UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
P
ROGRAMA DEP
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GRADUAÇÃO EMS
ANEAMENTO,
M
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MBIENTE ER
ECURSOSH
ÍDRICOSAVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO
GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE
SERVIÇOS DE SAÚDE DA REGIÃO
METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE (MG)
DENISE FELÍCIO SILVA
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO
GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS
DE SAÚDE DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO
Denise Felício Silva
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO
GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS
DE SAÚDE DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO
HORIZONTE (MG)
Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
Área de concentração: saneamento
Linha de pesquisa: gerenciamento de resíduos sólidos
Orientador: Raphael Tobias de Vasconcelos Barros
Belo Horizonte
Escola de Engenharia da UFMG
Página com as assinaturas dos membros da banca examinadora, fornecida pelo Colegiado do
AGRADECIMENTOS
Dedico esta dissertação ao meu sobrinho amado Pedro (in memorian).
AGRADECIMENTOS
À DEUS por estar sempre ao meu lado e permitir que eu conclua mais esta etapa da minha
vida.
Aos meus pais, Marina e Maurício, que mais uma vez não mediram esforços para que
meus objetivos fossem alcançados.
Ao meu filho Rafael, pelo amor, carinho, companheirismo, ajuda e compreensão nas
horas difíceis desta caminhada.
A minha irmã Lili pela amizade e exemplo de superação que me fez mais forte para
suportar todas as dificuldades.
Meu irmão Márcio e meus sobrinhos Pedro e Carlota pela ajuda quando estive em
Portugal.
A Olívia, minha sobrinha querida do coração, que sempre alegra os meus dias com suas
invenções.
Agradeço às minhas tias e mães, Carminha e Marilda pelo apoio incondicional comigo e
com meu filho.
À Bárbara, minha prima, como amiga nas horas difíceis que me acompanhou nesta
trajetória me ajudando e torcendo por mim.
À Jocilene minha amiga e companheira de doutorado que sempre me apoiou e me fez
sorrir nas horas mais difíceis.
Ao Delmo, Cláudia, Thaísa, Ricele e Janis pela amizade, apoio e colaboração.
À Iara (PPG-SMARH) pela amizade, pelo carinho durante todos estes anos.
Adriana Tenuta e Maria Márcia, professoras da UFMG e minhas amigas, que colaboraram
Ao meu orientador Professor Raphael Tobias de Vasconcelos Barros, pela paciência e
atenção e por me conduzir com competência pelos caminhos do aprendizado.
Ao Professor Eduardo Von Sperling pela confiança depositada em mim, pela orientação,
dedicação e apoio no momento mais difícil do meu doutorado.
À Ana Clara Mourão e ao Gérson que não mediram esforços para me ajudar a concluir
minha tese.
Às prefeituras da RMBH que abriram as portas compreendendo a importância do
trabalho.
A todos familiares e amigos que estiveram sempre na torcida por minha vitória.
RESUMO
O gerenciamento impróprio dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) expõe pacientes,
trabalhadores da saúde, comunidade e o meio ambiente a significativos riscos. Um dos
fatores que tem contribuído para aumentar a tendência da adoção do modelo diferenciado
de gerenciamento de RSS em diversos países é o fato de esses resíduos muitas vezes terem
como destino final o mesmo local utilizado para descarte dos demais resíduos urbanos.
Com o objetivo de se observarem, avaliarem e descreverem os procedimentos do
gerenciamento dos RSS (desde a coleta até a destinação final) em relação ao prescrito nas
normas e nos regulamentos em municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte
(RMBH), foram realizadas visitas a campo, além de registro fotográfico, entrevistas e
aplicação de questionários. Para a identificação da vulnerabilidade ambiental das áreas
de disposição de resíduos da RMBH, foi utilizado o procedimento de Análise de
Multicritérios. Foram levantadas 11 variáveis (definidas conforme a disponibilidade de
dados, sua relevância para a proteção ao meio ambiente, sua relevância relativa ao aparato
legal e ao levantamento bibliográfico sobre os processos de avaliação de áreas para fins
de disposição de RSU e seus impactos negativos sobre o ambiente). Os pesos de cada
variável (Plano de informação) foram atribuídos utilizando-se o método “DELPHI” de
consulta a especialistas.
A partir desse levantamento, foi observado que a situação em relação aos aspectos
construtivos e técnicos é crítica, tendo sido identificados vários procedimentos
inadequados no que diz respeito ao manuseio, uso de equipamentos de proteção
individual e problemas com a adaptação e estado dos veículos utilizados na coleta externa
dos RSS. Detectou-se uma dificuldade dos municípios em atender aos preceitos legais e
técnicos recomendados na RDC ANVISA nº 306/2004 e na Resolução CONAM nº
358/2005, em várias etapas do gerenciamento dos RSS. Procedimentos simples e
importantes para a segurança e o correto manuseio dos RSS não são cumpridos em vários
Observou-se que vários municípios ainda dispõem seus RSU/RSS em aterros controlados
e lixões, os quais, somados às áreas remanescentes dos antigos lixões e aterros
controlados, colocam em risco os recursos naturais (principalmente considerando-se a
riqueza de recursos hídricos da região).
Concluiu-se que falta investimento em capacitação e treinamento permanentes. É
importante também criarem-se estratégias que garantam o desenvolvimento de uma nova
forma de agir que envolva monitoramento constante dos procedimentos corretos e
ABSTRACT
The inadequate management of health services wastes (HSW) may expose patients,
workers, community and environment to relevant risks. One of the main factors that has
contributed to a marked trend to adopt alternative management strategies in many
countries is the fact that the same destination is frequently used for regular urban wastes
disposal.
A field research was carried out in the Metropolitan Region of Belo Horizonte (MRBH)
in order to evaluate the management procedures (from collection to disposal) for solid
wastes from health services. Special attention was dedicated to the level of compliance
with legal standards. For the identification of environmental vulnerability of the waste
disposal areas in the MRBH, the Multicriteria Analysis procedure was used. To achieve
this goal, a multicriteria analysis was done in which 11 variables were established. These
variables were defined according to the availability of data, their relevance to
environmental protection, their relevance to the legal apparatus and the literature review
on processes to assess areas for the purpose of HSW disposal and its negative impacts on
the environment. Each variable weight (info plan) was assigned through the "DELPHI"
method.
From this survey, several inadequate procedures related to external shelters have been
identified, mainly with respect to the use of individual protection equipment,
transportation of the wastes, and the existence of irregular disposal sites. We also found
that municipalities have difficulty to meet the legal and recommended technical precepts
in RDC ANVISA 306/2004 and in CONAM Resolution 358/2005, in various stages of
HSW management. Simple and important safety procedures as well as proper handling
of HSW are not met in several locations.
It was observed that several municipalities still have their HSW in controlled landfills and
dumps, which, added to the remaining areas of old dumps and landfills, endanger natural
resources (especially if we consider the rich water resources in the region) and the
We can conclude that investiment in permanent training it required. It is also important
to create strategies that ensure the development of new actions that involve constant
monitoring and supervision of the correct procedures by those responsible for managing
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS...viii
LISTA DE FIGURAS...xii
LISTA DE ABREVIATURAS...xix
1 INTRODUÇÃO...01
2 OBJETIVOS...11
2.1 OBJETIVO GERAL...11
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...11
3 REVISÃO DA LITERATURA...12
3.1 DEFINIÇÃO DE RSS E RESÍDUOS INFECCIOSOS...12
3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RSS...14
3.3 LEGISLAÇÃO...20
3.3.1 Resíduos de Serviços de Saúde no contexto da legislação europeia...20
3.3.2 Evolução da legislação federal relacionada aos RSS no Brasil...26
3.3.3 Legislação estadual...32
3.4 CARACTERIZAÇÃO DOS RSS...33
3.5 GERAÇÃO DE DOS RSS...35
3.5.1 Geração dos Resíduos de Serviços de Saúde no Brasil...43
3.6 GESTÃO DOS RESÍDUOS...44
3.7 GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE...46
3.7.1 Minimização...54
3.7.2 Manejo...55
3.7.3 Segregação...57
3.7.4 Acondicionamento...58
3.7.5 Armazenamento, coleta e transporte...64
3.7.6 Tratamento/Métodos de disposição...79
3.7.7Disposição final dos RSS...93
3.8 ACIDENTE E RISCO...114
3.8.1 Acidente...114
3.8.2 Risco...114
3.8.3 Tipos de risco...115
3.8.4 Riscos potenciais dos RSS...118
4 METODOLOGIA...131
4.1 MATERIAIS E MÉTODOS...131
4.2 LEVANTAMENTO DE DADOS PARA CONHECIMENTO DAS CARACTERÍSTICAS DO GERENCIAMENTO DOS RSS DOS MUNICÍPIOS DA AMOSTRA...133
4.3 LEVANTAMENTO DE DADOS PARA A IDENTIFICAÇÃO DA VULNERABILIDADE AMBIENTAL DAS ÁREAS DE DISPOSIÇÃO DE RS DOS MUNICÍPIOS DA AMOSTRA...136
4.4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDADADA E DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA...146
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...159
5.1.1 Pedro Leopoldo..,...160
5.1.2 Sabará...171
5.1.3 Florestal...179
5.1.4 Juatuba...185
5.1.5 Lagoa Santa...195
5.1.6 São Joaquim de Bicas...202
5.1.7 Betim...208
5.1.8 Nova Lima...215
5.1.9 Rio Manso...224
5.1.10 Rio Acima...227
5.1.11 Ibirité...231
5.1.12 Caeté...243
5.1.13 Santa Luzia...252
5.2 TABELAS-RESUMO DO ACOMPANHAMENTO DAS COLETAS NOS MUNICÍPIOS DA RMBH QUE FIZERAM PARTE DA AMOSTRA DA PESQUISA...259
5.3 CARACTERIZAÇÃO DO GERENCIAMENTO DOS RSS SEGUNDO OS MUNICÍPIOS QUE RESPONDERAM O QUESTIONÁRIO...269
5.4 AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE AMBIENTAL DAS ÁREAS DE DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS...278
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...288
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...291
8 ANEXOS...311
8.1 ANEXO 1...311
8.2 ANEXO 2...312
8.3 ANEXO 3...313
8.4 ANEXO 4...316
8.5 ANEXO 5...318
8.6 ANEXO 6...321
8.7 ANEXO 7...324
8.8 ANEXO 8...326
8.9 ANEXO 9...327
8.10 ANEXO 10...330
8.11 ANEXO 11...332
8.12 ANEXO 12...333
8.13 ANEXO 13...335
8.14 ANEXO 14...338
8.15 ANEXO 15...339
8.16 ANEXO 16...340
8.17 ANEXO 17...344
TABELAS
Tabela 1.1- Destino final dos resíduos sólidos, por unidade de destino dos resíduos
Brasil 1989/2012...05
Tabela 1.2- Destinação Final dos Resíduos de Serviços de Saúde de Minas Gerais em 2011...06
Tabela 1.3- Destinação Final dos Resíduos de Serviços de Saúde da RMBH em 2011...09
Tabela 3.1- Definição e classificação geral de resíduos gerados em Unidades de Saúde...13
Tabela 3.2- Tipos/classes de RSS incluídos nas diversas classificações de organizações e em alguns países...19
Tabela 3.3- Categorias de resíduos da lista europeia de resíduos relacionadas a prestação de cuidados de saúde a seres humanos...21
Tabela 3.4- Resumo do enquadramento legal português...25
Tabela 3.4- Resumo do enquadramento legal português (Continuação)...26
Tabela 3.5- Porcentagem aproximada do total por tipo de resíduo em centros primários de saúde...35
Tabela 3.6- Composição de RSS em três países da Ásia...35
Tabela 3.7- Categoria de geradores de RSS e tipo de estabelecimentos contidos nas categorias...37
Tabela 3.8- Geração de RSS de acordo com o nível nacional de renda...38
Tabela 3.9- Total de RSS gerados por região...39
Tabela 3.10- Quantidade de RSS perigosos produzidos nos estabelecimentos de saúde em alguns países da América Latina e no Caribe...39
Tabela 3.11- Geração de RSS de acordo com o tipo da fonte e porte...40
Tabela 3.12- Quantitativo de RSS X país X tipo de estabelecimento...40
Tabela 3.13- Taxa de geração em diferentes países...41
Tabela 3.14- Comparação de taxa de geração em hospitais em alguns países...42
Tabela 3.15- Taxa de geração de RSS em hospitais dos Estados Unidos...42
Tabela 3.16- Quantidade de RSS coletada nos municípios por macrorregião em 2012...43
Tabela 3.17- Resultados de pesquisas realizadas sobre o gerenciamento dos RSS em algumas localidades do Brasil...52
Tabela 3.18- Recomendações para Segregação de Resíduos de Serviços de Saúde...58
Tabela 3.19- Critérios de acondicionamento exigidos pela Resolução CONAMA 358/2005 e pela Norma 12809/1993...60
Tabela 3.20- Procedimentos recomendados para o acondicionamento na segregação dos RSS...62
Tabela 3.21- Padrões de cores estabelecidos pela Resolução CONAMA no 275...64
Tabela 3.22- Aspectos construtivos e técnicos que devem ser cumpridos para abrigo de resíduos dos grupos A, D, E e o grupo B e abrigo reduzido de acordo com a RDC ANVISA 306/2004 e a NBR 12809/1993...68
Tabela 3.23- EPIs necessários para coleta interna e externa de RSS, segundo a NBR 12810/1993...70
Tabela 3.24- Procedimentos exigíveis da NBR 12810/1993 para veículo coletor de RSS...75
Tabela 3.25- Características físicas dos RSS...81
Tabela 3.26- Níveis de Inativação microbiana...82
Tabela 3.27- Comparação entre métodos de tratamento...90
Tabela 3. 28- Custos operacionais comparativos das principais técnicas de tratamento de RSS em dólares por tonelada...91
Tabela 3.30- Técnicas de tratamento adequadas para cada tipo de resíduo...92
Tabela 3.31- Critérios para construção da célula de RSS...97
Tabela 3.32- Critérios eliminatórios para seleção de áreas de disposição de RSU...103
Tabela 3.33- Critérios classificatórios para seleção de áreas de disposição de RSU...103
Tabela 3.34- Legislação sumarizada para seleção de áreas para aterros da Organização de Proteção Ambiental do Iran...104
Tabela 3.35- Exemplo de critérios utilizados para seleção de áreas, por alguns autores, em suas pesquisas...108
Tabela 3.36- Peso final de cada critério...110
Tabela 3.37- Critérios para instalação adequada de áreas de disposição de resíduos...110
Tabela 3.38- Critério para avaliação da adequabilidade de um local para disposição de resíduos...111
Tabela 3.39- Principais riscos ocupacionais relacionados aos Resíduos de Serviços de Saúde...119
Tabela 3.40- Perfil bacteriológico dos RSS...120
Tabela 3.41- Exemplos de infecções causadas pela exposição aos RSS, organismo causador, e veículos de transmissão...123
Tabela 3.42- Exemplos de tempo de sobrevivência de certos patogênicos...124
Tabela 4.1- Faixas de distribuição populacional utilizada na amostragem por cotas...132
Tabela 4.2- Visitas realizadas nos municípios para apresentar a pesquisa e início do processo de seleção...134
Tabela 4.3- Municípios e datas do acompanhamento da coleta externa nos estabelecimentos geradores de RSS...135
Tabela 4.4- Formação e tempo de formação dos especialistas que responderam o questionário...140
Tabela 4.5- Exemplo da nota dos especialistas para os planos de informação e uso da média ponderada...141
Tabela 4.6- Tipos de mapas que geraram os planos de informação e suas fontes...143
Tabela 4.7- Informações gerais sobre a Região Metropolitana de Belo Horizonte1...149
Tabela 5.1- Quantidade de estabelecimentos de saúde municipal existentes e quantidade de estabelecimentos de saúde visitados...259
Tabela 5.2- Critérios para abrigo reduzido, segundo a RDC 306/2004 e NBR 12809/1993, observados durante a coleta de RSS no dia da visita...260
Tabela 5.3- Critérios construtivos para abrigos reduzidos nos estabelecimentos que foram observados nos municípios por faixa populacional ...262
Tabela 5.4- Critérios para abrigos, segundo a RDC 306/2004, observados durante a coleta externa de RSS...263
Tabela 5.5- Critérios construtivos para abrigos onde foram observados por faixa populacional...264
Tabela 5.6- Requisitos de acondicionamento, segundo a RDC 306/2004 e a NBR 12809/1993 observados durante a coleta de RSS...266
Tabela 5.7- Critérios de acondicionamento para abrigos reduzidos onde foram observados, por faixa populacional...267
Tabela 5.8- Resposta dos municípios sobre qual secretaria era responsável pelo gerenciamento dos RSS...270
Tabela 5.9- Reposta dos municípios em relação a quantidade de RSS gerada...275
Tabela 5.10- Valores gastos com o gerenciamento dos RSS segundo resposta dos municípios...276
Tabela 5.11- Panorama da disposição final dos RSU/RSS na RMBH...279
Tabela 5.12- Pesos dados pelos especialistas para os critérios selecionados na 1º rodada....281
Tabela 5.14- Notas atribuídas por especialistas para os subcritérios de cada plano de
informação...282 Tabela 5.15- Tipologia e classificação das áreas de disposição de RSU/RSS que os dispõe em seus próprios municípios em lixões e aterros controlados...286 Tabela 5.16- Locais de disposição georreferenciados mas não aparecem na classificação de 2012 da FEAM...286 Tabela 8.1 – Critérios construtivos para abrigo reduzido de RSS, segundo a RDC306/2004 e NBR 12809/2013, observados durante a coleta de RSS...321 Tabela 8.2 – Critérios para abrigo segundo a RDC306/2004, observados durante a coleta de RSS...322 Tabela 8.3 – Critérios de acondicionamento exigidos pela Resolução CONAMA 358/2005 e pela Norma 12809/2013 observados nos estabelecimentos...323 Tabela 8.4 – Critérios construtivos para abrigo reduzido, segundo a RDC306/2004 e NBR 12809/20133, observados durante a coleta de RSS...324 Tabela 8.5 – Critérios construtivos para abrigo (Santa Casa), segundo a RDC306/2004, observados durante a coleta de RSS...324 Tabela 8.6 – Requisitos de acondicionamento, segundo a RDC CONAMA nº 306/2004 e a NBR 12809/2013 observados durante a coleta de RSS...325 Tabela 8.7 – Critérios construtivos para abrigo de RSS, segundo a RDC306/2004, observados durante a coleta...326 Tabela 8.8 – Critérios de acondicionamento exigidos pela Resolução CONAMA 358/2005 e pela Norma 12809/2013...326 Tabela 8.9 – Critérios construtivos para abrigo reduzido de RSS, segundo a ANVISA RDC Nº 306/2004 e NBR 12809/2013, observados durante a coleta de RSS...327 Tabela 8.10 – Critérios construtivos para abrigo de RSS, segundo a RDC306/2004,
observados durante a coleta...328 Tabela 8.11 – Critérios de acondicionamento de RSS exigidos pela Resolução CONAMA 358/2005 e pela Norma 12809/20...329 Tabela 8.12 – Critérios construtivos para abrigo reduzido de RSS, segundo a RDC306/2004 e NBR 12809/2013, observados durante a coleta de RSS...330 Tabela 8.13 – Critérios de acondicionamento de RSS exigidos pela Resolução CONAMA 358/2005 e pela NBR 12809/2013...331 Tabela 8.14 – Critérios para abrigo reduzido, segundo a RDC306/2004 e NBR 12809/2013, observados durante a coleta de RSS...332 Tabela 8.15 – Critérios de acondicionamento dos RSS exigidos pela Resolução CONAMA 358/2005 e pela NBR 12809/2013...332 Tabela 8.16 – Critérios construtivos para abrigo de RSS, segundo a RDC306/2004,
Tabela 8.23 – Critérios construtivos para abrigo reduzido de RSS, segundo a
RDC306/2004 e NBR 12809/2013, observados durante a coleta deRSS...339 Tabela 8.24 – Critérios de acondicionamento de RSS exigidos pela Resolução
CONAMA 358/2005 e pela NBR 12809/2013...339 Tabela 8.25 – Critérios construtivos para abrigo reduzido de RSS, segundo a
RDC306/2004 e NBR 12809/2013, observados durante a coleta de RSS...340 Tabela 8.26 – Critérios construtivos para abrigo, segundo a RDC306/2004, observados durante a coleta de RSS...341 Tabela 8.27 – Critérios de acondicionamento exigidos pela Resolução CONAMA
358/2005 e pela Norma 12809/2013 observados nos estabelecimentos de abrigos
reduzidos...342 Tabela 8.27 – Critérios de acondicionamento exigidos pela Resolução CONAMA
358/2005 e pela Norma 12809/2013 observados nos estabelecimentos de abrigos
reduzidos (Continuação)...343 Tabela 8.28 – Critérios construtivos para abrigo reduzido de RSS, segundo a
RDC306/2004 e NBR 12809/2013, observados durante a coleta de RSS...344 Tabela 8.29 – Critérios construtivos para abrigo de RSS, segundo a RDC306/2004, observados durante a coleta de RSS...345 Tabela 8.30 – Critérios de acondicionamento exigidos pela Resolução CONAMA
358/2005 e pela Norma 12809/2013 observados nos estabelecimentos de abrigos
reduzidos...346 Tabela 8.31 – Critérios de acondicionamento exigidos pela Resolução CONAMA
358/2005 e pela Norma 12809/2013 observados nos estabelecimentos de abrigos
reduzidos...347 Tabela 8.32 – Critérios de acondicionamento exigidos pela Resolução CONAMA
358/2005 e pela Norma 12809/2013 observados nos estabelecimentos de abrigos
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1- Situação da disposição final dos resíduos sólidos urbanos na RMBH, em
2012...08
Figura 3.1- Classificação dos resíduos hospitalares de acordo com o Despacho nº 242 de 13 de agosto de 1996...24
Figura 3.2- Desenho ilustrativo das etapas do gerenciamento de RSS...48
Figura 3.3- Símbolos de identificação dos grupos de resíduos...61
Figura 3.4- Código de cores utilizado para segregação dos Resíduos de Serviços de Saúde no Reino Unido e País de Gales...63
Figura 3.5- Ilustração para abrigos de resíduos dos grupos A, D, E e B...67
Figura 3.6- Ilustração para abrigo de resíduo dos grupos B...67
Figura 3.7- Manipulação correta de um saco de resíduos...72
Figura 3.8- Rótulo de risco para substância infectante...77
Figura 3.9- Transporte de carga fracionada de um único produto perigosos, em veículo utilitário...78
Figura 3.10- Transporte de carga fracionada de um único produto perigoso, na mesma unidade de transporte... 78
Figura 3.11- Centro de Autoclavação da AMBIMED – Lisboa (18/01/2011)...84
Figura 3.12- Empresa de Autoclavação em Betim. (31/10/2011)...84
Figura 3.13- Pequena vala para enterrar RSS...95
Figura 3.14-Vala séptica...95
Figura 3.15- Impactos ambientais causados pelos lixões...98
Figura 3.16-Estrutura hierárquica usada no estudo de áreas para aterro sanitário...109
Figura 3.17- Requisitos mínimos para áreas de disposição final de resíduos sólidos urbanos...113
Figura 4.1- Fluxograma do processo metodológico...133
Figura 4.2- Fluxograma da árvore de decisão...138
Figura 4.3 - Planos de informações na forma de matrizes...144
Figura 4.4 – Ilustração da álgebra de mapas utilizando a média ponderada...145
Figura 4.5- Mapa da Região Metropolitana de Belo Horizonte...150
Figura 5.1 – Abrigo PS1...161
Figura 5.2 – Abrigo PS1...161
Figura 5.3 – Abrigo do PS 2...161
Figura 5.4 – Abrigo do PS 3...161
Figura 5.5 – Abrigo do PS 4...162
Figura 5.6 – Abrigo do PS 5...162
Figura 5.7 – Abrigo do PS6...162
Figura 5.8 – Abrigo do PS 7...162
Figura 5.9 – Abrigo do Hospital...163
Figura 5.10 – Abrigo do Hospital...163
Figura 5.11 – Abrigo do PS 1...165
Figura 5.12 – Abrigo do PS 2...165
Figura 5.13 – Abrigo do PS 3...165
Figura 5.14 – Abrigo do PS 4...165
Figura 5.15 – Abrigo do PS 5...165
Figura 5.16 – Abrigo do PS 6...165
Figura 5.17 – Abrigo do PS 7...165
Figura 5.18 – Hospital municipal ...166
Figura 5.19 – Hospital municipal ...166
Figura 5.21 – Abrigo do PS...169
Figura 5.22 – Hospital...169
Figura 5.23 – Abrigo do PS...169
Figura 5.24 – Abrigo do PS...169
Figura 5.25 – veículo de coleta...170
Figura 5.26 – veículo de coleta...170
Figura 5.27 – Asilo1...171
Figura 5.28 – Laboratório1...171
Figura 5.29 – Asilo 2...172
Figura 5.30 – PS 1...172
Figura 5.31 – Abrigo1 – Santa Casa...173
Figura 5.32 – Abrigo1 – Santa Casa...173
Figura 5.33 – Abrigo 1 – Santa Casa...174
Figura 5.34 – Abrigo 1 – Santa Casa...174
Figura 5.35 – Coleta de perfurocortantes...175
Figura 5.36 – Coleta de perfurocortantes...175
Figura 5.37 – Coleta de RSS – Santa Casa...176
Figura 5.38 – Coleta de RSS – PS 1...176
Figura 5.39 – Procedimento de coleta...176
Figura 5.40 – Procedimento de coleta...176
Figura 5.41 – Coleta de RSS...177
Figura 5.42 – Veículo coletor...178
Figura 5.43 – Veículo coletor...178
Figura 5.44 – Abrigo Policlínica...179
Figura 5.45 – Abrigo Policlínica...179
Figura 5.46 – PS...180
Figura 5.47 – Abrigo Policlínica...180
Figura 5.48 – Abrigo Policlínica...180
Figura 5.49 – Abrigo Policlínica...181
Figura 5.50 – Abrigo Policlínica...181
Figura 5.51 – Coleta de RSS...182
Figura 5.52 – Coleta de perfurocortantes...182
Figura 5.53 – Veículo de coleta de RSS...183
Figura 5.54 – Veículo de coleta de RSS...183
Figura 5.55 – Veículo de coleta de RSS...184
Figura 5.56 – Centro de Atendimento Especializado...185
Figura 5.57 – Posto de Vacinação...185
Figura 5.58 – PSF1...185
Figura 5.59 - Almoxarifado de medicamentos vencidos...185
Figura 5.60 – PSF 2...186
Figura 5.61 – Abrigo PSF3...186
Figura 5.62 – PSF 4...186
Figura 5.63 – Abrigo PSF5...186
Figura 5.65 – Abrigo Policlínica...188
Figura 5.66 – Abrigo Policlínica...188
Figura 5.67 – Abrigo Policlínica...188
Figura 5.68 – Centro de Atendimento Especializado – CAE 1...189
Figura 5.69 – PSF 1...189
Figura 5.70 – Almoxarifado de medicamentos vencidos...189
Figura 5.71 – PSF 2...189
Figura 5.72 – Abrigo PSF 3...190
Figura 5.73 – PSF 4...190
Figura 5.74 – Abrigo PSF 5...190
Figura 5.75 – Abrigo PSF 5...190
Figura 5.76 – UBS 1...190
Figura 5.77 – Abrigo Policlínica...190
Figura 5.78 – Coleta de RSS...191
Figura 5.79 – Coleta de RSS...191
Figura 5.80 – Coleta de RSS...191
Figura 5.81 – EPI usado pelo coletor...193
Figura 5.82 - Veículo Coletor...194
Figura 5.83 – Veículo Coletor...194
Figura 5.84 – Veículo Coletor...194
Figura 5.85 – Veículo Coletor...194
Figura 5.86 – PS1...195
Figura 5.87 - PS2...195
Figura 5.88 - PS3...195
Figura 5.89 - PS4...195
Figura 5.90 - Abrigo Policlinica...196
Figura 5.91 – Abrigo PS 5...196
Figura 5.92 – Abrigo Centro de Fisioterapia...196
Figura 5.93 – Laboratório1...,.196
Figura 5.94 – Abrigo PS 6...196
Figura 5.95 – Abrigo PS 7...196
Figura 5.96 – Acesso estreito...198
Figura 5.97 – Seringa disposta no saco...199
Figura 5.98 – Sacos abertos...199
Figura 5.99 – Coleta...200
Figura 5.100 – Coleta...200
Figura 5.101 – Coleta...200
Figura 5.102 – Veículo de coleta...201
Figura 5.103 – Veículo de coleta...201
Figura 5.104 – Veículo de coleta...201
Figura 5.105 – Abrigo Centro de apoio Psicossocial – CAPS...202
Figura 5.106 – PS 1...202
Figura 5.107 – PS 1...202
Figura 5.108 – Abrigo PS 2...203
Figura 5.109 – Abrigo PS 2...203
Figura 5.110 – PS 3...203
Figura 5.111 – PS 4...203
Figura 5.112 – CAPS...205
Figura 5.113 – PS4...205
Figura 5.114 – Coleta...206
Figura 5.115 – Coleta...206
Figura 5.117 – veículo da coleta...208
Figura 5.118 – veículo da coleta...208
Figura 5.119 – Unidade de atendimento imediato – UAI 1...209
Figura 5.120 – Unidade de atendimento imediato – UAI 1...209
Figura 5.121 – UAI 2...209
Figura 5.122 – Hospital Público Regional...209
Figura 5.123 – Hospital Público Regional...209
Figura 5.124 – UBS 1...210
Figura 5.125 – UBS 1...210
Figura 5.126 – UBS 1...210
Figura 5.127 – UAI 1...211
Figura 5.128 – Posto Médico Legal...211
Figura 5.129 – UAI 2...212
Figura 5.130 – UBS 1...212
Figura 5.131 – Hospital Público Regional...212
Figura 5.132 – Hospital Público Regional...212
Figura 5.133 – Hospital Público Regional...212
Figura 5.134 – Coleta...214
Figura 5.135– Coleta...214
Figura 5.136 – Coleta...214
Figura 5.137 – Coleta...214
Figura 5.138 – Veículo de coleta...215
Figura 5.139 – Veículo de coleta...215
Figura 5.140 – UBS 1...216
Figura 5.141 – Zoonose...216
Figura 5.142 – Laboratório Municipal...216
Figura 5.143 – UBS 2...216
Figura 5.144 – Policlínica de Nova Lima...217
Figura 5.145 – UBS 1...218
Figura 5.146 – PS 1...218
Figura 5.147 – UBS 2...219
Figura 5.148 – Zoonose...219
Figura 5.149 – Laboratório Municipal...219
Figura 5.150 – Policlínica...219
Figura 5.151 – Laboratório do Centro Educacional Santa Edwiges...219
Figura 5.152 – UBS 3...219
Figura 5.153 – UBS 4...220
Figura 5.154 – PS 2...220
Figura 5.155 – Consultório da Escola Municipal...220
Figura 5.156 – UBS 5...220
Figura 5.157 – Coleta...222
Figura 5.158 – Coleta...222
Figura 5.159 – Coleta...222
Figura 5.160 – Coleta...222
Figura 5.161 – Carro da coleta de RSS ...223
Figura 5.162 – Carro da coleta de RSS...223
Figura 5.163 – Carro da coleta de RSS sujo...223
Figura 5.164 – Carro de coleta de RSS...223
Figura 5.165 – Policlínica...224
Figura 5.166 – Policlínica...224
Figura 5.269 – Porcentagem de atendimento aos critérios construtivos para abrigos reduzidos dos estabelecimentos observados nos municípios da RMBH por faixa populacional...261 Figura 5.270 – Porcentagem de atendimento aos critérios construtivos para abrigos dos estabelecimentos observados nos municípios da RMBH por faixa populacional...265 Figura 5.271 – Porcentagem de atendimento aos critérios de acondicionamento dos
estabelecimentos observados nos municípios da RMBH, por faixa populacional...268 Figura 5.272 – Tipos de legislações municipais que abordam os RSS e suas
porcentagens...271 Figura 5.273 – Resposta do município se a prefeitura coleta os RSS em estabelecimentos geradores de RSS privados...272 Figura 5.274 – Resposta dos municípios sobre o tempo de serviço dos funcionários
envolvidos com a coleta de RSS...273 Figura 5.275 – Resposta dos municípios sobre a destinação final dos RSS...275 Figura 5.276 – Mapa de vulnerabilidade ambiental da RMBH quanto à disposição de resíduos sólidos...283 Figura 5.276 – Mapa de vulnerabilidade ambiental dos locais de disposição de resíduos sólidos na RMBH...284
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
AAF Autorização Ambiental de Funcionamento ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública AHP Análise Hierárquica de Peso
AIDS Síndrome de Imunodeficiência Adquirida ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária APA Agência Portuguesa do Ambiente
APP Área de Preservação Permanente
CDC Centers of Disease Control and Prevention
CE Comunidade Europeia
CEPIS Centro Panamericano de Ingenieria Sanitária y Ciencias del Ambiente CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental DH Department of Health
DN Deliberação Normativa
DOHC Department of Health and Children ECP Equipamento de Controle de Poluição EEC Estados Membros da Comunidade Europeia EPI Equipamento de Proteção Individual FEAM Fundação Estadual de Meio Ambiente
GRSS Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde HBV Vírus da Hepatite B
HCV Vírus da Hepatite C
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICRC International Committee of the Red Cross IEPO Iran’s Environmental Protection Organization ISWA International Solid Waste Association
LER Lista Europeia de Resíduos MMA Ministério do Meio Ambiente MTE Ministério do Trabalho e Emprego NBR Norma Brasileira
NR Norma Reguladora
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde ONA Organização Social de Acreditação ONU Organização das Nações Unidas
PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
PGRSS Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
RDC Resolução da Diretoria Colegiada RMBH Região Metropolitana de Belo Horizonte RSS Resíduos de Serviço de Saúde
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento SST Segurança e Saúde do Trabalho
TAC Termo de Ajustamento de Conduta
UTC Unidade de Triagem e Compostagem
UTRSS Unidade de Transferência de Resíduos de Serviços de Saúde VISA Vigilância Sanitária
Silva, Denise Felício.
S586a Avaliação das condições do gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde da região metropolitana de Belo Horizonte (MG) [manuscrito] / Denise Felício Silva. - 2013.
348 f., enc.: il.
Orientador: Raphael Tobias de Vasconcelos Barros.
Tese (doutorado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Engenharia.
Anexos: f. 311-348.
Bibliografia: f. 291-310.
1. Saneamento - Teses. 3. Meio ambiente - Teses. 3. Hospitais - Eliminação de resíduos - Belo Horizonte (MG) - Teses. I. Barros, Raphael Tobias de Vasconcelos. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Engenharia. III. Título.
1 INTRODUÇÃO
A geração de resíduos sólidos constitui-se em um desafio a ser enfrentado pelas
administrações municipais e pelos grandes centros urbanos em todo o mundo (AGÊNCIA
NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA, 2006; AGÊNCIA PORTUGUESA
DO AMBIENTE – APA, 2010; PANDEY et al., 2011). O problema é especialmente severo
na maioria dos países em desenvolvimento onde a crescente urbanização, fraco planejamento,
e falta de adequados recursos contribuem para o pobre estado do gerenciamento dos Resíduos
Sólidos Urbanos (PANDEY et al., 2011).
Hungerford e Peyton1 (1992), apud Dias e Figueiredo (1999), afirmam que qualidade em saúde e ambiente saudável caminham lado a lado com um certo grau de dependência, e que
também são diretamente proporcionais à eficácia efetivada no manejo do lixo. É difícil
imaginar uma boa qualidade de vida sem uma boa qualidade do meio ambiente.
Maia e Pereira (2012) reforçam afirmando que as dificuldades financeiras e, principalmente
políticas, são fatores que contribuem para a situação de calamidade quando se fala em
disposição final de resíduos sólidos nos pequenos municípios brasileiros.
O descarte inadequado de resíduos tem produzido passivos ambientais capazes de colocar em
risco os recursos naturais e comprometer a qualidade de vida das atuais e das futuras gerações
(ANVISA, 2006).
A segurança e um gerenciamento sustentável dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) são
imperativos à saúde pública e uma responsabilidade de todos. O gerenciamento impróprio dos
RSS expõe significantes riscos a pacientes, trabalhadores da saúde, à comunidade e ao meio
ambiente, e pode comprometer a qualidade do solo e da água (ANVISA, 2006; COLESANTI
e CASTRO, 2007; DIAS E FIGUEIREDO, 1999; INTERNATIONAL COMMITTEE OF THE
RED CROSS - ICRC, 2011; PREM ANANTH et al., 2010; RASTOGI et al., 2011;
SHANMUGASUNDARAM, 2012; WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO, 2007).
1HUNGERFORD, H. R.; PEYTON, R. B. Como construir un programa de educación ambiental. Programa Madrid:
2 Abdulla et al. (2008) e Insa et al. (2010) salientam que o gerenciamento inadequado dos RSS
causa poluição, odores desagradáveis, crescimento e proliferação de insetos, e efeitos locais
adversos ou sistêmicos através do contato com potenciais farmacêuticos perigosos. O
manuseio e o tratamento impróprio dos RSS envolvem um alto risco de infecção e ferimentos
para o pessoal em contato com esses resíduos, pela possível transmissão de infecções
veiculadas pelo sangue. Essas incluem doenças como, por exemplo, tifoide, cólera, Síndrome
de Imunodeficiência Adquirida (AIDS), bem como hepatites B e C. Consequentemente, há
uma crescente preocupação pública com o tratamento desses resíduos para reduzir tais
impactos negativos e riscos à saúde.
De acordo com Dursun et al. (2011), o tratamento e o gerenciamento dos RSS são
seguimentos de mais rápido crescimento da indústria de gestão de resíduos. Devido à rápida
propagação da AIDS e outras doenças contagiosas, o seguro e efetivo tratamento e a
disposição dos RSS têm se tornado uma importante preocupação de saúde pública e
ambiental.
Os RSS se inserem nessa problemática e vêm assumindo grande importância nos últimos
anos. Eles são parte importante do total de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), não
necessariamente pela quantidade gerada (cerca de 1 a 3% do total), mas pelo potencial de
risco que representam à saúde e ao meio ambiente (ANVISA, 2006). Cheng2et al.(2009), apud Wahab e Adesanya (2011) reforçam dizendo que, embora os RSS representem
relativamente uma pequena porção do total de resíduos gerados em uma comunidade, o seu
gerenciamento é considerado uma importante questão em nível mundial.
O problema tem gerado políticas públicas e legislações específicas, tendo como eixo de
orientação a sustentabilidade do meio ambiente e a preservação da saúde (ANVISA, 2006).
2
Há outros problemas decorrentes do pobre gerenciamento dos RSS, como reforça Blenkharn3 (2006a), apud Ciplak e Barton (2012), e neles podem-se incluir danos aos seres humanos –
por instrumentos cortantes e transmissão de doenças por agentes infecciosos.
Diversos autores têm questionado a pertinência de modelos que diferenciem o gerenciamento
dos RSS em função da semelhança entre as suas características e as dos resíduos domiciliares
e a inexistência de riscos adicionais provocados pelos primeiros ao meio ambiente e à saúde
pública (CIMINO4et al.,1987 apud FERREIRA 2000; FERREIRA, 1999).
Segundo Ferreira (2000), reportando-se à situação analisada na época, salientava que “um dos fatores que tem contribuído para aumentar a tendência de adoção do modelo diferenciado de
gerenciamento de RSS é a ausência, na maioria dos municípios brasileiros, de sistemas
adequados de destinação final para os resíduos domiciliares e o predomínio de lixões com a presença de catadores e de animais”.
Esteves e Gomes (2011) chamam a atenção para materiais como partes anatômicas, agulhas e
bolsas de sangue que são depositados em lixões sem nenhum tratamento.
Neste contexto, Patwary et al. (2011) reforçam dizendo que há uma preocupação particular de
como o setor informal lida com os componentes dos RSS recicláveis, os quais podem
contribuir para transmissão de doenças, especialmente entre os coletores de resíduos e os
catadores.
De acordo com Hossain et al. (2011), a prática imprópria de gerenciamento é evidente a
partir do ponto de coleta inicial até a eliminação final, embora, iniciativas estejam sendo
tomadas sobre assuntos relacionados com o manuseio seguro e a destinação final dos RSS.
Harhay et al. (2009) concluíram que o baixo recurso financeiro e a falta de definição sobre
quem é o responsável pelo gerenciamento dos RSS são razões mais comuns identificadas para
lacunas e falhas no setor.
4 Em contraponto, ao que afirma Harhay et al. (2009), há de salientar que o Brasil em 2010 a
Lei nº 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e essa incumbe
o gerador da responsabilidade pelo gerenciamento de resíduos e a responsabilidade ao Distrito
Federal e aos municípios da gestão integrada dos resíduos sólidos gerados nos respectivos
territórios. A PNRS (Art. 19) estabelece também a obrigatoriedade dos municípios elaborarem
seu Plano Municipal de gestão integrada de resíduos (poderá estar inserido no plano de
saneamento básico previsto no art. 19 da Lei nº 11.445, de 2007), que deverá constar a
identificação dos Resíduos Sólidos e dos geradores sujeitos a plano de gerenciamento
específico, como é o caso de geradores de RSS. Com relação ao Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), a exigência nacional teve início com a Resolução
Conama nº 5/1993 e, de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, 2011),
fica a cargo do poder público a definição das responsabilidades quanto à sua implementação e
operacionalização.
Conforme salientam Ciplak e Barton (2012), é crucial ter um entendimento sobre os
componentes dos RSS e sobre sua infecciosidade para decidir qual tecnologia de tratamento
deverá ser adotada. Embora várias tecnologias sejam viáveis para o tratamento dos RSS,
diferentes categorias dos RSS têm de ser tratadas de forma diferenciada.
Para Dias e Figueiredo (1999), um eficaz gerenciamento dos RSS é a maneira mais simples de
se eliminarem os seus riscos potenciais que atingem a saúde pública e o meio ambiente. Saber
lidar com esse tipo de resíduo e buscar alternativas viáveis e seguras para o seu
processamento são atitudes que estão além do exercício da responsabilidade e da cidadania.
Também significa o crescimento de uma consciência ambiental, o que leva a uma reflexão
crítica sobre causa-efeito-solução, deixando-se de lado o papel de objeto do sistema para ser
sujeito de mudanças.
O PNRS (2011) traz a informação de que 98% dos lixões existentes concentram-se nos
municípios de pequeno porte. A Tabela 1.1 apresenta o destino final dos resíduos sólidos no
Tabela 1.1 – Destino final dos resíduos sólidos, por unidade de destino dos resíduos Brasil – 1989/2011
Ano
Destino final dos resíduos sólidos, por unidades de destino dos resíduos (%)
Vazadouro a céu aberto Aterro controlado Aterro sanitário
1989 88,2 9,6 1,1
2000 72,3 22,3 17,3
2008 50,8 22,5 27,7
*2012 17,8 24,2 58,0
Fonte: Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010), *Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública ABRELPE (2012).
Observa-se um aumento no número de unidades de disposição no solo em aterros sanitários e
aterros controlados, ao mesmo tempo em que se reduz o número de lixões.
Em relação aos RSS, a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008 (PNSB), segundo o
IBGE (2010) verificou que dos 5.564 municípios brasileiros, 4469 realizavam coleta de RSS
sendo coletadas 8.909 toneladas de RSS por dia. Dos 4469 municípios que coletavam, 1.856
municípios não realizavam qualquer tipo de tratamento e grande parte dos municípios (1060)
dispunha seus RSS no solo, em lixões. Segundo a ABRELPE (2012), eram coletados nos
municípios 244.974 t/ano de RSS, que correspondem a 1,496 kg/hab.ano. Na época, 21,7%
eram dispostos em aterros sanitários, 13,3% em lixões e 5,8% em valas sépticas; 37,4% eram
incinerados, 16,6% autoclavados e 5,2% tratados em micro-ondas.
De acordo com o PNRS (2011), há um interesse particular no número de lixões ainda
existentes, pois de acordo com Art. 54 da Lei nº 12.305/2010, “A disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos, observado o disposto no § 1º do art. 9º, deverá ser
implantada em até quatro anos após a data de publicação desta Lei”, ou seja, até 2014.
Partindo desse pressuposto, foi identificado pelo presente diagnóstico que ainda há 2.906
lixões no Brasil, distribuídos em 2.810 municípios, que devem ser erradicados. Em números
absolutos, o estado da Bahia é o que apresenta maior número de municípios com presença de
lixões (360), seguido pelo Piauí (218), Minas Gerais (217) e Maranhão (207). Outra
informação relevante é de que 98% dos lixões existentes concentram-se nos municípios de
pequeno porte e 57% estão no Nordeste.
Segundo o IBGE (2010), em pesquisa realizada pelo IBGE em 2008 apontava que 19 % dos
municípios brasileiros que apresentavam problemas com poluição do solo tinham como causa
6 decorrente de tal disposição recai, em grande parte, sobre a população de mais baixa renda,
residente em locais próximos aos lixões que, com frequência, deles retira seu sustento,
traduzindo isso em mais um problema socioambiental.
Segundo dados da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), 2013, Minas Gerais
possuía em 2012, 267 lixões, 94 aterros sanitários (8 não regularizados), 291 aterros
controlados, 7 aterros sanitários com usina de triagem e compostagem (UTC), 146 UTCs (24
não regularizada), 45 Autorizações Ambientais de Funcionamento (AAF), 9 em verificação e
3 municípios destinam fora de Minas Gerais.
A Tabela 1.2, a seguir, apresenta o cenário encontrado, das tecnologias de tratamento e as
diferentes formas de destinação final utilizadas para o descarte dos RSS, coletados nos
respectivos municípios, segundo a FEAM (2013).
Tabela 1.2 – Destinação Final dos Resíduos de Serviços de Saúde de Minas Gerais em 2011
Grupo de municípios por nº de habitantes
Municípios com coleta e destinação final de RSS Destinação final aplicada
Total de municípios
Aterro
Sanitário Autoclave Incineração Outros
Queima a céu aberto Vala sem critério técnico Vazadouro
Até 20 mil
habitantes 724 9 48 270 26 66 50 255
20 a 50 mil
habitantes 72 6 3 27 2 5 2 28
50 a 100 mil
habitantes 30 2 3 13 0 2 0 9
Mais de 100 mil
habitantes
27 7 5 6 2 0 0 7
Total 853 24 59 316 30 73 52 299
Fonte: FEAM (2013).
Somando-se os municípios com destinação totalmente inadequada dos RSS, contabilizam-se
424 municípios, quase metade do total dos municípios mineiros. O IBGE (2010) constatou
que dos 853 municípios de Minas Gerais, 787 municípios coletavam seus RSS.
De acordo com a FEAM (2013), a quantidade de RSS coletado em muitos municípios do
Estado de Minas Gerais não retrata a realidade de geração diária, pois se admite que uma
parcela de estabelecimentos, principalmente os estabelecimentos privados de serviços de
resíduos de forma incorreta para a destinação final, o que pode aumentar ainda mais os
problemas de contaminação do meio ambiente e da saúde pública nesses municípios.
Segundo dados da Fundação João Pinheiro (2013) o resultado do Censo de 2010, a Região
Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) é composta por 34 municípios, e seus respectivos
distritos, contabilizando 4.883.970 habitantes, compondo uma parcela significativa da
população total de Minas Gerais, em torno de 27%. Situada na região central de Minas Gerais,
a população da RMBH exerce grande influência na distribuição espacial do Estado, ocupando
uma área total de 9.471,83 km².
Pelos dados gerados pela FEAM em 2012 (FEAM, 2013), quase a metade da RMBH ainda
dispunha seusRSUem lixões ou em aterros controlados cuja denominação apropriada deveria
ser, de acordo com Freire (2009), lixão controlado já que as medidas adotadas nesses locais
são ineficientes na mitigação dos impactos ambientais relacionados à contaminação de águas
subterrâneas. A situação diagnosticada pela FEAM como forma de disposição dos RSU da
RMBH (Figura 1.1) são: 4 lixões, 6 aterros controlados, 22 aterros sanitários, sendo que 14
municípios encaminhavam para o aterro sanitário de Sabará e 4 para Betim, 1 unidade de
triagem e compostagem e 1 município com AAF.
Em relação aos RSS, segundo o IBGE (2010), pela PNSB em 2000 apenas 23 municípios da
RMBH coletavam os RSS de unidades de saúde, e apenas 14 o faziam diariamente e somente
8 Figura 1. 1 - Situação da disposição final dos resíduos sólidos urbanos na RMBH, em 2012
A Tabela 1.3 apresenta o cenário encontrado das tecnologias de tratamento e as diferentes
formas de destinação final utilizadas para o descarte dos RSS, coletados na RMBH, segundo a
FEAM (2013).
Tabela 1.3 – Destinação Final dos Resíduos de Serviços de Saúde da RMBH em 2011
Fonte: FEAM (2013).
De acordo com a Tabela 1.3, quase metade dos municípios da RMBH ainda tem como
destinação final dos RSS os lixões, o que gera, segundo informações da literatura, impactos
ambientais e sociais bastante significativos para as comunidades locais, refletindo
negativamente sobre a saúde pública e a qualidade de vida da população (através do aumento
da incidência de doenças como dengue, leptospirose, leishmaniose, etc.), além de impactar
negativamente o meio ambiente local, em decorrência da contaminação do solo, das águas e
da emissão de gases resultantes do processo de decomposição dos resíduos.
Segundo o MMA (2007), reconhece-se o papel decisivo do homem que, com suas ações e
atividades, induzem efeitos e atuam sobre a vulnerabilidade do meio nas mais diversas
proporcões.
A International Solid Waste Association (ISWA, 2007) conclui que um lixão mal localizado
tem o potencial de causar impacto severo na qualidade de vida das pessoas que vivem
próximas dele e, por conseguinte, todo esforço deverá ser feito para cessar a prática dos
lixões, e no lugar disso mudá-los progressivamente para aterros controlados e para aterros
sanitários com uma ampla gama de controle ambiental.
A seleção apropriada do local para disposição é um dos maiores problemas no gerenciamento
de resíduos, segundo Sener et al. (2010).
Disposição Final Nº de
municípios
Aterro Sanitário 4
Lixão 14
Incineração 13
Autoclave 1
Vala sem critério 1
Outros 1
10 Tal situação evidencia a importância de se adotar um sistema de manejo adequado dos
resíduos, por meio de definição de uma política para a gestão5 e o gerenciamento6, pautada na segregação e na redução das quantidades geradas, contribuindo para a proteção do meio
ambiente e para a melhoria da qualidade de vida.
Conforme WHO (2000), a ausência do gerenciamento dos resíduos, a falta de preocupação
com os perigos à saúde, recursos humanos insuficientes e o fraco controle na disposição final
são os problemas mais comuns relacionados com os RSS. Ainda segundo a WHO (1999), a
formulação de objetivos e o planejamento são importantes para melhorar o gerenciamento de
resíduos nos níveis nacional, regional e local e o gerenciamento adequado dos RSS depende
amplamente de uma boa administração e organização, mas também requer financiamento e
legislação adequados, bem como ativa participação de uma equipe bem informada e treinada.
Diante da situação considerada problemática, conforme dados da FEAM (2013), torna-se
necessária a análise do sistema de gerenciamento dos RSS na RMBH, de maneira que se
identifiquem as dificuldades e demandas dos atores (gestores municipais, funcionários,
administradores de instituições geradoras de RSS), com a proposição de levantar subsídios
que contribuam para a melhoria do gerenciamento dos RSS e, consequentemente, possibilitem
preservação dos recursos naturais, a economia de insumos, a redução da poluição do solo, da
água, do ar e assim sejam minimizados os impactos à saúde pública.
O presente trabalho procura contribuir com dados e informações que subsidiem as discussões
sobre temas críticos (RSS e vulnerabilidade das áreas de disposição dos RSU/RSS) que
afetam a RMBH.
5 A gestão de resíduos abrange atividades referentes à tomada de decisões estratégicas e à organização do setor, envolvendo
instituições políticas, instrumentos e meios (LEITE et al., 2004).
6 Gerenciamento de resíduos refere-se aos aspectos tecnológicos e operacionais da questão, envolvendo fatores
2 OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICO
2.1 Objetivo geral
Avaliar as condições de gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde na RMBH, no
sentido de fornecer subsídios técnico-científicos às prefeituras, levando em conta a gestão dos
riscos7.
2.2 Objetivos específicos
Analisar os procedimentos do gerenciamento em relação ao prescrito nas normas e nos regulamentos e sua aderência ao que está prescrito;
Identificar os riscos relacionados à manipulação, transporte e à destinação dos RSS e as medidas de prevenção existentes em cada sistema municipal de limpeza pública de modo que
se minimizem os riscos à saúde e ao meio ambiente;
Identificar necessidades/dificuldades dos municípios da RMBH em termos de recursos humanos, conhecimento técnico e aplicação da legislação, instalações, capacitação e
destinação, de modo que se permita a melhoria da gestão e da qualidade dos serviços;
Identificar pontos de vulnerabilidade ambiental das áreas de disposição dos resíduos
RMBH, de forma a avaliar a adequação dos locais de disposição final de resíduos sólidos
utilizados pela RMBH;
Verificar a situação das áreas de disposição final de RSU/RSS com base nas normas e
legislação.
7A gestão dos riscos está relacionada com o que se pode fazer em relação ao risco; por exemplo, buscar meios para eliminar,
12
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Definição de RSS e Resíduos Infecciosos
Na literatura, os termos ‘Resíduos Hospitalares’, ‘Resíduos deServiços de Saúde’, ‘Resíduos Médicos’ e Resíduos Infecciosos’ são comumente encontrados (Tabela 3.1). Eles podem ter
mesmo significado ou ser subconjunto de um outro (DEPARTMENT OF HEALTH AND
CHILDREN – DOHC, 2010; HOSSAIN et al., 2010).
A mais autêntica definição de RSS para Prem Ananth et al. (2010) é da WHO, a qual
caracteriza os RSS como “aqueles resíduos gerados em hospitais, centros médicos,
estabelecimentos de saúde, centros de pesquisa no diagnóstico, tratamento, imunização e
pesquisas associadas”.
Segundo a Norma Brasileira Registrada (NBR) 12807/1993, da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), RSS é o “resíduo resultante de atividades exercidas por
estabelecimento gerador (destinado à prestação de assistência sanitária à população), de acordo com a classificação adotada pela NBR 12808/1993”.
De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 306/2004 da ANVISA e a
Resolução nº 358/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), são definidos como geradores de RSS “todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo;
laboratórios analíticos de produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se
realizem atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias –
inclusive as de manipulação; estabelecimento de ensino e pesquisa na área da saúde, centro de
controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores
produtores de materiais e controles para diagnóstico “in vitro”, unidades móveis de
A definição de resíduos infecciosos não é muito clara na literatura científica, resultando em
dois problemas potenciais: 1) alguns resíduos infecciosos com perigo potencial de
disseminação de infecção podem ser colocados junto com os resíduos domésticos e 2)
resíduos levemente contaminados podem ser colocados com os resíduos infecciosos,
tornando, assim, o volume de resíduos infecciosos muito maior (GRAIKOS et al., 2010).
Para a ISWA (2007), resíduos infecciosos são resíduos que têm suspeita de serem capazes de
provocar doenças infecciosas. Tais resíduos devem conter patógenos com virulência e
quantidade suficiente para causar infecção em hospedeiros susceptíveis.
Tabela 3.1– Definição e classificação geral de resíduos gerados em Unidades de Saúde
Referência Definição Classificação
Lee et al. (2004) Resíduos Médicos Resíduos em geral e Resíduos
Especiais
Miyazaki e Une (2005) --- Resíduos Infecciosos e Não
Infecciosos
Jang et al.(2006) Resíduos Médicos Tecidos e outros
Kaisar Alam Sarkar et al. (2006) Resíduos Hospitalares Resíduos Perigosos e Não
Perigosos
Tsakona et al. (2007) Resíduos
Médicos/Hospitalares
Infecciosos e Resíduos Municipais
Nemathaga et al. (2008) Resíduos Hospitalares Resíduos em geral, Resíduos
Médicos e Perfurocortantes
Shinee et al. (2008) Resíduos de Serviços de
Saúde
Resíduos em geral e Resíduos Médicos
Cheng et al.(2009) Resíduos Médicos Resíduos Infecciosos e Resíduos
Médicos em geral
Mohamed et al. (2009) Resíduos de Serviços de
Saúde
Resíduos Perigosos e Não perigosos
Patwary et al. (2009) Resíduos Médicos Resíduos Perigosos e Não
Perigosos
Sawalem et al. (2009) Resíduos Hospitalares Resíduos em geral e Resíduos
Perigosos
Abd El-Salam (2010) Resíduos Médicos Resíduos Domésticos e Resíduos
Perigosos
Ruoyan et al.(2010) Resíduos de Serviços de
Saúde
Resíduos Médicos e Resíduos em geral
14 3.2 Classificação dos RSS
Tavares (2004) afirma que a classificação condiciona todo o circuito (segregação até a
disposição) que, um determinado resíduo, deve tomar até o seu tratamento. É pela correta
separação na origem, baseada na classificação adotada que é possível:
identificar oportunidades de prevenção da produção de resíduos, isto é, de redução, e dos riscos a eles associados;
facilitar a valorização das componentes recicláveis;
aplicar as tecnologias adequadas de tratamento.
Insa et al. (2010) reforçam a importância em classificar os RSS dizendo que o primeiro passo
do gerenciamento do RSS é classificá-los em termos de suas características bem como os
potenciais problemas ambientais que eles possam causar.
As agências reguladoras foram criadas com a intenção de normatizar os setores dos serviços
públicos delegados, bem como buscar um equilíbrio da relação tripartite: Poder Público –
usuários – iniciativa privada detentora dos serviços. A regulação exercida pelas agências
desempenha papel fundamental no cumprimento das políticas determinadas pelo Estado. Sua
função é gerencial (técnica) e de controle sobre os entes regulados. Observa-se, pela formação
e pelo comportamento das agências reguladoras, que foram criadas para também exercer o “poder de polícia” da Pública (ANVISA, 2007)
No caso dos resíduos de serviços de saúde, órgãos como a ANVISA e o CONAMA (órgão
consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA) têm
assumido o papel de orientar, definir regras e regular a conduta dos diferentes agentes, no que
se refere à geração e ao manejo dos resíduos. De acordo com a RDC ANVISA no 306/2004 e
a Resolução CONAMA no 358/2005, os RSS são classificados em cinco grupos: A, B, C, D e
E, apresentadas a seguir.
I - Grupo A: Engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos que, por
suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de
A1:
culturas e estoque de microrganismos; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência,
inoculação ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.
Esses resíduos não podem deixar a unidade geradora sem tratamento prévio;
resíduos resultantes de atividades de vacinação com microrganismos vivos ou atenuados, incluindo frascos de vacinas com expiração do prazo de validade, com conteúdo
inutilizado, vazios ou com restos do produto, agulhas e seringas. Devem ser submetidos a
tratamento antes da disposição final;
resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco 48, microrganismos com relevância epidemiológica e risco de disseminação ou causador de doença emergente que se torne
epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido.
Devem ser submetidos a tratamento antes da disposição;
bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas por contaminação
ou por má conservação, ou com prazo de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta
incompleta; sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos,
recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou
líquidos corpóreos na forma livre. Devem ser submetidos a tratamento antes da disposição
final.
A2:
carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como
suas forrações, e cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de microrganismos
de relevância epidemiológica e com risco de disseminação, que foram submetidos ou não
a estudo anatomo-patológico ou confirmação diagnóstica. Devem ser submetidos a
tratamento antes da disposição final.
8 Condição de um agente biológico que representa grande ameaça para o ser humano e para os animais (elevado risco
16 A3:
peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 g, ou estatura menor que 25 cm, ou idade gestacional menor que
20 semanas, que não tenha valor científico ou legal e não tenha havido requisição pelo
paciente ou familiares. Devem ser encaminhados para sepultamento.
A4:
kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando descartados;
filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre outros similares;
sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes
Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação,
ou microrganismo causador de doença emergente que se torne epidemiologicamente
importante, ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de
contaminação com príons;
resíduo de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração, lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere esse tipo de resíduo;
recipientes e materiais resultantes dos processos de assistência à saúde, que não contenham sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;
peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anatomopatológicos ou de confirmação diagnóstica;
carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de animais não submetidos a processos de experimentação com inoculação de microrganismos, bem como
suas forrações; cadáveres de animais provenientes de serviços de assistência;e