• Nenhum resultado encontrado

Hipovitaminose A em recém-nascidos em duas maternidades públicas no Rio de Janeiro, Brasil.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Hipovitaminose A em recém-nascidos em duas maternidades públicas no Rio de Janeiro, Brasil."

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Hipovit aminose A em recém-nascidos

em duas mat ernidades públicas

no Rio de Janeiro, Brasil

Hyp o vitamino sis A in ne o nate s fro m

p ub lic ho sp itals in Rio d e Jane iro , Brazil

1 Dep artam en to d e Nu trição e Diet ét ica , In st it u t o d e N u t riçã o Josu é d e Ca st ro, Cen t ro d e Ciên cia s d a Sa ú d e, Un iv ersid a d e Fed era l d o Rio d e Ja n eiro, b loco J, 2oa n d a r, Ilh a d o Fu n d ã o, Rio d e Ja n eiro, RJ 21944- 970, Bra sil. a ra m a lh o@rion et .com .b r 2 Laboratório d e Avaliação N u t ricion a l e Fu n cion a l, Dep a rt a m en t o d e N u t riçã o Socia l, Fa cu ld a d e d e N u t riçã o, Un iv ersid a d e Fed era l Flu m in en se. Ru a Sã o Pa u lo 30, 4oa n d a r, Cen t ro, N it erói, RJ 24015- 110 Bra sil.

3 Cen tro d e Estu d os d a Saú d e d o Tra b a lh a d or e Ecologia Hu m a n a , Escola N a cion a l d e Sa ú d e Pú b lica , Fu n d a çã o Osw a ld o Cru z .

Ru a Leop old o Bu lh ões 1480, M a n gu in h os, Rio d e Ja n eiro, RJ, 21041- 210, Bra sil. a n jos@en sp .fiocru z .b r 4 Dep artam en to d e Nu trição, Un iv ersid a d e Fed era l d e Pern a m b u co.

Cid a d e Un iv ersit á ria , Recife, PE, 50670- 901, Bra sil.

Reja n e An d réa Ra m a lh o 1 Lu iz An t on io d os An jos 2,3 Hern a n d o Flores 4

Abst ract Vit a m in A st a t u s (u m b ilica l cord ret in ol lev els) of 253 n ew b orn s in t w o p u b lic h osp i-t a ls of Rio d e Ja n eiro sh ow ed a h igh p rev a len ce (55.7%) of d eficien cy (rei-t in ol lev els b elow 1.05 µ m ol/l). T h is ra t e of v it a m in A d eficien cy ( VAD) w a s in d ep en d en t of ot h er n u t rit ion a l a n d a n -t h rop om e-t ric p a ra m e-t ers, su ch a s low b ir-t h w eigh -t or sm a ll for ges-t a -t ion a l a ge. Th ese d a -t a su g-gest t h a t n ew b orn s ca n b e a s v u ln era b le t o VAD a s ot h er p op u la t ion grou p s con sid ered a t h igh risk . Th ey a lso su ggest t h a t sp ecia l a t t en t ion sh ou ld be p a id t o t h is grou p , a ct u a lly t h e m ost v u l-n era b le t o t h e h a rm fu l effect s of VAD. Hyp ov it a m il-n osis A sh ou ld b e a m ol-n g t h e first d ia gl-n ost ic h yp ot h eses w h en an in fan t p resen t s w it h an abn orm alit y.

Key words Vit am in A; Vit am in A Deficien cy; N ew born , In fan t ; N u t rit ion al St at u s

Resumo O est a d o n u t ricion a l d e v it a m in a A foi a v a lia d o, a t ra v és d os n ív eis d e ret in ol n o sa n -gu e d o cord ã o u m b ilica l, em 253 recém - n a scid os a ssist id os em d u a s m a t ern id a d es p ú b lica s d o M u n icíp io d o Rio d e Jan eiro. In d ep en d en t em en t e d a id ad e gest acion al e d o p eso ao n ascer, a p re-v a lên cia d e re-v a lores b a ix os d e ret in ol (< 1,05 µ m ol/l) foi elere-v a d a (55,7%). Em cria n ça s com b a ix o p eso, essa p revalên cia ch egou a 68,7%. Con firm an d o u m a série d e observ ações d e ou t ros au t ores, n ã o se observou qu a lqu er a ssocia çã o en t re est a d o n u t ricion a l, a va lia d o a n t rop om et rica m en t e, e n íveis d e ret in ol. Os resu lt ad os m ost ra m qu e, n a am ost ra in v est igad a, a p revalên cia d e h ip ov it a-m in ose A n os recéa-m - n a scid os é coa-m p a rá v el à s cifra s q u e se en con t ra a-m n a s regiões a-m a is p ob res d o m u n d o, e su gerem a n ecessid a d e d e se p rest a r esp ecia l a t en çã o a esse gru p o p op u la cion a l p or ser, en t re os gru p os d e risco, o m a is v u ln erá v el a os efeit os d elet érios d a ca rên cia m a rgin a l d e v i -t am in a A, em raz ão d o ráp id o crescim en -t o n os p rim eiros m eses d e v id a.

(2)

Introdução

A vita m in a A é u m n u trien te essen cia l p a ra m u itos p rocessos m etab ólicos, com o a d iferen -ciação celu lar, a visão, a in tegrid ad e d o sistem a im u n o ló gico e a m a n u ten çã o e ren ova çã o d e ep itélio s, sen d o d e esp ecia l im p o r tâ n cia d u -ran te o crescim en to e d esen volvim en to (gesta-ção, p eríod o n eon atal e in fân cia) (Un d erwood , 1994; WHO, 1996).

Em gestan tes, tem sid o ob servad a u m a ten -d ên cia -d e -d im in u ição -d os n íveis -d e retin ol sé-rico, esp ecialm en te n o ú ltim o trim estre d a ges-tação (Ron d o et al., 1995). Por ou tro lad o, as re-ser va s d e vita m in a A d o feto sã o b a ixa s, p o r ca u sa d a seletiva b a rreira p la cen tá ria p a ra a p assagem d essa vitam in a p ara o feto, p rovavel-m en te p ara evitar efeitos teratogên icos (Geb reMed h in & Va h lq u ist, 1984; Olso n , 1987), ca u -san d o, assim , b aixa reserva h ep ática d e vitam i-n a A i-n o recém -i-n a scid o, ii-n d ep ei-n d ei-n tem ei-n te d a in gestão m atern a (Gard n er & Ross, 1993).

Ap ós o n ascim en to, os estoq u es fetais ten -d em a au m en tar rap i-d am en te -d ep en -d en -d o -d a a lim en ta çã o receb id a p elo recém -n a scid o ( Wa llin gfo rd & Un d er wo o d , 1986). A co n cen -tra çã o d e vita m in a A n o leite m a ter n o é su ficien te p a ra su p rir a s n ecessid a d es d iá ria s su p o n d o co n d içõ es id ea is d e a leita m en to. Co n -tu d o, caso o leite seja p roven ien te d e n u trizes co m d ieta p o b re em vita m in a A, d esn u trid a s, o u , ca so a cria n ça seja d esm a m a d a p reco ce m en te, a s reser va s co n tin u a rã o b a ixa s e a u m en tarão as p robabilidades de desen volvim en -to d e xeroftalm ia (Olson , 1987; WHO, 1996).

De form a fisiológica e n atu ral, estão criad as as con d ições p ara q u e a crian ça, ap ós o n asci-m en to, p erten ça a u asci-m gru p o d e a lto risco d e ca rên cia d e vita m in a A. O p resen te estu d o re-vela qu e essa h ip ótese está correta, m ed ian te a a va lia çã o d o esta d o d e vita m in a A d e recém -n ascid os em m ater-n id ad es p ú b licas -n o Rio d e Jan eiro, e serve p ara alertar os p rofission ais d e sa ú d e p a ra a im p o rtâ n cia d o co n tro le e p re -ven çã o d esse a gra vo n u tricio n a l n esse gru p o p op u lacion al.

M et odologia

A p o p u la çã o estu d a d a fo i co n stitu íd a d e 253 recém -n a scid os, p roced en tes p rin cip a lm en te d a s zo n a s No rte e Oeste d o Mu n icíp io d o Rio d e Jan eiro, áreas con sid erad as d e b aixa con d i-ção sócio-econ ôm ica.

A co leta d e d a d o s o co rreu n o p erío d o d e d ezem b ro d e 1995 a m a io d e 1996, m ed ia n te d ois p lan tões sem an ais d e seis h oras d e d u

ra-ção, o q u e corresp on d eu a oiten ta e 173 casos, a p roxim a d a m en te 13,9% e 10,6% d o n ú m ero to ta l d e p a rto s o co rrid o s, n o p erío d o d e estu -d o, n o Hosp ital Geral -d e Bon su cesso e Hosp ital Matern id ad e Carm ela Du tra, resp ectivam en te. Ap ós a coleta, as am ostras d e san gu e foram su b m etid a s à cen trifu ga çã o (3.000 rp m ) p a ra sep aração e extração d o soro, sen d o im ed iata-m en te con gelad as a u iata-m a teiata-m p eratu ra d e -20oC n o s b a n co s d e sa n gu e d o s referid o s lo ca is d e co leta . Um a vez p o r sem a n a , a s a m o stra s fo -ra m t-ra n sp orta d a s p a -ra o La b o-ra tório d e Bio-qu ím ica d o In stitu to d e Nu trição Josu é d e Cas-tro, d a Un iversid ad e Fed eral d o Rio d e Jan eiro, p a ra d eterm in a çã o esp ectro fo to m étrica d o s n íveis d e retin ol segu n d o o m étod o Bessey-Lo-wrey m od ificad o (Araú jo & Flores, 1978).

Os n íve is d e re t in o l sé rico fo ra m a gr u p a -d o s p or classes in tervalares -d e 0,35 µ m ol/ l (10 µ g/ d l) p ara p erm itir su a classificação d e acor-d o co m a s reco m en acor-d a çõ es acor-d a Orga n iza çã o Mu n d ia l d a Sa ú d e ( WH O, 1996). Isso p erm ite d etectar os gru p os com valores d u vid osos (0,70 µ m o l/ l a 1,05 µ m o l/ l o u 20 µ g/ d l a 30 µ g/ d l), com carên cia m argin al m od erad a (0,35 µ m ol/ l a 0,70 µ m ol/ l ou 10 µ g/ d l a 20 µ g/ d l) e com ca-rên cia severa (< 0,35 µ m ol/ l ou <10 µ g/ d l). No p re se n te e stu d o, o p o n to d e co rte d e < 1,05 µ m o l/ l (< 30 µ g/ d l) fo i u tiliza d o p a ra in d ica r h ip ovitam in ose.

Pa ra ca ra cteriza r a a m ostra , rea liza ra m -se en trevistas com as p u erp eras, ob ten d ose, in -form ações sob re ren d a fam iliar, escolarid ad e e con d ições d e san eam en to d as m orad ias. A ren -d a fa m ilia r fo i exp ressa em sa lá rio s m ín im o s (SM) d a ép o ca e ca tego riza d a em q u a tro gru -p os: m en os d e u m salário m ín im o (< 1 SM); d e u m a d ois salários m ín im os (1 a 2 SM); d e três a cin co sa lá rio s m ín im o s (3 a 5 SM) e m a is d e cin co salários m ín im os (> 5 SM).

A escolarid ad e d as p u erp eras foi classifica-d a com o: an alfab eta; p rim eiro grau in com p leto ; p rim eiro gra u co m p leleto ; segu n d o gra u in -co m p leto ; segu n d o gra u -co m p leto e terceiro gra u co m p leto. As co n d içõ es d e sa n ea m en to fo ra m d escrita s segu n d o a s in fo rm a çõ es d e ab astecim en to d e águ a (águ a ligad a à red e p ú -b lica com can alização; red e p ú -b lica sem can a-liza çã o ; p o ço co m e sem ca n a a-liza çã o e o u tra s form as d e ab astecim en to) e esgoto (ligad o à re-d e geral; fossa e a céu ab erto).

(3)

n ascer, tam b ém foram coletad os e com p arad os com os d a p op u lação d e referên cia am erican a, co m o su gerid o p ela Orga n iza çã o Mu n d ia l d e Saú d e (OMS, 1983). O cálcu lo d os valores Z d os ín d ices d e m assa corp oral p ara id ad e (MC/ I) e com p rim en to p ara id ad e (C/ I) foi realizad o p or softw ared esen volvid o p elo Cen ters for Disease Con t rol a n d Prev en t ion(CDC). Pa ra a m b o s, o p o n te d e co rte p a ra d esn u triçã o fo i Z ≤-2. O sob rep eso foi d iagn osticad o n as crian ças com MC/ I ≥+2.

Récem -n ascid os com p eso in ferior a 2.500g foram classificad os com o n ascid os com b aixo p eso, e a q u eles com p eríod o gesta cion a l in fe-rior a 37 sem an as, com o p rem atu ros. O critério d e n ascim en to a term o referiu -se a recém -n as-cid os com p eríod o gestacion al en tre 37 e 41 se-m an as, e con sid erou -se cose-m o p articip ação ese-m p ro gra m a d e a ssistên cia p ré-n a ta l a p u erp era q u e realizou , n o m ín im o, u m a con su lta a cad a trim estre.

A n ã o -o b ten çã o d e to d a s a s in fo r m a çõ es an trop om étricas foi m otivad a p or in tercorrên -cias n o m om en to d o p arto, q u an d o algu n s rcém -n ascid os n ecessitaram d e cu id ad os esp e-cia is, o q u e im p o ssib ilito u a to m a d a d e to d a s as m ed id as p or ocasião d a coleta d e d ad os.

Result ados

Dos 253 recém -n ascid os estu d ad os, 58% eram d o sexo m ascu lin o, n a su a m aior p arte p erten -cen tes a fa m ília s d e b a ixa ren d a (55,8% co m ren d a fam iliar até d ois SM), e 69,4% ap resen ta-va m a té o p rim eiro gra u co m p leto. A m a io r p arte d as resid ên cias tin h a águ a (56,1%), esgo-to (84,4%) ligad o à red e p ú b lica e coleta d e lixo regu lar (80,0%). A m aioria d as crian ças (74,8%) n asceu d e p arto n orm al, com acom p an h am en -to p ré-n atal (91,0%), ap resen tan d o freq ü ên cia m é d ia d e cin co co n su lt a s. A p re va lê n cia d e b a ixo p e so a o n a sce r (<2.500 g) fo i 12,6%, e o p ercen tu al d e p rem atu rid ad e foi d e 17,5% (Ta-b ela 1).

A m a io ria (55,7%) d o s recém -n a scid o s ap resen tou valores d e retin ol sérico in feriores a 1,05 µ m ol/ l, e 12,3% d os valores ficaram ab ai-xo d e 0,35 µ m o l/ l ( Ta b ela 2). A co n cen tra çã o m éd ia d e vitam in a A (± d esviop ad rão) n o san -gu e d e cord ão u m b ilical foi 0,94 ± 0,38 µ m ol/ l. A m éd ia p a ra o sexo m a scu lin o fo i 0,96 ± 0,38 µ m ol/ l, essen cialm en te igu al à d o sexo fem in i-n o (0,97 ± 0,39 µ m ol/ l).

A p revalên cia d e d esn u trição (Z ≤-2) con si-d eran si-d o-se o ín si-d ice m assa corp oral p ara isi-d asi-d e foi 7,2%, sen d o b em m ais freq ü en te em crian ças do sexo m asculin o (10,4%) do que em crian

-Tab e la 1

Carac te rístic as g e rais d e 253 re c é m-nasc id o s assistid o s na Mate rnid ad e Munic ip al

Carme la Dutra e no Ho sp ital G e ral d e Bo nsuc e sso , no Munic íp io d o Rio d e Jane iro ,

1995-1996.

Variáveis n %

Sexo

Masc ulino 147 58,0

Fe minino 106 42,0

To tal 253 100,0

Tipo de part o

No rmal 181 74,8

Ce sáre a 56 23,1

Pé lvic o 1 0,4

G e me lar no rmal 4 1,7

To tal 242 100,0

Pré-nat al

Sim 220 91,0

Não 22 9,0

To tal 242 100,0

Peso ao nascer

< 2,500 g 32 12,6

≥2,500 g 221 87,4

To tal 253 100,0

Idade gest acional

< 37 se manas 41 17,5

≥37 se manas 205 82,5

To tal 234 100,0

Renda familiar (salários mínimos)

> 1 22 8,8

1 a 2 118 47,0

3 a 5 67 26,7

> 5 44 17,5

To tal 251 100,0

Escolaridade da puérpera

Analfab e ta 15 6,0

1og rau inc o mp le to 61 24,5

1og rau c o mp le to 97 38,9

2og rau inc o mp le to 29 11,6

2og rau c o mp le to 40 16,1

3og rau c o mp le to 7 2,9

(4)

ça s d o sexo fem in in o (2,8%). O p ercen tu a l d e so b rep eso (Z MC/ I ≥ +2) en co n tra d o fo i d e 2,4% ( Ta b ela 3). Qu a n d o a d esn u triçã o foi cracterizad a segu n d o o ín d ice com p rim en to p a-ra id a d e, o p ercen tu a l en co n ta-ra d o fo i d e 3,6% (Tab ela 3).

Den tre o s recém -n a scid o s co n sid era d o s d esn u trid os d e acord o com o ín d ice m assa cor-p ora l cor-p a ra id a d e, 72,2% a cor-p resen ta ra m h icor-p ovi-ta m in o se A, en q u a n to d en tre o s eu tró fico s, a p revalên cia ob servad a foi d e 54,7%. Qu an d o a d esn u trição foi caracterizad a segu n d o com p ri-m en to p ara id ad e, 67,0% d os d esn u trid os ap re-sen ta ra m h ip ovita m in o se A co n tra 55,5% d o s eu tróficos (Tab ela 4).

Os recém -n ascid os com b aixo p eso ao n as-cer ap resen taram ten d ên cia a u m a m aior p re-va lên cia d e h ip ovita m in o se A (68,7%) d o q u e aqu eles com p eso ad equ ad o (54,0%) ( Tab ela 5). O p ercen tu al d e h ip ovitam in ose A em recém -n ascid os p rem atu ros e a term o foi d e 51,2% e 56,3%, resp ectiva m en te. A a sso cia çã o en tre o p eso ao n ascer, o p eríod o gestacion al e o esta-do n u tricion al de vitam in a A revelou m aior p re-valên cia d a h ip ovitam in ose A em recém -n asci-dos com baixo p eso a term o (77,0%), do qu e em recém -n ascidos de baixo p eso n ascidos p rem tu ram en te (62,2%) e de p eso ao n ascer adequ a-d o in a-d ep en a-d en te a-d e p rem atu ria-d aa-d e (Tab ela 6).

Discussão

A ep id em io lo gia d a d eficiên cia d e vita m in a A tem sid o gera lm en te b em estu d a d a em cria n -ça s d e id a d e p ré-esco la r, en treta n to a s in fo r-m ações sob re recér-m -n ascid os são r-m ais escas-sa s e a in d a n ã o se tem d efin id o u m p a d rã o n orm al d e con cen tração d e retin ol p lasm ático p ara esse gru p o etário. Vários estu d os su gerem a n ecessid a d e d e u m a a ten çã o esp ecia l a este

gru p o p op u lacion al (Basu et al., 1994; Hu m p h -rey et al., 1996; Neel & Alvarez, 1990; Ron d o et al., 1995; Stoltzfu s & Un d erwood , 1995; Un d er-wood , 1994).

O p resen te estu d o m o stra q u e o s recém -n ascid os i-n vestigad os em serviços p ú b licos -n o Rio d e Jan eiro tam b ém m erecem aten ção esp e-cial com referên cia à h ip ovitam in ose A, ap esar d a cren ça gen era liza d a d e q u e essa ca rên cia esp ecífica estaria lim itad a às regiões m ais p o-b res d o País. Mais d a m etad e d o gru p o estu d a-d o (55,7%) ap resen tou h ip ovitam in ose A a-d efi-n id a b ioqu im icam eefi-n te (WHO, 1996).

A b a ixa con cen tra çã o d e vita m in a A sérica a o n a scer d eve-se à b a rreira n a tu ra l (e n eces-sária) im p osta p ela p lacen ta (Basu et al., 1994). Essa id éia é ap oiad a p or trab alh os exp erim en -tais q u e d em on stram u m a b aixa reserva h ep á-tica d e vita m in a A em ra to s a o n a scim en to, a p esa r d e a d ieta in ger id a d u ra n te a gesta çã o garan tir n íveis ad equ ad os d e vitam in a A (Gard -n er & Ross, 1993), e p elas ob servações d e Wal-lin gford & Un derwood (1986), segu n do as qu ais recém -n ascidos de m ães bem -n utridas têm bai-xas con cen trações d e vitam in a A h ep ática.

Basu et al. (1994) assin alam tam b ém com o ca u sa p o ssível p a ra essa s reser va s b a ixa s o u in existen tes n o s recém -n a scid o s a p eq u en a p rod u ção d e RBP (Retin ol-bin d in g p rotein), em virtu d e d a im a tu rid a d e h ep á tica a o n a scer (60% d o s va lo res o b ser va d o s n a s resp ectiva s m ães), com u m a satu ração m olar d e vitam in a A/ RBP p róxim a a u m em am b os os gru p os. As-sim , os b aixos valores d e retin ol ob servad os em recém n a scid o s p o d em esta r m a is rela cio n a -d o s a u m reflexo p ró p rio -d a i-d a -d e -d o q u e a u m a d eficiên cia vitam ín ica verd ad eira (Basu et al., 1994; God el et al., 1996), h aven d o razões d e sob ra, p ortan to, p ara se acred itar q u e crian ças m en o res sã o p a rticu la rm en te vu ln erá veis a o d esen vo lvim en to d e h ip ovita m in o se A e d e -p en d em d o a leita m en to m a ter n o o u -p rove-n ierove-n te d e o u tra s fo rove-n tes d ietética s p a ra co rove-n s-tru ir su as reservas (Hu m p h rey et al., 1996).

Norm alm en te, a vitam in a A é tran sferid a d a m ã e p a ra o filh o sessen ta vezes m a is d u ra n te seis m eses d e la cta çã o, a o se co m p a ra r co m a acu m u lação feita p elo feto du ran te os n ove m e-ses d e gestação. Tod avia, a con cen tração d e vita m in a A n o leite m a ter n o p o d e ser extrem a m en te b aixa em lacten tes d e p aíses em d esen -volvim en to (Stoltzfu s & Un d erwood , 1995). As-sim , u m a p o rte sa tisfa tó rio d e vita m in a A n o p erío d o d e la cta çã o se reveste d e gra n d e im p o rtâ n cia a fim d e ga ra n tir su p rim en to a d e -q u a d o à cria n ça n os p rim eiros m eses d e vid a , já q u e é n a tu ra l esp era r q u e a reser va d o re-cém -n a scid o se co n stru a a p ó s o n a scim en to.

Tab e la 2

Estad o nutric io nal d e vitamina A (níve is d e re tino l no sang ue d e c o rd ão ) d e 253

re c é m-nasc id o s assistid o s na Mate rnid ad e Munic ip al Carme la Dutra e no Ho sp ital

G e ral d e Bo nsuc e sso , no Munic íp io d o Rio d e Jane iro , 1995-1996.

Est ado nut ricional de Vit amina A n % (Re tino l no sang ue d e c o rd ão )

< 0,35 µmo l/ l 31 12,3

0,35 £0,70 µmo l/ l 36 14,2

0,70 £1,05 µmo l/ l 74 29,2

≥1,05 µmo l/ l 112 44,3

(5)

Tab e la 3

Estad o nutric io nal antro p o mé tric o , se g und o e sc o re Z d e massa c o rp o ral p ara id ad e (MC/ I) e c o mp rime nto p ara id ad e

(C/ I), c o nsid e rand o -se o se xo d e 253 re c é m-nasc id o s assistid o s na Mate rnid ad e Munic ip al Carme la Dutra e no Ho sp ital

G e ral d e Bo nsuc e sso , no Munic íp io d o Rio d e Jane iro , 1995-1996.

Sexo Est ado nut ricional ant ropomét rico

MC/ I C/ I

De snutrid o Eutró fic o So b re p e so De snutrid o Eutró fic o (Z ≤-2) (-2 < Z < + 2) (Z ≥+ 2) (Z ≤-2) (Z > -2)

n % n % n % n % n %

Fe minino 3 2,8 99 93,4 4 3,8 4 3,8 101 96,2

Masc ulino 15 10,4 127 88,2 2 1,4 5 3,5 137 96,5

To tal 18 7,2 226 90,4 6 2,4 9 3,6 238 96,4

Tab e la 4

Re laç ão e ntre o e stad o nutric io nal antro p o mé tric o (Z massa c o rp o ral p ara id ad e e c o mp rime nto p ara id ad e ) e o e stad o

nutric io nal d e vitamina A (níve is d e re tino l no sang ue d e c o rd ão ) d e 253 re c é m-nasc id o s assistid o s na Mate rnid ad e

Munic ip al Carme la Dutra e no Ho sp ital G e ral d e Bo nsuc e sso , no Munic íp io d o Rio d e Jane iro , 1995-1996.

Est ado nut ricional ant ropomét rico Est ado nut ricional de vit amina A

Ad e q uad o (≥1,05 µmo l/ l) Hip o vitamino se A (< 1,05 µmo l/ l)

n % n %

M assa corporal para idade

De snutrid o (Z ≤-2) 5 27,8 13 72,2

Eutró fic o (-2 < Z < + 2) 102 45,3 123 54,7

So b re p e so (Z ≥+ 2) 3 50,0 3 50,0

To tal 110 44,2 139 55,8

Compriment o para idade

De snutrid o (Z ≤-2) 3 33,0 6 67,0

Eutró fic o (Z > -2) 106 44,5 132 55,5

To tal 109 44,1 138 55,9

Tab e la 5

Re laç ão e ntre o e stad o nutric io nal d e vitamina A (níve is d e re tino l no sang ue d e c o rd ão ) e p e so ao nasc e r d e 253

re c é m-nasc id o s assistid o s na Mate rnid ad e Munic ip al Carme la Dutra e no Ho sp ital G e ral d e Bo nsuc e sso , no Munic íp io

d o Rio d e Jane iro , 1995-1996.

Peso ao nascer Est ado nut ricional de vit amina A

Ad e q uad o (≥1,05 µmo l/ l) Hip o vitamino se A (< 1,05 µmo l/ l)

n % n %

Baixo p e so (< 2.500 g ) 10 31,3 22 68,7

Pe so ad e q uad o (≥2.500 g ) 102 46,0 119 54,0

(6)

Tab e la 6

Re laç ão e ntre o e stad o nutric io nal d e vitamina A (níve is d e re tino l no sang ue d e c o rd ão ), p e so ao nasc e r e p e río d o

g e stac io nal d e 253 re c é m-nasc id o s assistid o s na Mate rnid ad e Munic ip al Carme la Dutra e no Ho sp ital G e ral

d e Bo nsuc e sso , no Munic íp io d o Rio d e Jane iro , 1995-1996.

Peso ao nascer/ Semana gest acional* Est ado nut ricional de vit amina A

Ad e q uad o (≥1,05 µmo l/ l) Hip o vitamino se A (< 1,05 µmo l/ l)

n % n %

Pe so ad e q uad o / A te rmo 78 43,4 102 56,6

Pe so ad e q uad o / Pre maturo 12 48,0 13 52,0

Baixo p e so / A te rmo 3 23,0 10 77,0

Baixo p e so / Pre maturo 6 37,5 10 62,5

*Baixo p e so (p e so ao nasc e r < 2.500 g ) e p re maturo (< 37 se manas).

Isso to rn a esse gru p o p o p u la cio n a l, en tre o s gru p o s d e risco, o m a is vu ln erá vel a o s efeito s d eletérios d a carên cia m argin al d e vitam in a A, p rin cip a lm e n te p e lo rá p id o cre scim e n to q u e a s cria n ça s exp erim en ta m n o s p rim eiro s m e-ses d e vid a.

Con sid eran d o q u e n ão h á m otivos p ara esp era r reser va h eesp á tica d e vita m in a A em re -cém -n a scid o s, n ã o é d e estra n h a r q u e n ã o se ten h am ob servad o gran d es d iferen ças n a p re-va lên cia d e h ip ovita m in o se A n o sa n gu e d e co rd ã o en tre p rem a tu ro s e recém -n a scid o s a term o, tan to d e p eso ad equ ad o (48,0% e 43,4%, resp ectivam en te), qu an to d e b aixo p eso (37,5% e 23%, resp ectiva m en te). Vá rios a u tores reco-m en d a reco-m esp ecia l a ten çã o a recéreco-m -n a scid o s p rem a tu ro s, p ela ten d ên cia d e estes a p resen -ta rem u m a m en o r reserva d e retin o l h ep á tico a o n a scim en to (Bra n d t et a l., 1978; Sh en a i et al., 1981; Stoltzfu s & Un d erwood , 1995; Un d er-wo o d , 1996). No en ta n to, ta l reco m en d a çã o, a p esa r d e ló gica , n ã o ter ia tra d u çã o p rá tica , d esd e qu e os recém -n ascid os n orm ais já m ere-ceria m o m á xim o d e a ten çã o n a s co n d içõ es qu e d eterm in am a con stru ção d e su as reservas h ep áticas.

Os resu ltad os d o p resen te estu d o m ostram q u e a p revalên cia d e h ip ovitam in ose A n os recém n ascid os é com p arável às cifras qu e se en -co n tra m n a s regiõ es m a is p o b res d o m u n d o, sem q u e isso p areça ter relação com o p eríod o

gestacion al ou com o grau de distrofia da crian -ça. A h ip ovitam in ose A foi igu alm en te elevad a em d esn u trid o s e eu tró fico s, in d ep en d en te -m en te d o ín d ice u tilizad o p ara a classificação d o esta d o n u tricio n a l, a in d a q u e ten h a sid o ob servad a u m a ten d ên cia a p revalên cias m aio-res em d esn u trid o s ( Ta b ela 4). Nã o ca b e a q u i d iscu tir o sign ificad o d as d iferen ças en con tra-d as en tre eu tróficos e tra-d esn u tritra-d os, já qu e o p e-so d essa o b ser va çã o reca i e-so b re o fa to d e q u e cria n ça s eu tró fica s ta m b ém a p resen ta m u m a alta p revalên cia d e h ip ovitam in ose A.

O esta b elecim en to d e u m p a d rã o d e co n -cen tra çã o d e retin o l p la sm á tico (e h ep á tico ) em recém -n ascid os é d e extrem a im p ortân cia em term o s d e sa ú d e p reven tiva , em ra zã o d a grave rep ercu ssão d a h ip ovitam in ose A n as ta-xas d e m orb i-m ortalid ad e in fan til.

(7)

Referências

ARAÚJO, C. R. C. & FLORES, H., 1978. Im p roved sp ec-tro p h o to m etric vita m in A a ssa y. Clin ica l Ch em -istry, 24:386

BASU, T. K.; WEIN, E. E.; GANGOPADH YAY, K. C.; WOLEVER, T. M. S. & GODEL, J. C., 1994. Plasm a vitam in A (retin ol) an d retin ol-b in d in g p rotein in n ewb orn s an d th eir m oth ers. N u trition Research , 14:297-1.303.

BRANDT, R. B.; MUELLER, D. G.; SCHROEDER, J. R. & GUYER, K. E., 1978. Jou rn al of Ped iatrics, 92:101-104.

GARDNER, E. M. & ROSS, A. C., 1993. Dietary vitam in A restriction p rod u ces m argin al vitam in A statu s in yo u n g ra ts. Jou rn a l of N u t rit ion , 123:1.435-1.443.

GEBRE-MEDHIN, M. & VAHLQUIST, A., 1984. Vitam in A in th e h u m a n fo e tu s. Act a Ped ia t rica Sca n d i-n avica,73:333-340.

GODEL, J. C.; BASU, T. K.; PABST, H . F.; H ODGES, S. R.; HODGES, P. E. & MARGARET, L. N., 1996. Peri-n atal vitam iPeri-n A (retiPeri-n ol) statu s of Peri-n orth erPeri-n CaPeri-n a-d ia n m o th e rs a n a-d th e ir in fa n ts. Biology of t h e Neon ate,69:133-139.

HUMPHREY, J. H.; AGOESTINA, T.; WU, L.; USMAN, A.; NURACHIN, M.; SUBARDJA, D.; HIDAYAT, S.; TIELSCH, J.; WEST, K. P. & SOMMER, A., 1996. Im -p a ct o f n eo n a ta l vita m in A su -p -p lem en ta tio n o n in fa n t m o rb id ity a n d m o r ta lity. Jou rn a l of Ped i-atrics,128:489-496.

NEEL, N. R. & ALVAREZ, J., 1990. Ch ro n ic feta l m a l-n u tritiol-n al-n d vitam il-n A il-n cord seru m . Eu rop ean Jou rn al of Clin ical Nu trition ,44:207-212. OLSON, J. A., 1987. Re co m m e n d e d d ie ta ry in ta ke s

(RDI) of vitam in in h u m an s. Am erican Jou rn al of Clin ical Nu trition ,45:704-716.

OMS (Organ ización Mu n d ial d e la Salu d ), 1983. Med i-ción d el Cam bio d el Estad o N u tricion al. Gin eb ra: OMS.

RONDO, P. H . C.; ABBOTT, R.; RODRIGUES, L. C. & TOMKINS, A. M., 1995. Vitam in A, folate, an d iron con cen tration s in cord an d m atern al b lood of in -tra-u terin e growth retarded an d ap p rop riate birth weigh t babies. Eu rop ean Jou rn al of Clin ical Nu tri-tion ,49:391-399.

SH ENAI, J. P.; CH YTIL, F. & STAH LMAN, M. T., 1981. Plasm a vitam in A an d retin ol-b in d in g p rotein in p re m a tu re a n d te rm n e o n a te s. Jou rn a l of Ped i-atrics,99:302-305.

STOLTZFUS, R. J. & UNDERWOOD, B. A., 1995. Breast-m ilk vitam in A as an in d icator of th e vita-m in A statu s of wovita-m en an d in fan ts. Bu lletin of th e World Health Organ iz ation ,73:703-711.

UNDERWOOD, B. A., 1994. Matern al vitam in A statu s an d its im p ortan ce in in fan cy an d early ch ilh ood . Am erican Jou rn al of Clin ical Nu t rit ion ,59(Su p.): 517s-524s.

WALLINGFORD, J. C. & UNDERWOOD, B. A., 1986. Vitam in A d eficien cy in p regn an cy, lactation , an d th e n u rsin g ch ild . In :Vit a m in A: Deficien cy a n d it s Con t rol( J. C. Ba u ern fein d , ed .), p p. 101-152, New York: Acad em ic Press.

Referências

Documentos relacionados

Neste estudo, nos seis anos avaliados, ficou evidenciada a redução consecutiva do quantitativo de leitos hospitalares, em progressões diferentes, e contraditórias do que

No jogo angrense – Biscoitos, válido para a segunda jornada, efetuado no complexo desportivo Vitorino Nemésio, na Praia da Vitória, sobressaiu a maior frescura da equipa mais jovem,

recenseamento sozinho, sem aceitar ajuda, pois tinha interesse em falar diretamente com os       condenados, o autor declara que, na segunda metade de sua viagem ele não só

È importante que o gerenciamento do custo total veja a empresa como uma interface entre os fornecedores e os clientes, sendo que esta deve identificar, coletar, organizar e analisar

Discutir os benefícios alcançados até o momento (físico, econômico, social, etc); discutir as estratégias que os usuários vêm utilizando para lidar com a

(2003) em um estudo de observação do êxito do tratamento endodôntico por um período de quatro a seis anos, onde foram avaliados um total 450 dentes, consideraram que a

A projeção da INTERCOLOR resulta da concertação das proposições representativas de todos os países membros e é suportada por uma análise prospetiva dos contextos macro e

Capítulo 1- Spatial distribution of suitable habitats for whale sharks in the Equatorial and Southwestern Atlantic Ocean/Distribuição spacial de habitats adequados par