A ABSORÇÃO DO MANGANÊS PELA CANA DE AÇÚCAR, Co 419, EM FUNÇÃO DA IDADE * **
D. P E L L E G R I M O R . A . C A T A N I H . B E R G A M I N F I L H O
N . A . D A G L Ó R I A
E. S. A. "LUIZ DE QUEIROZ" 1. INTRODUÇÃO
Conhecendo-se as curvas de c r e s c i m e n t o e de absorção de nutrientes pelas plantas cultivadas, durante o seu c i c l o evolutivo, f i c a - s e sabendo das suas exigências de elementos nutridores nas diferentes épocas de desenvolvimento da planta.
P a r a a cana de a ç ú c a r , variedade Co 4 1 9 , crescendo em condições de campo na região de P i r a c i c a b a , e em t e r r a roxa m i s turada, j a foram obtidos dados r e f e r e n t e s ao nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnesio e enxofre ( CATANI, ARRUDA , PELLEGRINO e BERGAMIN FILHO, 1959 ) .
Também em r e l a ç ã o ao zinco, para a m e s m a cultura e nas m e s m a s condições, os dados obtidos estão sendo divulgados (CATANI, P E L L E G R I N O , BERGAMIN FILHO e GLÓRIA, 1 9 6 2 ) .
O manganês e um elemento e s s e n c i a l para o desenvolvimen to normal dos vegetais superiores, a p e s a r de s e r absorvido em quantidades relativamente b a i x a s . O t e o r do citado micronutriente nos vegetais e muito variável, tendo ERKAMA (1950), em 68 a mostras de plantas, encontrado uma variação de 4 a 1760 ppm de Mn no material s e c o .
EVANS (1955) concluiu que o manganês é razoavelmente movei na cana, pois, em canas enraizadas e colocadas em solu çao nutritiva arejada, desprovida daquele elemento, m o s t r a r a m sintomas de c a r ê n c i a so depois de alguns m e s e s . Quando a defi ciência apa receu, havia 24 ppm do elemento no tecido foliar s e c o .
* Recebido para publicação em 8/8/1962 .
P a r a as ilhas Mauritius, encontrou 40 ppm de manganês em canas saudáveis. A maior ocorrência do elemento estava entre 150 a 200 ppm no material seco, variando de 100 a 350 ppm. Alem de 350 ppm t o r n a - s e tóxico, conforme a variedade de cana e condi ç o e s de solo e c l i m a .
O presente trabalho tem por objetivo estudar a absorção do manganês pela cana de açúcar Co 419, nas condições de cli¬ ma e solo de P i r a c i c a b a , Estado de Sao Paulo, em diversos esta gios de desenvolvimento da planta.
2. MATERIAL E MÉTODO
O material constou de 4 touceiras de cana, variedade Co 419, colhidas mensalmente, de um experimento com 6 canteiros , sendo 3 sem adubo e 3 adubados com 40 kg de N (sulfato de amonio), 100 kg de ^ 2 ^ 5 (s uPe r- f °sfa t o simples) e 40 kg de KgO (cloreto de potássio) por hectare, na época do plantio. O ex perimento foi instalado na E s t a ç ã o Experimental de Cana '.' Dr. J o s e Vizioli", P i r a c i c a b a , Estado de Sao Paulo.
C o l h e r a m - s e a s partes a é r e a s de 4 touceiras década tra tamento e p e s a r a m - s e . S e p a r a r a m - s e a s folhas dos colmos e pe s a r a m - s e separadamente. Das partes r e t i r a r a m - s e amostras re presentativas que foram preparadas para a s a n a l i s e s . Os pesos e a s curvas de c r e s c i m e n t o obtidos j a foram descritos em trabalho anterior (CATANI et a l , 1959).
P a r a a determinação do manganês adotou-se o método co l o r i m e t r i c o baseado na oxidaçao do ion permanganico pelo persuí^ fato de amonio em presença de nitrato de prata como catalizador.
As leituras da t r a n s m i s s ã o da luz foram feitas no Es_pe£ trofotometro Beckman modelo B , no comprimento de onda de 525 milímicrons, em cubetas de 10 mm.
OBTENÇÃO DA CjRVA PADRÃO
de permanganato de potássio, e diluição conveniente.
T r a n s f e r i r a m - s e para balões volumetricos de 50 ml, 0 - 0 , 5 - 1 , 0 - 2 , 0 - 3 , 0 - 4 , 0 - 5 , 0 ml da solução padrão, que correspon dem a 0 - 5 0 - 1 0 0 - 2 0 0 - 3 0 0 - 4 0 0 - 5 0 0 m i c r o g r a m a s de manganês em 5 ml da solução final. Adicionou-se água destilada até o volume de 10 ml, 5 ml de ácido sulfúrico (1 + 5 , 2 ml de ácido nitrico* 2 ml de solução de nitrato de prata a 4%, homogeneizou-se e le vou-se ao banho-maria a 70-809C.Quando a solução atingiu a t e m per atura do banho-maria, adicionaram-se 5 ml de solução de per sulfato de amonio a 20% e deixou-se no banho-maria por m a i s 10 minutos. E s f r i o u - s e , completou-se o volume com água destila da, homogeneizou-se, encheu-se a cubeta e f e z - s e a leitura da t r a n s m i s s ã o . Construiu-se o grafico, relacionando m i c r o g r a m a s de manganês com a densidade ótica. Obteve-se uma reta ate a o s 400 m i c r o g r a m a s de manganês no volume final de 50 ml, que foi o limite usado.
DETERMINAÇÃO DO MANGANÊS NA CANA
o volume com agua destilada, homogeneizou-se, l e u - s e a transmis sao e c a l c u l a r a m - s e os m i c r o g r a m a s de manganês pelo grafico ob tido com os padrões.
3. R E S U L T A D O S OBTIDOS
No quadro 1 aparecem : na primeira coluna, o mes em que foi colhida a amostra; na segunda coluna, a idade da planta em m e s e s ; nas t e r c e i r a e quarta colunas a concentração de man
A A A A
Os dados do Quadro 2 r e f e r e m - s e ao total de manganês, em m i l i g r a m a s , absorvido pelo colmo, folha e cana inteira, deter minados na materia s e c a , dos dois tratamentos, conforme a ida de da planta.
4. RESUMO E CONCLUSÕES
Neste trabalho determinou-se a a b s o r ç ã o do manganês pe¬ la cana de a ç ú c a r variedade Co 4 1 9 , em a m o s t r a s colhidas men salmente, do 6? ao 15? m e s de idade da planta, de um experimen to com 6 c a n t e i r o s , sendo 3 sem adubo e 3 adubados, nas con dições de clima e saio de P i r a c i c a b a , Estado de Sao P a u l o .
1 - P e l a figura v e - s e que o teor de manganês no colmo é maior na planta nova, principalmente apos a s prime i r a s chuvas; depois diminui.
2 - A figura 2 mostra que nao houve UXD c r e s c i m e n t o cor respondente nas folhas; provavelmente porque o manganês s a o mi gra facilmente.
3 - A vairaçao do teor de manganês e muito maior no colmo do que na folha; indo naqueles de 40 a 350 ppm e nestas de 80 a 140 ppm.
4 - O nivel mais baixo de manganês no colmo coincide com o período de maior desenvolvimento da planta. Ha, neste pe riodo, uma "diluição'1 dos sais m i n e r a i s devido a grande m a s s a de agua, carbohidratos, e t c , produzidos nesse período.
5 - Nas folhas dos dois tratamentos a variação no teor de manganês e mais ou menos a m e s m a . Nos colmos houve uma va riaçao muito mais acentuada (devido ao maior desenvolvimento da cana) entre o 8? e o 109 mes, decrescendo nos últimos m e s e s .
6 - A absorção de manganês pelos colmos (figura 3 ) foi um pouco maior (figura 4 ) . Nas canas adubadas houve uma queda da absorção pelas folhas no fim do ciclo evolutivo da planta.
7 - A cana inteira, adubada, absorveu mais manganês , devido a maior produção (CATANI et a l . , 1959), ^principalmente no fim do periodo de desenvolvimento.
5. SUMMARY
In this paper the authors have studied the manganese absor¬ ption by the sugar cane plant, variety Co 4 1 9 , in samples cut monthly, from the 6th to 15th month of life in the climate prevail¬ ing at P i r a c i c a b a , State of Sao Paulo, B r a z i l .
F r o m October to F e b r u a r y (6 th to 10 th month of the plant life), which coincided with the rainy season, the manganese content was higher in the stalk than in the l e a v e s , for both treat¬ ments, fertilized and unfertilized. T h e r e was a sharp d e c r e a s e in manganese content in the stalks, after F e b r u a r y , in both reat¬ ments. In the leaves there was little variation in manganese con¬ tent throughout the plant t i s s u e . The stalks from the unfertilized plots had a l a r g e r variation in manganese content, specially from the 6 th to the 10 th month. In the leaves of the sugar cane from the unfertilized plots, the manganese content varied f r o m 116 to 220 ppm, whereas in the fertilized treatments thire was a varia¬ tion from 150 to 220 ppm.
F r o m these r e s u l t s , althoug not being a foliar analyses, and considering the e a s y availability of manganese in acid soils, there must be enough of it, i f we consider 40 ppm (EVANS, 1955) a s a minimum for healthy plants.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CATANI RA. et al. A absorção de Nitrogênio, F ó s f o r o , P o t á s s i o , Cálcio, Magnésio, Enxofre e Silício pela cana de a¬ ç ú c a r , Co 4 1 9 , e o seu c r e s c i m e n t o em função da ida¬ de. An. E . S . A . "Luiz de Queiroz" X V I : 167, 1959.
ERKAMA, J . - On the Effect of Copper, and Manganese on the Iron Status of Higher Plants. In T r a c e Elements in Plant Physiology. Chronica Botanica Company, 1950. pp. 53-62.