A N Á L I S E D E U M A E X P E R I Ê N C I A S Ô B R E V A R I E D A
-D E S -D E SOJÁ (
1)
H . VAZ DE ARRUDA
Engenheiro agrônomo, Secção de Técnica Experimental e Cálculo, Instituto Agronômico de Campinas
(1
6 6 B R A G A N T I A V O L . 1 2 , N.°* 1-3
çâo dos dados experimentais, a porção que está correlacionada com a varia-ção da testemunha.
Na análise da variância dos resultados finais, o efeito devido à maior ou menor infestação de nematóides verificada em cada bloco foi eliminado das estimativas dos efeitos de variedades, dando estimativas mais precisas para esses efeitos. Além disso, a diferença na infestação dos canteiros den-tro de cada bloco não foi conden-trolada pela experiência e contribuiu para aumentar o erro experimental. Como foi colocada uma testemunha para cada canteiro, em cada bloco, a análise da covariância mostrou como utilizar esses dados complementares para reduzir o erro experimental.
2 - M É T O D O D E ANÁLISE
A análise foi resumida em três partes principais, a saber:
a) determinação do coeficiente de regressão para ajustar as médias
de variedades;
b) obtenção de uma estimativa do erro experimental, livre do efeito
da regressão das variedades sobre a testemunha;
c) realização de testes para verificar a significância entre médias ajus-tadas de variedades.
2.1 - D E T E R M I N A Ç Ã O D O C O E F I C I E N T E D E R E G R E S S Ã O
N o quadro 1 acham-se apresentados os resultados da experiência, sendo
y os pontos dados às variedades e x os das testemunhas correspondentes.
Para determinar-se o coeficiente de regressão foi preciso efetuar as análises das somas de quadrados e produtos, respectivamente para x, y e
xy.
Devemos considerar as variáveijs y como pontos dados às variedade-e as variávvariedade-eis x como pontos dados à tvariedade-estvariedade-emunha corrvariedade-espondvariedade-entvariedade-e. As varias veis, produtos xy foram fornecidas pelos pontos das variedades e testemu-nha de cada canteiro. A variável y deve ser considerada função linear da variável x, dada pela equação.
y = ò x
onde b é o coeficiente de regressão que precisamos estimar.
Os cálculos necessários para a análise de soma dos quadrados são bas-tante conhecidos. A análise da soma dos produtos das diversas componentes seguiu idênticas operações, exceto ter sido cada quadrado substituído pelo produto correspondente.
No quadro 2 é apresentada a análise das somas de quadrado e produ-tos, baseada nos dados do quadro 1.
O fator de ajustamento ou coeficiente de regressão, é dado por
B = _ ^ L = 1 ^ 2 = 0 , 3 2 2
Sxx 3 7 , 0 6 '
J A N . - M A R Ç O , 1 9 5 2 A N Á L I S E DE E X P E R I Ê N C I A DE SOJA 67
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68 B R A G A N T I A V O L . 12, N .o s
1-3
Q U A D R O 2.—Análise das somas de quadrados e produtos
Fonte de variação G. L.
Soma de quadrados
Sxx Syy
Soma de produtos
Sxy
Total 87 47,44 125.63 14,17
Entre blocos . — 3 5,47 4,00 3,47
Entre variedades — 21 4,91 95,64 -1,22
63 37,06 25,99 11,92
Esse coeficiente de regressão representa uma média ponderada dos
coeficientes de regressão y sobre x dentro de cada variedade, depois da eli-minação da variação existente entre os blocos. O peso para cada coeficiente de regressão é dado por Sxx, correspondente a cada variedade.
Tendo-se o coeficiente de regressão 6=0,322 puderam ser feitas as correções nos pontos médios das variedades, pela fórmula:
onde
ic=j— b(x— x)
yc é o ponto médio corrigido de uma variedade. y é o ponto médio observado da mesma variedade.
6 é o coeficiente de regressão de y sobre x.
x é o ponto médio da testemunha correspondente.
x é o ponto médio da testemunha, baseado em todas as
obser-vações.
Os pontos médios de variedades corrigidos para o efeito da regressão são dados na última coluna do quadro 1.
2.2 - E S T I M A T I V A R E S I D U A L D O E R R O
Na componente erro da análise de Syy foi incluído o efeito da regressão de y sobre x.
Eliminou-se essa parte da variação devida à regressão, subtraindo a quantidade :
b Sxy = (Sxy)
2
(11,92)2
= 3,83
Sxx 37,06
E a soma de quadrados residual do erro é dada por :
Syy(êrró) — b Sxy = 25,99 — 3,83 = 22,16
com 62 graus de liberdade.
JAN.-MARÇO, 1 9 5 2 A N Á L I S E DE EXPERIÊNCIA DE SOJA 69
Notou-se uma redução no erro de 13%, quando se eliminou a porção da variação devida à regressão.
2.3 - T E S T E D E S I G N I F I C Â N C I A
Os testes de significância ficaram mais complexos na análise da cova-riância, devido à correção feita nas médias das variedades para o efeito da regressão. O valor b usado para a referida correção é uma estimativa do parâmetro @ e, por conseguinte, sujeito a erros de amostragem. Em vista disso, foi preciso levar em conta a variância de b nos testes a serem feitos.
2.3.1. - TESTE DE T
A estimativa da diferença entre duas médias corrigidas é dada por :
fie y2c = | j/ l Hxí f ) ] — [ j/ 2 — b(ΥT2 I ) ]
Vic V2c = 2/1 2/2 — b(Xí X2)
E a estimativa da variância dessa diferença é dada p o r :
V(ylc
— y
2 c) = y y , +
V y
2+
( x i — x
2)* 7(b)
F ( y ic- £2c) = s? ( - L + J - ) + ( ^ _ ^
ri r2
òxx
r
I Ti
n Sxx
J
A quantidade "f", cuja distribuição é conhecida, é dada p o r :
^ Y\c
— F2 cj/n + _ L + ( i ^ γ ? i
' n
r2Sxx
J
ondeyu — yic: são duas médias corrigidas quaisquer de variedades,
s^: quadrado médio residual do erro (igual a 0,36).
~x\ e X2 ' são médias da testemunha correspondente às variedades. Sxx: soma de quadrado de x da componente erro (igual a. 37,06).
rj e rs: número de canteiros que contribuem para cada média.
Na análise em questão, pode-se desprezar a quantidade debaixo do
radical ^1
—^ - , correspondente à variância de 6, por ser muito pequena
70 B R A G A N T I A VOL. 1 2 , N . °S
1-3
Vê-se que a diferença para ser significativa, deve satisfazer a condição:
Vic — y2c^±t V(l/n + Vr2)s2r
sendo o valor de "t" igual a 2,00 para o nível de probabilidade de 5%,
corres-pondente aos 62 graus de liberdade do erro.
No presente trabalho, duas variedades, de números 15 e 3, estão repe-tidas, oito e doze vezes, respectivamente, e as demais, quatro vezes. Neste caso, é mais conveniente verificar a significância entre as médias, usando-se os respectivos intervalos de confiança.
Tem-se, assim:
[L = X + t Sx
onde (A é um parâmetro (média da população), do qual x ê uma estimativa,
obtida a partir dos dados da experiência; o valor de t (1,289) é encontrado na tabela correspondendo a P = 0 , 2 0 e 62 graus de liberdade (3).
Para determinar os intervalos de confiança, multiplica-se o desvio padrão de cada média
( ~ = . ) pelo valor de t (1,289)
V n
Os limites da média são dados somando e subtraindo essa quantidade das médias corrigidas.
j
! j
: \
9 9
2-0 i
O (423 0,30 ipO ZfiO 300 400
R E S I S T Ê N C I A A O S N E M A T Ó I D E S - P O N T O S
JAN.-MARÇO, 1 9 5 2 A N Á L I S E DE EXPERIÊNCIA DE SOJA 71
Os intervalos são representados graficamente na figura 1. Aproxima-damente, pode-se dizer que a probabilidade é de 80% de que o valor ver-dadeiro esteja dentro do intervalo indicado e que, quando dois intervalos se superpõem, as duas variedades correspondentes não são significativa-mente diferentes.
Os pontos médios dados a cada variedade podem ser reunidos na ordem decrescente de acordo com a seguinte relação:
V A R I E D A D E Vedores médios dos pontoa
1 — Palmeto 0,23 2 — N 45 — 3799 0,24 3 — La 41-1219 0,31 4 — Otootan 0,89 5 — 29 1,41 6 — Morro Agudo 1,74
7 — 581 1,80 8 — Arksoy 1,91 9 —• M . Yellow 2,13
10 — 675 2,19 11 — R . Grande 2,23
12 — Acadian 2,29 13 — Manloxi 2,34 14 — Avaré 2,40 15 — 455 2,44 16 — 482 2,75 17 — Choosen 2,80
-18 — P. Barreto 3,80 19 — Georgian 4,23
Na figura 1 as diferenças podem ser interpretadas mais facilmente.
2.3.3-TESTE F
Este teste também foi modificado na análise da covariância e é dado pelo quociente de duas variâncias corrigidas para o efeito da regressão.
O teste foi feito eliminando-se da variação total a componente entre blocos. Considerou-se um novo total, dado pela soma (variedades-^- erro).
Eliminou-se a contribuição devida à regressão nas linhas
(variedades-^-erro) e erro pela fórmula:
S.Q. regressão = ^
Obtiveram-se as estimativas, livres do efeito da regressão, perdendo em cada caso 1 grau de liberdade.
A soma de quadrado residual para variedade foi obtida por subtração do total — erro :
118,91 — 22,16 = 96,75
Esta soma de quadrados conserva o mesmo número de graus de liber-dade.
S U M M A R Y
T h i s paper describes the statistical analysis o f an experiment w i t h 2 2 s o y b e a n varieties, carried o u t at the Campinas Central Experimental Station, in order t o test their resistance t o r o o t k n o t nematodes.
T h e same c h e c k variety (Abura) w a s planted in e a c h p l o t in order t o estimate the infestation of the soil b y nematodes.
3 - RESUMO E CONCLUSÕES
Apresenta-se, neste artigo, a análise estatística de uma experiência com 22 variedades de soja, instalada na Estação Experimental Central de Cam-pinas, com o objetivo de determinar a resistência dessas variedades aos nematóides das galhas das raízes, e descrita no artigo anterior desta revista.
Em cada canteiro, foi plantada uma variedade testemunha (Abura), a fim de estimar o grau de infestação do solo por nematóides produtores de galhas das raízes.
A variedade e a testemunha de cada canteiro receberam pontos subje-tivos numa escala de 0 a 5; 0 para ausência de infestação e 5 para infestação máxima encontrada.
Considerando y como o ponto da variedade e x como o ponto da teste-munha, foi possível, utilizando-se a análise da covariância, eliminar da varia-ção dos dados experimentais, a variavaria-ção correlacionada com a da testemunha.
S u b j e c t i v e scores h a v e b e e n ascribed t o each p l o t and t o the c h e c k v a r i e t y from 0 t o 5, a score 5 t o the varieties w i t h highest incidence of nematodes. T w o observations w e r e m a d e at intervals of 60 and 90 days after germination. T h e averages of these scores w e r e used for the statistical analysis.
Considering y as the variety score and x as the c h e c k variety score, it w a s possible b y means o f covariance analysis t o eliminate from the experimental data the variation correlated w i t h t h e variation of the c h e c k variety. W i t h this analysis, the error variance w a s r e d u c e d b y 1 3 % .
L I T E R A T U R A C I T A D A
1. G o m e s da Silva, J . , L . G . E . Lordello e Shiro M i y a s a k a . Observações sôbre
a resistência de algumas variedades de soja a o nematóide das galhas. Bragantia 12 : 59-64 — 1952.
2 . C o c h r a n , W . G . e G . M . Cox. Em Experimental designs, p á g . 74-81, J o h n
W i l e y & Sons, N o v a I o r q u e , 1950.
3 . Stevens, W . L . Análise estatística d o ensaio de variedade d e café. Bragantia 9 :