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Potencial de risco da transmissão transfusional da doença de Chagas em Belo Horizonte (MG).

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Academic year: 2017

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R e v is ta d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T ro p ic a l 2 1 ( 1 ) : 2 9 - 3 2 , J a n -M a r , 1 9 8 8

P O T E N C I A L D E R I S C O D A T R A N S M I S S Ã O T R A N S F U S I O N A L D A D O E N Ç A D E C H A G A S E M B E L O H O R I Z O N T E ( M G )

Elisabeth Bronfen e E g lerC h iari

C o m o o b j e t i v o d e s e i s o l a r a m o s t r a s d o T rypanosom a cruzi d e c h a g á s i c o s c r ô n i c o s , f o r a m s u b m e t i d o s a x e n o d i a g n ó s t i c o e h e m o c u l t u r a , 5 9 p a c i e n t e s p r o v e n i e n t e s d o a m b u ­

l a t ó r i o d e u m d o s H o s p i t a i s d e B e l o H o r i z o n t e . E s s e s p a c i e n t e s i n f o r m a r a m , e m e n t r e v i s t a

p r é v i a , s e r e m o u t e r e m s i d o d o a d o r e s d e s a n g u e o u c a n d i d a t o s à u m a p r i m e i r a d o a ç ã o .

4 4 d e l e s ( 7 4 , 6 % ) j á h a v i a m d o a d o s a n g u e d e l a m a i s d e 2 0 v e z e s e m d i f e r e n t e s b a n c o s d e s a n g u e d e B e l o H o r i z o n t e . O r e s u l t a d o c o n f e r i d o a t r a v é s d a r e a l i z a ç ã o c o n c o m i t a n t e d e

a p e n a s 1 x e n o d i a g n ó s t i c o e 1 h e m o c u l t u r a , r e v e lo u , n o g r u p o d e d o a d o r e s , 4 7 , 7 % d e p o s i

t i v i d a d e p a r a s i t o l ó g i c a . C o n s i d e r a n d o t o d o s o s d o a d o r e s c h a g á s i c o s c r ô n ic o s , p a r a s i t o l o

-g i c a m e n t e c o m p r o v a d o s o u n ã o , o c o r r e r a m m a i s d e 1 1 2 d o a ç õ e s . E s s e é u m d a d o a l t a ­ m e n t e s i g n i f i c a t i v o e m r e l a ç ã o a o p r o b l e m a d e t r a n s m i s s ã o t r a n s f u s i o n a l d a d o e n ç a d e

C h a g a s e m b a n c o s d e s a n g u e d e B e l o H o r i z o n t e , M G .

Palavras chaves: Transm issão transfusional. D oença de Chagas. X enodiagnóstico. H em ocultura.

O s dados apresentados neste trabalho foram ob­ tidos através de um protocolo de entrevista com p a­ cientes chagásicos crônicos. O nosso contato, com eles, tinha com o objetivo subm etê-los a xenodiagnósti­ co e hem ocultura p a ra isolam ento e am plificação de am ostra de T r y p a n o s o m a c r u z i , dentro de um projeto-

piloto proposto à O rganização M undial d a Saúde. E sses pacientes estavam sendo acom panhados, clinicam ente, em am bulatório de um dos hospitais de Belo H orizonte e relataram ser ou terem sido doadores de sangue n a sua m aioria, ou candidatos a um a prim eira doação n esta cidade.

A am ostra foi com posta de 59 pacientes pacientes, relativas ao núm ero de doações sangüíneas efetuadas, ju n to com os resultados obtidos através do xenodiagnóstico e hem ocultura realizados, caracteri­ zam o risco de transm issão transfusional d a doença de C hagas.

C A S U ÍS T IC A E M É T O D O S

O critério de seleção dos pacientes foi o de terem 3 exam es sorológicos concordantes p ara a doença de C hagas em diferentes laboratórios.

A am ostragem ficou com posta de 59 pacientes de prim eiro atendunento e/o u consulta retom o no am ­ bulatório do H o sp ital (49 hom ens e 10 m ulheres).

A faixa etária com preendeu indivíduos de 20 a 64 anos. O relato q uanto ao tem po de m oradia em Belo H orizonte variou de 4 a 46 anos.

C entro de Pesquisas “ René R achou” - F IO C R U Z - Belo H orizonte, M G .

D epartam ento 3 e Parasitologia, U niversidade Federal de M inas Gerais.

Suporte financeiro da U N D P /W o rld B a n k /W H O /T D R . R ecebido p ara publicação em 8 /6 /8 7 .

E sses pacientes foram então subm etidos a ' l xenodiagnóstico com 120 triatom íneos de 3 espécies

( P a n s t r o n g y l u s m e g i s t u s , T r i a t o m a i n f e s t a n s e D i

-p e t a l o g a s t e r m a x i m u s ) e 1 hem ocultura concom itan­

te, colhendo-se 30 m l de sangue venoso heparinizado, com rem oção do plasm a, sendo a seguir os glóbulos sem eados2 em m eio L IT 1.

R E S U L T A D O S

D o s 59 pacientes exam inados, 4 4 já haviam doado sangue, e desses, 21 tiveram o xenodiagnóstico e/o u a hem ocultura positivos.

A T ab e la 1 m o stra o núm ero de doações san­ güíneas efetuadas p o r 21 pacientes parasitologicam en- te positivos p ara o T . c r u z i; 19 deles estavam positivos

no xenodiagnóstico com 1 ,2 ou 3 espécies de triatom í­ neos, sendo 7 tam bém positivos n a hem ocultura e 2, só n a hem ocultura.

E sses 21 doadores realizaram um núm ero de 65 doações e p o r serem parasitologicam ente positivos com apenas 1 xenodiagnóstico e 1 hem ocultura, aum entaram a chance de ter realm ente ocorrido a transm issão via transfusional do T . c r u z i

A T ab e la 2 m ostra que 23 pacientes com soro- logia positiva p a ra d o en ça de C hagas, m as sem com ­ p rovação parasitológica, realizaram um m ínim o de 47 d oações sangüíneas. A creditam os que a chance de se­ rem tam bém parasitologicam ente positivos, aum enta­ ria se o objetivo do projeto fosse tam bém a realização de m ais de um xenodiagnóstico e m ais de u m a hem o­ cu ltu ra p o r paciente, e/o u os respectivos exam es seriados.

Som ando-se os dados das T ab elas 1 e 2, refe­ rentes ao núm ero de doações, verifica-se que 44

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B r o n f e n E , C h i a r i E . P o t e n c i a l d e r i s c o d a t r a n s m i s s ã o t r a n s f u s i o n a l d a d o e n ç a d e C h a g a s e m B e l o H o r i z o n t e ( M G ) . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 1 : 2 9 - 3 2 , J a n - M a r , 1 9 8 8

T abela 1 - D i s t r i b u i ç ã o d a s c a r a c t e r í s t i c a s d o s 2 1 d o a d o r e s d e s a n g u e , e m B e l o H o r i z o n t e , s o m l o g i c a m e n t e p o s i t i v o s p a r a d o e n ç a d e C h a g a s .

T e m p o d e L o c a l d e

P a c i e n t e X e n o d i a g n ó s t i c o Np d e r e s i d ê n c i a e m n a s c i m e n t o

N .° S e x o H e m o c u l t u r a P . m D . m T . i d o a ç õ e s B H ( a n o s ) ( M G )

1 F + + + + 1 15 D eputado A ugusto C lem entini

2 M - - - + 1 21 B aldim

3 M - + - - 8 12 P lanalto de M inas

4 M - - - + inúm eras 17 T eófilo O toni

5 F - - + - 3 26 Sabinópolis

7 M - + + + 1 4 C laro das Poções

9 M - + + + inúm eras 37 Belo H orizonte

17 F + - + + 1 4 Jan aú b a

18 M — - - + 1 19 D iam an tin a

23 M + - - 1 15 Bocaiúva

26 M + + ■ + 6 24 Belo H orizonte

28 F - + + 1 10 Buenópolis

30 M + + ■ - 1 5 C edro do A b aeté

31 M + - - 3 25 Pequi

38 M - + _ - 1 9 B rasília de M inas

42 M + - _ - 1 7 C hum bo

49 F + + + + 2 31 B aldim

5 0 M + - + - 1 46 A b ad ia dos D o urados

5 4 M + + + - 4 9 F ech ad o s

55 M _ + - + 8 47 D o m Joaquim

57 M — - — + 20 30 S anta C ruz do E scalv ad o

P a n s t r o n g y l u s m a g i s t u s = P . m T r i a t o m a i n f e s t a n s — T . i D i p e t a l o g a s t e r m a x i m u s = D . m

cientes chagásicos realizaram um núm ero m ínim o de 112 doações, núm ero esse que exclui 4 pacientes que doaram tan tas vezes que n ão puderam se lem brar do núm ero delas.

A T ab ela 3 m o stra que, de 15 candidatos a u m a prim eira doação, recusados com base n a sorologia de triagem , 7 foram com provados parasitologicam ente no xenodiagnóstico ou n a hem ocultura.

D IS C U S S Ã O

Segundo D ia s & Brener, a via transfusional d a doença de C hegas está se to m an d o cada vez m ais im­ p o rtan te n a A m érica L atina, devido ao progressivo p ro cesso m igratório ru ral u rb an o e /a o aum ento cres­ cente das transfusões sangüíneas, ju n to com a abusiva prática hem oterapêutica5.

O s antigos doadores e novos candidatos à do ação apresentaram as m esm as características para- sitológicas, dentro do esperado, p ara chagásicos crô­ nicos em M inas G erais, que apresentam u m a positivi- dad e de aproxim adam ente 5 0 % 2 6.

N este trab alh o m ostram os 21 doadores chagá­ sicos com xenodiagnóstico e /o u hem ocultura positivos p a ra o T . c r u z i , que realizaram 65 doações sangüíneas.

Se o risco teórico m ínim o d e transm issão transfusio­ n al d a doença de C hagas é d e 12,5% (D ia s3), esses 21 pacientes transm itiram o T . c r u z i em pelo m enos 8

dentre as 65 transfusões. E n tretan to , podem os supor que esse grupo de doadores justifique um núm ero m ui­ to m aio r de novos casos de doença de C hagas em Belo H orizonte. C onsiderando que dois dos fatores de “ ris­ c o ” sejam a parasitem ia do do ad o r e o núm ero de doa­ ções sangüíneas efe tu ad a s3 4, u m deles, com apenas a hem ocultura positiva e que realizou 20 doações, pode ter sido, sozinho, a fonte de aparecim ento de 5 novos chagásicos.

C o u ra (ap u d D ia s5) estim ou que existem cer­ c a d e 90 .0 0 0 chagásicos vivendo em Belo H orizonte e, dessa form a, os 44 casos aqui apresentados e as 112 doações sangüíneas p o r eles efetuadas indicam ape­ n as u m a peq u en a p arcela do problem a d a transm issão transfusional d a d o en ça d e C hagas.

(3)

B r o n f e n E , C h i a r i E . P o t e n c i a l d e r i s c o d a t r a n s m i s s ã o t r a n s f u s i o n a l d a d o e n ç a d e C h a g a s e m B e l o H o r i z o n t e ( M G ) . R e v i s t a

d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 1 : 2 9 - 3 2 , J a n - M a r , 1 9 8 8

Tabela 2 - N ú m e r o d e d o a ç õ e s s a n g ü í n e a s e f e t u a d a s p o r 2 3 d o a d o r e s d e s a n g u e , e m B e l o H o r i z o n t e , s o r o lo -g i c a m e n t e p o s i t i v o s p a r a d o e n ç a s d e C h a -g a s .

P a c ie n te

N ? S e x o

N ? d e d o a ç õ e s

f e i t a s

T e m p o d e r e s id ê n c ia em

B H ( a n o s )

L o c a l d e n a s c im e n to

6 M inúmeras 47 São G onçalo do Abaeté

1

0

M 7 23 Abaeté

15 M 2 13 Planalto de M inas

16 M 4 12 D om Silvério

19 M 2 6 Porteirinha

22 M 2

11

Santana de Pirapã

24 M 3 26 Florestal

29 M 2 18 Serro

32 M

1

7 Planalto de M inas

33 M 1 7 Pequi

36 M inúmeras 59 Jetibá

41 M

1

10

Santa Rita

43 M 1

8

Carbonita

44 M 2

10

Corinto

45 M 1 9 São Francisco

46 M 2 31 Biquinhas

47 M 2 19 Belo H orizonte

48 M 1 8 Desem bargador Otoni

51 M 1 5 Mangalos

52 M 3 32 Venda N ova

53 M 6

8

Pains

56 F 1 13 M antena

59 M 2 30 Carm ésia

SUM M A RY

F i f t y n i n e c h r o n ic c h a g a s i c i n d i v i d u a l s f r o m a o u t - p a t i e n t c li n ic s in B e l o H o r i z o n t e , w h o u s e to a c t a s b l o o d d o n o r s w e r e s u b m i t t e d to x e n o d i a g n o s i s a n d

h e m o c u l t u r e s f o r i s o l a t i n g Trypanosom a cruzi. F o r t y f o u r o f t h e m ( 7 4 . 5 % ) h a d a l r e a d y g iv e n b l o o d 1 to 2 0

ti m e s . T h e r e s u lts , b a s e d o n o n l y o n e x e n o d i a g n o s i s

a n d o n e b l o o d c u l t u r e p e r p a t i e n t r e v e a l e d 4 7 . 7 % o f p a r a s i t o l o g i c a l p o s i t i v i t y . T h e w h o le p o p u l a t i o n s t u d i e d w e s r e s p o n s ib le f o r 1 1 2 d o n a t i o n s . T h e s e d a t a s t r e s s th e im p o r t a n c e o f t r a n s m i s s i o n o f C h a g a s

d i s e a s e t h r o u g h b l o o d t r a n s f u s i o n in B e l o H o r i z o n t e .

K e y w o r d s: T r a n s fu s io n a l tr a n sm iss io n . C h a g a s ’ d is e a s e . X e n o d ia g n o s is . H e m o c u lt u r e .

A G R A D E C IM E N T O S

A o A f o n s o d a C o s t a V ia n a , O r la n d o C a r lo s M a g n o e O s w a

l-d o l-d e S o u z a M o r a is p e lo tr a b a lh o t é c n ic o l-d e la b o r a tó r io .

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

1. C a m a r g o E P . G r o w th a n d d iff e r e n tia tio n in T r y p a n o s o ­ m a c r u z i. I. O r ig in o f m e t a c y c lic t r y p a n o s o m e s in liq u id

(4)

B r o n f e n E , C h i a r i E . P o t e n c i a l d e r i s c o d a t r a n s m i s s ã o t r a n s f u s i o n a l d a d o e n ç a d e C h a g a s e m B e l o H o r i z o n t e ( M G ) . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 1 : 2 9 - 3 2 , J a n - M a r , 1 9 8 8

m edia. R evista do Instituto de M edicina T ropical de São PHúlô, 6:9 3 -1 0 0 , 1964.

2. C hiari E , D ia s JC P , L an a M , C hiari C A . H em ocultures for parasitological diagnosis o f hum an chronic C h ag as’ d isease (E m publicação).

3. D ia s JC P . M ecanism os de transm issão. I n : B rener Z , A n d rad e Z , (ed.) O T r y p a n o s o m a c r u z i e a doença de chagas.

G u a n a b a ra K oogan E d.: R io de Jan eiro , p. 152-174, 1979.

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5. D ia s JC P , B rener Z . C h ag as’ disease and blood tran s­ fusion. M em órias do Instituto O sw aldo C ruz, 7 9 (suppl.): 1 39-147, 1984.

Referências

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