• Nenhum resultado encontrado

Blastomicose do sistema nervoso.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Blastomicose do sistema nervoso."

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

B L A S T O M I C O S E D O S I S T E M A N E R V O S O

H O R Á C I O M . C A N E L A S * F R A N C I S C O P I N T O L I M A * * J . M . T . B I T T E N C O U R T * R O B E R T O P . A R A U J O * A B R Ã O A N G I I I N A J I * * *

0 c o m p r o m e t i m e n t o do sistema nervoso por b l a s t o m i c e t o s é eventuali-dade relativamente rara. Entretanto, merecem ser a s s i n a l a d o s os aspectos c l í n i c o s e laboratoriais e m que se baseia o seu d i a g n ó s t i c o , para que erros sejam evitados, e para que se recorra a tempo às terapêuticas a d e q u a d a s . Dentre as afecções com que tais m i c o s e s m a i s se c o n f u n d e m ressalta a me-n i me-n g o e me-n c e f a l i t e tuberculosa, dada a p o s s i b i l i d a d e de se associarem às mico-ses nervosas processos p u l m o n a r e s da m e s m a e t i o l o g i a , e t a m b é m p e l o ca-ráter do liqüido cefalorraqueano, e s p e c i a l m e n t e na torulose. Outrossim, são c o m u n s os diagnósticos de tumor e n c e f á l i c o ou m e d u l a r n o s casos de mico-ses que a s s u m e m a f o r m a g r a n u l o m a t o s a ou quando b l o q u e i a m as vias de deflúvio do liquor ventricular. N o s casos p o u c o e s c l a r e c i d o s de m e n i n g o -encefalite s u b a g u d a ou crônica, ou de tumor e n c é f a l o - m e d u l a r , n ã o se deve descurar, portanto, da p o s s i b i l i d a d e de se tratar de uma n e u r o m i c o s e , con-tra a qual, muitas vezes, p o d e m o s lançar m ã o de recursos eficazes. Acre-ditamos oportunas, p o i s , as c o n s i d e r a ç õ e s que f a r e m o s a p r o p ó s i t o de duas f o r m a s de blastomicose ( p a r a c o c c i d i o i d o s e e c r i p t o c o c o s e ) do sistema ner-v o s o , c o m base em três casos por nós estudados.

P A R A C O C C I D I O I D O S E

A g r a n u l o m a t o s e p a r a c o c c i d i ó i d i c a é determinada p e l o Paracoccidioides brasiliensis ( S p l e n d o r e , 1 9 1 2 ; A l m e i d a , 1 9 3 0 ) , c o g u m e l o da f a m í l i a Para-coccidioidaceae (Ciferri e R e d a e l l i1

) . A s l o c a l i z a ç õ e s o r g â n i c a s do f u n g o foram esquematizadas por Cunha Motta e A g u i a r P u p o 2

nas seguintes

for-Trabalho apresentado ao IV Congresso Sul-Amerieano de Neurocirurgia, reali-zado em Porto Alegre (Rio Grande do S u l ) , em maio de 1951.

* Assistente de Clínica Neurológica da Fac. Med. da Univ. de São Paulo (Prof. Adherbal Tolosa).

** Assistente de Terapêutica Clínica da Fac. Med. da Univ. de São Paulo (Prof. Cantídio de Moura Campos).

(2)

m a s : a ) f o r m a tegumentar, na qual as lesões primárias são geralmente bu-c o f a r í n g e a s ; b ) forma g a n g l i o n a r , que se segue bu-comumente à prebu-cedente, s e n d o m a i s freqüentemente a c o m e t i d o s o s g â n g l i o s linfáticos submandibula-res e cervicais, a s s e m e l h a n d o - s e o quadro clínico ao da m o l é s t i a de H o d g k i n ; c) f o r m a visceral, na qual são afetados p r i n c i p a l m e n t e o s p u l m õ e s , baço. f í g a d o , pâncreas, intestino ( c o m p r o p a g a ç ã o para o peritônio e g â n g l i o s ab-d o m i n a i s ) , s e n ab-d o mais raramente a t i n g i ab-d o s o sistema ostearticular, as supra-renais e as g ô n a d a s .

O P. brasiliensis é dos c o g u m e l o s que m e n o s freqüentemente lesam o sistema n e r v o s o . N a revisão feita por u m de nós ( F . P. L . ) , entre 3 1 . 7 4 0 necrópsias praticadas até fevereiro 1 9 5 1 no Departamento de A n a t o m i a Pa-t o l ó g i c a da F a c u l d a d e de M e d i c i n a da U n i v e r s i d a d e de S ã o P a u l o , foram e n c o n t r a d o s 8 4 casos dessa b l a s t o m i c o s e ; entretanto, só u m a única vez ( c a s o

de M a f f e i3

) p ô d e ser c o m p r o v a d a a lesão do sistema nervoso.

Entre o s p r i m e i r o s registros de n e u r o p a r a c o c c i d i o i d o s e incluem-se os ca-s o ca-s de Pereira e Jacobca-s 4

(paciente portadora de crises c o n v u l s i v a s de tipo bravais-jacksoniano surgidas nove m e s e s a p ó s lesão c u t â n e o - g a n g l i o n a r da f a c e ; n ã o f o i e x a m i n a d o o liqüido c e f a l o r r a q u e a n o ; a doente f a l e c e u , não tendo sido feita n e c r o p s i a ) , de Gurgel 5

( n ã o há referência a s i n t o m a t o l o g i a n e r v o s a ; o e x a m e a n á t o m o - p a t o l ó g i c o r e v e l o u a existência de lesões cere-brais e m indivíduo portador de b l a s t o m i c o s e g e n e r a l i z a d a ; n ã o foi, p o r é m , realizado o e x a m e h i s t o p a t o l ó g i c o , n e m identificado o f u n g o ) e de P e n a de A z e v e d o6

( registro de 3 casos, sendo dois e x c l u s i v a m e n t e anátomo-patoló-g i c o s , enquanto que, n o outro, fora feito o diaanátomo-patoló-gnóstico c l í n i c o de tuberculo-se, não h a v e n d o , p o r é m , sintomas n e u r o l ó g i c o s ; no primeiro caso, foram o b s e r v a d a s lesões cerebrais * ; no s e g u n d o , l e s õ e s na protuberância, cerebelo e cérebro, a l é m de m e n i n g i t e e n c é f a l o - m e d ü l a r ; no terceiro, foi verificada a p e n a s m e n i n g i t e , a l é m de lesões ósseas no crânio e na terceira vértebra l o m b a r ) . E m 1 9 4 3 , M a f f e i3

relatou u m caso de m e n i n g i t e b a s i l a r fulmi-nante p e l o P. brasiliensis; n ã o fora praticado e x a m e do l i q u o r ; à n e c r o p s i a f o i encontrado u m processo i n f l a m a t ó r i o das m e n i n g e s , de tipo p r o d u t i v o , difuso. C h i r i f e7

( 1 9 4 4 ) , e m uma revisão das b l a s t o m i c o s e s ocorridas no P a r a g u a i , fêz m e n ç ã o ao caso de Gonzalez e A y a l a , que, e m vida, apresen-tava sinais c l í n i c o s de m e n i n g o e n c e f a l i t e , c o m dissociação a l b u m i n o c i t o l ó g i c a no liquor, n ã o tendo sido encontrados o s parasitos neste h u m o r ; a necrop-sia revelou lesão b l a s t o m i c ó t i c a dos ossos do crânio, c o m m e n i n g i t e por c o n t i n u i d a d e ; ao e x a m e h i s t o p a t o l ó g i c o f o r a m verificadas lesões paracocci-dióidicas n o cérebro e h i p ó f i s e , a l é m de nas l e p t o m e n i n g e s . Este m e s m o caso foi relatado m a i s pormenorizadamente por Gonzalez e B o g g i n o s

. E m 1 9 4 6 , P r a d o , Insausti e M a t e r a9

p u b l i c a r a m u m caso n o qual f o i feito o d i a g n ó s t i c o c l í n i c o de tumor do h e m i s f é r i o cerebelar e aracnoidite da

(3)

terna m a g n a ; p e l a intervenção cirúrgica f o i verificada hérnia desse hemis-fério cerebelar, p o r é m , a o p e r a ç ã o não p ô d e prosseguir devido às m á s con-dições gerais do paciente, que v e i o a f a l e c e r ; à n e c r o p s i a foi encontrado u m g r a n u l o m a cerebelar por P. brasiliensis ; os autores referem que n ã o ha-v i a m dado o deha-vido ha-v a l o r à glossite e adenopatia cerha-vical de que o paciente era portador. Casiello e K l a s s 1 0

referiram o caso de u m paciente que apre-sentou quadro inicial de granulia p u l m o n a r , seguindo-se adenopatia cervical e lesões cutâneas, c o m e o s i n o f i l i a ; a b i ó p s i a p o s i t i v o u a presença de P. brasiliensis; a p ó s tratamento c o m i o d o , o paciente teve alta muito m e l h o -r a d o ; ent-retanto, u m mês d e p o i s su-rgiu n o v a d i s s e m i n a ç ã o , c o m l o c a l i z a ç ã o m e n i n g o e n c e f á l i c a ; o liquor mostrou h i p e r p r o t e i n o r r a q u i a , n ã o tendo sido encontrados f u n g o s ; o paciente f a l e c e u , mas n ã o foi feita n e c r o p s i a . Sam-martino 1 1

referiu um caso, d e s p r o v i d o de história c l í n i c a , e m que o e x a m e h i s t o p a t o l ó g i c o revelou, no h e m i s f é r i o cerebelar direito, g r a n u l o m a paracoc-c i d i ó i d i paracoc-c o , paracoc-cujo aspeparacoc-cto m a paracoc-c r o s paracoc-c ó p i paracoc-c o s i m u l a v a o de u m t u b e r paracoc-c u l o m a , ha-v e n d o , ainda, lesões laríngeas e e p i d i d i m á r i a s semelhantes às tuberculosas.

Particularmente dignos de registro, p e l a i m p o r t â n c i a neurocirúrgica, são o s dois casos de g r a n u l o m a p a r a c o c c i d i ó i d i c o relatados p o r R i t t e r1 2

. E m a m b o s , o diagnóstico e t i o l ó g i c o só p ô d e ser feito a p ó s o e x a m e histopatoló-g i c o da peça e x c i s a d a cirurhistopatoló-gicamente. N o primeiro caso, a s i n t o m a t o l o histopatoló-g i a era de tumor f r o n t o t e m p o r a l , de e v o l u ç ã o rápida, o que levou ao diagnós-tico de g l i o b l a s t o m a m u l t i f o r m e ; à intervenção, praticada j á e m estado pré-c o m a t o s o , nada foi verifipré-cado e só a nepré-cropsia p ô d e evidenpré-ciar a existênpré-cia de uma tumoração h e m i s f é r i c a p r o f u n d a ; decorrido muito tempo, ao ser rea-lizado o e x a m e h i s t o p a t o l ó g i c o , foi verificado tratar-se de g r a n u l o m a para-c o para-c para-c i d i ó i d i para-c o . N o s e g u n d o para-caso, estabelepara-cido o d i a g n ó s t i para-c o de t u m o r da fos-s a pofos-sterior, foi realizada a intervenção, fos-sendo e x t i r p a d o do l o b o cerebelar grande tumoração, c u j o e x a m e t a m b é m revelou tratar-se de g r a n u l o m a pro-duzido p e l o P. brasiliensis. E m a m b o s o s casos, o e x a m e de liquor resul-tara normal e nada fazia suspeitar a existência de m i c o s e , nervosa ou c o m outra l o c a l i z a ç ã o ; entretanto, deve-se c o n s i g n a r o a p a r e c i m e n t o de u m qua-dro p u l m o n a r no pós-operatório do s e g u n d o caso, que s ó cedeu a p ó s a ad-ministração de sulfa.

(4)

C A S O 1 — A. R. ()., corn 35 anos de idade, brasileiro, branco, operário, proce-dente da Capital de São Paulo, registro H . C . 18790. Internado na Clínica Neu-rológica do Hospital das Clínicas em 9 setembro 1945. Este caso foi publicado em trabalho anterior de um de nós ( J . M. T. B.) em colaboração com Lacaz e A s s i s1 3

. A observação pormenorizada vem ali referida.

Em resumo, tratava-se de um paciente portador de paraparesia crural, c o m sinais de lesão de raízes sacrolombares e do cone medular, n o qual a p e r i m i e l o g r a f i a revelara aracnoidite espinal adesiva, causadora de b l o q u e i o parcial do canal raqueano. O caráter crônico e progressivo da m o l é s t i a , a existência de lesões p u l m o n a r e s do tipo miliar, os sinais de c o m p r o m e t i m e n -to laríngeo conduziram inicialmente à h i p ó t e s e diagnostica de tuberculose. P o r é m , o e x a m e particularizado da faringe e laringe v e i o evidenciar a exis-tência de lesões palatinas, e o e x a m e do escarro revelou a presença de P. brasiliensis. Foi instituído tratamento p e l a sulfadiazina ( d o s e total de 6-10 g ) , que foi bem tolerada p e l o paciente, p o s s i b i l i t a n d o acentuada m e l h o r a n e u r o l ó g i c a , traduzida particularmente pela recuperação parcial da força muscular, que permitiu o reinício da d e a m b u l a ç ã o , e regressão acentuada dos distúrbios sensitivos. A alta h o s p i t a l a r foi dada 2 3 3 dias a p ó s a in-t e r n a ç ã o ; o pacienin-te não rein-tornou ao Serviço de N e u r o l o g i a para observa-ção ulterior.

( " A S O 2 — C. S., com 15 anos de idade, branco, brasileiro, procedente de Garça ( E s t a d o de São P a u l o ) , registro H . C . 197702. Internado na Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas em 21-9-50. H á cerca de um ano surgira uma formação nodular na região submandibular, dolorosa; depois de curta remissão espontânea» novos gânglios vizinhos se enfartaram, sendo tomados, bilateralmente, os laterocer-vicais, p a r a e s u b m a n d i b u l a r s e, ultimamente, os axilares. Nega dores de tipo ra-dicular em qualquer fase da moléstia. Somente há dois meses começaram a enfra-quecer os membros inferiores, alterando-se a marcha, tendo perdido o equilíbrio; apareceu certa dificuldade em u r i n a r e prisão de ventre. H á um mês, as mãos também começaram a enfraquecer e a atrofiar-se. H á uma semana, agravou-se seu estado, ficando impossibilitado de locomover-se. Tem apresentado sudorese e febre alta. Antecedentes sem particularidades.

Exame clínico — Paciente emagrecido, com mucosas descoradas; acentuado au-mento de volume dos gânglios da região submandibular, pré-auricular, cervical e axilar; os gânglios são duros, pouco móveis, pouco dolorosos. Fígado percutível no 4.0 intercosto e palpável a 2 dedos do rebordo costal, levemente doloroso; baço percutível na linha axilar e palpável a 1 dedo do rebordo, duro e indolor. Demais aparelhos normais.

(5)

superiores) e até T10 na raque (fig. 1). Amio¬

trofias nas mãos (eminências t ê n a r e hipotênar, e interósseos). Nervos cranianos normais.

Nossa impressão inicial era de compressão medular, cuja etiologia poderia ser atribuída à invasão do canal raqueano por propagação de gânglios afetados por leucemia, moléstia de H o d g ¬ kin ou blastomicose. Os exames paraclínicos vieram esclarecer, rapidamente, o diagnóstico.

Exames complementares — Liqüido cefalor¬ raqueano (21-9-50) : punção lombar em decúbito lateral; pressão inicial 16; liquor límpido e in-color; citometria 1,6 céls. por mm3

(linfócitos 1 0 0 % ) ; proteínas totais 0,80 g por litro; clo-retos 6,6 e glicose 0,38 g por l i t r o ; r. Pandy e Nonne-Appelt positivas; r. benjoim

01222.21122.21000.0; r. T a k a t a - A r a positiva tipo misto; r. Wassermann, Steinfeld, Eagle, Meini¬ cke e para cisticercose, negativas; às provas ma¬ nométricas de Stookey, não houve ascensão ao to-que j u g u l a r ; a compressão profunda jugular de-terminou ascensão discreta com descida lenta, e formação de nível de pressão mais alto, tudo indi-cando a existência de bloqueio raqueano. Reações de Wassermann, Kahn e Kline no sangue, negati-vas. Hemograma (22-9-50) : eritrócitos 3.200.000 por m m3

; hemoglobina 8 g por 100 ml; VG 0,8; leucócitos 35.000 por m m3

(6)

metamie-lócitos 2,4%, bastonetes 16,8%, segmentados 6 0 % ; eosinófilos 1,6%; basófilos 0,0%; linfócitos típicos 8%, leucocitóides 2,4%; monócitos 8,8%. Leucocitose, neutrofilia, desvio à esquerda, granulações tóxicas nos neutrófilos, ligeira monocitose; não estão presentes os caracteres de "mielose leucêmica"; quadro de processo piogênico. Pun-ção de glângio cervical (25-9-50) — Exame citológico: a polpa ganglionar está subs-tituída por abundante exsudação neutrófila; neutrófilos mal conservados; alguns lin-fócitos e linfoblastos íntegros; raras células reticulares; caracteres de "adenite pio-gênica"; há também células necrosadas; algumas hemácias. Ao exame bacteriológico e micológico: não foram encontradas bactérias no exame pelo G r a m ; exame micológico positivo p a r a Paracoccidioides. Biópsia de gânglio cervical (29-9-50) : granuloma pa-racoccidióidico (fig. 2 ) . Radiografia da coluna toracocervical, normal. Radiogra-fia dos pulmões (22-9-50), normal. Dosagem de bilirrubinas no soro sanguíneo (em mg por 100 ml) direta imediata, 0; direta total, 0,1; indireta, 0,2; total, 0,3 (4-10-50). Dosagem de proteínas', proteínas totais, 9,8 g por 100 ml (albumina, 3,9; globulina, 5,9); relação A / G , 0,7. Provas de função hepática', r. Hanger fortemente positiva, r . T a k a t a - A r a positiva 00124321, r . timol 5,7 unidades de turvação Mc-Lagan, r . formol-gel positiva, r. Weltmann com zona de coagulação no tubo 7,5, r.. bromossulfaleína 0% (4-10-50). Eritrossedimentaçâo (4-10-50): 12 mm na primeira hora (normal até 28 m m ) ; em 8-11-50, 41 min da primeira hora. Exame otorrinolaringológico (9-10-50) : não há lesões nas fossas nasais, boca, faringe ou la-ringe. As provas intradérmicas com paracoccidiokliiia resultaram negativas (11-11-50). Também foi negativa a pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes e de cogu-melos no escarro. O exame elétrico mostrou, em 22-9-50: síndrome elétrica de de-generescência parcial no território muscular do nervo mediano (punho) bilateral-mente; discretas alterações qualitativas dos músculos abdutor e flexor do mínimo à direita.

Estávamos, pois, ante um caso de blastomicose ganglionar, apresentando sinais de Jesão da medula cervical baixa, com bloqueio parcial do canal raqueano e qua-dro de sofrimento medular, sem reação meníngea apreciável. E n t r e t a n t o , tanto o exame direto, como a cultura do liquor, realizados por duas vezes, foram negati-vos p a r a cogumelos. Julgamos lícito admitir que, qualquer que tivesse sido a togenia da lesão nervosa, não houve franqueamento da barreira meníngea pelo pa-rasito, como, aliás, atesta a normalidade do exame citológico do liquor.

Em 27-9 instituímos tratamento pela sulfadiazina (1 comprimido cada 4 horas) e penicilina-procaína. A reação clínica foi imediata e promissora: três dias após, o paciente começava a mover os artelhos do pé direito e conseguia m a n t e r os mem-bros inferiores, embora com oscilações, na posição de Mingazzini. Em 3-10 come-çou a locomover-se sem auxílio, embora ainda com insegurança. Em 9-10, inicia-mos a administração de Bisulfa (dose diária 3 g ) , vitaminas A e D, protetores he-páticos, dieta hiperprotêica.

(7)

Em 20-12, o exame neurológico mostrava as seguintes modificações em relação ao precedente: tono muscular normal, retôrno do reflexo patelar esquerdo. O exa-me elétrico revelou exa-melhoras da excitabilidade, persistindo as alterações qualitati-vas O exame de líquor evidenciava discreta melhora, sendo normais as manobras de Stookey.

Continuava o paciente com o mes-mo tratamento, sem qualquer sinal de intolerância. Em 11-1-51, as provas de função hepática mostravam: r. T a k a t a -A r a positiva 00221110, r. formol-gel ne-gativa, r. Weltmann com zona de coa-gulação no tubo 7,5, r. Hanger nega-tiva, r. timol 0,8 unidades de turva¬ ção McLagan. A p a r t i r de .9-11-50 foi iniciado tratamento pela vacina anti¬ blastomicótica (1 ml cada 4 dias), alia-da à Bisulfa, alia-da qual foram adminis-t r a d a s , aadminis-té a aladminis-ta, 350 g. Nesadminis-ta oca-sião (3-2-51), o exame clínico revela-va: gânglios muito reduzidos de volu-me, fígado e baço nos limites normais. O exame neurológico evidenciava ape-nas abolição do patelar direito e dos aquilianos, bem como da palestesia nos hálux. O exame elétrico das mãos mos-trou acentuadas melhoras, verificando-se apenas discretas alterações quanti-tativas e qualiquanti-tativas no território mus-cular do nervo mediano (punho) à di-reita. O exame de liquor forneceu o seguinte resultado : punção lombar, pres-são inicial 16, liquor límpido e incolor, citometria 2 céls. por m m3

(linfócitos 100%), proteínas totais 0,40 g por li-t r o ; cloreli-tos 7,4 e glicose 0,67 g por l i t r o ; r. P a n d y e Nonne-Appelt positi-vas, r. benjoim 01210.12222.22100; r. Ta¬

k a t a - A r a positiva tipo floculante; manobras de Stookey normais.

E m junho de 1951, o paciente retornou ao ambulatório, queixando-se novamente de aumento de volume dos gânglios laterocervicais, com supuração de alguns, o que começou a se manifestar decorridos cêrca de 15 dias após a interrupção do t r a t a -mento com Bisulfa, da qual tomara mais 250 g após a alta. Não apresentava quei-xa p a r a o lado do sistema nervoso. Ao equei-xame, verificava-se a existência de acen-t u a d o enfaracen-tamenacen-to dos gânglios primiacen-tivamenacen-te afeacen-tados, alguns j á fisacen-tulizados. O quadro neurológico não se modificara em relação ao verificado por ocasião da a l t a ; persistia a abolição do patelar direito e dos aquilianos e da palestesia nos

hálux.

(8)

e x a m e direto da p o l p a de g â n g l i o cervical, b e m c o m o a b i ó p s i a , revelaram a presença de P. brasiliensis. Tratado c o m sulfa ( i n i c i a l m e n t e , sulfadiazi-na e depois, B i s u l f a ) , h o u v e m e l h o r a s rápidas e a c e n t u a d a s ; no 6 .9

dia já se l o c o m o v i a sem a u x í l i o e, um mês d e p o i s , o e x a m e n e u r o l ó g i c o revelava a p e n a s arreflexia n o s m e m b r o s inferiores, h i p o t o n i a e a b o l i ç ã o da paleste-sia n o s h á l u x , persistindo a p e n a s discreto déficit motor. A p ó s tomar 3 5 0 g de sulfa, à qual foi associada no ú l t i m o m ê s a vacina antiblastomicótica, o paciente teve alta, sendo inteiramente normal o e x a m e clínico ( c o m exceção de discreto enfartamento dos g â n g l i o s cervicais) ; o exame n e u r o l ó g i c o re-v e l a re-v a ainda arreflexia dos a q u i l i a n o s e do patelar direito, e apalestesia n o s

h á l u x ; o e x a m e elétrico denotava grandes m e l h o r a s . A p ó s a alta t o m o u 2 5 0 g de B i s u l f a , p o r é m , cerca de 15 dias a p ó s a interrupção do trata-mento, recidivou o processo g a n g l i o n a r , p e r m a n e c e n d o estacionário o quadro n e u r o l ó g i c o .

r j R i P T o r . o r o s F

Contrariamente à g r a n u l o m a t o s e p a r a c o c c i d i ó i d i c a , a torulose, determi-nada p e l o Cryptococcus neoformans ( o u C. honiinis 1 4

) , dentre todas as mi-coses é a que m a i s freqüentemente se l o c a l i z a no sistema nervoso. S o b o ponto de vista c l í n i c o , a torulose se exterioriza comumente por lesões tegu-mentares ou p u l m o n a r e s , ou mistas. Nestas últimas eventualidades, pode o parasito atingir o sistema nervoso, determinando manifestações e n c e f á l i c a s parenquimatosas ( f o r m a s t u m o r a i s ) quando se dissemina h e m a t o g ê n i c a m e n t e , ou m e n í n g e a s , quando se p r o p a g a por contiguidade. Sendo relativamente numerosa a casuística m u n d i a l ( m a i s de 1 0 0 c a s o s ) , d e i x a m o s de referir aqui o resumo da m e s m a , bastando lembrar a revisão feita entre n ó s p o r Lacaz e c o l .] 3

, e m 1 9 4 7 , p o d e n d o ser c o n s u l t a d o , para conhecimento da li-teratura mais recente, o excelente trabalho de Globus e c o l .l r >

( 1 9 5 1 ) . N o Serviço de N e u r o l o g i a do H o s p i t a l das Clínicas de São P a u l o tive-m o s a o p o r t u n i d a d e de e x a tive-m i n a r utive-m caso de n e u r o tive-m i c o s e , cujo d i a g n ó s t i c o e t i o l ó g i c o só p ô d e ser definitivamente firmado após a necropsia, ocasião e m que se verificou tratar-se de criptococose ( t o r u l o s e ) . Embora relativamente freqüente no h e m i s f é r i o norte, esta g r a n u l o m a t o s e é extremamente rara entre nós e, s e g u n d o p u d e m o s apurar, só há, na literatura brasileira, quanto à l o c a l i z a ç ã o nervosa do C. neoformans, o relato de 2 c a s o s : u m de A l m e i d a e Lacaz 1 6

( f o r m a m e n í n g e a ) e outro de A l m e i d a e c o l .1 7

( f o r m a t u m o r a l ) ; em a m b o s foi c o m p r o v a d o o diagnóstico p e l o encontro do parasito no li-qüido c e f a l o r r a q u e a n o .

(9)

Exame clínico dos diversos aparelhos, normal. Exame otorrinolaringológico: exa-me oral, rinoscopia anterior, bôca e faringe, sem alterações; otoscopia normal; à palpação, dor à pressão do tragus esquerdo (otalgia reflexa?). Exame neurológico: nada foi encontrado de anormal, a não ser a presença isolada dos sinais de Ros-solimo e Mendel-Bechterew em ambos os pés.

Exames complementares — Hemograma (19-8-49): eritrócitos 3.000.000 por m m3

; hemoglobina 9,2 g por 100 ml; V . G . 1; leucócitos 7.200 por m m3

; neutrófilos bas¬ tonetes 14%, segmentados 60%; eosinófilos 5 % ; basófilos 1 % ; linfócitos típicos 1 5 % ; monócitos 5%. Eritrossedimentavão (20-8-49): 29 mm na primeira hora (normal até 24 m m ) . Provas de função hepática (26-10-49): r H a n g e r fortemente positi-va ( + + + ) ; r. tim.ol, 14,1 unidades de turpositi-vação McLagan. Dosagem de bilirrubinas (em mg por 100 m l ) : bilirrubina direta imediata-8,6; direta total 12,6; indireta 4; to-tal 16. Liqüido cefalorraqueano (10-9-49): punção suboccipito-tal em decúbito late-r a l ; plate-ressão inicial 14 cm água (manômetlate-ro de C l a u d e ) ; liquolate-r límpido e incololate-r: citometria 182,8 cels. por m m3

(linfócitos 7 1 % , médios mononucleares 15%, gran-des mononucleares 8%, polimorfonucleares neutrófilos 5 % ) ; proteínas totais 0,60 g por litro; cloretos 7,1 e glicose 0,55 g por litro; r. Pandy e Nonne-Appelt, for-temente positivas; r. benjoim 00012.00000.01000.0; r. T a k a t a - A r a forfor-temente positiva, tipo misto; r. Wassermann, Steinfeld, Eagle, Meinicke e para cisticercose, negativas; exame bacteriológico negativo.

(10)

reação inflamatória do epêndima, foi iniciado tratamento com penicilina e sulfa-diazina. Após ter tomado 72 g desta última, obteve o paciente cura clínica. Ao ter alta (191149), porém, apresentou intensa icterícia, que regrediu após t r a t a -mento adequado.

Passou muito bem, tendo retomado o trabalho, até junho de 1950, quando re-tornaram os mesmos sintonias anteriores, que se agravaram rapidamente, de forma a motivar sua reinternação, agora na Clínica Neurológica. Exame clínico: mau a s -pecto geral, emagrecido, musculatura hipotrófica, pele de côr terrosa, mucosas me-dianamente descoradas; o exame dos diversos aparelhos revelou-se normal. Exame neurológico: Obnubilição mental. Equilíbrio estático normal; marcha espástica. Motricidade voluntária reduzida nos membros inferiores, especialmente à direita. R e -flexos osteotendinosos vivos em geral; patelares exaltados, havendo clono da rótula direita; sinais de Rossolimo e Mendel-Bechterew nos pés. Reflexos superficiais nor-mais. Ligeira rigidez de nuca; ausentes os sinais de Kernig e Brudzinski. Sensi-bilidade e nervos cranianos normais.

Exames complementares — Liqüido cefalorraqueano (5-6-1950) : punção subocci-pital; pressão inicial 15; liquor levemente t u r v o ; citometria 381,3 cels. por mm-(linfócitos 80%; monócitos 2 0 % ) ; proteínas 1 g por litro; cloretos 6,6 e glicose 0,13 g por litro; r. Pandy e Nonne-Appelt fortemente positivas; r. benjoim 22222.21122.22100.0; r. T a k a t a - A r a fortemente positiva tipo vermelho; r. Wasser-mann negativa. Exame neurocular (16-6-50): Acuidade visual em A.O. 0,4; papi-las levemente hiperemiadas; o restante foi normal. Exame neurotorrinolaringológico

(11-7-50): ligeira hipoacusia de perceção à direita; ramos vestibulares normais. Pro-vas de função hepática (16-6-50): r. H a n g e r e r. formol-gel, negatiPro-vas. Bilirru-binas no sangue (em mg por 100 m l ) : direta imediata 0,1; direta total 0,1; indi-reta 0,2; total 0,3. Hemograma (15-6-50): eritrócitos 4.700.000 por mmS; hemoglo-bina 14,4 g por 100 ml; VG 0,95; leucócitos 8.400 por m m3

; neutrófilos bastonetes 6%, segmentados 6 3 % ; eosinófilos 3 % ; basófilos 0 % ; linfócitos típicos 18%, leuco-citóides 2% ; monócitos 8 % ; neutrófilos com algumas granulações tóxicas. Eritros-sedimentação (7-10-50): 20 mm na primeira hora (normal até 10 m m ) . Radiografia dos pulmões (3-8-50) : moderado reforço do desenho hilar. Radiografia da coluna dorsal (4-8-50) : deformações morfológicas e estruturas caracterizadas por platispon-dilia e alterações estruturais dos ângulos anteriores, com irregularidades dos con-tornos; sinais de espondilite infecciosa. Elelrence falo grama (9-8-50) normal.

Estávamos, pois, em presença de um caso de ependimite e meningo-encefalo-mielite, com intensas alterações do liqüido cefalorraqueano; este humor apresentava um quadro meningo-parenquimatoso subagudo, sendo necessário frisar a acentuada hipoglicarraquia (0,13 g por litro em 5-6-50; 0,32 g em 12-7-50), não acompanha-da, porém, de queda da taxa de cloretos; o exame bacteriológico, entretanto, nunca revelara presença de bacilos de Koch. A pesquisa destes últimos no escarro resul-tou negativa. A radiografia dos pulmões não evidenciava processo tuberculoso.

Dirigimos, pois, nossas vistas p a r a a etiologia blastomicótica da lesão nervosa. Em 28-7-50, foi enviado liquor p a r a exame micológico, sendo encontradas "nume-rosas formas de Paracoccidioides brasiliensis" ( D r . Aderbal Cardoso Cunha) : a pes-quisa dé cogumelos no escarro foi negativa e novo exame rinolaringológico não re-velou a existência de lesões suspeitas de blastomicose.

(11)

Foi então, repetida a iodoventriculografia (14-10-50) com injeção de 3 ml de lipiodol no ventrículo direito: trânsito normal através do buraco de Monro; desa-parecimento do recesso supra-óptico; ausência de outras anormalidades no I I I ven-trículo; bloqueio do sistema ventricular ao nível do limite inferior do aqueduto ce-rebral, sem desvios. Nova radiografia, duas semanas após, revelou impregnação ependimária pelo lipiodol, que desenhava as partes mais declives das diversas ca-vidades intra-encefálicas; pequenas gotas de contraste no segmento cervical, mos-travam a permeabilidade das comunicações ventrículo-subaracnóideas.

Após o paciente ter tomado 108 g de sulfadiazina, novo exame de líquido cefa.-lorraqueano (15-10-50) revelou-se inteiramente normal, inclusive a taxa de glicose

(0,68 g por litro). Contudo, o exame micológico direto do liquor (Prof. Floriano de Almeida) revelou a presença de raras e miúdas formas de P. brasiliensis (for-mas involutivas, devido à agressão pela sulfa?), sendo negativas a cultura e a ino-culação em embrião de galinha, o que também pode ser interpretado como efeito do tratamento. Nova intradermorreação com paracoccidioidina revelou-se positiva. Foi reiniciado o tratamento com sulfadiazina, que fora suspenso devido à intole-rância manifestada pelo paciente; entretanto, este só suportou mais 30 g da dro-ga. E m 12-11-50, passamos a administrar vacina antiblastomicótica (1 ml cada 4 dias) e, em 17-11-50, iniciamos t r a t a m e n t o pela tiossemiearbarsona (25 mg 3 vezes ao d i a ) . Associamos sempre as vitaminas A e D, extrato hepático, colina e me-tionina, dieta hiperprotêica.

O paciente apresentou acentuada melhora com o tratamento e, ao lhe ser dada alta, em 2-12-1950, apenas se verificava a persistência dos sinais de Rossolimo e Mendel-Bechterew nos p é s ; tinham cedido os outros sinais objetivos e a cefaléia.

Em sua residência continuou a tomar, durante algum tempo, tiossemiearbarsona e vacina. E n t r e t a n t o , cerca de 2 meses depois da alta, terminados os medicamen-tos, abandonou o tratamento. Em meados de março de 1951 começou novamente a apresentar cefaléia e enfraquecimento progressivo dos membros, especialmente à direita. No dia 25 desse mês apresentou uma crise tônica com hiperextensão dos quatro membros, não acompanhada de convulsões clônicas. Em vista disso, foi re-internado, em 27-3-1951, na Clínica Neurológica. O exame clínico nada revelou de anormal, a não ser dispnéia e profusa sudorese, com intensa sensação de frio, em-bora afebril. Ao exame neurológico, verificou-se a existência de tetraparesia espás-tica, sendo que o déficit motor predominava nos membros direitos; hiperreflexia osteotendinosa generalizada, com sinal de Rossolimo bilateral; ausentes os sinais de Babinski e Mendel-Bechterew. Paresia do hipoglosso direito, condicionando disar-t r i a ; rigidez de nuca; sensibilidade e demais nervos cranianos, normais; psiquismo íntegro, ü exame do liqüido cefalorraqueano revelou, em 26-3-51, por punção suboc-cipital em decúbito lateral: liquor fortemente turvo e levemente xantoerômico; 266,6 células por rama (linfócitos 78%, mononucleares 18%, polimorfonucleares neutrófilos 4 % ) ; proteínas 1,6 g por l i t r o ; cloretos 6,2 g por l i t r o ; glicose 0,26 g por l i t r o ; r. Pandy e Norme fortemente positivas; r. benjoim 22222.11222.21000.0; r. T a k a t a -A r a fortemente positiva, tipo misto; reações específicas p a r a lues e cisticercose, negativas; exame micológico direto e cultura, negativos. Novo exame otorrinolarin-gológico, em 28-3-51, não mostrou lesões das mucosas rinofaringolaríngeas. A ra-diografia dos pulmões nada revelou de anormal.

Logo após o início do tratamento pela sulfadiazina (10 ml na veia cada 8 ho-r a s ) , começou a queixaho-r-se de náuseas, passando a vomitaho-r ho-repetidamente. Esse me-dicamento foi suspenso em 30-3-51, sendo iniciada a administração de tiossemiear-barsona em 5-4-51 (meio comprimido cada 8 h o r a s ) , associada à vacina contra blas-tomicose (1 ml cada 4 dias). A sulfadiazina foi reiniciada em 14-4-51, em vista da agravação do estado geral. As condições do paciente, contudo, foram decaindo progressivamente e, em 19-4-51, veio a falecer.

(12)

re-lato pormenorizado dos aspectos anátomo-patológicos será ulteriormente publicado pelo Departamento de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da Univer-sidade de São Paulo (Prof. L. Cunha M o t t a ) .

Resumo — P a c i e n t e c o m um quadro i n f e c c i o s o geral, queixando-se de c e f a l é i a , v ô m i t o s e d i p l o p i a , sintomas que levaram à hipótese inicial de abs-cesso cerebral. Os e x a m e s clínico e n e u r o l ó g i c o não trouxeram esclareci-mentos. Liquor c o m intensas alterações de tipo m e n i n g o - p a r e n q u i m a t o s o , de caráter s u b a g u d o ; pôde ser afastada a e t i o l o g i a tuberculosa. A iodoven-triculografia revelou intensa ependimite, cuja e t i o l o g i a n ã o pôde ser apu-rada na o c a s i ã o . Instituído tratamento antinfeccioso com p e n i c i l i n a e sulfa-diazina ( 7 2 g ) , regrediu totalmente a s i n t o m a t o l o g i a , obtendo alta, curado. P o r é m , 7 meses a p ó s , retornaram os m e s m o s sintomas, sendo o paciente re-internado. E x a m e clínico normal ; e s p o n d i l i t e infecciosa. A pesquisa neu-r o l ó g i c a e v i d e n c i a v a paneu-rapaneu-resia cneu-runeu-ral espástica, o b n u b i l a ç ã o mental e si-nais m e n í n g e o s . Foi então enviado liquor pára e x a m e m i c o l ó g i c o , tendo sido feito, p e l o e x a m e direto, o diagnóstico de P. brasiliensis, o que f o i con-firmado pela cultura. Com n o v o curso de tratamento p e l a sulfadiazina, h o u v e n o r m a l i z a ç ã o das p r o p r i e d a d e s físicas e q u í m i c a s do l i q ü i d o cefalor-r a q u e a n o ; n o v o e x a m e m i c o l ó g i c o , a p ó s a administcefalor-ração de 108 g de sulfa, revelou a presença de raras f o r m a s de P. brasiliensis, sendo, p o r é m , nega-tivas a cultura e a i n o c u l a ç ã o e m e m b r i ã o de g a l i n h a . A sulfa, que já não era tolerada p e l o paciente, foi substituída p e l a vacina antiblastomicó-tica e tiossemicarbarsona. O paciente apresentou acentuada m e l h o r a c o m o tratamento, obtendo alta c o m m í n i m o s sinais n e u r o l ó g i c o s residuais, tendo cedido as m a n i f e s t a ç õ e s subjetivas.

Entretanto, 2 meses a p ó s a alta a b a n d o n o u o tratamento e, a l g u m a s semanas depois, h o u v e nova recidiva do processo, surgindo sinais m e n i n g o -e n c -e f á l i c o s qu-e d-et-erminaram sua r-eint-ernação, -e m pr-ecário -estado g-eral. N ã o suportou a sulfa e, agravando-se gradualmente suas c o n d i ç õ e s , veio a falecer 2 anos a p ó s a manifestação dos sintomas iniciais. O e x a m e anáto-m o - p a t o l ó g i c o revelou ependianáto-mite e anáto-m e n i n g i t e crônicas, sendo que os carac-terísticos h i s t o p a t o l ó g i c o s , a l i a d o s às particularidades do parasito, permiti-ram estabelecer o diagnóstico definitivo de g r a n u l o m a t o s e p e l o Cryptococcus neo for mans *. O relato c o m p l e t o da necropsia, i n c l u s i v e quanto à patolo-gia do p a r ê n q u i m a nervoso propriamente dito, será p u b l i c a d o ulteriormente.

C O M E N T Á R I O S

A s neuroparacoccidioidoses oferecem p r o b l e m a s de alto interesse clíni-co, porquanto, do exato diagnóstico decorrem grandes p o s s i b i l i d a d e s de be-nefícios para o paciente, se fôr instituída a t e m p o a m e d i c a ç ã o adequada.

(13)

S ã o dignos de m e n ç ã o particular os aspectos n e u r o c i r ú r g i c o s de a l g u n s des-ses casos, n o s quais a b l a s t o m i c o s e p o d e simular a e x i s t ê n c i a de tumores, quer e n c e f á l i c o s , quer m e d u l a r e s , o que conduz o s pacientes à m e s a de ope-ração, muitas vezes c o m resultados p o u c o satisfatórios. A s s i m , n o s três ca-sos de P r a d o , Insausti e Matera 9

e de R i t t e r1 2

, a neuvoblastomicose apre-sentou-se sob forma tumoral, c o m caráter eminentemente n e u r o c i r ú r g i c o . E não tendo sido feito diagnóstico e t i o l ó g i c o , os pacientes foram l e v a d o s à sala de cirurgia, sendo que dois deles vieram a falecer no pós-operatório imedia-to, obtendo b o n s resultados o terceiro.

Embora e m nosso caso 1 t a m b é m houvesse e l e m e n t o s c l í n i c o s e labo-ratoriais sugestivos de c o m p r e s s ã o m e d u l a r , c o m b l o q u e i o do canal raqueano, i n d i c a n d o , à primeira vista, o tratamento cirúrgico, f o i particularmente n o caso 2 q u e o aspecto neurocirúrgico se mostrou realmente digno de realce. Neste caso, a impressão c l í n i c a inicial era de q u e o paciente — - portador de c o m p r e s s ã o m e d u l a r bem caracterizada n e u r o l o g i c a m e n t e e confirmada p e l o b l o q u e i o parcial do canal raqueano e v i d e n c i a d o pela prova de Stookey — pertencesse aò grupo neurocirúrgico. Entretanto, o diagnóstico

etiológi-co, fornecido pela b i ó p s i a g a n g l i o n a r , levou-nos a instituir o tratamento sul-f a m í d i c o , cujos resultados sul-foram m a g n í sul-f i c o s , obtendo-se a regressão quase total dos sintomas. Neste caso, c o m o n o caso 1, n ã o p ô d e ser encontrado o parasito no liquor, fato q u e n ã o n o s permite considerar a lesão nervosa c o m o de c o m p r o v a d a e t i o l o g i a p a r a c o c c i d i ó i d i c a . Entretanto, são ponderá-veis as p r o b a b i l i d a d e s a favor da determinação b l a s t o m i c ó t i c a do processo n e u r o l ó g i c o . T a m b é m não p u d e m o s esclarecer a p a t o g e n i a da lesão medu-lar no caso 2 . P e n s a m o s inicialmente que tivesse h a v i d o infiltração do es-paço extradural ( e conseqüente c o m p r e s s ã o m e d u l a r ) p e l o processo blasto-micótico que c o m tanta intensidade atingiu o sistema linfático cervical. Ou-tra hipótese seria de q u e , aOu-través das c o m u n i c a ç õ e s existentes entre o neu-raxe e o sistema linfático paravertebral, tivesse o c o r r i d o o ataque direto do parasito ao parênquima medular. Estariam assim e x p l i c a d a s as manifesta-ções de tipo periférico nos m e m b r o s s u p e r i o r e s ; restaria esclarecer o cará-ter f l á c i d o dos f e n ô m e n o s motores d o s m e m b r o s inferiores, para o q u e se poderia invocar talvez o c o m p r o m e t i m e n t o (acentuado e persistente) dos fu-niculus dorsais. P o d i a - s e ainda admitir q u e a s i n t o m a t o l o g i a decorresse da aracnoidite adesiva e s p i n a l , revelada p e l a p e r i m i e l o g r a f i a ; não tendo sido encontrado o parasito no liquor, a e t i o l o g i a do processo inflamatório das l e p t o m e n i n g e s deverá ser imputada à a ç ã o de t o x i n a s . P o r f i m , podería-m o s ainda supor q u e a p a r a c o c c i d i o i d o s e g a n g l i o n a r deterpodería-minasse upodería-ma rea-ção alérgica caracterizada por i n f l a m a ç ã o serosa ( R õ s s l e ) difusa da m e d u l a , a qual, inteiramente reversível, cedeu ante a terapêutica que precocemente foi instituída.

(14)

ou a sua particular l o c a l i z a ç ã o n o n e u r a x e , haverá e v e n t u a l i d a d e s e m q u e o neurocirurgião será o b r i g a d o a intervir, p e l a s o l u ç ã o m a i s rápida q u e poderá dar ao p r o b l e m a m ó r b i d o .

A feição neurocirúrgica era saliente t a m b é m n o caso 3 , de granuloma-tose criptocócica (torulose). O paciente f o i internado diretamente n u m a enfermaria de cirurgia, c o m a suspeita de abscesso cerebral, tal o r e l e v o que a s s u m i a m o s s i n t o m a s de hipertensão intracraniana e m i n d i v í d u o c o m um quadro i n f e c c i o s o . P o r é m , verificada a existência de e p e n d i m i t e . cuja e t i o l o g i a era i g n o r a d a , f o i i n i c i a d o tratamento p e l a p e n i c i l i n a e sulfadiazi-n a ; os resultados f o r a m excelesulfadiazi-ntes e o paciesulfadiazi-nte teve alta. T o d a v i a , decor-ridos 7 m e s e s , h o u v e recidiva do p r o c e s s o anterior, agregando-se sinais me-n i me-n g o e me-n c e f a l o m i e l í t i c o s ; o pacieme-nte f o i reime-nterme-nado e, através do e x a m e mi-c o l ó g i mi-c o do l i q ü i d o mi-c e f a l o r r a q u e a n o , f o i estabelemi-cido o diagnóstimi-co de para-c o para-c para-c i d i o i d o s e do sistema n e r v o s o . F o i instituída a s u l f a m i d o t e r a p i a mapara-ciça, porém, e m vista da intolerância m a n i f e s t a d a , f o i o paciente m e d i c a d o c o m vacina antiblastomicótica, associada a tiossemicarbarsona. Com essa terapêutica f o i obtida a regressão quase total dos sintomas. Entretanto, 3 m e -ses a p ó s a alta e e m seguida ao a b a n d o n o do tratamento, o estado geral e o quadro n e u r o l ó g i c o novamente se agravaram, c a m i n h a n d o o paciente ra-pidamente para o êxito letal, c o m u m quadro de m e n i n g o e n c e f a l i t e do tron-co cerebral. A real e t i o l o g i a criptocóccica, entretanto, s ó p ô d e ser firma-da p e l o e x a m e h i s t o p a t o l ó g i c o post m o r t e m . Tratando-se, p o i s , de torulose. há e x p l i c a ç ã o para o fato de n ã o ser encontrada a porta de entrada do germe, porquanto este p o d e atingir a corrente s a n g ü í n e a através de m í n i m a lesão p u l m o n a r , q u e decorre assintomàticamente, i n d o o parasito se locali-zar diretamente n o sistema n e r v o s o . A s s i m se e x p l i c a t a m b é m o m a l o g r o do tratamento s u l f a m í d i c o , visto q u e esta droga n ã o t e m p o d e r fungistático sobre o Cryptococcus neoformans 1 7

.

Importa, p o i s , ressaltar os m e i o s de diagnóstico das neitroblastomicoses. O diagnóstico c l í n i c o será estabelecido p e l a existência de u m a das f o r m a s (tegumentar, g a n g l i o n a r , p u l m o n a r , o u m i s t a ) da afecção. E s p e c i a l m e n t e a existência de l e s õ e s cutâneas, ou das m u c o s a s do o r o f a r i n g e , ou ainda, de enfartamento g a n g l i o n a r e m pacientes c o m sintomatologia n e u r o l ó g i c a , deve orientar o espírito para a p o s s i b i l i d a d e de tratar-se de b l a s t o m i c o s e do sis-tema n e r v o s o .

Os m e i o s laboratoriais de que se deve lançar m ã o para o diagnóstico da b l a s t o m i c o s e são o s s e g u i n t e s : 1 ) b i ó p s i a das lesões c u t a n e o m u c o s a s ou g a n g l i o n a r e s ; 2 ) p e s q u i s a do f u n g o e m qualquer lesão, seja a aspira-ção da p o l p a g a n g l i o n a r , seja o r a s p a d o das lesões tegumentares ; 3 ) cul-tura e m m e i o s e s p e c i a l i z a d o s ; 4 ) i n o c u l a ç ã o do material suspeito ( l i q u o r , no caso de lesão n e r v o s a ) n o s testículos de cobaias ( p a r a c o c c i d i o i d o s e ) o u i n j e ç õ e s intraperitoneais e cerebrais e m ratos ( t o r u l o s e ) ou n a m e m b r a n a a l a n t o c o r i ô n i c a de e m b r i õ e s de g a l i n h a ; 5 ) reações i m u n a l é r g i c a s , que in-c l u e m a intradérmiin-ca in-c o m p a r a in-c o in-c in-c i d i o i d i n a ou levedurina, e a reação d e f i x a ç ã o de c o m p l e m e n t o c o m antígeno b l a s t o m i c ó t i c o ; f o i verificado 1 3

(15)

revelar a presença do P. brasiliensis ( c a s o 1 ) ou do C. neoformans e, de outro, p o d e contribuir para afastar a suspeita de tuberculose, c o m a qual a b l a s t o m i c o s e muitas vezes se c o n f u n d e ; 7 ) a radiografia dos p u l m õ e s p o d e revelar a existência de l e s õ e s que, afastada a e t i o l o g i a tuberculosa, po-derão ser atribuídas à b l a s t o m i c o s e ; 8 ) por f i m , o caráter i n f e c c i o s o do h e m o g r a m a , a e o s i n o f i l i a , o aumento da eritrossedimentação, p o d e m contri-buir c o m o e l e m e n t o s de suspeita n a q u e l e s casos e m que a e t i o l o g i a estiver obscura. O diagnóstico de certeza do c o m p r o m e t i m e n t o do neuraxe p e l a b l a s t o m i c o s e é dado, unicamente, p e l o encontro do P. brasiliensis ou do C neoformans n o liquor, seja por m e i o do e x a m e direto, seja através de cul-turas e i n o c u l a ç õ e s e m cobaia ou e m b r i ã o de g a l i n h a .

Convém ressaltar que os casos de neurotorulose se c o n f u n d e m comuinen-te c o m os de m e n i n g o e n c e f a l i t e tuberculosa, comuinen-tendo e m vista o carácomuinen-ter d a s alterações l i q u ó r i c a s , particularmente o b a i x o teor de g l i c o s e , que atingiu, n o caso 3 , o valor de 0,13 g por litro. N o caso de Busscher e c o l .1 8

, a h i p o g l i c o r r a q u i a f o i de 0,27 g por l i t r o ; n o de Stone e S t u r d i v a n t1 9

, al-cançou 0 , 2 7 2 g por l i t r o ; no de A n d e r s o n2 0

, a p r o x i m o u - s e das cifras p o r n ó s encontradas, isto é, 0 , 1 0 g por litro ; no p r i m e i r o caso de G l o b u s e c o l .1 3

a g l i c o s e chegou a ocorrer apenas e m traços. Contrariamente ao q u e sucede c o m u m e n t e n a m e n i n g o e n c e f a l i t e tuberculosa, n ã o se observam geralmente alterações p a r a l e l a s da taxa de cloretos, e m b o r a , e m casos e x c e p c i o -nais, tenha sido observada t a m b é m intensa h i p o c l o r o r r a q u i a . Outros carac-teres do l i q u o r são a x a n t o c r o m i a freqüente, a l i n f o m o n o n u c l e o s e ( o s auto-res 1 5 , 2 1

advertem que, se desprevenidos, o s analistas p o d e r ã o tomar por lin-f ó c i t o s o s m i c r o o r g a n i s m o s ) e a h i p e r p r o t e i n o s e .

P a r a finalizar estas considerações sobre o d i a g n ó s t i c o , resta referir que, n o s casos de n e u r o p a r a c o c c i d i o i d o s e , p o d e ser tentada a p r o v a terapêutica. N o tratamento da paracoccidioidose do sistema nervoso, aplicam-se as m e s m a s m e d i d a s usadas para outras l o c a l i z a ç õ e s desta m i c o s e . M u i t o s me-dicamentos já h a v i a m sido p r e c o n i z a d o s , c o m resultados d e s a n i m a d o r e s , até que Oliveira Ribeiro 2 2

( 1 9 4 0 ) i n i c i o u o u s o das s u l f o n a m i d a s na terapêu-tica destas m i c o s e s . Os derivados s u l f a m í d i c o s devem ser u s a d o s , inicial-mente, e m doses e l e v a d a s , v i s a n d o atingir concentrações s a n g ü í n e a s entre 5 e 10 m g de substância ativa por 1 0 0 m l , o que se c o n s e g u e , na maioria d o s casos, administrando i n i c i a l m e n t e 3 g e, a seguir, 1 g cada 4 h o r a s ( a dose diária p o d e ser enunciada c o m o de 0,1 g por q u i l o de p e s o ) . Essa concen-tração relativamente e l e v a d a tem d u p l a f i n a l i d a d e : a obtenção de cura mais rápida e p r i n c i p a l m e n t e evitar a resistência do f u n g o à s u l f o n a m i d a . A p ó s a cicatrização das lesões tegumentares, a m e l h o r a do quadro c l í n i c o e a redução da eritrossedimentação, p a s s a m o s a administrar a droga e m inter-v a l o s m a i o r e s ( 1 g cada 6 h o r a s ) . Essa dose é m a n t i d a até a cura c l í n i c a , p o i s as s u l f o n a m i d a s exercem a p e n a s a ç ã o fungistática, m e s m o e m doses e l e v a d a s . P o r isso é regra a recidiva q u a n d o a m e d i c a ç ã o é suspensa pre-cocemente. Como derivados s u l f a m í d i c o s de e l e i ç ã o , t e m o s u s a d o a sulfa-diazina e a s u l f a m e r a z i n a — a s duas s u l f a s de m a i o r p o d e r fungistático 2 3

(16)

mui-to bem mui-tolerada p e l o o r g a n i s m o , tendo sido também preconizada recente-mente por Lacaz 2 4

c o m o a m a i s ativa e a que fornece maiores concentra-ções sangüíneas c o m a m e s m a p o s o l o g i a .

A l m e i d a 2

\ que v e m estudando as vacinas desde 1 9 3 8 , obteve produto ativo e em quantidade suficiente para ser usado l o n g o t e m p o . A s v a c i n a s a g e m e s t i m u l a n d o o sistema retículo-endotelial, determinando a f o r m a ç ã o de m a i o r quantidade de anticorpos, reforçando as defesas naturais, p e r m i t i n d o , assim, ao o r g a n i s m o destruir os c o g u m e l o s previamente inibidos pelas sul-f o n a m i d a s .

U m de n ó s ( F . P . L.) está estudando a ação sobre o Paracoccidioides brasiliensis de v á r i o s antibióticos, entre o s quais a tiossemiearbarsona, que revelou ação benéfica na blastomicose sul-americana, sendo útil em casos de intolerância às sulfas.

Entre os primeiros recursos m e d i c a m e n t o s o s usados na terapêutica da p a r a c o c c i d i o i d o s e , salientam-se o s i ó d i c o s . E m p r e g a d o s i n i c i a l m e n t e graças à ação f u n g i c i d a observada em relação à m a i o r i a dos c o g u m e l o s 2 0

., seus efei-tos foram contraditórios na p a r a c o c c i d i o i d o m i c o s e . A l g u n s p e s q u i s a d o r e s re-lataram efeitos b e n é f i c o s , p o r é m a grande m a i o r i a dos estudiosos observou piora das lesões por ação do i o d o . H o j e s a b e m o s que, a o m e n o s e m doses e l e v a d a s , os i ó d i c o s são contra-indicados na b l a s t o m i c o s e sul-americana

A l é m da m e d i c a ç ã o visando diretamente o agente m ó r b i d o ( s u l f a s , va-cinas e t i o s s e m i e a r b a r s o n a ) , sempre a d m i n i s t r a m o s : a ) l í q u i d o s e m quan-tidade e l e v a d a , sob f o r m a de sucos v i t a m i n a d o s e á g u a alcalinizada, visan-do proteger o s rins contra eventual precipitação de cristais de sulfonami-d a s ; b ) bicarbonato sulfonami-de sósulfonami-dio a c o m p a n h a n sulfonami-d o as s u l f a s ; c ) v i t a m i n a s e ex-trato hepático por via parenteral; protetores da c é l u l a hepática (aminoáci-dos, c o l i n a , m e t i o n i n a , lecitina, etc.) ; d ) dieta h i p e r p r o l ê i c a , h i p e r c a l ó r i c a e h i p e r v i t a m í n i c a ; e ) m e d i d a s a d e q u a d a s a casos especiais, c o m o transfu-sões, ferro, hidratação por via p a r e n t e r a l ; f ) m e d i c a ç ã o sintomática. A duração do tratamento é, em geral, p r o l o n g a d a , i m p o n d o a realização de h e m o g r a m a s s e m a n a i s e das provas para estudo da função hepática.

Quanto à criptococose* ainda n o s e n c o n t r a m o s praticamente desarma-dos. Resultados favoráveis não f o r a m obtidos, in vitro ou in v i v o , c o m os i ó d i c o s , arsenicais, prata e cobre c o l o i d a i s , tártaro emético, q u i n i n o e estrep-t o m i c i n a1 5

. A s s u l f a s não p o s s u e m poder fungistático sobre o Cryptococcus neoformans17

. A radioterapia t a m b é m não parece agir sobre essa m i c o s e1 5 . S h a p i r o e N e a l2 7

verificaram que a acriflavina é capaz de inibir o cres-cimento do C. neoformans, o que levou W a r v i e R a w s o n 2 8

a indicarem o seu e m p r e g o , e m s o l u ç ã o a 1 : 1 0 0 0 0 , por via intratecal. L e w i s e H o p p e r 2 9

re-c o m e n d a r a m o u s o da violeta de g e n re-c i a n a , e m s o l u ç ã o aquosa, por via in-tratecal; entretanto, e l a revelou-se ineficaz por via p a r e n t e r a l3 0

. Quanto aos antibióticos, H a m i l t o n e T h o m p s o n 3 1

(17)

particular-mente c o m a g l i o t o x i n a e a estreptotricina, b e m c o m o certas cetonas insa-turadas, particularmente a a c r i l o f e n o n a3 2

. A s doses de estreptotricina ne-cessárias para inibir o crescimento do C. neoformons p o d e m ser obtidas n o s h u m o r e s , inclusive n o liqüido cefalorraqueano 3 í

. Contudo, trata-se de dro-ga tóxica e que, e m contacto c o m o p a r ê n q u i m a nervoso, atua c o m o agente convulsivante 3 4

. A p e s a r disso, Globus e c o l .1 5

sugerem o seu e m p r e g o ex-perimental n o s casos de torulose, utilizando-se doses moderadas e p r o d u t o isento de impurezas. Outro antibiótico p o s s u i d o r de ação fungistática é a actidiona, obtida de culturas de Streptomyces griseus, a qual r e v e l o u , a l é m disso, baixa toxidez n o s estudos e x p e r i m e n t a i s e m a n i m a i s 3 5

. Fisher 2 1 uti-lizou-a p o r via intraventricular e m u m de seus casos de criptococose. tendo verificado acentuada redução dos f u n g o s nas culturas, p o r é m os resultados c l í n i c o s foram precários.

Kuhn 3 6

observou que os c o e l h o s , ao contrário d o s c a m u n d o n g o s , s ã o muito resistentes à infecção experimental p e l o C. neoformans, o q u e rela-cionou ao fato de que os primeiros a n i m a i s p o s s u e m u m a temperatura cor-poral muito mais e l e v a d a que os ú l t i m o s . Conseqüentemente, é possível que a piretoterapia exerça ação benéfica no combate à criptococose 1 5

. N a a v a l i a ç ã o clínica dos efeitos de qualquer m e d i c a m e n t o sobre a toru-lose devemos levar e m conta a p o s s i b i l i d a d e de remissões espontâneas d o processo micótico 3 7

, que talvez tenham ocorrido e m nosso caso 3 , coinciden-temente com o e m p r e g o da sulfa.

R E S U M O

Os autores c h a m a m a atenção sobre os erros de diagnóstico n o s casos de neuroblastomicose, seja nas formas m e n i n g o e n c e f á l i c a s , seja n a s t u m o r a i s . São focalizadas a p a r a c o c c i d i o i d o s e e a criptococose.

D e p o i s de caracterizarem clinicamente a p a r a c o c c i d i o i d o s e , acentuam a raridade das formas nervosas ( 1 , 2 % dos casos dessa m i c o s e a u t o p s i a d o s n o D e p a r t a m e n t o de A n a t o m i a P a t o l ó g i c a da F a c u l d a d e de M e d i c i n a da Univer-sidade de S ã o P a u l o ) . P e l a revisão da literatura f o i verificado haver ape-nas 12 casos registrados. 0 caso de Casiello e K l a s s é o único e m q u e o diagnóstico foi feito e m v i d a ; os demais, ou constituem a c h a d o de necrop-sia, ou foram inesperadamente revelados p e l o exame h i s t o p a t o l ó g i c o realiza-do a p ó s intervenções cirúrgicas. Os autores registram 2 casos de paracoccidioidose do sistema nervoso. N o p r i m e i r o , tratavase de m e n i n g o m i e l o r r a -diculite crônica, sendo o parasito identificado no e s c a r r o ; o segundo era portador de síndrome de c o m p r e s s ã o m e d u l a r , cuja patogenia é discutida p e l o s autores, tendo sido a e t i o l o g i a p a r a c o c c i d i ó i d i c a c o m p r o v a d a p e l o exa-m e da p o l p a e b i ó p s i a g a n g l i o n a r e s .

(18)

tratar-se, na realidade, de lesões nervosas produzidas p e l o Crypíococcus neo-formans.

N o s três casos era i n c i s i v o o caráter neurocirúrgico da s i n t o m a t o l o g i a . Entretanto, ante o d i a g n ó s t i c o de p a r a c o c c i d i o i d o s e , foi instituído tratamen-to p e l a s s u l f a s , v a c i n a específica e tiossemicarbarsona. Os resultados foram e x c e l e n t e s n o caso 2 , e m que a terapêutica p ô d e ser instituída m a i s precoce-m e n t e ; precoce-m e l h o r a s taprecoce-mbéprecoce-m foraprecoce-m obtidas n o caso 1. N o caso 3 , f o r a precoce-m ve-rificadas m e l h o r a s transitórias c o m o tratamento, p o r é m , a p ó s dois anos de m o l é s t i a , o paciente veio a falecer.

Os autores c o n c l u e m que a b l a s t o m i c o s e do sistema nervoso deverá par-ticipar das c o g i t a ç õ e s neurocirúrgicas. Entretanto, na p a r a c o c c i d i o i d o s e , a s u l f a m i d o t e r a p i a em doses elevadas, associada às v a c i n a s antiblastomicóticas, deve constituir a primeira tentativa terapêutica. P a r a o tratamento da toru-lose são indicadas a estreptotricina e a actidiona, e m b o r a a e x p e r i ê n c i a com o seu uso clínico ainda seja muito p e q u e n a para que se chegue a c o n c l u s õ e s definitivas. A cirurgia ficará reservada àqueles casos e m que as c o n d i ç õ e s t o p o g r á f i c a s ou e v o l u t i v a s da lesão e x i j a m s o l u ç ã o urgente.

S U M M A R Y

Blastomycosis of the nervous system.

T h e authors e m p h a s i z e the dangers of diagnostic errors in the cases of n e u r o b l a s t o m y c o s i s , whether in the m e n i n g o e n c e p h a l i c or the tumoral f o r m s . P a r a c o c c i d i o i d o s i s and c r y p t o c o c c o s i s are studied.

After a c l i n i c a l characterization of p a r a c o c c i d i o i d o s i s , the authors stress the scarceness of its nervous forms ( 1 , 2 per cent of 8 4 necropsies of this m y c o s i s performed at the Department of P a t h o l o g y of the F a c u l t y of Me-dicine of São P a u l o ) . In the literature there are but 12 cases reported. Casiello and Class' is the o n l y case where the d i a g n o s i s was m a d e during l i f e ; the other cases were n e c r o s c o p i c f i n d i n g s or unexpected h i s t o p a t h o l o g i c data after the patients h a d been operated on por presumptive tumors. T h e authors report 2 cases of p a r a c o c c i d i o i d o s i s of the nervous system. Tn the first one, s h o w i n g m e n i n g o - m y e l o - r a d i c u l i t i s , the parasite was identified in the s p u t u m ; the s e c o n d patient e x h i b i t e d a s y n d r o m e of spinal c o m p r e s s i o n , w h o s e p a t h o g e n y is discussed by the authors ( l y m p h a t i c infiltration of the e p i d u r a l cervical s p a c e ? l y m p h a t i c infiltration of the spinal c o r d ? a l l e r g i c diffuse serous i n f l a m m a t i o n of the s p i n a l cord caused by the g a n g l i o n a r f o c u s ? ) ; the p a r a c o c c i d i o i d a l e t i o l o g y was attested by b a c t é r i o l o g i e examina-tion and b i o p s y of cervical l y m p h n o d e s .

(19)

In all cases the n e u r o s u r g i c a l aspect of the s y m p t o m a t o l o g y w a s impres-sive. N e v e r t h l e s s , the d i a g n o s i s of p a r a c o c c i d i o i d o s i s i m p o s e d the treatment

with s u l f a d i a z i n e , s u l f a m e r a z i n e , s p e c i f i c v a c c i n e and t h i o s e m i c a r b a r s o n e . Re-sults were remarkable in case 2 , w h e r e treatment w a s earlier started; case 1

a l s o s h o w e d i m p r o v e m e n t . In case 3 , transient i m p r o v e m e n t f o l l o w e d the treatment, but, after two years of disease, the patient died.

T h e authors c o n c l u d e that nervous b l a s t o m y c o s i s m u s t be taken on ac-count in n e u r o s u r g i c a l c o n s i d e r a t i o n s . In p a r a c o c c i d i o i d o s i s m a s s i v e doses

of s u l f a drugs associated to s p e c i f i c v a c c i n e , h o w e v e r , w i l l be the first thera-peutic a p p r o a c h . In the treatment of c r y p t o c o c c o s i s streptothricin and

acti-dione are worth t r y i n g a c c o r d i n g to e x p e r i m e n t a l studies. Surgery is in-dicated o n l y in the cases w h e r e the site or d e v e l o p m e n t a l c o n d i t i o n s of the

disease d e m a n d urgent r e s o l u t i o n .

B I B L I O G R A F I A

1. Ciferri, R. e Redaelli, P. — Paracoccidioidaceae; nuova i'amilia istituita per l'agente del granuloma Paracoccidioide (P. brasiliensis). Bol. 1st. Sieroter. Mi-lanese, .15:97-102 (fevereiro) 1936.

2 . Cunha Motta, L. e Aguiar Pupo, J . — Granulomatose paracoccidióidica (blas-tomicose brasileira). An. Fac. Med. Univ. São Paulo, 12:407-126, 1936. 3 . Maffei, "W. E. — Micoses do sistema nervoso. An. Fac. Med. Univ. São

Paulo, 29:297-327, 1943.

4. Pereira, J. M. e Jacobs, F . — Um caso de blastomicose cutânea com acessos epilépticos. An. Paulistas de Med. e Cir., 10:217-219 (outubro) 1919. 5 . Gurgel, L. N. — Blastomicose generalizada. Brasil-Méd., 34:540-541 (14

agos-to) 1920.

6. Pena de Azevedo, A. — a) Plaques conjonctives méningées dans la blasto-mycose p a r le Coccidioides immitis. Compt. Rend. Soc. de Biol., 109:125-128 (22 Janeiro) 1932. 6) Lesões do sistema nervoso central na doença de Lutz (blastomicose brasileira). Hospital, 30:465-488 (outubro) 1949.

7. Chirife, A. — La paracoccidioidosis en P a r a g u a y . An. F a c . Ciências Méd. ( P a r a g u a i ) , 4:9-66, 1944.

8. Gonzalez, G. e Boggino, J. — P a r a la casuística de las formas meningo-en-cefálicas de la enfermedad de Lutz-Splendore-Almeida (granuloma paracocci-dióidico). An. Fac. Ciências Méd. ( P a r a g u a i ) , 4:66-78, 1944.

9. P r a d o , J. M., Insausti, T. e Matera, R. F . — Contribución al estúdio de las coccidio v paracoccidiomicosis dei sistema nervioso. Arch. Neurocir., 3:90-106, 1946.

10. Casiello, A. e Klass, R. L. — A propósito de una blastomicosis Paracocci-dioide a forma de granulia pulmonar y ineningea. Rev. Med. Rosario, 37:748-768 (junho) 1947.

11. Sammartino, R. — Absceso cerebeloso por Paracoccidioides brasiliensis. Arch. Soc. Argent. Anat. Normal y Patol., 9:360-368, 1947.

12. Ritter, F . H. — Tumor cerebral granulomatoso por Paracoccidioide. A pro-pósito de dois casos operados. Arq. N e u r o - P s i q u i a t , 6:352-359 (dezembro) 1948.

13. Lacaz, C. S., Assis, J. L. e Bittencourt, J . M. T. — Misoses do sistema ner-voso. Arq. Neuro-Psiquiat., 5:1-52 (março) 1947.

14. Benham, R. W. — Cryptococci: their identification by morphology and by serology. J . Infect. Dis., 57:255-274 (novembro-dezenibro) 1935.

15. Globus, J . H., Gang, K. M. e Bergman, P. S. — Torula meningoencephalitis. J. Neuropathol. a. Exper. Neurol., 10:208-228 (abril) 1951.

(20)

17. Almeida, F., Lacaz, C. S. e Monteiro Salles — Blastomicose do tipo Busse-Buschke. Segundo caso observado em São Paulo. An. Fac. Med. Univ. São Paulo, 20:115-139, 1944.

18. Busscher, H . J., Scherer, J. e Thomas, F . — L a méningite à Toruln. Rev. Neurol., 70:149-168 (agosto) 1938.

19. Stone, W. J . e Sturdivant, B. F . — Meningoencephalitis due to Torula histo-lytica. Arch. Int. Med,, 44:560-575 (outubro) 1929.

20. Anderson, G. C. — Fungous infections of the brain. Report of four cases. Arch. Surg., 42:379-385 (fevereiro) 1941.

2 1 . Fisher, A. M. — The clinical picture associated with infections due to Crypto-coccus neoformans (Torula histolytica). R e p o r t of three cases with some ex-perimental studies. Bull. Johns Hopkins Hosp., 86:383-414, 1950.

22. Oliveira Ribeiro, D. — Nova terapêutica p a r a a blastomicose. Publ. M éd. (São P a u l o ) , 12:36-54 (agôsto) 1940.

23. a) Almeida, F., Lacaz, C. S. e Forattini, O. P. — Ação da sulfanilamida e seus derivados, in vitro, sobre o Paracoccidioides brasiliensis. Resenha Clín.-C i e n t , 15:113-117 (1 março) 1946. ò) Pellegrino, J . — Ação in vitro da sulfanilamida e seus derivados sobre o desenvolvimento do Paracoccidioides bra-siliensis Almeida, 1929. Rev. Bras. Biol., 6:73-83 (agôsto) 1946. c) Freire,

A. e Pellegrino, J . — Ação da sulfanilamida e derivados sobre o Para-coccidioides brasiliensis. An. Bras. Dermat. e Sif., 4:270 (setembro) 1946. 24. Lacaz, C. S. — Associação de sulfadiazina e suif amer a/ina no t r a t a m e n t o da

blastomicose sul-americana. Níveis obtidos. Profilaxia dos acidentes. Hospital,

37:689-708 (maio) 1950.

25. Almeida, F . — Vacina contra o granuloma paracoccidióidico. Fol. Clin, e Biol., 10:195-197, 1938.

26. Lacaz, C. S. — O iodo no t r a t a m e n t o das micoses. An. Paulistas de Med. e Cir., 39:379-399 (maio) 1940.

27. Shapiro, L. L. e Neal, J. B. — Torula meningitis. Arch. Neurol, a. Psychiat.,

13:174-190 (fevereiro) 1925.

28. Warvi, W. N. e Rawson, R. W. — Torula meningitis. Arch. Tnt. Med., 69: 90-98 (Janeiro) 1942.

29. Lewis, G. M. e H o p p e r , M. E. — An Introduction to Medical Mycology. The Year-book Publ. Inc., Chicago, 1943.

30. Jones, S. H. e Klinck, G. H. — Torula histolytica (Cryptococcus hominis) meningitis. Case report and therapeutic experiments. Ann. Int. M e d , 22:736-745 (maio) 1945.

3 1 . Hamilton, L. C. e Thompson, P. E. — Treatment of cryptococcic meningitis with penicillin. Am. J. Dis. Child., 72:334-312 (setembro) 1946.

32. Reilly, H . C , Sehatz, A. e Waksman, S. A. — Antifungal properties of anti-biotic substances. J . Bacteriol., 49:585-594 (julho) 1945.

33. Robinson, H . J. — Streptomycin and streptothricin: the absorption, excretion and chemotherapeutic properties. Ann. N. York Acad. Sc., 48:119-142 (27 se-tembro) 1946.

34. Walker, A. E., Johnson, H. C , Case, T. J. e Kollros^ J. J. — Convulsive ef-fects of antibiotic agents on the cerebral cortex. Science, 103:116 (25 janei-ro) 1946.

35. Whiffen, A. J. — The production, assay and antibiotic activity of actidione, an antibiotic from Streptomyces griseus. J. Bacteriol., 56:283-291 (setembro)

1948.

36. Kuhn, L. R. — Growth and viability of Cryptococcus hominis a t mouse and rabbit body temperature. Proc. Soc. Exper. Biol. a. Med., 41:573-574 (ju-nho) 1939.

37. Willard, H. N. e Wolff, H. G. — Remission as a feature in torulosis. J . Nerv. a. Ment. Dis., 112:237-239 (setembro) 1950.

Referências

Documentos relacionados

Contudo, não é possível imaginar que essas formas de pensar e agir, tanto a orientada à Sustentabilidade quanto a tradicional cartesiana, se fomentariam nos indivíduos

Ofertas para Pessoa Jurídica válidas apenas no estado da Bahia.. Imagens

I, Seltan Segued, emperor of Ethiopia, believe and profess that Saint Peter, prince of the Apostles was nominated head of the Christian Church by Christ our Lord, who bestowed

Effects on body mass, visceral fat, blood glucose and hepatic steatosis were assessed in clinical use and by measuring the triglyceride, cholesterol and hepatic glycogen in

Os candidatos reclassificados deverão cumprir os mesmos procedimentos estabelecidos nos subitens 5.1.1, 5.1.1.1, e 5.1.2 deste Edital, no período de 15 e 16 de junho de 2021,

O objetivo deste trabalho foi realizar o inventário florestal em floresta em restauração no município de São Sebastião da Vargem Alegre, para posterior

c.4) Não ocorrerá o cancelamento do contrato de seguro cujo prêmio tenha sido pago a vista, mediante financiamento obtido junto a instituições financeiras, no

Os autores relatam a primeira ocorrência de Lymnaea columella (Say, 1817) no Estado de Goiás, ressaltando a importância da espécie como hospedeiro intermediário de vários parasitos