso de Efea
gem", uto das eorias de Enfeagem elab
rdas a pir da décda de 70
com o intuito de
cienr a poissão e esaelecer um saber
óprio da ea. Aesr de eieras tenaivas
e adapçes, o "Presso de Enf
agem" em
sido passível de aplicação, quse que exclusi
vmene em alguns Hospitais Universitrios,
,que não eaam a ealidade das Instituiçes de
Sa1de basileiras. Emboa as dcenes enevis
adas tenhm econhecido, com uniidade,
que a enfeeira não em ido ndmenção
eórica suiciene, nem condiçes práicas, pa
pesr assisência de Enfeagem nessa apli
tude nem mesmo ao nível do ensino, nos está
gios curicules, ese é um objeivo educacio
l
pesene na totalidade dos planos de ensino
sdos no curso em questão*, desde sua
ciação aé os dias de hoje. Nese enido
concordo com ALMEIDA
1
qundo colca que
"o eosino
é
ccerizado como o pdigma do
sber, esquecend-se que é no rabaho que e
evem bucr os elementos do saer.
É
no de
serolr do cuiddo de Enfeagem, no qul se
oea demene com
o
objeto - o dene - e
onde se dão as elações écnicas e sciais que
esá a esência do saer. O disancimeno ene
ensino e pática cda vez é mis polr. Há
a
breia sepndo os que ensinm a páica e
os qe praicm a áica".
Nesse conesto de ensino, como as dcenes
rcebem e descevem a sua páica enquno
agenes foadoras
?
Os elaos mencionm enaivs ão f
a
s
e,
a
ioia
s
vees, levas a
o
or eqenos uos 'ou indivíduos isolos, no
enido de enconr fo
sis críics, is
abngenes e mis eizdas no conexo
cionÔmiccll
a
a conduço do en
sino. No enno, pevalcem os obles
rdos no ago da ajeória hisóric-scil
a
poissão e
s
olíicas educcionais qe êm
nodo o eosino bsileio e, is esciica
ene, da Enfemagem: o desepo pa a
bhr os cone1dos, vinculnd-os a ma
-ciedde concea e histoicmene deenda;
s condiçes ene o discuso e o vivido; a
ênfae no fzer cnico em deeno do estí
mulo'
à
pcua do conhcieno, ao cicnio,
à
ie
da práica e
à
pticipção crítica e
olítica; a indquação do nível de exigêcia do
ensino, minisado
à
clientela que o pca; a
busca
�
valoação do domio do conci
eno· écnico, sem que se ea cleza dos li
mies e da nateza do "conhecento da En
feragem" .
Vejmos lguns exemplos:
I"
•••eu cho que o professor, nda
hoje, vai pa sla de aula com o co
nhecmeno na ona da ·lngua. Ele
chega lá, deseja udo em cima do
aluno. Eu cho que ele consegue ra
balhr muio ouco... de foma esti
mulne, de foa que o aluno pti
cie efetivamene do apendzdo de
le" (Crla).
"
•••nós emos
m
om n1ero de
pofessoes ainda em d1vida quano
ao execício da Enfeagem. Agoa
imagina com elação ao ensino de
Enfeagem
! •••" (Mrina)
"
••• 0que a gente em hoje é
a
con
adição deno do pópio curso, nas
diversas uniddes (disciplinas) elas
quais o luno passa, inclusive em e
lção a esse nível de cobnça de co
hecimeno... algus unidades c
bam o saer de Enfeagem, ouas
ensinam e cobrm o ser édico".
(Denise).
A eseio da pática agógica vigene
nos cursos de Enfeagem, GERMANO· con
clui que
"é,
ono, a páica bnca, con
sevdoa, e ão a páica pobleadoa,
quesionadoa, que se fez J'ene na foão
dos poissionais e, nessa erSeciva
•••é
s
m eleento a conibuir na epdução das
sigualdes sciais".
• Aliados 125 pnos de ensino, referentes ao erído de 19810.
A luna ap
enesses depoimentos como
m dos elementos esponsáveis ela não efeti
vação do ensino nos moldes propostos.
E
O'
cha a atenção pra o fao de que, ene
"culpr" a aluna ou colcr a própria escola em
quesão, é a pimeia altenativa que acaba
ceendo maior adesão das professoras.
Assim, lê-se nos depoientos:
... no início do semese você ecebe
9 %
de mulhees, mas independente
isso, são muhees com
mnível de
escolidade muito
m,...
não sei se
o nível de escolridade delas é uim
oque são mulhees ou orque, de
eente, vêm de
mnível sóci
conômico baixo". (Ana)
..
... 0aluno, que está fazendo o crso
de
n,
não tem deeminados
conhecimentos que são básicos para
qualquer aluno que faz um curso uni
versitário... o que aconece
éque o
que temos proposto, em emos de
ensno, é paa
mouro tio de alu
nos que temos. Então o professor ica
aisfeito, porque ele prope uma
cQisa que ele não consegue execu
r".
(Crla)
ve e em
mgande impacto nas proisses
xualmene discriminadas. Esta socialização em
mimportane pael na escolha poissionl
a
mulher e acaba por encaminhá-la para deei
nados tipos de poisses/cupaçes enendidas
como adequadas ao seu inesso no mecado e
abalho, em unção dos paéis designados a ela
(mulher) na esfera privada. Estas poisses/
ocupaçes são geralmene desvaloizadas e
mal emuneradas e, poanto, pouco aaenes
pra os homens, o que conribui para que elas
se transfoem ,em cursos de "fácil enrada" e
menos concoidos nos vestibules. Se consi
derrmos ainda que a Efemagem vem se p
letarizando e a qualidade de ensino a que
s
camadas menos favoecidas da população êm
acesso, não me parece diícil enender poque
as alunas de Enfemagem êm um "nível de es
colaidade baixo".
3
..... O PAPEL DO NFERMEIRO
HOJE.
NÃO
STÁ
CLARO
NA
PRO
FISSÃO ...
Em elação
à
epesentação da proissão, o
que se evidencia na quase totalidade dos de
poimentos é que as exectativas que essas
d-FORQUN3,
numa evisão dos esudos que cenes tinham qundo inress
mno curso, f
buscam explicr as desigualdades no êxito esco-
ose modiicando - negaivamene - ao longo
lar e
sua elação com a classe social de oigem, dos semeses e o que se espeava ao inessr
fz uma elexão que consideo muito pertinente na pática proissional, mesmo com essas mdi- .
ao caso dos cursos de raduação em Enfema- icações, não era passível de realização.
gem no Basil: "Los estuianes dos medios
As efeências
à
falta de "staus" scial e
à
llaes iendem as concenrr-se en los cana- desvalozação proissional e salrial aliados
à
les 'faciles' o pco selectivos, que son mbiém cracerística de proissão predoinaneene
los menos entables socialmente, miensras que feminina, sem autonomia na tomada de
los esuines prcedenes de los medios pivi- cisões, submissa aos podees insiucional e
legidos escojen con
s
ecuência, los cana- médico, sem limies de atuação estabelecidos e
les done
a
selección es más severa, como la unções indeinidas, mostram, de eta foma, a
física e la medicina.
aauo-seleceión que incopoação do discrso mais críico veiculado
consiuye la elección de cnales más faciles
Ynos últimos anos, mas denom também um sen
enos 'entables'
socialmene,
serve asi de
I
timento de impoência e pessimismo diane dos
sa,
de epeidor
yde 'edulcorane' pa la umos da poissão.
desildad ane la selección".
Paece-me que persiste a diiculdade de
fa-Assim, quando a(o)s depoentes efeem que zer a vinculação ene o que se dá "denro" da
a cienela que procura o curso não peenche as
.
poissão com o que está "em volta dela"
e que
ss
execativas enquanto docenes, percee-
Ina verdade a aravessa, e o ato de
isolá-la no
e
é
lguma
cleza
do porquê isto aconece,
Itempo e no espaço, leva a uma circulidade
nas
s
não
e vai undo nessa quesão e muito : discusses, que se evidencia nos depoientos
enos
e
vi lém dela.
aé aqui egisrados.
O
ensino é apolítico,
A fla de Ana, quando se efee ao "nível
I
ahistórico e desvinculado da ealidade, a( o)
d
de escolridade"
das alunas,
eee a ouo
Icene sente que não em pepao teórico,
páico
plno
a
anlise, qual seja, o do cuzmento das
!
e políico pra fazer
mensino
difeene,
s
caegoias
gênero e classe scil
que se dá na alunas não estão prepaadas para o ensino que
fgem. Numerosos estudos êm demons- se planeja e ofeece, e a conceção que
s
e
do qe
a
scição fena, com
êfase
'soas êm da poissão caba por eler udo is
a
nca
a f1a
junene
com o
ISOe
Paula, nm eenado moeno, cola
demais pra o que vai fzer deois".
Nesse senido é inteessane o que se veii
ca quando se analisa dcumentos que noeim
o ensino, esecialmene os plànOS e ensino,
que eletem (ou deveriam fazê-lo) os cone1dos
da fomação poissional. Busca-se a rans
missão massiça de conhecentos écnicos, nu
ma bodagem pedominantemente biologicista
e essa problemáica da proissão não apece
egisrada explicitamene, seja
memos de
conte1do, seja nos objetivos que peendem ser
alcançados.
Regiso nos depoientos:
"Hoje, eu sei muito mais, senão o que a
Enfemagem faz, as elo menos o que
ela deveria fzer. Eu enho muita cons
ciência disso, eu não vejo a proissão
como a maioria das pessoas está vendo
hoje... num rimo de dcadência, de
queda. Se isso conece, eu acho que é
muito mais pelas pessoas que pc
m
,
que estão atuando a
ea, do que elas
crcterísicas da proissão em si
••."
(Denise)
"
.••eu vejo a Enfemagem como uma
proissão que está disnciada da eali
dade no nosso conexto". (Ione)
"
•••hoje a proissão está seguindo uma
linha muito ais de busca do saber do
que esmo do fazer
•..por um ldo eu
acho aé bom porque vem conribuir pa
ra a proissionalização do enfemeo,
mas por ouro lado a práica está ican
do muito distnciada e isso... é
a
problemáica ineira que a proissão
em
•••" (luiz)
SIL
VA
eao analisr as epesentações sobe
a Enfemagem, veiculadas pincipalmente em
nível da Associação Brasileira de Enfemagem,
ar.vés da Revisa Brasileia de Enfemagem,
assim como suas deiniçes,
z
que elas ele
em "uma enfemagem abasrata, idealizada e
real, independeneene de
m
espaço e um
tempo concetos" porque não a mosm, en
quanto práica social histoicmene deermina
da, emeada de heteogeneidade e conra
dições.
Eu
ia
que nas epesenaçes as dcen
es deste estudo, aé esmo em unção da
i
cussão de extos como o acima ciado, mafes
ta-se
a
entaiva de ir além dos liites imos
tos elo que em sido concebido coo Enfer
magem. Isso, no entanto, não em sido rnspor
do pra as discusses ao. nível das salas de
aula.
O
entenmeno da proissão enquanto hee
ogênea e conditóia mfesta-se nas ene
visas pncipamene em elação a dois ontos:
a) a divisão inelectul/manual do baho e a
prcelaização das atividades elas diversas ca
tegoias que inteiam a equipe de enfemagem;
b)
à
falta e cleza quanto ao eu objeto de
abalho e a não delimição de unçes.
MEL05, NAKAMN, e AMEIDA1 discu
tem a divisão scial do rabalho e seus desdo
braentos na Enfemagem, analisnd-a no
conexto do pcesso capitalisa de podução,
onde ela (a divisão) se consolida. Assim anali
sada é ossível compeenê-la - no que
z
es
eito
à
deinição de espaços/unçes da edici
na e Enfemagem, e pincipalmene,
à
hierr
quização que se desenvolve na equie de en
femagem - como prdução da divisão ma
nual/inelectual do rabaho, que no capilismo,
eforça as elaçes de doinação/subordinação
enre as classes sciis.
A
Enfeagem mder
a
nasce eprduzindo a divisão scial do raba
lho ene duas caegoias distinas: a "lady-nur
se" e a "nurse". Essa divisão foi se consoli
dando e ampliando, em emos de caegoias
poissionais envolvidas e em sido percebida
"elos enfermeros, na llioia das vezes, como
radição, como condição necessáia e hmonio
sa pra uma maior podutividde do rabalho e,
ouras vezes, como indesejável e pejudicial"
(BARROS apud MEL05).
Isto se expessa nos deoimentos a segur:
"
••.os problemas relacionados a essas
caegoias que existem em unção de
uma políica de rabalho do paes e que
de cea foma nós somos obigados a
aceitr
•.•rabalhamos conra, na medida
em que nos qualiicamos, que mosra
mos rabalho e que ocupmos um espa
ço... prá que o enfemero seja valoi
zado". (Rita)
"
••.eu acho que o abalho em que ter
ua divisão técnica
.••porque tudo em
divisão. Se você for ver na ea de en
genhria, por exemplo, tem aquele que
comanda, tem o -que execua e tem o
que planeja, então na Enfemagem em
que ter também. Eu acho que pra o en
femeiro ica o çoando das atividades
de Enfeagem
.••" (Denise)
Na Enfeagem, a dimensão manual do seu
rablho em sido enendida como um dos fat
es geradoes de sua desvalorização scial.
Nese senido, a agentação das atividades
por difeenes caegorias, com graus e pepro
e escolaização divesiicados signicou o des
lcaento da enfemera pa
a
unção de di
ção e conole dos seviços da assisência e da
equie
e
Efeagem e possibilitou-lhe, em
unção da eparção concepção/excuão,
a
suir o pael
e
inelecul da
.
z Cra:
" •••
em nossa sciee o que
é
mnual
não
é
vlodo... em valor o que
é
inelcual, e isso
é
a
coisa que em
edo, que em iluencido a nossa
poisão
a
buca de valoção
•••í
eu cr aé que a ene em valodo
s enjodas cois em eimento
e ouas que e em que são bási
s
a
poiso, or,
exemplo, a
quesão do cuido
•••"
Pa AEDA
t,o fao da páica de En
fegem ão esr sendo execida ela enfer
eia em
a
sua exensão, deenou eda
de epço poissionl, ois, a r do momen
o em que passou a cupr crgos de cheia,
iniciou-e o seu eso de nJizção na
áca a adde,
a
vez que ela se disnciou
do pciene, do essoal auxilir e
s
aividdes
igis eente ao objeto de sadde - o pa
ciene/cliene.
No que se efee
à
delimitção do espaço e
unçes e
a
caegoia
a
nfeagem, e
ciene s enfeeirs, esa em sido mui
.
o diicil
a
páica, evido
"à
ce e ideni
e" eses eleenos. Aesr a egulen
ção em lei (ei n2
7498
e 5686),que es
elce s aivies ivaivs a enfeea,
a cnica,' a aur de Enfeagem, iso não
vem e cocendo
a
páica, onde dos fa
em pai
ene udo, icdo a enf
e
ia
vncula ioiene
s
aivies i
nisaivas e báias.
Refed-e
à
ei do Excício Poissi
l,
enr Mques· coena que já se encon
ava
efa
qundo de sa povção (foi
ova
13
nos ois
e poosa)
e ar
iso, esiem ÍCules enas pa sua
, pleeno. faa que
s
unçes da en
fea
o
em e
o
o
cumpis
s
es
de
blho genes. Nese endo,
a
efeea
vm
edo coivene cm o
e
cí
ci
o
er
a
oso
no
ó qe
sse
nçes
qe
ão
o
sus, oo m6m
qe elega
ss
s
es e coninua
a pr eenes
de
ef
agem, caegoa
exna
aefa ei. O
oeno e Slvia
6
ne
nee
oqe f
o
i
io
ca':
..
...
0el
o
efeeo hoje,
o
esá
co
aoso...
a níel os hospi
s
ces a ene já sae, o en
eo sá á
a r
os
aen
es
e' ues e
r
cona e m
one
de
caves. Nos enos
�
osos
e ade ele divide o ablho com
o édico... e muios poissionais
cm
que e valom or esem
substindo édicos".
Na veae, cae eletr qui em que
dida o peso de foção encanha a en
feeia
a
esa ão,
a
vez que, não
endo clros eus ies concetos de atuaço,
o que
é
inculcdo e cobdo coo endo es
onsbilidde poissional signica, na páica,
exataene isto: cobir as deiciências de dos
os eviços e e
s
os poissionais envolvi
dos no atendeno do paciene/cliene, oque
este não pde ser pejudicado. Não ode e não
eve esmo; mas porqe
é
justaene a efer
eia que deve esponer por isso
?
A
ass
cição que faz ene as unçes poissionais da
efeeira com aquelas "de esponsablidade
da mulher" em casa, pde fonecer alguns ele
entos pra compeender elhor esse asco.
Isso oque, na Jamnia, ce essencialene
à
mulher o aendeno das necessiddes básicas
de mnuenção e reprdução da vida. Pra
cuprir esse pael, a muher assume uma ga
.
de esonsbilides e pcua esonder
é
or situes que, na vedde, estão fora e eu
alcnce.
Com elação
à
"cise e ndentidade", diz
aura:
"... essa crise de indentidade vem em
unção da erda de espaço, erda de
comeência, erda de posa essoal
e poissional...
O
enfeeo e afas
tou muito da assisência, icou muito
mais aás de uma esa, na pae ai
nisaiva, em a visão do assisencial e
isso foi
m
poque ele edeu o c
ndo e sua popia equie
•••"
SLVA' nalisa essa crise e ienidade
como sendo iológica, oque a idenicção
com o cuidado deo (o que vem no ojo do
poeno de aura), ou eja, com a Efea
gem o passdo, em divisão écica ene cui
dos execidos or difeenes agenes, sigi
a m
descompsso ene as nsfoçes
coidas e s conceçes adicionais e ia
a
siução bígua
a
as enfees,
ienicada coo sendo um poblema
e
inde
niçlo e pa6is. Pra SLVA', a sueção
ieológica dessa indeímiço
ó
e
dá elo
esgae das
s
hisóicas dessa caegia
poissional e abhnd-' com os dos a
alie concea de um moeno hisóco de
emindo, o que signiica cohcer as ns-
.
• Ex-ine o
CORBN-RS
m u ona"oia Salil
ccao Tabhsa"
pofeia o V Ef. Sul, Poee, nJI0.
fs els quis pssou a Enfeem do
ppio
o
cpio e ecr s
sas
c
ríicas básics na scie
bi
leira al.
Io,
pra ela, plica em
o
rque a. aividdes aisaivas e e ensi
no consiem o objeo e blho
r
exel!n
cia as enf
e
as hoje, no
Bl,
o
eno a
ego ese fo que vai gnr a �
vção da caegoia. Já
N.ME7
defee
que essa sueção idolóia eve plr
mém nm esgae ou na conquisa
o
cui
ddo deo, oque enuncir a ele
a
"a
submisão
l
do enfeeo ao cpial, com a
muo e sua coe!nca écnica e, em
coneqacia, a
ea
de sua eseciciade
poissional"
•Não é eu objeivo, nese balho, defe
d
e
r
a
o
u ouras
s
es
onas
ci
a,o
qe
e oa egisrr é que a ecu
rção ou quisiço da idenie poissionl
passa nCessiene ela copeenão do
pcesso de blho da enf
e
a, ou seja,
la conciência
s
açes eees no c
.
idiano.
A
enfeea não e connur
i
n
d
a
a
pópia práica (no enido no do
emo).
A
dcente de enfeagem, de do geral,
não
poupa críicas
i
enfeea no execício da
poissão.
A
copeensão
de
que ela é, em
11-tima insância,
tmém
m
prduto
do pcesso
de foção, ou seja, do próio abalho do
cene, começa a desonr em lguns
eoen
tos. Eu
a
q
ue, ao olhr-e no eselho, a en
femea no em gado
a
agem que
í
ve
eleida. Os connos essa agem, deios
com mis �ldez, incluem o fseno do
cuiado deo; o cáer submiso e efeo do
seu fr;
a falta de ousdia pissionl; o
go
à
br
c
a,
à
eas e ao cáer geecil
a
assisência;
a buca da valorço aavés
de
unçes que não lhe coeem; a fala de
engajeno olíico; a la de visão críica em
elação
o
conexo scl
o
nôico ode sua
páica
e
ee.
Vejmos o que dizem os deoenos:
·'0
enfeeo na
á
muio bio
do
••• ·ele ainda
o
em uonoia
a
eenvolvr sua oiso, ele esá vin
c
o
a aivides sis... ele em
muia dicule
a
eenvolvr a
auona.
•• "(Sla)
"
••• eu cho que pa enfe
a ina
fala qela ia de qer fer l
a oa,
ineenene esa
oa
ó
cnica.
•• " (Jdlia)... a
o
que o enfeeo
sa
é
s
dquele poissionl qe em
l
quali
e
s... is volado
r
lo do
coeno do que do io e
-nhceno que ele pcisa pa excer
essa poissão" (Taís)
Aqui e
vê
quanto
a pópia dcene tem
esado envolvida no "cla" de
cise,
e ques
ionentos e aé eso
de essimiso qe
epassa a poissão, ua vez que ela e o crso
não exisem em bsao,
s
se ineem con
ea e ativene nua ide isóica e
sciene deeinda
•4
E DAí
1
Analisadas
no
seu conjunto, estas falas
desvelm coitos
onde
usualmene e
pe
supõe consenso, iluminm
a
disncia e/ou
p
ximidade ene o
icoe o vivido e en
sionm os efeitos de curículos, planos de ensi
no
e
egulentôs.
Mais do que isso,
oém, eeem pa
uaelexão acerca do pael da
e
cola e
de sua
lção com o conexto scial one
a
pática
a
Efemagem
e
ceve.
Nessa ersciva, conhcer a foça de a
balho dcene (e sus diiculddes e conlitos)
é
essencil pa
saer que ensino esá sendo exe
cuado.
Só enão
seá ossível enender oque
ans
enaivs e
ansfoção aé hoje pr
osas, não em saído do pael e quando o flC
rm, não inerfeam siicativene na ea
liade que e peendeu mudr.
R E F E RÊ NC IAS B I B L I OGRÁFICAS
1 ALMEIDA, M.C. e RHA, J. O ber e efagm
e
5 MELO, C. 0 ol o rao e Enfeagm. Sãoa
eo
dJ.
São Paulo: Corez, 1986. Paulo: Corz, 1986.2 CUNHA, L.A. ço e enIO sII o Bl. 6 MELLO, O.N. Matlo e I! Grau -a cea o 6 d. Rio e Jero: Frcico Alves, 1980. prso Ico. 7 d. São Paulo: Coez, 1987. 3 FORQUIN, I.C. ul efqe sMco ei o y
la-CO cs: iga e o r y oigm 7 NAKAMAE; D. Nos cs a Efeagm. São Pau-l' • Educion y Sciede, Madrid, (3): 177-224, lo: Coez, 1987.
1 985. .
4 OERMANO, R. dçQ