1 UmaprimeiraversãodessasidéiasfoiapresentadaemsessãodaReu-niãoAnualdaSociedadeBrasileiradePsicologia,em2004.Aautora agradeceadiversosinterlocutorescomquemdiscutiuasidéiasaqui apresentadas,aolongodosanos:aoProf.AntonioGomesPenna,por tudoquecomeleaprendeu,inclusivesobreomovimentocognitivista; a Eulina Lordelo, pela indicação do trabalho de Barkow, Tooby e Cosmides;aEmmaOttaeVeraSilviaRaadBussab,porcompartilha-remseuconhecimentosobreafilogêneseepsicologiaevolucionista; aAngela Donato Oliva pelas estimulantes discussões relâmpago, realizadasentreasmúltiplasatividadesacadêmicasdasduas,epelo incentivoparaapublicaçãodesseartigo;eaoCNPQ,peloapoiocom bolsadeprodutiidadeegrant.
2 Endereço:RuaFritzFeigl,465,RiodeJaneiro,RJ,Brasil22750-600. E-mail:mlseidl@alternex.com.br
DentroeForada
CaixaPreta
:AMentesobumOlharEvolucionista
1 MariaLuciaSeidldeMoura2UniversidadedoEstadodoRiodeJaneiro
RESUMO–Estetrabalhovisaapresentarumabrevehistóriadaconcepçãodamentenasúltimasdécadas,ediscutirmodelos evolucionistasdemente.Sãoenfocadosomovimentocognitivista,emqueamenteéprotagonista,eapsicologiaevolucionista, queresgataahistóriafilogenética.Diferentesmodelos,modulareseosqueincluemprocessoscentrais,sãoapresentados.É discutidaaimportânciadeseconsideraraontogêneseeduasperspectivasontogenéticassãoapresentadas.Conclui-secom umavisãootimistadadireçãodosesforçoscontemporâneosdecompreensãodamentehumana,propondoaintegraçãode aspectosdosmodelosapresentados.
Palavras-chave:mente;cognição;arquiteturadamente;psicologiaevolucionista.
InandOutthe
BlackBox
:TheMindonanEvolutionaryPerspective
ABSTRACT–Thisarticleaimstopresentabriefhistoryofconceptionsofmindinthelastdecadesandtodiscussevolutionary modelsofmind.Thecognitivistmovement,inwhichthemindistheprotagonist,andevolutionarypsychology,inwhichthe philogenetichistoryofmindiscontemplated,arefocused.Differentmodels,modularandincludingcentralprocesses,are presented.Theimportanceofconsideringontogenesisisdiscussed,andtwoontogeneticperspectivesofthemindarepresented. Theconclusionaboutthedirectionofthecontemporaryeffortsofcomprehensionofthehumanmindisoptimistic,withthe propositionofintegrationofaspectsofthemodelspresented.
Keywords:mind;cognition;architectureofmind;evolutionarypsychology.
trabalho insere-se nesse movimento.Visa apresentar uma brevehistóriadasprincipaistransformaçõesnaconcepçãoda mentenasúltimasdécadas,ediscutirmodelosevolucionistas damentehumana.
DeWundtaomovimentocognitivista:acogniçãoem cena
Asraízesparaasabordagenscontemporâneasdamente humanaquecontemplambiologiaeculturapodemseren-contradasemdiscussõesfilosóficasdesdeosgregoseatravés dos séculos, como por exemplo, Platãoversus Heródoto, Descartesversus GiambatistaVico, entre outros (Cole, 1998;SeidldeMoura,1999).Platãoinauguraoparadigma quebuscaconhecerosprocessosuniversaisdamentehu-mana.Heródoto,umhistoriadorgrego,preocupou-secom aquestãodaorigemdadisputaentregregosepersase,para respondê-la,realizouumdosprimeirosestudosdediferentes povos,cujosmodosdevidaprocurouinvestigareconhecer. Vico,emcontrastecomDescartes,propõequeumaciência unificadanãodeveadotaromodelodasciênciasfísicas,mas queaanálisehistóricadalinguagem,dosmitosederituais, porexemplo,éocaminhoparaacompreensãodanatureza humana.
EmmeadosdoséculoXIX
,essasraízespodemseriden-tificadas nos esforços de reconciliação entre as ciências naturais e humanas, como o de J. S. Mill em sua obraA SystemofLogic,de1843.Milljáapresentaapropostade umaciênciacomduasfacetas,adapsicologiaparaoestudo dasleiselementaresdamenteeaetologia(dogregoethos, caráter)paraoestudodocaráter,consideradocomoopro-dutoemergentedospensamentoselementaresintegradosa circunstânciaslocaiseindividuais.Essaciênciadenatureza
duplatambémenvolveriaumadiversidademetodológica.A experimentaçãoseriareservadaàpsicologiaeseuestudodos processoselementares.Oqueseriadoâmbitodaetologia,ele denominade“generalizaçõesaproximativas”doselementos aotodo(Cole,1998).
A proposta deW.Wundt para a psicologia tem reco-nhecidamentesidoconsideradacomoabordandoessesdois aspectospropostosporMill,emboratenhasidoavertente da psicologia dos processos elementares, ou “psicologia fisiológica”,queficoumaisconhecidaequeétransmitida commaisfreqüêncianahistóriaoficialdapsicologia.Aela Wundt fez acompanhar sua versão deVölkerpsychologie, queincluíaainvestigaçãosistemáticadasorigensdamente humana,atravésdoestudodoquedenominoude“funções superiores”,incluindo,entreoutrosprocessos,osdaevocação deliberada(memóriavoluntária),pensamentoelinguagem.
ComoMill,Wundtpropõemetodologiasdiversaspara esta ciência de duas vertentes. Para a primeira, o uso de experimentos no laboratório e da introspecção controlada comsujeitosaltamentetreinadosnosprocedimentos;paraa segunda,estudoshistóricos,lingüísticoseetnográficos.As duasvertentesdeveriamserintegradaseindissociáveis,não sereduzindoumaàoutra.Alémdisso,oqueémuitopouco discutidonapsicologiacontemporânea,avölkerpsychologie deveriaterumcarátergenético(nosentidodegênese),jáque paraseestudarosprocessosmentaissuperioresfaz-seneces-sáriooempregodeumametodologiaevolutivaehistórica. Wundt,noentanto,nãotratoudaontogênese,concentrando-senaetnologia,que,paraele,consistenoestudodaorigem dospovos,acreditandoquetrariaevidênciasobreestágiosde desenvolvimentomentalapresentadospelahumanidade.
AocontráriodoquepropunhaWundt,paraquemessas duasperspectivasdeveriamserarticuladas,estaarticulaçãonão ocorreunahistóriadapsicologiaeatéhojeestatensãoentre elaséobservadasobdiversasformas.Alémdisso,dificulda-desnainvestigaçãodopensamentoeabuscadeconsolidação da psicologia como ciência, entre outros fatores, levaram aodesencantocomapossibilidadedeestudocientíficodos processosmentais“superiores”(SeidldeMoura&Correa, 1998).Sementrarnosdetalhesdessapartedahistória,quenão épossívelapresentaraqui,essesprocessosmentais(acognição humana)passamasercolocadosemumacaixapretaquenão éaberta,tantoporreflexologistascomoporbehavioristasnas primeirasdécadasdoséculoXX,porseconsiderarquenãohá
métodosobjetivosecientíficosparaestudarseuconteúdo.O objetodapsicologianãoémaisamente,masreflexos,ouo comportamentohumano.Obehaviorismoemsuasdiversas versõesdominaocenáriodapsicologiaamericanaouanglo-saxônicaemgeral(Bruner,1983).
Bruner(1983)comentaquenasdécadasde1930e1940 oinvestigadorempsicologiatinhaduasopções:oestudoda percepçãoouodaaprendizagem.Paraele,osdoiscaminhos eramdiversos:umtinhaaver“comoqueomundoparecia sereooutrocomoqueaspessoasfaziamcomoresultadode estaremexpostasaomundo”(Bruner,1983,p.67).Essaera aépocaemqueofisicalismoeaobjetividadeeramideaisde ciência,eessescaminhosrepresentavamopçõesepistemoló-gicasdiversas.Abraçaroestudodapercepçãoenvolviauma perspectivamentalista,fenomenológicae,essencialmente, deinfluênciaeuropéia.Oestudodaaprendizagem,tentando
eliminartodasubjetividade,eradominadopelobehaviorismo econsistiaemumaperspectivafundamentalmenteamericana eobjetiva.Predominavamosestudosdeaprendizagemouos estudospsicofísicosdepercepção.Oprocessopsicológico privilegiadoera,nessaépoca,realmenteodeaprendizagem comoaquisiçãoderespostas.
Mudançasdiversasnocenáriocientíficoapartirdofinal da década de 1940 e, principalmente nos anos de 1950 e 1960,comoodesenvolvimentodateoriadainformação,a lingüística de Chomsky e a ciência da computação, entre outros,levamaumaretomadadoestudodamentehumana, particularmente da cognição (Seidl de Moura & Correa, 1998). Esse conjunto de iniciativas de abertura dacaixa pretatemsidodenominadodemovimento(ourevolução) cognitivista.Écaracterizadoporalgumastendências,entre elasada“retomadadoconceitodeconsciênciaenquanto instância biológica e social, responsável pela doação de sentido aos estímulos que nos atingem”(Penna, 1986, p.9).Outrascaracterísticassão:a)aconcepçãodosujeitodo conhecimentocomoativoedosprocessoscognitivoscomo construtivos, b) a concepção do comportamento humano comointencionaleprospectivo(Penna1984;1986)ec)a importânciaquepassaaseratribuídaàsnoçõesderegras (Chomsky,1957),planos(Miller,Gallanter&Pribam,1960) eestratégias(Bruner,Goodnow&Austin,1956).
Uma das contribuições importantes é a de Chomsky, contundenteemsuacríticaàtentativadeSkinnerdetratar linguagemepensamentocomooperantesverbais(Chomsky, 1959).Comseustrabalhos,argumentaafavordeumabase inata para a linguagem (Chomsky, 1957), mostrando seu caráterrecursivoegerativo.Suaabordagemcaracteriza-se pelofoconasintaxe(regrasquegovernamascombinações eordemdepalavraspermissíveisnumalinguagem);ênfase noaspectocriativodalinguagem(idéiadequeonúmerode sentenças possíveis numa linguagem é infinito); visão da linguagemcomocaracterísticaespecíficadaespéciehumana; concepçãodanaturezainatadabaseparadesenvolvimento da linguagem e do papel apenas disparador do ambiente; distinção entre competência e desempenho; definição de linguagemcomoumsistemaabstratoderegras.
AidéiadeumagramáticagerativapostuladaporChomsky exerceuinfluência,principalmente,nosestudosdosproces-soscognitivosemqueopensamentoéfocalizadoemsua capacidadedeprocessamentolingüístico.Suaconcepçãoda linguagem,comoumórgãoespecíficodamente,étomadae ampliadanavisãode“modularidade”deFodor(1983).
Odesenvolvimentodecomputadoresrepresentououtra vertente que teve forte influência nos estudos cognitivos, servindocomoumanovametáforaparaexplicarocompor-tamentohumanoeosprocessospsíquicos.Nessesentido, destaca-seaobrapóstumadeVonNeumann(1958),emque aidéiadeprogramas,deoperaçãodememóriadamáquina, edapossibilidadedeconstruçãodemáquinasinteligentes sãodiscutidas.
Diversos trabalhos foram importantes para compor o cenárioemqueacogniçãovaiassumindopapeldeprotago-nista,comoolivrodeMiller,GallanterePribam,quetrata de“planoseestruturadocomportamento”(Miller&cols., 1960). Essa obra é representativa das transformações do pensamentopsicológiconaépoca.Planossãovistoscomo umprocessohierárquicoquepodecontrolaraordememque umaseqüênciadeoperaçõeséexecutada.Outrotrabalhoclás-sicoéodeMillersobrealimitaçãofísicadacapacidadeda memóriahumanaacurto-prazoesuaorganizaçãoétambém defundamentalimportância(Miller,1956).
Iniciativas importantes tiveram lugar na Universidade deHarvard,nosEstadosUnidos.UmadelaséadoProjeto Cognição,emqueBrunerecolaboradoresdesenvolvem,a partirde1952,trabalhosobreoprocessodecategorização (Bruner, Goodnow &Austin, 1956).Alguns anos mais tarde,ocorreuafundação,porMillereBruner,doCentro deEstudosCognitivos,quesetornoupólodediscussõese estudossobrecognição.
Nãosãosemdivergências,entretanto,asconcepçõesde diversosautoresquesãoconsideradosatoresnomovimento cognitivistaequecompartilhamalgumasdessasidéiasgerais. Essasdivergênciaspodemserobservadasespecialmentenoque concerneànaturezadopontodepartidadoprocessodeconhe-cer,edoslimitesdaconstruçãopelosujeito.Pode-seobservar, nessesentido,diferençasbásicasnasabordagensinatistade ChomskyeFodor,eaconstrutivistadePiaget,edeautores comoBruneremposiçõesintermediárias(paraumaexcelente discussãosobreotema,videPiatelli-Palmarini,1980).
Dequalquermodo,ocenáriopsicológicomodifica-sea partirdofinaldadécadade1950,e,dentrodessemovimento cognitivista,detalmaneirasefazoreconhecimentodaim-portânciadacognição,quesurgeumanovaciência:aciência (ou ciências, como preferem alguns) da cognição, com a convergênciadediversasáreas,comoapsicologiacognitiva, ciênciasdacomputaçãoelingüística.Oprojetodeciênciasda cogniçãonãoéumprojetounitário,nemdopontodevistadas disciplinasqueocompõemnemdoreferencialteóricoque adotam.Decomum,pode-seapontarabuscadeelaboração deumateoriasobreacogniçãoou,maisespecificamente, umateoriasobreossistemasinteligentes(Gardner,1985). Dessabuscaresultammodelosdearquiteturacognitiva,ouda mente,especificandoseuscomponentesfundamentaiscomo sendoumsistemadeprocessamentodeinformação.
Omodelomaisbásicoeclássicodestaarquiteturainclui umaunidadedememóriacapazdeestocartantooprograma como os dados, componentes responsáveis pela entrada e saída de informações, e um processador com capacidade para manipular e transformar símbolos num modelo de processamentoserial,comarealizaçãodeumaoperaçãopor vez.Estrategicamente,nessemodelo,sãodeixadosdelado aspectosculturais,decontextoeemocionais:
háadecisãodeliberadadediminuiraênfasedecertosfatores que podem ser importantes para o funcionamento cogni-tivo,mascujainclusãonessemomentocomplicariadeforma ‘desnecessária’4oempreendimentocientífico-cognitivo.Esses fatores incluem a influência de fatores afetivos ou emoções, acontribuiçãodefatoreshistóricoseculturaiseopapeldo contextoemqueaçõesepensamentosparticularesocorrem.
(Gardner,1985,p.6)
Aprincipalfontedecríticaaestemodelodearquitetura éseucaráterserial.Paraoscríticos,umsistemainteligente émaisbemrepresentadoporummodeloderedes,quedê contademúltiplasentradasdeinformaçãoemdiversospontos dosistema,ouseja,emvezdeserial,deveserdeentradae processamentoparalelosdeinformação(Karmiloff-Smith, 1995). Outros ainda, como Bruner (1990), vêem nesse modelo uma versão apenas superficialmente diferente da concepção behaviorista. Independentemente dessas diver- gências,acogniçãohumanaétratadapelosmodeloscompu-tacionaissemconsideraçõessobreseusaspectosfuncionais e,nessesentido,tendosuahistóriaevolucionáriaignorada, ounegligenciada.
ModularidadeeFluidezCognitiva: aFilogêneseeaOntogênese
Omodelomodulardemente
Apesardoreconhecimentodaimportânciadateoriada evoluçãodasespécies,atérecentementeseusprincípiose idéiasnãoafetaramdeformasignificativaapsicologia.Só apartirdosanosde1990(Rodrigues&Otta,2002),prin-cipalmente, observa-se uma renovação do interesse pelas basesbiológicasdocomportamentohumano.Umadascon-seqüênciasdessatendênciafoiosurgimentodapsicologia evolucionista,quesebaseianospressupostosdateoriada evolução das espécies de C. Darwin e desenvolvimentos posteriores(neodarwinismo).
Osautoresquevêmsendoconsideradosospioneirosdessa abordagem(Barkow,Cosmides&Tooby,1992)pressupõem aexistênciadeumanaturezahumanauniversal,constituída demecanismospsicológicos,produtosdaevolução.Esses mecanismossãoadaptaçõesresultantesdeumprocessode seleçãonaturalaolongodotempoevolucionário,ouseja,o mododevidadenossosancestraiscaçadores-coletoresda erapleistocena(Baron-Cohen,1995).
Apsicologiaevolucionistaintegrouabiologiadaevolu-çãocomapsicologiacognitivacontemporânea.Noprimeiro casobaseia-senodarwinismoenoneodarwinismo,comojá apontado,enosegundo,umainfluênciaimportanteéade Fodor(1983),jámencionada,esuaconcepçãomodularda mentehumana.Ametáforaécomputacional,eaarquitetura dementehipotetizada(comoumprocessadordeinforma-ções)éconsideradaresultantedaseleçãonatural.
NaperspectivadeBarkowecols.(1992),apsicologia evolucionista toma esse modelo modular, considerando a históriadeespécie.Oprocessadorcentral(inaccessívelpara
Fodor)édeixadodelado.Éadotadaumaperspectivadealta especialização, de “modularização” maciça, representada pelaimagemdeumcanivetesuíço(Evans&Zarate,1999): umalâminaparacadaaplicação.
Écuriosocomosãoabandonadosjustamenteosaspectos maisinstigantesdamente,que,comoponderavaopróprio Fodor,sãoseuholismo,“suapaixãopeloanalógico”eseu não-encapsulamento.Nãoévistolugarparaumprocessador geral,jáquesepensaquenãoháproblemasgeraisaserem resolvidos.Osproblemasdenossosancestraiseramespecí-ficos,porexemplo,detectarpredadores,discriminarfalsos alarmes, selecionar o alimento adequado, formar alianças sociais,selecionarparceirosetc.
Osmódulospropostossão,assim,“ricosemconteúdo”. Nãofornecemapenasumasintaxeoualgoritmospararesol-verproblemas,masainformaçãoespecíficaqueénecessária paracadaproblema(Mithen,1998/2002).ComoChomsky (1959)eFodor(1983),anteriormente,Barkowecols.(1992) usamoargumentobásicodapobrezadoestímuloparade-fendertaltipodemódulos.Segundoeles,nãoseriapossível aaprendizagemdetantoscomportamentoscomplexospor ummembrodaespécieaolongodocursodavidaapartir apenasdeumprocessadorgeral.
Osautoresevolucionistaspropõemumgrandenúmero demódulos,entreeles:parareconhecimentodefaces,para usodeferramentas,pararelaçõesespaciais,paraomedo, para cuidados de crianças, para inferências sociais, para aquisiçãodagramática,paracomunicaçãoepragmáticae parateoriadamente.
Essa“modularização”maciça,semprocessamentocentral éumdospossíveisproblemasdaconcepçãodearquitetura damentedapsicologiaevolucionista.RodeeWang(2000) consideramque,alémdavariedadededefiniçõespossíveis dotermomódulos,seummodeloestritamentededomínios específicosforpressuposto,ficaaquestãodecomoosproble-masatuais,comosquaisnossosancestraisnãosedeparavam, sãoresolvidos.
Umoutroproblemaéodequenãohálugarnomodelo demódulossemprocessamentocentral,paraaflexibilidade quecaracterizaofuncionamentodenossaespécie,oupara afluidezcognitiva.Seofuncionamentodamentehumanaé altamenteespecializadoeprodutodemódulosselecionados por seu papel na solução de problemas característicos do ambienteevolucionáriooriginal,comoexplicaracapacidade metaprocessualdoHomosapienssapiens ?Porquenasce-moscomumcérebroaindapordesenvolver-se?Umavisão evolucionista,amparadaemevidênciasderegistrosfósseis, podeajudarasuperaressedilema.
Processadorcentralefluidezcognitiva:duaspropostas
Apesar das divergências, não parece haver atualmente quem rejeite seriamente a idéia de alguma especificidade deprocessamentoemdomínios,comoosdalinguagem,ou decertospadrões,entreelesosqueseassemelhamafaces, por exemplo. Nesse consenso geral há lugar para muita diversidade,desdeautoresquedefendema“modularidade” semprocessamentocentral(Barkow&cols.,1992),aoutros quedefendemasubstituiçãodahipótesedemódulospela de domínios, mais flexível (Karmiloff-Smith, 1995). Em
contraste,noentanto,háautoresquedefendemapresença efunçãoadaptativadeumprocessadorcentralnamentedo Homosapienssapiens.Doisdelesserãodiscutidosaqui.
OprimeiroéMerlinDonald(1993).Paraesseautor,a mentehumanaatualco-evoluiueminteraçãocomacultura eocérebro,passandoportrêsprincipaistransformações,que envolvemtrêssistemasderepresentaçãomentalnamemória. Nesseprocesso,oquefoisistematicamenteaprimoradofoi aacessibilidadederepresentaçõesnamemóriaainiciativas voluntárias,resultandoemumamente“quasi-modular”.Re-sumindomuitoahistória,oautorpropõequeossímiostêm uma“culturaepisódica”.Nelaestãopresentescapacidades depercepçãodeeventos,deatribuiçãosocial,insightede “enganar”(deceipt).Hásensibilidadeparaacompreensão dosignificadodeeventosambientaisearmazenamentoem uma memória episódica. Essa capacidade de memória é, entretanto,limitadaemtermosderecuperação,porqueesses animais dependem das pistas do ambiente para a recupe-raçãoderepresentações,jáqueaprendemsinais,masnão osinventam.Duasáreasdecontrolemotorseriamtambém limitadas,emcomparaçãocomoshumanos:adeconstrução demodelosdeaçãoconscienteeaderecuperaçãovoluntária, independentedessesmodelos.
AprimeiratransiçãoimportanteparaDonald(1993)foi adodesenvolvimentodeuma“culturamimética”.Nela,o controlemotoraperfeiçoa-se,jáqueháacapacidadedemo-delarativamenteemodificarseuprópriomovimentoeade recuperaçãovoluntáriadememóriasmotorasarmazenadas, independentementedepistasambientais.Otipodeaçãoen-volvidoéumsistemaunificadosupramodaltantoemtermos doinputcomodooutput,eenvolveumacapacidadedeusar todoocorpocomodispositivodecomunicaçãoetradução depercepçãodeeventosemação.Comessesistemaoucul-tura,houve,segundoDonald(1993),mudançasnospadrões deexpressãosocialdoshominídeos.Assim,asexpressões emocionais tornaram-se ampliadas, mais complexas, não estereotipadasepassíveisdeseremempregadasnacomunica-çãointencional.Outrasconseqüênciasoudesenvolvimentos paralelosforamadenovaspossibilidadesdetrocassociais (jogoscomplexos,competição,pedagogiaatravésdeimitação dirigida,diferenciaçãodepapéissociais,primeiroscostumes sociais).ParaMerlin,todoesseprocessodemimeseéuma pré-adaptaçãoparaalinguagem.
OmodelodeDonald(1993)suscitoubastantedebateeé discutidoporváriosautoresnovolumedoperiódicoemque foiapresentado.Suavisãoédaevoluçãodeumprocessador central,edecapacidadesespecializadasderepresentaçãoque setornaramgradativamentedisponíveisnafilogênese.Uma dascríticasimportantes,alémdadequeoautornãotratade formatotalmentecorretaevidênciaspaleontológicas(entre outrosaspectosporsuaformaçãoserempsicologia),édeque nãoapresentaexplicaçõesfuncionaisparaastransformações eetapaspropostas.
Asduascríticasnãoseaplicamaosegundomodeloaser discutidonesseitem.Mithen(1998/2002)éumarqueólogo queapresentaconsistenteargumentaçãonosentidodeuma menteàqualnãoseaplicaametáforadocanivetesuíço.Para Mithen,ocaminhodaevoluçãodamentedenossaespécie apresentatantoadireçãodeumaumentodafluidezcognitiva eodesenvolvimentodeformasgeneralizadasdepensamento, comodeespecializaçãoou“modularização”.Aocontráriodo quepensamBarkowecols.(1992),ponderaoautorque:“o passocrucialnaevoluçãodamentemodernafoiamudança deummodelodetipocanivetesuíçoparaoutrocomfluidez cognitiva; ou seja, da mentalidade especializada para a generalizada”(Mithen,1998/2002,p.321).
Foijustamenteessacapacidadedeprocessamentocen-tralquepossibilitouaosmembrosdaespéciedesenvolver instrumentoscomplexos,criararteeacreditaremideologias religiosas.Todas essas propriedades dependem da fluidez cognitiva.Assim,oaumentodafluidezcognitivaedaca-pacidadedeprocessamentocentralpossibilitaarealização dessesnovostiposdeatividadecaracteristicamentehumanos. Arealizaçãodessasatividadeseosprodutosdeladecorrentes ensejamadisponibilidadedenovoscontextosdedesenvol-vimentoparaosmembrosdaespécie.
Qual,então,omodelo,dearquiteturadamentequefoi sendoselecionado?AmetáforadeMithenparaamentedo Homosapienssapienséadacatedral,comsuanavecentral quedáacessoamúltiplascapelaslaterais.Essaarquitetura éprodutodemilhõesdeanosdeevolução,quepodemser sintetizadosemtrêsgrandesfases(Mithen,1998/2002).
Nafase1apropostaédementesregidasporumdomínio de inteligência geral, que envolve um conjunto de regras sobre aprendizagem e tomada de decisão. São as mentes dosmembrosdaespéciedoancestralcomumaoshumanos, símios,macacoselêmures,queviveuemperíodoanteriora 55milhõesdeanosatrás.
Afase 2 é caracterizada por mentes nas quais a inte-ligência geral foi suplementada por várias inteligências especializadas,quefuncionamindependentementeetratam dedomíniosespecíficos.Oprimeirodeleséodainteligência social,queapareceemperíodoposteriora55milhõesde anosatrás,esecomplexificaentre35e6milhõesdeanos. Gradativamenteainteligênciageraltambémaumenta,eos novosdomínios,quesurgemaprincípiorelacionadoscom a atividade de forrageamento,permitem a construção de “grandesbancosdedadossobreadistribuiçãoderecursos” (Mithen, 1998/2002, p. 144). O segundo domínio é o de módulosdainteligênciatécnicaedainteligêncianaturalís-tica,namentedosprimeirosHomo,osHomohabilis,entre 4milhõesaummilhãoe800anosatrás.Entre1,8milhões a 100 mil anos atrás, aumentam a inteligência técnica, a
complexidade da inteligência naturalística, permitindo a construçãodemapasmentaisdoambienteedainteligência social.Acrescenta-seaessesdomíniosodalinguagem,mas alimitaçãoéafaltadecomunicaçãoentreeles,apesardo aumentodainteligênciageral.
Finalmente,nafase3,estãoconstruídasmentesnasquais asmúltiplasinteligênciasespecializadas(social,naturalística, técnicaealinguagem)parecemtrabalharjuntas,sobaco-ordenaçãodeumainteligênciageral,havendocomunicação entreosdiversosdomínios.EssaéamentedoHomosapiens sapiens,especialmentenatransiçãodoperíodoPaleolítico MédioparaoSuperior.Temos,então,apropostadeummo-deloque,comoodeDonald(1993),admiteaespecialização, masnãoabremãodeumprocessogeraldealgumanatureza, queapresentagrandeflexibilidadeefluidez.
Eaontogênese?Pensaraarquiteturadamentecontem-porâneapressupõenãosóformularhipótesesquenãosejam falseadaspelasevidênciasdosestudossobreafilogênese, como,ainda,quelevememcontaalgumasdascaracterísticas daespécie,comoaimportânciadaontogênese.
Barkow e cols. (1992) não parecem atribuir um lugar particularmenteinteressanteparaaontogênese.Consideram que as adaptações psicológicas podem estar programadas para aparecer, desaparecer ou se modificar em momentos diferentes do desenvolvimento, para se imbricar com as demandasespecíficasdastarefasdecadaetapa.Focalizam, principalmente, no entanto, o comportamento e funciona-mentomentaladulto,nãodiscutindonenhumprocessode construçãooudedesenvolvimentoontogenético.
Noentanto,épossívelterumaconcepçãoevolucionista damenteatribuindoumpapelàontogênese.Nessesentido, Keller (2000) propõe que, “desenvolvimento ontogenético éconstituídoatravésdeumprocessoativodeconstrução, baseado em módulos selecionados evolucionariamente e emoldurado pela teoria de desenvolvimento da cultura” (p.965).
Duascontribuiçõesnosentidodepensaraontogênesede umamentequeéprodutodafilogênesepodemserdestacadas: adeKarmiloff-SmitheadeGeary,BjorklundePellegrini (Geary&Bjorklund,2000).Karmiloff-Smith(1995,2000) apresenta um modelo de processo de “modularização” e gradualaumentodedisponibilidadederepresentações.Para ela,apesardeconterpredisposiçõesespecíficas,amentenão éoriginalmentemodular,masassimsetornacomodesenvol-vimento.Admiteumaquantidadelimitadadepredisposições inatamenteespecificadas,quesãodomínio-específicas.Essas predisposiçõesimpõemlimitesquantoaostiposdeinputque amenteprocessa.Abasedesuaargumentaçãoéoconheci-mentoquetemossobreaplasticidadedodesenvolvimento inicialdocérebro.
A especialidade de domínios, ao invés de restringir, potencializaodesenvolvimento,permitindo,porexemplo, queobebêhumanoaceiteinicialmentecomoinputapenas dadosquepossasercapazdecomputardeformaespecífica,e limitandoagamadehipótesesaseremconsideradas.Apartir dedelimitaçõesepossibilidades,dadosporpredisposições inatastantoespecíficascomonão-específicas,odesenvolvi-mentosedáporumprocessogeral,queaautoradenomina redescrição representacional, mas não são pressupostas mudançassimultâneasnosdiversosdomínios.
Asexperiênciassãorepresentadaseoconhecimentoar-mazenadonamentetoma,segundoaautora,duasdireções. Umaéencaminhadanosentidodesseconhecimentorepresen-tadotornar-secadavezmaisencapsulado,maisautomático emenosacessível,oquesedáporumprocessogradualde “procedimentalização”;outra,aocontrário,desetornarcada vezmaisacessívelaoutrosdomínios.Observam-se,assim, osdoismovimentospropostosporMithen(1998/2002)em relação à filogênese: gradual “modularização” e aumento dafluidezcognitiva.Asinformaçõesinataseadquiridassão transformadasdeformaiterativapela“redescriçãomental” dasrepresentações,ouseja,suareapresentaçãointernaem diferentesformatos.Alémdisso,combasenas“redescrições representacionais”,ainformaçãoimplícitaétransformada emconhecimentoexplícito,esãoobservadasaconstrução conscienteeexploraçãodeanalogias,experimentosmentais ereais.
Karmiloff-Smith(2000)discuteoqueseriaamentedo bebê“conexionistareal”,porqueadota,commodificações, aversãoconexionistadasciênciasdacognição,aliando-a aumaposiçãoconstrutivista.Paraela,essamenteincluiria muitastendênciasoupredisposiçõesparaoprocessamentode informações,entreelas,redesadequadasparatiposdiferentes deinput(ex.faces),mascomespecificaçõesdeixadasem aberto.Océrebrodobebêteria,assim,limitesouespecifica-çõesdearquitetura,massemconteúdorepresentacional.As representaçõesemergiriamdasinteraçõesentreesseslimites dearquiteturaeaestruturadetiposdiferentesdeinput(ex. emrelaçãoafaces,aaprendizagemdascaracterísticasde diferentestiposdefaces).Asredesaprendem(modificam-se) aoassimilaroinput queéprocessadoeaoincorporarasmu-dançasrepresentacionaisdecorrentesdaestruturadoinput,e essaaprendizagemdá-selentamente.Arepresentaçãoemerge dasatividadesdarede.ParaKarmiloff-Smith(2000),com essemodelo,pode-serepensaraquestãodoinatismo.
Asegundavertentedecontribuiçõesvemdeautoresque desenvolveramumramoespecíficodapsicologiaevolucio-nista,cujainfluênciavemcrescendonaúltimadécada,eque têmproduzidoumconjuntodepublicaçõesrecentes:oda psicologiadodesenvolvimentoevolucionista.Estadisciplina focalizaoestudodamanifestaçãonocursodaontogênese, sobaformadecomportamentosoumecanismospsicológicos, dosprogramasqueevoluírameminteraçãocomosambientes socialefísico.
Essesmecanismossãobastantesensíveisàsvariaçõesdo ambiente.Aidéiaéqueosorganismos(humanos,nessecaso) afetamoambienteescolhendoepreenchendoseusnichoseo ambienteafetaosorganismoslevandoamudançasemcom-portamentosparaatenderacaracterísticasespecíficasdesses
nichos. O desenvolvimento das características fenotípicas humanaseasvariaçõesindividuaisnocomportamentosão, assim,produtodeumainteraçãodemecanismosgenéticos e ecológicos, envolvendo as experiências únicas de cada indivíduodesdeantesdonascimento.Osautores(Geary& Bjorklund,2000)tambémapresentamumaperspectivatanto dedomíniosespecíficoscomodeprocessamentocentral.
ConsideraçõesFinais
Asdiscussõesepossibilidadesdeformulaçãodehipóteses explícitasapartirdosmodelosdementeaquiapresentados sãoinúmerasefascinantes,tantoemtermosdaontogênese, como, indiretamente, da filogênese.As inteligências de Mithenpodemservistascomoenglobandoalgunsmódulos oudomíniosespecíficos.Épossívelqueainteligênciaso-cial,porexemplo,envolvaascapacidadesiniciaisdosbebês humanos para discriminar e responder diferencialmente a estímulosrelacionadosaco-específicos(ex.faces,vozes), ealigar-seaseuscuidadores.Comooambientesocialdos primatase,particularmentedoshumanos,écomplexo,para sobrevivereterboaaptidãoreprodutiva,énecessárionãosó serprotegidopeloscuidadores,masaprendernesseambiente social.Paraisso,odesenvolvimentodaatençãoconjuntaé fundamental.Essaéumaáreadeinvestigaçõesmuitofértil atualmenteeemqueháaindacontrovérsias.Paraalguns, como Baron-Cohen (1995), alguns dispositivos inatos e característicosdaespécieexistemesãoprodutosdaseleção natural:omecanismodedetecçãodadireçãodoolhar(EDD –Eyedirectiondetector),odispositivodeatençãoconjunta (SAM–sharedattentionmechanism),omecanismodeteoria damente(TOMM–theoryofmindmechanism ).Paraou-tros,háumacapacidadedeintersubjetividadeprimáriainata (Trevarthen,1979).Outrosainda,comoTomasello(1999), mesmo não negando programas abertos iniciais, atribuem papel fundamental à aprendizagem cultural. De qualquer maneira,éimportanteformularetestarhipótesesespecíficas nessaárea(eemquaisqueroutras),pensandoemummodelo dementequeéprodutodaevoluçãodaespéciehumana.
Referências
Barkow, J. H., Cosmides, L. & Tooby, J. (Orgs.). (1992).The adaptedmind.Oxford:OxfordUniversityPress.
Baron-Cohen, S. (1995). The Eye Detection Detector (EED) andtheSharedAttentionMechanism(SAM):Twocasesfor evolutionary psychology. Em P. Rochat (Org.),Early social cognition:Understandingothersinthefirstmonthsoflife(pp. 41-60).Mahwah,NJ:LawrenceEarlbaum.
Bruner,J.(1983).Insearchofmind:Essaysinautobiography.New York:Harper&Row.
Bruner,J.(1990).Actsofmeaning.Cambridge,Mass.&London: HarvardUniversityPress.
Bruner,J.,Goodnow,J.&Austin,G.(1956).Astudyofthinking. NewYork:JohnWiley.
Chomsky,N.(1957).Syntacticstructures.TheHague:Mouton. Chomsky,N.(1959).ReviewofB.J.Skinner’sVerbalBehavior.
Language,31(1),26-58.
Cole,M.(1998).Culturalpsychology:Aonceandfuturediscipline. Cambridge:TheBelknapPressofHarvardUniversityPress. Donald,M.(1993).Précisoforiginsofthemodernmind:Three
stagesintheevolutionofcultureandcognition.Behavioraland BrainSciences,16(4),737-791.
Evans,D.&Zarate,O.(1999).Introducingevolutionarypsychology. Cambridge,Mass.:IconBooks.
Fodor, J. (1983).The modularity of mind. Cambridge, Mass.: MIT/BradfordPress.
Gardner,H.(1985).The mind’s new science:The history of the cognitiverevolution.NewYork:BasicBooks.
Geary,D.C.&Bjorklund,D.F.(2000).Evolutionarydevelopmental psychology.ChildDevelopment,71(1),57-65.
Karmiloff-Smith,A.(1995).Beyondmodularity:Adevelopmental perspective on cognitive science. Cambridge, Mass: MIT Press.
Karmiloff-Smith,A.(2000).Theconnectionistinfant:WouldPiaget turninhisgrave?EmA.Slater&D.Muir(Orgs.),TheBlackwell reader in developmental psychology(pp. 43-52). Oxford & Massachusetts:Blackwell.
Keller, H. (2000). Human parent-child relationships from an evolutionaryperspective.AmericanBehaviorScientist,43(6), 957-969.
Miller,G.A.(1956).Themagicalnumberseven,plusorminustwo.
PsychologicalReview,63(1),81-97.
Miller,G.A.,Gallanter,E.&Pribam,K.(1960).Plansandthe structureofbehavior.NewYork:Holt,Rinehart&Winston.
Mithen,S.(2002).Apré-históriadamente:Umabuscadasorigens daarte,dareligiãoedaciência.(L.C.B.deOliveira,Trad.) São Paulo: Editora da Unesp. (Trabalho original publicado em1998)
Penna,A.G.(1984).Introduçãoàpsicologiacognitiva.SãoPaulo: EPU.
Penna,A.G.(1986).Cognitivismo,consciênciaecomportamento político.SãoPaulo:Vértice.
Piatelli-Palmarini,M.(Org.)(1980).Languageandlearning:The debatebetweenJ.PiagetandN.Chomsky.Cambridge,Mass.: CambridgeUniversityPress.
Rodrigues,M.M.P.&Otta,E.(2002).Desenvolvimentosócio-afetivo de bebês:Alguns fundamentos evolutivos. EmA. S. Molina,A. M. Carvalho, E. Otta, E. Suyama, L. M. Simão, M.M.P.Rodrigues,M.T.C.C.Souza,M.G.M.Machado,P. deS.Oliveira&V.S.R.Bussab(Orgs.),Cultura,cogniçãoe afetividade:Asociedadeemmovimento(pp.69-84).SãoPaulo: CasadoPsicólogo.
Rode,C.&Wang,X.T.(2000).Risk-sensitivedecisionmaking examined within an evolutionary framework.American BehaviorScientist,43(6),926-939.
SeidldeMoura,M.L.(1999).Interaçõesiniciaiseseupapelno desenvolvimento: Uma contribuição ao estudo da atividade mediada.TesedeTitular,UniversidadedoEstadodoRiode Janeiro,RiodeJaneiro.
Seidl de Moura, M. L. & Correa, J. (1998).Estudo psicológico dopensamento:DeW.Wundtàciênciadacognição.Riode Janeiro:EdUERJ.
Tomasello, M. (1999). Social cognition before the revolution. EmP.Rochat(Org.),Earlysocialcognition:Understanding othersinthefirstmonthsoflife(pp.301-314).Mahwah,NJ: LawrenceEarlbaum.
Trevarthen,C.(1979).Communicationandcooperationinearly infancy:Adescriptionofprimaryintersubjectivity.EmM.M. Bullowa(Org.),Beforespeech:Thebeginningofinterpersonal communication(pp. 321-347). Cambridge: Cambridge UniversityPress.
VonNeumann,J.(1958).Thecomputerandthebrain.NewHaven, Connecticut:YaleUniversityPress.
Recebidoem21.12.2004 Primeiradecisãoeditorialem31.05.2005 Versãofinalem16.06.2005