• Nenhum resultado encontrado

Refluxo gastroesofágico e deglutição em recém nascidos e lactentes: revisão integrativa da literatura.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Refluxo gastroesofágico e deglutição em recém nascidos e lactentes: revisão integrativa da literatura."

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

REFLUXO GASTROESOFÁGICO E DEGLUTIÇÃO

EM RECÉM NASCIDOS E LACTENTES:

REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

Gastroesophageal reflux and swallowing in newborns and infants:

integrative review of literature

Flávia Rebelo Silva Puccini (1), Giédre Berretin-Felix (2)

RESUMO

O reluxo gastroesofágico é encontrado em 25% dos bebês e pode acarretar vários prejuízos para o desenvolvimento. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão integrativa da literatura buscando veriicar se há publicações relacionando alterações da deglutição com o quadro de reluxo gastroe

-sofágico em recém-nascidos e lactentes. A pesquisa foi realizada consultando os sites da Bireme e da PubMed. Os unitermos utilizados foram reluxo gastroesofágico, recém-nascido e lactente, em português e os correspondentes em inglês. Os descritores foram utilizados pareados, pois isolados abrangia muitos textos com temáticas diferentes da de interesse. Os trabalhos selecionados foram dos últimos dez anos. Não houve limite de tempo. De 1184 artigos da Bireme e 1600 da PubMed ana

-lisados a partir da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, restaram 23 artigos, sendo a maioria voltada aos sinais, sintomas e diagnóstico do RGE. Dois artigos abordaram o RGE e a deglutição, demonstrando que pode haver ou não relação entre RGE e disfagia orofaríngea em recém nascidos e lactentes, sendo que a escassez de pesquisas com essa temática demonstrou a necessidade de novos estudos abordando os aspectos patoisiológicos envolvidos.

DESCRITORES: Reluxo Gastroesofágico; Transtornos da Deglutição; Lactente

(1) Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de

São Paulo, FOB/USP, Bauru, São Paulo, Brasil.

frequência do que o isiológico, porém, sem causar doença para a criança. Ele é denominado funcional por não haver qualquer disfunção básica (mecânica, inlamatória, infecciosa ou bioquímica) que possa levar ao reluxo, e é um processo de maturidade gastrointestinal. O reluxo ainda pode ser oculto ou silencioso, podendo se transformar em patológico4.

Na medida em que o RGE abrange áreas extra esofágicas, ele vai deixando de ser um problema restrito ao trato digestório. Dentre as complicações do RGE cita-se a asma brônquica e os problemas otorrinolaringológicos, problemas de alimentação5,

cólica do lactente6 e erosão dentária7. O RGE

também pode ser considerado o fator responsável pela diiculdade alimentar, tanto em neonatos como em crianças maiores8.

Apesar de a alimentação, assim como a respi

-ração, ser uma função de sobrevivência, para

„ INTRODUÇÃO

O reluxo gastroesofágico (RGE) é deinido como o retorno involuntário do conteúdo gástrico para o esôfago 1 e acontece em aproximadamente

25% dos bebês, sendo o segundo maior problema de afecções mais prevalentes das doenças do trato digestivo2.

O RGE em crianças é classiicado em isio

-lógico, funcional e patológico primário e secun

-dário3. O RGE isiológico é caracterizado por reluxo

(2)

Os unitermos utilizados para a pesquisa foram: reluxo gastroesofágico, recém-nascido e lactente, nos idiomas português e os correspondentes em inglês: gastroesophageal relux, newborn e infant. A pesquisa foi realizada com os descritores pareados, pois isolados abrangia muitos textos com temáticas diferentes do foco de interesse do estudo.

Foram incluídos todos os artigos cientíicos que abordassem reluxo gastroesofágico, tanto o reluxo isiológico como a doença do RGE, em recém-nascidos e lactentes, no período entre 2004 e 2014. Foram excluídos todos os artigos repetidos, os que não abordavam o tema proposto, os que não se tratava de bebês ou que não estivessem dentro do limite de tempo.

Depois de todas as informações apanhadas e estudadas os dados foram analisados conside

-rando a revista e o ano de publicação, o objetivo da pesquisa, os exames de diagnóstico e tratamentos propostos, como também a relação entre o reluxo gastroesofágico com distúrbios da deglutição. Por im, foi analisado o nível de evidência de cada estudo, de acordo com Souza, Silva e Carvalho

(2010)12. Posteriormente esses dados foram discu

-tidos e comparados com a literatura.

„ REVISÃO DA LITERATURA

Na busca realizada no site da bireme com os unitermos pareados, foram encontrados 1.184 artigos. De acordo com os critérios estabelecidos foram selecionados 8 estudos da base de dados LILACS e MEDLINE. Já na busca realizada no site da PubMed, foram encontrados 1600 artigos, que, ao aplicar os critérios de inclusão e exclusão restaram 15 artigos. Os passos da seleção estão ilustrados na Figura 1.

alguma dessas fases podem acarretar má nutrição e déicit de crescimento. A nutrição de um bebê, especialmente no primeiro ano de vida, é essencial para o crescimento e desenvolvimento cerebral9.

Os sintomas mais comuns que sugerem um problema de alimentação são diiculdades na sucção e deglutição, apneia, tosse repetitiva e/ou engasgos, irritabilidade excessiva, alterações de comportamento durante a alimentação, tempo de amamentação maior que 30 a 40 minutos, recusa alimentar e déicit de crescimento9.

A ocorrência de vômito, regurgitação, engasgos, falta de ar, esofagite, disfagia, odinofagia, pirose e dor retroesternal fazem com que a criança relacione a alimentação com desconforto, dor e desprazer10.

Por outro lado, o RGE compromete a integridade da motricidade oral do bebê, ocasionando hipersensi

-bilidade na cavidade oral, anteriorização do relexo de vômito e aversão a estímulos táteis, justiicando a recusa de certos alimentos e texturas11.

Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão da literatura para veriicar se há publicações relacionando alterações da deglutição com o quadro de reluxo gastroesofágico em recém-nascidos e lactentes.

„ MÉTODOS

Este trabalho é uma revisão integrativa, com caráter analítico-descritivo, sendo realizado com base em análises dos artigos sobre reluxo gastroe

-sofágico em recém-nascidos e lactentes.

O levantamento de periódicos foi realizado no site da Bireme (Biblioteca Regional de Medicina), sendo consultada a base de dados do LILACS e MEDLINE, e no site da PubMed.

(3)

Foi possível observar que nos últimos anos houve um aumento no número de publicações com esse tema, conforme apresentado na Figura 2.

Foram selecionados artigos publicados no período de 2004 a 2014, sendo um artigo publicado ao ano, em sua maioria. Os anos de 2012 e 2013 apresentaram maior número de publicações (n=4).

Figura 2 – Apresentação do número de artigos publicados por ano de acordo com os resultados encontrados por meio da busca em todas as bases de dados e sites consultadas

A Figura 3 apresenta as informações obtidas a partir da análise de cada publicação selecionada, sendo possível observar que a maioria dos estudos tiveram como objetivo estabelecer o melhor exame para diagnosticar o RGE e, também, o de relacionar

sinais clínicos com os exames. As revistas médicas foram as que mais publicaram artigos relacionados ao tema (n=18), seguidas das revistas de nutrição (n=2), fonoaudiologia (n=1), sono (n=1) e cuidados neonatais (n=1).

Número

referência

bibliográica Título do Artigo Autores Periódico Considerações / Temática

Nível de Evidência

13

Inluência dos decúbitos dorsal e ventral na monitorização do pH esofágico em recém-nascidos de muito baixo peso

Mezzacappa, Goulart, Burnelli

Arq. Gastroenterol. 2004 Jan-Mar;41(1).

Veriica a inluência postural na frequência e duração dos episódios de RGE, constatando a eiciência do decúbito ventral.

4

14

Prevalência de reluxo gastroesofágico patológico em

lactentes regurgitadores Costa et al

J. Pediatr. (Rio J.). 2004 July-Aug;80(4).

Determina pelo critério de Roma II a prevalência de RGE patológico em lactentes regurgitadores.

3

15

Predomínio de manifestações respiratórias na indicação de pHmetria esofágica prolongada em crianças

Goldani et al Arq. Gastroenterol. 2005 July-Sept;42(3).

Avalia crianças e adolescentes quanto a demanda, indicações e resulados de pHmetria esofágica prolongada para avaliar o RGE, concluindo que os índices de reluxo em pHmetrias positivas foram maior em crianças menores de 2 anos.

4

16

Efect of formula thickened with locust bean gum on gastric emptying in infants.

Miyazawa et al

J Paediatr Child Health. 2006 Dec;42(12):808-12.

Veriica o efeito de uma fórmula engrossada com goma de semente de alfarroba no esvaziamento gástrico, constatanto que o efeito é

(4)

Número

referência

bibliográica Título do Artigo Autores Periódico Considerações / Temática

Nível de Evidência

17

Diurnal variation in the chemical clearance of acid gastroesophageal relux in infants. Woodley, Fernandez, Mousa Clin Gastroenterol Hepatol. 2007 Jan;5(1):37-43

Avalia os efeitos da

alimentação quanto a duração, volume e depurações químicas. 3

18

The efect of thickened-feed interventions on gastroesophageal relux in infants: systematic review and meta-analysis of randomized, controlled trials. Horvath, Dziechciarz, Szajewska Pediatrics. 2008 Dec;122(6): e1268-77

Avalia sistematicamente e atualiza dados de estudos controlados e randomizados sobre a eicácia e segurança dos alimentos engrossados no tratamento do RGE.

1

19

Reluxo gastroesofágico: estudo comparativo da receptividade e sensibilidade entre seriograia e ultrassonograia

Sakate et ak Radiol Bras. 2009 July-Aug;42(4).

Compara a sensibilidade e receptividade da seriograia do esôfago, estômago e duodeno (SEED) com a ultrassonograia do esôfago intra-abdominal em pacientes com suspeita de RGE.

3

20

Technical limitations in detection of gastroesophageal relux in

neonates. Di Fiori et al

J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2009 Aug;49(2):177-82

Caracteriza a incidência de RGE detectados pela pHmetria esofágica e não detectados pela impedância intraluminal.

4

21 GERD or not GERD: the fussy

infant. Bhatia, Parish

J Perinatol. 2009 May;29 Suppl 2:

S7-11.

Deine o RGE e os sintomas da DRGE associados, e as opções de tratamento 4

22

Disagreement between symptom-relux association analysis parameters in pediatric gastroesophageal relux disease investigation. Luthold, Rochat, Bahler World J Gastroenterol. 2010 May 21;16(19):2401-6.

Veriica se há uma relação dos sintomas do RGE com o exame de pHmetria, mostrando que apenas os sintomas podem gerar discordâncias importantes na classiicação diagnóstica.

4

23

Small volumes of feed can trigger transient lower esophageal sphincter relaxation and gastroesophageal relux in the right lateral position in infants.

Van Wijk et al

J Pediatr. 2010 May;156(5):744-8, 748.e1.

Investiga a quantidade de alimento que aciona o relaxamento do esfíncter esofágico inferior em decúbito lateral direito e esquerdo.

3

24

Achados luoroscópicos da deglutição: comparação entre recém-nascidos pré-termo e recém-nascidos de termo

Silva-Munhoz, Bühler

J. Soc. Bras. Fonoaudiol. 2011 July-Sept;23(3).

Descreve os achados luoroscópicos da deglutição, sinais e sintomas clínicos relacionados à alteração na deglutição de RNPT e RNT

4

25

Sensibilidade da seriograia do esôfago, estômago e duodeno para o diagnóstico de doença do reluxo gastroesofágico em recém-nascidos

Alvares, Torres, Mezzacappa

Radiol Bras. 2011 July-Aug;44(4).

Determina a baixa sensibilidade do SEED para diagnosticar o RGE comparado ao pHmetria prolongada, mas mostrou ser útil no diagnóstico de alterações anatômicas.

3

26

Assessment and treatment of gastroesophageal relux in healthy infants with apneic episodes: a retrospective analysis of 87 consecutive patients. Koivusalo et al Clin Pediatr (Phila). 2011 Dec;50(12):1096-102.

Avalia se o tratamento do RGE está relacionado com a melhora da apnéia infantil recorrente, veriicando que não há relação.

(5)

Número

referência

bibliográica Título do Artigo Autores Periódico Considerações / Temática

Nível de Evidência

27

Relationship between sleep and acid gastro-oesophageal relux

in neonates. Ammari et al J Sleep Res. 2011 Feb;21(1):80-6.

Investiga o impacto do RGE ácido no sono. Conclui que o RGE ocorre mais na vigília e correlacionam as fases do sono com o impacto isiopatológico do RGE.

3

28

Combined esophageal intraluminal impedance, pH and skin conductance monitoring to detect discomfort in GERD infants.

Cresi et al PLoS One. 2012;7(8):e43476.

Avalia o desconforto que o RGE pode causar através da condutância da pele, juntamente com a Impedância multicanal intraluminal e o pH esofágico. Conclui que o RGE ácido e pouco ácido causam o mesmo desconfoto.

3

29

Positioning after feedings: what is the evidence to reduce feeding intolerances? Elser

Adv Neonatal Care. 2012

Jun;12(3):172-5.

Analisa a literatura para veriicar as posições que

favorecem o RGE. 4

30

Impact of feeding strategies on the frequency and clearance of acid and nonacid gastroesophageal relux events in dysphagic neonates.

Jadcherla et al

JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2012 Jul;36(4):449-55

Veriica a inluência da alimentação, volume, duração e taxa de luxo e densidade calórica no RGE de crianças disfágicas, concluindo que a duração e o luxo da amamentação pode ser um complemento útil para melhorar o RGE.

3

31

Infant GERD: symptoms, relux episodes & relux disease, acid & non-acid rellux--implications for treatment with PPIs.

Orenstein Curr Gastroenterol Rep. 2013 Nov;15(11):353

Analisa a evolucão dos meios diagnósticos do RGE, deteccão dos sintomas e do tratamento. 4

32

Eicacy and safety of once-daily esomeprazole for the treatment of gastroesophageal relux disease in neonatal patients.

Davidson et al

J Pediatr. 2013 Sep;163(3):692-8.

e1-2.

Analisa a eicácia do tratamento do esomeprazol na DRGE. Constatou que não interfere nos sinais e sintomas, no entanto reduz a exposição ácida do esôfago e do número de episódios de reluxo ácido em recém-nascidos.

2

33

Gastroesophageal relux causing sleep interruptions in infants. Machado et al J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2013 Apr;56(4):431-5.

Avalia a relação entre RGE e a incidência de interrupções no sono, concluindo que o reluxo ácido e o não ácido causam despertares em lactentes.

4

34

The incidence of oropharyngeal dysphagia in infants with

GERD-like symptoms. Fishbein et al

JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2013 Sep;37(5):667-73.

Investiga se a disfagia orofaríngea tem uma incidência alta na doença do reluxo gastroesofágico, concluindo que há uma alta relação.

1

35

Prophylactic use of a probiotic in the prevention of colic, regurgitation, and functional constipation: a randomized clinical trial.

Indrio et al JAMA Pediatr. 2014 Mar;168(3):228-33.

Investiga se a suplementação com lactobacillus reuteri DSM 17938 nos 3 primeiros meses de vida pode reduzir o aparecimento de cólicas, reluxo gastroesofágico e constipação em RN e reduzir o impacto econômico. Mostrou ser eiciente para os distúrbios gastrointestinais funcionais e redução dos custos.

2

(6)

Os tipos de tratamentos que foram mais citados foram o postural (n=4), medicamentoso (n=3) e o uso de fórmulas para espessamento (n=3). Os tratamentos estão apresentados na Figura 6.

Poucos artigos relacionaram o RGE com a deglutição (n=2), sendo 1 publicado em revista da área da fonoaudiologia e 1 na área da nutrição. Os achados desses estudos estão dispostos na Figura 7.

De acordo com a revisão realizada, diversos exames foram utilizados para diagnosticar o RGE, no entanto, a pHmetria foi mais utilizado (n=13) e demonstrou melhor sensibilidade e maior coniabi

-lidade. Os exames utilizados estão apresentados na Figura 4.

Os sinais e sintomas mais relacionados com o RGE foram os problemas respiratórios (n=7), seguido de regurgitações (n=5) e vômitos (n=4), podendo o mesmo artigo citar mais de um sinal/ sintoma, como apresenta a Figura 5.

Figura 4 – Apresentação do número de artigos em relação ao método diagnóstico utilizado para detectar o reluxo gastroesofágico

(7)

Figura 6 – Apresentação do número de artigos nos quais foram apresentados os tratamentos

Número referência

bibliográica Título do artigo Autores Resumo

24 Achados luoroscópicos da

deglutição: comparação entre recém-nascidos pré-termo e recém-nascidos de termo

Silva-Munhoz;

Bühler (2011) Encontra ausência de relação entre a presença de RGE com alterações da deglutição na fase oral e faríngea. A incoordenação de sucção, deglutição e respiração foi relacionada com a prematuridade, assim como a diiculdade de sucção.

34 The incidence of oropharyngeal

dysphagia in infants with GERD-like symptoms.

Fishbein et al.

(2013)

Apresenta como principais sintomas a

incoordenação da sucção/deglutição/respiração, sucção fraca, apnéia, relexo de vômito alterado, tosse, irritação, reluxo nasofaríngeo, tempo aumentado de amamentação. Encontra uma alta relação entre a disfagia orofaríngea e a doença do reluxo gastroesofágico,

Figura 7 – Informações referentes aos artigos que abordaram a relação entre reluxo gastroesofágico e deglutição em bebês e os achados desses estudos

„ DISCUSSÃO

A intenção desse estudo foi de pesquisar se na literatura cientíica é evidenciada a inluência do RGE na deglutição, visto que o RGE isiológico é comum no período neonatal e pode acarretar prejuízos à saúde e ao desenvolvimento do bebê. O RGE é considerado uma das principais causas da ida ao gastroenterologista pediátrico2.

Foi possível observar que, com o passar dos anos, o número de publicações vem aumentando, corroborando com Mooloy, Di Fiori, Martin, (2005)36

que veriicaram aumento das pesquisas sobre RGE nas últimas décadas devido aos aspectos que ainda não foram esclarecidos.

A maioria dos artigos encontrados buscaram correlacionar sinais e sintomas clínicos com a veriicação do RGE 14-16,22,24,27 e identiicar os exames mais sensíveis para o diagnóstico do RGE 19,20,24,25,31. Outro objetivo, também abordado, foi

O levantamento bibliográico demonstrou que a grande maioria das publicações encontradas (n=18) corresponde à área médica. Houve uma diver

-sidade de temas nas pesquisas médicas encon

-tradas, desde espessamento do alimento16, postura

corporal13,29, diagnóstico14,31, tratamentos26,32,35 até exames15,19,20,22,25, entre outros.

O exame diagnóstico mais utilizado e considerado eicaz nos estudos encontrados 13,15,17,20,22,26,27,29-33 foi a pHmetria esofágica, concordando com Moraes-Filho que consideram a pHmetria padrão ouro devido a sua sensibilidade para detectar o problema e, ainda, capacidade de proporcionar a correlação com os sintomas encontrados nos pacientes38.

Os sinais/sintomas mais relatados nas pesquisas foram os respiratórios 14,15,20,21,31-33, incluindo a queda de saturação, pneumonias, síndrome do bebê chiador, cianose, entre outros, seguido de regur

-gitação 16,18,31,32,35 e vômito 18,21,32,33, concordado com outra pesquisa2 que citou esses como principais

(8)

prematuros relacionando a diiculdade de deglutição com a imaturidade. Adicionalmente, um estudo40

que encontrou associação entre tais aspectos evidenciou a alta incidência dessa relação nos bebês que apresentaram RGE. Poucas pesquisas da área médica levantaram a possibilidade de disfagia orofaríngea nessa população, sendo escassas as referências encontradas que abordam a fase oral da deglutição ou mesmo relacionam os problemas alimentares ao RGE, evidenciando a necessidade de novas pesquisas.

Os dados encontrados na presente pesquisa demonstraram que o tratamento do RGE deve ser multiproissional, sendo a participação do fonoau

-diólogo de fundamental importância no acompa

-nhamento das condições de sucção e deglutição, possibilitando a obtenção de melhores resultados, reduzindo os riscos de sequelas que podem afetar o desenvolvimento global da criança.

„ CONCLUSÃO

A revisão de literatura realizada demonstrou que pode haver relação entre o RGE com o distúrbio da deglutição em recém nascidos e lactentes, sendo que a escassez de estudos com essa temática demonstrou a necessidade de mais pesquisas abordando os aspectos patoisiológicos envolvidos. com recém-nascidos a termo (RNT), onde consta

-taram que os RNPT apresen-taram maior dessatu

-ração, enquanto os RNT mostraram como sintoma principal o vômito. Outro item encontrado neste levantamento 21,32 é o estado nutricional do bebê, que em grande parte dos casos está alterado, comprometendo o seu crescimento, corroborando com a literatura2.

Drent e Pinto (2007)39, ao relacionar o RGE aos

problemas alimentares, concluíram que a presença do DRGE resulta em distúrbios alimentares de ordem comportamental e miofuncional orofacial, ocasionando a desnutrição e o déicit do cresci

-mento. Meira (1998)11 ainda relata que o RGE pode

aumentar a sensibilidade intraoral, fazendo com que a criança desenvolva aversão a certos estímulos e texturas, justiicando a recusa alimentar.

Os estudos mostraram que a abordagem terapêutica focada em modiicações na postura corporal 13,29 e fórmulas para modiicar a consis -tência alimentar 16,18 geram resultados positivos. Outros autores abordaram, ainda, o tratamento medicamentoso 26,31,32, sendo necessário adotar condutas cirúrgicas apenas em casos extremos.

O comprometimento da fase oral e faríngea da deglutição e diiculdades na alimentação de crianças com RGE foi considerada em apenas dois estudos 14,24, sendo um deles publicado em revista da área da fonoaudiologia e uma de nutrição. No entanto, em um artigo24 não foi observado essa

relação em bebês a termo, apenas em bebês

ABSTRACT

The so called gastroesophageal relux is found in 25% of babies and can give rise to a variety of child development related prejudice. The objective of this paper was to carry out a integrative review of the literature in order to verify whether there are publications on the relation between swallowing alteration and the gastroesophageal relux scenario in newborns and infants. The research was based on websites consultations, such as Bireme and PubMed. The key words used can be sumarized as follows: gastroesophageal relux, newborn and infant either in portuguese or english. The descriptors were used in pairs, since their isolate use covered a lot of papers with diferent contents from what we need for this speciic research of interest. Papers from the last 10 years have been taken into account. It remained 23 articles out of 1184 articles from Bireme and 1600 from PubMed analyzed from the application of inclusion and exclusion criteria, and the overwhelming majority of those 23 articles was related to signs, symptoms and diagnose of GER. Two of the afore-mentioned articles approached themes as GER and swallowing, demonstrating that there is no necessarily relation between GER and oropharyngeal dysphagia in newborns and infants, moreover, the lack of researches on these themes demonstrates the need of new studies on pathophysiological related aspects.

(9)

14. Costa AJD, Silva GAP, Gouveia PAC, Pereira Filho EM. Prevalência de reluxo gastroesofágico patológico em lactentes regurgitadores. J Pediatr. 2004;80(4):291-5.

15. Goldani HAS, Silveira TR, Rocha R, Celia L, Molle LD, Barros SGS. Predomínio de manifestações respiratórias na indicação de pHmetria esofágica prolongada em crianças. Arq Gastroenterol.

2005;42(3):173-7.

16. Miyazawa R, Tomomasa T, Kaneko H, Morikawa A. Efect of formula thickened with locust bean gum on gastric emptying in infants. J Paediatr Child Health. 2006;42(12):808-12.

17. Woodley FW, Fernandez S, Mousa H. Diurnal variation in the chemical clearance of acid gastroesophageal relux in infants. Clin Gastroenterol Hepatol. 2007;5(1):37-43.

18. Horvath A, Dziechciarz P, Szajewska H. The efect of thickened-feed interventions on gastroesophageal relux in infants: systematic review and meta-analysis of randomized, controlled trials. Pediatrics. 2008;122(6):e1268-77.

19. Sakate M, Silveira GL, Muzio BP, Teigao Junior H, Ozaki JGO, Spadim MD et al. Reluxo gastroesofágico: estudo comparativo da receptividade e sensibilidade entre seriograia e ultrassonograia. Radiol Bras. 2009;42(4):245-8. 20. Di Fiore JM, Arko M, Churbock K, Hibbs AM, Martin RJ. Technical limitations in detection of gastroesophageal relux in neonates. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2009;49(2):177-82.

21. Bhatia J, Parish A. GERD or not GERD: the fussy infant. J Perinatol. 2009;29(Suppl 2):S7-11. 22. Lüthold SC, Rochat MK, Bähler P. Disagreement between symptom-relux association analysis parameters in pediatric gastroesophageal relux disease investigation. World J Gastroenterol.

2010;16(19):2401-6.

23. Van Wijk MP, Benninga MA, Davidson GP, Haslam R, Omari TI. Small volumes of feed can trigger transient lower esophageal sphincter relaxation and gastroesophageal relux in the right lateral position in infants. J Pediatr. 2010;156(5):744-8.

24. Silva-Munhoz LF, Buhler KEB. Achados luoroscópicos da deglutição: comparação entre recém-nascidos pré-termo e recém-nascidos de termo. J Soc Bras Fonoaudiol. 2011;23(3):206-13. 25. Alvares BR, Torre OHD, Mezzacappa MA. Sensibilidade da seriograia do esôfago, estômago e duodeno para o diagnóstico de doença do reluxo gastroesofágico em recém-nascidos. Radiol Bras.

2011;44(4):211-4.

„ REFERÊNCIAS

1. Rudolph CD, Mazur LJ, Liptak GS, Boyle JT, Colletti RB, Gerson WT et al. Guidelines for evaluation and treatment of gastroesophageal relux in infants and children: recommendations of the North American Society for Pediatric Gastroenterology and Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2001;32(Suppl

2):S1-31.

2. Norton RC, Penna FJ. Reluxo gastroesofágico. J. pediatr. 2000;76(Supl 2): S218-24.

3. Boyle JT. Gastroesophageal relux in the pediatric patient. Gastroenterol Clin North Am. 1989;18(2):315-37.

4. Duca AP. Deglutição em crianças com reluxo gastroesofágico: avaliação clínica fonoaudiológica e análise videoluoroscópica [dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Universidade de São Paulo; 2004.

5. Yellon RF. The spectrum of relux-associated otolaryngologic problems in infants and children. Am J Med. 1997;103(5A):125S-9S.

6. Bronshtein M, Blumenfeld I, Blumenfeld Z. Early prenatal diagnosis of cleft lip and its potential impact on the number of babies with cleft lip. Br J Oral Maxillofac Surg. 1996;34(6):486-7.

7. O’Sullivan EA, Curzon ME, Roberts GJ, Mila PJ, Stringer MD. Gastroesophageal relux in children and its relationship to erosion of primary and permanet teeth. Eur J Oral Sci. 1998;106(3):765-9. 8. Field D, Garland M, Williams K. Correlates of speciic childhood feeding problems. J Paediatr Child Health. 2003;39(4):299-304.

9. Arvedson JC, Rogers BT. Swallowing and feeding in the pediatric patient. In: Perlman AL, Schulze-Delrieu K. Deglutition and its Disorder. Anatomy physiology, clinical diagnosis and management. San Diego: Cengage Learning. 1996. p.419-48. 10. Quintella T, Silva AA, Botelho MIMR. Distúrbio da Deglutição (E Aspiração) na Infância. In: Furquim AM, Santini CS. Disfagias Orofaríngeas. Carapicuíba: Pró-Fono. 1999. p.61-95.

11. Meira RRS. Reluxo gastroesofágico: uma demanda da clínica pediátrica e a intervenção fonoaudiológica. In: Marchesan IQ, Zorzi JL, Gomes ICD. Tópicos em Fonoaudiologia. São Paulo:Lovise. 1998. p.479-87.

12. Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein. 2010;8(1):102-6.

(10)

causing sleep interruptions in infants. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2013;56(4):431-5.

34. Fishbein M, Branham C, Fraker C, Walbert L, Cox S, Scarborough D. The incidence of oropharyngeal dysphagia in infants with GERD-like symptoms. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 2013;37(5):667-73. 35. Indrio F, Di Mauro A, Riezzo G, Civardi E, Intini C, Corvaglia L et al. Prophylactic use of a probiotic in the prevention of colic, regurgitation, and functional constipation: a randomized clinical trial. JAMA Pediatr. 2014;168(3):228-33.

36. Molloy EJ, Di Fiore JM, Martin RJ. Does Gastroesophageal Relux Cause Apnea in Preterm Infants? Biol Neonate. 2005;87(4):254-61.

37. Tobin JM, McCloud P, Cameron DJ. Posture and gastro-oesophageal relux: a case for left lateral positioning. Arch Dis Child. 1997;76(3):254-8. 38. Moraes-Filho JPP. Doença do reluxo gastroesofáico. In: Dani R, Castro LP. Gastroenterologia Clínica. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1993. p. 372-84

39. Drent LV, Pinto EALC. Problemas de alimentação em crianças com doença do reluxo gastroesofágico. Pró-Fono R Atual Cient. 2007;19(1):59-66.

40. Neufeld CB, Toporovski MS, Magni AM, Martins VJ, Toledo C. Contribuição ao estudo do reluxo gastroesofágico em crianças: correlação entre cortejo de sinais e sintomas clínicos e a prova de pHmetria esofágica de 24 horas. Rev Paul Pediatr.

2003;21(3):143-52.

retrospective analysis of 87 consecutive patients. Clin Pediatr. 2011;50(12):1096-102.

27. Ammari M, Djeddi D, Léké A, Delanaud S, Stéphan-Blanchard E, Bach V, et al. Relationship between sleep and acid gastro-oesophageal relux in neonates. J Sleep Res. 2012;21(1):80-6.

28. Cresi F, Castagno E, Storm H, Silvestro L, Miniero R, Savino F. Combined esophageal intraluminal impedance, pH and skin conductance monitoring to detect discomfort in GERD infants. PLoS One. 2012;7(8):e43476.

29. Elser HE. Positioning after feedings: what is the evidence to reduce feeding intolerances? Adv Neonatal Care. 2012;12(3):172-5.

30. Jadcherla SR, Chan CY, Moore R, Malkar M, Timan CJ, Valentine CJ. Impact ofeed ing strategies on the frequency and clearance of acid and nonacidga stroesophageal relux events in dysphagic neonates. JPEN J Parenter Enteral Nutr.

2012;36(4):449-55.

31. Orenstein SR. Infant GERD: symptoms, relux episodes & relux disease, acid & non-acid rellux--implications for treatment with PPIs. Curr Gastroenterol Rep. 2013;15(11):353.

32. Davidson G, Wenzl TG, Thomson M, Omari T, Barker P, Lundborg P et al. Eicacy and safety of once-daily esomeprazole for the treatment of gastroesophageal relux disease in neonatal patients. J Pediatr. 2013;163(3):692-8.

33. Machado R, Woodley FW, Skaggs B, Di Lorenzo C, Splaingard M, Mousa H. Gastroesophageal relux

http://dx.doi.org/10.1590/1982-021620151753615 Recebido em: 24/03/2015

Aceito em: 26/06/2015

Endereço para correspondência: Flávia Rebelo Silva Puccini

Rua Santo Antônio, 191, sala 04, Cambuí Campinas – SP – Brasil

Referências

Documentos relacionados

Os exames bioquímicos colhidos no soro de rotina são: glicose, desidrogenase lática (DLH), proteínas totais e albumina. Esses exames estão incluídos no pleurograma

Com a execução dos testes, concluímos que o objetivo geral dessa pesquisa em avaliar a viabilidade do desenvolvimento de um VANT capaz de decolar e pousar verticalmente, parar no

O paciente está recebendo uma dose muito elevada de um betabloqueador, de acordo com as tabelas de ajuste de dose para doença

O Comunicado Técnico CT 04, aprovado pela Resolução CFC nº 1.299/2010 , define as formalidades para escrituração contábil em forma digital, para fins de atendimento ao Sistema

Tenho, por meio da experiência como pesquisador, a tendência a pensar que a ação de se fazer-pensar pesquisa acadêmica seja em Arte ou em Humanidades – e recorto para essas

É justamente no sistema límbico que são geradas as emoções e impulsos que ajudam a sobrevivência, além de ter outras funções empreendidas pelo tálamo,

 O titular não cumpra os deveres de colaborar com a s autoridade portuárias e serviços públicos no cumprimento e execução de formalidades relacionadas com a estadia

Pelo presente Edital, a Comissão Eleitoral designada pela Portaria Eletrônica nº 5/2020 – DEB/CT, de 19 de outubro de 2020, no uso de suas atribuições, torna público que