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Influência do cloro, sôbre a composição do caldo da cana de açúcar Co 290, aplicado no solo, na forma de cloreto de sódio.

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Influência do cloro, sôbre a composição

do caldo da cana de açúcar Co 290,

aplicado no solo, na forma de

cloreto de sódio

Professores

J. MELLO MORAES e J. R. A L M E I D A

Docentes Livres

T. COURY, F. PIMENTEL GOMES e O. VALSECHI

Assistentes

G. R A N Z A N I e E. J. KIEHL

ÍNDICE

1 — Introdução 116 2 — Material e Métodos 119

3 — Resultados obtidos 125

4 — Discussão 144 5 — Resumo, conclusões e sugestões 146

6 — Summary 147 7 — Agradecimentos . 148

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1 — INTRODUÇÃO

Ainda que o cloro (Cl) não seja considerado, de um modo geral, como um dos elementos essenciais à vida vegetal, exis-te, se bem que em proporções muito variáveis, em quase todos os solos e plantas (BORBOLLA y A L C A L A , 1947).

Embora sua ação não seja bem definida, alguns fisiologis-tas acham que êle tem uma ação antienzimática, dificultando a migração do amido solúvel das folhas, para os órgãos de reser-va (tubérculos, colmos, raízes tuberosas, frutos, etc.) RAVEN-NA (1935, pág. 267) diz, que, segundo inúmeras experiências, os cloretos favorecem a formação de celulose nas plantas e que porisso adubos contendo cloro, tais como KG1, NH4C1 e sais de Stassfurt, são aconselhados em plantas destinadas a produção de fibras têxteis.

Em matéria de adubação para cana, o Prof. J. MELLO MO-RAES (1938) preconiza como fertilizante potássico, o sulfato de potássio de preferência ao cloreto de potássio, no pressupôs-to de que a retenção do amido nas folhas, devido à ação anti-enzimática do Cl, influe na riqueza em sacarose no colmo de forma desfavorável.

BORBOLLA y A L C A L A (1947) faz referência a ação pre-judicial do Cl sobre as plantas, a despeito de terem sido, por vezes, exagerados os prejuizos que ocasiona. A atuação fisio-lógica do Cl resulta de uma menor atividade enzimática, devi-do ao aumento de acidez das células, provocadevi-do por esse ele-mento; é fato comprovado que uma grande acidez inibe a ati-vidade das enzimas (BARBIER, 1937). BOTTINI (1946, págs. 431-432) inclui o cloro no grupo dos elementos de importância duvidosa ("dubbia indispensabilitá") e a respeito desse ele-mento diz o seguinte : em pequenas quantidades o Cl estimu-la a formação de algumas enzimas, como a diastase; um ex-cesso de tal elemento é nocivo, porque altera o metabolismo

normal dos hidratos de carbono e ainda provoca, em virtude do

aumento de acidez que determina nos sucos vegetais, uma ab-sorção notável de elementos básicos e em especial o cálcio.

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ARRHENIUS (1928), ç m Jaya, trabalhando com as varie-dades de cana POJ 2878 e 2883, em soluções nutritivas, tendo como substrato areia pura, demonstrou que o limite máximo para Cl (adicionado à solução como NaCl) era de cêrc.a de 0,06% da solução; verificou ainda, que solos argilosos, de maior capacidade retentiya dágua, suportavam maiores concentrações salinas (NaCl e outros sais) do que os silicosos e recomendou ainda a irrigação como prática aconselhável para prevenir os efeitos prejudiciais de riqueza excessiva de sais no solo. REMY

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que a matéria seca contém mais glicose e menos sacarose (ao que parece, o Cl provocou inversão) que nos tratamentos sem cloretos. Culturas de beterraba açucareira em casa de vegeta-ção de vidro, tratadas com NaCl, excederam em produvegeta-ção as culturas de campo; ensaios em canteiros no campo com doses razoáveis de NaCl determinaram um aumento de 500 lbs por acre na produção de beterraba.

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Na parte tecnológica propriamente dita o emprego de NaCl é restrito à produção de cloro gasôso por eletrólise no próprio caldo; assim, de acordo com uma patente obtida em 1926, pelo Laboratório Imperial de Tokio, o caldo de cana é cla-rificado tratando-se com ácido hipocloroso a 55°C, ou o gás Cl é colocado no caldo e o Cl livre é posteriormente removido por distilação no vácuo ou neutralizado pela adição de um álcali ou ainda o Cl gasoso pode ser gerado no caldo pela adição de NaCl e sujeição da solução à eletrólise. As demais citações a respeito se referem ao emprego, de HCIO, NaClO, NaC102, NaC103 ou Cl gasoso como desinfetante e clarificador de gara-pa, assim : VINCENT e FENRICH (1942) descrevem a supe-rioridade do emprego do NaC102 sobre NaClO ou Cl livre, re-duzindo o emprego de Cl de 30 a 45%, filtrando e clarificando melhor, de custo mais reduzido e com menos cinza e mais sa-carose. H A L D A N E (1947) descreve os benefícios do uso do antisséptico E. C. (com 2% de Cl gasoso) que produziu apenas um decréscimo na pureza do caldo de 0,24 a 0,51%, enquanto que a garapa não tratada teve 3,1% de decréscimo. SUKUKI e T A N ABE (1935) concluiram que o cloro como agente clarifi-cador deve ser usado na proporção de 60-80 cc. de água clora-da 0,085 n / l e quanto mais baixa fôr a temperatura, menor o perigo de inversão da sacarose. OCHI (1926) recomenda o emprego de cloro gasoso como clarificador, porém, para evitar efeitos nocivos na evaporação do caldo, atacando a parte metá-lica dos evaporadores ou permitindo a inversão de sacarose, a-conselha o emprego de carvão ativado, logo a seguir, que evi-ta os inconvenientes referidos.

Por todos os motivos apontados e para verificar até que ponto vai a sua ação nociva na cana de açúcar, cultura eco-nômica, de importância capital para o nosso Estado e todo o País é que nos propuzemos a executar o presente plano de trabalho. Por outro lado, cultiva-se cana em solos do litoral, ricos de NaCl e nos solos salinos da região do Nordeste Brasi-leiro e seria, sem dúvida interessante verificar a influência que esse elemento pode exercer não só quanto à produção, como no teor em açúcares no caldo, beneficiando, prejudicando ou não influindo de forma alguma no rendimento em sacarose e em conseqüência na produção de açúcar das usinas.

2 — M A T E R I A L E MÉTODOS

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pe-Ia Estação Experimental de Cana de Piracicaba. O ensaio de campo foi executado no campo de experiências da Secção de "Química Agrícola", em terra branca arenosa, de qualidade inferior, cuja análise abaixo transcrevemos :

Análise Química

Dosagem dos elementos solúveis em HC1 a 10% P205 0,021 % K 2 0 0,048 % CaO 0,113 % MgO 0,081 % Na20 0,039 % Dosagem do N total 0,051 % Dosagem da matéria orgânica 1,084 %

Dosagem do Cl 0,0001% Dosagem do S 0 4 0,004 %

índice pH 5,3 —

Análise Física

Areia total 78,2% Argila 14,8% Lodo 7,0%

Esta análise representa a média de 25 determinações fei-tas em igual número de amostras, sendo cada amostra tirada antes do ensaio numa área de 100m2.

Métodos empregados nas análises físico-químicas: a) P205, K 2 0 , CaO, MgO e Na20 determinados por gravimetria, volu-metria ou colorivolu-metria no extrato clorídrico a 10% (COURY, 1937); b) N total, pelo método de Kjeldahl modificado (COU-RY, 1937); c) matéria orgânica, determinada pelo método de Knopp com K M n 0 4 (COURY, 1937); d) Cl, processo electro-titrimétrico de Best (PAIVA NETTO e QUEIROZ, 1946); e) S04, processo de Piper modificado por M A L A V O L T A (1951); f) índice pH, processo internacional ( P A I V A NETTO et aí. 1946) pelo potenciômetro de Cambridge; e g) análise físico-mecânica pelo método de George John Bouyoucos (MELLO MORAES e COURY, 1936).

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cana, sem adubação alguma, assim como, em toda a volta do experimento, para evitar influência de um tratamento sobre outro e para impedir uma maior insolação, ventilação e exposi-ção das linhas das beiradas dos canteiros; as linhas de separa-ção foram cortadas em primeiro lugar, para caracterizasepara-ção me-lhor das parcelas, na colheita das amostras para análise e pos-terior pesagem da produção em bruto.

Distribuição dos tratamentos no quadrado latino.

Os tratamentos foram os seguintes: N. 1 — N P K (sem Cl)

N. 2 — N P K 1 dose de Cl (KC1)

N. 3 — N P K 2 doses de Cl (KC1 + 1 NaCl) N. 4 — N P K 4 doses de Cl (KC1 - f 3 NaCl) N. 5 — N P K 8 doses de Cl (KC1 + 7 NaCl)

A adubação NPK empregada foi aconselhada pelo Eng. Agr. Homero C. Arruda, Chefe da Estação Experimental de Cana de Piracicaba, pertencente ao Instituto Agronômico do Estado de São Paulo; foi, sem dúvida, uma adubação boa e ra-cional, bem equilibrada nos. três elementos nobres N-P-K

(30-100-40 por hectare) ou s e j a :

30 kg N — 1/3 mineral — (Salitre do Chile) 10 kg de N — 2/3 orgânico — (Torta de Algodão) 20 kg de N 100 kg P 2 0 5 —Serrana Fosfato, P205 solúvel no ác. cítrico

40 kg K 2 0 —Sulfato e cloreto de potássio

Os adubos empregados tinham as seguintes percentagens : Salitre do Chile 16% de N (nítrico) Torta de Algodão 6% de N (orgânico) Serrana Fosfato 25% de P205 (sol. ác. cítr.) Sulfato de Potássio 48% de K 2 0

Cloreto de Potássio 60% de K 2 0

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Então, temos para cada 10m de sulco, as seguintes quantidades de fertilizantes:.

Salitre do Chile 101 gr Torta de, Algodão 543 gr Serrana Fosfato 651 gr

Sulfato de Potássio 54,3 gr — Trat. 1 (1 dose de Cl) — Cloreto de Potássio 43,4 gr — Trat. 2,3,4 e 5 (2 doses de Cl) — Cloreto de Sódio 34 gr — Trat. 3

(4 doses de Cl) — Cloreto de Sódio 102 gr — Trai 4 (8 doses de Cl) — Cloreto de Sódio 238 gr —Trat. 5

e, nestas condições, foram aplicadas em cada tratamento as se-guintes adubações fundamentais por parcela, 40m de sulco em 4 linhas de 10m de comprimento:

Tratamento n. 1

Salitre do Chile 404 gr ) Torta de Algodão 2172 gr ( N—P—K Serrana Fosfato 2604 gr í (sem Cl) Sulfato de Potássio 217,2 gr )

Tratamento n. 2

Salitre do Chile 404 gr \

Torta de Algodão 2172 gr N—P—K Serrana Fosfato 2604 gr ( (1 d os e d e C 1

) Cloreto de Potássio 173,6 gr — (1 dose) /

Tratamento n. 3

Salitre do Chile 404 gr \ Torta de Algodão 2172 gr / N—P—K Serrana Fosfato 2604 gr > (2 doses de Cl) Cloreto de Potássio 173,6 gr — (1 dose) 1

Cloreto de Sódio 136 gr — (1 dose) /

Tratamento n. 4

Salitre do Chile 404 gr \ Torta de Algodão 2172 gr J N—P—K Serrana Fosfato 2604 gr J (4 doses de Cl) Cloreto de Potássio 173,6 gr — (1 dose) í

Cloreto de Sódio 408 gr — (3 doses) /

Tratamento n. 5

Salitre do Chile ,404 gr \ Torta de Algodão 2172 gr j N—P—K Serrana Fosfato 2604 gr \ (8 doses de Cl) Cloreto de Potássio 173,6 gr — (1 dose) l

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Obs. — Foram feitas 4 adubações cloradas, para os 2 cortes, ou seja:

Ia

. — adubação fundamental ém 24 /1/1945 (descrita atrás) 2 \ — adubação em cobertura em 15/ 1/1946 (Cl na forma de

NaCl, nas 4 doses, para os tratamen-tos 2, 3, 4 e 5) 3'. — adubação em cobertura em 17/10/1946 idem, idem 4 \ — adubação em cobertura e m 18/ 3/1947 idem, idem

Vê-se por aí que houve Cl, ao dispor das plantas, durante todo o tempo.

As chuvas caídas foram :

A n o Altura em mm

1945 1.548,8 1946 986,3 1947 (até agosto, 1.011,2

época do segundo corte)

Foi também feita uma adubação em cobertura, em 15/1/946 de Salitre do Chile. Não se fez nenhuma outra adubação N-P-K, a não ser a fundamental (exceto N mineral, do Salitre já refe-rido).

O terreno escolhido possuia uma vegetação espontânea de capim favorito (mais ou menos uniforme), parecendo ser ho-mogêneo; foram colhidas nessa área 25 amostras, cujas análi-ses físico-químicas tiveram praticamente os mesmos resulta-dos (as médias foram dadas anteriormente). O solo foi prepa-rado convenientemente, nas operações de limpeza, aração, gra-deação, sulcamehto, etc. E m cada sulco de 10m foram coloca-dos 20 toletes, ou seja, 1 em cada l / 2 m linear. A brotação foi muito boa, auxiliada pelas chuvas da época. Foram feitos 2 cortes, o l o , em junho de 1946 (ano e meio) e o 2o. em agosto de 1947 (catorze meses); antes de cada colheita foi feita a de-terminação do índice refratométrico, cuja média obtida, nas di-versas parcelas, foi de 21 para 1946, e 22 para 1947. Foram colhi-das, para análises diárias, amostras de 20 canas por parcela

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Brix : Determinado com o hidrômetro de HORNE, segundo indicam BROWNE e Z E R B A N (1941) em "Sugar Analysis".

Pol : Determinado segundo o método SCHMITZ (GEERLIGS, 1917a) em balão de 100-110, precipitando o excesso dos sais de chumbo com mistura em partes iguais de fosfato bis-sódico e oxalato de potássio.

Redutores : Determinação volumétrica, segundo EYNON e L A N E (1934) usando o azul de metileno como indicador.

Coeficiente de Pol x 100 Pureza : Determinado segundo a fórmula :

dando-nos, portanto, um coefi- Brix ciente de pureza aparente (GEERLIGS, 1917b) Cinzas : Segundo os métodos adotados pelo A.O.A.C.

(1945). Elementos das

Cinzas : Catiônios, aniônios, e t c , segundo A. O. A. C. (1945).

A extração do caldo foi feita em moenda rígida, de labora-tório, com 3 cilindros, n. 44, marca Foster.

As dosagens de Cl (solos e cinzas) foram feitas pela Sec-ção de Agrógeologia do Instituto Agronômico do Estado de S. Paulo, de Campinas, pelo método de BEST. Foram feitas de-terminações do índice pH do caldo de cana pelo potenciômetro de Coleman, porém em virtude de um grande número de aná-lises ficar prejudicado, devido a defeitos do aparelho, deixa-mos de registrar os dados parciais, sem comentários a respeito. O número de análises feitas foi assim distribuída :

25 análises de terras do local do ensaio; 30 análises de cinzas para Mn304, Cl e S 0 4 ;

425 análises de cinzas para determinação total (catiônios e aniônios);

2.775 análises do caldo de cana para determinação de Brix, Red., Pol., Pureza e Cinzas.

3.255 análises (total).

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3 — RESULTADOS OBTIDOS

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ANÁLIS E ESTATÍSTICA DOS D A D O S

Brix

Na análise estatística dos dados de 1946, tratamos de isolar os efeitos das diversas causas de variação controladas. Os cál-culos, que seguiram a marcha corrente de análise de variância, nos conduziram aos resultados que constam do quadro seguinte:

Indicamos por três asteriscos a significação para o limite de probabilidades de l % o , significação esta verificada com o auxílio do "teta" teste e das tabelas de BRIEGER (1946).

A análise de variância nos mostra que a variação do terre-no é muito maior que a devida aos tratamentos. Esse fato, na nossa opinião, torna bastante suspeita qualquer conclusão re-lativa aos reais efeitos dos tratamentos, que estão, c o m o se sa-be, confundidos com a variação dentro das parcelas, que é mui-to grande, a julgar pela variação entre colunas.

As médias do Brix dos diversos tratamentos, indicados pe-los índices usados, foram : '

Verifica-se que a maior média corresponde ao tratamento 2. Embora, o cálculo indique que este seja significativamente superior aos demais tratamentos, as razões atrás apontadas nos fazem considerar suspeito esse resultado. Além disso as dife-renças são absolutamente sem importância do ponto de vista prático.

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Indicamos, como antes, por três asteriscos a significação pa-ra o limite de l % o , e com um asterisco a significação papa-ra 5%.

A s médias dos tratamentos foram :

São ínfimos, portanto, do ponto de vista industrial, as di-ferenças entre as médias dos tratamentos. D o ponto de vista es-tatístico também não são significativas as diferenças e, além disso, a média mais alta é, agora, a do tratamento 5 e a mais baixa foi a do tratamento 4, o que não confirma os resultados do ano anterior.

Para as demais características analisadas a marcha segui-da foi análoga e está resumisegui-da nas linhas que se seguem.

Redutores

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Não houve, pois, influência significativa para os tratamen-tos.

As médias observadas foram :

Não houve influência dos tratamentos. As médias observadas foram :

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O cálculo indica que o tratamento 2 é superior, com significação para 1%, aos tratamentos, 1, 3 e 5. Consideremos p o -rém, suspeita esta conclusão pelo motivo indicado no caso do Brix.

Não houve influência dos tratamentos. As médias observadas foram :

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O cálculo indica que a média do tratamento 5 é, com sig-nificação para 1%, superior à dos tratamentos 2 e 4. No entan-to, pelos motivos apontados no caso do Brix, consideramos sus-peita essa conclusão.

Não foram feitas determinações de cinzas em 1947.

Pureza

Indicamos com dois asteriscos a significação para 1%. A s médias observadas foram :

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Não houve influência dos tratamentos.

Análise da correlação entre Cl e S 0 3 nas cinzas

Esta análise foi feita pelo cálculo do coeficiente de corre-lação r, para o qual obtivemos o valor — 0,8945, com grau de liberdade igual a 23. Este resultado é significativo para l % o . Isto demonstra que há de fato uma relação inversa entre o Cl ê S03, isto é, cresce o teor em Cl, quando cai o teor em SQ3.

4 DISCUSSÃO

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de cana, cuja pureza seja afetada por elevada porção de Cl ab-sorvida nos solos dessa região, pode determinar uma queda no rendimento em açúcar e daí a necessidade premente de expe-rimentação nesse sentido, com a finalidade de escolher as va-riedades mais bem adaptadas às condições particulares da re-gião, no interior ou próxima ao litoral. Vê-se pela análise es-tatística dos dados, que, para redutores em 1946 e 1947, e para pol., cinzas e pureza em 1947 não houve, sem dúvida, influên-cia dos tratamentos. Para o Brix, pol. e pureza em 1946, o cál-culo indicou influência significativa para os tratamentos, mas em todos esses casos, á variação devida ao terreno foi tão gran-de, que qualquer conclusão a respeito, de existir real efeito dos tratamentos parece suspeita, uma vez que a variação do terreno dentro das parcelas é confundida com a variação dos tratamentos. Para as cinzas, analisadas somente em 1946, em-bora em menor grau, existe a mesma dúvida. Além disso, mesmo que se admita a significação estatística das diferenças entre tratamentos, essas diferenças são, do ponto de vista prá-tico, absolutamente sem importância.

Pela análise das cinzas do caldo de cana inteira (1°. cor-te), pode-se observar, que houve absorção de Cl, em razão di-reta das doses aplicadas, assim maiores doses absorveram mais esse aniônio. Quanto ao S03, a quantidade absorvida diminuía quando crescia o teor em Cl; houve relação direta entre Cl e seu companheiro, o catiônio Na, isto é, quanto mais Na con-tinha tanto mais Cl existia no caldo. A afirmação da BOTT1NI

(1946, págs. 431-432) segundo a qual uma absorção apreciável de Cl determina uma absorção notável de elementos básicos e em especial o cálcio, não foi confirmada neste trabalho pa-ra a cana Co 290, a não ser papa-ra o sódio; papa-ra o cálcio os dados foram muito variáveis, sem correlação alguma, e o tratamen-to com uma dose de Cl foi o que absorveu mais cálcio. Essa mesma disparidade e incoerência nos dados foi notada com relação a Mn, P, Mg, K e cinzas.

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houve apenas 2 casos em 30 determinações em que o Mn304 foi maior no meio em relação a ponta de cana.

Conforme expuzemos na análise estatística, não houve in-fluência do Cl, sendo que a Co 290 absorveu bem o NaCl a-plicado ao terreno, sem sentir efeitos tóxicos ou alteração su-bstanciaj em sua composição e pureza. Por outro lado, se houve ligeira significância, de um tratamento sobre outro, a varia-ção do terreno (experiência às cegas, com capim Favorito mos-trou ser o terreno mais ou menos uniforme) foi tal que deve-se suspeitar de qualquer superioridade; ainda para fins eco-nômicos, a diferença entre tratamentos é desprezível e não deve preocupar.

Foram feitas quatro aplicações de NaCl num espaço de 2 anos e 7 meses (2 cortes) com chuvas regulares e secas mais ou menos prolongadas em alguns meses, daí termos que ad-mitir uma ascensão de sais e, naturalmente, do NaCl aplicado; a despeito disto, não se verificaram efeitos residuais dignos de nota no 2o. corte, com o acúmulo das últimas aplicações de NaCl, associado ao já existente no solo. E' preciso reconhecer, todavia, que o solo arenoso é mais sujeito a lavagem que o ar-giloso ou humífero.

5 — RESUMO, CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Resumo : Os autores, considerando a importância

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Conclusões : Conclui-se que o Cl, na forma de NaCl e nas

doses empregadas não teve efeito tóxico ou estimulante 11a cana Co 290, em solo arenoso branco, na região de Piracicaba, alterando a produção, nem prejudicando a pureza do caldo ou o rendimento industrial em açúcar; a sua ação foi neutra, in-diferente. E' provável que em solos salinos, com porções maio-res de Cl tenha ação diferente, dependendo de fatomaio-res outros, como clima (chuvas ou irrigação), variedade, etc.

A variedade Co 290 tolera bem concentrações de Cl equi-valente a 109g por m linear de cana, isto é, 54,5g por tolete, ou ainda 656 quilos por hectare. Não foram constatadas alterações na coloração das folhas e no aspecto geral da cultura; não hou-ve superioridade do adubo K 2 S 0 4 sobre o KC1, podendo este, cujo preço unitário de K 2 0 é mais barato, ser aplicado sem receio como adubo potássico para cana Co 290, abolindo o ve-lho conceito que condena esse adubo clorado para cana de açúcar.

A variedade Co 290 deve ser, a priori, antes que novas ex-perimentações sejam feitas nesse sentido, aconselhada nos so-los do litoral e nos salinos do Nordeste.

Sugestões: Sendo o Cl, como se observou, um elemento

perigoso e que pode ter efeitos nocivos, em determinadas condi-ções de clima, solo e planta, ensaios devem ser feitos pelas Es-tações Experimentais, nos solos ricos em NaCl (litoral do País e solos salinos do Nordeste), com canas das variedades culti-vadas, uma vez que, numa mesma espécie vegetal, variedades diferentes podem absorver um máximo e um mínimo de Cl, com efeitos tóxicos no Io. caso e estimulantes ou indiferentes no 2o

. caso; releva notar ainda, que variedades distintas, num solo rico em sais, podem absorver quantidades diferentes, em virtude do poder seletivo de suas raizes para absorção de sais. Naturalmente, o que interessa nessa experimentação é veri-ficar a influência não só na produção em massa de cana, come o seu rendimento industrial em açúcar, escolhendo dest'arte variedades mais adaptadas àquelas condições, como é o caso da Co 290.

6 — S U M M A R Y

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sandy soil of Piracicaba, State of São Paulo, Brazil, applying NaCl in increasing rates (from 6.8 to 54.5 grams per plant), in order to study the effects of chlorides, on productivity and on the composition of juice. No toxic or stimulating effect was found, and there was no change in yield, in degree of purity of the juice, in general aspect of plants or in colour of leaves and culms. No difference was observed between potassium sulpha-te or chloride, as source of potash for sugar cane culture.

Data collected and the literature cited suggest: (a) that the use of the variety Co 290 is indicated for soils rich in chlo-rine, such as the saline soils of the North-east and Atlantic Coast of Brazil; (b) that it is necessary to extend studies in Research Institutes and Agricultural Experiment Stations of the country to verify the behaviour of other varieties of su-gar cane in the types of soils mentioned, especially with res-pect their yielding capacity. The authors are already plan-ning such investigations.

7 — AGRADECIMENTOS

Não podemos deixar de externar os nossos agradecimen-tos ao Prof. Dr. F. G. Brieger, pelo auxílio prestado na sua Secção, no cálculo aritmético necessário à análise estatística. Também somos gratos à Secção de Agrogeologia, do Instituto Agronômico do E. S. Paulo, de Campinas, pelas análises d e cloro, feitas no material solicitado; ao Dr. E. Malavolta pelas sugestões na redação do texto e finalmente aos funcionários e operários das Secções Técnicas de Química Agrícola e Quí-mica Tecnológica, colaboradores anônimos, porém de grande valia nos trabalhos experimentais.

8 — LITERATURA C I T A D A

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Referências

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